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Poluição de Solos - Contaminação, Remediação e Prevenção

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ANA PAULA GENERATO DOS SANTOS 
POLUIÇÃO DE SOLOS: CONTAMINAÇÃO, 
REMEDIAÇÃO E PREVENÇÃO 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade 
Anhembi Morumbi no âmbito do 
Curso de Engenharia Civil com 
ênfase Ambiental. 
SÃO PAULO 
2004 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANA PAULA GENERATO DOS SANTOS 
POLUIÇÃO DE SOLOS: CONTAMINAÇÃO, 
REMEDIAÇÃO E PREVENÇÃO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade 
Anhembi Morumbi no âmbito do 
Curso de Engenharia Civil com 
ênfase Ambiental. 
 
Orientador: 
Prof. Dra. Gisleine Coelho de 
Campos 
SÃO PAULO 
2004 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço àqueles que têm me auxiliado nesta caminhada: minha família, amigos e 
professores, com o devido destaque a minha orientadora Dra. Gisleine Coelho de 
Campos que possibilitou a ampliação de meus conhecimentos e o interesse contínuo 
nesta área, e ao Engenheiro Thiago Fernandes Lima que esteve ao meu lado 
durante toda minha graduação, sendo um companheiro dedicado e me auxiliando 
com seu conhecimento técnico, sendo ambos também responsáveis por este 
trabalho. 
 
 
 
iv
RESUMO 
 
 
Este trabalho tem a intenção de esclarecer o tema poluição de solos, bem como as 
metodologias de contaminação, remediação e prevenção. 
Sabe-se que o solo não é um receptor ilimitado de materiais descartáveis, como o 
lixo doméstico e os resíduos industriais, necessitando, portanto de soluções para 
áreas contaminadas como gerenciamento e remediação. 
O gerenciamento de áreas contaminadas, a remediação e a prevenção demonstram 
a constante preocupação em minimizar os impactos que tais áreas possam causar a 
população e ao ambiente, principalmente nos centros urbanos. 
 
 
Palavras Chave: poluição; prevenção; remediação 
 
 
 
 
 
 
v
ABSTRACT 
 
 
This paper reports the problem of soil pollution, emphasizing the contamination, 
remedial actions and prevention process. 
Soils aren´t able to absorb all types of residues. So it´s necessary to foresee actions 
to minimize the contamination, which can cause many negative environmental 
influences. 
The focus of this paper is on managing and remedy of contaminated areas in big 
cities. 
 
Key Words: pollution; prevention ;remedial action 
 
 
 
vi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 5.1.1 – Fluxograma para classificação de resíduos .......................................13 
Figura 7.1.13- Sistema ORS de Extração de Vapor de Solo.....................................60 
 
 
 
 
 
vii
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 5.1.1 – Conjunto de normas ............................................................................8 
Tabela 5.1.2 - Classificação de resíduos sólidos .......................................................9 
 
 
 
viii
LISTA DE SÍMBOLOS E DEFINIÇÕES 
 
Adsorção 
Fixação de moléculas de um líquido ou de um gás na superfície 
de um sólido 
Aeróbico Processo biológico que se processa na presença de oxigênio 
Anaeróbico Processo biológico que se processa na ausência de oxigênio 
Ph Grau de acidez 
SVOCs Compostos orgânicos semi-voláteis 
VOC Compostos orgânicos voláteis 
TNT cristais monoclínicos 
RDX Ciclometilenotrinitramina 
HMX ciclotetrametilentetranitramina 
 
 
 
ix
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1 
2 OBJETIVOS.........................................................................................................2 
2.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................2 
2.2 Objetivo Específico.......................................................................................................3 
3 METODOLOGIA DO TRABALHO.......................................................................4 
4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................5 
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................6 
5.1 Contaminação e classificação de resíduos ..................................................................7 
5.1.1 Resíduos Classe I – Perigosos ..............................................................................10 
5.1.2 Resíduos Classe II ................................................................................................11 
5.2 Tecnologias de tratamento de solos contaminados..................................................14 
5.2.1 Tratamento Biológico In Situ ...............................................................................16 
5.2.2 Tratamento Fisico-Químico In Situ......................................................................20 
5.2.3 Tratamento Térmico In Situ .................................................................................29 
5.2.4 Tratamento Biológico Ex situ...............................................................................31 
5.2.5 Tratamento Fisico-Químico Ex situ .....................................................................37 
5.2.6 Tratamento Térmico Ex Situ ................................................................................48 
5.3 Prevenção da contaminação de solos ........................................................................53 
6 CONTAMINAÇÃO DO EDIFÍCIO BARÃO DE MAUÁ.......................................56 
7 PROPOSTA PARA REMEDIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO NO SOLO DO 
CONDOMÍNIO BARÃO DE MAUÁ...........................................................................59 
8 CONCLUSÕES..................................................................................................61 
 
 
x
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................62 
 
 
1
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A questão da contaminação do solo tem sido objeto de grande preocupação nas 
últimas décadas em países industrializados, principalmente nos Estados Unidos e na 
Europa. Esse problema ambiental se torna mais grave para centros urbanos 
industriais como a Região Metropolitana de São Paulo. 
 
O encaminhamento de soluções para essas áreas contaminadas por parte dos 
órgãos que possuem a atribuição de administrar os problemas ambientais deve 
contemplar um conjunto de medidas que assegurem tanto o conhecimento de suas 
características e dos impactos causados por ela quanto da criação e aplicação de 
instrumentos necessários à tomada de decisão e às formas e níveis de intervenção 
mais adequados, sempre com o objetivo de minimizar os riscos à população e ao 
ambiente decorrentes da existência das mesmas. 
 
Assim sendo, este trabalho apresenta um estudo que define área contaminada, 
demonstra uma aplicação de remediação e cita métodos de prevenção de 
contaminação em solos, tendo como objetivo mostrar uma aplicação real de 
remediação em um solo considerado contaminado. 
 
 
 
2
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
 
O processo de contaminação pode definir-se conforme o Decreto n. º 28.687/82, em 
seu artigo 72. Poluição do solo e do subsolo consiste “na deposição, disposição, 
descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de 
substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso”.O solo é 
um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos 
ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial 
do sistema agrícola e um espaço para as atividades humanas e para resíduos 
produzidos.A contaminação dos solos dá-se principalmente por resíduos sólidos, líquidos e 
gasosos, águas contaminadas, efluentes sólidos e líquidos, efluentes provenientes 
de atividades agrícolas, etc. Assim, pode-se concluir que a contaminação do solo 
ocorrerá sempre que houver adição de compostos ao solo, modificando suas 
características naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos. 
 
Uma prevenção efetiva evitaria gastos em remediação, sendo que boa parte dos 
danos ocorridos, quando podem ser remediados, levam um tempo prolongado para 
dar retorno. 
 
 
 
3
Assim, o objetivo geral está relacionado ao conhecimento das formas de poluição do 
solo, definindo as metodologias de contaminação, remediação e prevenção. 
 
 
2.2 Objetivo Específico 
 
 
Demonstrar, através de um estudo de caso: 
 
- a metodologia da contaminação de um solo; 
- a metodologia de remediação do solo contaminado; 
- a metodologia de prevenção, como alternativa para as indústrias administrarem 
seus resíduos. 
 
 
 
 
 
4
3 METODOLOGIA DO TRABALHO 
 
A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa fundamentou-se na 
análise do material disponível em arquivos de jornais, em literatura técnica referente 
ao meio ambiente e aos estudos de solos e seu comportamento, e também nos 
arquivos da CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). 
 
Para o desenvolvimento do trabalho utiliza-se como fontes de pesquisa: 
 
- Arquivos e relatórios técnicos da CETESB (Companhia de Tecnologia de 
Saneamento Ambiental), para obter dados sobre áreas com solos contaminados no 
estado de São Paulo; 
 
- “Sites” da Internet, na busca de características e atualidades sobre o tema; 
 
- Normas técnicas sobre meio ambiente, poluição e utilização do solo. 
 
As informações relatam como ocorre a poluição de um solo, a relação desta poluição 
com a qualidade de vida dos habitantes locais, o processo de remediação e 
readaptação para as regiões atingidas. Estas informações contém formas de 
prevenir este tipo de poluição e maneiras de remediar solos já contaminados. 
Relatos sobre penas a responsáveis pelo ato de poluir, também se encontram nas 
informações coletadas. 
 
 
 
 
5
4 JUSTIFICATIVA 
 
 
A degradação do solo tem sido um dos principais problemas encontrados nas 
regiões urbanas. Espaços cada vez mais limitados somados a valores altos por 
metro quadrado, tornam cada vez mais inconseqüentes a forma de recolher e tratar 
resíduos sólidos e líquidos, ocorrendo então inúmeros casos de aterros ou depósitos 
clandestinos. 
 
 “Um dos principais fenômenos de degradação do solo ocorre através da 
contaminação por resíduos sólidos e líquidos provenientes dos aterros clandestinos, 
onde ocorrem os depósitos no solo sem qualquer controle, assim os lixiviados 
produzidos e não recolhidos para posterior tratamento, contamina facilmente solos e 
águas, podendo ocorrer ainda a produção de metano pela degradação anaeróbia da 
fração orgânica dos resíduos, acumulando-se em bolsas, no solo, criando riscos de 
explosão” (LIMA,1995). 
 
Dada esta situação notória, cabe a este trabalho discutir métodos existentes de 
remediação para áreas contaminadas, demonstrando a dificuldade de se recuperar 
uma área, principalmente quando esta possui ocupação física, quer seja por 
residências ou por indústrias, que necessitam muitas vezes serem remanejados 
devido à periculosidade do resíduo poluente, que torna todo o processo mais lento e 
mais inviável economicamente. 
 
