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DIREITO DO TRABALHO – 2º SEMESTRE MANHÃ AULA 5 - EMPREGADOR - TERCERIZAÇÃO PROFA. FERNANDA QUAGLIO CASTILHO FERNANDA.CASTILHO@ANHANGUERA.COM Cont. Aula 4: Profissões Regulamentadas: ✓ Atleta Profissional: Características Peculiares correspondentes a Lei Pelé, Lei 9.615/98. CLT é aplicada subsidiariamente. Esse contrato tem duas relações jurídicas, uma de cunho trabalhista e outra de caráter desportivo. Tem a presença marcante da cláusula penal. Do direito de arena (porcentagem de lucro do jogo destinado a sindicato e participantes). Além dos direitos e deveres dos jogadores, como período de concentração não superior a 3 dias, etc. ✓ Professor: Regulado pelos art. 317 a 324 da CLT. A remuneração é aferida por mês, com base nas aulas ministradas semanalmente multiplicando-se por 4,5. Tem direito ao DSR na proporção de 1/6 da remuneração (Súmula 351 TST). As férias coincidem com as férias letivas, caso sejam antecipadas devem ser ressarcidas. A carga horária de trabalho são 4 horas aulas ou seis intercaladas, a partir daí acrescenta-se 50% de HE. ✓ Músico: Regulamentado pela Lei 3.857/60. São músicos: compositores de música erudita ou popular, regentes de orquestras sinfônicas, etc. Segundo o STF não é necessário o registro de músico no respectivo conselho de cena lírica. Ainda estão submetidos a jornada de trabalho de 5 horas, com direito ao intervalo interjornada de 11 horas e DSR, também há o pagamento de HE. E ainda podem ser contratados por nota contratual (contratação de formal eventual e sem relação de emprego). ✓ Petroleiros: Trabalhador que presta serviço subordinado nas atividades de exploração, perfuração, produção e refinação de petróleo, etc. Regulado pela Lei 5811/72. Súmulas 112 e 391 do TST. Dentre os direitos: alojamento, alimentação gratuita (no posto de trabalho), transporte gratuito para o local de trabalho. ✓ Aeronauta: Profissional Habilitado pelo Ministério da Aeronáutica, que exerce a atividade em aeronave civil nacional, sendo regido pela Lei 7.183/84, que será revogada pela lei 13.475/2017 em 27/11/2017 (dentre as principais mudanças veda a terceirização – art. 20 da nova lei). Já o aeroviário trabalha em solo. A duração de jornada segue o art. 21 da supracitada lei, podendo ser de 11, 14 ou 20 horas. Hora noturna de 52 min e 30 seg. E tem direito a assistência médica fora a base contratual. ✓ Portuário: Relação de emprego regida pela lei 4.860/65. É trabalhador que presta serviços na área do porto organizado, com a parte terrestre e marítima, contínua ou descontínua. Tem direito as Horas extras mínimas de 50%, (quando ultrapassar a jornada acordada não precisa de acordo coletivo) além de adicional de 40% de adicional de risco sobre o salário base (não recebe insalubridade ou periculosidade). ✓ Jornalista: Trabalhador intelectual, cuja função se estende na busca de informações até a redação de notícia e artigos, arts. 302 a 316 da CLT. Jornada de trabalho de 5 horas por dia, ainda com direito a DSR e intervalo interjornada de 10 horas. Segundo o STF no Recurso Extraordinário nº 511961 não é necessário que o trabalhador seja formado em jornalismo para ser considerado jornalista. ✓ Vendedor viajante: Também denominado pracista, executa atividades de comercialização de produtos fora do estabelecimento comercial, e é regulado pela lei 3.207/57. A remuneração é por meio de comissões. Se for transferido para outra zona de trabalho, terá direito a remuneração mínima na média dos 12 últimos meses. Adicional de 10% quando acumular a função de inspeção e fiscalização. ✓ Motorista: Profissão regulamentada pela Lei 12.619/12, que foi alterada pela lei 13.103/15, ainda em acréscimo ao art. 235-B da CLT. Dentre os principais direitos estabelecidos pela lei 12.619: Art. 2o São direitos dos motoristas profissionais de que trata esta Lei, sem prejuízo de outros previstos em leis específicas: V - se empregados: a) não responder perante o empregador por prejuízo patrimonial decorrente da ação de terceiro, ressalvado o dolo ou a desídia do motorista, nesses casos mediante comprovação, no cumprimento de suas funções; b) ter jornada de trabalho controlada e registrada de maneira fidedigna mediante anotação em diário de bordo, papeleta ou ficha[...] de trabalho externo, ou sistema e meios eletrônicos