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Formulação de óleos comestíveis com proporçoes adequedas em ácidos graxos poli-insaturados para uso como alimento nutracêutico.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
 COORDENAÇÃO GERAL DE PROGRAMAS ACADÊMICOS E DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PROGRAMA DE INICIÇÃO CIENTÍFICA
PIBIC/PIBIT/PIBIC-AF/PIVIC/PIVIT
Título do Projeto
Formulação de óleos comestíveis com proporçoes adequedas em ácidos graxos poli-insaturados para uso como alimento nutracêutico.
Título do Plano
Uso de oléos ricos em ômega-3 nas formulações de óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados para uso como alimento nutracêutico.
Orientador
Antônia Lucia de Souza / Centro de Ciências Exatas e da Natureza – CCEN
 
Discente
Fernanda Maria Martins Andrade – Engenharia Química/ Centro de Tecnologia - CT
João Pessoa, 14 de agosto de 2017
RESUMO
Os ácidos graxos poliinsaturados exercem inúmeros benefícios à saúde. Os mais conhecidos são o ômega 3 e o ômega 6 que, em quantidades adequadas, desempenham papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares, doenças inflamatórias, desenvolvimento neural, trombose, câncer e melhora na imunidade. São encontrados em óleos essenciais como a chia, linhaça, soja, entre outros. Pode se supor que a ingestão regular desses óleos seja benéfica ao organismo, desde que tenham uma proporções adequadas de ômega 3 e 6. Visto isso objetivou-se com este trabalho, a elaboração e caracterização de misturas (blendas) dos óleos vegetais para fins alimentícios, com base nos óleos de chia, linhaça, soja, peixe e girassol. Os óleos de chia, girassol e linhaça foram extraídos de sementes adquiridas no comércio local da cidade de João Pessoa-PB. O óleo de peixe foi comprado encapsulado da marca “Divcom Pharma” e o óleo de soja optou-se pela marca “Liza” por ser livre de antioxidantes. A partir desses óleos foram elaboradas misturas em diferentes proporções a fim de desenvolver um suplemento com uma razão de ômega 3 e 6, com benefícios a saúde humana. Os óleos puros e as blendas foram submetidos a caracterização de índice de acidez, no qual todas as amostras apresentaram comportamento positivo e dentro do esperado. O uso do método Rancimat foi essencial para descobrir a estabilidade térmica e oxidativa de todas as amostras. Podendo observar a mudança do período de indução das blendas dos óleos e concluir que a presença do ômega 3 faz possibilita que o período de indução seja menor, por ser mais insaturado. O uso da Ressonância Magnética Nuclear (RMN 1H) mostraria toda a composição lipídica dos óleos, porém os resultados do RMN ¹H não ficaram prontos até a finalização deste relatório. A Espectroscopia de Infravermelho foi um método promissor para a analise dos compostos nos óleos puros, conseguindo identificar a presença de ômega 3 nas amostras, identificando o pico em que ele se encontra. Já nas blendas a observância desse pico é mais incompreensível, já que há uma semelhança nos espectros das amostras. Assim, os resultados adquiridos se mostraram eficientes, no entanto a determinação da composição de ácidos graxos dos óleos e das blendas não pode ser encontrada pelo não uso do RMN 1H. 
INTRODUÇÃO
As gorduras são vitais para o corpo humano, são elas que conferem sabor aos alimentos e nos fornecem maior quantidade de energia se comparadas aos carboidratos e às proteínas. Contudo, ainda são vistas como vilãs da alimentação, mas nem sempre são prejudiciais, pelo contrário, são componentes essências da dieta alimentar (MARTIN, Clayton Antunes et al, 2006). Nos óleos encontramos os chamados ácidos graxos essenciais, que recebem este nome por não serem sintetizados pelo organismo, são eles os ácidos graxos insaturados ômega 3 e ômega 6 que, em quantidade adequada, desempenham papel importante na prevenção e no tratamento de doenças. 
