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Apostila Direito Consumidor Kheyder Loyola

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Exame de Ordem 
Direito do Consumidor 
Prof. Kheyder Loyola 
 
 
 
 
 
 
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Exame de Ordem 
Direito do Consumidor 
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Sumário 
1. NATUREZA JURÍDICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ...................................................................... 4 
2. ASPECTOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................................................................. 4 
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CDC ........................................................................................................ 5 
3. DEFINIÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO ......................................................................................................... 7 
3.1 CONCEITO .................................................................................................................................................. 7 
3.2 CONSUMIDOR ............................................................................................................................................ 8 
3.3 FORNECEDOR ........................................................................................................................................... 10 
3.4 PRODUTOS E SERVIÇOS ............................................................................................................................ 11 
4. DIREITOS DO ART. 6O DO CDC .......................................................................................................................... 14 
5. DA QUALIDADE DOS PRODUTOS E SERVIÇOS E PREVENÇÃO DE DANOS .......................................................... 17 
6. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES............................................................................................... 18 
6.1 PELO FATO DO PRODUTO ........................................................................................................................ 18 
6.2 PELO FATO DO SERVIÇO ........................................................................................................................... 20 
6.3 PELO VÍCIO DE PRODUTOS E SERVIÇOS ................................................................................................... 21 
7. PRAZOS DE GARANTIA ...................................................................................................................................... 25 
8. OFERTA .............................................................................................................................................................. 27 
9. PUBLICIDADE ..................................................................................................................................................... 28 
9.1 PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR PARA A PUBLICIDADE ....................................... 28 
10. PRINCÍPIOS PROTETIVOS DO CONSUMIDOR ................................................................................................... 30 
10.1 PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................................. 30 
10.2 PRINCÍPIO DA VERACIDADE (art. 37) ....................................................................................................... 31 
10.3 PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO ..................................................................................................................... 31 
10.4 PRINCÍPIO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ....................................................................................... 31 
11. SANÇÕES PENAIS ....................................................................................................................................... 31 
12. PRÁTICAS ABUSIVAS ........................................................................................................................................ 32 
12.1 PRÁTICAS ABUSIVAS DO ART. 39 ............................................................................................................. 34 
13. COBRANÇA DE DÍVIDAS ................................................................................................................................... 35 
14. PRECIFICAÇÃO ................................................................................................................................................. 36 
15. BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES ................................................................................. 37 
16. PROTEÇÃO CONTRATUAL DO CONSUMIDOR.................................................................................................. 41 
16.1 PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA ............................................................................... 42 
 
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16.2 HIPÓTESES DO ART. 51 DO CDC (HIPÓTESES DE SITUAÇÃO QUE A LEI NÃO PERMITE) ........................... 44 
16.3 DOS CONTRATOS DE ADESÃO ................................................................................................................. 46 
16.4 SANÇÕES ADMINISTRATIVAS .................................................................................................................. 47 
17. DIREITOS ESPECÍFICOS DO CONSUMIDOR ...................................................................................................... 48 
17.1 PROTEÇÃO DA VIDA, DA SAÚDE E DA SEGURANÇA ................................................................................. 48 
17.2 DIREITO À EDUCAÇÃO .............................................................................................................................. 49 
17.3 DIREITO À LIBERDADE DE ESCOLHA ........................................................................................................ 49 
17.4 DIREITO À IGUALDADE ............................................................................................................................. 50 
17.5 DIREITO À INFORMAÇÃO ......................................................................................................................... 50 
17.6 DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PUBLICIDADE ENGANOSA OU ABUSIVA ................................................ 50 
17.7 DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DO CONTRATO............................................................................. 51 
17.8 DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ............................................................................................. 51 
 
* Texto elaborado por: 
Gustavo Bregalda Neves: Doutor em Direito do Estado. Mestre em Direito Público. Pós‑graduado 
em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Professor de Cursos de 
Pós‑Graduação em Direito e Preparatórios para Concursos Públicos e OAB. Coordenador de 
Coleções Preparatórias para Concursos Públicos e Exame da OAB. Aprovado em mais de 35 
Concursos Públicos. Ex‑Advogado do BNDES. Ex‑Procurador Federal. Ex‑Juiz Estadual em São 
Paulo. Juiz Federal em São Paulo. 
Kheyder Loyola: Mestre em Processo Civil pela FADUSP. Professor de curso preparatório do Com‑ 
plexo Damásio de Jesus, da REDEJURIS e do Agora Eu Passo. Aprovado em vários concursos 
públicos. Procurador Legislativo. 
 
 
 
 
 
 
 
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1.NATUREZA JURÍDICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
O Código de Defesa do Consumidor é considerado um “Microssistema Jurídico”, suas normas 
regulam, de forma coordenada, todos os aspectos de proteção do consumidor, civil, penal,administrativo e processual. 
 
Conforme preconiza art. 1o do CDC, é norma de ordem pública e de interesse social e, por isso, ele 
é de natureza jurídica cogente (aplicação imperativa e obrigatória pelo juiz). Por se tratarem de 
normas de ordem pública derroga a liberdade de contratar, são irrenunciáveis, indisponíveis e 
inafastáveis. Eventual violação ao seu conteúdo, em regra, pode ser reconhecida de ofício pelo juiz 
(ex: desconsideração da personalidade jurídica, nulidade das cláusulas contratuais). 
 
O interesse social está presente na regulação da economia, na circulação de riquezas e no 
atendimento das necessidades do consumidor. As cláusulas são interpretadas em favor do 
consumidor, aplicando‑se a teoria do aproveitamento do contrato quando a invalidação de uma 
cláusula não implica no contrato todo. 
 
Vige, nas relações de consumo, o princípio da boa‑fé objetiva, que retrata um padrão de conduta 
imposto a todo e qualquer fornecedor, não se levando em consideração as condições do 
consumidor, do contratante ou do fornecedor. 
 
2. ASPECTOS CONSTITUCIONAIS 
 
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A defesa do consumidor é uma garantia fundamental (art. 5o, XXXII), cuidou o texto constitucional 
de proteger a dignidade da pessoa humana nas relações privadas. A Constituição garantiu 
proteção ao consumidor, porque ele é parte vulnerável na relação de consumo. Esta proteção, 
segundo o art. 5o, XXXII, é dever do Estado, abrangendo o Poder Executivo, o Legislativo e o 
Judiciário. Ademais, é lembrada a atuação do Ministério Público para a defesa do consumidor nas 
ações coletivas. 
 
O direito do consumidor é limitador da ordem econômica, já que a exploração do ca‑ pital, 
fundada na livre iniciativa, deve observância, dentre outros, ao princípio da defesa do consumidor. 
Notem que o princípio não é absoluto, como também não o é o da livre iniciativa. Desta forma, 
havendo conflito entre esses princípios (ex.: a interdição de um aeroporto para regularização de 
suas atividades beneficiaria o consumidor, tendo em vista a melhor prestação nos serviços, 
todavia, as companhias aéreas alegariam violação à livre iniciativa) deverá o julgador fazer uma 
compatibilização entre a defesa do consumidor e a livre iniciativa. Nesses casos, deve‑se buscar 
no art. 170 da CF o princípio preponderante, tendo em vista a existência digna, conforme os 
ditames da justiça social. 
A segunda parte do art. 1o do CDC aponta os dispositivos da CF que norteiam consti‑ 
tucionalmente a proteção do consumidor, quais sejam: 
a) Art. 5o, XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a proteção do consumidor. 
b) Art. 170, V – a defesa do consumidor é um dos princípios da ordem econômica, fun‑ dada 
na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com a finalidade de assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social. 
c) Art. 48 do ADCT – o Congresso Nacional, dentro de 120 dias da promulgação da 
Constituição Federal, deve elaborar o Código de Defesa do Consumidor. 
 
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CDC 
2.1.1 Princípio da vulnerabilidade 
 
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Os arts. 5o, XXXII, e 170, V, da CF e o art. 48 da ADCT utilizam a expressão “defesa do 
consumidor”. Assim, a Constituição toma posição intervencionista na relação de con‑ sumo, a fim 
de defender e proteger a parte mais fraca (o consumidor). 
 
A vulnerabilidade é um princípio da Política Nacional das Relações de Consumo, é um traço 
universal de todos os consumidores, gerando, dessa forma, presunção absoluta. 
A esta fragilidade do consumidor perante o fornecedor (que basta uma) é dado o nome de 
“vulnerabilidade”, que pode ser de três espécies: 
a) Econômica/Fática – o fornecedor possui recursos financeiros e patrimoniais superio‑ res ao 
do consumidor; 
b) Técnica/Informacional – o fornecedor detém o pleno conhecimento das técnicas de 
produção e produtos e prestação de serviços, o que o coloca numa relação superior em relação ao 
consumidor; 
c) Jurídica/Científica – a regra no mercado de consumo é a existência do contrato de adesão, 
ao contrário do Direito Privado, cuja regra é a dos contratos paritários. 
 
