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ORÇAMENTO DE OBRAS 2 SUMÁRIO 1. PREFÁCIO...........................................................................................................03 2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE MATEMÁTICA ELEMENTAR.......................................................................................................04 3. GRÁFICOS CARTESIANOS, PORCENTAGEM E JUROS................................05 4. ORÇAMENTO DE OBRAS..................................................................................08 5. NORMALIZAÇÃO................................................................................................11 6. CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES..............................................13 7. LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS E ELABORAÇÃO DE PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS.............................................................................................16 8. COMPOSIÇÕES UNITÁRIAS DOS SERVIÇOS.................................................20 9. COMPOSIÇÃO DE BDI.......................................................................................23 10. FATORES QUE AFETAM OS CUSTOS DE PRODUÇÃO.................................25 11. TÉCNICAS PARA APURAÇÃO E ANÁLISE DE CUSTOS................................27 12. COMPOSIÇÃO DE PREÇOS..............................................................................28 13. CONTROLE ORÇAMENTAL DE OBRAS..........................................................29 14. CURVA ABC.......................................................................................................31 15. PLANILHA ORÇAMENTÁRIA............................................................................33 16. APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA ORÇAMENTO DE OBRA.............34 17. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO.......................................................................35 18. LEI 8.666/93........................................................................................................37 19. TIPOS DE LICITAÇÃO.......................................................................................38 REFERÊNCIAS....................................................................................................40 3 1. PREFÁCIO Olá, professor (a)! Este livro tem por objetivo auxiliá-lo (a) com os conteúdos programáticos da Unidade Curricular Orçamentos de Obras. Trabalharemos aqui, de forma sucinta, os aspectos relacionados à questão do orçamento em geral, levantamento quantitativo de materiais, custos de construção, BDI, curva ABC, planilhas orçamentárias etc. Este material deverá atuar como uma preparação prévia ao docente que pleiteia lecionar esta unidade curricular; funcionando, pois, como um norteador do processo de transmissão do conhecimento e aprendizagem de seus alunos. Nas páginas seguintes, de forma didática, elucidaremos os quesitos citados acima no intuito de facilitar o seu trabalho. 4 2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE MATEMÁTICA ELEMENTAR. Alguns conhecimentos de Matemática Elementar são fundamentais para o entendimento da área de estudo que chamamos de orçamentação, como as operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão), cálculos de percentagens, elaboração de gráficos cartesianos e cálculo de juros. Naturalmente, tais conhecimentos já devem estar, há muito tempo, familiarizados com o amigo professor que agora nos lê. Destarte, faremos um breve resumo destes tópicos considerados, aqui, elementares. 5 3. GRÁFICOS CARTESIANOS, PORCENTAGEM E JUROS. Gráficos cartesianos (Fig. 01) podem ser entendidos como linhas ortogonais entre si (formam em seu ponto de encontro um ângulo reto, ou seja, de 90°), a vertical chamada de ordenada e a horizontal de abscissa, que tem diversas funções: podem designar parâmetros de uma curva de uma função matemática qualquer (linear, quadrática, logarítmica etc.) ou servirem para localização de objetos reais numa área extensa. Figura 01 - Plano Cartesiano. Fonte: SENAI, 2013. As chamadas coordenadas de cada ponto são os valores que aparecem entre parênteses. O primeiro deles diz respeito à posição que um ponto qualquer ocupa em relação à sua abscissa (eixo horizontal), e o segundo refere-se à posição ocupada pelo mesmo ponto em relação à sua ordenada (eixo vertical). Dentro de nosso objeto de estudo, os gráficos cartesianos têm amplo emprego na determinação do andamento dos custos da obra e fornecem uma visão rápida das informações que necessitamos. B e d AO a b c (a;d) (b;e) (c;e) 6 Porcentagem ou percentagem é um termo bastante frequente em nossas vidas quando lidamos com situações cotidianas, como transações bancárias, ou mesmo quando nos deparamos com descontos num eletrodoméstico que resolvemos comprar à vista. Em todos os casos, percentagem significa, normalmente, uma pequena parte de um todo, que pode ser utilizado como acréscimo ou decréscimo de uma quantidade. Por exemplo: se um fogão custa R$ 500,00 a prazo e a opção de pagamento for à vista, o gerente da loja fornece-nos um desconto de 5% (5/100) do valor do produto. Quanto, à vista, pagaríamos pelo fogão em questão? Valor do produto: R$ 500 Desconto para compra à vista: 5% Valor a ser pago à vista: R$ 500 – (5% x R$500) = R$ 475 Juros são acréscimos de valores, segundo uma determinada taxa preestabelecida, que ocorrem normalmente em transações bancárias quando há atraso no pagamento de uma dívida. Dividem-se em juros simples e juros compostos. Juros simples - obedecem à fórmula: 𝐽 = 𝑐 ⋅ 𝑖 ⋅ 𝑡 Onde: J representa os juros; c, o capital; i, a taxa aplicada; t, o tempo. Juros compostos, conhecidos também pela expressão “juros sobre juros”, obedecem à fórmula: 𝐽! ≡ 𝑐 . 1 + 𝑖 ! − 𝑐 Onde: Jc representa os juros compostos; c, o capital; 7 i, a taxa aplicada; t, o tempo. Em ambos os casos, vale salientar que, para descobrirmos o valor total a ser pago (montante), basta que somemos o valor do capital inicial empregado ao valor dos juros aplicados. Em outras palavras: 𝑀 = 𝐶 + 𝐽 Onde: M representa o montante; C, o capital; J, o juros. 