Os ácidos graxos poli-insaturados, conhecidos como PUFAS (Poly Unsaturated Fatty Acids), estão presentes nas mais diversas formas de vida, exercem importantes funções na estrutura das membranas celulares e nos processos metabólicos. Em humanos, os ácidos linoleico (18:2 ω-6), e alfa-linolênico (18:3 ω-3) são necessários para manter sob condições normais, as membranas celulares, as funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos. Esses ácidos graxos também participam da transferência do oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, da síntese da hemoglobina e da divisão celular (MARTIN, Clayton et al, 2006).
As PUFAS são assim chamadas por conterem duas ou mais insaturações em sua cadeia carbônica e são caracterizados de acordo com a posição das ligações duplas. Os ácidos graxos ômega 3 (ω-3) apresentam a sua primeira dupla ligação entre os 3º e 4º carbonos, enquanto a família ômega 6 (ω-6) apresenta a primeira dupla ligação entre o 6º e o 7º carbonos, a partir do último grupo metílico da molécula (MARTIN, Clayton Antunes et al, 2006).
O ácido graxo linoleico e o alfa-linolênico são encontrados, principalmente, em óleos vegetais comestíveis. A linhaça (Linun usitatissimun L.) é o alimento de origem vegetal bastante rico em ácidos graxos ω-3, apresentando também quantidades elevadas de fibras, proteínas e compostos fenólicos (THOMPSON, L.U.; CUNNANE, S.C., 2003). Podendo ser encontrada em duas formas, a linhaça marrom e a linhaça dourada. Sua cor é determinada pela quantidade de pigmentos no revestimento externo da semente (COSKUNER, Y.; KARABABA, E., 2007) sendo que essa quantidade é determinada por fatores genéticos (GROTH, J.V. et al, 1970)
A chia (Salvia hispanica L.) é uma semente antiga e nativa da América Central. Também é fonte natural de ácidos graxos ômega-3, fibras e proteínas, além de outros componentes nutricionais importantes, como os antioxidantes (COELHO, M.; SALAS-MELLADO, M., 2014). O óleo de peixe não é proveniente de fonte vegetal, mas também é rico em ácidos graxos da família ômega 3. São encontrados em grande quantidade nos óleos de peixes marinhos, como o salmão, atum, arenque, anchovas, entre outros peixes que vivem em aguas profundas e frias (MARTIN, Clayton Antunes et al, 2006). 
O ácido graxo linoleico é facilmente encontrado nos óleos de soja, girassol, canola e milho. Quando se fala em ômega 6, deve-se destacar também a importância de se manter determinada proporção entre os diferentes integrantes da mesma família; embora o ácido linoléico, principal componente dos ômega 6, exerça funções importantíssimas no organismo, não é conveniente que haja excesso do mesmo. Como em muitos outros aspectos da alimentação, a moderação e o equilíbrio, neste caso, é um ponto fundamental (MARTIN, Clayton Antunes et al, 2006). 
Um dos fatores para o alto consumo desse tipo de óleo é o baixo custo comercial, diferente dos óleos ricos em alfa-linolênico, que ainda apresentam valores elevados, levando um consumo desproporcional desses ácidos graxos, principalmente no ocidente. Atualmente a proporção está bastante desajustada, com valores chegando a 30:1 (de ω6 para ω3), quando deveria ser 1:1 ou 2:1 (NOVELLO, D.; FRANCESCHINI, P.; QUINTILIANO, D. A., 2008). 
A deficiência de ômega-3 pode causa uma má formação, desenvolvimento e funcionamento do cérebro e também causar danos a retina, pois é predominante na maioria das membranas celulares desses órgãos. Os ácidos graxos ômega-6 podem atuar no crescimento e sua deficiência pode resultar em lesões na pele, inflamações de gorduras no fígado e interferir na capacidade reprodutiva. (REDA; CARNEIRO,2007). Por isso a importância de se manter uma proporção adequada desses ácidos graxos. 