 
2.1.2 Princípio da igualdade 
O Código de Defesa do Consumidor promove a igualdade REAL, tratando desiguais de forma 
desigual, na exata medida das suas desigualdades e, por isso, é constitucional. A defesa do 
consumidor é um direito fundamental e cláusula pétrea – art. 5o, XXXII –, como também é 
princípio da ordem econômica – art. 170, V, da CF. 
 
 
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2.1.3 Liberdade 
Sabe‑se que o fornecedor detém o direito à livre iniciativa, que é limitador na defesa do 
consumidor. Esta, por sua vez, é uma forma indireta de garantir a leal concorrência entre os 
agentes econômicos. Desta forma, o Código de Defesa do Consumidor, protegen‑ do diretamente 
o consumidor, cerceia a concorrência desleal. 
2.1.4 Princípio da eficiência 
É o reconhecimento de que o Código se aplica ao Estado‑fornecedor. Este princípio foi introduzido 
pela EC no 19/1998, e está presente no CDC desde a sua edição, no art. 22. 
 
 
 
3. DEFINIÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO 
3.1 CONCEITO 
É a aquisição, pelo consumidor, de um produto ou serviço do fornecedor. Pela vul‑ nerabilidade, o 
Estado intervém nas relações de direito privado, reduzindo a autonomia de vontade dos 
contratantes e declarando direitos a uma das partes. O consumidor é presumivelmente 
vulnerável, no entanto, a hipossuficiência deve ser provada. 
 
Relação de consumo é espécie de relação jurídica, e pode ser efetiva ou potencial, mas ambas são 
protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor. Relação de consumo efetiva é aquela 
decorrente da própria contratação, enquanto que relação de consumo potencial é a mera oferta 
do produto, decorrente da publicidade. 
 
Foi adotado o dirigismo contratual, que não é exclusivo do direito do consumidor, estando 
presente, a título exemplificativo, na Lei do Inquilinato. 
 
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Da mesma forma que a LINDB, mas não na mesma amplitude, o Código de Defesa do Consumidor 
é uma norma de sobre direito, materialmente constitucional, aplicando‑se às várias áreas do 
direito, desde que diante de uma relação jurídica de consumo. 
 
3.2 CONSUMIDOR 
Podemos desdobrar o conceito de consumidor em: 
a) Consumidor efetivo, standard ou stricto sensu (art. 2o) – “é toda pessoa física ou jurídica 
que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Como se verá abaixo, duas 
teorias foram criadas para a definição de consumidor: finalista e maximalista. 
b) Consumidor por equiparação – para atingir as relações extracontratuais, o Código de 
Defesa do Consumidor criou o campo dos consumidores equiparados ou por equi‑ paração, ou 
seja, pessoas que, embora não tenham contratado com o fornecedor, são de alguma forma 
atingidos pelas suas práticas e, por isso, são tratados pela lei como se contratantes fossem. Temos 
três hipóteses: 
b.1) Consumidor em sentido coletivo – está previsto no art. 2o, parágrafo único, do CDC, que 
dispõe: “equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo”. 
b.2) Consumidor bystanders (vítima do acidente de consumo) – descrito no art. 17do CDC: 
“Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”. 
b.3) Consumidor potencial ou virtual – o art. 29 do CDC estabelece que todas as pessoas, 
determináveis ou não (coletividade), que se achem expostas às prá‑ ticas comerciais decorrentes 
das relações de consumo definidas na legislação são consideradas igualmente consumidores. 
Trata‑se de um conceito amplo de consumidor. Isso implica a possibilidade de lesão aos direitos 
do consumidor independente da relação individual de consumo, bastando para tanto a exposi‑ ção 
de consumidores potenciais, ainda que indefinidos, às práticas de comércio. 
O Código de Defesa do Consumidor vinculou o conceito de consumidor efetivo ao de destinatário 
final. Este, por sua vez, é aquele que retira do mercado produto ou serviço, interrompendo, 
 
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definitivamente, a cadeia produtiva. Duas teorias existem para explicar o conceito de destinatário 
final: 
a) Teoria finalista (teoria subjetiva) – faz uma interpretação restritiva da expressão 
“destinatário final”; essa teoria considera consumidor (tanto pessoa física quanto ju‑ rídica) tão 
somente o destinatário fático (aquele que retira o bem do mercado ao adquiri‑lo e utilizá‑lo) e 
econômico (põe fim à cadeia de produção) do bem ou serviço. 
 
b) Teoria maximalista (teoria objetiva) – amplia o conceito, considerando consumidor 
qualquer pessoa, física ou jurídica, que adquire ou se utiliza do produto ou do serviço, 
independentemente da finalidade da contratação, retirando‑o da cadeia de produção 
(destinatário fático). 
 
Importante alertar, neste ponto, que há grande divergência acerca da aplicação ou não do Código 
de Defesa do Consumidor em diversas situações concretas. Em razão disso, elaboramos um 
quadro com os entendimentos mais recentes do STJ sobre o tema: 
Há relação de consumo Não há relação de consumo 
Entidade de previdência privada e seus participantes (Súm. 321 
do STJ) 
Relação estabelecida entre o representante 
comercial autônomo e a sociedade Assistência e planos de saúde Crédito educativo (SJT Resp 1236861 RS 
2011/0031054‑7) 
 
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Contrato de financiamento entre a Caixa Econômica Federal e 
taxista para aquisição de veículo 
Relação entre condôminos e condomínios 
Relação entre canal de televisão e público 
telespectador 
Relações decorrentes de contrato de locação 
predial urbana Relações de transporte aéreo internacional pelo desvio de 
carga ao consumidor final 
Relações decorrentes de contratos de 
franquia Serviços bancários, financeiros, de crédito e 
securitários 
Execução fiscal 
Relações jurídicas de consumo estabelecidas e 
desenvolvidas por meio de informática e da internet 
Benefícios concedidos pela Previdência Social 
Condomínios e concessionárias de serviços públicos em relação 
aos serviços prestados ao usuário final 
Relações de natureza tributária 
Relações recorrentes da prestação de serviço em atividade 
notorial 
 
Serviços ou produtos fornecidos mediante 
remuneração diretamente por sociedade ou 
 
 
3.3 FORNECEDOR 
O conceito de fornecedor está previsto no art. 3o do CDC, que assim, dispõe: “fornecedor é toda 
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação 
de serviços”. 
 
O fornecedor imediato é, geralmente, o que realiza a comercialização, enquanto que o fornecedor 
mediato é o que efetua qualquer atividade antecedente, desde a concepção, industrialização. Para 
ser fornecedor, é necessário que haja habitualidade na prática comercial. 
 
• Existem as seguintes espécies de fornecedor: 
a) Real – é o fabricante, o construtor, o produtor. 
b) Presumido – é aquele que comercializa produtos in natura e o importador de pro‑ dutos 
industrializados. 
c) Aparente (ou quase fornecedor) – é aquele que coloca sua marca no produto de terceiros. 
 
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Em relação à notoriedade do art. 3o do CDC, surgiram dúvidas quanto à possibi‑ lidade de as 
instituições financeiras se enquadrarem no conceito de fornecedor. De acordo com a Súmula no 
297 do STJ, “o Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”, motivo 
que impõe a elas as limitações do Código de Defesa do Consumidor. 
 
 
3.4 PRODUTOS E SERVIÇOS 
O conceito de produto está descrito no art. 3o, § 1o, do CDC: “Produto é qualquer bem, móvel ou 
imóvel, material ou imaterial”. 
 
Neste aspecto, produto é qualquer bem corpóreo ou incorpóreo, material ou imaterial, durável (é 
o que não se extingue pelo mero uso, mas que pode sofrer fadiga durante os anos) ou não durável 
(é o que sofre consumação pelo uso – extinção consumativa), suscetível de apreciação econômica 
(passível de apropriação). Ou seja, é qualquer bem que possa ser vendido. 
 
Serviço, nos termos do art. 3o, § 2o, do CDC “é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. 
 