8 4. ORÇAMENTO DE OBRAS Orçamentos estão presentes em muitas de nossas atividades do dia a dia. Às vezes em situações triviais, como o orçamento mensal de compras no supermercado, às vezes em situações mais complexas como o orçamento para um financiamento de um imóvel. Segundo Limmer (1997), orçamento “pode ser definido como a determinação dos gastos necessários para a realização de um projeto, de acordo com plano de execução previamente estabelecido, gastos esses traduzidos em termos quantitativos”. Figura 02 - Orçamento Fonte: SENAI, 2013. Podemos entender orçamento de obras como as atividades que culminam num planejamento financeiro da obra. Via de regra, a equipe de orçamento trabalha concomitantemente e em contínua comunicação com a equipe de planejamento do projeto, isso quando ambas não são a mesma equipe. Naturalmente, toda empresa privada visa ao lucro em seus negócios. Não haveria por que ser diferente na indústria da construção civil. A relação positiva entre receitas e despesas é a única forma de uma empresa convencional se manter viva e em dias com todas as suas obrigações contratuais, empregatícias etc. O orçamento tem um papel importantíssimo neste quesito. Constantemente, em nossavida profissional, sabemos de notícias desastrosas relacionadas com orçamentos de obras civis. Não raras vezes, obras com um orçamento subestimado fracassam em termos de seus resultados financeiros e comprometem a empresa como um todo. É 9 comum sabermos de empresas jovens que, literalmente, quebram por conta de orçamentos malfeitos. Há alguns empresários da construção civil que costumam usar o jargão “o orçamento é a pedra fundamental de qualquer obra” e, de certo ponto, cremos que eles têm mesmo razão, pois um orçamento mal elaborado pode custar o sucesso financeiro de qualquer obra. O fato é que os orçamentos existem para nos ajudar a gerir nossas obras. Precisamos fazer deles nossos aliados e uma atenção redobrada da equipe responsável pela sua elaboração é indispensável ao nosso sucesso. Esquecendo algo? Igor, recém-formado no Curso Técnico de Edificações, partiu para seu primeiro trabalho solidário: a construção da casa de seu tio, que só agora juntara dinheiro suficiente para a construção no terreno cuja posse já existia há dois ou três anos. Igor, depois de conversar com seu tio sobre as preferências dele, iniciou os esboços dos desenhos e contatou os fornecedores de materiais de construção de sua cidade. Após alguns meses nesta etapa, e já definida a equipe operacional (encarregados, profissionais, ajudantes), era chegada a hora de partir para a execução da obra. Neste momento, Igor percebeu que não havia concentrado nem um pingo de esforço numa etapa primordial de qualquer obra: seu planejamento financeiro. Foram necessárias algumas semanas de atraso no início dos serviços no canteiro de obra até que o orçamento planejado estivesse totalmente pronto. Igor pediu desculpas a seu tio pelo atraso, mas ambos tiveram a certeza que esse atraso nada seria se comparado ao desastre financeiro que a obra poderia se tornar caso não tivesse sido planejada e devidamente orçada. 10 Podemos definir como finalidades de um orçamento de obra as premissas seguintes: § Definição dos custos parciais e totais de cada um dos serviços de uma obra, bem como da obra como um todo; § Fornecimento de dados gráficos para compreensão do andamento da obra no que tange ao percentual de custos; § Rápida identificação dos serviços de maiores centros de custos na obra; § Ser um documento contratual, onde os custos envolvidos e relacionados servem de base para o faturamento anual ou semestral de uma empresa; 11 5. NORMALIZAÇÃO A maioria dos aspectos tratados em engenharia de construção civil embasa-se em normas e procedimentos técnicos. Isso é de grande valia para nossa área de atuação, pois nos provê de diversos parâmetros definidos que minimizam bastante a possibilidade de erros, algo que é importante em nossa área de atuação, pois muitos procedimentos começaram de forma empírica e só há pouco alcançaram embasamento teórico e normatizações. No tocante ao orçamento de obras, a norma que rege seus parâmetros é a ABNT NBR 12721/2006 – Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção para incorporação de edifícios em condomínio - Procedimento (Fig. 03). Figura 03 – ABNT NBR 12721/2006 Fonte: www.abntcolecao.com.br Com efeito, a referida NBR traduz-nos diversos aspectos e definições que devem ser seguidos à risca (alguns dos quais definiremos ipsis litteris nos capítulos a seguir), sob pena de estarmos em desacordo com o previsto para aquela tarefa específica; e, neste caso, caberão inclusive sanções administrativas e legais. Esta norma apresenta definições importantes para aqueles que se propõem a quantificar as áreas de construção para posterior análise orçamentária, como projeto de 12 edificação, projetos-padrão, pavimento, andar, pavimento térreo, áreas de edificação, áreas de uso privativo; além de definições de custos, como custo global de construção, custo básico unitário (CUB) e custo unitário da construção. Recomendamos a leitura desta norma a fim de que possa estar familiarizado com os termos que doravante trabalharemos. Bem verdade que algumas das definições-chave para o entendimento dessa unidade curricular serão escritas aqui quando oportuno, entretanto, em hipótese alguma, deverá o leitor se sentir desobrigado a estudar a NBR 12721/2006. 13 6. CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES Conforme podemos depreender dos parágrafos anteriores, cada obra civil tem seu próprio custo que deve ser minuciosamente calculado (orçado). A seguir, transcreveremos algumas definições constantes na NBR 12721/2006: § Custo global da construção: valor mínimo que pode ser atribuído à construção da edificação [...]. É calculado com a utilização do custo unitário básico divulgado pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil da localidade correspondente ao padrão mais semelhante ao do imóvel incorporado [...]. § Custo unitário básico (CUB): custo por metro quadrado de construção do projeto-padrão considerado [...]