instalados nos veículos, a critério do empregador; e c) ter benefício de seguro de contratação obrigatória assegurado e custeado pelo empregador, destinado à cobertura de morte natural, morte por acidente, invalidez total ou parcial decorrente de acidente, traslado e auxílio para funeral referentes às suas atividades, no valor mínimo correspondente a 10 (dez) vezes o piso salarial de sua categoria ou valor superior fixado em convenção ou acordo coletivo de trabalho. Motorista: CLT, Art. 235-B. São deveres do motorista profissional empregado: I - estar atento às condições de segurança do veículo; II - conduzir o veículo com perícia, prudência, zelo e com observância aos princípios de direção defensiva; III - respeitar a legislação de trânsito e, em especial, as normas relativas ao tempo de direção e de descanso controlado e registrado na forma do previsto no art. 67-E da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 (CTB) IV - zelar pela carga transportada e pelo veículo; V - colocar-se à disposição dos órgãos públicos de fiscalização na via pública; VI - (VETADO); VII - submeter-se a exames toxicológicos com janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias e a programa de controle de uso de droga e de bebida alcoólica, instituído pelo empregador, com sua ampla ciência, pelo menos uma vez a cada 2 (dois) anos e 6 (seis) meses, podendo ser utilizado para esse fim o exame obrigatório previsto na Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – CTB), desde que realizado nos últimos 60 (sessenta) dias. Parágrafo único. A recusa do empregado em submeter-se ao teste ou ao programa de controle de uso de droga e de bebida alcoólica previstos no inciso VII será considerada infração disciplinar, passível de penalização nos termos da lei. 1. EMPREGADOR Art. 2º, CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividades econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Gustavo Filipe Barbosa Garcia assim leciona: "empregador é toda pessoa jurídica, pessoa natural ou ente despersonalizado que contrate empregado, mantendo a relação jurídica com este, ou seja, todo ente que se utilize de empregados para a realização de seu objetivo social" . ✓ A relação de emprego é estabelecida com o empregador e não com o proprietário da empresa. ✓ empregador por equiparação: aquele que não apresenta elementos da empresa ou que não tenha atividades com fins lucrativos, como profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos (condomínio). § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ✓ grupo de empresas: exige para sua caracterização a existência de duas ou mais empresas, cada qual com personalidade jurídica própria, sujeitas à unidade de comando (comando único). Todas as empresas que compõem o grupo econômico são responsáveis solidárias pelas obrigações trabalhistas. NR § 2º -§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. ✓ grupo de empresas: NR § 3º Não caracteriza grupo econômico a meraidentidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. ” (NR) É possível a relação de emprego se formar com o grupo em si e não com cada uma de suas empresas, sendo o grupo o empregador único. Súmula nº 129 do TST. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. ✓ consórcio de empregadores rurais: "união de produtores rurais, pessoas físicas, com a finalidade única de contratar empregados rurais"(art. 1º da Portaria 2.964/1999) ✓ cartórios: existe vínculo empregatício entre o servidor do cartório (titular do cartório considerado agente público delegado), e seus funcionários. O titular do cartório assume a figura de empregador, pois o cartório, nos termos do artigo 236 da CF/88, tem natureza privada, por delegação do Poder Público. ✓ Sucessão Trabalhista CLT, Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. NR Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I – a empresa devedora; II – os sócios atuais; e III – os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. ” Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. NR Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. ✓ Regra geral: sucessor responde pelas obrigações trabalhistas, ainda que referente à período anterior à aquisição. O sucedido somente responderá, de forma solidária, em caso de fraude no ato jurídico da sucessão, com intuito de frustrar