 
6
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
O solo foi considerado por muito tempo um receptor ilimitado de materiais 
descartáveis, como o lixo doméstico, os efluentes e os resíduos industriais, com 
base na suposição de que este meio apresenta uma capacidade ilimitada de 
atenuação das substâncias nocivas presentes, que levaria ao saneamento dos 
impactos criados. Essa capacidade, como ficou comprovado, é limitada. 
 
Esse fato, associado ao grande desenvolvimento industrial ocorrido no Estado de 
São Paulo na segunda metade do Século XX, sobretudo em uma época anterior ao 
advento da gestão ambiental, quando não eram adotadas medidas preventivas, 
resultou no surgimento das áreas contaminadas. 
 
Assim sendo, uma área contaminada pode ser definida como um local onde há 
comprovadamente poluição ou contaminação, causadas pela introdução de 
substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, 
armazenados, enterrados ou infiltrados, de forma planejada ou acidental. Nessa 
área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se no ar, nas águas 
superficiais, no solo, nos sedimentos, ou nas águas subterrâneas. Os poluentes ou 
contaminantes podem ainda ser transportados a partir desses meios, propagando-se 
por diferentes vias, como por exemplo o ar, o próprio solo, as águas subterrâneas e 
superficiais, alterando suas características naturais ou qualidades e determinando 
impactos negativos ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área 
ou em seus arredores. 
 
 
 
7
5.1 Contaminação e classificação de resíduos 
 
 
“Os resíduos industriais, dispostos de forma inadequada, sem qualquer tratamento, 
podem contaminar o solo, alterando suas características físicas, químicas e 
biológicas, transformando-se num problema de ordem estética e mais ainda numa 
séria ameaça a saúde pública” (MENEZES, 2000). 
 
 “São considerados resíduos sólidos industriais os resíduos em estado sólido e semi-
sólido provenientes da atividade industrial, incluindo-se os lodos provenientes das 
estações de tratamento de águas residuárias, aqueles gerados em equipamentos de 
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem 
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam 
para isto, soluções economicamente inviáveis, em face da melhor tecnologia 
possível” (CETESB,1993). 
 
As decisões técnicas e econômicas tomadas em todas as etapas do trato dos 
resíduos sólidos industriais (manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, 
transporte e disposição final) deverão estar fundamentadas na classificação dos 
mesmos. 
 
Com base nesta classificação serão definidas as medidas especiais de proteção 
necessárias em todas as etapas, bem como os custos envolvidos. 
 
 
 
8
A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas editou um conjunto de normas 
para padronizar, a nível nacional, a classificação dos resíduos. 
 
Esse conjunto de normas, disposto na tabela 5.1.1, permite a qualquer interessado 
realizar a classificação de resíduos. 
 
Tabela 5.1.1 – Conjunto de normas 
NBR 10004 – Resíduos Sólidos Classificação 
 
NBR 10005 – Lixiviação de Resíduos Procedimento 
 
NBR 10006 – Solubilização de Resíduos Procedimento 
 
NBR 10007 – Amostragem de Resíduos Procedimento 
 
 
A NBR 10004 – “Resíduos Sólidos – Classificação”, classifica os resíduos quanto 
aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde publica, mostrando quais 
resíduos necessitam ter manuseio e destinação mais rigidamente controlados. 
 
A classificação proposta pela ABNT baseia-se fundamentalmente nas características 
dos resíduos, em listagem de resíduos reconhecidamente perigosos e em padrões 
de concentração de poluentes, conforme tabela 5.1.2. 
Nesta tabela a classificação inserida esta de acordo com o conjunto de normas 
anteriormente citados e a tipologia resume cada classificação. 
 
 
 
 
 
 
9
Tabela 5.1.2 - Classificação de resíduos sólidos 
 
Classificação Tipologia 
Listagem 1 Resíduos perigosos de fontesnão 
específicas 
 
Listagem 2 Resíduos perigosos de fontes específicas
 
Listagem 3 Constituintes perigosos – base para 
relação dos resíduos e produtos das 
listagens 1 e 2 
 
Listagem 4 Substâncias que conferem periculosidade 
aos resíduos 
 
Listagem 5 Substâncias agudamente tóxicas 
 
 
Listagem 6 Substâncias tóxicas 
 
Listagem 7 Concentração – Limite máximo no extrato 
obtido no teste de lixiviação 
 
Listagem 8 Padrões para o teste de solubilização 
 
Listagem 9 Concentrações máximas de poluentes na 
massa bruta de resíduas utilizadas pelo 
Ministério do meio Ambiente da França 
para Classificação de Resíduos 
 
Listagem 10 Concentração mínima de solventes para 
caracterizar o resíduo como perigoso. 
 
Segundo a NBR 10004 os resíduos são agrupados em três classes: 
 
Resíduos Classe I – perigosos; 
 
Resíduos Classe II – não inertes e; 
 
Resíduos Classe III – inertes. 
 
 
10
5.1.1 Resíduos Classe I – Perigosos 
 
 
São Classificados como resíduos classe I ou perigosos os resíduos sólidos ou 
mistura de resíduos que, devido as suas características de inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à 
saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou 
incidência de doenças ou ainda apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, 
quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. 
 
“Os resíduos que submetidos ao Teste de Lixiviação, conforme NBR 10005 – 
‘Lixiviação de Resíduos – Procedimento’, apresentarem teores de poluentes no 
extrato lixiviado em concentração superior aos padrões constantes da listagem 7 – 
Limite Máximo no Extrato obtido no Teste de Lixiviação, são classificados como 
perigosos” (MENEZES, 2000). 
 
Os valores padronizados nesta listagem se referem exclusivamente a alguns metais 
pesados e pesticidas. 
 
Assim sendo, o teste de lixiviação se aplica somente àqueles resíduos que 
apresentam entre seus contribuintes um ou mais elementos e substâncias 
constantes da listagem de número 7 na tabela 2, conforme NBR 10004. 
 
São ainda classificados como resíduos perigosos os resíduos de restos de 
embalagens contaminados e os resíduos de derramamento de produtos fora da 
especificação de qualquer substância das listadas na norma. 
 
 
11
5.1.2 Resíduos Classe II 
 
 
São considerados de acordo com a classificação como Classe II ou resíduos não 
inertes os resíduos sólidos, ou ainda mistura de resíduos sólidos, que não se 
enquadram na Classe I – perigosos ou na Classe III – inertes (MENEZES, 2000). 
 
Estes resíduos podem ter propriedades tais como combustibilidade, 
biodegradabilidade ou solubilidade em água. 
 
 
5.1.3 Resíduos Classe III 
 
 
“São classificados como Classe III ou resíduos inertes os resíduos sólidos ou mistura 
de resíduos sólidos que ao serem submetidos ao teste de solubilização (NBR 10006 
– ‘Solubilização de Resíduos – Procedimento’) não tenham nenhum de seus 
constituintes solubilizados , em concentrações superiores aos padrões definidos na 
Listagem 8 – Padrões para o teste de solubilização” (MENEZES, 2000). 
 
Como demonstrado, os resíduos são classificados em função de suas propriedades 
físicas, químicas ou infecto-contagiosas e com base na possível identificação de 
contaminantes presentes em sua massa. Contudo percebe-se que a identificação é 
uma tanto trabalhosa e em inúmeros casos limitada por falta de recursos dos 
laboratórios nacionais. 
 
 
 
12
Ressalta-se que as listagens apresentadas não são estáticas. Conforme a evolução 
do conhecimento científico um resíduo ou substância pode ser excluído ou incluso 
nestas listagens que devem ser constantemente atualizadas. 
 
Mostra-se na figura 5.1.1 o fluxograma para classificação de resíduos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13
 
 
Figura 5.1.1 – Fluxograma para classificação de resíduos 
 
 
14
 
5.2 Tecnologias de tratamento de solos contaminados 
 
 
“As tecnologias para tratamento de solos contaminados são um conjunto de etapas 
usadas no plano de remediação dos mesmos, sendo que muitas vezes não são 
aplicadas isoladamente, mas em combinação seqüencial com outras, constituindo os 
chamados “comboios de tratamento” (treatment trains)”. (ALMEIDA, 2000) 
 
“Classificam-se as tecnologias de tratamento segundo critérios variados, como por 
exemplo: objetivo, estado de desenvolvimento, localização do tratamento, processo 
principal, aplicação aos diferentes tipos de solo, aplicação às classes de resíduos 
contaminantes, destino final dos resíduos contaminantes, etc.” (ALMEIDA,2000) 
 
Os métodos de remediação de solos que têm como objetivo reduzir a concentração 
ou toxicidade dos contaminantes são chamados por métodos de tratamento (sentido 
estrito), enquanto que os que têm como principal objetivo a redução da mobilidade 
dos contaminantes são chamados métodos de confinamento. Todos estão incluídos 
no conjunto de tecnologias de tratamento que formam o chamado plano de 
remediação. 
 