Assim, com base no citado dispositivo, serviço é qualquer atividade material, capaz de atender às 
necessidades do consumidor, salvo as atividades decorrentes de contrato de trabalho. O conceito 
de serviços inclui os serviços bancários, financeiros, securitários, públicos ou prestados por 
 
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profissionais liberais. Todavia, no caso de fato do serviço causado por profissional liberal, a 
responsabilidade será subjetiva, afastando‑se da regra geral. 
Serviço público é qualquer atividade material prestada pelo Estado, ou por alguém em seu nome 
(exs.: concessionários, permissionários), capaz de atender às necessidades da coletividade ou dos 
usuários. As necessidades podem ser vitais (ou essenciais) ou dispensáveis (estas geram qualidade 
de vida, conforto), e a partir daí podemos classificar o serviço público em: 
a) Serviço público propriamente dito – é o essencial, considerado vital. É prestado de forma 
universal e remunerado mediante tributos, pois é de natureza indivisível, não gerando, portanto, 
relação de consumo, já que sua remuneração é de forma indireta (ex.: SUS). 
b) Serviço de utilidade pública – é aquele dispensável, mas que gera qualidade de vida ou 
conforto ao seu usuário. É prestado de forma divisível, cujo contrato é firmado diretamente entre 
o prestador (que pode ser tanto o poder público ou o concessionário/permissionário) e o usuário, 
mediante remuneração direta, gerando incidência do Código de Defesa do Consumidor (exs.: 
transporte coletivo, energia elétrica etc.). 
Atenção: 
Possibilidade de interrupção da prestação do serviço público em razão do não 
pagamento: 
 
Em relação aos serviços vitais (públicos propriamente ditos), não há que se 
falar em interrupção, já que independem de qualquer espécie de 
remuneração (exs.: segurança pública, SUS etc.). 
Esses serviços são aqueles essenciais à condição digna de vida (art. 1o, 
III, da CF). A Lei de Greve (Lei no 7.783/1989), em seu art. 10, elenca um 
 
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rol de serviços essenciais, assim considerados para a greve, mas que 
servem de exemplo de modalidades deste serviço. 
O art. 22 do CDC determina que o serviço público essencial deve ser 
contínuo, ou seja, não pode sofrer interrupção. Notem que a interrupção só 
será possível se o usuário for previamente notificado. Segundo esta 
corrente dominante, a Lei de Concessões (Lei no 8.987/1995), que é 
posterior ao CDC, trouxe a exceção legal à regra do art. 22 do CDC. 
O art. 6o, § 3o, da Lei no 8.987/1995, determina que não caracteriza 
interrupção a cessação do serviço após aviso prévio, pelo inadimplemento do 
usuário, “considerado o interesse da coletividade”. 
A segunda corrente, a minoritária, defende o posicionamento de que a 
interrupção só pode ocorrer por autorização do juiz, no curso da ação para a 
cobrança do débito, pois ele é a autoridade para identificar, no caso concreto, 
a existência ou não do interesse da coletividade. Esse juízo de valor não pode 
ser feito pela concessionária do serviço público, pois ela utiliza a interrupção 
como meio de cobrança para a defesa do seu interesse privado. Ainda 
nesta seara, notamos que a pessoa jurídica de direito público, ainda que 
devedora, não está sujeita à interrupção, pois, nestes casos, a coletividade 
estaria prejudicada. As pessoas economicamente vulneráveis, quanto aos 
 
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serviços essenciais, não incorreriam em corte. Quanto às pessoas jurídicas 
que exploram atividade econômica (empresas, indústrias), verifica‑se que a 
interrupção da produção prejudicaria terceiros, como, por exemplo, os 
empregados, fornecedores etc. 
 
4. DIREITOS DO ART. 6O DO CDC 
O art. 6o do CDC traz rol exemplificativo (numerus apertus) acerca dos direitos básicos do 
consumidor. 
Direito a informação adequada e clara: 
Recentemente, o inc. III do art. 6o do CDC foi alterado pela Lei no 12.741/2012; assim, o 
consumidor tem direito a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, 
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualida‑ de, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. 
Direito a modificação ou revisão das cláusulas contratuais. 
O inc. V, do art. 6o CDC, assegura ao consumidor o direito a modificação das cláu sulas contratuais 
que estabeleçam prestações desproporcionais (lesão) ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (onerosidade excessiva). 
Neste aspecto, será possível a modificação das cláusulas contratuais no caso de lesão (prestações 
desproporcionais). Para que haja a aplicação do referido instituto, basta que o consumidor 
demonstre o desequilíbrio contratual, não sendo necessária a comprovação de sua necessidade ou 
inexperiência. 
Por outro lado, poderá o consumidor requerer a revisão das cláusulas contratuais em razão de 
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. 
No tocante à possibilidade de revisão das cláusulas contratuais, o código consume rista, ao 
contrário do Código Civil, não adotou a teoria da imprevisão. O CDC adotou a teoria do 
 
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rompimento da base objetiva do negócio jurídico, que autoriza a revisão das cláusulas contratuais 
na hipótese de onerosidade excessiva. Não é necessário que o evento seja imprevisível, nem 
tampouco que gere extrema vantagem para a outra parte. 
• Direito a reparação efetiva dos danos materiais e morais, individuais, difusos e coletivos. 
À luz do disposto no art. 6o, VI, o Código de Defesa do Consumidor afasta a aplicação de qualquer 
dispositivo normativo que limite ou padronize (tarifar) a indenização do consumidor. 
A indenização deve ser efetiva, de acordo com o dano e a sua extensão, com a capa‑ cidade do 
ofensor e a necessidade do ofendido. 
Ex.: O Código Brasileiro de Aviação (Pacto de Varsóvia) fixa limites de indenização para hipóteses 
preestabelecidas (como, por exemplo: atraso de voo em tantas horas – “x” de indenização). Ela 
não é aplicável às relações de consumo, pois ofende os incs. VI e VII, do art. 6o, do CDC. Ela deve 
ser aplicada como um mínimo de indenização, sendo que o consumidor pode ir à Justiça para 
requerer a sua integralização. 
 
Inversão do ônus da prova. 
O art. 6o, VIII, do CDC preconiza que é direito do consumidor à facilitação da defesa de seus 
direitos em juízo, inclusive com a inversão do ônus da prova a seu favor, quando, a critério do juiz, 
segundo suas regras ordinárias de experiência, forem verossímeis as alegações ou for o 
consumidor hipossuficiente. 
 
O Código de Processo Civil adotou a regra da distribuição estática do ônus da prova, 
estabelecendo, prévia e abstratamente, o encargo probatório conforme determinam os incs. I e II 
do art. 373 do CPC – Lei no 13.105/2015 (art. 333, I e II, do CPC/1973). À luz desta teoria, a 
distribuição do ônus da prova não pode ser alterada pelo magistrado, embora possa ser 
modificada por acordo das partes nas hipóteses em que a lei permitir. 
 
 
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O CDC, por outro lado, adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, que permite ao 
magistrado determinar a redistribuição (inversão) do ônus da prova, atribuindo‑a a quem tenha 
maior facilidade de produzi‑la. 
Neste aspecto, no CDC, é possível a inversão do ônus da prova ope judicis (pelo juiz) ou ope legis 
(pela lei). O art. 6o, VIII, do CDC institui a inversão do ônus da prova ope judicis, tal inversão, no 
entanto, não é automática, são necessários três requisitos, quais sejam: 
a) Que se trate de processo civil: na área penal o ônus da prova é da acusação, vigen‑ do o 
princípio da presunção da inocência; 
b) Decisão judicial atribuindo o ônus da prova ao fornecedor: não sendo a inversão 
automática, ela precisa de uma decisão judicial (ope judicis), podendo ocorrer tanto em ações 
individuais como coletivas. 
c) Que a alegação do consumidor seja verossímil, ou então que ele seja hipossuficiente. A 
alegação é verossímil quando tem probabilidade de ser verdadeira. Já o consumidor 
hipossuficiente é o que apresenta dificuldades econômicas (carência financeira) ou não dispõe de 
conhecimentos técnicos em relação ao produto ou serviço adquirido, apurando‑se essas 
qualidades segundo as regras ordinárias de experiência. 
 
A doutrina e a jurisprudência divergem acerca do momento processual adequado para a inversão 
do ônus da prova. Há duas correntes: 
1) Regra de procedimento – deve ocorrer até o despacho saneador, para que o fornecedor 
possa exercer o contraditório, via agravo (Humberto Theodoro Junior). Majoritária. 
2) Regra de julgamento – na sentença (Nelson Nery Junior). 
 
 
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Por outro lado, o código consumerista estabelece três situações em que a inversão do ônus da 
prova é automática (ope legis), ou seja, independe de despacho judicial. São elas: 
a) se o consumidor alegar que o produto é defeituoso, presume‑se verdadeira a alegação (art. 
12, § 3o, II); 
b) igualmente, quando se tratar de serviço defeituoso (art. 14, § 3o, I); e 
c) se o consumidor alegar que a informação ou publicidade é falsa (art. 38). 
Finalmente, cabe ressaltar que é nula de pleno direito a cláusula contratual queestabeleça a 
inversão da prova em prejuízo do consumidor (art. 51, VI, do CDC). 
 