. § Custo unitário da construção: quociente da divisão do custo global da construção pela área equivalente pela área de custo de padrão total. O CUB funciona, pois, como um índice calculado e divulgado mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON) e leva em consideração parâmetros predefinidos de cada construção, como número de dormitórios, área ou mesmo o padrão da construção (baixo, normal, alto). Não podemos perder de vista a diferença peculiar que existe entre custo e preço: § Custo deve aqui ser entendido como o somatório de todos os custos parciais (unitários) necessários à execução dos serviços de uma construção, denominados custos diretos, somado aos custos com a infraestrutura necessária à produção (canteiro de obras, mobilização, desmobilização, administração local), denominados custos indiretos. § Preço (ou preço de venda) é o valor do custo acrescentado ao valor do BDI (descreveremos sobre isto mais a frente). 14 Vale ressaltar que, para fins práticos, costuma-se denominar de custos diretos (CD) a soma dos custos diretos e indiretos. Despesa é o termo que alude aos gastos para a comercialização do produto. Além dos custos diretos e indiretos, definidos anteriormente e inerentes à sua identificação com o produto, há ainda os custos classificados em sintonia com o volume de produção, sejam eles: § Custos fixos (Fig. 04), que não variam (ou variam muito pouco) para um determinado intervalo de produção. Figura 04 – Custos Fixos Fonte: SENAI, 2012. § Custos variáveis (Fig. 05), que variam de forma linear (proporcional e direta) num determinado intervalo de produção. 15 Figura 05 – Custos Variáveis Fonte: SENAI, 2012. § Custos semivariáveis (Fig. 06), que variam de forma quadrática (parabólica) num determinado intervalo de produção. Figura 06 – Custos Semivariáveis Fonte: SENAI, 2012. 16 7. LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS E ELABORAÇÃO DE PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS Os serviços de engenharia são planejados em termos de sua quantidade de insumos (materiais e mão de obra), de seu prazo e de seu custo financeiro. Inicialmente, de posse do projeto executivo, devemos proceder às planilhas das quantidades de cada serviço (levantamento quantitativo). Para este fim normalmente se utilizam softwares mais simples como o MS Excel. Tisaka (2011) define levantamento quantitativo como “levantamento,com base nos desenhos, dos quantitativos dos materiais e dos serviços a serem calculados separadamente para cada elemento detalhado e valor global, de modo a permitir a sua orçamentação”. De fato, levantamento quantitativo resume-se em obtermos informações de quantidades dos desenhos nos projetos. Cada tipo de serviço tem uma unidade de medida diferente. Concretagens, por exemplo, são normalmente medidas em volume (litros ou metros cúbicos), enquanto alvenarias são medidas em unidades de área (metros quadrados). Erros acontecem, mas devemos evitá-los. Joana é arquiteta e técnica em edificações. Há cerca de um ano juntou-se com mais duas colegas do curso técnico e montou seu escritório de planejamento e orçamento de obras. A demanda começou a crescer e elas tiveram que contratar um estagiário do curso técnico de edificações, o Luís. A primeira missão de Luís foi fazer os levantamentos quantitativos dos serviços de alvenaria, revestimento e pintura de uma obra a 5 km dali. Inicialmente, Luís foi muito bem; atento a todos os detalhes dos projetos e com planilhas de cálculo bem elaboradas, entretanto, num momento de descuido, Luís passou despercebido por um detalhe do projeto arquitetônico que faria uma diferença de cerca de 30% da área de alvenaria e, consequentemente, cerca de 40% da área de pintura. Quando Luís entregou os seus levantamentos quantitativos a Joana, ela, antes de entregá-los à pessoa responsável para lançar os dados orçamentários (custo unitário básico, composição de serviços, custos diretos, BDI etc.), resolveu dar uma olhada à 17 noite em todo o material que Luís entregara. Foi então que Joana percebeu esse deslize de Luís e pôde corrigi-lo a tempo, antes que isso pudesse impactar desastrosamente sua proposta de orçamento. De modo a exemplificar nosso estudo aqui, tomemos por base a Fig. 07. Figura 07 – Planta baixa Fonte: SENAI, 2012. Quantifiquemos, com base no projeto, a área de alvenaria de dois quartos e sala e o volume de concreto dos pilares e da laje. Os pilares P1, P3 e P5 têm dimensões 25 cm x 25 cm, enquanto os pilares P2, P4 e P6 medem 30 cm x 30 cm. A laje é maciça e tem espessura de 12 cm e o pé-direito (piso a teto) mede 2,80 m em todos os pontos. Vamos por partes: i) Alvenaria. Devemos efetuar multiplicações entre os comprimentos e as larguras de cada uma das paredes. Em seguida, somamos as áreas parciais e teremos o total de área de alvenaria. É importante salientar que a boa prática manda que não se desconte do total os vãos de esquadrias que não excedam uma área de 18 2,00 m². Em nosso exemplo, não há portas ou janelas cujas áreas superem esta marca; logo, não os descontaremos. Figura 08 – Quantitativo de alvenaria Fonte: SENAI, 2012. ii) Pilares. Devemos multiplicar a área secção transversal dos pilares e, em seguida, multiplicarmos pelo pé-direito. De certo que as estruturas em concreto armado têm suas armaduras que ocupam certo volume dentro da estrutura, mas para efeito de cálculo quantitativo de concreto abstraímos também este fator. Figura 09 – Quantitativo concreto de pilares Fonte: SENAI, 2012. 