No que diz respeito ao estado de desenvolvimento, as tecnologias de tratamento 
classificam-se como sendo convencionais ou estabelecidas, inovadoras ou 
emergentes. As tecnologias emergentes são aquelas que ainda não foram testadas 
no terreno. As tecnologias inovadoras caracterizam-se por já terem sido aplicadas a 
pelo menos um local contaminado, não existindo ainda informação suficiente que 
 
 
15
permita previsões sobre os seus custos e eficácia em diferentes condições de 
aplicação. As tecnologias convencionais são as que já foram aplicadas numerosas 
vezes, existindo informação suficiente, o que possibilita prever facilmente a sua 
aplicação em outras situações. Ressalta-se que o esforço aplicado à diminuição dos 
elevados custos da remediação de solos e ao aumento da sua eficácia se concentra, 
respectivamente, na implementação e investigação das tecnologias inovadoras e 
emergentes. Esse esforço é fundamentalmente suportado pelas instituições 
governamentais de países desenvolvidos. No Brasil opta-se por soluções 
tecnicamente menos desenvolvidas e elaboradas, efetuadas por empresas privadas, 
pois o governo ainda não dispõe de valores para se aplicar no estudo de novas 
técnicas. 
 
Em termos do local em que ocorre o tratamento, as tecnologias podem classificar-se 
como sendo In situ ou Ex situ, podendo estas se realizar On-site ou Off-site. 
 
Para o tratamento In situ o material contaminado é tratado sem que se recorra à 
escavação, ou seja, nas condições naturais. 
 
O caso do tratamento Ex situ envolve sempre escavação e diz-se que decorre On-
site no caso do tratamento realizar-se na área contaminada ou em uma região 
próxima. Quando o material contaminado é tratado em local distinto, após escavação 
e transporte, designa-se como tratamento Off-site. 
 
Quando se usa como critério o principal processo envolvido, os tratamentos podem 
dividir-se nos seguintes grupos: biológicos, físico-químicos, térmicos. 
 
 
16
 
Assim, as tecnologias de tratamento agrupam-se nas seguintes categorias: 
• Tratamento In Situ 
o Biológico 
o Fisico-Químico 
o Térmico 
 
• Tratamento Ex Situ: 
o Biológico 
o Fisico-Químico 
o Térmico 
 
 
5.2.1 Tratamento Biológico In Situ 
 
 
Os tratamentos biológicos In Situ podem ser feitos de acordos com algumas técnicas 
apresentadas a seguir (ALMEIDA, 2000) 
 
5.2.1.1 Biorremediação Aeróbica (Bioverting) 
 
• Descrição: a “bioventing” é uma técnica recente e promissora, que sebaseia 
no estímulo da degradação in situ de qualquer composto degradável 
aerobicamente, através do fornecimento de baixas vazões de oxigênio aos 
microorganismos presentes no solo. Normalmente o oxigênio é fornecido 
através da injeção direta de ar. 
 
 
 
17
• Aplicação: usado normalmente no tratamento de solos contaminados por 
hidrocarboneto derivados do petróleo, solventes não clorados, algum 
pesticida, conservante de madeira, entre outros orgânicos. 
 
• Limitações: 
 
o A proximidade da superfície do nível freático, a existência de zonas 
saturadas, ou a baixa permeabilidade do solo reduzem a eficiência 
desta técnica. 
o Pode ocorrer acumulação de vapor em cavidades no raio de influência 
dos poços de injeção. O problema pode ser diminuído através da 
extração de ar na proximidade dessas estruturas. 
o Teores de umidade extremamente baixos podem limitar a 
biodegradação e a eficiência da “bioventing”. 
o Possível necessidade de monitoramento dos gases libertados. 
o Temperaturas baixas diminuem a velocidade de descontaminação, 
embora existam exemplos bem sucedidos de aplicação de técnicas 
biológicas em climas extremamente frios. 
 
• Dados específicos: 
 
o Devem ser realizados testes in situ para determinar a permeabilidade 
do solo ao ar e a taxa de respiração microbiológica. 
o Características do solo que afetam a atividade microbiana: pH, 
umidade, temperatura, e nutrientes. 
 
 
18
 
5.2.1.1 Tratamento de Terras (Land Treatment) 
 
• Descrição: a Land Treatment é uma técnica de tratamento biológico em que 
os solos, lamas ou sedimentos contaminados são removidos periodicamente 
para serem expostos ao ar e expostos às condições climáticas. Os resíduos, 
o solo, as condições climáticas e a atividade biológica interagem como um 
sistema dinâmico para degradar, transformar e imobilizar os contaminantes. 
Freqüentemente as condições do solo são controladas de forma a otimizar as 
velocidades de degradação dos resíduos contaminantes. As condições 
normalmente controladas incluem: teor de umidade (usualmente por irrigação 
ou aspersão), pH, concentração de nutrientes. A aplicação desta técnica deve 
ser gerida adequadamente, de modo a evitar problemas de contaminação de 
aqüíferos, águas superficiais, atmosfera ou cadeia alimentar, tanto no local 
como nas áreas próximas. Assim, torna-se necessário implementar medidas 
de segurança ambientais e um plano de monitoramento adequados, como por 
exemplo controlar a qualidade de água dos aqüíferos, entre outros. 
 
• Aplicação: esta técnica é utilizada para tratar hidrocarbonetos de elevado 
peso molecular. Os resíduos contaminantes que têm sido tratados com 
sucesso incluem alguns pesticidas. 
 
• Limitações: 
 
o Necessidade de uma grande área para o tratamento. 
 
 
19
o Algumas condições que afetam a atividade biológica, como a 
temperatura e a precipitação, são inconstantes, o que aumenta o 
tempo necessário para efetuar a remediação. 
o Os contaminantes voláteis, tais como solventes, devem sofrer pré-
tratamento, já que têm grande tendência a evaporar para a atmosfera. 
o Deve haver o controle de poeiras, especialmente durante a retirada do 
solo e outras operações de manuseamento. 
o A presença de íons metálicos pode constituir fator de toxicidade para 
os microorganismos, e existe a possibilidade de serem lixiviados do 
solo contaminado para o aquífero. 
o A profundidade atingida pelo tratamento é limitada pela profundidade 
conseguida na operação de retirada (normalmente 18 polegadas). 
 
• Dados específicos: 
 
o Considerações prévias sobre a contaminação: tipo de resíduo 
contaminante, profundidade e perfil de distribuição, presença de 
contaminantes tóxicos para os microorganismos, presença de VOCs, e 
de contaminantes inorgânicos. 
o Considerações prévias sobre o local: características geológicas 
superficiais, cobertura vegetal, características geológicas e 
hidrogeológicas, superficiais, clima, precipitação, velocidade e direção 
dos ventos, disponibilidade de água. 
 
 
20
o Características do solo: tipo, textura, umidade, fração orgânica, 
concentração de nutrientes, pH, permeabilidade, populações 
microbiológicas presentes. 
o Devem ser realizados testes ecotoxicológicos para determinar a 
eficiência do processo. 
 
 
5.2.2 Tratamento Fisico-Químico In Situ 
 
 
Os tratamentos físico-químico In Situ podem ser feitos de acordos com algumas 
técnicas apresentadas a seguir (ALMEIDA, 2000) 
 
5.2.2.1 Separação Electrocinética (Electrokinetic Separation) 
 
• Descrição: o processo de remediação eletrocinética permite aproveitar os 
processos eletroquímicos e eletrocinéticos para promover a remoção de 
metais e de compostos orgânicos. Aplica-se ao solo uma corrente direta de 
baixa intensidade mediante a introdução de eletrodos. Esta tecnologia de 
processamento do solo é fundamentalmente um método de extração de 
contaminantes. 
 
• Aplicação: 
 
o Esta técnica aplica-se a solos, sedimentos e lamas contaminados com 
metais pesados, anions compostos orgânicos polares. As 
concentrações de contaminantes que permitem a aplicação deste 
 
 
21
processo variam de algumas partes por milhão (ppm) a várias dezenas 
de milhares de ppm. 
o A separação eletrocinética aplica-se principalmente no caso de solos 
de baixa permeabilidade, tais como solos argilosos saturados ou 
parcialmente saturados, difíceis de drenar. 
 
• Limitações: 
 
o A eficiência é drasticamente reduzida quando a umidade do material é 
inferior a 10%. Obtém-se máximo rendimento nos casos em que esta 
varia entre 14 e 18 %. 
o A presença de materiais metálicos ou isolantes enterrados no solo 
pode induzir variabilidade na condutividade do solo, por isso a 
variabilidade geológica natural deste deve ser estudada previamente. 
Também a ocorrência de depósitos de materiais que exibam 
condutividade elétrica muito elevada, tais como depósitos de minérios, 
conduzem à ineficácia da técnica. 
o Devem ser usados eletrodos inertes, tais como eletrodos de carbono, 
grafite ou platina, de modo a não introduzir nenhum tipo de resíduo na 
massa de solo tratada. Os eletrodos metálicos podem dissolver-se 
como resultado da eletrólise, levando à introdução de produtos 
corrosivos no solo. 
o Esta técnica apresenta maior eficácia no tratamento de solos argilosos 
devido à carga superficial negativa das partículas de argila. No entanto 
a carga superficial destas pode ser alterada quer pela variação do pH 
 
 
22
da solução do solo quer pela adsorção de contaminantes. Os valores 
extremos de pH que ocorrem na proximidade dos eletrodos, e as 
alterações provocadas pelas induzidas pelos processos que ocorrem 
ao nível dos eletrodos, podem inibir a eficiência da técnica. 
o As reações de oxidação-redução podem gerar produtos não 
desejáveis, como, por exemplo, cloro. 
 
