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MATERIAL DIDATICO ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

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1 
 
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: material didático de apoio 
 
 
 
 
TEXTO 1 
MUNDO DO TRABALHO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: do século XIXaté o início do século XXI 
 
ANTES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
Modo de produção feudal: Nobres, clero (famílias nobres)e camponeses. Inteligência distribuída por Deus: 
nobres (inteligência para administrar) e camponeses (inteligência para trabalhar). Não existia liberdade de 
escolha profissional. 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
Organização do trabalho: Trabalho braçal e administrativo. Ideário da revolução francesa: Liberdade, 
igualdade, fraternidade. 
Desigualdades sociais explicadas/justificada com base em teorias que defendiam que a inteligência era 
inata. 
 
MODOS DE PRODUÇÃO QUE SINGULARIZARAM DIFERENTES MOMENTOS HISTÓRICOS 
MODO DE PRODUÇÃO TAYLORISTA ou administração científica: Desenvolvido pelo engenheiro 
estadunidense Frederik Taylor no início do século XX). 
2 
 
 
Extraído de:https://www.google.com.br/search?q=Imagens+modo+de+produção+taylorista,+fordista+e+ 
 
- Funções dos gestores e dos operários: Gestores: maximizar a produtividade através do controle do tempo 
que cada operário demandava para execução de cada tarefa. Operário: eram considerados prolongamento 
da máquina. Neste caso, o pensamento reflexivo poderia interferir de forma negativa. Por conseguinte, era 
defendido que os menos inteligentes se adaptariam melhor as exigências do trabalho, caracterizado como 
monótono, parcelado e mecânico. Caberia, portanto, selecionar e treinar “o homem certo para o lugar 
certo” (Psicologia Industrial). 
 Naquele período, embora existisse a escolha profissional, não era considerada a vontade/interesse do 
indivíduo. Este tinha sua função determinada em função dos resultados obtidos na seleção. 
MODO DE PRODUÇÃO FORDISTA: termo criado por Henry Ford (em 1914) nos Estados Unidos. 
 
Extraído de:https://www.google.com.br/search?q=Imagens+modo+de+produção+taylorista,+fordista+e+ 
 
O modelo taylorista é aperfeiçoado pelo empresário Henry Ford que maximizou o controle do tempo na 
execução das tarefas e a produção em massa criando tecnológicas específicas (semi-automatização), como 
por exemplo, a esteira rolante. Com esta engenhoca: “as peças desfilavam diante dos trabalhadores 
colocados, lado a lado, na linha de montagem, unindo tarefas individuais sucessivas, fixando uma cadência 
regular de trabalho e reduzindo o transporte entre as operações”. (MERLO; LAPIS, 2007, online). 
- De forma resumida é possível afirmar que: o modelo fordista se caracteriza por: Produção em massa (linha 
de produção) e racionalização da produção capitalista (técnicas organizacionais que articulam produção e 
consumo em massa). 
3 
 
- A semiautomatização das máquinas aumento a produção de mercadorias. Em função desse aumento, Ford 
compreendeu que se o consumo dessa mercadoria fosse viável para o operário poderia aumentar o lucro, 
criando o consumo de massa. 
- Com o desenvolvimento da tecnologia a produtividade não dependia apenas do controle do tempo e 
avaliação das aptidões exigidas para o cargo (tanto para os gestores quanto para os operários). Esta 
dinâmica inaugura o ciclo da Psicologia Organizacional. 
Função da Psicologia Organizacional: selecionar o homem certo para o lugar certo e propor estratégias 
voltadas para a eficiência e produtividade. 
- A psicologia organizacional, diferente do que ocorria na psicologia industrial, defendia que fatores 
psicossociais estão relacionados com a produtividade. Assim, os processos de orientação e seleção 
profissional passaram a considerar os fatores motivacionais, os processos grupais e os tipos de 
lideranças, além da testagem psicológica direcionada para a avaliação das aptidões. 
Emergência da escola das relações humanas: movimento em oposição ao taylorismo e consequente 
desumanização nas relações de trabalho, sendo veiculada a partir de 1920. 
- O indivíduo deixa de ser visto como uma peça da máquina e passa a ser considerado como um todo, isto é 
um ser humano, com os seus objetivos e inserção social própria (CHIAVENATO, 1999). 
- Defendiam que a felicidade do operário estava diretamente vinculada à sua produtividade. Neste sentido, 
ocorreu a valorização do treinamento e, consequente, capacitação do trabalhador para assegurar a 
felicidade no trabalho. Foram desenvolvidas técnicas motivacionais e de mediação para atenuar conflitos 
entre gestores e operários. 
- O processo de orientação profissional estava diretamente vinculada à “felicidade no trabalho”. 
- A eclosão da 1ª e 2ª Guerras mundiais: avaliação dos militares e impulsionou a criação de testes 
psicológicos que foram também adotados para os processos de orientação profissional. 
A crise do capitalismo e a emergência do “Estado do Bem Estar Social” 
 
4 
 
Extraído de:https://www.google.com.br/search?q=Imagens+modo+de+produção+taylorista,+fordista+e+ 
 
- Nos anos de 1930 eclodiu uma grave crise econômica nos países industrializados. Esta crise foi decorrente 
da superprodução de bens de consumo que engendrava o modelo fordista de produção caracterizado por 
uma produção e consumo em massa (conforme já salientado). Para a superação da crise, ocorre a 
intervenção do estado na economia, inaugurando-se o que passou a ser conhecido como o Estado do Bem 
Estar Social. 
- Estado do Bem Estar Social: Políticas públicas voltadas para a garantia do emprego, habitação, educação, 
ganhos em função da produtividade, a previdência social e o seguro desemprego (no Brasil, embora 
estivesse previsto na Constituição de 1946, foi introduzido em 1986 e aperfeiçoado em 1990). Implicava na 
intervenção máxima do Estado para a garantia da produção e do consumo de massa (até mesmo do 
desempregado em função do seguro desemprego). 
- A partir de 1970: falência do Estado + lutas sindicais diante do trabalho parcelado, repetitivo com rígida 
disciplina e controle do ritmo. = inviabilizando o compromisso fordista entre Estado e empregado, 
inaugurando o modo de produção toyotista. 
 
Modo de produção Toyotista/toyotismo: 
- Criado por Taichi Ohomo (Japão, anos de 1970) para solucionar a crise do capital. Inicialmente implantado 
na fábrica de automóveis Toyota: estendeu-se pelo mundo inteiro. 
- Estratégia: Fábrica mínima= lucro máximo. Trabalhador/colaborador: gerente de si mesmo. 
 
Flexibilização e polivalência. 
Extraído de:https://www.google.com.br/search?q=Imagens+modo+de+produção+taylorista,+fordista+e+ 
Fábrica mínima: no que tange aos equipamentos e aos cargos. Tal modelo acarretou na diversificação das 
tarefas, polivalência, pró-atividade, contratação mínima de trabalhadores em função do desenvolvimento da 
tecnologia, trabalhador envolvido com os objetivos da empresa. Discursos alarmantes de falência, fusão: 
dedicação total associada à discursos sobre o capital humano: valorização e novas formas de controle (medo 
5 
 
da demissão, o controle é exercido pelo próprio trabalhador). Nesse contexto o tempo livre é entendido 
como tempo de capacitação, para o desenvolvimento de novas competências ou para ocupar novos cargos. 
- Inaugura o ciclo da psicologia do trabalho e da saúde do trabalhador. 
-Orientação profissional no modo de produção toyotista: inserção e reinserção no mercado de trabalho. 
- Reinserção no mercado de trabalho para atender as permanentes mudanças. Neste caso Orientação 
profissional também apoia processos de promoção e recuperação da saúde e, portanto, de prevenção. 
Inserção no mercado: norteada por diferentes abordagens, tais como a cl ínica e desenvolvimentista 
com ênfase na participação ativa do orientando propiciando o autoconhecimento, a busca de 
informações profissionais e a capacidade e/ou maturidadepara a escolha profissional. Críticas 
direcionadas para as abordagens psicométricas. 
Texto indicado: SPARTA, Mônica. O desenvolvimento da orientação profissional no Brasil. Rev. 
bras.orientac. prof, São Paulo , v. 4, n. 1-2, dez. 2003 . Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?s. 
 
TEXTO2 
SIGNIFICADO DO TRABALHO1 
 
Significado do trabalho: Um rápido exame do uso do termo trabalho na nossa linguagem cotidiana deixa 
explícitos dois grandes eixos de significados com componentes avaliativos claramente antagônicos. Tais eixos 
refletem, certamente, as grandes tradições (histórico-filosófico-religiosas) que modelaram a dimensão 
avaliativa/ afetiva com que nos reportamos ao "trabalho" na atualidade. 
SIGNIFICADO DO TERMO TRABALHO: O primeiro eixo (trabalho: esforço incomum (dar trabalho) e/ou 
sacrifício (termo latino: tripalium (instrumento para torturar; tripaliare (martirizar com otripalium) , Vincula 
o trabalho à noção de sacrifício, de esforço incomum, de carga, fardo, algo esgotante para quem o realiza. 
Trabalho como sinônimo de luta, lida, lide. "Dar trabalho" significa algo que implica esforço, atenção, que 
causa transtorno ou preocupação. Nesse eixo, trabalho associa-se, também, à noção de punição, como está 
no Antigo Testamento (punição pelo pecado original), de onde decorre o sentido de obrigação, dever, 
responsabilidade. 
Há um segundo eixo avaliativo, com uma clara valorização positiva, que vê o trabalho como a aplicação das 
capacidades humanas para propiciar o domínio da natureza, sendo responsável pela própria condição 
humana. Acompanha a noção de empenho, esforço para atingir determinado objetivo. Trabalhar algo, 
significa,também, fazer com cuidado, esmerar-se na execução de uma ação, de uma tarefa. 
Trabalho sob uma perspectiva psicológica: Em uma perspectiva psicológica admite-se que a experiência 
cotidiana dos indivíduos constitui a base sobre a qual eles constroem suas percepções e conhecimentos 
acerca do mundo que os cerca. Tal construção, embora de base individual, é um processo eminentemente 
social, por se dar no interior de um conjunto partilhado de crenças, valores e significados que definem o 
contexto cultural no qual as interações entre indivíduos e grupos ocorrem. 
 