19 iii) Laje. Multiplicamos a área total do pavimento pela espessura prevista para a laje e, assim, teremos o volume total de concreto. Fazemos aqui a mesma observação que fizemos quanto aos pilares. Figura 10 – Quantitativo de concreto de laje Fonte: SENAI, 2012. Da análise dos exemplos acima podemos perceber que a área de alvenaria dos ambientes citados é de 78,54 m², o volume de concreto nos pilares é 1,28 m³ e o volume de concreto na laje é 5,44 m³. É bom ressaltar que a distinção entre os concretos dos pilares e o concreto da laje se justifica, pois nem sempre é o mesmo concreto; eles podem ter a resistência característica diferente dado o projeto. A elaboração de planilhas orçamentárias (que será mais detalhada à frente) deve levar em conta os quantitativos de cada serviço. Perceba que “serviço” para fins de orçamento deve ser entendido como o binômio material/mão de obra. O preço final deverá levar em conta todos os custos de produção (diretos e indiretos) acrescidos do BDI. 20 8. COMPOSIÇÕES UNITÁRIAS DOS SERVIÇOS Conforme dissemos há pouco, serviço deve ser entendido em orçamentação como um composto de duas partes: materiais e mão de obra. Ambas as partes são polos geradores de custo para quem pleiteia a execução da obra. A distribuição destes custos em cada serviço nem sempre é equânime. Há casos em que a mão de obra supera em custo os materiais, mas há também o inverso, e há casos onde ambos estão na mesma ordem de valor. Com o intuito de uma fácil visualização dos comentários a devir, sugerimos a Fig. 11, que representa uma composição unitária de custos diretos de um serviço específico: raspagem e limpeza do terreno. Figura 11 – Composição unitária raspagem de terreno Fonte: SENAI, 2012. De antemão percebemos as informações do tipo da obra e do cliente que são informações gerais, mas necessárias antes de qualquer informação sobre a obra em si (projetos, orçamentos etc.). Em seguida, temos as informações do tipo de serviço e de seus componentes. Vale aqui observar que este nosso primeiro exemplo é o de um serviço bastante simples em que não há custos com materiais envolvidos. 21 O valor “coef.” refere-se ao coeficiente de produção daquele insumo (no caso, a mão de obra de um servente) para a fabricação de uma unidade padrão do serviço proposto, ou seja, 1 m² de terreno raspado e limpo. Esses valores variam muito de região pra região ou mesmo de empresa para empresa. Uma boa fonte de referência é a publicação TCPO - Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos da editora PINI. Lá são encontrados dados de produtividade dos trabalhadores, em termos de horas de efetivo trabalho, em cada um dos serviços da construção civil. Neste caso específico, adotamos um coeficiente de produtividade da ordem de 0,25/m², ou seja, segundo a ótica adotada aqui, um servente terá a capacidade laboral de produzir 1 m² de terreno raspado e limpo em um quarto de hora (15 minutos). Naturalmente, essa mão de obra alocada neste serviço terá seu custo dentro do todo (a obra). Desta forma, a célula cujo valor é de 2,76 representa, conforme rápida depreensão, o valor em reais do valor do custo da hora de trabalho de um servente para a empresa. A célula de valor 0,69 representa este valor, em reais, do custo de produção de um servente para a confecção de uma unidade padrão do serviço proposto. Para tal, bastou que multiplicássemos os valores 0,25 e 2,76. Vale ressaltar que esses custos não levam em conta, ainda, os encargos sociais envolvidos na questão. As leis sociais (encargos), cujos valores (em percentual) constam acima do título do serviço, têm seu valor fixado em todos os serviços da obra. Trata-se de um custo que muitos orçamentistas preferem colocar desta forma na planilha de custos diretos cuja interferência financeira se dará em todos os serviços da obra. Em nosso estudo de caso, o valor referente às leis sociais está fixado em 92%. Este valor deverá ser multiplicado pelo valor do custo direto parcial para que tenhamos como resultado o valor, em reais, do impacto financeiro que as leis sociais, também conhecidas como encargos sociais, sobre o custo unitário do serviço. 22 Em seguida, temos a célula correspondente ao valor do custo direto total, que nada mais é senão a somo dos valores parciaisdos custos com mão de obra e materiais acrescidos do valor correspondente às leis sociais. O BDI, cujo significado, definições e metodologia de cálculo trabalharemos no capítulo a seguir, representa neste nosso exemplo 27%. Este valor deverá ser multiplicado pelo custo direto total para que tenhamos o valor, em reais, do acréscimo que o BDI trará por cada unidade padrão do serviço proposto. Perceba que o que fizemos até agora foi atribuir e somar valores para a composição de custos unitários, ou seja, custos para execução de uma unidade padrão, no caso1 m². Mas de nada nos adiantaria se não pudéssemos, a partir do custo da unidade padrão, compor o valor global do serviço. Para o cálculo de tal, devemos nos atentar, obviamente, à quantidade total do serviço que em nosso exemplo é o valor de 450. Em outras palavras, é prevista uma área de 450 m² de raspagem e limpeza do terreno. Para que encontremos o valor total dos custos diretos é necessário que multipliquemos a quantidade total de serviço pelo seu valor unitário. Desta forma, obtemos o valor de R$ 757,12 para os custos diretos de execução do serviço. Vale salientar que este valor encontrado deverá ser somado ao valor inerente aos custos indiretos, como administração local, ferramentas, aluguel de equipamentos etc., para a composição do chamado custo final do serviço, também conhecido como preço de venda. 23 9. COMPOSIÇÃO DE BDI Nos capítulos anteriores falamos a respeito do famigerado BDI sem, entretanto, adentrarmos em seus detalhes e definições. Façamo-lo agora. BDI – Benefícios e Despesas Indiretas, segundo a ótica de Tisaka (2011), “é uma margem que se adiciona ao custo direto para determinar o valor do orçamento”. A passagem de Tisaka (2011) resume bem a finalidade da existência do BDI. Sabe-se que estes valores assumidos pelo BDI variam muito de empresa para empresa e mesmo de obra para obra. Os elementos que entram na sua composição são geralmente: § Taxa da administração central da empresa; § Taxa de risco (inerente a qualquer empreendimento); § Taxa de tributos federais; § Taxas de tributos municipais; § Taxas de despesas de comercialização; § Lucro (remuneração líquida) da empresa. Há, na bibliografia especializada, algumas fórmulas para o cálculo do BDI que levam em conta, principalmente, estas premissas acima. Entretanto, não é este um quesito unânime entre os especialistas da área. Conforme dito, cada diretoria de cada empresa tem suas próprias premissas e seus respectivos pesos a considerar quando do cálculo do BDI. Como base de dados, podemos citar que os índices de BDI giram em torno de 20 a 30%, na maioria das obras comerciais e residenciais. O que de fato varia consideravelmente em cada situação são os itens acima e o percentual de importância que cada empresa dá a eles. O item lucro está em negrito por conta da grande relevância que há nele para qualquer empresa privada. Aliás, ousamos 24 dizer aqui que o lucro é, na verdade, a grande força-motriz que faz mover todo o processo desde a concepção até a entrega final da obra. Há empresas que colocam todos os demais custos que inferem no BDI diluídos nos custos diretos e indiretos e deixam, quase que exclusivamente, o lucro envolvido neste. 