5.2.2.2 Fraturação (Fracturing) 
 
• Descrição: 
 
o A fraturação é uma tecnologia de melhoramento, destinada a aumentar 
a eficiência da aplicação de outras tecnologias in situ, em solos que 
apresentam más condições para a aplicação destas. Promove-se o 
desenvolvimento de fraturas em solos de baixa permeabilidade ou em 
sedimentos que apresentem elevado grau de compactação. A 
existência destas fraturas aumenta a eficiência de muitos processos in 
situ devido ao aumento do contacto entre os contaminantes adsorvidos 
nas partículas do solo e o meio de extração. 
 
o Esta tecnologia apresenta três variantes: fraturação pneumática 
(pneumatic fracturing), blast-enhanced fracturing, e o processo 
Lasagnaô.23
• Aplicação: a fraturação aplica-se a todos os grupos de contaminantes. Esta 
tecnologia é usada essencialmente para obter a fratura de siltes, areias e 
argilas. 
 
• Limitações: 
 
o Esta tecnologia não deve ser aplicada em zonas de elevada atividade 
sísmica. 
o As fraturas tendem a fechar em solos não argilosos. 
o É necessário averiguar a existência de estruturas subterrâneas e 
bolsas de produto livre. 
o Ocorre a criação de novas potenciais vias de dispersão não desejável 
de contaminantes. 
 
• Dados específicos: profundidade e extensão da contaminação, concentração 
dos contaminantes, tipo de solo e respectivas propriedades (ex: estrutura, 
conteúdo em matéria orgânica, textura, permeabilidade, capacidade de 
retenção de água, umidade). 
 
5.2.2.3 Lavagem do Solo In situ (Soil Flushing) 
 
• Descrição: a lavagem do solo in situ consiste na extração dos contaminantes 
do solo fazendo passar água ou uma solução aquosa adequada através das 
camadas contaminadas, mediante um processo de injeção ou infiltração. Os 
 
 
24
contaminantes são arrastados até o lençol freático, procedendo-se depois à 
sucção da água subterrânea e respectivo tratamento. 
 
• Aplicação: esta tecnologia aplica-se especialmente aos contaminantes 
inorgânicos, incluindo contaminantes radioativos. Pode ser usada para tratar 
VOCs, SVOCs, combustíveis e pesticidas, mas em geral não apresenta uma 
relação custo-benefício tão favorável quanto outras técnicas, no tratamento 
destes contaminantes. A adição de solventes compatíveis com as condições 
ambientais pode aumentar a solubilidade de alguns compostos orgânicos, 
mas existe a possibilidade da solução de lavagem provocar alterações físico-
químicos do solo. Esta tecnologia oferece a possibilidade de recuperação de 
metais e consegue mobilizar uma grande variedade de contaminantes 
orgânicos e inorgânicos em solos de granulometria grosseira. 
 
• Limitações: 
 
o Solos de baixa permeabilidade ou muito heterogêneos são difíceis de 
tratar. 
o Os solventes adicionados podem aderir ao solo e reduzir a sua 
porosidade efetiva. 
o As reações dos fluídos de lavagem com o solo podem reduzir a 
mobilidade dos contaminantes. 
o A possibilidade de ocorrer arrastamento dos contaminantes para além 
da zona de captura e a introdução superficial de solventes preocupa 
devido ao perigo de afetar a população. A tecnologia deve ser usada 
 
 
25
apenas quando os contaminantes e os fluídos de lavagem podem ser 
confinados e extraídos. 
o O tratamento à superfície dos efluentes líquidos pode ter um peso 
determinante nos custos do processo. 
 
• Dados específicos: 
 
o É necessária a realização de testes de tratabilidade que permitam 
determinar a viabilidade do processo de lavagem específico 
considerado. 
o Os parâmetros físicos e químicos do solo que devem ser 
determinados incluem: permeabilidade, estrutura, textura, porosidade, 
umidade, carbono orgânico total, pH e capacidade tampão. 
o As características dos contaminantes que devem ser determinadas 
incluem: concentração, solubilidade, coeficiente de partição, produtos 
de solubilidade, potencial de redução e constantes de estabilidade de 
complexos. 
o As características do solo e dos contaminantes determinam as 
soluções de lavagem adequadas, não só em termos de eficiência mas 
também de compatibilidade. 
 
5.2.2.4 Extração do Vapor do Solo (Soil Vapor Extraction- SVE) 
 
• Descrição: a extração do vapor do solo é uma tecnologia de tratamento da 
zona não saturada do solo. A aplicação de vácuo através de poços de 
 
 
26
extração resulta na indução de um fluxo de ar controlado de modo a remover 
contaminantes voláteis e semi-voláteis. O gás que abandona o solo pode 
necessitar de tratamento para remoção ou destruição dos contaminantes, 
dependendo das disposições legais em vigor. 
 
• Aplicação: o grupo de contaminantes alvo desta técnica é o dos VOCs e 
alguns combustíveis. Esta tecnologia é tipicamente aplicada apenas no caso 
de compostos voláteis. Fatores como, umidade, fração orgânica e 
permeabilidade do solo ao ar, também afetam a eficiência desta tecnologia. A 
remoção de óleos e gorduras de elevada massa molecular, metais, PCBs ou 
dioxinas não é possível através desta técnica. Dado que o processo implica 
um fluxo contínuo de ar através do solo, promove freqüentemente a 
biodegradação in situ de compostos orgânicos pouco voláteis que estejam 
presentes. 
 
• Limitações: 
 
o Solos muito compactados ou com elevada umidade (>50%) 
apresentam baixa permeabilidade ao ar, requerendo vácuo mais 
potente (o que implica custos superiores) e dificultam a operação de 
SVE. 
o No caso de solos que apresentem grande variabilidade de 
permeabilidade ou zona de ação horizontal, são necessários grandes 
intervalos perfurados nos poços de extração, já que caso contrário 
 
 
27
resultaria uma distribuição desigual do fluxo gasoso proveniente da 
zona contaminada. 
o Solos com elevada fração orgânica ou com umidade muito reduzida 
apresentam uma elevada capacidade de adsorção de VOCs, 
resultando em baixas taxas de remoção. 
o Pode ocorrer a necessidade de instalar sistemas de tratamento dos 
efluentes gasosos, que por sua vez podem gerar efluentes líquidos. 
o Esta tecnologia não é eficaz na descontaminação da zona saturada (no 
entanto basta provocar o abaixamento do nível freático para aumentar 
o volume de solo a ser tratado). 
 
• Dados específicos: profundidade e extensão da contaminação e da camada 
freática. Tipo de solo e respectivas propriedades (ex: estrutura, textura, 
permeabilidade e umidade). Devem ser efetuados estudos à escala piloto de 
modo a determinar parâmetros de dimensionamento incluindo: poço de 
extração, raio de influência, fluxos gasosos, vácuo ótimo aplicado e taxas de 
remoção de contaminantes. 
 
 
5.2.2.5 Solidificação/Estabilização 
 
• Descrição: os contaminantes são fisicamente envolvidos no meio de uma 
massa estabilizada (solidificação), ou são induzidas reações químicas entre 
agentes estabilizadores e os contaminantes de modo a reduzir a mobilidade 
destes (estabilização). 
 
 
28
 
• Aplicação: 
 
o Os processo de solidificação/estabilização in situ aplicam-se nos casos 
de contaminação por inorgânicos (incluindo radionuclidos) 
o A vitrificação in situ pode destruir ou remover compostos orgânicos e 
imobilizar a maioria dos compostos inorgânicos presentes nos solos. 
 
• Limitações: 
 
o A profundidade da contaminação pode limitar a aplicação dos 
processos. 
o A utilização posterior do local pode afetar a capacidade de retenção 
dos resíduos contaminantes. 
o Alguns processos resultam num aumento significativo do volume. 
o Alguns resíduos são incompatíveis com variações dos métodos de 
solidificação/estabilização, tornando-se necessárias a realização de 
testes de tratabilidade. 
o A distribuição dos reagentes e a mistura efetiva são mais difíceis do 
que na aplicação destes processos ex situ. 
o A amostragem de material para confirmação da eficácia do processo 
pode ser complicada. 
o A presença do material solidificado pode condicionar o uso posterior do 
local. 
 
 
 
29
• Dados específicos: as principais características do solo que devem ser 
determinadas são: granulometria, limites de Atterberg, umidade, concentração 
de metais, fração de sulfatos, fração orgânica, densidade, permeabilidade, 
microestrutura e pH. 
 
 
5.2.3 Tratamento Térmico In Situ 
 
 
Os tratamentos térmicos In Situ podem ser feitos de acordo com algumas técnicas 
apresentadas aseguir (ALMEIDA, 2000) 
 
5.2.3.1 Extração de Vapor de Solo Térmica (Thermally Enhanced Soil Vapor 
Extraction) 
 
• Descrição: a Thermally Enhanced Soil Vapor Extraction é uma tecnologia 
idêntica à SVE, em que se utiliza a injeção de ar quente através de vapor, 
resistências elétricas, ou energia eletromagnética para aquecer o solo, 
aumentando assim a velocidade de volatilização dos compostos semi-voláteis 
e facilitando a sua extração. Esta tecnologia, ao contrário da tecnologia 
simples de SVE, exige a utilização de poços de extração resistentes ao calor. 
 
• Aplicação: estes sistemas são dimensionados para tratar SVOCs e 
consequentemente tratam também VOCs. As tecnologias de SVE 
termicamente reforçada também são efetivas no tratamento de alguns 
pesticidas e combustíveis líquidos, dependendo das temperaturas alcançadas 
pelos sistemas. A Thermally Enhanced Soil Vapor Extraction é eficaz em 
 
 
30
solos com elevada umidade, ultrapassando uma das limitações de aplicação 
da tecnologia de SVE convencional. Após a aplicação deste processo, as 
condições no solo apresentam-se excelentes para a biodegradação dos 
contaminantes residuais. 
 