1Texto extra ído do “Materia l do Acervo”. SAI/2015 
6 
 
De uma maneira ampla, o trabalho pode ser compreendido como todo esforço do ser humano, físico ou 
psíquico com a finalidade de transformar, incluindo atividades como lazer e outras de natureza não 
remunerada. É por meio do trabalho que o ser humano medeia sua relação com a natureza, 
transformando-a e sendo transformado por ela. (Bordenave, 1999, apud Zanelli; Silva; Soares, 2010). 
Diferença entre Trabalho e Emprego *Não são sinônimos: muitos têm trabalho, mas não tem emprego. 
Como vimos anteriormente, o trabalho exerce uma capacidade transformadora. O trabalho é mais anti go 
que o emprego. Ele existe desde o momento em que o homem começou a transformar a natureza e o 
ambiente ao seu redor. Por outro lado, o emprego é algo recente na História da Humanidade. O emprego é 
um conceito que surgiu com o capitalismo, e se ampliou no período da Revolução Industrial. Com o 
emprego, surge a liberdade de escolha entre “ser empregado”, ou não, diferentemente do que acontecia 
com os servos, escravos ou soldados. 
Em outros períodos da História, o trabalho era realizado de maneira diferente, como a escravidão e a 
servidão. Na Grécia, o trabalho era feito pelos escravos, já na Idade Média, os servos trabalhavam para um 
determinado senhor feudal. Nesse caso, eles apenas trabalhavam, mas não tinham um emprego. O 
emprego só se propaga com o capitalismo, quando o trabalhador passa a vender sua força de trabalho 
(Física ou Mental) em troca de um salário.Na sociedade atual, somos reconhecidos a partir do trabalho que 
realizamos. Não há como sobreviver sem nossa força de trabalho. 
OP NO MUNDO ATUAL. 
ESTÁGIOSDA OP: Informativo: oferta de informações sobre as profissões, suas perspectivas e exigências; 
Psicométrico: não atribuía tanta importância à realidade de mercado, e sim às características pessoais para o 
sucesso em determinado campo profissional. Clínico: enfatizava o papel ativo do indivíduo, atribuindo-lhe 
potencial e recursos para a auto compreensão e auto direção, sendo que o papel do orientador era facilitar o 
reconhecimento e o desenvolvimento desse processo. Político e Social: incluía como fator relevante o 
contexto sociopolítico do processo de escolha profissional, considerando configurações sociais passadas, 
presentes e futuras. 
Essas etapas apresentavam aspectos afins: em todas elas, Orientação Profissional é considerada como “o 
processo pelo qual o indivíduo é ajudado a escolher e a se preparar para ingressar e progredir em uma 
ocupação”. 
Ou seja, o processo visava a harmonizar a inclusão do indivíduo no mercado de trabalho e a favorecer um 
desenvolvimento profissional em etapas previsíveis e sequenciais. A partir dos anos 90, novos paradigmas e 
novos contextos se impõem devido à nova realidade de contínua ruptura e imprevisibilidade. Agora, a OP 
passa por um novo estágio: a Era de Kairós. 
Era de Kairós: A palavra Kairós, na mitologia grega, significa tempo descontínuo, não linear e imprevisível 
(onde os eventos ocorrem de maneira pouco previsível). Contrapõe-se à época da Administração Científica 
(época de Chronos, que significa tempo linear, contínuo e previsível, onde os eventos ocorrem em linha 
sucessória) 
Estamos vivendo agora etapa, uma 5ª etapa onde descortina-se um campo mais amplo e complexo, e 
introduz-se uma realidade que, na prática, aumenta as dificuldades da OP: a reorganização da sociedade 
atrelada às novas relações de trabalho (baseadas no modelo de qualificação da mão-de-obra), tem feito 
surgir novos espaços de intervenção, de reflexão e de trabalho para a OP. 
7 
 
O espaço de trabalho da OP não se atém mais a apenas um momento da vida (jovens no final do ensino 
médio). Atualmente, é necessário orientar adultos empregados, desempregados, aposentados, entre 
outros. A transformação do mercado de trabalho e das organizações (downsizing, foco no cliente e na 
qualidade, etc), a globalização, a inovação tecnológica, e o acesso facilitado à informação em escala mundial, 
são alguns dos novos desafios à OP moderna. 
O papel que o orientador profissional desempenha é o de resgatar o indivíduo das tendências de valor de 
uso (vínculo alienado) dando sentido à relação do indivíduo com seu trabalho, assim como o de lhe devolver 
as atividades que produzem efeitos sobre o mundo (modificações da natureza, objetos novos, produtos 
culturais, relações sociais, etc.), e que são seguidas por um reconhecimento próprio. 
É necessário enfatizar o sentido dos vínculos construtivos para si e para os demais, de modo que o indivíduo 
se sinta criando, preparando e reconhecendo melhor a realidade e os outros seres humanos. 
Por fim, cabe ao orientador, nesse novo papel, auxiliar no desenvolvimento de uma identidade interiorizada 
(capacidade de pensar de modo coeso e em um continuum temporal). 
Como essa ideologia afeta a OP: É preciso desenvolver novas estratégias que não surjam como modelos 
estáticos, mas que se reelaborem e se rearticulem a todo o momento com as demandas e as realidades que 
se apresentam. 
A OP deve dar maior ênfase não à teoria ou à técnica, mas à busca do desenvolvimento de aportes 
diferenciados, adequados a populações específicas, revelando modos mais sensíveis de abordar o problema 
da escolha profissional, e subordinando-a ao diagnóstico que aponte qual teoria e qual técnica seriam mais 
relevantes no trabalho comessa ou aquela situação. 
MUDANÇAS NA CARREIRA E NA EDUCAÇÃO:A palavra Carreira deriva originalmente do latim via carraria, 
que significava “estrada para carros”, e só após o século XIX, foi definida como “trajetória profissional” – 
uma propriedade estrutural das organizações ou das ocupações, implicando a noção de avanço, com 
perspectiva de progressão vertical na hierarquia organizacional. 
Hoje, essa estrutura já não se mantém. A noção de carreira segue um modelo serpentino, podendo mesmo 
dar-se na horizontalidade. Dessa forma, nem sempre a mudança é um movimento de ascensão: é apenas 
um deslocamento de posição. 
Assim, para se instrumentalizar na nova realidade, o sujeito deverá ser responsável por sua própria 
formação, para garantir sua sobrevivência no mundo do trabalho. O ensino torna-se, então, o seu principal 
aliado na possibilidade de crescimento e sobrevivência profissional. 
A OP é (também) procurada, hoje, por pessoas com necessidade de atualização, além de se questionarem 
constantemente a respeito de habilidades e qualificações necessárias em um mercado cujo modelo de 
profissional é o de um sujeito superqualificado. 
Novos espaços de intervenção: novos campos da OP: Escolarização como GARANTIA DE INCLUSÃO (?)no 
mundo do trabalho; Orientação profissional na grade curricular; Orientação profissional em cursinhos para a 
população de baixa renda; Criação de centros de carreira nas universidades; Orientação e planejamento de 
carreira; Sindicatos e órgãos de classe; Desemprego e grupos de reflexão de Inclusão Social; Políticas 
públicas; 
Novos espaços possíveis para a OP: Programas de TV; OP pela internet; Publicações de autoajuda. 
8 
 
A OP é, hoje, um campo que transcende em muito as teorias e as técnicas de cada orientador, pois nela 
convergem todos os conflitos de ordem social, institucional e psicológica que marcam a realidade dos jovens 
e dos trabalhadores nesse momento histórico. 
Nesse momento em que o aspecto social passa por uma transformação vertiginosa, a apreensão da 
realidade torna-se essencial, embora difusa, e muitas vezes, confusa. Nosso trabalho, muitas vezes, começa 
por classificaro que é realmente importante para o indivíduo que precisa escolher. Isso faz com que o 
campo da OP comece a se ampliar. 
 
TEXTO 3 
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: caracterização e principais objetivos 
 
Caracterização: A Orientação Profissional é uma intervenção psicológica, cujo objetivo é abordar a relação 
homem-trabalho, nas suas mais diferentes concepções, seja no que diz respeito à escolha dos estudos a 
seguir, aos conflitos que surgem no desempenho do papel profissional ou ainda à reorientação ou ao 
planejamento de carreira. 
No contexto brasileiro, a Orientação Profissional é compreendida como a ajuda para a tomada de decisão 
em momentos específicos, tais como: a passagem de um ciclo educativo a outro; a transição dos estudos ao 
mundo do trabalho; mudança de ocupação ou emprego ou preparação e adaptação para a aposentadoria. A 
intervenção ocorre, portanto, em momentos críticos da trajetória profissional de pessoas e grupos (MELO -
SILVA; LASSNCELL; SOARES, 2004). Nestes contextos, o processo poderá ser coordenado por Psicólogos e 
Pedagogos. 
Atualmente, a Orientação Profissional tem como desafio a melhor maneira de preparar o Orientando para 
suas opções de vida num mundo em mudanças. Prepará-lo melhor significa aguçar a percepção sobre suas 
próprias facilidades e dificuldades pessoais e sobre as circunstâncias externas a ele. Desta forma, a 
Orientação Profissional não se limita apenas à escolha profissional, vai muito mais além. Deve mostrar as 
novas tendências do mercado de trabalho tendo em vista a empregabilidade do Orientando. 
 