Embora o ômega 3 seja benéfico a saúde, a maior dificuldade em se trabalhar com ele, é a sua alta instabilidade. Os óleos ricos em ácidos graxos alfa-linolenicos são altamente susceptíveis a processos oxidativos quando comparados a outros óleos. No processo oxidativo dos óleos são formados compostos extremamente tóxicos cuja ingestão contínua pode trazer prejuízos á saúde humana (Ixtaina VY, Nolasco SM, Tomás MC, 2012). A solução encontrada para evitar essa oxidação é a adição de antioxidantes.
O crescente mercado dos produtos naturais, estimulado pelo interesse dos consumidorespor alimentos que auxiliem a promoção da saúde, tem pressionado a indústria alimentícia na oferta por novos alimentos (SILVA S.A, 2015). Alimentos que tenham preços razoáveis e que mesmo assim, tenham uma alegação nutricional. 
Portanto, este projeto tem como meta principal, o desenvolvimento de formulações lipídicas com proporções adequadas de ômega 3 e de ômega 6. Avaliar a estabilidade térmica e oxidativa dos óleos puros e de suas blendas em diferentes razões, sem adicionar antioxidantes. Assim, espera-se obter óleos ricos em PUFAS, em uma boa proporção de ômega 3 e ômega 6, que tenha um bom valor nutricional, de baixo custo e de boa estabilidade térmica e oxidativa. 
 OBJETIVOS
Objetivo Geral 
• Uso de óleos ricos em ômega 3 nas formulação de óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados para o uso como alimento nutracêutico. 
 Objetivos Específicos 
• Formular blendas de óleos de proporções variadas visando um melhoramento da relação ω- 3/ω-6;
• Avaliar as misturas de óleos poli-insaturados comerciais ricos em ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6, utilizados como alimentos nutracêuticos;
• Determinar a estabilidade térmica e oxidativa dos óleos e das blendas por meio do método EM 14112-Rancimat;
• Caracterizar o índice de acidez dos óleos e das blendas dos óleos;
• Determinar a partir de integral dos sinais de hidrogênio presente no espectro de RMN 1H o perfil de ácidos graxos das blendas de óleos
• Analisar por meio de espectroscopia vibracional na região do infravermelho a estrutura dos óleos e das blendas; 
• Prever o uso da RMN como ferramenta principal no estudo da viabilidade dessas blendas;
MATERIAIS E MÉTODOS
MATERIAS
As sementes de chia, linhaça e girassol foram obtidas no Mercado Central da cidade de João Pessoa. Os óleos dessas sementes foram extraídos por meio de prensagem, em uma prensa hidráulica no Laboratório de Materiais e Combustíveis (LACOM) do Departamento de Química, da Universidade Federal da Paraíba.
O óleo de soja foi adquirido no comércio local da cidade, e optou-se pela marca “Liza”, por não ter adição de antioxidantes. O óleo de peixe também foi adquirido no comércio local, na forma encapsulada, da marca “Divcom Pharma”, neste caso foi utilizada uma seringa para a extração do óleo.
MÉTODOS
3.2.1. Índice de Acidez 
Para a determinação do índice de acidez dos óleos foi utilizado o método descrito pela AOCS (American Oil Chemists' Society), no qual se aplica 25 mL de solução éter – álcool (2:1), previamente neutralizada, com uma solução de hidróxido de sódio 0,1N, a 2g da amostra, sendo seguidamente titulada com solução de NaOH 0,1N, na presença do indicador fenolftaleína até a mudança de coloração. Os valores referentes a este índice foram calculados a partir da equação 1: 
 I.A. = 									
 (1)
Onde: V= é o volume (mL) da solução de hidróxido de sódio a 0,1 N gasto na titulação; f= é o fator de correção da solução de hidróxido de sódio; m= é a massa (g) da amostra.