• Limitações: 
 
o A existência de grandes objetos ou detritos enterrados no meio pode 
causar dificuldades nas operações. 
o A eficiência da extração de certos contaminantes varia, dependendo da 
temperatura máxima atingida pelo processo selecionado. 
o Solos muito compactados ou com umidade muito elevada apresentam 
uma permeabilidade ao ar reduzida, o que dificulta a operação e requer 
um consumo de energia superior para aumentar a temperatura e o 
vácuo 
o No caso de solos com permeabilidade variável pode dar-se uma 
distribuição desigual do fluxo gasoso através das zonas contaminadas. 
o Solos com fração orgânica elevada apresentam uma grande 
capacidade de adsorção de VOCs, o que resulta na diminuição das 
taxas de remoção. 
o As emissões gasosas têm que ser controladas e pode ser necessário 
tratar os gases emitidos. 
o Esta técnica não é eficaz no tratamento da zona saturada, contudo 
basta provocar o abaixamento do nível freático para expor um maior 
volume do solo à SVE. 
 
 
31
o A injeção de ar quente tem limitações devido à baixa capacidade 
calorífica do ar. 
 
• Dados específicos: profundidade e extensão da contaminação, concentração 
de contaminantes, profundidade do nível freático, tipo de solo e propriedades 
do solo tais como, estrutura, textura, permeabilidade, e umidade. 
 
 
5.2.4 Tratamento Biológico Ex situ 
 
 
Os tratamentos biológicos Ex Situ podem ser feitos de acordo com algumas técnicas 
apresentadas a seguir (ALMEIDA, 2000) 
 
5.2.4.1 Compostagem 
 
• Descrição: a compostagem é um processo biológico controlado através do 
qual contaminantes orgânicos biodegradáveis são convertidos em 
subprodutos inócuos e estabilizados, devido à atividade de microorganismos 
(em condições aeróbias ou anaeróbias). Geralmente são mantidas condições 
termofílicas (54ºC a 65ºC) para que a compostagem de solos contaminados 
com contaminantes orgânicos perigosos seja realizada adequadamente. O 
solo escavado é misturado com agentes dispersantes e corretivos orgânicos, 
tais como aparas de madeira e resíduos vegetais e animais, de modo a 
aumentar a porosidade do material a tratar. A eficiência máxima de 
degradação é atingida mantendo constantes a umidade, o pH, a concentração 
de oxigênio e a temperatura . 
 
 
32
 
• Aplicação: o processo de compostagem pode ser aplicado a solos ou 
sedimentos contaminados com compostos orgânicos biodegradáveis. A 
compostagem aeróbia termofílica permite reduzir a concentração de 
explosivos (TNT, RDX, e HMX), e a toxicidade associada para níveis 
aceitáveis. 
 
• Limitações: 
 
o A aplicação da técnica de compostagem exige áreas consideráveis. 
o Possibilidade de liberação não controlada de VOCs durante a 
escavação dos solos contaminados. 
o Do processo de compostagem resulta o aumento de volume do 
material devido à adição dos corretivos. 
o Os metais pesados não são tratados por este método (existe apenas 
um efeito de diluição), e podem ser tóxicos para os microorganismos. 
o Se os solos contiverem VOCs ou SVOCs é necessário controlar as 
emissões gasosas. 
 
• Dados específicos: concentração de contaminantes, requisitos exigidos pela 
escavação, disponibilidade e custo dos corretivos necessários, disponibilidade 
de espaço, tipo de solo, e adequação da compostagem ao tratamento dos 
contaminantes. 
 
5.2.4.2 Biodegradação por Fungos (White Rot Fungus) 
 
 
33
 
• Descrição: a aplicação da biodegradação por fungos envolve a utilização 
controlada dos White Rot Fungus, cultivados especificamente para o 
tratamento de contaminantes. Esta técnica apresenta-se em duas 
configurações possíveis: in situ (sistema aberto) e bioreator. O objetivo é 
manter um sistema aeróbio, fazendo circular ar úmido no seio da mistura de 
solo contaminado com aparas de madeira, servindo estas de suporte ao 
desenvolvimento dos fungos. 
 
• Aplicação: os White Rot Fungus são capazes de degradar e mineralizar 
variados poluentes orgânicos, incluindo explosivos convencionais como o 
TNT - cristais monoclínicos, RDX - Ciclometilenotrinitramina e HMX – 
ciclotetrametilentetranitramina. 
 
• Limitações: 
 
o Esta técnica não pode ser aplicadoem solos, sedimentos ou lamas 
contendo elevadas concentrações de TNT. 
o O grau de degradação dos poluentes não é suficiente para atingir os 
níveis de descontaminação pretendidos. 
o A competição por parte das populações de bactérias, inibição causada 
pelos níveis de toxicidade, e a adsorção química dos contaminantes, 
são fatores que limitam a aplicação do processo. 
 
 
 
34
• Dados específicos: concentração final de explosivos após o tratamento, 
presença de outros contaminantes, propriedades do solo. 
 
5.2.4.3 Tratamento de Terra (Landfarming) 
 
• Descrição: os solos, lamas ou sedimentos são aplicados em quadrados 
escavados de forma propícia para o tratamento (lined beds) e removidos 
periodicamente para promover a oxigenação dos resíduos. É necessário 
implementar métodos de controle dos lixiviados. É frequente controlar as 
condições do solo de forma a otimizar a velocidade de degradação dos 
contaminantes. As condições normalmente controladas são: teor de umidade 
(usualmente por irrigação ou aspersão), arejamento, pH, concentração de 
nutrientes. A “landfarming” é a equivalente ex situ da técnica de “land 
treatment” (in situ). 
 
• Aplicação: Este processo é eficaz no tratamento de hidrocarbonetos 
derivados do petróleo. Alguns dos contaminantes que têm sido tratados com 
sucesso incluem: diesel, resíduos de coque e alguns pesticidas. 
 
• Limitações: 
 
o Necessidade de uma grande área para o tratamento. 
o Algumas condições que afetam a atividade biológica, como a 
temperatura e a precipitação, são bastante incontroláveis, o que 
aumenta o tempo necessário para efetuar a descontaminação. 
 
 
35
o Os contaminantes voláteis tais como solventes, devem sofrer pré-
tratamento, já que têm grande tendência a evaporar para a atmosfera. 
o O controle de poeiras deve ser levado em consideração, especialmente 
durante a retirada do solo e outras operações de manuseamento. 
o A presença de íons metálicos pode constituir fator de toxicidade para 
os microorganismos, e existe a possibilidade de serem lixiviados do 
solo contaminado para o aqüífero. 
o Devem-se construir e monitorar unidades que recolham águas que 
migram para os aquíferos. 
 
• Dados específicos: 
 
o Consideraçõesprévias sobre a contaminação: tipo de contaminação e 
de resíduos contaminantes, profundidade e perfil de distribuição, 
presença de contaminantes tóxicos para os microorganismos, 
presença de VOCs, e de contaminantes inorgânicos. 
o Considerações prévias sobre o local: características geológicas, 
cobertura vegetal, características hidrogeológicas, clima, precipitação, 
velocidade e direção dos ventos, disponibilidade de água. 
o Características do solo: tipo, textura, umidade, fração orgânica, 
capacidade de troca catiônica, concentração de nutrientes, pH, 
permeabilidade, populações microbiológicas presentes. 
 
 
 
 
 
36
5.2.4.4 Tratamento Biológico (Slurry Phase) 
 
• Descrição: esta técnica envolve o tratamento controlado do solo escavado 
num reator biológico. O solo é primeiramente processado de modo a separar 
fisicamente os componentes de maiores dimensões. Em seguida é misturado 
com água até uma concentração pré-determinada, dependendo da 
concentração dos contaminantes, da velocidade da degradação biológica e 
da natureza do solo. A fração arenosa, já limpa, é retirada do sistema, 
restando a fração de finos e a água de lavagem, que serão tratados 
biologicamente. O solo é mantido em suspensão no reactor e misturado com 
nutrientes e oxigénio, e quando necessário a corretores de pH. Após a 
degradação estar completa procede-se à secagem das lamas. 
 
• Aplicação: os slurry-phase bioreactors são usados fundamentalemente para o 
tratamento de SVOCs e VOCs presentes em solos e sedimentos. Usando 
microorganismos adaptados é possível tratar também VOCs e SVOCs 
halogenados. 
 
• Limitações: 
 
o O pré-tratamento do material pode ser complicado e demorado. Solos 
pouco homogêneos ou argilosos podem causar problemas de 
manuseamento. 
o A secagem dos finos pode ser trabalhosa. 
 
 
37
o É necessário um método adequado de tratamento das águas residuais 
não recicláveis. 
 
• Dados específicos: 
 
o É necessário conduzir estudos de tratabilidade. 
o Algumas características importantes dos contaminantes que devem ser 
determinadas incluem: solubilidade, coeficiente de adsorção às 
partículas do solo, volatilidade, reatividade (isto é, tendência a 
participarem em reações não biológicas), e biodegradabilidade. 
 
