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RACIOCÍNIO LÓGICO UNIDADE 1 Introdução à Razão CONTEÚDO • O que é a Razão • Princípios Gerais da Razão • A Atividade Racional • Realismo x Idealismo • Origens da Razão • Bases Fisiológicas da Razão O QUE É A RAZÃO • Através da Filosofia, os gregos instituíram as bases e os princípios fundamentais do que chamamos de: • Razão; • Racionalidade; • Ciência; • Ética; • Política; • Técnica; • Arte. O QUE É A RAZÃO • Principais ideias da Filosofia grega: • a Natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais; • as leis da Natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento; • nosso pensamento também opera obedecendo a leis, regras e normas universais e necessárias, isto é, o nosso pensamento é lógico ou segue leis lógicas de funcionamento. O QUE É A RAZÃO • Principais ideias da Filosofia grega: • os seres humanos, por Natureza, aspiram ao conhecimento verdadeiro, à felicidade, à justiça; • o conhecimento depende do uso correto da razão ou do pensamento; • além da verdade poder ser conhecida por todos, pode, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos. O QUE É A RAZÃO Os gregos transformaram em ciência (isto é, num conhecimento racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática para o uso direto na vida. O QUE É A RAZÃO • Sentidos da palavra Razão: • Certeza: “Eu estou com a razão.” Por identificar razão e certeza, a Filosofia afirma que a verdade é racional; • Lucidez: “Ela recuperou a razão.”; Por identificar razão e lucidez, a Filosofia chama nossa razão de luz e luz natural. O QUE É A RAZÃO • Sentidos da palavra Razão: • Motivo: “Me dê suas razões.” Considerando que nossas atitudes, ações estão sempre pautadas em motivos, a Filosofia afirma que somos seres racionais e que nossa vontade é racional. • Causa “Qual a razão disso?” Por julgar que a realidade opera de acordo com relações causais, a Filosofia afirma que a realidade é racional. O QUE É A RAZÃO • Razão Objetiva: • é a afirmação de que o objeto do conhecimento ou a realidade é racional; • ou seja, a realidade é racional em si mesma; • Razão Subjetiva: • é a afirmação de que o sujeito do conhecimento e da ação é racional; • ou seja, a razão é uma capacidade intelectual e moral dos seres humanos. Para muitos filósofos, a Filosofia é o momento do encontro entre as duas razões ou racionalidades. O QUE É A RAZÃO • Origem da palavra Razão: • a palavra latina ratio: do verbo reor, que quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular; • a palavra grega logos: do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular. O QUE É A RAZÃO • Origem da palavra Razão: • quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos, pensamos e usamos palavras (números) de modo ordenado; • por isso, logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para outros. O QUE É A RAZÃO • Considerada oposta a 4 outras atitudes mentais: • ao conhecimento ilusório, isto é, à mera opinião; • às emoções, aos sentimentos, às paixões; • à crença religiosa; • ao êxtase místico, no qual o espírito mergulha nas profundezas do divino. PRINCÍPIOS GERAIS DA RAZÃO • Princípio da Identidade: “A é A” ou “O que é, é” • uma coisa, seja qual for – um ser da Natureza, um ser humano, uma obra de arte, uma ação – só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade; • é a condição para que definamos as coisas e possamos conhecê-las a partir de suas definições. PRINCÍPIOS GERAIS DA RAZÃO • Princípio da Não-Contradição: “A é A e é impossível que seja, ao mesmo tempo e na mesma relação, não-A” • duas afirmações contraditórias não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo; • ex: "A blusa é azul" e "A blusa não é azul“, uma dessas afirmações é verdadeira e a outra é falsa. Sem o princípio da não-contradição, o princípio da identidade não poderia funcionar. PRINCÍPIOS GERAIS DA RAZÃO • Princípio do Terceiro-Excluído: “A é X ou A é não-X”, não havendo terceira possibilidade • para qualquer proposição, ou esta proposição é verdadeira, ou sua negação é verdadeira; • ex: “A blusa é azul” ou “a blusa não é azul”. O princípio do terceiro-excluído complementa o anterior, exige uma escolha entre duas alternativas, considera uma verdadeira e outra