 
Figura 1 – Passos para verificação do índice de acidez
 3.2.2. Método EM 14112-Rancimat
A análise pelo método de oxidação acelerada a 110ºC realizada em um equipamento da marca Metrohm, modelo 873 Biodiesel Rancimat, atmosfera de oxigênio a 10 L.h-1, temperatura de 110 ºC, seguindo a metodologia EN 14112 estabelecida pela Resolução ANP nº 7 de 19/03/2008.
Figura 2 – Equipamento Rancimat
O método consiste em injetar gás oxigênio na amostra e, a partir do início da dissociação dos ácidos carboxílicos mais voláteis, medir o período de indução oxidativa, que fará com que a condutividade elétrica da água deionizada mude bruscamente, uma vez que há um canal que conecta os voláteis da amostra à água deionizada como mostra a fig. 3 (JAIN, Siddharth; SHARMA, M. P, 2010).
Figura 3 - Esquema do ensaio de estabilidade à oxidação pelo equipamento Rancimat.
 
3.2.3.  Espectroscopia de Infravermelho
 
A técnica de espectroscopia vibracional na região do infravermelho foi utilizada para identificar as unidades estruturais dos compostos, com base nas frequências vibracionais das moléculas. As amostras foram analisadas em um equipamento IR PRESTIGE-21, da marca SHIMADZU, pelo método de pastilha de KBr. Foi mantida a mesma proporção KBr : Amostra (100 mg : 1 mg) para melhor comparação entre as intensidades das bandas. A varredura foi feita no intervalo 2000-400 cm-1 com 20 ciclos (scan) de aquisição de dados.
A espectroscopia do infravermelho (IR) é uma ferramenta versátil aplicada para a determinação quantitativa e qualitativa de espécies orgânicas, inorgânicas e bioquímicas. A radiação infravermelha corresponde aproximadamente à parte do espectro eletromagnético situada entre a região visível e a das micro-ondas (HOLLER, F.J.; SKOOG, D.A.; CROUCH, S.R., 2009). 
É um tipo de espectroscopia de absorção, em que a energia absorvida se encontra na região do infravermelho do espectro eletromagnético. Como as demais técnicas espectroscópicas, ela pode ser usada para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra.
3.2.4. Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
A Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) tornou-se uma técnica promissora na área de determinação de estruturas de compostos orgânicos. Os sinais de RMN permitem a leitura de dois tipos de informação, tanto os deslocamentos químicos que expressa qualitativamente o ambiente químico dos átomos e moléculas quanto o valor das áreas relativas que nos mostram a quantidade de átomos. (HIDALGO & ZAMORA, 2003).
Os espectros de RMN ¹H foram obtidos em aparelhos VARIAN MERCURY de, 400 MHz para ¹H e (Central Analítica –-DQ – UFPB), utilizando como referência interna o clorofórmio (CDCl3) para solubilizar as amostras. Os deslocamentos químicos (δ) foram medidos em unidade de parte por milhão (ppm) e as constantes de acoplamento em Hertz (Hz), o programa usado para processar os espectros foi NMR Processor.
No entanto os resultados do RMN ¹H não ficaram prontos até a finalização deste relatório. Eles serão apresentados no ENIC (Encontro de Iniciação Científica) de 2017. 
 
3.2.5. Formulação de Blendas dos óleos
Foram elaboradas 7 blendas de 10g em proporções diferentes do óleo de soja, linhaça, peixe, chia e girassol. 
Tabela 1: Formulação das blendas
	
Blendas
	 Composição (%)
	
	Peixe
	Linhaça
	Chia
	Soja
	Girassol
	1
	25
	25
	25
	25
	X
	2
	25
	25
	25
	x
	25
	3
	50
	x
	x
	50
	X
	4
	50
	x
	x
	x
	50
	5
	x
	50
	x
	50
	x
	6
	x
	50
	x
	x
	50
	7
	10
	10
	10
	35
	35
As blendas foram submetidas ao índice de acidez, à avaliação de estabilidade térmica e oxidativa, através do Rancimat e as modificações no perfil lipídico dos óleos foram analisadas empregando as técnicas absorção na região do infravermelho e RMN ¹H. 