direitos trabalhistas dos empregados. ✓ Sucessão Trabalhista OJ 411 da SBDI - I do TST. SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTENCENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010).O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão. ✓ hipótese de falência e recuperação judicial (Lei 11.101/2005): não há sucessão em caso de falência quanto ao arrematante da empresa ou filiais por força da disposição expressa do artigo 141, inciso II, de referida Lei. Já na hipótese de recuperação judicial, inexiste previsão legal no sentido de afastar a sucessão quanto aos efeitos trabalhistas. Desconsideração da personalidade jurídica Aplicação do art. 28 do Código de Defesa do Consumir (possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica) às relações de trabalho por força do artigo 8º da CLT Para sua aplicação necessário que presentes o abuso de direito, a fraude no uso da personalidade jurídica, o desvio de função e confusão patrimonial. NR “Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 – Código de Processo Civil. § 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: I – na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta Consolidação; II – na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo; III – cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal. § 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).” Poder de Direção Art. 2º da CLT - organizar, controlar e disciplinar a prestação de serviços. Aspectos: 1) poder de organização - a organização da atividade empresarial cabe ao empregador, define e distribui as atividades, o local e horário da prestação dos serviços. 2) poder de controle - a atividade laboral prestada pelo empregado deve estar com consonância com as regras impostas pela empresa, sujeitando-se ao controle e fiscalização do empregador. 3) poder disciplinar - o empregador pode aplicar penalidades (advertência, suspensão e justa causa) ao empregado. 2. TERCEIRIZAÇÃO: Aqui a contratação clássica cede espaço a uma contratação triangular; O empregador paga salário, mas o empregado presta o seu serviço a um terceiro (tomador de serviço), que paga um determinado valor ao empregador, fixado em contrato de natureza civil. ✓ Aumento expressivo desta forma de contratação a partir da década de 1980, sem lei que regulamente especificamente a matéria. Ex. Lei 7102/83 – empresas de serv. de vigilância e transporte de valores. E trabalho temporário Lei 6.019/74 de conservação e limpeza. "A terceirização significa a transferência de certas atividades periféricas do tomador de serviços, passando a ser exercidas por empresas distintas e especializadas." ✓ TST: Edição da Súmula 331: Inadimplemento trabalhista há a responsabilidade subsidiária do tomador de serviço – obrigatório para isso, constar na inicial a tomadora de serviço. Se houveram vários tomadores, deve destacar na inicial o período ao qual prestou serviço ao tomador demandado. ✓ atividade meio (não coincidem com os fins da empresa) x atividade fim (relacionada ao seu objetivo social, é indispensável) Limites - Súmula 331 do TST CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). Limites - Súmula 331 do TST [...] III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade nãodecorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. -O tomador dos serviços responde de forma subsidiária pelos inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do empregador, tendo em vista sua culpa in eligendo e/ou in vigilando. -Na hipótese de terceirização fraudulenta, o vínculo empregatício forma-se diretamente com o tomador dos serviços, desde que não e cuide de ente da Administração Pública. -Em relação ao dono da obra, importa observar a OJ 191 da SBDI-I do TST, in verbis: CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE. (nova redação) - Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011.Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. ✓ Não há reconhecimento de vínculo empregatício com o Poder Público, órgão da Administração Pública (item II, Súmula 331) já que fere o requisito da necessidade de concurso público (art. 37 CF) ✓ A ADC 16 do STF em 2011 Declarou constitucional o art. 71 da lei 8666/93 para responsabilizar a Administração Pública nos casos de terceirização onde haja culpa in elegendo ou in vigilando. Após essa decisão foi incluído inciso V na Súmula 331 do TST. Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. No que toca às cooperativas de trabalho, o parágrafo único do art. 442 da CLT dispõe que inexiste vínculo empregatício entre os associados e os tomadores de serviços da cooperativa. ✓SERVIÇOS ESPECIALIZADOS x TEMPORÁRIO A terceirização nada mais é que a contratação de trabalhadores por empresa interposta, ou seja, o interessado na prestação do serviço não contrata diretamente o empregado, mas sim uma empresa cujos funcionários prestam o serviço desejado. Essa terceirização pode ter duas vertentes: 1 – Serviço Especializado 2 – Trabalho Temporário. Conforme entendimento consolidado pelo Tribunal Superior do Trabalho (Súmula 331), a terceirização só era admitida para atividade-meio do empregador, essa situação foi inclusive regulamentada pela Lei nº 13.429, de março de 2017. Veja o trecho da súmula 331 TST: III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. 1 – Serviço Especializado São os serviços elencados na própria sumula 331 ou serviços específicos, nos termos da lei, são serviços de suporte para atividade fim da contratante. Podemos enumerar alguns – Limpeza, Jardinagem, Restaurante, Portaria, Telefonistas, Movimentações de Carga, Copa entre outros do gênero. Para esses serviços o tomador contrata empresa especializada que vai contratar e gerir pessoal especializado nesses serviços que serão colocados à disposição do tomador. 1 – Serviço Especializado Percebam que o importante dessa relação é que não existe nenhuma subordinação dos empregados da prestadora para o tomador, muito menos pessoalidade. O tomador deseja que o serviço seja prestado de maneira correta e não tem gerência no modo operacional dele. Esses trabalhadores tem seu contrato regido pelos sindicatos próprios de cada categoria, tendo pisos próprios e norma específica em alguns casos como o dos vigilantes, ou seja, são contratos normais, assim não existe nenhum vínculo entre eles e o tomador. Somente no caso de falência ou inadimplência do prestador é que o tomador poderá ser chamado ao pagamento. Para esse tipo de terceirização a lei 6.019/74 e 13.429/17 preceitua o seguinte: 1 – Serviço Especializado § 1o É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços. § 2o Os serviços contratados poderão ser executados nas instalações físicas da empresa contratante ou em outro local, de comum acordo entre as partes. § 3o É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou local previamente convencionado em contrato. § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.” 1 – Serviço Especializado A reforma trabalhista ainda garantiu para esse tipo de empregado terceirizado iguais condições de trabalho em relação aos efetivos do tomador. NR - “Art. 4º-C São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o art. 4º-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições: I – relativas a: a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios; b) direito de utilizar os serviços de transporte; c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou local por ela designado; d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir. II – sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações adequadas à prestação do serviço. 2 – Trabalho Temporário O trabalho temporário se difere em muito dos serviços especializados ou específicos, pois parte do pressuposto que o trabalhador vai trabalhar diretamente sob o comando do tomador do serviço e não do prestador. Nesse caso o tomador necessita da força de mão de obra do trabalhador propriamente dita para atingir seu objetivo econômico. Assim sendo, o natural seria que um empregado do tomador realizasse essas atividades, contudo, em determinada situação a lei permitiu que isso fosse feito por empresa interposta, ou seja, por uma locadora de mão de obra. A situação onde é permitida essa contratação é a seguinte: 2 – Trabalho Temporário “Art. 2º [...] para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. § 1o É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei. § 2o Considera-se complementar a demanda de serviços que seja oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou sazonal.” Como a abertura de situação é bem ampla a lei ainda criou um sistema de restrições como prazos de duração e recontratação. Assim