25 10. FATORES QUE AFETAM OS CUSTOS DE PRODUÇÃO Conforme visto até aqui, as obras são compostas de serviços, e estes, por sua vez, são compostos de materiais e mão de obra para aplicá-los. Sabemos também que há custos envolvidos em cada etapa dos serviços que compõem a obra. Há, entretanto, fatores que podem influenciar no orçamento de uma obra, seja em seus custos diretos ou indiretos, seja na taxa de BDI. Comecemos por falar dos prazos. Os orçamentos são baseados em prazos bem definidos desde a etapa de planejamento. Os prazos de execução dos serviços têm impacto direto em seu custo principalmente por conta da mão de obra envolvida. Naturalmente, quanto mais tempo se leva para a execução dos serviços, maior as horas trabalhadas envolvidas e, como vimos, horas de trabalho significam custos num orçamento. Com efeito, quando levamos mais tempo que o previsto no orçamento para a execução de um determinado serviço, gastaremos mais; se, em contrapartida, conseguirmos melhorar a produtividade dos profissionais envolvidos num serviço, terminaremos antes do previsto e, consequentemente, com um custo menor. Em todo caso, alterações nos prazos dos serviços de uma obra sempre irão impactar em seus orçamentos (para mais ou para menos). Além dos prazos, o porte da empresa também interfere em seus orçamentos. Isto se deve ao fato de que, quando uma empresa tem um porte menor, menores também são as despesas da administração central. Do outro lado, quando a empresa já tem certo porte, sua diretoria também é maior e todos os seus custos operacionais também o são. Os custos com a administração central são, conforme vimos no capítulo anterior, objeto de incremento no valor do BDI aplicado aos orçamentos. Fica fácil a percepção de que os orçamentos crescerão proporcionalmente dado o porte das empresas que os propõem. 26 O tipo de obra também interfere muito em seus custos, principalmente nos indiretos. Uma obra residencial, por exemplo, não requer tanta infraestrutura de apoio quanto as obras de construção pesada (indústrias, rodovias, aeroportos etc.). A localização do canteiro de obras também influencia em seu orçamento. Uma obra encravada no meio de uma zona urbana superpopulosa tem dificuldades de logística e de mobilidade maiores (tráfego intenso). Por outro lado, canteiros bastante afastados dos centros de abastecimentos de materiais tendem a aumentar o preço dos materiais necessários à construção. Tudo isso tem um impacto considerável em termos de custos. Outros fatores podem interferir nos orçamento de obras civis, mas com uma relevância menor que os supracitados, como nível de inflação, dificuldade de mão de obra (principalmente especializada), obras que só podem funcionar à noite (baixa produtividade dos operários, adicional noturno), escassez de materiais básicos etc. 27 11. TÉCNICAS PARA APURAÇÃO E ANÁLISE DE CUSTOS O orçamento de uma obra não deixa de ser um tipo de planejamento. Trata-se, entretanto, de um planejamento dos custos da obra. Como visto na unidade curricular Planejamento e Controle de Produção, todo planejamento deve ser acompanhado de um controle. Para os orçamentos, a maneira mais simples e eficaz de se apurar os custos é através do acompanhamento do que já foi executado e do que está sendo executado, tudo em termos de seus custos. De uma maneira geral, esses acompanhamentos são feitos por meio de gráficos e cronogramas. Trabalharemos mais detalhadamente estes aspectos à frente, no capítulo 13. A relevância aqui se faz presente na importância da análise de custos. Como peça fundamental no sucesso de um empreendimento, o orçamento (custos) deve ser objeto de análise constante por parte da equipe responsável. A dica é analisar as partes, entendê-las e controlá-las, e só então partir para o todo, o somatório das partes. 28 12. COMPOSIÇÃO DE PREÇOS Eis aqui a alma do objetivo de qualquer orçamento: preço. A razão pela qual existe o esforço e colaboração na etapa de orçamento não é outra senão esta. Na verdade, a única razão para que exista um orçamento é a possibilidade de termos um preço ao final.Há, na bibliografia especializada, diversos roteiros para que cheguemos ao objetivo maior de um orçamento: preço de venda, PV ou, simplesmente, orçamento. Entretanto, podemos afirmar aqui, sem sombra de dúvida, que o preço de venda (PV) é função direta dos custos diretos, dos custos indiretos e do BDI. Vale ressaltar que alguns autores costumam incluir os custos diretos e os custos indiretos na mesma sigla CD, embora tenham suas planilhas de cálculo à parte. Tisaka (2011) define a seguinte fórmula para o cálculo do PV: Figura 12 – Fórmula para cálculo de PV Fonte: SENAI, 2013. Podemos depreender da fórmula acima que, para compor o preço de venda, utilizamos os valores da soma dos custos diretos e indiretos e o BDI. É de fácil percepção também que a composição de preços é variável em cada caso. Primeiro porque ela depende de uma variável CD, que, como vimos, é um composto de custos diretos e indiretos. Os custos diretos para uma mesma obra, num mesmo local e época, tendem a variar menos entre empresas, entretanto os custos indiretos e o BDI sofrem grande influência segundo o porte da empresa, conforme vimos no capítulo 10. Em todo caso, orçamentos e seus respectivos preços variam (por mais que as obras pareçam, ou mesmo sejam iguais), mas o cerne da questão é não perder o foco da importância que este tem na obra; e os impactos que ele poderá causar caso não seja bem feito. PV = CD X[1 + BD 100 [ 29 13. CONTROLE ORÇAMENTAL DE OBRAS Em acordo com o que fora dito no capítulo 11, todo orçamento consiste em um planejamento