falsa. PRINCÍPIOS GERAIS DA RAZÃO • Princípio da Razão Suficiente ou Princípio da Causalidade: • afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa ou motivo) e que tal razão pode ser conhecida pela nossa razão; • a razão afirma a existência de relações ou conexões internas entre as coisas, entre fatos, ou entre ações e acontecimentos; • Pode ser enunciado da seguinte maneira: “Dado A, necessariamente se dará B”. “Dado B, necessariamente houve A”. A ATIVIDADE RACIONAL • A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo sujeito do conhecimento: • Intuição (ou razão intuitiva); • Raciocínio (ou razão discursiva). A ATIVIDADE RACIONAL • Intuição (ou Razão Intuitiva): • compreensão global e instantânea de uma verdade, de um objeto, de um fato, sem necessidade de provas ou demonstrações; • de uma só vez, a razão capta todas as relações que constituem a realidade e a verdade da coisa intuída; • os psicólogos se referem à intuição como insight; • ex: quando percebemos, num só lance, um caminho para a solução de um problema. A ATIVIDADE RACIONAL • Intuição Sensível ou Empírica: • é o conhecimento direto e imediato de: • qualidades sensíveis do objeto externo – cores, sabores, odores, texturas, dimensões, distâncias; • ou estados internos ou mentais – lembranças, desejos, sentimentos, imagens. • caracterizada pela sua singularidade: • ligada à singularidade do objeto intuído • e ligada à singularidade do sujeito que intui (aos “meus” estados psíquicos, às “minhas” experiências). A ATIVIDADE RACIONAL • Intuição Intelectual: • é o conhecimento direto e imediato dos princípios da razão (identidade, contradição, terceiro excluído, razão suficiente), das relações necessárias entre os seres ou entre as ideias, da verdade de uma ideia ou de um ser; • difere da intuição sensível por sua universalidade e necessidade. A ATIVIDADE RACIONAL • Intuição Intelectual: • exemplos : • “Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo” → intuição do princípio da contradição; • “O todo é maior do que as partes” → intuição da relação necessária entre as coisas; • “Penso, logo existo”, afirmação de Descartes → intuição capta, num único ato intelectual, a verdade do pensamento pensando em si mesmo. A ATIVIDADE RACIONAL • Raciocínio (ou Razão Discursiva): • atividade racional que discorre, percorre uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo; • realiza vários atos intelectuais, em etapas sucessivas, até conseguir chegar ao conceito ou à definição do objeto, formando um processo de conhecimento; • ao contrário da intuição, exige provas e demonstrações das verdades que estão sendo conhecidas ou investigadas. A ATIVIDADE RACIONAL • Raciocínio (ou Razão Discursiva): • quando o raciocínio se realiza em condições tais que a individualidade psicológica do sujeitoe a singularidade do objeto são substituídas por critérios de generalidade e universalidade, tem-se: • a dedução • a indução • e a abdução; • dedução e indução são procedimentos racionais que nos levam do já conhecido ao ainda não conhecido. A ATIVIDADE RACIONAL • Dedução: • consiste em partir de uma verdade já conhecida, e que funciona como um princípio geral, para demonstrar que ela se aplica a todos os casos particulares iguais; • por isso também se diz que a dedução vai do geral ao particular ou do universal ao individual; • o ponto de partida de uma dedução é uma ideia ou uma teoria verdadeira. A ATIVIDADE RACIONAL • Dedução: • a dedução é um procedimento pelo qual um fato ou objeto particulares são conhecidos por inclusão numa teoria geral; • costuma ser representada pela seguinte fórmula: • todos os x são y (definição ou teoria geral); • A é x (caso particular); • portanto, A é y (dedução). A ATIVIDADE RACIONAL • Dedução: • exemplos: • Todos os homens (x) são mortais (y); • Sócrates (A) é homem (x); • Portanto, Sócrates (A) é mortal (y); • Todos os metais (x) são bons condutores de eletricidade (y); • O mercúrio (A) é um metal (x); • Portanto, o mercúrio (A) é bom condutor de eletricidade (y). A ATIVIDADE RACIONAL • Indução: • realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução; • parte-se de casos particulares iguais ou semelhantes e procura-se a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares; • a