 
5.2.5 Tratamento Fisico-Químico Ex situ 
 
 
Os tratamentos físico-químico Ex Situ podem ser feitos de acordo com algumas 
técnicas apresentadas a seguir (ALMEIDA, 2000) 
 
 
5.2.5.1 Extração Química (Chemical Extraction) 
 
• Descrição: a extração química consiste em misturar o solo e um extratante 
num reator, promovendo-se assim a dissolução dos contaminantes. A fase 
líquida é então transportada para um separador, onde se dá a separação dos 
contaminantes e do solvente, que são posteriormente tratados e reutilizados. 
Esta tecnologia não destrói os contaminantes, o seu objetivo é reduzir a 
massa de resíduo a ser tratada. A extração química difere da técnica de 
 
 
38
lavagem do solo, em que água ou uma solução aquosa é usada como fluído 
lavador. Existem duas variantes principais desta técnica, a extração ácida e a 
extração por solvente. A extração ácida consiste geralmente em usar ácido 
clorídrico para extrair metais pesados do solo. A extração por solvente é uma 
forma comum de extração química, em que é usado um solvente orgânico 
para extrair os contaminantes. 
 
• Aplicação: A extração por solvente tem sido aplicada com eficiência no 
tratamento de solos contaminados essencialmente com compostos orgânicos 
tais como, VOCs, solventes halogenados e petróleo. A extração ácida é 
adequada ao tratamento de solos, lamas e sedimentos contaminados com 
metais pesados. 
 
• Limitações: 
 
o Alguns tipos de solo e elevada umidade afetam negativamente a 
eficácia do processo de extração. 
o Elevada fração argilosa pode reduzir a eficiência da extração, 
requerendo períodos de contacto mais longos. 
o Metais ligados aos compostos orgânicos podem ser extraídos em 
conjunto com estes, o que pode restringir o tratamento final a dar às 
frações obtidas. 
o A presença de detergentes e emulsionantes pode influenciar 
desfavoravelmente a eficiência da extração. 
 
 
39
o Pequenas quantidades de solvente podem permanecer na fração 
sólida tratada e sua toxidade deve ser melhor estudada. 
o A extração por solvente é em geral menos eficaz na remoção de 
compostos orgânicos com massa molecular muito elevada e de 
substâncias muito hidrofílicas. 
o Após a extração ácida é necessário neutralizar a fração ácida residual 
presente na massa de solo tratada. 
o Esta tecnologia pode não ser economicamente viável, quando se 
pretende o tratamento de solos contaminados com metais pesados até 
níveis de contaminação residual muito baixo. 
 
• Dados específicos: é importante determinar se é a transferência de massa ou 
o equilíbrio que controlam o processo. O fator preponderante é crítico no 
dimensionamento da unidade de tratamento e na determinação da aplicação 
da técnica. As características do solo que devem ser determinadas são: 
distribuição de tamanhos, pH, coeficiente de partição, capacidade de troca 
catiônica, fração orgânica, umidade, concentração de metais e de compostos 
voláteis, fração argilosa, e presença de misturas complexas de resíduos. 
 
5.2.5.2 Oxidação/Redução (Chemical Reduction Oxidation) 
 
• Descrição: reações de oxidação-redução permitem converter contaminantes 
perigosos em compostos não perigosos ou menos tóxicos, que sejam mais 
estáveis, menos móveis ou inertes. Os agentes oxidantes mais comumente 
 
 
40
usados no tratamento de contaminantes perigosos são: ozônio, peróxido de 
hidrogênio, hipocloritos, cloro e dióxido de cloro. 
 
• Aplicação: esta tecnologia aplica-se essencialmente no tratamento de 
contaminantes inorgânicos. Também pode ser usada, embora com menor 
eficiência, no caso de VOCs e SVOCs não halogenados, hidrocarbonetos 
combustíveis e pesticidas. 
 
• Limitações: 
 
o Possibilidade de ocorrência de oxidação incompleta e formação de 
compostos de contaminação intermediários, dependendo dos agentes 
oxidantes usados. 
o O processo não é economicamente vantajoso no caso de elevadas 
concentrações de resíduos contaminantes devido à necessidade de 
utilização de grandes quantidades de agente oxidante. 
o A quantidade de óleos e gorduras presentes no meio deve ser 
minimizada de modo a maximizar a eficiência do processo. 
 
• Dados específicos: devem ser efetuados testes de tratabilidade para 
determinar o modo como alguns parâmetros (umidade, concentração de 
metais alcalinos e de substâncias úmidas no solo, presença de fases 
múltiplas e concentração total de haletos orgânicos) afetam o tempo e o custo 
de processamento. 
 
 
 
41
5.2.5.3 Remoção de Halogéneos (Dehalogenation) 
 
• Descrição: mistura-se o solo contaminado com reagentes apropriados com o 
objetivo de substituir as moléculas contendo os halogênios, ou de provocar a 
sua decomposição e volatilização parcial. O solo contaminado é peneirado, 
processado num moínho triturador denominado “crusher and pug”, e 
misturado com os reagentes, aquecendo-se posteriormente a mistura. Esta 
tecnologia apresenta-se em duas variantes: decomposição catalizada por 
base (Base-catalyzed Decomposition-BCD) e glicolato polietileno glicol 
alcalino (Glycolate Alkaline Polyethylene Glycol). A primeira usa como 
reagente o hidrogenocarbonato de sódio e tem sido aplicada no tratamento de 
solos e sedimentos contaminados com compostos orgânicos clorados, 
essencilamente PCBs, dioxinas e furanos. Na segunda o reagenteusado é 
um polietileno glicol alcalino e gera-se água residual que necessita de 
tratamento. 
 
• Aplicação: 
 
o Os grupos de contaminantes alvo desta tecnologia são os SVOCs 
halogenados e os pesticidas. Também se aplica no caso de VOCs, 
mas com menor eficiência. A sua aplicação em pequena escala é 
economicamente viável. 
 
• Limitações: 
 
 
 
42
o Elevados valores de fração argilosa e de umidade fazem aumentar os 
custos de operação. 
o A tecnologia descrita não apresenta uma relação custo-benefício 
favorável quando aplicada a grandes volumes de solo. 
o Concentrações de compostos orgânicos clorados superiores a 5 % 
exigem a utilização de grandes volume de reagentes. 
o No caso da captura dos efluentes e resíduos (contaminantes 
volatilizados, poeiras e condensados), pode ser difícil, especialmente 
quando o solo contém elevada fração de finos e de umidade. 
 
• Dados específicos: devem ser efetuados testes de tratabilidade para 
determinar o modo como alguns parâmetros (umidade, concentração de 
metais alcalinos e de substâncias úmidas no solo, presença de fases 
múltiplas e concentração total de haletos orgânicos) afetam o tempo e o custo 
de processamento. 
 
5.2.5.4 Separação (Separation) 
 
• Descrição: as técnicas de separação têm como objectivo concentrar os 
contaminantes sólidos através de meios físicos e químicos, que promovem a 
sua separação do meio em que se encontram dispersos. A sedimentação 
(gravity separation) e a peneiração (sieving/physical separation) são técnicas 
de separação tradicionalmente usadas, enquanto que a separação magnética 
(magnetic separation) é um processo recente (ano 2000), que ainda será 
testado. 
 
 
43
 
• Aplicação: 
 
o Os processos de separação ex situ são aplicados nos casos de 
contaminação com SVOCs, combustíveis, e compostos inorgânicos 
(incluindo radionuclidos). Também podem ser usados para tratar 
alguns VOCs e pesticidas. 
o A separação magnética é especificamente adaptada ao tratamento da 
contaminação por metais pesados, radionuclidos e partículas 
radioativas com propriedades magnéticas, tais como compostos 
contendo urânio e plutônio. 
o A separação física é muitas vezes utilizada antes da extração química, 
já que normalmente os contaminantes se encontram associados às 
frações de solo mais finas. Esta técnica também é útil nos casos em 
que os metais pesados ocorrem na forma particulada. 
o Uma das vantagens dos processos de separação física é a 
possibilidade de ser obter bons resultados usando equipamento de 
dimensões relativamente reduzidas. 
 
• Limitações: 
 
o Elevados valores de umidade e de fração argilosa aumentam os custos 
de tratamento. 
o O processo de sedimentação assenta na diferença de densidades das 
fases líquida e sólida. A granulometria das partículas afeta a 
 
 
44
velocidade de sedimentação e a eficiência do processo. Além disso, a 
velocidade de sedimentação depende da viscosidade do fluído 
utilizado, seu valor deve ser conhecido de modo a ser possível 
determinar a eficiência do processo e o dimensionamento do 
equipamento. 
o Devem ser tomadas medidas para reduzir os problemas de maus 
cheiros derivados das lamas orgânicas em condições sépticas. 
 
• Dados específicos: características do solo que devem ser investigadas: 
granulometria, tipo de solo, textura, umidade, fração orgânica . 
 
5.2.5.5 Lavagem do Solo (Soil Washing) 
 
• Descrição: os contaminantes adsorvidos nas partículas mais finas do solo são 
removidos mediante um processo de wet-scrubbing aplicação de água e ar 
rotativa. À água de lavagem podem ser adicionados agentes lixiviantes 
básicos, reguladores de pH ou agentes quelantes. 
 
• Aplicação: Os contaminantes tratados são SVOCs, combustíveis, e 
compostos inorgânicos. Esta tecnologia também pode ser aplicada para tratar 
alguns VOCs e pesticidas. Oferece também a possibilidade de recuperação 
de metais pesados, e permite o tratamento de grande variedade de 
contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes em solos de granulometria 
grosseira. 
 
 
 
45
• Limitações: 
 
o Muitas vezes é necessária a adição de um polímero para remover as 
partículas de solo mais finas do líquido de lavagem. 
o Misturas complexas de contaminantes (ex: metais e compostos 
orgânicos) dificultam a escolha da composição do fluído de lavagem. 
o Conteúdo elevado de substâncias úmidas podem implicar a 
necessidade de pré-tratamento. 
o Ocorre geração de efluentes líquidos que podem exigir tratamento. 
o Pode ser necessário tratamento adicional dos resíduos para remoção 
do excesso de solventes de lavagem. 
o A remoção de compostos orgânicos adsorvidos nas partículas da 
fração argilosa pode ser difícil. 
 