focado, entretanto, nos custos de produção. Como todo planejamento, os orçamentos devem ser pensados e elaborados por equipe competente (técnicos, arquitetos, administradores, engenheiros etc.), mas não apenas isso. Deverá também seguir rigoroso acompanhamento e controle. Devemos ter sempre em mente que nossos planejamentos e orçamentos devem não apenas funcionar em gráficos, tabelas e projeções virtuais; eles devem ser principalmente, exequíveis e compatíveis com a realidade. De nada adiantaria um orçamento, por melhor que pareça, que não funcionasse na realidade. E acredite: isto acontece! Uma das melhores formas de garantirmos que nossos orçamentos saiam como planejamos (ou pelo menos próximo disso) é efetuando o chamado controle orçamental de obras. Este processo de controle, normalmente, fica a cargo do profissional encarregado da execução da obra (gerente de produção) e sua equipe, mas com consistente apoio, quando necessário, das equipes de planejamento e orçamento da empresa. Consiste o controle orçamental de obras num acompanhamento, período a período (semana a semana, mês a mês, dia a dia), dos gastos com a produção em consenso com o que foi produzido no mesmo período; sem perder de vista a conhecida comparação % executada x % prevista para ser executada. Isto deve ocorrer com os principais insumos da obra (materiais, mão de obra e máquinas e equipamentos alugados). Para exemplificar o que dissemos, trazemos na fig. 13 um exemplo de tabela comparativa para mão de obra. 30 Mão de obra Período Categoria Profissional 1 2 3 4 Pedreiro Planejado 1200 1350 1350 1500 Executado 1100 1200 1400 1600 Variação -100 -150 +80 +100 Carpinteiro Planejado 1000 730 845 1700 Executado 935 670 925 1550 Variação -65 -60 +80 -150 Figura 13 – Tabela mão de obra Fonte: SENAI, 2012. Perceba que existem três estágios em termos das tarefas: a quantidade planejada, a executada e a diferença entre ambas. Logicamente, se a quantidade planejada for maior que a quantidade executada, teremos um déficit, e isto será representado por uma variação negativa. Se, pelo contrário, tivermos uma quantidade executada maior que a planejada, isto se refletirá num variação positiva; ou seja, estaremos a produzir além de nossas expectativas prévias. Embora os números expressos na tabela acima se refiram à unidade padrão do insumo, no caso horas de trabalho, pelo que já vimos até aqui, fica fácil perceber que cada um desses números de horas trabalhadas guarda consigo determinado valor financeiro (custo). Tabela e gráficos podem nos ajudar a controlar nossos orçamentos para que estes não fujam do que foi proposto anteriormente. 31 14. CURVA ABC A curva ABC é mais um instrumento de controle e análise que podemos lançar mão em nossos orçamentos. Ela mede a importância financeira dos insumos, sejam eles materiais ou mesmo mão de obra. Na fase A, teremos os insumos cujo valor financeiro é preponderante ante os outros. Em seguida, temos a fase B, cuja importância financeira é menor que em A, mas, em geral, a quantidade dos insumos nessa faixa é maior. De forma análoga, temos, por fim, a fase C, cuja importância financeira é menor que em B, mas a quantidade de insumos é maior. Vale citar que a análise mais eficiente das curvas ABC se dá quando analisamos a obra como um todo. Há insumos que aparecem em várias composições unitárias de serviço. Pensemos, a título de exemplificação, no insumo cimento. Admitamos também uma obra simples, apenas com os serviços de levante de alvenaria, chapisco e reboco. A tabela, a seguir, exemplifica a quantidade de cada um dos serviços e o consumo de cimento em cada caso. Figura 14 – Tabela de serviços Fonte: SENAI, 2012. Da tabela a seguir podemos depreender que o custo total do insumo cimento (levando em conta todas as suas participações) foi de R$ 624,76. A escolha do cimento para este estudo de caso não foi à toa. Perceba que ele se faz presente em todas as etapas de nossa obra fictícia. O insumo servente também se faria inerente. Em todo caso, veja que as participações (quantidade e valor financeiro) do insumo em análise devem ser somadas a fim de obtermos o seu custo e quantidade total. 32 Em análise com todos os outros insumos que compõem cada um dos nossos serviços previstos, podemos estabelecer comparações entre eles e alocarmos em cada uma as fases de nossa curva ABC, conforme sejam seus valores de participação em nossa obra. A fig. 15 Ilustra um exemplo de curva ABC. Figura 15 – Curva ABC Fonte: SENAI, 2012 A partir da imagem percebemos que os insumos que pertencem ao grupo A perfazem apenas 20%, em termos de quantidade, do total da obra; entretanto, representam cerca de 80% de seu custo total. Juntas, as fases A e B representam metade em termos de quantidade total, mas perpassam 85% do custo da obra, neste nosso estudo de caso. Embora a fase C contribua sozinha com a outra metade, em termos de quantidade, no tocante ao custo, representa apenas a irrisória percentagem de cerca de 20%. Os valores percentuais e quantidades podem variar de obra para obra, contudo, a hierarquia A-B-C deve ser mantida em todos os casos. 33 15. PLANILHA ORÇAMENTÁRIA Planilhas orçamentárias são o produto final da elaboração de um orçamento. Em linhas gerais, deve traduzir em cada um dos serviços a estimativa parcial e global de seus custos. Cada prego, cada ferramenta, cada hora de trabalho aplicados em um serviço devem ser contabilizados em termos de custos e quantidades e representados de forma mais clara possível nas planilhas orçamentárias. Há quem defenda a ideia de que planilhas orçamentárias devem trazer apenas os dados financeiros (custos) dos itens analisados, sem muitas informações acerca de suas quantidades e outras premissas. Seria esta um tipo de planilha tidacomo simplificada. Entretanto, entendemos que, em seu sentido amplo, uma planilha orçamentária deve trazer consigo todas as informações necessárias ao bom entendimento do que se propõe nela. Não devemos entender que trazer todas as informações de forma clara e objetiva significa que a planilha deverá ser prolixa em suas explanações, mas sim que deverá funcionar como um instrumento de fácil acesso das várias informações inerentes ao orçamento da obra em questão. De uma maneira geral, uma planilha orçamentária deve conter em sua primeira página as informações gerais sobre o orçamento, como: preço de venda, totais de custos diretos, indiretos, BDI. As folhas seguintes devem mostrar toda a metodologia de cálculo para a composição do que está escrito na primeira folha. Virão então as composições de preços unitários, levantamentos quantitativos, cotações de materiais, custos diretos, custos indiretos e, por fim, um cronograma físico financeiro, cujo objetivo é mostrar o progresso físico da obra, em termos de tempo transcorrido e atividades executadas, e seu respectivo custo. A fig. 16 ilustra um excerto de um cronograma físico-financeiro. Figura 16 – Excerto de cronograma físico-financeiro Fonte: SENAI, 2012. 