5. DA QUALIDADE DOS PRODUTOS E SERVIÇOS E PREVENÇÃO DE DANOS 
O art. 8o do CDC não veda a produção de produtos e comercialização de serviços perigosos ou 
nocivos à saúde ou à segurança dos consumidores. 
 
No entanto, condiciona a autorização à natureza do uso ou fruição e ao dever que tem o 
fornecedor de cumprir as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
Esta regra vale também para os produtos industriais. 
 
O art. 63 do CDC imputa detenção de seis meses a dois anos, e multa, a quem omite dizeres ou 
sinais ostensivos quanto à nocividade ou periculosidade de produtos nas em‑ balagens, invólucros, 
recipientes e publicidade. 
O mesmo ocorre para quem presta serviço nas mesmas condições. 
 
O § 2o do art. 63 admite a modalidade culposa, com detenção de um a seis meses, ou multa. 
 
Os arts. 9o e 10 do CDC estabelecem regras preventivas de danos, principalmente pela 
obrigatoriedade de comunicação à autoridade competente e aos consumidores, quando ciente da 
novidade e periculosidade após a colocação no mercado. 
 
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O § 2o do art. 10 do CDC institui o chamado “RECALL”, que é o dever que tem o fornecedor de 
comunicar o fato aos consumidores por meio de anúncios publicitários vinculados na imprensa, e 
sempre às suas expensas. 
 
O recall não exclui a responsabilidade civil do fornecedor por danos causados aos consumidores. 
 
Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores (recall) sobre a nocividade ou 
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colo‑ cação no mercado sujeita 
o infrator à detenção de 6 meses a 2 anos, e multa. 
Incorre nessa mesma pena, nos termos do parágrafo único do art. 64, quem deixa de retirar o 
produto do mercado, quando assim determinado pelas autoridades. 
Em relação aos serviços, o art. 65 do CDC estabelece a mesma pena fixada no art. 64, quando o 
fornecedor executa o serviço de alto grau de periculosidade, contrariando a determinação pela 
autoridade competente. 
 
Neste caso, a pena é aplicável sem prejuízo da correspondente à lesão corporal ou morte. 
 
 
 
 
 
6. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES 
6.1 PELO FATO DO PRODUTO 
É a responsabilidade pelos acidentes de consumo, causados por produtos defeituosos. 
 
 
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O produto é defeituoso quando não apresenta a segurança que dele se espera, tendo em vista três 
características (§ 1o do art. 12): 
I) a sua apresentação; 
II) o uso e risco razoáveis; 
III) época de colocação no mercado. 
 
O fato de existir um produto de melhor qualidade no mercado não faz do produto de menor 
qualidade um bem defeituoso. 
 
A defectibilidade do produto é condição para a imputação da responsabilidade civil ao fornecedor. 
O caput do art. 12 estabelece uma regra de solidariedade, que atinge todos os fornecedores 
descritos no caput do art. 3o do CDC, com exceção do comerciante. 
 
Desta forma, o comerciante só responde pelos acidentes de consumo nas hipóteses do art. 13 do 
CDC. São elas: 
I) o fabricante, o construtor, o produtor ou importador não puderem ser identificados; 
II) o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou 
importador; 
III) não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
– A responsabilidade do comerciante, prevista no art. 13, é solidária ou subsidiária? Para a maioria 
da doutrina e da jurisprudência, é subsidiária. 
 
No entanto, Rizatto Nunes e Claudia Lima Marques defendem que é solidária, pois o art. 13 utiliza 
a expressão “o comerciante é igualmente responsável, nos termos do arti‑ go anterior”. Some‑se a 
isso o fato de que em nenhum momento o Código de Defesa do Consumidor exige o prévio 
esgotamento da tentativa de receber indenização dos demais fornecedores. 
 
 
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A responsabilidade do fornecedor, nesses casos (defeito do produto), é sempre OBJETIVA (prova 
do dano + nexo causal). 
 
O § 3o do art. 12 do CDC estabelece as hipóteses de exclusão da responsabilidade. 
São elas: 
I) prova de que não colocou o produto no mercado; 
II) prova de que não existe o defeito; 
III) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
– Aplica‑se o caso fortuito e a força maior? Há duas correntes: 
I) Majoritária – aplica‑se, pois é hipótese prevista no Código Civil, que é lei geral, aplicável 
subsidiariamente à relação de consumo; 
II) Minoritária – não se aplica, pois as hipóteses estão taxativamente previstas no Có‑ digo de 
Defesa do Consumidor. A aplicação do Código Civil, nesse caso, só favorece o for‑ necedor, 
restringindo o direito do consumidor, e violando o princípio da vulnerabilidade. 
 
6.2 PELO FATO DO SERVIÇO 
Trata‑se dos acidentes de consumo por serviços defeituosos. 
Aplica‑se a mesma noção dos produtos defeituosos e da exclusão da responsabilidade civil. 
 
A regra geral para o serviço é o da responsabilidade objetiva. 
A exceção vem do § 4o do art. 14 do CDC, que prevê que os profissionais liberais respondem 
mediante a verificação de culpa (responsabilidade subjetiva, prova do dano + nexo causal + culpa 
lato sensu, nas modalidades de imprudência, imperícia ou negligência). 
 
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6.3 PELO VÍCIO DE PRODUTOS E SERVIÇOS 
O vício é a característica de apresentação, qualidade ou quantidade, que torna o pro‑ duto 
impróprio ao consumo ou lhe diminui o valor. 
 
O produto é impróprio quando apresentar prazo de validade vencido, quando for inadequado ao 
fim destinado e quando ferir norma técnica de produção. 
Constatado o vício, o consumidor deve reclamá‑lo ao fornecedor. 
 
A partir desse momento o fornecedor tem o direito de tentar saná‑lo, no prazo legal de 30 dias, ou 
contratual de, no mínimo, sete dias e, no máximo, 180 dias. 
No caso do prazo contratual, a cláusula deve estar destacada, com anuência expressa do 
consumidor. 
 
Decorrido o prazo, sem saneamento do vício ou nas hipóteses de produto essencial e naquelas em 
que a reparação não afasta o comprometimento permanente da qualidade ou preço do produto, o 
consumidor tem direito a uma das alternativas: 
I) direito à substituição do produto por outro igual ou similar; 
Neste caso, ele pode optar por um mais caro, com a complementação do preço, ou por um mais 
barato, com a devolução da diferença. 
II) abatimento proporcional do preço; 
III) devolução das quantias pagas, com correção monetária e perdas e danos; 
 
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IV) reexecução do serviço, que pode ser confiado a terceiro, às custas do fornecedor; 
V) complementação do peso ou medida, conforme o caso. 
O consumidor tem direito à efetiva reparação civil, ou seja, trata‑se de reparação integral, 
abrangendo todo e qualquer prejuízo, inclusive os danos morais, que podem ser cumulados com 
os materiais. Em decorrência da efetividade, não pode haver indenização limitada, tarifada. 
 
Há dois sistemas no Código de Defesa do Consumidor: 
a) Responsabilidade decorrente do fato do produto ou do serviço – esta responsabilidade é 
geradapor um defeito, aliado a um fator externo, que gera o acidente de consumo. O fato é 
extrínseco ao produto ou serviço e coloca em risco a saúde, a vida do consumidor, além de 
determinar um prejuízo. Trata‑se de responsabilidade objetiva (teoria do risco do negócio), sendo, 
em regra, do fornecedor mediato (fabricante, construtor etc.). 
 
Todavia, em algumas hipóteses, pode o comerciante ter responsabilidade subsidiária (quando o 
fornecedor não puder ser identificado) ou direta (quando o defeito for determinado pelo próprio 
comerciante). 
 
Não é cabível a denunciação da lide, e o consumidor poderá acionar qualquer um dos 
fornecedores mediatos, tendo este ação regressiva contra o verdadeiro responsável. O juiz pode 
decretar a desconsideração da personalidade jurídica, atingindo a responsabilidade os bens do 
sócio, proprietários, desde que comprovada a má‑fé, má administração ou se a personalidade 
jurídica for obstáculo para reclamação. O prazo para a ação é prescricional de cinco anos. Duas 
observações podem ser feitas: 
 
A natureza objetiva fundamenta‑se na maior proteção ao consumidor, pois sua defesa restaria 
inviabilizada se lhe incumbisse o ônus de provar a culpa. Funda‑ mentos da responsabilidade 
 
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objetiva: 1) há produtos ou serviços que potenciali‑ zam a produção de danos; 2) risco da atividade 
econômica ou risco profissional; 
3) proibição de enriquecimento. 
 