• Dados específicos: granulometria do solo, tipo de solo, umidade, tipo e 
concentração de contaminantes, textura, fração orgânica, capacidade de troca 
catiônica e pH. A aplicação desta tecnologia deve ser sempre precedida da 
realização de estudos de tratabilidade. 
 
5.2.5.6 Extração do Vapor do Solo (Soil Vapot Extraction- SVE) 
 
• Descrição: a Extração do Vapor do Solo (Ex situ) consiste em colocar o solo 
sobre uma rede de tubos localizada à superfície, e à qual é aplicado vácuo 
com o objectivo de promover a volatilização de compostos orgânicos. As 
pilhas de solo são geralmente cobertas com uma geomembrana para evitar a 
 
 
46
emissão descontrolada de VOCs e a infiltração da precipitação. O processo 
inclui um sistema de tratamento dos efluentes gasosos produzidos. As 
vantagens que esta tecnologia apresenta, relativamente à sua equivalente in 
situ, incluem: a escavação promove a formação de novos canais de 
passagem para os contaminantes, a existência de águas subterrâneas pouco 
profundas deixa de limitar o processo, a recolha de lixiviados é simplificada, o 
tratamento é mais uniforme e facilmente monitorizado. 
 
• Aplicação: o grupo de contaminantes alvo desta tecnologia é o dos VOCs. 
 
• Limitações: 
 
o Podem ocorrer emissões gasosas durante a escavação e 
manuseamento do material que possivelmente requereriam tratamento. 
o Elevada concentração de substâncias úmidas, de umidade, ou elevado 
grau de compactação inibem a volatilização. 
o Em resultado do tratamento de gases pode surgir a necessidade de 
tratar efluentes líquidos e resíduos sólidos, o que aumenta os custos 
dos projetos. 
o A implementação desta tecnologia exige a ocupação de grandes áreas 
 
• Dados específicos: 
 
 
 
47
o As características do solo a determinar incluem: concentração de 
contaminantes, tipo, textura, umidade, granulometria, permeabilidade, 
porosidade, carbono orgânico total, óleos e gorduras. 
 
 
5.2.5.7 Solidificação/Estabilização (Solidification/Stabilization) 
 
• Descrição: os contaminantes são fisicamente envolvidos no seio de uma 
massa estabilizada (solidificação), ou são induzidas reações químicas entre 
agentes estabilizadores e os contaminantes de modo a reduzir a mobilidade 
destes (estabilização). É necessário dar um destino final adequado ao 
material resultante. As tecnologias de solidificação/estabilização têm sofrido 
variadas inovações, a maioria se constitui em modificações de técnicas de 
encapsulamento e imobilização dos contaminantes. 
 
• Aplicação: o grupo de contaminantes alvo das tecnologias de 
solidificação/estabilização é o dos compostos inorgânicos, incluindo 
radionuclidos. A maior parte destas técnicas apresenta eficácia muito limitada 
no tratamento de compostos orgânicos e pesticidas, com excepção da 
vitrificação, que destrói a maioria destes compostos.• Limitações: 
 
o As condições ambientais podem afetar a imobilização dos 
contaminantes a longo prazo. 
 
 
48
o Alguns processos podem resultar num aumento significativo do volume 
de resíduos (pode atingir o dobro do volume inicial). 
o Alguns resíduos são incompatíveis com certos processos, por isso são 
necessários prévios estudos de tratabilidade. 
o Os compostos orgânicos, geralmente, não são imobilizados. 
o A eficácia a longo prazo ainda não foi demonstrada para muitas das 
combinações entre contaminante e o processo. 
 
• Dados específicos: as principais características do solo que devem ser 
determinadas são: granulometria, limites de Atterberg, umidade, concentração 
de metais, fracção de sulfatos, fracção orgânica, densidade, permeabilidade, 
microestrutura, durabilidade fisico-química. 
 
 
5.2.6 Tratamento Térmico Ex Situ 
 
 
Os tratamentos térmicos Ex Situ podem ser feitos de acordo com algumas técnicas 
apresentadas a seguir (ALMEIDA, 2000) 
 
 
5.2.6.1 Incineração 
 
• Descrição: neste tipo de tratamento usam-se temperatura na ordem dos 870 a 
1200 ºC para volatilizar e queimar, na presença de oxigênio, compostos 
halogenados e outros orgânicos refractários. 
 
 
 
49
• Aplicação: a incineração é utilizada para descontaminar solos que contenham 
explosivos e resíduos perigosos, particularmente hidrocarbonetos clorados, 
PCBs e dioxinas. 
 
 
• Limitações: 
 
o Os metais pesados podem originar a formação de cinzas de fundo, que 
terão de ser estabilizadas. 
o Os metais pesados voláteis, incluindo o cádmio, mercúrio e arsênio, 
deixam a unidade de tratamento juntamente com os outros gases, 
sendo necessário a instalação de um sistema de tratamento para os 
remover. 
o Os metais podem reagir com outros elementos presentes na vazão de 
alimentação, tais como cloro ou sulfato, formando compostos mais 
tóxicos e voláteis que as espécies originais. 
o O sódio e o potássio formam cinzas com baixo ponto de fusão, 
corrosivas, e entopem os condutores responsáveis pelo escoamento 
de gases. 
 
• Dados específicos: umidade, temperatura de fusão, e capacidade calorífica do 
solo. A análise granulométrica do solo é necessária para determinar a carga 
de poeiras produzidas e dimensionar o equipamento de controle de poluição 
atmosférica. 
 
 
 
50
5.2.6.2 Pirólise 
 
• Descrição: a pirólise consiste na decomposição química dos materiais 
orgânicos através do calor (430 ºC), na ausência de oxigénio. Na prática não 
é possivel obter atmosferas completamente anóxicas, por isso ocorre sempre 
oxidação. Se os solos contiverem VOCs ou SVOCs também se dá o processo 
de “termal desorption” separação física. Da pirólise dos compostos orgânicos 
resultam gases, pequenas quantidades de líquido e um resísuo sólido (coque) 
contendo carvão e cinzas. 
 
• Aplicação: os contaminantes tratados são os SVOCs, pesticidas, PCBs, 
dioxinas, e muitos outros compostos orgânicos. O processo pode ser aplicado 
na separação de orgânicos de: resíduos provenientes de, refinarias, alcatrão, 
tratamento de madeiras, processamento de borracha sintética e tintas, e de 
solos contaminados com creosotes ou com hidrocarboneto, e ainda resíduos 
mistos (radioactivos e perigosos). Os metais voláteis podem ser removidos 
devido às elevadas temperaturas, mas não são destruídos. 
 
• Limitações: 
 
o Requisitos específicos relacionados com a granulometria da 
alimentação do incinerador, ou com procedimentos de manuseamento, 
podem ter impacto negativo na Aplicação da técnica e custos 
associados. 
 
 
51
o Esta técnica requer a secagem do solo até um baixo teor de umidade 
(inferior a 1%), por isso o tratamento de material com elevada umidade 
se torna mais dispendioso. 
o Material altamente abrasivo pode danificar a unidade de 
processamento. 
o O material tratado contendo metais pesados pode necessitar sofrer 
estabilização. 
 
• Dados específicos: umidade, ponto de fusão, e classificação (não é 
necessário efetuar análise granulométrica) do solo. 
 
5.2.6.3 Separação Física (Thermal Desorption) 
 
• Descrição: a thermal desorption constitui um processo de separação física, 
não tendo como objetivo a destruição dos contaminantes orgânicos. Os solos 
são aquecidos com o objetivo de volatilizar a água e os contaminantes 
orgânicos. Um fluxo gasoso ou um sistema de vácuo efetuam o transporte 
dos compostos previamente volatilizados até à unidade de tratamento de 
gases. As temperaturas atingidas e o tempo de residência são determinados 
de modo a promover a volatilização dos contaminantes selecionados mas 
sem que se dê a sua oxidação. Dependendo da temperatura de operação, os 
processos classificam-se em duas categorias diferentes: high temperature 
thermal desorption (HTTD) que seria a separação física por alta temperatura e 
low temperature thermal desorption (LTTD) separação física através de baixa 
temperatura. 
 
 
52
 
• Aplicação: 
 
o Os sistemas de thermal desorption podem ser aplicados no tratamento 
de todos os contaminantes orgânicos, embora com diferentes graus de 
eficiência. 
o Os processos de LTTD aplicam-se geralmente no tratamento de VOCs 
não halogenados e combustíveis. Também podem ser usados para 
tratar SVOCs, embora com uma eficácia reduzida. 
o Os grupos de contaminantes alvo dos processos de HTTD são os 
SVOCs e pesticidas. Obviamente também servem para tratar VOCs e 
combustíveis, embora constituindo nestes casos um método pouco 
econômico. Os sistemas HTTD podem remover metais voláteis. O 
processo pode ser aplicado na separação de orgânicos de: resíduos 
provenientes de, refinarias, alcatrão, tratamento de madeiras, 
processamento de borracha sintética e tintas, e de solos contaminados 
com creosotes ou com hidrocarboneto, e ainda resíduos mistos 
(radioativos e perigosos). 
 
• Limitações: 
 
o Requisitos específicos relacionados com a granulometria do material, 
ou com procedimentos de manuseamento, podem ter impacto negativo 
na aplicação da técnica e custos associados. 
 