34 16. APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA ORÇAMENTO DE OBRA Antigamente (coisa de 20 anos atrás), a confecção de orçamentos era basicamente feita à mão, assim como os projetos e demais componentes gráficos e textuais de um empreendimento. É fácil imaginar os inúmeros erros de cálculo ou mesmo de análise que ocorriam neste período. A equipe era bem maior e igualmente era a probabilidade de erros. Há algum tempo, entretanto, os aplicativos computacionais têm invadido nossas vidas e nosso trabalho em todos seus sentidos. Tudo tende a ficar mais prático, rápido e eficiente se utilizarmos os softwares específicos de forma adequada. Hoje podemos dizer que o principal software para orçamento (em termos de número de empresas de construção civil que se utilizam dele) é o Volare da PINI. Com uma plataforma relativamente simples para os já introduzidos no mundo da informática, o programa requer alguns poucos dados, e o orçamento fica pronto sem muita demora e com um nível de acerto muito grande. Há outros softwares, alguns até com licença livre, utilizados em escalas menores pelas empresas, entre estes: ORSE, ARQUIMEDES, OBRAS EXPRESS e GEST. A vantagem do VOLARE é a adequação às tabelas de composições de preços unitários do TCPO, também da editora PINI. Os softwares para orçamento de obras contribuem de forma rápida e eficaz com nossos trabalhos de orçamento e são boas ferramentas em nosso cotidiano. 35 17. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO “Licitação é um processo de seleção mediante o qual uma entidade qualquer, o proprietário, que pode delegar atribuições a um gerenciador [...], coloca em oferta a realização de uma obra, a prestação de um serviço (elaboração do projeto de engenharia básica ou detalhada, por exemplo) ou o fornecimento de um bem de tipo especial ou equipamentos de construção ou de processos” (LIMMER, 1997). De fato, as licitações são instrumentos legais, que permitem às entidades de direito público ou privado contratarem empresas (pessoas jurídicas) para a execução dos serviços de seu interesse. Decerto que as empresas que pleiteiam o direito de participar da licitação devem atender a determinados parâmetros solicitados pela instituição que está a licitar. Esta premissa tem a alcunha de qualificação e, segundo LIMMER (1997), “é a fase da licitação na qual se procura determinar as condições econômico- financeiras, a situação de regularidade jurídico-fiscal e a capacidade técnica de uma entidade de realizar trabalhos adicionais aos que porventura já tenham em andamento”. Com efeito, cada instituição que licita tem o direito de exigir determinadas qualidades (financeiras e/ou técnicas) das empresas que desejam participar do certame. É de praxe que os processos licitatórios tenham suas assertivas publicadas no Diário Oficial (da União, do Estado ou do Município, conforme seja a jurisdição) e em jornais ou outras mídias de ampla divulgação 30 dias antes da data marcada para entrega das propostas. Há semelhanças no processo de licitação de entidades de direito público e privado. Ambas divulgam seus editais com explicações detalhadas sobre o objeto de licitação (serviço ou bem), sobre as qualificações exigidas dos licitantes, sobre os prazos e outras informações pertinentes para que todas as empresas participantes, em condição de igualdade de informações, possam elaborar suas propostas técnicas e financeiras. Em seguida, em local e data previamente avisados em edital e em presença dos representantes legais das empresas licitantes, a comissão dá início à análise das propostas. Primeiro, são abertos os envelopes contendo as informações jurídicas e fiscais das empresas para análise da comissão. Depois de determinadas as empresas habilitadas a 36 continuar no processo, dá-se início à abertura dos envelopes contendo as propostas técnicas dos licitantes. A comissão, então, prepara um parecer sobre as vantagens e desvantagens de cada proposta avaliada. A qualquer momento a comissão pode convocar as empresas para eventuais explanações sobre possíveis dúvidas sem, contudo, permitir qualquer adição ou subtração de documentação já entregue. Por último, é avaliada a documentação presente nos terceiros envelopes, que contêm as informações da proposta comercial (custos e prazos de execução) de cada um. Neste aspecto, as empresas públicas e privadas divergem um tanto em seus desfechos. É habitual, entre as licitações de direito privado, que os gerenciadores do processo convoquem os dois primeiros convocados para uma etapa chamada negociação, onde se tenta tirar ainda mais proveito das propostas apresentadas, em termos de prazos e custos, em uma disputa que automaticamente se instala entre ambos. Na iniciativa pública, desde que atendidos os requisitos técnicos e jurídicos, vencerá o certame a empresa que propuser o menor preço. Este aspecto é tido pela comunidade envolvida como um tanto precário, pois dá margem a interpretações de que a qualidade dos serviços propostos não conta. Não é bem assim, visto que as propostas técnicas também são analisadas. Entretanto, na prática, sabemos que há situações em que empresas entram em licitações de forma irresponsável, com um preço bem abaixo da média. Neste caso, cabe à comissão instituída avaliar tais situações e vetar, se necessário, tais propostas, para que não se corra o risco de a empresa ganhadora não conseguir honrar com seus compromissos contratuais depois de ganhar a licitação, além de tomar o lugar de alguma empresa que realmente tenha uma proposta exequível. Esta premissa acabou por criar um velho jargão em nossa área de atuação: “nem sempre o melhor preço é o melhor preço”. É ilegal o favorecimento de uma empresa em detrimento de outras num processo licitatório. Perante a lei, todas devem concorrer em igualdade de condições e a que tiver uma melhor proposta sairá vencedora do certame. 