PARA REFLEXÃO: 
No processo de escolha existe um conflito de quem se quer ser (identidade pessoal) mediante algo que se 
deseja fazer (profissão), ou seja, integrar sua identidade pessoal (ser) com a profissional (fazer). 
Quando falamos de escolhas, também estamos falando de perdas pelas coisas deixadas para trás, sem a 
possibilidade de escolha. Em geral, aquilo que deixamos de escolher provoca mais angústia do que o fato de 
escolher alguma coisa. Muitas vezes, o problema maior está aí, em saber perder, em saber aceitar as 
limitações de não poder ter tudo ao mesmo tempo e com a mesma intensidade. 
 
OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
- Sensibilizar o Orientando para a necessidade de conhecer os fatores básicos de uma boa escolha 
profissional, que são: autoconhecimento, informação ocupacional e levantamento de dados sobre o 
mercado de trabalho. 
9 
 
-Estimular o autoconhecimento, com foco no reconhecimento de aspectos da personalidade e no conjunto 
de talentos, habilidades e capacidades. 
-Conscientizar o Orientando de todos os fatores que interferem na escolha de sua profissão. 
-Facilitar o acesso às informações sobre profissão e esclarecer as exigências do mercado de trabalho, como a 
empregabilidade. 
-Ajudar o Orientando na resolução de conflitos inerentes ao seu momento de vida, podendo ter um caráter 
terapêutico de acordo com a necessidade do caso. 
-Desmistificar falsas imagens e preconceitos relacionados aos papéis profissionais e possibilitar ao 
Orientando adquirir uma visão realista da díade formação profissional -ocupação funcional. 
-Auxiliar o Orientando a fazer opções, possibilitando decisões através da discussão e análise das várias 
alternativas viáveis a ele. 
FATORES QUE INTERFEREM NA ESCOLHA PROFISSIONAL 
- Fatores Políticos: Referem-se especialmente à política governamental e seu posicionamento perante a 
educação, em especial o ensino médio, ensino profissionalizante e superior. 
- Fatores Econômicos: Referem-se ao mercado de trabalho, à globalização e à informatização das profissões, 
à falta de oportunidades, ao desemprego, à dificuldade de tornar-se empregável, à falta de planejamento 
econômico, à queda do poder aquisitivo da classe média e todas as consequências do sistema capitalista 
neoliberal no qual vivemos. 
- Fatores Sociais: Dizem respeito à divisão da sociedade em classes sociais, à busca da ascensão social por 
meio do estudo (curso superior), à influência da sociedade na família e aos efeitos da globalização na cultura 
e na família. 
- Fatores Educacionais: Compreendem o sistema de ensino brasileiro, a falta de investimento do poder 
público na educação, a necessidade e os prejuízos do vestibular e a questão da universidade pública e 
privada em uma forma mais geral. 
- Fatores Familiares: Impõem à família uma parte importante no processo de impregnação da ideologia 
vigente. A busca da realização das expectativas familiares em detrimento dos interesses pessoais influencia 
na decisão e na fabricação dos diferentes papéis profissionais. 
- Fatores Psicológicos: Dizem respeito aos interesses, às motivações, às habilidades e às competências 
pessoais, à compreensão e conscientização dos fatores determinantes. 
 
10 
 
 
 
Extraído de: 
https://www.google.com.br/search?q=Imagens+orientação+profissional+atual&biw=973&bih=615&tbm=isc
h&tbo=u&sour 
- PARA O DESENVOLVIMENTO DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL utilizamos como pilares três referenciais 
teóricos: Parsons, Bohoslavsky e Moreno. A seguir são descritos, de forma resumida, os principais aspectos 
abordados por cada teórico. 
O PRIMEIRO é Frank Parsons (1854-1908) que no início do século passado, apontava que o profundo 
autoconhecimento era a chave que abriria as portas do mercado de trabalho para aqueles que se 
prepararam para escolher uma profissão. 
Parsons é conhecido como o Pai da Orientação Profissional. Engenheiro e advogado lecionou história, 
matemática e francês em escolas públicas. Foi professorde direito na Universidade de Boston e criou o 
primeiro serviço de Orientação Profissional de que se tem notícia. Entre 1905 e 1908, desenvolveu sua 
teoria, organizou um curso e treinou professores para serem conselheiros em Orientação Vocacional. 
Segundo Parsons, a Orientação Profissional deve levar o Orientando a: 
• Olhar para dentro de si, à sua volta e para a família. Pesquisar o próprio nome. Perceber seu lugar na 
família e melhorar a autoestima. •Observar os outros e respeitá-los. Perceber, aceitar e valorizar as 
diferenças. 
• Perceber o grupo e trabalhar em equipe, sendo solidário e cooperativo. Aprender a falar e a ouvir dando 
espaço e voz para que todos se manifestem. 
• Observar os pais ou responsáveis com atenção ao papel que estes representam na sua vida, percebendo a 
função complementar, além de pedir ajuda para continuar a amadurecer até atingir a idade adulta. • 
Relembrar suas características pessoais, suas habilidade, seus gostos e descobrir que estes são fatores 
importantes para a escolha da profissão. 
O SEGUNDO é Rodolfo Bohoslavsky, que afirma que é preciso conhecer a fundo as várias profissões. Para o 
autor, é preciso conhecer: qual é o objetivo com que as várias profissões realizam sua tarefa; qual é a 
11 
 
finalidade social destas; qual é o papel dos diferentes profissionais dentro do contexto socioeconômico e 
quais são as técnicas e instrumentos empregados. E também essencial conhecer a demanda do trabalho 
existente na comunidade, quanto a esses especialistas e, ao mesmo tempo, distinguindo-a da demanda, qual 
a real necessidade da comunidade em relação a esses especialistas; quais são os lugares em que se realizam 
tais trabalhos, dentre outras possibilidades. 
Rodolfo Bohoslavsky, psicólogo argentino e importante teórico da Orientação Profissional, publicou em 
1971, o livro “Orientação Vocacional – a estratégia clínica” que, desde então, passou a exercer grande 
influência nos trabalhos desenvolvidos por brasileiros. 
Segundo Bohoslavsky, a Orientação Profissional deve levar o Orientando a: 
• Tomar contato com as profissões mais relevantes na região em que se vive e saber por que elas são 
importantes naquela comunidade/sociedade. • Saber a diferença entre profissão, função e ocupação, de 
maneira a procurar se preparar profissionalmente, segundo a demanda do mercado de trabalho. 
• Conhecer todas as possibilidades de cursos profissionalizantes e superiores existentes na região, incluindo 
como é o curso, para que serve e como é a profissão a que ele se refere. • Entender que há um longo 
caminho a ser percorrido até tornar-se profissional. • Considerar a ide ia de que vale a pena batalhar para 
ter uma profissão. 
O TERCEIRO é Jacob Levy Moreno, que propõe o adestramento da espontaneidade, onde o aprender a ser 
espontâneo pressupõe um organismo apto a manter um estado flexível, de um modo mais ou menos 
permanente, de forma que o sujeito possa usar esse recurso para ampliar as suas possibilidades ao desejar 
assumir novos papéis. 
 
TEXTO 4 
PRINCIPAIS MÉTODOS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
As concepções e orientações teóricas existentes em orientação profissional assinalam práticas diversas, que 
se constituem em diferentes perspectivas de conceber os objetivos e o próprio objeto do trabalho, bem 
como as técnicas e instrumentos a serem utilizados. 
Os referenciais teóricos referentes à Orientação profissional/vocacional podem ser alocados em duas 
categorias: o método Estatístico/Psicométrico e o método Clínico. 
MÉTODO ESTATÍSTICO (OU PSICOMÉTRICO OU MÉTODO CENTRADO NO RESULATADO): principais 
características 
Tal modalidade de intervenção recebe influência da psicotécnica norte-americana e da psicologia diferencial 
de princípios do século XX, que concebem a inteligência como inata, estável e passível de ser medida. 
Impulsionada pela psicometria, esse método perdurou por muitos anos (até, aproximadamente os anos de 
1970 do século XX), com exclusividade, fundamentando todos os trabalhos de orientação vocacional 
realizados na época. 
12 
 