no art. 10 da lei 13.429 – fica estipulado o prazo de 180 dias, prorrogáveis por mais 90 dias. Após o término desses prazos o empregado só poderá voltar para aquele prestador após 90 dias. 2 – Trabalho Temporário Na reforma trabalhista a ser aplicada, existe ainda uma restrição mais grave no que tange a recontratação de ex- empregados, temos os artigos 5C e 5D. “Art. 5º-C Não pode figurar como contratada, nos termos do art.4º-A desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados.” “Art. 5º-D: O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado.” 2 – Trabalho Temporário No tocante as condições de trabalho a lei determina que não deva haver nenhuma distinção entre os terceirizados temporários e os efetivos – art. 9º. § 1o É responsabilidade da empresa contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou em local por ela designado. § 2o A contratante estenderá ao trabalhador da empresa de trabalho temporário o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas dependências da contratante, ou local por ela designado. Devido a esse contrato não ser regido pela CLT ele terá as garantias trabalhistas descritas na própria Lei 6.019. – São elas: 2 – Trabalho Temporário - remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional;**** Impactado pela REFORMA - Jornada de 8 horas, com pagamento das horas extras, não excedentes de duas por dia, com o acréscimo de 50% ou outro percentual mais elevado, se previsto em Convenção Coletiva de Trabalho ou Acordo Coletivo de Trabalho (artigo 12, alínea b; artigo 7º, incisos XIII e XVI da CF) - Férias proporcionais(artigo 12, alínea c, da Lei 6019/74); - Repouso semanal remunerado (artigo 12, alínea d, da Lei 6019/74; artigo 7º, inciso XV, da CF); - Adicional por trabalho noturno (artigo 12, alínea e , da Lei 6019/74; Artigo 7º, inciso IX da CF); - Indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 (um doze avos) do pagamento recebido (artigo 12, alínea f , da Lei 6019/74); - Seguro contra acidente do trabalho custeado pela empresa de trabalho temporário (artigo 12, alínea g; artigo 7º, inciso XXVIII, da CF); - Proteção previdenciária. O trabalhador contribui com 8% do salário efetivamente percebido e a empresa de trabalho temporário com quantia igual à devida pelo trabalhador (artigo 12, alínea z, da Lei 6019/74). 2 – Trabalho Temporário Além dos direitos assegurados pela Lei 6019/74, há outros garantidos pela Constituição Federal ou leis específicas: - FGTS, garantido pela Lei 8036/90, com direito a saque do respectivo saldo depois de findo o contrato (artigo 7º, inciso III, da CF) - Adicional por trabalho insalubre (artigo 7º, inciso XXIII da CF) - Adicional por trabalho em condições de periculosidade (artigo 7º, inciso XXIII da CF) - 13º salário proporcional (artigo 7º, inciso VIII, da CF) - Licença à gestante (inciso XVIII, art. 7º, da CF); - Licença paternidade (artigo 7º, Inciso XIX da CF) Como os contratos regidos pela Lei 6019/74 têm a data do seu término pré-estabelecida, o trabalhador não tem direito a:- Aviso prévio; Multa de 40% do FGTS; - Seguro-desemprego 2 – Trabalho Temporário Proibições no trabalho temporário: - Prestação de trabalho noturno, perigoso ou insalubre por menores de 18 anos e de qualquer trabalho por menores de 16 anos (inciso XXXIII, art. 7º da Constituição Federal). - Contratação de estrangeiros com visto de permanência provisório no país. - Cobrar do trabalhador qualquer importância, mesmo a título de mediação, podendo apenas efetuar descontos previstos em lei. 3 - POLÊMICA DA REFORMA TRABALHISTA A reforma alterou a redação do art. 5-A dando a entender que qualquer atividade poderá ser terceirizada nos moldes dos serviços determinados e específicos. Também deixou a cargo da negociação entre as empresas se os empregados terceirizados terão as mesmas condições salariais dos efetivos. “Art. 4o-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições: 3 - POLÊMICA DA REFORMA TRABALHISTA § 1o Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de outros direitos não previstos neste artigo. São temas que irão demorar um pouco para que o mercado processe a alteração e aplique na prática. Só com o passar do tempo e das demandas teremos uma real noção do impacto que isso irá causar na estrutura do trabalho.
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