37 18. Lei 8.666/93 Itamar Franco, então Presidente da República em 21 de junho de 1993, sancionou a Lei Federal n° 8.666/93 sob o tema tocante às licitações e contratos. Esta lei traz em seu escopo as definições de obra, serviço, compra, execução direta, execução indireta etc. No que concerne aos contratos, em seu artigo 2º, parágrafo único, a lei diz, ipsis litteris: “Para os finsdesta lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”. De maneira detalhada, a lei 8.666/93 trata de todo o processo que rege os certames de licitação, disposições gerais, definições, obras e serviços, compras, alienações, registros cadastrais, procedimento e julgamento etc. 38 19. TIPOS DE LICITAÇÃO À luz da Lei Federal nº 8.666/93, existem cinco modalidades distintas de licitação, a saber: § Concorrência: o tipo mais comum e popularmente conhecido de licitações, que admite a disputa entre quaisquer interessados que comprovem qualidades técnicas e jurídico-fiscais exigíveis; § Tomada de preço: ocorre quando as partes licitantes interessadas já estão devidamente cadastradas ou atendem às condições de cadastramento até o terceiro dia anterior à data de recebimento das propostas; § Convite: é a modalidade de licitação que ocorre quando a instituição que licita convida, em número mínimo de três, para concorrer ao certame; § Concurso: envolve escolha de trabalhos técnicos ou artísticos e prevê a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores; § Leilão: modalidade um tanto à parte das outras no que concerne ao seu objetivo. Trata do interesse da venda de bens inservíveis para o poder público ou de bens apreendidos ou penhorados. A priori, o leitor pode estar convencido de que não há critérios segregadores para a escolha de algumas das modalidades de licitação dissertadas acima. E de fato não haveria, não fossem as restrições financeiras para obras e serviços de engenharia que a referida lei traz em seu escopo e que ilustramos na fig. 17, a seguir. Modalidade Valor total Concorrência acima de R$ 1.500.000,00 Tomada de Preço até R$ 1.500.000,00 Convite até R$ 150.000,00 Figura 17 – Tabela de limites financeiros para modalidades de licitação Fonte: Lei Federal nº 8.666/93. 39 RECAPITULANDO Em ‘Orçamento de Obras’ vimos alguns conceitos de matemática elementar (gráficos cartesianos, porcentagem, juros) necessários ao bom entendimento de orçamentos de obras. Vimos que orçamentos podem ser entendidos como um conjunto de atividades que culminam num planejamento financeiro da obra e que, como todo planejamento, deve ter ser regido por um criterioso controle quando da sua execução. Aprendemos que, em orçamento, a norma que rege seu escopo é a ABNT NBR 12721/2006 – Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção para incorporação de edifícios em condomínio – Procedimento, onde estão as principais diretrizes e definições inerentes a orçamentos de obras. Vimos que o primeiro passo para um orçamento preciso é a correta quantificação dos insumos (mão de obra, materiais e equipamentos) envolvidos. Vimos alguns exemplos de tabelas de levantamento quantitativo que nos deram uma real perspectiva do quão importante é esta etapa do orçamento de obras. Em seguida, aprendemos sobre composições unitárias de serviço, que nada mais são que composições de preços unitários de insumos relacionados a um mesmo serviço cuja soma total, levando-se em conta a quantidade do serviço proposto em sua unidade padrão, resultará no total de gastos previstos para aquele serviço. Aprendemos que a composição de preço se baseia nos custos diretos e indiretos de produção somados ao BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) e que esses custos de produção devem ser acompanhados e controlados mês a mês, semana a semana, ou mesmo dia a dia, conforme seja o tipo de empreendimento executado. Em seguida, aprendemos o significado de Curva ABC e como ela é importante para hierarquizarmos os custos. Ainda compreendemos os aplicativos computacionais que nos servem de auxílio no desenvolvimento de orçamentos, sendo entre eles mais comum o Volare da editora PINI. Por último, estudamos os conceitos e todos os trâmites legais dos processos licitatórios, respaldados na Lei Federal nº 8.666/93, descrevendo ainda as modalidades de licitação e suas respectivas peculiaridades. 40 REFERÊNCIAS LIMMER, Carl Vicente. Planejamento, Orçamento e Controle de Projetos e Obras. Rio de Janeiro, LTC, 1997. MATTOS, Aldo Dórea. Como Preparar Orçamentos de Obras. Editora Pini. 1ª edição. 2006. NBR 12721/2006: Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios – Procedimento. Presidência da República. Lei Nº 8.666/93. TCPO – Tabelas de Composições de Preços para Orçamento. 12ª edição, São Paulo: Pini, 2003. TISAKA, Maçahiko. Orçamento na Construção Civil - Consultoria, Projeto e Execução. Editora Pini. 2ª Edição. 2011. 41 SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP Rolando Vargas Vallejos Gerente Executivo Felipe Esteves Morgado Gerente Executivo Adjunto Maria Eliane Franco Monteiro Azevedo Coordenação Geral SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA Tatiana G. de Almeida Ferraz Gerência da Área de Construção Civil Ricardo Santos Lima Gerência do Núcleo de Educação a Distância Carla Carvalho Simões Coordenação Técnica Marcelle Rose da Silva Minho Coordenação Educacional André Luiz Lima da Costa Coordenador de Produção Albin Jursa Conteudista Pollyanna de Carvalho Farias Designer Educacional Leonardo Silveira Diagramador Alex Romano Fabio Passos Karina Santos Ricardo Barreto Thiago Ribeiro Vinícius Vidal da Cruz Ilustradores Joseane Maytê Sousa Santos Sousa Revisão Ortográfica
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