Os princípios teóricos da abordagem psicométrica refletem a concepção de que o sujeito que procura a 
orientação vocacional, dada a dimensão e o tipo de conflito que enfrenta, não tem condições de tomar 
decisão sozinho sobre a carreira a seguir, necessitando da assistência do psicólogo 
Nessa perspectiva, Os psicólogos adotampapel ativo, realizando intervenções de aconselhamento e decisão, 
a fim de diminuir a ansiedade do cliente. Para isso, o psicólogo investiga/avalia asaptidões e os interesses do 
orientando com o objetivo de encontrar, entre as diversas carreiras, aquelas mais indicadas (com base nas 
habilidades/competências e nos interesses) 
A modalidade psicométrica concebe que as diversas carreiras requerem aptidões específicas, passíveis de 
mensuração e constantes ao longo do tempo. Desse modo, as aptidões do cliente podem ser investigadas e 
medidas através do instrumento fundamental, que é o teste psicométrico. 
O teste psicométrico permite a investigação rigorosa das qualidades do sujeito. De posse dessas 
informações, cabe ao psicólogo buscar "encaixar" as habilidades do sujeito na carreira que tenha como 
exigências aquelas habilidades mensuradas no teste. 
De acordo com essa modalidade, os interesses do orientando são específicos e desconhecidos pelo mesmo, 
e podem ser mensurados por meio de testes desenvolvidos para estes fins. A satisfação na carreira 
dependerá do interesse que se tenha pela mesma, interesse este que caberá ao psicólogo "esclarecer." 
O psicólogo, dentro dessa perspectiva, tem como papel principal elucidar o cliente sobre os seus interesses e 
aptidões, para então formular-lhe um conselho, que se constitui numa indicação precisa do caminho que 
cabe ao jovem seguir para obter sucesso profissional. 
EM SÍNTESE: Na abordagem psicométrica (também nomeada por estatística ou atuarial): o psicólogo 
conhece as aptidões, interesses (utilizando testes psicométricos) e possibilidades no mercado de trabalho. 
Após essa análise apresenta uma resposta para o orientando. 
MÉTODO CLÍNICO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL (OU MÉTÓDO CENTRADO NO PROCESSO):principais 
especificidades 
O método clínico de atuação em orientação vocacional recebe, desde sua origem, influência significativa da 
psicanálise (Escola Inglesa e da Psicologia do Ego), da teoria de Donald Super e das técnicas de cunho não 
diretivo preconizadas por Carl Rogers. 
A premissa central desse método parte da ideia de que o sujeito pode e deve chegar a uma decisão sobre a 
sua escolha, se conseguir resolver os conflitos e ansiedades relacionados com seu futuro profissional. 
O sujeito deve conseguir assumir e compreender a situação de crise que enfrenta, para poder chegar a uma 
decisão autônoma e responsável sobre seu futuro profissional. Nesta modalidade, o psicólogo assume uma 
postura não diretiva e se apoia na premissa de que a escolha é uma responsabilidade e direito do cliente, 
que não cabe a ninguém usurpar-lhe. 
Dentro dessa perspectiva, o psicólogo atua no sentido de esclarecer e informar ao sujeito, colaborando para 
que o mesmo possa elaborar os conflitos que enfrenta, a fim de estabelecer uma imagem não conflituosa de 
sua identidade profissional, e chegar a uma decisão pessoal e responsável sobre seu futuro profissional. 
13 
 
O objetivo do psicólogo é, portanto, o de instrumentalizar a escolha e a construção da identidade 
profissional pela via do autoconhecimento e da articulação entre aspectos do mundo do trabalho e o 
universo subjetivo do orientando.Trata-se de uma modalidade cujo principal instrumento é a entrevista. Ela 
permitirá ao psicólogo a compreensão da problemática do sujeito, e facilitará o seu acessoa uma melhor 
compreensão de si. 
A entrevista busca investigar/analisar alternativas para que o cliente enfrente conflitos subjacentes à escolha 
profissional. O enfrentamento do conflito permitirá ao sujeito elaborar perdas, lutos e outras dificuldades, 
além de ajudar na compreensão da situação que enfrenta, resolvendo as ansiedades subjacentes a fim de 
estabelecer sua identidade profissional. 
EM SÍNTESE: A MODALIDADE CLÍNICA Propõe auxiliar o orientando para que este tenha uma escolha 
realística (colaboração não diretiva com o cliente). Auxilia no processo do estabelecimento de uma 
identidade profissional que não esteja em conflito com aidentidade pessoal. 
 
TEXTO 5 
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: Principais instrumentos e técnicas 
 
ENTREVISTA 
- É o instrumento mais utilizado em atendimentos individuais. No atendimento em grupo a entrevista 
individual é utilizada no início e no final da intervenção e, se necessário, durante o processo. 
- Na abordagem psicométrica tem como principal objetivo levantar informações sobre o indivíduo para 
auxiliar o orientador na indicação de uma profissão. Nas abordagens do desenvolvimento e clínica tem 
como objetivos levantar informações para realização do diagnóstico, auxiliar o orientador no planejamento 
da intervenção e ser o espaço privilegiado para a realização de tarefas que levem a mudança de 
comportamento através do desenvolvimento do autoconhecimento e do conhecimento do mundo do 
trabalho. 
Importante: Ao longo da entrevista, o orientador não assume uma atitude passiva, mas interage com o 
orientando de forma mais diretiva do que em uma entrevista psicoterápica. 
 
INSTRUMENTOS PADRONIZADOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: 
Testes psicológicos, inventários e escalas. 
- Constituem ferramentas que auxiliam oorientador profissional no processo de intervenção. A escolha 
do teste depende da teoria utilizada, das informações que o orientador pretende obter e do uso que o 
orientador pretende fazer dessas informações. 
 
A UTILIZAÇÃO DOS TESTES NO MODELO CENTRADO NO RESULTADO (ABORDAGEM PSICOMÉTRICA):Tem 
como objetivo levantar o perfil do indivíduo para a identificação e indicação da profissão mais 
14 
 
adequada.Costumam ser usadas baterias de aptidões múltiplas, inventários de interesses e escalas de 
personalidade 
- Baterias de Aptidões: para avaliação de aptidões específicas (raciocínio numérico; raciocínio abstrato; 
raciocínio mecânico; atenção concentrada; percepção espacial; fluência verbal). Pode ser incluído um teste 
de inteligência (Fator G). 
- Inventários de Interesses: fazem a relação entre diferentes atividades (figuras, fotos, lista de atividades, 
títulos de livros) e áreas de interesse (social, burocrática, artística, científica, comercial, agrícola, 
administrativa), que geralmente são associadas a determinadas profissões. 
- Inventários e/ou escalasde personalidade. 
 
A UTILIZAÇÃO DOS TESTES NO MODELO CENTRADO NO PROCESSO (abordagens do desenvolvimento e 
Clínica):O uso de testes é facultativo. Tem como objetivo levantar informações sobre o indivíduo para 
auxiliar o orientador na realização do diagnóstico no qual o processo de intervenção será construído. 
Abordagem do Desenvolvimento: Escala de Maturidade para Escolha Profissional (EMEP) (parecer favorável 
do CRP) 
Abordagem Clínica: Teste de Fotos de Profissões (BBT) (parecer favorável do CRP).Teste Projetivo Ômega 
(TPO) (parecer desfavorável do CRP).Teste de Apercepção Temática (TAT) (parecer favorável do 
CRP).QUATI (parecer favorável do CRP).Técnicas expressivas: dupla educativa ou técnica situacional 
gráfica 
 
Importante: antes de selecionar um instrumento de avaliação psicológica deve ser-OBRIGATORIAMENTE - 
realizada uma consulta ao Sistema de avaliação de testes psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de 
Psicologia (satepsi.cfp.org.br/). 
 
TÉCNICAS NÃO PADRONIZADAS (técnicas expressivas e técnicas plásticas) 
 Configuram os principais instrumentos utilizados no processo de orientação profissional em grupo. Podem 
ser adaptadas para uso em atendimento individual (mas perdem a riqueza proporci onada pela interação). 
- Principais técnicas expressivas e plásticas: Dinâmica de grupos, técnicas psicodramáticas, de informação 
profissional, colagens, simulações de situações profissionais, elaboração de desenhos, dentre outras. 
- São ferramentas que auxiliam no processo de orientação profissional e não o objetivo da realização do 
processo de intervenção e/ou de avaliação. 
- O uso das técnicas não deve ser feito de forma indiscriminada. Assim, é aconselhável que as técnicas sejam 
escolhidas de acordo com as demandas do grupo e não determinadas antes do processo de intervenção 
(relatividade da técnica). 
15 
 
- É importante que o orientador tenha habilidade para escolha e aplicação da técnica: Podem ser utilizadas 
técnicas de dinâmica de grupo e psicodramáticas conhecidas ou podem ser criadas novas técnicas conforme 
a necessidade. 
- Objetivo da técnica é sensibilizar os integrantes do grupo para a discussão da questão que se quer 
trabalhar: O caráter lúdico das técnicas ajuda a despertar a espontaneidade e a autenticidade da fala dos 
participantes do grupo 
- O uso da técnica envolve: a preparação para realização da técnica (explicação do que será feito). O 
desenvolvimento da técnica (com o objetivo de proporcionar uma vivência no momento presente que leve à 
reflexão sobre a questão que o orientador pretende trabalhar). A troca de impressões e sentimentos entre 
os participantes da experiência vivenciada. Avaliação da eficácia (ou não) da utilização da técnica. 
OUTRAS TÉCNICAS Ler (e analisar) os seguintes capítulos contidos no Material didático que abordam 
técnicas de Orientação profissional: 14, 18, 20, 21, 22 e 24. 
TEXTO 6 
TEORIAS VOCACIONAIS 
Várias teorias em Orientação Profissional surgiram para entender e guiar as escolhas profissionais. Crites 
(1969) classificou as teorias de escolha vocacional em 3 grandes grupos: Teorias Psicológicas: foco da 
escolha no indivíduo, nas suas características psicológicasTeorias Não Psicológicas: o ambiente é que 
levaria o indivíduo a escolher a profissão.Teorias Gerais: teorias interdisciplinares. 
AS TEORIAS PSICOLÓGICAS são subdivididas em: Traço-Fator, Evolutivas, Psicodinâmicas, Decisionais e 
Tipológicas. 
A Teoria Traço-Fator, parte do princípio de que as pessoas diferem em suas habilidades, interesses e traços 
de personalidades e que cada profissão requer indivíduos com aptidões específicas. Esta teoria enfatiza "o 
homem certo no lugar certo". 
Para as Teorias Evolutivas ou Desenvolvimentistas, o indivíduo possui um ciclo de vida e este se desenvolve 
vocacionalmente durante toda a vida. Critica-se a ideia de "momento de escolha", defendendo-se a 
concepção de desenvolvimento vocacional. 
As Teorias Psicodinâmicas: consideram que há uma continuidade no desenvolvimento entre as atividades 
primárias e físicas e as intelectuais complexas e abstratas do organismo. 
As atividades adultas complexas, nesta teoria, mantêm as mesmas fontes de gratificação que as infantis e 
também que as experiências infantis, nos primeiros seis anos de vida, são decisivas na formação da 
personalidade e na criação das necessidades que se expressarão mais tarde na conduta vocacional. 
Segundo as Teorias Decisionais, a decisão deve ser fruto de uma análise minuciosa dos elementos que 
intervém no processo. Consiste em identificar as possibilidades oferecidas, analisar as consequências, avaliar 
e decidir, chegando finalmente a uma escolha. O orientador profissional deve, nesta teoria, ajudar as 
pessoas a analisarem os dados para estabelecer uma decisão, colidirinformações e a determinar 
empiricamente a utilidade de cada decisão. 
16 
 