Causas excludentes da responsabilidade – estão previstas no art. 12, § 3o, do CDC. Entretanto, 
podemos dizer, rapidamente, que quanto ao caso fortuito e à força maior, o STJ admite como 
exclusão de responsabilidade apenas o fortuito externo, não o interno. Há também quem entenda 
que o rol daquele dispositivo é taxativo, não se admitindo outras hipóteses. 
b) Responsabilidade decorrente de vício do produto ou do serviço – no caso do vício do 
produto ou serviço, o evento é intrínseco, e provoca a desvalia ou diminuição de valor. Os vícios 
podem ser de qualidade, quantidade ou disparidade, os quais serão estudados separadamente. 
Vício de qualidade – ocorre quando o produto não tem o desempenho prometido, ou seja, não 
funciona corretamente, frustrando a expectativa do consumidor em razão do que foi contratado. 
O consumidor poderá reclamar ao comerciante a supressão do vício, e este acionará a garantia do 
fabricante, que deverá, no prazo legal, ou contratual, responder a reclamação. 
O prazo de reclamação pode ser fixado pelas partes entre 7 e 180 dias, e no silêncio do contrato é 
de 30 dias. O consumidor pode exigir o atendimento imediato da sua reclamação em duas 
hipóteses (a doutrina chama de antecipação da tutela de direito mate‑ rial): se o produto for 
essencial ao consumidor ou se o vício for essencial ao produto, de modo a comprometer 
definitivamente o seu valor. 
 
Verificado o vício de qualidade, pode o consumidor optar pelas seguintes alternativas caso o vício 
persista (sanções): 
a) Substituição do produto por outro; 
b) Abatimento proporcional do preço; 
c) Restituição da quantia paga. 
 
 
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Vício de quantidade – é aquele vício existente em relação ao peso, medida ou entre o que foi 
anunciado e o produto entregue ao consumidor. O comerciante responde sempre que o vício for 
decorrente da sua atuação, como, por exemplo, na comercialização de produtos a granel, ou se o 
instrumento de medição utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. Nas demais 
hipóteses (ex.: produto que já vem embalado pelo fabricante) responde o fabricante. Vale dizer 
que existem produtos que sofrem variações de peso em razão de sua natureza ou das condições 
climáticas, o que é plenamente admissível, não podendo o consumidor reclamar, desde que 
conste tal informação no rótulo. 
 
Verificado o vício de quantidade, poderá o consumidor exigir, cujo atendimento deve ser imediato 
(sanções): 
a) Abatimento proporcional do preço; 
b) Complementação do peso ou medida; 
c) Substituição do produto por outro; 
d) Restituição dos valores pagos. 
 
Vício do serviço (ou vício de disparidade) – ocorre sempre que se verificar a discre‑ pância ou 
disparidade entre a atividade prometida e o resultado alcançado. O vício do serviço pode ser de 
qualidade ou de quantidade, dependendo do resultado. O consumi‑ dor pode exigir: 
a) Reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
b) Restituição imediata da quantia paga sem prejuízo de perdas e danos; 
c) Abatimento proporcional do preço. 
 
Prazos para a reclamação de qualquer vício – nos termos do art. 26, tratando‑se de produtos ou 
serviços não duráveis, o prazo é de 30 dias, enquanto que o prazo no caso de produtos e serviços 
duráveis é de 90 dias. Trata‑se de prazo decadencial, e a contagem é feita do seguinte modo: a 
partir da data em que o consumidor tomar conhecimento do vício, quando este for oculto (data da 
 
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eclosão), ou a partir da entrega do produto ou da conclusão do serviço quando o vício for 
aparente. Entende‑se, majoritariamente, que se o produto for comercializado com garantia, 
durante este prazo não é computado o prazo decadencial, ou seja, os prazos do art. 26 somente se 
iniciam quando termina a garantia. 
 
Causas que obstam a decadência – o § 2o do art. 26 traz duas causas que obstam o prazo 
decadencial previsto nos incs. I e II. Diz parte da doutrina que essas causas interrompem a 
decadência. São elas: 
 
Reclamação do consumidor ao fornecedor – o prazo decadencial é interrompido a partir da 
entrega da reclamação até a resposta negativa do fornecedor ao consumidor. A simples 
reclamação feita em órgão de defesa do consumidor, por si só, não interrompe a decadência. 
 
Instauração de inquérito civil até a sua conclusão – vale dizer que a conclusão do inquérito civil se 
dá com a homologação pelo Conselho Superior do Ministério Público, e não com a promoção de 
arquivamento. 
 
7. PRAZOS DE GARANTIA 
Nos termos do art. 26 do CDC, o prazo de garantia de produtos e serviços duráveis é de 90 dias, e 
de produtos e serviços não duráveis é de 30 dias. 
Esses prazos são decadenciais. 
 
Quando o Código Civil estabelecer um prazo mais benéfico ao consumidor, ele deve prevalecer em 
relação àquele previsto no Código de Defesa do Consumidor. 
Ex.: o parágrafo único do art. 618 do CC prevê o prazo de 180 dias para o adquirente reclamar dos 
vícios do imóvel no contrato de empreitada. Portanto, quando ele for de consumo, aplica‑se o 
Código Civil, e não o Código de Defesa do Consumidor. 
 
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Esses prazos são contados da aquisição, no caso de vícios aparentes, e da constata‑ ção, no caso 
de vícios ocultos ou de difícil constatação. 
 
Obsta a decadência: 
I) a reclamação comprovada do consumidor até a inequívoca resposta do fornecedor; 
II) pela instauração do Inquérito Civil, até a sua conclusão, nos termos da Lei no 
7.347/1985. 
 
Obstar é suspender ou interromper? 
Para a maioria da doutrina, obstar é suspender. 
No entanto, como observa Rizatto Nunes, esta não é a interpretação mais favorável ao 
consumidor e, em razão do princípio da vulnerabilidade, ele defende a ideia de que se trata de 
interrupção. 
 
Prescreve em cinco anos a ação para reparaçãode danos, contados do conhecimento do dano e 
de sua autoria (art. 27). 
 
A garantia legal independe de termo expresso, sendo vedada a sua exoneração. 
 
Nos termos do art. 50, caput, do CDC, a garantia contratual é complementar à legal, e será 
conferida mediante termo escrito. 
 
Fábrica de automóvel confere garantia contratual de 3 anos aos seus veículos. Qual é, então, o 
prazo total de garantia do consumidor? 
 
 
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O prazo total é de 3 anos e 90 dias. De acordo com o entendimento majoritário, de‑ vem ser 
somados os prazos. 
 
Práticas Comerciais 
Nos termos do art. 29 do CDC, todas as pessoas expostas às práticas comerciais são equiparadas 
ao consumidor. 
 
8. OFERTA 
É um instituto semelhante à proposta ou policitação. 
 
É a manifestação unilateral do fornecedor, veiculada por qualquer meio, visando à destinação de 
produtos ou serviços, que obriga o fornecedor e integra o futuro contrato a ser celebrado (art. 30). 
 
Deste artigo se extrai o princípio da vinculação do fornecedor à oferta, que tem valor contratual e 
que não admite exceção legal. A jurisprudência tem considerado apenas o erro grosseiro como 
exceção a essa regra. 
 
No caso de descumprimento da oferta, o consumidor poderá escolher uma das se‑ guintes 
alternativas (art. 35): 
I) exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta; 
II) aceitar outro produto ou serviço equivalente; 
III) rescindir o contrato, com direito à restituição das quantias pagas, com correção monetária 
e perdas e danos, na hipótese de rescisão contratual. 
 
O art. 31 do CDC estabelece que a oferta deve conter informações corretas e em língua 
portuguesa. 
 
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A Lei no 11.800/2008 introduziu o parágrafo único ao art. 33 do CDC, proibindo a publicidade de 
bens e serviços, por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina (assim, 
se o consumidor liga, e a chamada é gratuita, pode fazer propaganda; se o consumidor pagar por 
essa ligação, não pode haver propaganda). 
 
9. PUBLICIDADE 
É uma modalidade de oferta, e a ela se aplicam as regras dos arts. 30 a 35. 
 
Do ponto de vista jurídico, não há distinção entre publicidade e propaganda comercial ou 
institucional. 
 
Até a edição do Código de Defesa do Consumidor o tema era tratado como dolus bônus (que é o 
dolo bom; a boa intenção). 
 
