Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÁLCULO NUMÉRICO Profa. Dra. Yara de Souza Tadano yaratadano@utfpr.edu.br Aula 7 Zeros reais de funções – Parte 1 04/2014 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 3/53 Objetivo ¨ Determinar valores aproximados para as soluções (raízes) de equações da forma: sendo f uma função real dada. f x( ) = 0 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 4/53 Motivação ¨ Gás de Van Der Walls: b: volume ocupado pelas moléculas; a: atração entre as moléculas nas bordas do recipiente. ¨ Como resolver a equação para o volume? ¨ Dados P e T com a, b, R conhecidos, como determinar v? P v,T( ) = RTv− b − a v2 f v( ) = v3P − v2 b− RT( )+ av− ab = 0 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 5/53 Motivação ¨ A solução exata de pode ser encontrada apenas em alguns casos: ¤ Polinômios de grau menor ou igual a quatro; ¤ Algumas funções trigonométricas. ¨ Mesmo quando a solução analítica está disponível, sua determinação pode ser “complicada”. f x( ) = 0 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 6/53 ¨ Em alguns casos, por exemplo, de equações polinomiais, os valores de x que anulam f (x) podem ser reais ou complexos. ¨ Estamos interessados somente nos zeros reais de f (x). ¨ Graficamente, os zeros reais são representados pelas abscissas dos pontos onde uma curva intercepta o eixo x. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 7/53 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 8/53 ¨ A ideia central dos métodos que iremos aprender é partir de uma aproximação inicial para a raiz e em seguida refinar essa aproximação através de um processo iterativo. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 9/53 ¨ Assim, os métodos constam de duas fases: ¨ Fase I: Localização ou isolamento das raízes ¤ Consiste em obter um intervalo que contém a raiz. ¨ Fase II: Refinamento ¤ Consiste em, escolhidas aproximações iniciais para o intervalo da Fase I, melhorá-las sucessivamente até se obter uma aproximação para a raiz dentro de uma precisão ε pré- estabelecida. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 10/53 FASE I: Isolamento das Raízes ¨ Nesta fase é feita uma análise teórica e gráfica da função f (x). ¨ O sucesso da Fase II depende fortemente da precisão desta análise. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 11/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ Na análise teórica, usa-se: TEOREMA 1 ¨ Seja f (x) uma função contínua em [a, b]. ¨ Se f (a) f (b) < 0, então existe pelo menos um ponto x = ξ entre a e b que é zero de f (x). ¨ Esta é uma consequência do Teorema do Valor Intermediário. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 12/53 Fase I: Isolamento das Raízes TEOREMA 1 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 13/53 Fase I: Isolamento das Raízes TEOREMA 1 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 14/53 Fase I: Isolamento das Raízes TEOREMA 1 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 15/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ Sob as hipóteses do Teorema 1, se f’ (x) existir e preservar o sinal em ]a, b[, então este intervalo contém um único zero de f (x). Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 16/53 Fase I: Isolamento das Raízes f ' x( ) > 0, ∀x ∈ a,b[ ] Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 17/53 Fase I: Isolamento das Raízes f ' x( ) < 0, ∀x ∈ a,b[ ] Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 18/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ Uma forma de isolar as raízes de f (x) usando os conceitos anteriores é tabelar f (x) para vários valores de x e analisar as mudanças de sinal de f (x) e o sinal da derivada nos intervalos em que f (x) mudou de sinal. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 19/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ EXEMPLO: Seja f (x) = x3 – 9 x + 3. Vamos analisar o sinal desta função. ¨ Construindo uma tabela de valores para f (x) e considerando apenas os sinais, temos: x - ∞ -100 -10 -5 -3 -1 0 1 2 3 f(x) - - - - + + + - - + Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 20/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ Sabendo que f (x) é contínua para qualquer x real e observando as variações de sinal, podemos concluir que cada um dos intervalos I1 = [-5, -3], I2 = [0, 1], I3 = [2, 3], contém pelo menos um zero de f (x). ¨ Como f (x) é um polinômio de terceiro grau, podemos afirmar que cada intervalo contém um único zero de f (x) e, assim localizamos todas as raízes de f (x) = 0. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 21/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ Se f (a) f (b) > 0, então podemos ter várias situações no intervalo [a, b], conforme mostram os gráficos a seguir. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 22/53 Fase I: Isolamento das Raízes Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 23/53 Fase I: Isolamento das Raízes Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 24/53 Fase I: Isolamento das Raízes Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 25/53 Fase I: Isolamento das Raízes ¨ A análise gráfica da função f (x) ou da equação f (x) = 0 é fundamental para se obter aproximações para a raiz. ¨ Temos três processos de análise de gráficos. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 26/53 Processos Gráficos ¨ ESBOÇAR O GRÁFICO: Análise do comportamento da função, que envolve: domínio da função, pontos de descontinuidade, intervalos de crescimento e decrescimento, pontos de máximo e mínimo, concavidade, ponto de inflexão e assíntotas da função. ¨ Através da EQUAÇÃO EQUIVALENTE g (x) = h (x): A partir da equação f (x) = 0, obter a equação equivalente g (x) = h (x), esboçar os gráficos das funções g (x) e h (x) no mesmo eixo cartesiano e localizar os pontos x onde as duas curvas se interceptam, pois neste caso: f ( ξ ) = 0 è g ( ξ ) = h ( ξ ). ¨ GRÁFICOS COMPUTACIONAIS. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 27/53 Gráficos computacionais ¨ Exemplo 5: Os gráficos computacionais podem tornar mais rápidos e melhores seus esforços para localizar as raízes de equações. A função: tem diversas raízes no intervalo de x = 0 a x = 5. Use gráficos computacionais para adquirir percepção do comportamento dessa função. f x( ) = sen 10x( )+ cos 3x( ) Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 28/53 Fase II: Refinamento ¨ Veremos vários métodos de refinamento de raízes. A forma como se efetua o refinamento é que diferencia os métodos. ¨ Um método iterativo consiste em uma sequência de instruções que são executadas passo a passo, algumas das quais são repetidas em ciclos. ¨ Os métodos iterativos para refinamento da aproximação inicial para a raiz exata podem ser colocados em um diagrama de fluxo. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 29/53 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 30/53 Critério de Parada ¨ TESTE: xk está suficientemente próximo da raiz exata? ¨ Existem duas interpretações para raiz aproximada que nem sempre levam ao mesmo resultado: ¨ é raiz aproximada com precisão ε se: ¤ i) ¤ ii) x x −ξ < ε ou f x( ) < ε Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 31/53 Critério de Parada ¨ Como efetuar o teste (i) se não conhecemos o valor exato da raiz ξ ?¨ Usamos frequentemente os conhecimento de erro absoluto e erro relativo para determinarmos o critério de parada. ¤ ERRO ABSOLUTO: ¤ ERRO RELATIVO: xk − xk−1 < ε xk − xk−1 xk < ε Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 32/53 Critério de Parada Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 33/53 ¨ Nem sempre é possível ter as exigências (i) e (ii) satisfeitas simultaneamente. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 34/53 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 35/53 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 36/53 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 37/53 ¨ Em programas computacionais, além do teste de parada usado para cada método, deve-se ter o cuidado de estipular um número máximo de iterações, para se evitar que o programa entre em “looping”. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 38/53 Métodos Iterativos ¨ Métodos iterativos para a obtenção de zeros reais de funções: ¤ Bissecção; ¤ Falsa posição; ¤ Ponto fixo; ¤ Newton-Raphson; ¤ Secante. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 39/53 Método da Bissecção ¨ Suponha que f (x) seja uma função contínua definida em [a,b], tal que f (a) f (b) < 0. ¨ De acordo com o Teorema do Valor Intermediário, existe um número c em ]a, b[ para o qual f (c) = 0. ¨ Vamos supor, para simplificar, que ]a, b[ contenha uma única raiz da equação f (x) = 0. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 40/53 Método da Bissecção ¨ O objetivo deste método é reduzir a amplitude do intervalo que contém a raiz até se atingir a precisão requerida: (b – a) < ε ou usando para isto a sucessiva divisão de [a, b] ao meio. f x( ) < ε Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 41/53 Método da Bissecção ¨ Graficamente: x a = a0 ξ f(x) b = b0 x0 = (a + b)/2 x0 x a = a1 ξ f(x) x0 = b1 x1 = (a + x0)/2 x1 x ξ f(x) x0=b2 x2 = (x1 + x0)/2 x1=a2 x2 Repete-se o processo até que o valor de x atenda às condições de parada. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 42/53 Método da Bissecção ¨ As iterações são realizadas da seguinte forma: x1 = a0 + b0 2 f a0( ) < 0 f b0( ) > 0 f x1( ) > 0 ! " ## $ # # ⇒ ξ ∈ a0, x1] [ a1 = a0 b1 = x1 ! " ## $ # # x2 = a1 + b1 2 f a1( ) < 0 f b1( ) > 0 f x2( ) < 0 ! " ## $ # # ⇒ ξ ∈ x2,b1] [ a2 = x2 b2 = b1 ! " ## $ # # ! ! Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 43/53 EXEMPLO 6 Considerando o método da bissecção com ε = 0,002 e adotando [a0 , b0] como intervalo inicial, obtenha uma aproximação para a função: f x( ) = x log x( )−1 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 44/53 EXEMPLO 6 h(x) y ξ g(x) x 1 2 3 4 5 6 ξ 2 3 Verificou-se que ξ ∈ [2, 3] Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 45/53 EXEMPLO 6 k ak bk f(ak) f(bk) xk+1 f(xk+1) 0 2,00000 3,00000 -0,39794 0,43136 2,50000 -0,00510 1 2,50000 3,00000 -0,00515 0,43136 2,75000 0,20820 2 2,50000 2,75000 -0,00515 0,20816 2,62500 0,10021 3 2,50000 2,62500 -0,00515 0,10021 2,56250 0,04720 4 2,50000 2,56250 -0,00515 0,04720 2,53125 0,02090 5 2,50000 2,53125 -0,00515 0,02094 2,51563 0,00790 6 2,50000 2,51563 -0,00515 0,00787 2,50781 0,00140 ε = 0,002 Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 46/53 Método da Bissecção ¨ ESTIMATIVA DO NÚMERO DE ITERAÇÕES: Dada uma precisão ε e um intervalo inicial [a, b], vamos determinar quantas iterações serão efetuadas pelo método da bissecção até bk – ak < ε. b0 − a0 2k < ε Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 47/53 ¨ Portanto, se k satisfaz a relação anterior, ao final da iteração k, teremos o intervalo [a, b] que contém a raiz ξ, tal que ∀x ∈ a,b[ ]⇒ x −ξ ≤ b− a ≤ ε Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 48/53 Algoritmo do Método da Bissecção ¨ Seja f (x) contínua em [a, b] e tal que f (a) e f (b) têm sinais opostos: ENTRADA: extremidades a, b; precisão ε, número máximo de iterações N0. SAÍDA: solução aproximada ou mensagem de erro. Passo 1: Faça i = 1; FA = f (a). Passo 2: Enquanto i ≤ N0 , execute os passos 3 a 6. Passo 3: Faça x = a + (b – a) / 2; (Calcula xi) FX = f (x). x Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 49/53 Algoritmo do Método da Bissecção Passo 4: Se FX = 0 ou (b – a) / 2 < ε, então: SAÍDA (x); (Procedimento concluído com sucesso). PARE. Passo 5: Faça i = i + 1. Passo 6: Se FA * FX > 0, então faça a = x; (Calcula ai , bi). FA = FX senão faça b = x. Passo 7: SAÍDA (‘O método falhou após N0 iterações, N0 = ’, N0); (O procedimento não foi bem-sucedido). PARE. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 50/53 ¨ Outros procedimentos de parada podem ser aplicados no Passo 4 do algoritmo ou em qualquer das técnicas iterativas que aprenderemos. Por exemplo, podemos selecionar uma precisão ε > 0 e gerar x1, x2, ..., xn até que uma das condições a seguir seja satisfeita: xn − xn−1 < ε xn − xn−1 xn < ε f xn( ) < ε Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 51/53 CUIDADO!!!! ¨ Podem ocorrer sequências com propriedade de as diferenças convergirem para zero, enquanto a própria sequência diverge. ¨ Podem ocorrer de estar próximo de zero, mesmo quando xn for significativamente diferente de x. ¨ Sem outras informações sobre f ou x, o melhor critério é: por ser o que se aproxima mais da ideia de testar o erro relativo. xn − xn−1 xn < ε xn − xn−1 f xn( ) xn{ }n=0 ∞ Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 52/53 Método da Bissecção VANTAGENS: ¨ Facilidade de implementação; ¨ Estabilidade e convergência para a solução procurada; ¨ Desempenho regular e previsível. O número de iterações é dependente da tolerância considerada Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 53/53 Método da Bissecção DESVANTAGENS: ¨ Lentidão do processo de convergência (requer o cálculo de f(x) em um elevado número de iterações); ¨ Necessidade de conhecimento prévio da região na qual se encontra a raiz de interesse (o que nem sempre é possível); ¨ Complexidade da extensão do método para problemas multivariáveis. Aula 7 – Zeros de funções – Parte 1 Cálculo Numérico 54/53 Exercício ¨ Seja f (x) = x3 – 9x + 3; I = [0, 1]; e = 10-3. k ak bk f(ak) f(bk) xk+1 f(xk+1) b - a 0 0 1 3 -5 0,5 -1,375 1 1 0 0,5 3 -1,375 0,25 0,765625 0,25 2 0,25 0,5 0,765625 -1,375 0,375 -0,322265625 0,125 3 0,25 0,375 0,765625 -0,322265625 0,3125 0,218017578 0,0625 4 0,3125 0,375 0,218017578 -0,322265625 0,34375 -0,531311035 0,03125 5 0,3125 0,34375 0,218017578 -0,531311035 0,328125 0,822029114 0,015625 6 0,328125 0,34375 0,822029114 -0,531311035 0,3359375 0,0144743919 7,8125 x 10-3 7 0,3359375 0,34375 0,0144743919 -0,531311035 0,33984375 -0,0193439126 3,90625 x 10-3 8 0,3359375 0,33984375 0,0144743919 -0,0193439126 0,337890625 -2,43862718 x 10-3 1,953125 x 10-3 9 0,3359375 0,337890625 0,0144743919 -2,43862718 x 10-3 0,336914063 6,01691846 x 10-3 9,765625 x 10-4
Compartilhar