Até o final deste relatório, apenas as blendas 1, 3, 4 e 5 ficaram prontas para análises. Por motivos de quebra da prensa, as sementes de girassol não puderam ser prensadas para a obtenção do óleo, não conseguindo assim, fazer a formulação das demais blendas.
 
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Índice de Acidez
A determinação de acidez é uma análise que fornece um dado valioso do estado de conservação do óleo. Visto que a decomposição dos glicerídeos é dada e acelerada por aquecimento e pela incidência de luz no mesmo, assim sendo acompanhada pela constituição de ácidos graxos livres. A acidez livre de um composto está relacionada com a qualidade da matéria prima, grau de pureza e particularmente com as condições de conservação do óleo (Grossi, Di Lecce, Gallina Toschi, & Riccò, 2014). Assim, os óleos obtidos a partir da prensagem, foram submetidos à caracterização do índice de acidez logo após a coleta de uma amostra,para não haver interferência de luz e nem no grau de pureza, podendo levar o óleo a um processo de oxidação e não mostrar o real resultado.
 Tabela 2: Índice de acidez dos óleos puros. 
	ÓLEOS PUROS
	INDICE DE ACIDEZ
	Chia
	0,045
	Girassol
	0,4
	Linhaça
	0,9
	Peixe
	0,195
	Soja
	0,7
Conforme o apresentado na tabela 2, os óleos avaliados apresentaram resultados de índices de acidez favoráveis e dentro do padrão pedido pela AOCS (American Oil Chemists' Society), em que óleo extra virgem, deve apresentar acidez menos que 2,0. Caracterizando assim, um óleo de alto grau de pureza e demonstrando uma boa conservação. 
Tabela 3: Indice de acidez das blendas dos óleos. 
	BLENDAS
	ÍNDICE DE ACIDEZ
	Peixe + Girassol
	0,2
	Peixe + Soja
	0,3
	Peixe + Soja + Linhaça +Chia
 
	0,3
	Linhaça + Soja
	0,2
	Linhaça + Girassol
	0,3
	Peixe + Linhaça + Chia + Girassol
	0,5
	Peixe + Linhaça + Chia + Soja + Girassol
	0,3
O mesmo pode-se analisar para os índices de acidez das blendas, todas apresentaram um padrão favorável, sabendo assim, que o método de extração, armazenamento e conservação não afetaram para a oxidação e nem perda de propriedades das blendas dos óleos. 
4.2. Método EM 14112-Rancimat
Os ensaios de estabilidade oxidativa foram realizados em duplicata no equipamento 837 Biodiesel Rancimat da marca Metrohm, utilizando o método EN 14112. Neste método, são colocados 2g da amostra nos tubos do equipamento e são aquecidas a 110 ºC, sob fluxo constante de ar (10 L.h-1). A taxa de oxidação é observada com o aumento da condutividade elétrica na água deionizada, ocasionado pela formação de peróxido e de voláteis (CARVALHO, Maria, 2011). O período de indução é determinado pelo ponto de inflexão da curva. Os cálculos dos períodos são realizados com o auxilio do programa que acompanha o equipamento (Software 837 – Rancimat).
Figura 4: Exemplo de gráfico comparativo da condutividade versus período de indução do óleo de Chia Puro. 
Foram submetidos a esse método todos os óleos puros e suas blendas. 