Os arts. 36 a 38 do CDC sofreram forte influência das normas e decisões do Conselho Nacional de 
Autorregulamentação Publicitária – CONAR, órgão de natureza privada, criado no final dos anos 
1970 por entidades do setor publicitário. 
 
Na publicidade, o consumidor está no grau de vulnerabilidade máximo, por sua total passividade. 
Por essa razão, a lei impõe responsabilidade social à atividade publicitária. Daí a necessidade de 
regulação. 
 
9.1 PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR PARA A PUBLICIDADE 
a) Identidade (art. 36, caput) 
Ao tomar contato com a publicidade, o consumidor deve, de forma fácil e imediata, identificá‑la 
como tal. 
Assim, são proibidas a publicidade clandestina e a propaganda subliminar. 
 
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b) Vinculação contratual da publicidade (arts. 30 e 35) 
Ocorre por ser modalidade de oferta. 
c) Transparência na fundamentação (art. 36, parágrafo único, do CDC) 
O fornecedor deve manter armazenados os dados fáticos, técnicos e científicos que dão suporte à 
mensagem publicitária, inclusive sob pena de detenção, de 1 a 6 meses, ou multa, nos termos do 
art. 69 do CDC. 
d) Ônus da prova é de quem patrocina a publicidade (art. 38 do CDC) 
Decorrência da relação jurídica de consumo definida e protegida pelo Código de Defesa do 
Consumidor, é certo que a inversão do ônus probatório em favor do consumidor, parte 
hipossuficiente na relação jurídica, aplica‑se igualmente àqueles que patrocinam publicidade que 
acabe por causar lesão aos consumidores. 
Certo é que quem patrocina publicidade lesiva ou potencialmente lesiva dispõe de todos os meios 
de prova para constituição ou desconstituição da obrigação jurídica, cabendo a ele o ônus de 
provar a ausência de lesão ao consumidor. 
e) Correção do desvio publicitário 
Se dá por intermédio da contrapropaganda, ou seja, publicidade patrocinada pelo fornecedor para 
corrigir aquela enganosa ou abusiva. 
Pode ser fixada como sanção administrativa (art. 56, XII, do CDC) ou como imposição judicial, em 
ação coletiva. 
f) Veracidade da publicidade (art. 37, § 1o) 
É proibida a publicidade enganosa ou mentirosa, inteiramente ou parcialmente falsa, ou, ainda, 
falsa por omissão. 
Na publicidade enganosa a informação diz respeito ao produto ou serviço e ao negócio jurídico. 
É uma modalidade de prática abusiva, que induz o consumidor a erro (vício do ne‑ gócio jurídico). 
(erro = comprar gato por lebre). 
A enganosidade se dá pela objetividade do anúncio, e não pela intenção do anun‑ ciante. 
g) Vedação à publicidade abusiva (art. 37, § 2o) 
 
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É aquela que fere os valores jurídicos e sociais, consagrados na Constituição e no sistema jurídico. 
Pode não guardar relação com o produto ou serviço e o negócio jurídico. 
Esse parágrafo traz um rol exemplificativo dessas publicidades, tais como as discriminatórias de 
qualquer natureza, as que se valem do medo e da superstição, da deficiência de julgamento da 
criança, aquelas que desrespeitam os valores ambientais e que estimulam o consumidor a se 
comportar contra a sua saúde ou segurança. 
 
 
 
 
10. PRINCÍPIOS PROTETIVOS DO CONSUMIDOR 
10.1 PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO 
Toda mensagem publicitária deve ser identificada como tal. O consumidor deve reunir condições 
de identificação da mensagem a que tiver exposto. Sempre que necessário, deve constar a 
advertência do tipo “informe publicitário”. 
 
Desse princípio decorre a vedação implícita à publicidade: 
a) Clandestina – é aquela dissimulada, realizada sem identificação e que pode levar o 
consumidor a erro. O consumidor pode não identificá‑la. 
b) Subliminar – é também mensagem dissimulada, mas incapaz de ser identificada pelo 
consumidor. Ela atua no inconsciente e leva o consumidor a erro. Ela nunca é identi‑ ficada pelo 
ser humano. 
 
O Código de Defesa do Consumidor não proíbe o merchandising, que é a inserção da mensagem 
publicitária em contexto diverso. O propósito não é exclusivamente o de divulgar o produto, mas 
sim de inseri‑lo em outro contexto. Trata‑se de ação comercial. 
 
 
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10.2 PRINCÍPIO DA VERACIDADE (art. 37) 
A mensagem publicitária deve conter informação verdadeira. Desse princípio decorre a proibição 
das seguintes publicidades: 
a) Enganosa – é a que contém informação total ou parcialmente falsa, ou porque omite uma 
informação essencial. Trata‑se de crime previsto no art. 67 do CDC. 
b) Abusiva – é também falsa a mensagem, mas é realizada de modo a explorar uma condição 
pessoal do consumidor, induzindo‑o a erro e colocando‑o em risco. Há ex‑ ploração, por exemplo, 
da religiosidade, superstição etc. 
 
10.3 PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO 
Toda mensagem publicitária corresponde auma oferta do produto e do serviço e, por isso, vincula 
o contrato e sua execução. A publicidade é promessa de contratação e obriga o fornecedor 
segundo os seus termos. A frustração na expectativa do consumidor, em razão da mensagem 
publicitária, pode ser equiparada à prática comercial abusiva praticada pelo fornecedor. 
10.4 PRINCÍPIO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
O fornecedor é obrigado, independentemente de decisão judicial ou administrativa, a demonstrar 
a exatidão da mensagem publicitária. A inversão decorre do direito material, sendo, portanto, 
objetiva, diferentemente da inversão decretada na ação de interesse do consumidor. Vale dizer: 
há duas inversões em benefício do consumidor: 
a) Uma inversão de natureza processual e subjetiva, prevista no art. 6o, VIII, do CDC, e que 
deve ser decidida pelo juiz da causa; 
b) Outra inversão de natureza material e objetiva, que diz respeito à publicidade. É esta a 
inversão que estudamos neste momento. Trata‑se de inversão ope legis, obrigatória (art. 38 do 
CDC). 
 
11. SANÇÕES PENAIS 
 
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O art. 66 do CDC, que determina que fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação 
relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, 
durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços, e o art. 67, tam‑ bém do CDC, que 
determina que fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva, 
estabelecem como pena detenção de três meses a um ano e multa. 
 
O art. 68 do CDC prevê uma pena maior do que o art. 67, com detenção de 6 meses a 2 anos, e 
multa, para quem faz ou promove publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o 
consumidor a se comportar contra a sua saúde ou segurança. 
Ô Toda a publicidade enganosa ou abusiva é uma modalidade de prática comercial abusiva. 
 
12. PRÁTICAS ABUSIVAS 
A proteção abrange tanto as práticas pré‑contratuais (é a proteção nos métodos de oferta e 
comercialização de produtos e de serviços) quanto a proteção contra cláusulas abusivas. 
 
Práticas comerciais abusivas retratam a violação da boa‑fé objetiva, imposta a todo fornecedor, ou 
seja, ele, de qualquer modo, se aproveita da vulnerabilidade do consumi‑ dor para impor a 
contratação de produto não desejado ou incapaz de atender a expectativa geral. O rol do art. 39 é 
exemplificativo. 
 
Podemos citar, a título de exemplo, as práticas abusivas, quais sejam: venda casada, que é a 
exigência de aquisição de produto não desejado para ter acesso ao produto do qual necessita, e 
condicionamento quantitativo, que é a imposição de uma quantidade não desejada pelo 
consumidor, mas essa regra somente se aplica no varejo e não no atacado (o comerciante pode 
impor quantidade máxima, mas nunca quantidade mínima). 
 
 
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Existe, ainda, a proteção contra cláusulas abusivas. Estas serão reconhecidas toda vez que houver 
previsão no contrato de vantagem excessiva ao fornecedor e de ônus injustificado ao consumidor. 
O rol das cláusulas abusivas está previsto no art. 51, que também é exemplificativo (a cláusula 
abusiva é nula de pleno direito). 
 
Todo contrato deve ser acessível ao consumidor, pois ele tem o direito de compreender o 
contrato, cuja linguagem deve ser clara e acessível (princípio da transparência). Cláusula abusiva é 
nula de pleno direito, podendo ser declarada de ofício pelo juiz, a qualquer tempo, podendo, 
inclusive, ser reconhecida em sede de recurso extraordinário ou especial, desde que previamente 
questionada. 
 
O reconhecimento da nulidade da cláu‑ sula não anula, obrigatoriamente, o contrato, salvo se 
prejudicial ao consumidor, pois este tem o direito de conservá‑lo. 
 
