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PSICANÁLISE 17 2

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Prof. Renato F. de Souza
DCH - UFLA
PSICOLOGIA E PSICANÁLISE
SIGMUND FREUD: O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
História: influências (econômicas, políticas, materiais, ideológicas e culturais) do período – compreender como os homens da época “concebiam o mundo”.
Sigmund Freud (1856-1939) – médico vienense – alterou radicalmente o modo de pensar a vida psíquica.
SIGMUND FREUD: O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Sujeito determinado por um inconsciente (que o estrutura) Assim nossa ilusão de autonomia e liberdade de escolha se esvanece, sendo por isso a psicanálise dita á “terceira ferida narcísica da humanidade” (1° Copérnico, 2° Darwin, 3° Freud).
SIGMUND FREUD – O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo como problema científico!
A investigação desses problemas fez surgir a PSICANÁLISE!
“Se fosse preciso concentrar 
 numa palavra a descoberta freudiana, 
 essa palavra seria 
 incontestavelmente
 inconsciente...” 
 (Laplanche, 2016, p. 9).
SIGMUND FREUD – O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Termo Psicanálise – refere-se a uma teoria, um método de investigação e uma prática profissional.
Teoria – caracteriza-se por um conjunto de conhecimentos sistemáticos sobre o funcionamento da vida psíquica – estrutura e funcionamento da psique humana – extensa obra – descobertas, formulações gerais, teorias (24 V.)
SIGMUND FREUD – O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Método de Investigação – método interpretativo – busca o significado oculto daquilo que é manifestado por ações, palavras, sonhos, delírios, associações livres, atos falhos.
SIGMUND FREUD – O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Prática profissional é a forma de tratamento – a análise – busca o autoconhecimento ou a cura – que ocorre por meio desse processo de investigação. 
Psicanálise hoje em dia: na clínica psicoterápica, orientação, aconselhamento, mundo do trabalho, na saúde, instituições, compreensão de fenômenos sociais, no jurídico, nos esportes, etc. 
SIGMUND FREUD – O FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Grande parte da teoria – advinda das experiências pessoais de Freud – transcrição rigorosa – A interpretação dos sonhos e a Psicopatologia da vida cotidiana.
Compreender a Psicanálise – é ter de percorrer no nível pessoal a experiência inaugural de Freud e descobrir as regiões obscuras da vida psíquica, vencendo as resistências interiores. Esse processo tem de 
 ser realizado por cada um...
 psicanalistas e pacientes...
A GESTAÇÃO DA PSICANÁLISE
Freud – médico – Universidade Viena, 1881 (Psiquiatria); Laboratório de Fisiologia; aulas de Neuropatologia.
Começou a clinicar – “problemas nervosos” – residência médica – bolsa de estudos = Paris – Jean Charcot (hipnose).
1886 – volta à Viena utilizando a sugestão
 hipnótica para eliminar os sintomas...
Indução do paciente a um estado alterado
 de consciência – investigar
 o que pode ter determinado o sintoma.
Induz novas ideias = sugestão / sintoma
A GESTAÇÃO DA PSICANÁLISE
Porque Cecily deixou de ver? Durante a hipnose – ela lembra que alguns médicos chamaram-na para reconhecer o corpo do pai no hospital...
O hospital tinha uma música estranha, enfermeiras com roupas coloridas e extravagantes – ela não conseguia olhar para o corpo e eles obrigaram-na... (cegueira)...
Freud – estranhou:
 médico = policiais; 
 enfermeiras = prostituta; 
 hospital = bordel...
A GESTAÇÃO DA PSICANÁLISE
Cecily perderá a visão pelo trauma de ter ido a um bordel reconhecer o pai morto.
Quando acorda da hipnose consegue ver, mas revolta-se – Freud a tinha feito lembrar de um passado perturbador!
Recalque, resistência...
Inconsciente...
Formulações se estruturam...
A GESTAÇÃO DA PSICANÁLISE
Caso Ana O. – sintomas – paralisia com contratura muscular; inibições e dificuldades de pensamento...
Sintomas com origem na época em que cuidava do pai enfermo. (... Pensamentos e afetos pela morte do pai...).
Essas ideias e sentimentos foram reprimidos e substituídos pelos sintomas... (deslocou o afeto,
 o sentimento para os sintomas)...