As Teorias Tipológicas implicam numa correspondência entre tipo de personalidade e modelos ambientais. 
Com base na experiência da pessoa, ela elabora formas habituais no desempenho de tarefas que seu 
ambiente psicológico, social e físico lhe apresenta. Sua herança biológica e social, unida à sua história 
pessoal, cria uma série característica de capacidades perceptivas e pontos de vista, como metavitais, valores, 
autoconceitos e métodos típicos, para enfrentar os problemas cotidianos. 
Já as TEORIAS NÃO PSICOLÓGICAS são subdividas em teorias: Sociológicas e Econômicas. 
As Teorias Sociológicas enfatizam a importância dos determinantes socioeconômicos e culturais. A família, a 
raça, a nacionalidade, a classe social e as oportunidades culturais e educacionais são fatores decisivos na 
determinação da ocupação. O indivíduo ao fazer escolha é determinado principalmente pela expectativa de 
status da classe social a que pertence. 
Nas Teorias Econômicas, o fator determinante da escolha profissional é a vantagem econômica oferecida 
pela profissão; dessa forma, os indivíduos tenderiam a escolher a ocupação que oferecesse melhores salários 
e a distribuição dos trabalhadores no mercado de trabalho, seria, portanto, de acordo com a lei da oferta e 
da procura. 
E, por último, as Teorias Gerais, que preconizam que determinantes isolados não são suficientes para 
explicar a escolha profissional, mas sim reunindo contribuições da Economia, Sociologia e Psicologia. A 
estrutura social influencia no desenvolvimento da personalidade e define as condições socioeconômicas em 
que a seleção ocorre (CRITES apud SILVA, 1996). 
Além destas teorias, existem outras abordagens, não constantes daquela classificação como: a Estratégia 
Clínica de Bohoslavsky, a Teoria da Aprendizagem Social e a Abordagem Psicopedagógica em Orientação 
Vocacional, entre outras. 
DIFERENÇA ENTRE VOCAÇÃO E PROFISSÃO: O termo orientação profissional substituiu o termo 
orientaçãovocacional. A ideia de vocação é ultrapassada na medida em que se acreditava que o indivíduo já 
nascia para uma determinada profissão. A orientação profissional, por sua vez, está atrelada ao fato de que 
esta escolha deve estar pautada no “projeto de vida” de cada um. Assim, os antigos testes vocacionais 
indicavam habilidades dos jovens e as profissões eram mais delimitadas, ao passo que atualmente as 
carreiras são multidisciplinares, interconectadas com funções múltiplas e versáteis, o que torna mais 
complicado para um simples teste indicar a profissão de um adolescente. 
 
TEXTO7 
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL INDIVIDUAL E EM GRUPO: Principais vantagens de cada modalidade. 
 
17 
 
Orientação profissional individual: desenvolvida, especialmente, no ambiente clínico. O principal 
instrumento utilizado é a entrevista clínica, a partir da qual o orientador buscará as informações necessárias 
para auxiliar no processo de escolha profissional do indivíduo. 
Vantagens da modalidade individual: Possibilita o aprofundamento de diversos aspectos que seriam 
impossíveis de serem trabalhados no modelo grupal. Além disso, podem-se observar, mais a fundo, diversos 
conteúdos que eventualmente surgem durante o processo de orientação que podem atrapalhar o 
funcionamento do indivíduo e necessitar de intervenções clínicas. Nesta modalidade, é importante que o 
contrato de trabalho seja bem estabelecido, não deixando que o foco se perca para outros temas que o do 
trabalho ou para que a orientação não se torne uma psicoterapia. 
- Orientação profissional em grupo: Inicialmente, deve-se ter claro que o orientador precisa ter 
conhecimento de psicologia de grupos, necessário para que se possa trabalhar e lidar com os fenômenos 
grupais que emergem neste tipo de intervenção. Tende a ser adotada com mais frequência em escolas, pré-
vestibulares e serviços de atendimento, tendo em vista a concentração da demanda nestes locais. 
1º momento (Encontros iniciais):Objetivos a busca por um conhecimento maior de cada um por si próprio 
e da formação de um vínculo entre os participantes, ajudando os mesmos a observar as situações 
(semelhanças e diferenças) de cada um dos membros. 
2º momento (desenvolvimento): Objetivos  são abordados os temas referentes as profissões, com 
exposição dos desejos dos membros e uma orientação sobre as características de cada profissão. 
3º momento (Finalização): Objetivos  integração de tudo que foi abordado e aprendido para cada 
indivíduo. Também é indicado um encontro individual para trabalhar questões específicas de cada 
participante. 
Vantagens da modalidade grupal: A interação entre os participantes. Neste caso, é preciso observar como 
se configuram os vínculos entre eles, com a tarefa e com os orientandos e como ocorre o aprendizado no 
grupo. A possibilidade de feedbacks entre os próprios participantes e, a de aprendizado com as experiências 
passadas pelos demais. Vantagens financeiras: os gastos com o profissional que a executa serem divididos 
pelo número de participantes do grupo, se tornando um método ideal para instituições que oferecem esse 
trabalho ao público que atende. 
 
TEXTO 8 
ABORDAGEM CLÍNICA nas perspectivas de Bohoslavsky e de Torres 
 
A estratégia clínica de Rodolfo Bohoslavsky: foi concebida inicialmente para ser desenvolvida com jovens em 
situação de escolha profissional. Nesse sentido, concebe a decisão profissional como uma situação típica que 
18 
 
o jovem deve enfrentar até chegar a uma opção pessoal e responsável, sendo as entre vistas os principais 
recursos a serem utilizados pelo psicólogo, numa posição não mais diretiva, uma vez que o indivíduo pode 
elaborar a própria decisão. Emerge, portanto, da crítica do autor à abordagem estatística. 
O autor caracteriza a orientação vocacional como processo de colaboração não diretiva com o cliente, 
ajudando-o a estabelecer uma identidade profissional e promovendo o estabelecimento de imagem não 
conflitava com a sua própria identidade pessoal. 
 
A escolha é um direito do orientando. Para tanto, o psicólogo, além das competências técnicas e sociais, 
necessita: 
1. Ter uma visão compreensiva e ampla dos problemas da juventude: 
2. Estabelecer relações causais entre os diversos fenômenos que ocorrem ao longo do processo. 
3. Distinguir entre problemas vocacionais e demais problemas da personalidade. 
4. Investigar/analisar preocupações e temores do orientando: “escolher uma profissão pra o adolescente é 
viver o futuro no presente”. 
Assim sendo, o processo de orientação profissional, baseado na modalidade clínica visa facilitar ao 
orientando seu autoconhecimento e conscientizá-lo da responsabilidade em suas decisões, enfim, ajudá-lo 
na construção de uma identidade ocupacional e integração de aspectos das identificações que servem à 
função defensiva, tornando-as benéficas ao processo de escolha profissional e permitindo a elaboração de 
conflitos e ansiedades relativas ao futuro. 
É denominada de “Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Processo”, o qual se vale, sobretudo, de 
entrevistas psicológicas, facultando o uso de testes psicológicos. Estes, quando adotados, voltam -se à 
avaliação de aspectos como maturidade vocacional, indecisão, exploração, bem estar psicológico, influência 
familiar, dentre outros. 
O autor identifica três grandes momentos no processo da orientação vocacional: 
1. O da eleição fantasiada que vai da infância até a adolescência. 
2. O da tentativa da escolha profissional durante a adolescência. 
3. O da escolha definitiva e da eleição realista que se desdobra em exploração de uma área de realidade 
profissional, cristalização de umvínculo com uma área de realidade profissional e social, e da especificação 
do vínculo com uma área da realidade profissional. 
PRINCIPAIS ETAPAS: entrevistas abertas; elaboração de uma hipótese diagnóstica; elaboração de um 
prognóstico; informação ocupacional. 
 