Tabela 4: Valores de período de indução dos óleos puros
	ÓLEOS PUROS
	PERÍODO DE INDUÇÃO (h)
	Chia
	0.34
	Girassol
	2.38
	Linhaça
	1.35
	Peixe
	0.07
	Soja
	4.58
A Tabela 4 mostra que os óleos tiveram resultados favoráveis e apropriados para o tipo de composição de cada um. O óleo de peixe por conter maior índice de ômega 3, foi o primeiro a sofrer oxidação térmica, comprovando a sua alta instabilidade. Seguido dos óleos de chia e linhaça, que também apresentam alto teor de ácido alfa linolênico, foram os óleos que tiveram o menor período de indução. Já os óleos de girassol e soja, que contém um teor mais elevado de ácidos linoleicos e por isso são mais estáveis, demandaram um tempo maior para a sua oxidação. 
Tabela 5: Valores de período de indução das blendas de óleos. 
	BLENDAS
	PERÍODO DE INDUÇÃO (h)
	Peixe + Girassol
	0.82
	Peixe + Soja
	0.04
	Peixe + Soja + Linhaça +Chia
 
	0.87
	Linhaça + Soja
	2.48
	Linhaça + Girassol
	3.32
	Peixe + Linhaça + Chia + Girassol
	1.47
	Peixe + Linhaça + Chia + Soja + Girassol
	1.89
	
É possível observar que em todas as blendas em que o óleo de peixe esteva presente, o período de indução foi muito baixo. A presença de um alto teor de ômega 3 no óleo de peixe, transformou as blendas em que ele estava muito instáveis. 
A blenda PEIXE + SOJA apresentou o menor período de indução se comparada as demais blendas. A soja possui traços de ácidos graxos linolênico, mas é composta, em sua maioria, por ácido oleico e linoleico. Já o peixe possui um alto teor de linolênico. Sendo assim a proporção usada de 1:1 não foi adequada para o equilíbrio desses ácidos, no qual ocorreu uma acentuada diminuição da estabilidade oxidativa. 
A blenda LINHAÇA + 	GIRASSOL, foi a melhor de todas as formulações. Sabendo que a linhaça é rica em ácidos graxos linolênico e tem alta instabilidade e que o girassol é um óleo com maior teor de ácido linoleico, e ausência ou traços de ácido linolênico (GUNSTONE, 2005), podemos observar que a blenda teve um período de indução relativamente bom, se comparada as blendas com a presença de óleo de peixe. 
Ainda assim, para o óleo ter uma vida útil prolongada, precisa-se de um período de indução superior à 6h (FLORATECH, 2015). Caso o óleo apresente entre 0-5h de período de indução, a previsão de vida de prateleira dele não é garantida. Todas as blendas apresentaram um período de indução inferior à 6h, assim analisa-se que a proporção das blendas ainda não foi adequada para se obter um equilíbrio entre os compostos e sua estabilidade. 
4.3.  Espectroscopia de Infravermelho 
Para obter o espectro de infravermelho de uma amostra, faz-se passar através da amostra um feixe de luz infravermelha, e mede-se a quantidade de energia absorvida pela amostra a cada comprimento de onda. A partir desta informação obtém-se o espectro de transmissão ou de absorção, que mostra os comprimentos de onda do infravermelho a que a amostra absorve radiação. Pode-se interpretar os tipos de ligações químicas estão presentes. Essa técnica apenas funciona para ligações covalentes, sendo usada principalmente na química orgânica. 
Figura 5: Espectro na região do infravermelho dos óleos puros. 
Como pode-se observar na figura 5, o infravermelho apesar de ser uma técnica muito sensível, não apresenta, de primeira impressão, muita diferença nos espectros dos óleos puros. Porém se analisarmos o pico 3011 cm-1, nota-se uma pequena diferença de tamanho entre os óleos ricos em acido linolênico e os com teor mais baixo desse ácido. 	O pico 3011 cm-1 é atribuído à vibração axial da dupla ligação (CH), ou seja, o ômega 3, mais visível por apresentar 3 duplas ligações. Nos óleos de soja e girassol esse pico é notoriamente menor, por não terem um alto teor, ou ate ausência do acido linolênico. 