Rememoração das cenas e vivências,
 os sintomas despareceram...
A GESTAÇÃO DA PSICANÁLISE
Hipnose - Método catártico – a liberação de afetos leva à eliminação dos sintomas...
Nem todas as pessoas são hipnotizáveis... 
Conversação normal – “concentração” – rememoração automática pela sistematização das perguntas...
Abandono das perguntas – Associação Livre – confiar por completo na fala “desordenada”
 do paciente.
A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
“Qual poderia ser a causa de os pacientes esquecerem tantos fatos de sua vida interior e exterior?”
O esquecido era sempre algo penoso – Resistência – força psíquica que opunha a tornar consciente algum pensamento, desejo, afeto, etc.
Repressão – esse processo psíquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência uma ideia ou 
 representação insuportável que está na 
 origem do sintoma...
Esses conteúdos reprimidos
 encontram-se no Inconsciente...
 
TEORIA SOBRE A ESTRUTURA DO APARELHO PSIQUÍCO – 1ª Formulação
“A interpretação dos sonhos” (1900) – concepção sobre a estrutura e o funcionamento psíquico. Existência de 3 sistemas ou instâncias psíquicas.
Inconsciente – exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos... Regido por leis próprias de funcionamento. É atemporal, 
 não existe noções de passado 
 e presente...
A ESTRUTURA DO APARELHO PSIQUÍCO
O pré-consciente – refere-se ao sistema em que permanecem os conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, mas no momento seguinte pode estar. (memórias, gosto, predileções – “arquivo”).
O consciente – é o aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Fenômeno da percepção, 
 atenção, raciocínio, etc.
 PSICANÁLISE E SOCIEDADE
Freud: concorda que há influência dos fenômenos sociais na constituição do sujeito. Uma relação que envolva no mínimo duas pessoas já pode ser considerada como relação social. 
Freud [1920-22(1976)] menciona Le Bon - características de um grupo - “mente coletiva”: a maneira de pensar e de agir de uma pessoa é diferente de quando está no grupo. 
 A tendência é se comportarem
 de forma diferente. 
 Psicologia das massas e análise do eu
 Freud, 1921
 PSICANÁLISE E SOCIEDADE
O homem “paga caro” psiquicamente por viver em sociedade. Relação conflituosa entre pulsão X civilização.
Repressão cultural = neuroses;
Troca suas pulsões e instintos por uma vida regida para o trabalho, produção e pela ordem estrutural;
Arte, ciência e religião – satisfações
 substitutivas.
Vamos ser francos: “A educação é fazer 
 a criança controlar seus instintos” 
A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL
Postulava a existência da sexualidade infantil X infância como “inocente” – sociedade puritana escandalizou.
A função sexual existe desde o princípio da vida...
A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL
Polémica! Freud em suas investigações clínicas descobre que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida.
Na vida infantil – estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas – origem dos sintomas atuais.
A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL
Início do processo de desenvolvimento psicossexual – a função sexual ligada à sobrevivência – prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado – excitações sexuais localizadas em partes do corpo.
Freud postula as fases do desenvolvimento sexual (fase oral; fase anal; fase fálica; fase
genital).
Libido “é a energia dos instintos sexuais
 e só deles...” Freud 
A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL
Fase oral (0 a 1 ano) – zona de erotização é a boca - o prazer sexual, predominantemente relacionado à excitação da cavidade oral e dos lábios; está associado à alimentação.
Sucção, mordedura... Ambivalência dor X prazer.
“Resquícios” – roer unhas, fumar, beber, comer em demasia, vomitar, cuspir, etc... 
Fase anal – (2 a 3, 4 anos) – maturidade fisiológica em controlar os esfíncteres. Zona erógena é o ânus.
Controlar a micção e a evacuação (fonte de prazer e gratificação).
Ambivalência: movimentos de expulsão (doar, eliminar, excluir) e retenção (ter, segurar, controlar, reter, guardar).
“Resquícios” – ordem, parcimônia, obstinação X desmazelo, teimosia, masoquismo. 
Fase fálica – (3,4 a 5,6 anos). Zona de erotização é o órgão sexual. Meninos e meninas, na fase fálica, estão preocupados com as polaridades fálico e castrado.
