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ANAMNESE E EXAME FÍSICO Prof ª Núbia Carvalho Anamnese Histórico relativo à saúde física e mental do paciente, obtido a partir de informações relatadas por ele. Anamnese: Coleta de Dados Nome; Idade; Sexo; Raça; Nacionalidade; Estado civil; Escolaridade; Profissão; Local de trabalho; Religião; Tipo de moradia (incluir informações sobre o fornecimento de água e a existência de lixões, rios ou córregos próximos à residência); Antecedentes cirúrgicos; Antecedentes patológicos familiares (hipertensão arterial, diabetes, câncer, hematopatias); Internações anteriores; Medicamentos utilizados no momento; Alergias a medicamentos e a alimentos; Vida sexual; Hábitos de sono; Ingestão de bebida alcoólica (quantidade, frequência e tempo de consumo); Tabagismo (quantidade de cigarros/dia e tempo de consumo); Consumo de drogas ilícitas (tipo e frequência); Queixas atuais, sinais e sintomas (sinais referem-se a dados detectados como: vômitos... e sintomas são os dados mencionados pelo paciente como: náuseas...). Exame Físico È o levantamento das condições globais do paciente, tanto físicas como psicológicas, no sentido de buscar informações significativas para a enfermagem que possam subsidiar a assistência a ser prestada ao paciente. Alba Lucia Barros “É o traço de união entre a arte e a ciência da enfermagem”. Objetivos: • Ajudar no do diagnóstico clínico; • Fazer julgamentos clínicos sobre o estado de saúde; • Identificar problemas de enfermagem; • Correlacionar as necessidades afetadas; • Avaliar os resultados fisiológicos do cuidado; • Formular as demais fase do processo de enfermagem. Características: • Sentido cefálo-caudal; • Entrevista como base; • Procedimentos propedêuticos: inspeção, palpação, percussão e ausculta; Posicionamento do paciente Posição sentada; Posição supina ou decúbito dorsal; Posição de Fowler e semi-fowler; Posição ginecológica; Decúbito ventral; Trendelenburg; SIM’S; Posição Genupeitoral . Material necessário: • Termômetro, otoscópio, oftalmocópio; • Esfigmomonômetro e estetoscópio; • Balança, fita métrica; • Lanterna, martelo percusor; • Abaixador de língua, luva, relógio, bolas de algodão, álcool e gazes. Cuidados : • Lavar as mãos antes e após; • Ambiente tranquilo, privativo e com boa iluminação; • Organizar todo material necessário previamente; • Garantir conforto físico e psicológico; • Examinar com respeito e responsabilidade. Procedimentos propedêuticos: Inspeção; Palpação; Percussão; Ausculta. Inspeção: Utiliza o sentido da visão. Estática – contornos anatômicos Dinâmica – Foco de atenção: movimentos do segmento inspecionado; luz adequada e privacidade; Palpação: Técnica que permite a obtenção de dados através do tato e da pressão. Mãos lavadas a cada exame; Aquecer as mãos, esfregando uma conta outra; Unhas cortadas e tratadas, num tamanho que não machuque o cliente. Percussão: Vibrações originadas através de pequenos golpes realizados. Utilizar 02 golpes seguidos, para confirmar o som. Direta: Golpeia-se diretamente com a ponta dos dedos a região alvo. Dígito-digital: Golpeia-se com um dedo a borda ungueal ou a superfície dorsal da segunda falange do dedo médio ou indicador. Punho-percussão e borda da mão: sensação dolorosa no rim Ausculta: Realizada através do estetoscópio, obtêm-se ruídos normais ou patológicos. Ambiente tranquilo; Privacidade; Concentração. Exame Físico COMO FAZER? Estado Geral: bom, regular e mau estado geral. Estado Mental: consciência, nível de consciência, estímulos auditiveis e táteis. Tipo Morfológico: brevilíneo, normolíneo e longilíneo. Postura e Locomoção. Expressão Facial. Dados antropométricos; Sinais Vitais / SSVV. Exame da Cabeça e Pescoço Inspeção e palpação Cabeça - Posição e equilíbrio. Crânio - Tamanho, fontanelas, presença de hematomas, pontos dolorosos, cistos, tumores e lesões que devem ser descritas de acordo a localização. Cabelos: Características e higiene. Face: coloração da pele e presença de manchas. Olhos: pálpebras - Abertura, edema e presença de nódulos ou lesões. Globo ocular - Presença de protusão (exoftalmia) ou retração (xenoftalmia) ocular. Conjuntiva - Apresentação descorada, amarela e hiperemiada. Córnea - Integridade, presença de ulceração, corpo estranho, reflexo córneo e opacificação do cristalino. Esclerótica - Coloração. Pupilas: Forma = Isocóricas (diâmetro igual de ambos os olhos) ou anisocóricas (diâmetro diferente entre os olhos). Tamanho = Miose (constricção pupilar) e midríase (dilatação pupilar). Acuidade auditiva - Condição e se uso de prótese. Nariz - Forma, tamanho, simetria, integridade, presença de secreção (tipo), ou corpo estranho. especificar sempre narina com alteração. Ouvidos - Forma, tamanho, simetria, integridade, presença de secreção (tipo), ou corpo estranho, condições da acuidade auditiva, uso de prótese. especificar sempre ouvido com alteração. Boca - Condições da mucosa, gengivas e dentes, presença de halitose, característica da língua, palato mole e amígdalas. Pescoço - Tamanho, mobilidade, artérias carótidas (pulsação), veias jugulares (estase jugular), aumento da glândula tireoide, presença de linfonodos cervicais. Tórax – Respiratório Inspeção Estática – observar caixa torácica sem considerar os movimentos respiratórios. Observar: pele, presença de cicatrizes, edema, atrofias musculares, alteração ósseas e articulares, simetria, abaulamentos (aumento do volume), retrações. Forma do tórax (varia conforme idade, sexo e biótipo). Tórax globoso: aumento do diâmetro Antero posterior devido à hiperinsuflação pulmonar. Tórax em peito de pombo: deslocamento de esterno para a frente. Tórax escavado ou em funil: deslocamento do esterno para trás (raquitismo e distúrbios congênitos). Tórax cifoescoliótico: anormalidade das curvaturas da coluna torácica: laterais (escoliose), posteriores (cifose) ou combinadas (cifoescoliose), pode ser causado por osteoporose, artrite, reumatoide e vícios de postura. Dinâmica – Observar os mov. Respiratórios: frequência, ritmo, expansibilidade, tiragem intercostal (depressão dos espaços intercostais). Palpação Verificar condições das partes moles e do arcabouço ósseo: Sensibilidade, enfisema subcutâneo e ósseo dos arcos costais. • Traqueia – Deslocar suavemente de um lado para outro, examinando crepitações, desvio da linha média, massas. • Parede torácica – Palpar com a base palmarposicionada contra o tórax do paciente. Avaliar dor, crepitações, tônus muscular, edemas e frêmito palpável. • Expansibilidade – Colocar as mãos espalmadas na face posterior do tórax. Percussão Espaços intercostais (digito-digital): determinar se os tecidos estão cheios de ar, líquido ou se são sólidos. Comparativo – Examinam-se os dois hemitórax do ápice para a base, nas faces posterior, lateral e anterior. Tipos de sons: Claro pulmonar: timbre grave e oco. Hiper sonoro: indicam aumento de ar nos pulmões, timbre mais grave (ex: pneumotórax). Timpânico: ocos. Maciço: surdo e seco. Submaciço: suave. Ausculta Pulmonar Consiste em ouvir ruídos torácicos com o diafragma do estetoscópio durante todo o ciclo respiratório (inspiração e expiração). Técnica: Paciente deve ser instruído a respirar pela boca profundamente, enquanto o examinador muda o estetoscópio de lugar, percorrendo o tórax de cima para baixo, na face posterior, anterior e lateral. Sons respiratórios normais: Murmúrios vesiculares (MV): som normal, timbre grave e suave. Som brônquico: som de caráter tubular audível na região anterolateral do pescoço. Som broncovesicular: qualidade sonora semelhante a uma brisa. Ruídos adventícios (02 tipos): • Sons nítidos, descontínuos e explosivos: estertores finos e grossos. • Sons contínuos, musicais: roncos e sibilos. Estertor: som explosivo e descontinuo = crepitação. Roncos: som grave (pneumonia, bronquite). Sibilos: som agudo (asma e broncoconstricção). Estridor ou cornagem: respiração ruidosa (laringite, edema de glote). Atrito pleural: ruído irregular, mais intenso na inspiração (inflamações pleurais – som de couro atritado). Tórax – Cardíaco Inspeção Atentar para as deformidades da caixa torácica O ictus é a região em que acontece o choque entre o ápice (a pontinha) na parede torácica. Localiza-se o 4º e 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular, lado esquerdo. Palpação Coloque a mão no local tente perceber o choque do ápice do coração, bulhas, frêmitos sopros intensos. Ausculta Foco aórtico – 2º espaço intercostal direito, região paraesternal. Foco pulmonar –2º espaço intercostal esquerdo, região paraesternal. Foco tricúspide – 5º espaço intercostal, região paraesternal. • Foco mitral – 5º espaço intercostal esquerdo, linha hemiclavicular. Exame das Mamas Inspeção Elevação dos braços e mãos no quadril. Observar: • Simetria; volume; forma; consistência; contorno; modificações da pele e do mamilo. Palpação Palpar os gânglios supra e infra claviculares (deitada com os braços repousados na lateral do corpo palpar áreas supra e infra claviculares com a face palmar dos dedos da mão dominante, anotar: número, tamanho, consistência e mobilidade). MMSS elevados e fletidos com a mão sobre a nuca, palpar delicadamente seguindo a ordem dos quadrantes e avaliando toda a superfície. Abdome – Sistema Gastrintestinal OBSERVAR: Ingesta de alimentos, decorrentes de inapetência, disfagia ou refluxo esofágico; Tabagismo (quantidade de cigarros por dia); Consumo de álcool (frequência e quantidade); História pregressa de doença gastrintestinal ou cirurgias); História familiar de doenças gastrintestinais câncer (cavidade