 
53
o Pode ser necessário efetuar a secagem dos solos de modo a obter um 
grau de umidade aceitável para a aplicação destes processos. 
o Material altamente abrasivo pode danificar a unidade de 
processamento. 
o A presença de metais pesados pode implicar a necessidade de 
estabilização do material tratado. 
o Solos com elevada fração argilosa ou de substâncias úmidas exigem 
períodos de tratamento mais prolongados. 
 
• Dados específicos: umidade do solo e pontos de ebulição dos compostos a 
serem removidos. É necessário efetuar testes de tratabilidade para determinar 
a eficiência dos processos de thermal desorption na remoção dos vários 
contaminantes, em função da temperatura e do tempo de residência. A 
análise granulométrica do solo é necessária para determinar a carga de 
poeiras produzidas e dimensionar o equipamento de controle de poluição 
atmosférica. 
 
 
5.3 Prevenção da contaminação de solos 
 
 
A prevenção da contaminação de solos por resíduos industriais é hoje um dos 
principais problemas vivenciados na área de meio ambiente. Segundo o mais 
recente levantamento realizado pela Cetesb – que, embora seja contestado por 
alguns, ainda é praticamente o único referencial que se tem sobre os quantitativos 
desse tipo de resíduos-, somente no estado de São Paulo são gerados anualmente 
 
 
54
535 mil toneladas de resíduos Classe I, perigosos, e 25 milhões de toneladas de 
resíduos Classe II, que são menos problemáticos em termos de potencial poluidor. A 
principal atividade industrialgeradora de resíduos perigosos é a química, que gera 
177 mil t/ano, o que corresponde a aproximadamente 33% do total de resíduos 
Classe I gerados no estado. 
 
Pela legislação, eles teriam que ser dispostos, tratados ou temporariamente 
estocados. Porém, os especialistas do setor acreditam que os geradores contratam 
empresas de conduta duvidosa, a preços normalmente bem abaixo dos praticados 
no mercado, que encontram um jeito de dar uma destinação para o resíduo. Esse 
destino leva inúmeras vezes a aterros clandestinos que acabam por contaminar os 
solos, transformando algumas regiões em locais impróprios para moradia, muitas 
vezes nestes locais já existem bairros com população numerosa, que correm riscos 
eminentes de contaminação. 
 
É necessário que ocorra uma conscientização nacional da importância da gestão 
ambiental nas diversas atividades que geram resíduos, para obter um plano na 
redução da produção dos mesmos e dar destino correto a eles, evitando riscos de 
futuros crimes ambientais corporativos . 
 
Para isso, governantes devem solicitar que as empresas tomem medidas 
preventivas antes que danos ao ambiente ou à saúde aconteçam, quando existe 
uma ameaça de danos sérios ou irreversíveis ao ambiente ou à saúde originada por 
uma atividade, prática ou produto, solicitando que as empresas conduzam 
 
 
55
avaliações sobre impactos ambientais que incluam participação pública para 
atividades que possam causar impactos adversos significativos ao meio ambiente. 
 
Uma justiça mais severa, com leis claras e bem definidas atreladas a multas, e 
condicionada a uma vigilância ativa, levaria todas as empresas que possuam 
produção intensa de resíduos contaminantes a tomar medidas preventivas, 
diminuindo assim, a ocorrência de futuras contaminações de solo. 
 
 
 
 
 
56
6 CONTAMINAÇÃO DO EDIFÍCIO BARÃO DE MAUÁ 
 
No início da década de 90, segundo o Greempeace (2002),uma área de 160 mil 
metros quadrados da Companhia Fabricadora de Peças (Cofap) em Mauá, na 
Grande São Paulo, foi utilizada como depósito clandestino de resíduos tóxicos. O 
terreno, verificou-se depois, está contaminado com 44 compostos orgânicos 
voláteis, incluindo clorobenzeno, tolueno e benzeno. Uma das maiores 
fabricantes de amortecedores, escapamentos e outros equipamentos 
automotivos do país, a empresa faturou R$ 44,5 milhões em 1999. 
 
Em 1993, a empresa vendeu o terreno para a Cooperativa Habitacional Nosso 
Teto – ligada à Paulicoop Assessoria a Cooperativas Habitacionais –, que 
promoveu a construção do condomínio residencial Barão de Mauá no local. 
Cerca de 7,5 mil pessoas moram no local, distribuídas em 59 prédios. Outros 13 
edifícios estão em construção. 
 
A obra foi autorizada pela Prefeitura de Mauá em 1998, com base num laudo da 
construtora Soma, responsável pelo início da construção, que afirmava que não 
haviam sido encontrados resíduos orgânicos que sejam nocivos à saúde dos 
futuros moradores. 
 
Em abril de 2000, um homem morreu e outro teve 40% do corpo queimado por 
causa de uma explosão que ocorreu durante serviço de manutenção de uma das 
caixas d’água do condomínio. Eles teriam usado um isqueiro e provocado uma 
explosão. Para evitar novos acidentes, foram liberados vapores encontrados no 
 
 
57
subsolo da área. 
 
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), a agência 
ambiental paulista, atribuiu a explosão à elevadas concentrações de gás metano, 
derivado da decomposição de lixo urbano. A agência ambiental solicitou que a 
SQG – atual construtora responsável pelas obras – desse início a pesquisas no 
solo para diagnosticar a fonte dos gases, além de monitorar os índices que 
indicassem novos riscos de explosão. A SQG também deveria ter parado as 
obras, mas ignorou a determinação. Paralelamente, a Cetesb iniciou um estudo 
para identificar a presença de outros compostos, além do lixo orgânico e o 
Ministério Público foi informado. 
 
A concentração de compostos orgânicos voláteis em alguns pontos da área 
ultrapassam 8 mil partes por milhão (ppm). Para se ter uma idéia da gravidade da 
contaminação do solo, a legislação holandesa indica valores da ordem de 1 ppm 
de benzeno e 130 ppm de tolueno para intervenção em regime de urgência. Os 
níveis para ambos os compostos depositados no solo devem ser inferiores a 0,05 
ppm para que o terreno pudesse ter a autorização para ocupação humana. 
 
Segundo a análise feita pela empresa CSD-Geoklock, contratada para realizar 
uma prospeção de contaminação do solo, ela pode ter atingindo um córrego que 
passa ao lado da área. 
 
Entretanto, laudo do Instituto Adolfo Lutz e avaliação da empresa municipal de 
 
 
58
saneamento de Mauá indicam que a água do Residencial Barão de Mauá não 
estaria contaminada. 
 
Diante de tais dados, a Promotoria Pública de Mauá instaurou inquérito para 
apurar responsabilidades sobre a contaminação no condomínio Barão de Mauá. 
Segundo a perícia do Ministério Público, a situação “é gravíssima” e as famílias 
devem ser retiradas, porque apenas um dos estudos indica que não haveria 
riscos reais. O Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) também entrou 
com pedido para a retirada dos moradores do local. 
 
Em 1998 a Cofap, que pertencia ao empresário Abraham Kasinsky, foi adquirida 
pela Magneti Marelli, empresa do Grupo Fiat. A assessoria de Kasinsky informa 
que ele só se manifestará a respeito do tema se for acionado na Justiça e que na 
época em que o terreno foi vendido por ele não era usado como aterro e que tem 
documentos que comprovam isto. Entretanto, um contrato firmado em 1984 entre 
a Cofap e a transportadora A. Alonso & Cia. Ltda. confirma que a companhia 
utilizava o terreno para depósito de lixo industrial. 
 
Pelo menos quatro moradores foram expostos ao benzeno, segundo exames de 
urina realizados com 329 pessoas em setembro do ano passado pela Secretaria 
Municipal de Saúde. 
 
 
 
59
7 PROPOSTA PARA REMEDIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO NO 
SOLO DO CONDOMÍNIO BARÃO DE MAUÁ 
 
 
Para remediar o solo do Condomínio Barão de Mauá que segundo a Cetesb está 
contaminado com compostos orgânicos voláteis (VCOs), propõem-se adotar o 
método de extração do vapor do solo, cuja aplicação de vácuo através de poços de 
extração resultará na indução de um fluxo de ar controlado de modo a remover 
contaminantes voláteis e semi-voláteis. O gás que irá abandonar o solo necessitará 
de tratamento para remoção ou destruição dos contaminantes. A remediação se 
dará através do fluxo contínuo de ar pelo solo que promove a biodegradação in situ 
dos compostos voláteis presentes. 
 
Metodologia de remediação 
 
Para efetuar a remediação a equipe técnica necessita de estudos sobre : 
 
- profundidade e extensão da contaminação e da camada freática. 
 
- Tipo de solo e respectivas propriedades: estrutura, textura, permeabilidade e 
umidade. 
 
- Escala piloto de modo a determinar parâmetros de dimensionamento incluindo: 
poço de extração, raio de influência, fluxos gasosos, vácuo ótimo aplicado e 
taxas de remoção de contaminantes. 
 
 
60
- Planta da localidade onde serão executados os poços, com o devido cuidado de 
interferir o mínimo possível nas áreas construídas. 
 
- Execução de poços para a aplicação do vapor. 
 
O equipamento que efetua o Sistema de Extração de Vapor de Solo opera extraindo 
o ar através do solo que foi saturado com hidrocarbonetos ou outros compostos 
orgânicos voláteis, fazendo com que esses compostos se evaporem. Os vapores 
são então liberados para a atmosfera após tratamento em carvão ativado ou 
oxidação

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