definição ou a teoria são obtidas no ponto final do percurso. A ATIVIDADE RACIONAL • Indução: • exemplo : • colocamos vários tipos de líquidos no fogo e vemos sempre sua transformação em vapor; • induzimos desses casos particulares que o fogo possui uma propriedade que produz a evaporação dos líquidos; • essa propriedade é o calor. A ATIVIDADE RACIONAL • na dedução, dado X, infiro (concluo) a, b, c, d; • na indução, dados a, b, c, d, infiro (concluo) X. A dedução e a indução são conhecidas com o nome de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir de outra já conhecida A ATIVIDADE RACIONAL • Abdução • é a busca de uma conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios, de signos; • não é propriamente demonstrativa; • é uma espécie de intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo passo a passo para chegar a uma conclusão. A ATIVIDADE RACIONAL • Abdução • exemplo: • o modo como os detetives vão coletando indícios ou sinais e formando uma teoria para o caso que investigam; • é a forma que a razão possui quando inicia o estudo de um novo campo científico que ainda não havia sido abordado. A ATIVIDADE RACIONAL • De modo geral: A indução e a abdução são procedimentos racionais que empregamos para a aquisição de conhecimentos A dedução é o procedimento racional que empregamos para verificar ou comprovar a verdade de um conhecimento já adquirido REALISMO X IDEALISMO • Realismo: • posição filosófica que afirma a existência da realidade externa como uma realidade racional em si e por si mesma e, portanto, que afirma a existência da razão objetiva. REALISMO X IDEALISMO • Idealismo: • posição filosófica que afirma apenas a existência da razão subjetiva; • embora a realidade externa exista em si e por si mesma, só podemos conhecê-la tal como nossas ideias a formulam e a organizam e não tal como ela seria em si mesma; • não podemos saber nem dizer se a realidade exterior é racional em si; • o que chamamos realidade, portanto, é apenas o que podemos conhecer por meio das ideias de nossa razão. ORIGENS DA RAZÃO • De onde vieram os princípios racionais, a capacidade para a intuição e para o raciocínio? Nascemos com eles? Ou nos seriam dados pela educação e pelo costume? • A Filosofia ofereceu duas respostas: • o Inatismo, que afirma que nascemos trazendo os princípios racionais em nossa inteligência e também algumas ideias verdadeiras, que, por isso, são idéias inatas; • o Empirismo, que, ao contrário, afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas ideias, é adquirida por nós através da experiência. ORIGENS DA RAZÃO • Inatismo platônico: • Platão defende a tese do inatismo da razão ou das ideias verdadeiras em várias de suas obras; • Nelas Platão explicita que as verdades vão surgindo no espírito de um indivíduo à medida que o Mestre vai lhe fazendo as perguntas certas e assim raciocinando com ele; • Expõe que nascemos com a razão e as ideias verdadeiras, e a Filosofia nada mais faz do que nos relembrar essas ideias. ORIGENS DA RAZÃO • Inatismo cartesiano: • segundo Descartes, possuímos três tipos de ideias que se diferenciam segundo sua origem e qualidade: • ideias adventícias (ou vindas de fora); • ideias fictícias; • ideias inatas. ORIGENS DA RAZÃO • Ideias adventícias (ou vindas de fora): • se originam de nossas sensações, percepções, lembranças; • nos vêm por termos tido a experiência sensorial ou sensível das coisas a que se referem; • por exemplo, a ideia de árvore, de pássaro, de instrumentos musicais etc. • são nossas ideias cotidianas e que podem ser enganosas ou falsas. ORIGENS DA RAZÃO • Ideias fictícias: • são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo seres inexistentes com pedaços ou partes de ideias adventícias que estão em nossa memória; • por exemplo, cavalo-alado, fadas, elfos, duendes, dragões, Super-homem etc. ORIGENS DA RAZÃO • Ideias inatas: • que são inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos com elas; • não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou sensíveis para elas, nem de nossa fantasia, pois não tivemos experiência sensorial para compô-las; • por exemplo, a ideia do infinito, ideias matemáticas como uma figura de mil lados etc. ORIGENS DA RAZÃO • A tese central