oral, esôfago, estômago, intestino e reto); Uso de medicamentos (antiácidos ou inibidores de secreção e ácido clorídrico); Dor ou desconforto intestinal (intensidade, localização e medidas utilizadas para alívio). Inspeção Observar lesões de pele, manchas hiper ou hipocrômicas, estrias e contorno do abdome. Este pode apresentar-se: • Plano – Quando estiver horizontal e sem alterações. • Globoso – Musculatura abdominal flácida ou excesso de gordura. • Escavado – Côncavo (indivíduos caquéticos). • Batráquio - Predomínio da largura em posição dorsal, por causa da pressão dos líquidos (Ex. ascite). • Abdome em avental - obesidade severa (o abdome cai como se fosse um avental). Palpação Palpação superficial – O examinador aplica pressão aproximadamente 1 cm, utilizada para pesquisa e detecção de aumento/distensão do globo vesical. Palpação profunda – Utilizada somente por indivíduos com habilidade na execução do exame físico, com o objetivo de detectar massa profunda, entre outros, em que aprofunda- se a mão até 5 cm. Percussão Podem ser auscultados sons timpânicos, hipertimpânicos, maciços e submaciços. • Timpânicos – Produzidos pelo ar existente no estômago e intestino. • Hipertimpânicos – Encontrado em indivíduos com abdome distendido ou quadros de diarreia. • Maciços – Sons com qualidade ou baque surdo, originados principalmente na região do fígado e no útero gravídico. • Submaciços – Encontrados em indivíduos com abdome protuberante e pode evidenciar presença de ascite. Ausculta Sons classificados em: borborigmos ( possíveis de auscultar sem a utilização do estetoscópio) e ruídos hidroaéreos, (RHA). • Normais – Quando auscultados entre 5 e 20 segundos; • Hipoativos – Quando auscultado a cada 2 minutos; • Hiperativos – Quando auscultado 6 ou mais sons em menos de 30 segundos; • Ausente – Quando não é auscultado nenhum som em pelo menos 2 minutos. Exame da Genitália Genitália externa feminina – Inspeção o Lavar as mãos e calçar luvas; • Inspeção da superfície e características dos grandes lábios (secos, úmidos e simétricos). • Inspeção dos pequenos lábios, orifício uretral, vagina. • Verificar o clitóris (atrofia, inflamação). • Meato uretral (drenagem, secreção, pólipos); • Introito vaginal – fenda vertical de tecido úmido; • Verificar ânus e fazer toque retal. Genitália masculina • Lavar as mãos e calçar as luvas; • Avaliar genitália, anel e canal inguinal; • Verificar maturidade sexual, tamanho e formato do pênis, testículo, coloração e textura da pele do escroto, distribuição dos pelos. Aparelho Locomotor Inspeção • Verificar: assimetria dos MMSS e MMII, da coluna e da pélvis; • Comparar cada área bilateralmente observando as condições e o contorno de todas as formações, tuberosidades, músculos, tendões etc.; • Marcha e postura; • Intumescências localizadas; • Abaulamentos, edema e áreas mais aquecidas ou mais frias; • Função do membro – Uniformidade, simetria e ritmo dos movimentos; • Lesões – úlceras de decúbito, bolhas, queimaduras, cicatrizes, hematomas; • Coloração da pele e circulação periférica (manchas hipocrômicas, cianose e palidez); • Deformidades da coluna (cifose, lordose e escoliose); • Movimentos involuntários (oscilações rítmicas, tremores e contrações espontâneas). Assistência de enfermagem: Finalidades: de investigar queixas, sintomas e a evolução do paciente. O Técnico de enfermagem deve estar atento para: Aliviar as tensões; Manter o paciente calmo; Explicar os procedimentos. Material: • Cuba rim; • Martelo de percussão; • Luvas; • Esfigmomanômetro; • Estetoscópio; • Termômetro. Técnica: • Lavar as mãos; • Explicara finalidade e o procedimento do exame; • Preparar a bandeja com material necessário; • Proporcionar iluminação adequada; • Fechar janelas, se o ar estiver frio; • Verificar T, P, R e PA, peso, altura e anotar no prontuário; • Desatar cordões das roupas se necessário; • Colocar o paciente em posição adequada para o exame; • Cobrir o paciente com um lençol, evitar exposição além do necessário; • Dar assistência ao médico ou ao enfermeiro durante o exame; • Auxiliar o paciente no que for necessário; • Retirar o lençol após o exame e arrumar a camisola do paciente; • Colocar a unidade em ordem; • Limpar e guardar o equipamento usado, de acordo com as normas do hospital; • Lavar as mãos; • Anotar no prontuário o exame realizado. “Ao realizar o exame físico de um cliente, estamos, através de instrumentos e técnicas apropriadas, inspecionando o seu corpo, desenvolvendo o aspecto técnico, ao mesmo tempo que estamos vendo uma pessoa que se sente doente. Por esse motivo, perceber e entender os sinais emitidos pelo cliente, respeitar, compreender e, ao mesmo tempo, ter noção dos nossos próprios limites É UMA ARTE”. Alba Lúcia Barros
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