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Intervenção do Estado na propriedade e limitação administrativa

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2 Intervenção do Estado na propriedade privada
	Apesar da Constituição Federal de 1988 no seu artigo 170, II assegurar a inviolabilidade da propriedade privada, esta inviolabilidade não possui caráter absoluto.
	Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]
II - propriedade privada; [...]. (BRASIL, Constituição Federal, 1988)
	O uso e o gozo da propriedade privada obedece a normas e limites impostos pelo Estado. Se necessário para atender o interesse público, o Estado têm o poder de intervir na propriedade privada e na ordem econômica. De acordo com Gasparini (2012, p.886), “entende-se por intervenção na propriedade privada todo ato do Poder Público que, compulsoriamente, retira ou restringe direitos dominiais privados, ou sujeita o uso de bens particulares a uma destinação de interesse público” (apud Meirelles, Direito administrativo, cit., p. 575). Este poder de intervir do Estado em nome da função social da propriedade é exercício do poder de polícia e encontra fundamentação no princípio geral do Direito da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, que defende que os interesses da coletividade devem prevalecer diante do particular.
	Como expressão dessa supremacia, a Administração, por representar o interesse público, tem a possibilidade, nos termos da lei, de constituir terceiros em obrigações mediante atos unilaterais. Tais atos são imperativos como quaisquer atos do Estado. Demais disso, trazem consigo a decorrente exigibilidade, traduzida na previsão legal de sanções ou providências indiretas que induzam o administrado a acatá-los. (MELLO, 2013, p.99)
	Ademais, Nohara (2017, p. 771), traz que a instituição do Estado Social de Direito legou uma atuação mais positiva do Estado, ou seja, foi exigida maior intervenção em variadas esferas para a realização da justiça social. Desta forma, os meios aos quais o Estado pode intervir Estado na propriedade privada em busca da justiça social, são: imposição de limitação administrativa, instituição servidão administrativa, o tombamento, a ocupação temporária, a requisição, a desapropriação, o parcelamento e edificação compulsórios.
3 Meios Interventivos
3.1 Limitação administrativa
	A limitação administrativa, é o meio de intervenção do Estado no qual este limita direitos de domínio do proprietário, podendo ou não haver indenização por parte do Estado. Essas limitações são chamadas de administrativas e seu fundamento repousa na supremacia do interesse público (NOHARA, 2017, p. 772). Apesar da natureza de limitação ao domínio, a limitação administrativa não pode ser confundida com servidão, desapropriação ou restrição de vizinhança.
	Gasparini (2012, p. 887) classifica as limitações administrativas quanto ao conteúdo da limitação em: positiva, permissiva e negativa; ou quanto à sua natureza em: geral, instruída em razão de um interesse público e não promover a disparição da propriedade.
São as limitações administrativas preceitos de ordem pública (não admitem acertos ou composições sobre seus respectivos conteúdos) que se concretizam sob as três modalidades seguintes: positiva, negativa e permissiva. Pela primeira o administrado-proprietário está obrigado a fazer o que lhe exige a Administração Pública. [...]Através da segunda, o administrado-proprietário é compelido a não fazer alguma coisa, isto é, o que lhe é vedado.[...] Pela terceira e última dessas modalidades, o administrado-proprietário é obrigado a permitir que em seus domínios seja feita alguma coisa. (GASPARINI, 2012, p.887)
	A limitação administrativa não é absoluta, não podendo deixar a propriedade inutilizada economicamente, assim, caso ocorra esse fato, torna-se passível de indenização. Neste sentido, dispõe Nohara (2017, p. 773) que as imitações administrativas – como condição do próprio direito de propriedade, cujo conteúdo é normalmente limitado pelas leis – não dão direito à indenização, se mantiverem suas características de imposições genéricas orientadas a finalidades de interesse público.
REFERÊNCIAS:
GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 17. ed. atualizada por Fabrício Motta. São Paulo: Saraiva, 2012.
NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo. 7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Adminsitrativo. 30. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2013.

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