dos inatistas é a seguinte: • se não possuirmos em nosso espírito a razão e a verdade, nunca teremos como saber se um conhecimento é verdadeiro ou falso; • ou seja, nunca saberemos se uma ideia corresponde ou não à realidade a que ela se refere; • não teremos um critério seguro para avaliar nossos conhecimentos. ORIGENS DA RAZÃO • Empirismo: • Considera o seguinte processo: 1. nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos, isto é, com as sensações (cores, odores, sons etc); 2. as sensações se reúnem e formam uma percepção, ou seja, percebemos uma única coisa ou um único objeto por meio de várias e diferentes sensações. ORIGENS DA RAZÃO • Empirismo: • Considera o seguinte processo: 3. as percepções, por sua vez, se combinam ou se associam, por três motivos: • por semelhança, • por proximidade ou contiguidade espacial e • por sucessão temporal. ORIGENS DA RAZÃO • Empirismo: A causa da associação das percepções é a repetição Essas associações são as ideias De tanto algumas sensações se repetirem por semelhança, ou no mesmo espaço, ou no tempo, criamos o hábito de associá-las ORIGENS DA RAZÃO • Empirismo: • Considera o seguinte processo: 4. as ideias, trazidas pela experiência são levadas à memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos; 5. a experiência escreve e grava em nosso espírito as ideias, e a razão irá associá-las, combiná-las ou separá-las,formando todos os nossos pensamentos. ORIGENS DA RAZÃO • Empirismo: • Segundo David Hume, famoso empirista inglês, a razão é o hábito de associar ideias, seja por semelhança, seja por diferença. ORIGENS DA RAZÃO • Problemas do inatismo: • se os princípios e as ideias da razão são inatos, e por isso universais e necessários, como explicar que possam mudar? • a própria razão pode mudar o conteúdo de ideias que eram consideradas universais e verdadeiras; • a própria razão pode provar que ideias racionais também podem ser falsas; • ou seja, o inatismo se depara com o problema da mudança das ideias, feita pela própria razão, e com o problema da falsidade das ideias, demonstrada pela própria razão. ORIGENS DA RAZÃO • Problemas do empirismo: • o principal problema colocado para o empirismo é o da impossibilidade do conhecimento objetivo da realidade; • o ideal racional da objetividade afirma que uma verdade é uma verdade porque corresponde à realidade das coisas e, portanto, não depende de nossos gostos, opiniões ou hábitos. ORIGENS DA RAZÃO • Problemas do empirismo: • se as ciências são apenas hábitos psicológicos de associar percepções e ideias, então não possuem verdade alguma e não podem oferecer nem garantir objetividade; • a ciência torna-se afinal uma ilusão e a realidade tal como é em si mesma (a realidade objetiva) jamais poderá ser conhecida por nossa razão. ORIGENS DA RAZÃO • Problemas do empirismo: • basta, por exemplo, que em um belo dia alguém ponha um líquido no fogo e, em lugar de vê-lo ferver, o veja gelar, para que toda a ciência desapareça, já que ela depende da repetição, da frequência, do hábito de sempre percebermos uma certa sucessão de fatos à qual, também por hábito, demos o nome de princípio da causalidade. BASES FISIOLÓGICAS DA RAZÃO • Sensação: • é um processo fisiológico de ligação do organismo com o meio, através dos órgãos sensoriais, e consiste na transmissão de um influxo nervoso (corrente elétrica) desde o órgão sensorial até aos centros de decodificação; • realiza-se pela ação de um estímulo específico sobre um receptor que é apropriado para recebê-lo; • a sensação consiste numa espécie de apresentação isolada das qualidades dos objetivos. BASES FISIOLÓGICAS DA RAZÃO • Percepção: • é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas; • é o processo através do qual o ser humano conhece o mundo à sua volta de forma total e complexa. BASES FISIOLÓGICAS DA RAZÃO • Memória: • é o processo de retenção de informações no qual nossas experiências são arquivadas e recuperadas quando as chamamos; • Categorização • é o processo pelo qual ideias e objetos são reconhecidos, diferenciados e classificados; • em linhas gerais, consiste em organizar os objetos de um dado universo em grupos ou categorias, com um propósito específico.
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