ENTREVISTA(s) (semidiretiva, semidirigida ou semiaberta): 
Inicial: Permite ao psicólogo a compreensão da problemática do sujeito e facilitará o seu acesso a uma 
melhor compreensão de si. Possibilita: construir um vínculo; apresentar o enquadre; construir um espaço 
19 
 
que propicia o autoconhecimento e elaborar hipóteses diagnósticas. Para estas hipóteses devem ser 
considerados aspectos psicodinâmicos, tais como: índice de maturidade, identificações com o grupo familiar, 
percepções valorativas do próprio grupo profissional, a problemática vocacional da família, a identificação 
com determinados grupos profissionais, mecanismos de defesa utilizados (como por exemplo: negação e 
projeção). 
Entrevista Devolutiva: tem o objetivo de discutir e integrar todas as etapas do processo 
DIAGNÓSTICO 
Tem o objetivo de evidenciar “os fatores intervenientes no processo de escolha, sejam eles de ordem social, 
educacional, familiar e/ou psicológica, conscientes e/ou inconscientes” e de elaborar um prognóstico de 
orientabilidade. 
O enfrentamento do conflito permitirá ao jovem elaborar perdas, lutos e outras dificuldades, além de ajudar 
na compreensão da situação que enfrenta, resolvendo as ansiedades subjacentes a fim de estabelecer de 
maneira autônoma sua identidade profissional. 
INFORMAÇÃO PROFISSIONAL: 
Pesquisa desenvolvida pelo orientando e discussão do levantamento com o orientador. Cabe destacar que, 
mais importante do que realizar a escolha por uma carreira específica, seria obter subsídios que permitam 
ao jovem realizar as diversas escolhas ao longo de seu trajeto profissional. 
Nessa perspectiva, o trabalho de Orientação Profissional é caracterizado como uma intervenção 
psicoprofilática, através da qual busca-se promover o desenvolvimento das potencialidades do sujeito, seu 
amadurecimento, para que ele possa se realizar profissionalmente. 
A Orientação Profissional contempla três esferas institucionais distintas: família, escola e sociedade. Assim, 
para o autor, o importante seria reforçar a identidade profissional, ou seja, a auto percepção no decorrer do 
tempo, em termos de papéis ocupacionais, sendo a atividade profissional o conjunto de expectativas do 
papel assumido e o papel profissional a sequencia pautada de ações apreendidas, executadas por uma 
pessoa em situação de interação. 
 
O MÉTODO DE (Maria Luiza Camargo) TORRES 
Diferencia-se da proposta desenvolvida por Bohoslavsky em função da: fonte teórica, metodologia e pelos 
recursos técnicos utilizados. Bohoslawsky emprega vários recursos técnicos nas orientações individuais e em 
grupo. A autora abstém-se da utilização de testes psicológicos e prioriza as entrevistas e o trabalho de 
cunho individual. 
20 
 
De acordo com Torres (2002), a orientação profissional clínica se divide em 6 etapas, sendo elas: exploração, 
estudo das possibilidades, a escolha das alternativas, a instrumentalização, escolha propriamente dita e a 
finalização. 
Exploração: oorientador irá buscar informações referentes ao funcionamento do orientando, bem como 
definir o enquadre do trabalho que será feito. E nesta fase também que se desenvolve o vínculo entre as 
duas partes da orientação. 
Estudo das possibilidades: o orientando vai fazer o reconhecimento de seus recursos e desejos, bem como 
das profissões que estão ou não ao seu alcance. Neste momento, o orientador deve ajudar o orientando a 
criar e observar o leque de possibilidades que ele possui; 
A escolha das alternativas: o orientando ira perceber os prós e contras de cada uma das possibilidades 
vistas anteriormente e escolher as alternativas nas quais deseja se aprofundar mais, fazendo assim uma pré-
seleção. 
A instrumentalização: o orientador irá ajudar a suprir a carência de informações sobre as possibilidades pré-
selecionadas, instruindo o orientando a fazer entrevistas, conhecer profissionais que trabalhem nas áreas 
escolhidas, ir a palestras e feiras, entre outros. 
 Escolha propriamente dita: o orientando deve ser capaz de assumir uma preferência a partir dos recursos 
adquiridos no decorrer das etapas anteriores, fazendo assim, uma escolha, em detrimento das demais 
opções. 
Integração: finalização com a integração de tudo aquilo que foi abordado ao longo do processo. 
 
TEXTO COMPLEMENTAR: leitura facultativa 
CONSIDERAÇÕES RELEVANTE SOBREO PROCESSO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL DESENVOLVIDA POR 
BOHOSLAVSKY2 
[,,,] Ao contrapor à modalidade psicométrica uma nova abordagem da problemática vocacional, Bohoslavsky 
sustenta sua proposição no uso da estratégia clínica. Entendida como o planejamento de ações que irá 
subsidiar o trabalho de orientação, fundamenta-se no método clínico (BLEGER, 1984) e, como tal, pressupõe 
a articulação entre intervenção e investigação, em um processo dinâmico, constantemente sujeito a 
revisões. Nessa perspectiva, trata-se de investigar a personalidade de quem escolhe, seus conflitos e 
ansiedades quanto à situação da escolha (Torres, 2001) em paralelo à intervenção; ou seja, ao processo de 
construção de uma escolha profissional e de um projeto de vida. 
O orientador, que atua na modalidade clínica psicodinâmica, tem também a responsabilidade de elaboração 
de um diagnóstico de “orientabilidade”, como etapa preliminar, ainda que infindável, de um processo de 
 
2
Extraído de: SELIG, Gabrielle Ana; VALORE, Luciana Albanese. Orientabilidade ao longo de um processo grupal com 
adolescentes: relato de uma experiência. Rev. bras. orientac. prof, São Paulo , v. 9, n. 2, dez. 2008. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci. Acessoem: 10 set. 2015. 
 
21 
 
orientação. Criado por analogia ao termo “analisabilidade” utilizado pelos psicanalistas, para o autor, o 
conceito de orientabilidade relaciona-se à investigação de alguns aspectos que serão descritos a seguir. 
Tendo em vista que “toda escolha implica um projeto e um projeto nada mais é do que uma estratégia no 
tempo” importa analisar como o candidato à orientação maneja a dimensão temporal, sempre 
considerando que o tempo é instrumentalizado pelas pessoas, estando em constante reconstrução. É 
importante verificar como o adolescente situa suas colocações, se está centrado no presente, passado ou 
futuro, ou relacionando a estas dimensões. Quanto ao presente, cabe observar em que momento se 
encontra frente à situação de mudança: (a) seleção, discriminação das profissões, dos gostos e aptidões 
pessoais; (b) escolha, estabelecimento de relações estáveis com os objetos; ou (c) decisão, elaboração de 
lutos (pela adolescência, pelas escolhas fantasiosas, dentre outra s). 
 Igualmente relevante torna-se a investigação quanto ao(s) tipo(s) e grau(s) de ansiedade, ao(s) objeto(s) 
ao(s) qual (ais) está ligada, persistência ou variações e mecanismos defensivos que desencadeia. També m é 
preciso averiguar que fantasias e temores referentes à autoimagem, ao futuro, à vida universitária, à 
escola secundária estão vinculados às ansiedades de tipo persecutória, depressiva ou confusa. 
Importa também atentar ao tipo de vínculo estabelecido com o(s) objeto(s) carreira(s), bem como às 
identificações predominantes, isto é, aos comportamentos de conhecimento e de reconhecimento da 
situação de oportunidade que o orientando está vivendo, aos gostos e interesses manifestados pelas 
carreiras e às tentativas de reparação que serão satisfeitas através da opção por umadelas. 
Outro aspecto a ser considerado refere-se ao tipo de situação vivenciada em relação à problemática 
vocacional, a qual pode ser predilemática, dilemática, problemática ou de resolução, sendo que cada uma 
delas remete ao processo de elaboração dos lutos aí implicados. Por fim, cabe investigar as expectativas 
(conscientes e inconscientes) quanto ao processo de orientação profissional, na medida em que este 
propicia a produção e a explicitação das fantasias referentes à vida futura. Neste aspecto, denominado por 
Bohoslavsky de “fantasias de resolução”, o vínculo transferencial estabelecido com o orientador merece 
destaque. Associado a isto, é preciso também considerar o processo de deuteroescolha ; ou seja, o modo 
como o orientando escolheu escolher e isto poderá ser investigado atentando-se, especialmente, à maneira 
como lida com a situação da primeira entrevista. 
- Sobre o diagnóstico de orientabilidade: prática instituída dentre os profissionais da Orientação 
Profissional(OP) atrelados à modalidade clínica. Oliveira e Holanda (2000), por exemplo, observam que não 
são todos os orientandos que atingem os objetivos propostos: aprendizado da escolha, conhecimento de si 
e do mundo ocupacional. Neste sentido, em consonância à proposição de Bohoslavsky, propõem o 
diagnóstico como parte imprescindível do processo, com a finalidade de evidenciar “os fatores 
intervenientes no processo de escolha, sejam eles de ordem social, educacional, familiar e/ou psicológica, 
conscientes e/ou inconscientes” e de elaborar um prognóstico da orientabilidade. A principal função do 
diagnóstico: investigar se o pedido de orientação encobre a necessidade de um atendimento psicoterápico. 
 
22 
 
TEXTO 9 
Metodologia da Ativação da Aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica em Orientação 
Profissional 
Objetivo da Metodologia de Aprendizagem: Permitir ao individuo colocar-se como sujeito de 
aprendizagem, considerando seus aspectos COGNITIVOS, AFETIVOS E SOCIOCULTURAIS. 
A FUNDAMENTAÇÃO DA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA e permeada por quatro princípios: 
1- Princípios de ativação da aprendizagem. 
2- Princípios da unidade operatória. 
3- Princípios do processo decisório. 
4- Princípios da Gestalt. 
Tais fundamentos são descritos a seguir. 
1. Princípios de ativação da aprendizagem: As experiências devem ser vividas. As experiências devem 
ser tratadas cognitivamente. As experiências devem ser integradas lógica e psicologicamente. Isto 
significa que o homem é concebido na sua totalidade, com suas motivações, com sua forma singular de 
conceber o mundo, com suas habilidades intelectuais, suas potencialidades e emoções. 
A ativação da aprendizagem CONSISTE EM EXERCITAR, POR MEIO DE SITUAÇÕES APROPRIADAS, 
HABILIDADES E ATITUDES. AS HABILIDADES são as operações internas envolvidas no tratamento da 
experiência. AS ATITUDES são os efeitos cognitivos e afetivos da atividade que se expressam em ações. 
2- Princípios da Unidade Operatória: Habilita o aluno a perceber, a sentir e a pensar para dar sentido ao 
ato concreto, sem desviar o pensar do ato de fazer. 
Princípio da unidade operatória: articulação da ação-reflexão: aprender a compreender condutas. 
Implica na expansão da consciência e o desenvolvimento do potencial intuitivo criador do aluno, 
habilitando-o a perceber, a sentir e a pensar para dar sentido ao ato concreto sem desviar o pensar do 
ato de fazer e do sentir. 
3- Princípios do processo operatório: As TAREFAS integram um conjunto de ações, permitindo 
estabelecer um vínculo com OS OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS que são os organizadores do processo 
de aprendizagem. No quadro a seguir são apresentados possíveis exemplos. 
 