Conforme o art. 6o, IV, do CDC, o consumidor tem direito à proteção contra práticas consideradas 
abusivas ou imposições indevidas feitas por fornecedor no mercado de consumo. 
 
O art. 39 do CDC traz um rol exemplificativo dessas práticas. 
 
Esse rol é complementado pelas Portarias da Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da 
Justiça (art. 7o, caput, do CDC). 
 
Essas práticas também estão presentes na Lei no 8.137/1990, que trata dos Crimes contra a 
Ordem Econômica, Tributária e contra as relações de consumo, e podem ser assim consideradas 
pela declaração do juiz, no caso concreto. 
 
 
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A prática abusiva é aquela que configura o abuso do direito e, por isso, é um ato ilícito (art. 187 do 
CC). 
Trata‑se, portanto, do exercício de um direito que excede, manifestamente, os limites a ele 
impostos, pela boa‑fé (objetiva), pela probidade, pelos costumes e por seus fins econômicos e 
sociais. 
 
12.1 PRÁTICAS ABUSIVAS DO ART. 39 
Inciso I – trata da venda casada. É o condicionamento do fornecimento de um pro‑ duto ou 
serviço, a outro, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos. 
Ex.: aquisição de serviço de Internet, condicionada à aquisição de determinado pro‑ vedor. 
Inciso II – vai tratar da recusa à demanda, com disponibilidade de estoque e, ainda, de 
conformidade com os usos e costumes. 
Este inciso pode ser interpretado juntamente com o inciso IX, o qual trata da recusa de venda de 
bens e prestação de serviços a quem pretenda adquiri‑los mediante pronto pagamento, exceto 
nos casos de intermediação legal. 
Inciso III – trata do envio ou entrega ao consumidor, sem solicitação prévia, de qual‑ quer produto 
ou serviço. 
Esses produtos e serviços são considerados amostra grátis, inexistindo obrigação de pagamento, 
nos termos do parágrafo único do art. 39. 
Inciso IV – prevalecer‑se da ignorância ou fraqueza do consumidor, tendo em vista a sua idade, 
saúde, conhecimento ou condição social, para impor produtos e serviços. 
Trata‑se de um plus de vulnerabilidade presente no caso concreto. 
Inciso V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. 
Inciso VI – executar serviços sem orçamento autorizado pelo consumidor, ressalva‑ das práticas 
anteriores entre as partes. 
 
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O orçamento é uma modalidade de oferta e tem valor contratual. Por isso, ele deve ser 
discriminado, com valor de mão de obra, de material e equipamentos, condições do negócio 
jurídico e do pagamento, bem como data de início e término do serviço. 
Salvo estipulação em contrário, ele tem validade de dez dias e, uma vez aprovado pelo 
consumidor, vincula o fornecedor e integra o contrato. 
Inciso VII – repassar informação depreciativa, referente ao ato do consumidor, no exercício da 
prática de seus direitos. 
(...) 
Inciso X – elevar, sem justa causa, o preço de produtos e serviços. 
Ex.: mudança de peso ou quantidade de produtos e a manutenção de preços, sem que esse fato 
seja perceptível ao consumidor. 
(...) 
Inciso XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento da obrigação ou deixar a fixação do 
termo inicial ao exclusivo critério do fornecedor. 
Inciso XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmen‑ te 
estabelecido. 
 
 
13. COBRANÇA DE DÍVIDAS 
O consumidor inadimplente não pode ser submetido ao ridículo, constrangimento ou ameaça, 
inclusive porque utilizar, na cobrança, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, 
afirmações falsas e incorretas ou enganosasou utilizar procedimento que exponha o consumidor, 
injustificadamente, a ridículo ou que interfira no seu descanso, trabalho ou lazer, sujeita o infrator 
à detenção de 3 meses a 1 ano, e multa (art. 71 do CDC). 
 
Os arts. 42 e 71 do CDC tutelam a privacidade e a imagem do consumidor inadim‑ plente. 
 
 
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O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao 
dobro do que pagou em excesso, com correção monetária e juros, salvo hipótese de engano 
justificável. Sendo justificável o erro, a devolução será simples. 
 
 
 
 
 
14. PRECIFICAÇÃO 
O preço de produtos e serviços é informação fundamental para o exercício da autonomia da 
vontade do consumidor. 
 
A Lei no 10.962/2004 e o Decreto no 5.903/2006 regulam a matéria. 
 
É obrigatória a afixação de preços de bens e serviços para o consumidor, independente da 
condição ou natureza da atividade. 
A lei admite várias formas de afixação, como etiquetas fixadas nos bens ou em vitrines, código 
referencial ou código de barras. Em todas elas a divulgação do preço deve estar em caracteres 
legíveis. 
 
 
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O art. 3o do Decreto no 5.903/2006 exige, para os casos de financiamento ou outorga de crédito, a 
obrigatoriedade de discriminação do valor total a ser pago com o financia‑ mento, do número, do 
período e valor das prestações e dos juros e encargos que incidam sobre o financiamento ou 
parcelamento. 
 
15. BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES 
As expressões “bancos de dados” e “cadastro de consumidores” são espécies do gênero arquivo 
de consumo. 
 
O tema ganha relevância, porque a informação é o novo paradigma social. É o recurso estratégico 
do mundo pós‑industrial. 
 
No Brasil, não há lei que regule a proteção dos dados pessoais. Essa tarefa é conferida à 
Constituição, ao Direito Civil, ao Direito do Consumidor e a alguns tipos penais. 
 
Na Constituição Federal, os direitos à privacidade e intimidade abarcam um novo direito da 
personalidade, construído pela doutrina, que é o direito à autodeterminação informativa, 
presente na Constituição Espanhola e na do Brasil. 
 
Trata‑se do direito que o sujeito possui de perseguir e proteger seus dados de caráter pessoal. 
 
O inc. LXXII do art. 5o da CF estabelece o direito e a garantia constitucional para a sua proteção. É 
o habeas data (que significa “tenha os dados”) – remédio constitucional de natureza 
mandamental, que garante o direito de acesso, retificação e exclusão dos dados pessoais, 
constantes de arquivos públicos estatais, e de arquivos privados, de caráter público. 
 
Sua natureza mandamental não comporta cumulação com perdas e danos. 
 
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O rito é regulado pela Lei no 9.507/1997, que define, como de caráter público, o arquivo que 
disponibiliza informações para terceiros. Esse conceito é criticado pela doutrina, por ser restritivo, 
já que o caráter público decorre da natureza do dado manipulado, ou seja, ele deve ser de caráter 
pessoal. 
 
A Lei no 9.507/1997 ainda condiciona o exercício do remédio constitucional ao prévio 
esgotamento da fase administrativa. Por isso, a sua inconstitucionalidade é defendida, por 
exemplo, por Nelson Nery Junior. 
O habeas data pode ser impetrado contra os serviços de proteção ao crédito e demais arquivos de 
consumo, porque o seu caráter público decorre do § 4o do art. 43 do CDC. No entanto, não é usual 
a sua utilização por não comportar a cumulação com perdas e danos. 
 
O CDC trata da matéria nos arts. 43 e 44, e estabelece quatro princípios (Ministro Herman 
Benjamin do STJ): 
a) SUBSTANTIVO 
O art. 43, caput, só autoriza o armazenamento de dados pessoais de consumo, referentes ao 
comportamento do consumidor, no mercado. No entanto, pela falta de legislação sobre o tema, 
ampliou‑se o espectro de informações depositadas nestes órgãos (ex.: aquelas decorrentes de 
locações, condomínios, relações de crédito em geral e, inclusive, tributárias). 
b) TELEOLÓGICO 
A abertura ou acesso à informação deve se dar exclusivamente para atender uma demanda de 
consumo e para orientar o mercado geral ou os fornecedores, no caso concreto. 
c) PROCEDIMENTAL 
A abertura de cadastro do consumidor deve se dar a seu pedido; quando não solicitada por ele, 
como no caso das negativações, deve haver sua prévia notificação por escrito (art. 43, § 2o, do 
CDC). 
 
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O STJ tem o entendimento de que esta notificação não precisa se dar via AR. Também já decidiu 
que se a informação for obtida de uma fonte pública, a falta dessa notificação não enseja 
indenização (REsp no 720.493/SP). 
O STJ já decidiu que posterior negativação indevida não gera indenização se há pré‑ via existência 
de negativação lícita. 
d) TEMPORAL 
Conforme o entendimento jurisprudencial sobre o disposto no art. 43, § 1o, do CDC, a inscrição do 
devedor inadimplente nos servidos de proteção ao crédito pode ser mantida pelo período máximo 
de cinco anos. Mesmo que haja a prescrição da execução do crédito que motivou a inscrição no 
cadastro de inadimplentes, o registro poderá ser mantido pelos cinco anos. (Súmula no 323 do 
STJ). 
Súmula no 359 do STJ – “cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Cré‑ dito a 
notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. 
Cumpre ressaltar que a Súmula no 404 do STJ informa: “É dispensável o aviso de recebimento (AR) 
na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e 
cadastros”. 
 