A descoberta das diferenças anatômicas entre os sexos (presença ou ausência de pênis) motiva a inveja do pênis nas meninas e a ansiedade de castração nos meninos. 
Unificação das pulsões parciais sob
 a primazia dos órgãos genitais.
 Durante a fase fálica, a culminância 
 do Complexo de Édipo. 
O COMPLEXO DE ÉDIPO
Estruturação da vida psíquica do indivíduo. (Entre 3 e 5 anos) 
Fase no desenvolvimento infantil em que existe uma “disputa” entre a criança e o progenitor do mesmo sexo pelo amor do progenitor do sexo oposto.
No Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado (e vice-versa).
Ele procura ser o pai para “ter” a mãe, 
 pai = modelo de comportamento 
 internaliza regras e normas – advindas da
 autoridade paterna.
O COMPLEXO DE ÉDIPO
Percebendo que o pai e a mãe possuem uma relação, e não partilham consigo, a criança responsabiliza internamente o progenitor do mesmo sexo pela separação = sentimentos hostis em relação ao progenitor do mesmo sexo = porém ambiciona ser com tal...
O COMPLEXO DE ÉDIPO
A resolução do Complexo de Édipo é responsável pela inserção da criança na realidade, pela quebra das relações simbióticas, através do reconhecimento das interdições, ou seja, pelo “reconhecimento do pai” (da lei).
Latência - (5/6 anos a 11/12 anos). Energia utilizada para desenvolvimento social e intelectual. Diminuição das atividades sexuais até a puberdade.
O surgimento de sentimentos de pudor e repugnância, a identificação com os pais, a intensificação das repressões e o desenvolvimento de sublimações são características do período de latência.
Nessa fase as fantasias e impulsos
 sexuais são reprimidos, tornando-se 
 secundários.
Fase genital - (11/12 anos a 17/18 anos). Objeto de erotização ou desejo não está mais no próprio corpo, mas no outro.
Fase adolescente - da puberdade à fase adulta jovem. Amadurecimento fisiológico de sistemas hormonais que resulta na intensificação de impulsos, particularmente os impulsos sexuais. 
Separação emocional dos próprios pais 
 e o estabelecimento de um estilo de 
 vida independente.
 2ª TEORIA DO PSIQUÍSMO (id, ego, superego)
ID – reservatório da energia psíquica (libido); onde localizam as pulsões, instintos e desejos (inconsciente) – regido pelo Princípio do Prazer; evita o aversivo. Desconhece o juízo a lógica. É egoísta e volta-se ao prazer imediato.
EGO – estabelece o (equilíbrio) entre as exigências do id, e as exigências da realidade – as ordens do superego. Regido pelo Princípio da Realidade. 
 É um regulador: prazer x realidade.
 Funções: percepção, memória, 
 sentimentos, pensamentos.
SUPEREGO - a moral, os ideais, a culpa, a internalização das proibições, dos limites sociais e culturais – sensor / censura.
É a proibição dentro dele mesmo!
É a parte moral da psique.
Representa os valores da sociedade.
EXPLICANDO ALGUNS CONCEITOS:
Realidade psíquica – aquilo que para o sujeito assume valor de verdade – não necessariamente é condizente com a realidade. Mesmo “imaginação” tem sua força e consequências.
EXPLICANDO ALGUNS CONCEITOS:
A pulsão – estado de tensão que busca, por meio de um objeto, a supressão desse estado. (Carga energética – fator de motricidade). É a propulsora do aparelho psíquico!
 Vai para além do instinto, pois é a junção do soma (corpo) com a psique (mente). 
Eros é a pulsão de vida (sexuais e autoconservação - agrega).
EXPLICANDO ALGUNS CONCEITOS:
Tânatos é a pulsão de morte: (autodestrutiva, agressiva, ID).
As pulsões de vida se opõem as pulsões de morte. As primeiras tendem a conservar as unidades vitais (caráter construtivo). As segundas tendem para a destruição das unidades vitais - retorno ao estado 
 anorgânico -o estado de repouso 
 absoluto (caráter destrutivo).
 
EXPLICANDO ALGUNS CONCEITOS:
A pulsão – constante embate entre Eros e Tânatos:
Alimentar (Eros) X Mastigar (Tânatos) 
Sexualidade (Eros) X Ato Sexual (Tânatos).