23 
 
 
 
5. Princípios do processo decisório: Aqui devem ser exploradas as seguintes etapas: 
a) Seleção: etapa em que há discriminação e hierarquização dos objetos disponíveis. 
b) Escolha: etapa em que s e estabelec e relação mais íntima com os objetos possíveis, have ndo a mbiguidade e 
ambivalência frente a eles. 
c)Decisão: ação sobre a realidade e elaboração e projetos para apoderar -se do objeto e torna-lo seu. 
 
24 
 
 
 
5- Princípios da Gestalt: Permite compreender como a pessoa estrutura sua experiência presente para 
ampliar a percepção de si, em um contato criativo com o meio, favorecendo as condições para o 
equilíbrio, para a integração e para o crescimento do indivíduo como um todo. 
ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA EM OP visa atender as demandas do momento histórico do individuo 
para que ele possa aprender a SELECIONAR, A ESCOLHER E A DECIDIR A PROFISSÃO QUE QUER E PODE 
TER, DE QUE MODO E EM QUAL CONTEXTO. 
 
25 
 
 
 
A utilização DO PLANEJAMENTO POR OBJETIVO PODE SER ADAPTADA PARA ATENDER AS 
SEGUINTESSITUAÇÕES:Trabalho com uma única pessoa ou com um grupo; Nível de maturidade do 
indivíduo;Momento do desenvolvimento pessoal; Tempo disponível para a realização do trabalho; 
Nível socioeconômico do indivíduo ou grupo. 
 
26 
 
 
 
 
27 
 
 
28 
 
Referência: LEVENFUS, Rosane Schotgues; SOARES, Dulce Helena Penna; Cols. Orientação Vocacional 
Ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a cl ínica, a escola e a empresa. 
Porto Alegre: Artmed, 2002. (Capítulos 8 ). Material didático: capítulo 8 . 
 
TEXTO 10 
DONALD SUPER E O DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL 
Super (1910 -1994): Estudou com mais profundidade o comportamento vocacional. As questões 
relacionadas com a orientação vocacional, com a escolha de uma profissão ganham especial 
importância nas últimas décadas do século XX, em função da mudança no modo de produção (passagem 
do Fordismo para o Toyotismo). 
Principal diferença da teoria de Super em relação a outros psicólogos que também se dedicaram à 
temática Orientação Profissional. Para este autor: A escolha de uma profissão, de uma ocupação, não se 
resume a um momento da vida de uma pessoa, um momento único e estático. 
Super defende que a escolha profissional constitui um processo que se desenvolvido ao longo de toda a 
vida das pessoas. Isto significa que para o autor, o desenvolvimento vocacional é um processo continuo 
que vai desde a infância até à velhice. 
 Assim o autor apresenta os princípios que justificam a concepção desenvolvimentista da 
escolha profissional: 
1. As características das pessoas qualificam-nas para determinadas ocupações profissões. 2. Cada 
profissão requer um conjunto de capacidades e características de personalidade, ainda que não de 
uma forma rígida. 3. As preferências vocacionais das pessoas não são estáticas, modificam-se ao longo 
da vida por influência da sua experiência e das situações. 4. O desenvolvimento vocacional decorre em 
vários estádios ou fases da vida marcados por características próprias. 
Uma das contribuições mais significativas de Super: a importância dada ao desenvolvimento dos 
ATOCONCEITO. 
O AUTOCONCEITO VOCACIONAL/PROFISSIONAL corresponde ao conjunto de interesses, competências, 
valores associados a uma profissão ou ocupação. Ao manifestar uma preferência VOCACIONAL, o 
indivíduo exprime a pessoa que pensa ser, a pessoa que quer ser. 
Formulando uma preferência vocacional, “o indivíduo exprime uma ideia do tipo de pessoa que pensa 
ser; escolhendo uma profissão, ele atualiza seu autoconceito; progredindo numa carreira, ele se 
atualiza" (SUPER, 1963 apud BALBINOTTI, 2003) 
Super define a MATURIDADE VOCACIONAL como a capacidade de a pessoa cumprir as tarefas com que 
é confrontado. 
29 
 
A maturidade vocacional é definida como a capacidade do indivíduo para enfrentar as tarefas de 
desenvolvimento com as quais ele é confrontado como consequência deseu desenvolvimento social e 
biológico, de uma parte, e das necessidades da sociedade em relação às outras pessoas que alcançam 
este estado de desenvolvimento, de outra parte. 
É conveniente precisar, quando se fala de maturidade vocacional no modelo desenvolvimentista de 
Super, que esta noção se aplica propriamente ao desenvolvimento profissional do adolescente e do 
início da idade adulta. Com efeito, no caso dos adultos, Super não fala exatamente de maturidade 
vocacional, mas sim de adaptabilidade profissional. 
EM SÍNTESE: O autoconceito vocacional/profissional corresponde ao conjunto de interesses, 
competências, valores associados a uma profissão ou ocupação. Ao manifestar uma preferência 
vocacional, o indivíduo exprime a pessoa que pensa ser, a pessoa que quer ser. Maturidade vocacional: 
capacidade de a pessoa cumprir as tarefas com que é confrontado. O desenvolvimento vocacional: se 
estende da infância até a velhice, e o seu desenrolar é geralmente ordenado, previsível e dinâmico, por 
resultar da interação entre os conhecimentos do indivíduo e as solicitações da cultura, valorizando os 
aspetos intelectuais, emocionais e sociais da escolha e da adaptação profissional. A cada etapa ou 
estádio correspondem tarefas específicas a ser realizadas. 
ESTÁDIOS E SUBESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL: Foram catalogados CINCO ESTÁDIOS 
DA VIDA: infância, adolescência, idade adulta, maturidade e velhice. Incluem o período escolar, pré -
profissional e profissional. 
OS ESTÁDIOS DE VIDA: Crescimento: Do nascimento aos 13-14 anos. Exploração: Dos 15 anos aos 24 
anos. ESTABELECIMENTO: Dos 24 anos aos 44 anos. MANUTENÇÃO: Dos 44 anos aos 64 anos. 
DESCOMPROMISSO: Após os 64 anos. 
Principais características e dinâmicas (tarefas a serem realizadas): 
1. ESTÁDIO DO CRESCIMENTO: Desde o nascimento, a criança desenvolve-se num contexto social 
através do processo de socialização. É na relação com os outros (pais, professores, outros adultos 
significativos e colegas) que, ao identificar-se com eles, ela vai construir o autoconceito vocacional: 
preocupa-se com o futuro, compreende a importância de ter sucesso na escola, adquire hábitos e 
rotinas de trabalho, procura ser competente. Apesar de este estádio abranger idades com 
características muito diversas, o percurso que a criança efetua é no sentido de as capacidades e 
interesses serem progressivamente dominantes. 
2. ESTÁDIO DE EXPLORAÇÃO: Esta fase vai desde a adolescência ao início do estado adulto e 
corresponde a um período de exploração de si próprio, do mundo do trabalho e dos papéis das outras 
pessoas nas suas ocupações. 
30 
 
O autoconceito vocacional constrói-se na interação com os outros, com as experiências pessoais, com o 
desempenho dos papéis em casa, na escola e noutros contextos de vida. 
Num primeiro momento, as opções vocacionais são ensaiadas nas conversas com os outros e nas 
fantasias. Mas, progressivamente, o jovem vai construindo o seu autoconceito vocacional em contato 
com a realidade. Escolhida uma profissão, desenvolve as tarefas desta fase, implementando a sua 
opção. Contudo, a escolha não está finalizada. 
3. ESTÁDIO DE ESTABELECIMENTO: Na fase do desenvolvimento, que decorre entre os 25 e os 44 anos, 
podem surgir questões relacionadas com experimentações e ensaios na procura de um autoconceito 
vocacional seguro. Esta situação pode refletir-se, por exemplo, na mudança de emprego e na procura 
de novos percursos de vida profissional através de novas experiências laborais. À medida que o tempo 
avança o adulto procura dar solidez no mundo do trabalho, estabilizando, consolidando e progredindo 
na sua ocupação. 
 4. ESTÁDIO DE MANUTENÇÃO: A designação deste estádio reflete a principal preocupação das 
pessoas: preservar e manter com sucesso o autoconceito vocacional estabelecido. Assim, desenvolver, 
conservar e cuidar são as tarefas que caracterizam esta etapa. Contudo, TAL dinâmica NÃO SIGNIFICA 
ESTAGNAÇÃO. Se a pessoa não se sente autorrealizada na sua ocupação pode abraçar novos desafios. 
É comum, nesta fase da vida, muitos colocarem a si próprios a pergunta: “É isto que quero fazer nos 
próximos anos?”. Neste contexto podem surgir mudanças e, por isso, inovar é também uma tarefa 
deste estádio de desenvolvimento. A frustração pode surgir se a pessoa não conseguir estabilizar-se 
numa ocupação que a autorrealize, que seja adequada ao seu perfil. 
5. ESTÁDIO DE DECLÍNIO OU DESCOMPROMISSO: numa primeira interpretação, designou o período que 
se inicia a partir dos 65 anos como o “estádio do declínio”. Substitui, depois, a designação por estádio 
de descompromisso ou desengajamento. É a fase da vida em que se assiste a uma desaceleração no 
desenvolvimento da carreira através da aposentadoria. 
Assiste-se a uma diminuição da energia, ao abrandamento dos ritmos de atividade, ao declínio dos 
processos físicos e mentais. O trabalho a tempo inteiro pode ser substituído por um trabalho a tempo 
parcial e por hobbies. O elemento comum neste estádio é a necessidade de se reformular o estilo e a 
estrutura de vida. Algumas pessoas encaram este período de uma forma positiva, outras sofrem com 
sentimentos de desilusão e desapontamento. É cada vez mais importante o planejamento antecipado da 
aposentadoria para responder ao desafio de uma nova vida. 
A importância da teoria de Super : As grandes mudanças tecnológicas e sociais e a importância da 
profissão na vida das pessoas criaram um novo cenário que Super soube interpretar. Através da sua 
teoria sobre o desenvolvimento vocacional, veio enriquecer e dar mais sentido ao desenvolvimento 
humano, sobretudo das sociedades mais industrializadas. É de realçar na sua teoria a ideia de que o 
31 
 