O mesmo procedimento foi realizado as 7 blendas dos óleos.
Figura 6: Espectro na região do infravermelho das blendas dos óleos. 
Nas blendas dos óleos a observância da mudança do pico 3011 cm-1, é mais difícil de identificar. Por mais sensível que seja a técnica não foi tão favorável à análise dos compostos no espectro de infravermelho. Assim, não é possível observar se a proporção de ômega 3/6 das blendas é vantajosa. 
5. CONCLUSÃO
Com a formulação das blendas espera-se encontrar um suplemento alimentar com uma boa relação entre os ácidos graxos ômega 3/6. A mistura de óleos que são vendidos a altos custos com óleos de baixo custo é de grande importância devido à demanda dos consumidores por alimentos nutrâceuticos e para haver um equilíbrio da ingestão dos ácidos graxos. 
Os resultados expostos possibilitam concluir, por meio do método Rancimat, que é possível determinar a mudança da estabilidade térmica e oxidativa das blendas quando se altera as proporções das misturas. Havendo uma transformação significativa do período de indução. Mesmo assim, ainda pode-se melhorar as blendas para encontrar uma melhor formulação que aumente radicalmente o período de indução. 
Por meio do índice de acidez, concluímos que as amostras de óleos extraídas em laboratório, que foram as matrizes deste estudo, apresentaram perfil parecido com os retratados na literatura. Óleos não oxidados e sem perda de propriedades. 
A Ressonância Magnética Nuclear não foi possível de se realizar, mas acredita-se que seria uma técnica eficaz na determinação e caracterização do perfil de ácidos graxos poliinsaturados dos óleos puros e nas blendas. 
A partir dos picos analisados nos espectros de infravermelho, notou-se uma alta presença se acido graxo linolênico nos óleos de peixe, chia e linhaça e nos óleos de soja e girassol não tão acentuado. Já nas blendas houve uma similaridade nos espectros das amostras, não sendo viável a observância dos compostos presentes nas blendas. 
Contudo, os resultados adquiridos se mostrarameficientes, pois todas as analises foram de acordo com o esperado e com a literatura. 
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Maria Lucia Braga de. Avaliação da estabilidade termo-oxidativa do óleo das sementes de quiabo. João Pessoa-PB. Nov. 2011
COELHO, Michele Silveira; SALAS-MELLADO, Myriam de Las Mercedes. Revisão: Composição química, propriedades funcionais e aplicações tecnológicas da semente de chia (Salvia hispanica L) em alimentos. Braz. J. Food Technol.,  Campinas ,  v. 17, n. 4, p. 259-268,  Dec.  2014 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-67232014000400259&lng=en&nrm=iso>. acessos em  12  ago.  2017.
COSKUNER, Y.; KARABABA, E. Some physical properties of fl axseed (Linum. usitatissimum L.). Journal of Food Engineering, v.78, n.3, p.1067-1073, 2007. Disponível em <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0260877406000136>. acessos em 12 de ago. de 2017.
FLORATECH. Oxidative Stability Determination. Floratech Technical Bulletin MKT 11, 2015.
GUNSTONE, Frank D.. Vegetable Oils. In: SHAHIDI, Fereidoon. Bailey's Industrial Oil & Fat Products: Edible Oil & Fat Products Chemistry, Properties & Health Effects. 6. ed. New Jersey: Wiley Interscience, 2005. v.1. Cap. 6, p. 213-268.
Grossi, M., Di Lecce, G., Gallina Toschi, T., & Riccò, B. (2014). A novel electrochemical method for olive oil acidity determination. Microelectronics Journal, 45(12), 1701–1707. 
GROTH, J.V. et al. Effect of seed color on tolerance of fl ax to seedling blight caused by Rhizoclonia solani. Phytopathology, v.60, p.379-380, 1970.
HOLLER, F.J.; SKOOG, D.A.; CROUCH, S.R. Princípios de Análise Instrumental. 6. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 
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