 EROS X TANÂTOS
OS MECANISMOS DE DEFESA
Percepção de algo no mundo externo ou interno pode ser muito constrangedor, doloroso, desorganizado. Para evitar esse desprazer a pessoa deforma ou suprime a realidade = Mecanismos de Defesa.
Mecanismos de defesa – são processos inconscientes realizados pelo ego. O ego exclui da
 consciência os conteúdos indesejáveis 
 protegendo o aparelho psíquico. 
OS MECANISMOS DE DEFESA
Recalque – o indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre.
Existe a supressão de uma parte da realidade. É o mais radical dos mecanismos de defesa. O sujeito torna invisível parte de um todo – alterando, deformando seu sentido.
Exemplo – caso Anna O. e Cecily. (recalque = “apagamento” de parte da realidade).
OS MECANISMOS DE DEFESA
Formação reativa – o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção – indivíduo adota uma atitude oposta a esse desejo, “burlando” a realidade. Mantem o impulso indesejado longe do consciente.
Exemplo: atitudes exageradas – ternura excessiva, superproteção – escondem – desejo agressivo intenso. Seria muito doloroso para a mãe descobrir-se – coloca no filho suas frustrações e dificuldades pessoais.
Uma pessoa demasiadamente valente e
 brigona pode ser reflexo de um medo oculto,
 de um sentimento de fraqueza. 
OS MECANISMOS DE DEFESA
Regressão – o indivíduo retorna a etapas anteriores de seu desenvolvimento sempre que depara com uma frustração; é uma passagem para modos de expressão mais primitivos.
Exemplo: pessoa ponderada, centrada, mas quando vê uma barata sobe na cadeira aos berros! “Não é só a barata que ela vê na barata.”
Choro de um adulto = (inconsciente) 
 = choro da infância - que resolveu 
 alguns problemas.
OS MECANISMOS DE DEFESA
Projeção – o indivíduo localiza (projeta) algo de si no mundo externo e não percebe aquilo como algo (indesejado).
“Cara” erra o chute e amarra a chuteira. Perde a partida e quebra a raquete (chuteira e raquete = culpadas).
Alguém sofrendo pelo fim de um relacionamento fala pro outro: “Você terminou o namoro?” 
 Está sofrendo de saudade, né...
“Fulano é isso, é aquilo”... 
 (podemos estar projetando 
 qualidades nossas).
OS MECANISMOS DE DEFESA
Racionalização – indivíduo constrói uma argumentação racional, intelectualmente convincente, que justifica seus atos “deformados”.
O ego coloca a razão a serviço do irracional tentando dar sentido ao próprio mundo.
Buscamos boas razões para atitudes indevidas e fracassos.
Terminou? Tudo bem. Também não gostava mais dela. 
 Era feia e tinha até bafo. Vou pular essa roleta, 
 passagem tá cara - e a empresa tá rica.
Quem nunca colou?...
Só hoje; Não tive tempo.
OS MECANISMOS DE DEFESA
Sublimação - busca de modos socialmente aceitáveis de satisfazer, ao menos parcialmente, as pulsões do id. 
É responsável pela civilização, já que é resultante de pulsões subjacentes que encontram vias aceitáveis para o que é reprimido. Dessa forma, é o único mecanismo que nunca é patológico. Exemplo: um indivíduo com alta agressividade pode se tornar cirurgião, para o que necessita 
 cortar tecidos sem hesitação; é uma 
 forma de socializar a agressividade.
Obras de arte; literatura, música, ciência,
 esporte, política, etc.
OS MECANISMOS DE DEFESA
Negação - mecanismo de defesa mais ineficaz, pois se baseia em simplesmente negar os fatos acontecidos à base de mentiras que acabam se confundido e na maioria das vezes contrariando uma à outra. 
Um bom exemplo de negação é um garoto que, ao ser acusado de roubo (e realmente é culpado), diz: "Eu não tenho nada comigo! Eu achei no chão e o dono da loja me deu”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bock, A. M. B. (org.). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo. Editora Saraiva, 2008. 
FREUD, Sigmund. O ego e o id (1923). Rio de Janeiro: Imago, 1996.
LAPLANCHE, J. B.; PONTALIS, J., J. B. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

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