desenvolvimento que se processa por estádios não é linear: podem surgir questões num estádio que 
correspondem a etapas anteriores. Uma pessoa que se encontre no último estádio pode, por exemplo, 
procurar novos papéis ocupacionais o que é uma tarefa própria do estádio de crescimento. Esta é uma 
perspectiva de dinâmica do desenvolvimento humano. 
 
TEXTO 11 
ABORDAGEM DA GESTAL TERAPIA3 
A Gestalt Terapia surge enquanto abordagem terapêutica em 1952 com a fundação do “Gestalt Institute 
of New York” por Frederick e Laura Perls. Seus primeiros fundamentos, contudo, estão presentes desde 
1942 no livro “Ego, Hunderand Agression”,considerado pe lo próprio Perls como a sua transição da 
Psicanálise para a Abordagem Gestáltica. Esta abordagem tem como preocupação básica à promoção do 
processo de crescimento e desenvolvimento do potencial humano, recebendo diversas influências, 
entre as mais marcantes, a Psicologia da Gestalt de Max Wertheimer, WolfangKohler e Kurt Koffka, a 
Fenomenologia e a Teoria Organismica de Goldstein. 
A Gestalt-terapia e Estratégia Clínica de Orientação Vocacional se fundamentam numa concepção 
humanística, assim muitos dos pressupostos filosóficos que estruturam a prática do gestalt-terapeuta, 
encontram-se presentes no dia a dia do orientador vocacional. Entre estes, podemos destacar a 
compreensão do homem como: 
• Um ser responsável e digno de confiança. Capaz de escolher, responsabilizando-se por suas escolhas e 
tendo por isso liberdade para mudá-las. 
• Um ser em relação com o mundo, que só pode ser apreendido através de um olhar holístico. 
• Um ser que busca equilíbrio e autorrealização, organizando-se naturalmente para alcançar suas 
preferências e satisfazer suas necessidades, através de trocas com o meio; 
• Um ser que busca respostas existenciais para suas vivências, encontrando -as apenas no seu momento 
experiencial presente. 
• Um ser voltado para a consciência, ou seja, atento ao mundo que o cerca e a si mesmo.Alguns dos conceitos teóricos e metodológicos da Gestalt Terapia contribuem para o aprofundamento 
e compreensão da modalidade Clínica de Orientação Vocacional, assim como auxiliam na construção de 
um modelo teórico da problemática vocacional. Dentre os diversos aportes teóricos que compõem esta 
teoria são destacadas: a capacidade de autorregulação do organismo (ciclo de contato). * O conceito de 
 
3Texto extraído do plano de aula: 
32 
 
figura e fundo (parte/todo) e o tripé do método gestáltico: “aqui -agora - contato - fluxo de 
conscientização (awareness)”. 
A afirmativa: “O que quero fazer envolve quem quero ser” aponta para o fundamento da Gestalt -terapia 
relativo ao conceito de figura e fundo - parte/todo. Sabe-se que a estruturação da percepção de um 
“objeto-estímulo” se dá a partir de uma figura em relação a um fundo e que a nossa percepção sempre 
apreende qualquer estímulo a partir de uma gestalt - visão do todo. A figura é parte de um todo e só 
pode ser compreendida em relação ao fundo, não existindo sem este. 
O gestalt terapeuta trabalha o tempo todo no aqui-agora do comportamento do cliente. Este se torna, 
através da relação com o terapeuta, capaz de focalizar suas dificuldades (figuras) e atualizar seu 
passado (fundo = situações inacabadas), de modo a dar-se conta (conscientizar-se) de como o seu 
passado aparece em seus comportamentos atuais, impedindo-o muita das vezes de ter relações 
satisfatórias e prazerosas. A terapia se dá através do contato do sujeito com suas áreas alienadas, suas 
dificuldades, seus conflitos, sua criatividade experenciadas no presente da relação terapêutica. O 
terapeuta, em conjunto com o cliente, dá luz a este processo, levando-o a conscientizar-se e 
responsabilizar-se cada vez mais, pelo seu si mesmo. 
NO PROCESSO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL procura-se levar o orientando a fazer contato com suas 
dificuldades e possibilidades com relação a sua escolha profissional. Durante as sessões o adolescente 
descobre o que está interrompendo o seu livre fluir, ou seja, conscientiza-se de como ele está 
bloqueando o seu processo de se autorregular e assim se impossibilitando de fechar uma gestalt, que 
no caso da orientação vocacional é a escolha por uma profissão. As sessões de orientação vocacional 
fornecem ao orientando um espaço para que ele entre em contato com seus desejos, interesses, 
aptidões, conflitos, identificações (etapa do autoconhecimento), assim como, com o meio ocupacional e 
social (etapa da informação profissional). A partir dessas etapas o adolescente torna-se capaz de 
estabelecer uma nova percepção do seu momento e da sua decisão, tornando-se consciente da sua 
responsabilidade, e do seu compromisso com suas escolhas. 
 
Ele passa a compreender que sua opção profissional, ou seja, o alcance da sua identidade vocacional -
ocupacional se dá a partir de um processo e não de uma resposta, percebendo que a escolha é sua e 
não do outro e que possui liberdade para mudá-la, já que esta lhe pertence. Cabe lembrar que na 
perspectiva da Gestalt terapia, o indivíduo é visto, a um só tempo, como contextualizado e livre. Por 
conseguinte, no âmbito da orientação profissional, se é verdade que a escolha por uma profissão é 
condicionada pelo contexto social, é igualmente verdadeiro o fato de que o indivíduo também condiciona o 
ambiente, reagindo sobre ele de maneira a exercer a sua liberdade. 
33 
 
 [...] Finalizo com a fala de três adolescentes ao final de um trabalho grupal de orientação que resume e 
complementa o que já foi dito anteriormente : R. 17 anos - 3º ano do 2º grau: “Quando me perguntam 
agora o que deu na OV, eu respondo: Deu EU e EU escolhi ser advogado”. A.17 anos - 3º ano do 2º 
grau: “Este trabalho foi a melhor coisa que me aconteceu, pois eu estou mais consciente de mim mesma 
e sou capaz de assumir minhas dificuldades e minha necessidade de ter mais tempo para poder optar. 
O melhor para mim foi ter aprendido a dizer que agora não é o meu momento de escolha”. V. 17 
anos - 3º ano do 2º grau: “Eu vou fazer Jornalismo. Entendo que esta é a melhor opção que posso fazer 
no momento e que tenho a possibilidade de mudá-la mais à frente, caso queira”. 
 
 
TEXTOS COMPELMENTARES 
ANEXO A 
Dois pequenos textos para reflexão 
 
UM PEQUENO TEXTO PARA REFLEXÃO: ....descobrir nossa real identidade não significa usarmos apenas o 
pensamento para isso. O certo seria desbloquearmos todas as nossas percepções e, através delas, 
questionarmos nossa identidade. Aí então confrontar as duas identidades: a sentida com a pensada. Pelo que 
estou acostumado a observar em mim mesmo e em meus clientes, quando realizo esse trabalho o confronto 
sempre termina com as seguintes constatações: 
Eu sempre soube o que realmente sou; 
Mas eu não posso ser o que realmente sou; 
Eu não posso ser o que realmente sou porque eu não quero ser o que realmente sou; 
Eu não quero ser o que realmente sou porque sendo o que realmente sou eu não realizaria o que eu mesmo 
esperava de mim; 
Eu não realizaria o que eu mesmo esperava de mim porque eu queria ser o que os outros esperam de mim; 
O que os outros esperam de mim não é realmente o que eu sou; 
Por isso, embora sabendo o que realmente sou, preciso ser o que os outros esperam de mim; 
E aprendi um jeito de viver sendo o que eu realmente sou e, ao mesmo tempo, o que os outros querem que 
eu seja; 
Sendo assim dividido, acabo não sabendo o que realmente sou entre as pessoas que posso aparentar ser; 
Como prefiro ser o que os outros esperam de mim, o que sou menos é o que realmente sou. 
Texto extraído de: Freire, Roberto: Viva eu viva tu viva o rabo do tatu. Global Editora. São Paulo: 1983 
OUTRO PEQUENO RECORTE DE UM POEMA: Tabacaria de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando 
Pessoa):Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há 
tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos![...]Em todos os manicômios há doidos 
malucos com tantas certezas!. Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

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