Súmula no 385 do STJ – “Da anotação irregular em Cadastro de Proteção ao Crédito, não cabe 
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao 
cancelamento”. 
 
A partir do Resp no 527.618/RS, o STJ, de forma pacífica, condiciona o levantamento da 
negativação ao preenchimento dos seguintes requisitos: 
I) prova de que haja ação proposta contestando o débito, total ou parcialmente; 
II) que essa ação é fundada na aparência do bom direito, e em jurisprudência do STF ou STJ; 
III) que, havendo contestação parcial do débito, seja depositado o valor referente à parte 
incontroversa ou, ao menos, seja prestada caução idônea. 
 
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O art. 72 do CDC confere detenção de 6 meses a 1 ano, ou multa, a quem impede ou dificulta o 
acesso do consumidor às informações que sobre ele constem dos arquivos de consumo. E o art. 73 
do CDC confere detenção de 1 a 6 meses, ou multa, a quem deixou de corrigir, imediatamente, 
informação sobre o consumidor, constante de arquivo de consumo que sabe ou deveria saber 
inexato. 
 
Atenção: 
A Lei no 12.414, criada em 9 de junho de 2011, disciplina a formação e consulta 
a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de 
pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito, sem prejuízo do disposto 
no Código de Defesa do Consumidor (veja arts. 43, 44 e 72 do CDC). Esta lei ga‑ 
nhou o apelido de “Cadastro Positivo”. 
No parágrafo único do art. 1o da lei, há uma ressalva de que, se instituídos os 
bancos de dados por pessoas jurídicas de direito públicointerno, estes deverão ser 
regulamentados por legislação especial. 
Recomendamos a leitura do art. 2o desta lei, in verbis: “Art. 
2o Para os efeitos desta Lei, considera‑se: 
I – banco de dados: conjunto de dados relativo a pessoa natural ou jurídica armazena‑ 
dos com a finalidade de subsidiar a concessão de crédito, a realização de venda a pra‑ 
zo ou de outras transações comerciais e empresariais que impliquem risco financeiro; 
 
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II – gestor: pessoa jurídica responsável pela administração de banco de dados, 
bem como pela coleta, armazenamento, análise e acesso de terceiros aos dados 
armazenados; 
III – cadastrado: pessoa natural ou jurídica que tenha autorizado inclusão de 
suas informações no banco de dados; 
IV – fonte: pessoa natural ou jurídica que conceda crédito ou realize venda a 
prazo ou outras transações comerciais e empresariais que lhe impliquem risco 
financeiro; V – consulente: pessoa natural ou jurídica que acesse informações em 
bancos de dados para qualquer finalidade permitida por esta Lei; 
VI – anotação: ação ou efeito de anotar, assinalar, averbar, incluir, inscrever ou 
re‑ gistrar informação relativa ao histórico de crédito em banco de dados; e 
– histórico de crédito: conjunto de dados financeiros e de 
pagamentos relativos. 
 
O art. 44 do CDC trata dos cadastros de órgãos públicos, que são arquivos estatais com 
informações sobre o comportamento dos fornecedores no mercado de consumo. A esses arquivos 
se aplicam todos os princípios e regras do art. 43 do CDC. 
 
16. PROTEÇÃO CONTRATUAL DO CONSUMIDOR 
Em razão da limitada autonomia da vontade do consumidor, o Código de Defesa do Consumidor 
instituiu os seguintes instrumentos de proteção contratual: 
 
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I) princípio da função social dos contratos; 
II) boa‑fé objetiva; 
III) dever de cooperação entre as partes; 
IV) proibição das cláusulas abusivas; 
V) conservação dos contratos; 
VI) direito de revisão. 
 
Vejamos as disposições referentes aos temas: 
16.1 PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA 
O consumidor não está obrigado ao contrato se não lhe for dada a oportunidade de tomar prévio 
conhecimento do seu conteúdo ou se os instrumentos dificultarem a sua compreensão, sentido e 
alcance (art. 46). 
As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré‑contrato vinculam o 
fornecedor, ensejando execução específica (arts. 48 e 84 do CDC). 
O consumidor tem o direito de desistir do contrato (prazo de reflexão) no prazo de sete dias, 
contados da efetiva entrega do produto, quando a aquisição for feita fora do estabelecimento 
comercial. 
 
As despesas com a devolução correm por conta do fornecedor. Se houve algum tipo de 
pagamento, há obrigação de devolução com correção monetária. 
 
A garantia contratual é complementar à legal e deve ser conferida mediante termo escrito (art. 50 
do CDC). Há a soma dos prazos. 
 
O art. 74 do CDC confere detenção de 1 a 6 meses, ou multa, a quem deixar de entregar ao 
consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido, e com a especificação clara do 
produto. 
 
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As cláusulas contratuais devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor (regra 
de interpretação do art. 47 do CDC). 
 
O art. 51 do CDC estabelece o rol exemplificativo de cláusulas abusivas. Esse rol pode ser 
complementado pelo juiz, no caso concreto, e pelas Portarias da Secretaria de Direito Econômico, 
do Ministério da Justiça. 
 
Essas cláusulas são ilícitas e, portanto, nulas de pleno direito. Reputam‑se não escritas. Podem ser 
conhecidas pelo juiz a qualquer tempo ou grau de jurisdição, exceto em relação aos contratos 
bancários, pois a Súmula no 381 do STJ prevê que, nos contratos bancários, é vedado ao julgador 
conhecer de ofício da abusividade das cláusulas. 
O conteúdo das cláusulas abusivas se enquadra no conceito de abuso do direito (art. 187 do CC). 
Ao exercer um direito, o sujeito excede, manifestamente, os limites a ele impostos pelos seus 
fins econômicos, sociais, pela boa‑fé, probidade e costumes. 
 
16.1.1 Medidas de esclarecimento 
A Lei no 12.741/2012 dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que clama o 
§ 5o do art. 150 da CF. Desta forma, conforme dispõe o art. 1o desta lei: “Emitidos por ocasião da 
venda ao consumidor de mercadorias e serviços, em todo território nacional, deverá constar, dos 
documentos fiscais ou equivalentes, a informação do valor aproximado correspondente à 
totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na formação dos 
respectivos preços de venda”. 
 
A apuração do valor dos tributos incidentes deverá ser feita em relação a cada mercadoria ou 
serviço separadamente, inclusive nas hipóteses de regimes jurídicos tributários diferenciados dos 
respectivos fabricantes, varejistas e prestadores de serviços, quando couber. Essa informação 
 
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poderá constar de painel afixado em local visível do estabelecimento, ou por qualquer outro meio 
eletrônico ou impresso, de forma a demonstrar o valor ou percentual, ambos aproximados, dos 
tributos incidentes sobre todas as mercadorias ou serviços postos à venda. 
 
Em louvor a este princípio do direito à informação, os tributos que deverão ser computados são os 
seguintes: 
I – Imposto sobre Operações relativas a Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de 
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); 
II – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); III – Imposto sobre Produtos 
Industrializados (IPI); 
IV – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores 
Mobiliários (IOF); 
VI – Contribuição Social para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Pro‑ grama de 
Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) – (PIS/PASEP); VII – Contribuição para o 
Financiamento da Seguridade Social (COFINS); 
VIII – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, incidente sobre a importação e a 
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico 
combustível (CIDE). 
IX – Serão também informados sobre os valores referentes ao imposto de importação, 
PIS/PASEP/Importação e COFINS/Importação, na hipótese de produtos cujos insumos ou 
componentes sejam oriundos de operações de comércio exterior e representem percentual 
superior a 20% (vinte por cento) do preço de venda. 
 
16.2 HIPÓTESES DO ART. 51 DO CDC (HIPÓTESES DE SITUAÇÃO QUE A LEI NÃO PERMITE) 
Inciso I – é nula a cláusula que impossibilita, exonera ou atenua a responsabilidade civil do 
fornecedor, ou que implica em renúncia ou disposição de seus direitos. 
 
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Esse inciso admite a limitação contratual da indenização, em situação justificável, quando o 
consumidor for pessoa jurídica. 
(...) 
Inciso VI – inversão do ônus da prova, em prejuízo do consumidor. Não é possível! 
Inciso VII – determine a utilização compulsória da arbitragem. Só é vedada a utilização obrigatória! 
Inciso XI – autorize o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que

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