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Orcamento de Obras

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ORÇAMENTO DE OBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
 
1. PREFÁCIO...........................................................................................................03 
2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE MATEMÁTICA 
ELEMENTAR.......................................................................................................04 
3. GRÁFICOS CARTESIANOS, PORCENTAGEM E JUROS................................05 
4. ORÇAMENTO DE OBRAS..................................................................................08 
5. NORMALIZAÇÃO................................................................................................11 
6. CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES..............................................13 
7. LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS E ELABORAÇÃO DE PLANILHAS 
ORÇAMENTÁRIAS.............................................................................................16 
8. COMPOSIÇÕES UNITÁRIAS DOS SERVIÇOS.................................................20 
9. COMPOSIÇÃO DE BDI.......................................................................................23 
10. FATORES QUE AFETAM OS CUSTOS DE PRODUÇÃO.................................25 
11. TÉCNICAS PARA APURAÇÃO E ANÁLISE DE CUSTOS................................27 
12. COMPOSIÇÃO DE PREÇOS..............................................................................28 
13. CONTROLE ORÇAMENTAL DE OBRAS..........................................................29 
14. CURVA ABC.......................................................................................................31 
15. PLANILHA ORÇAMENTÁRIA............................................................................33 
16. APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA ORÇAMENTO DE OBRA.............34 
17. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO.......................................................................35 
18. LEI 8.666/93........................................................................................................37 
19. TIPOS DE LICITAÇÃO.......................................................................................38 
 REFERÊNCIAS....................................................................................................40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. PREFÁCIO 
 
 
 
Olá, professor (a)! 
 
Este livro tem por objetivo auxiliá-lo (a) com os conteúdos programáticos da Unidade 
Curricular Orçamentos de Obras. 
 
Trabalharemos aqui, de forma sucinta, os aspectos relacionados à questão do 
orçamento em geral, levantamento quantitativo de materiais, custos de construção, BDI, 
curva ABC, planilhas orçamentárias etc. 
Este material deverá atuar como uma preparação prévia ao docente que pleiteia 
lecionar esta unidade curricular; funcionando, pois, como um norteador do processo de 
transmissão do conhecimento e aprendizagem de seus alunos. 
 
Nas páginas seguintes, de forma didática, elucidaremos os quesitos citados acima no 
intuito de facilitar o seu trabalho. 
 
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2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
SOBRE MATEMÁTICA ELEMENTAR. 
 
 
 
Alguns conhecimentos de Matemática Elementar são fundamentais para o 
entendimento da área de estudo que chamamos de orçamentação, como as operações 
básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão), cálculos de percentagens, 
elaboração de gráficos cartesianos e cálculo de juros. 
 
Naturalmente, tais conhecimentos já devem estar, há muito tempo, familiarizados com o 
amigo professor que agora nos lê. Destarte, faremos um breve resumo destes tópicos 
considerados, aqui, elementares. 
 
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3. GRÁFICOS CARTESIANOS, 
PORCENTAGEM E JUROS. 
 
 
Gráficos cartesianos (Fig. 01) podem ser entendidos como linhas ortogonais entre si 
(formam em seu ponto de encontro um ângulo reto, ou seja, de 90°), a vertical chamada 
de ordenada e a horizontal de abscissa, que tem diversas funções: podem designar 
parâmetros de uma curva de uma função matemática qualquer (linear, quadrática, 
logarítmica etc.) ou servirem para localização de objetos reais numa área extensa. 
 
 
 
Figura 01 - Plano Cartesiano. 
 Fonte: SENAI, 2013. 
 
As chamadas coordenadas de cada ponto são os valores que aparecem entre 
parênteses. O primeiro deles diz respeito à posição que um ponto qualquer ocupa em 
relação à sua abscissa (eixo horizontal), e o segundo refere-se à posição ocupada pelo 
mesmo ponto em relação à sua ordenada (eixo vertical). 
 
 
 
Dentro de nosso objeto de estudo, os gráficos cartesianos têm amplo emprego na 
determinação do andamento dos custos da obra e fornecem uma visão rápida das 
informações que necessitamos. 
 
 
B
e
d
AO a b c
(a;d)
(b;e) (c;e)
 
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Porcentagem ou percentagem é um termo bastante frequente em nossas vidas quando 
lidamos com situações cotidianas, como transações bancárias, ou mesmo quando nos 
deparamos com descontos num eletrodoméstico que resolvemos comprar à vista. Em 
todos os casos, percentagem significa, normalmente, uma pequena parte de um todo, 
que pode ser utilizado como acréscimo ou decréscimo de uma quantidade. Por 
exemplo: se um fogão custa R$ 500,00 a prazo e a opção de pagamento for à vista, o 
gerente da loja fornece-nos um desconto de 5% (5/100) do valor do produto. Quanto, à 
vista, pagaríamos pelo fogão em questão? 
 
Valor do produto: R$ 500 
Desconto para compra à vista: 5% 
Valor a ser pago à vista: R$ 500 – (5% x R$500) = R$ 475 
 
Juros são acréscimos de valores, segundo uma determinada taxa preestabelecida, que 
ocorrem normalmente em transações bancárias quando há atraso no pagamento de 
uma dívida. Dividem-se em juros simples e juros compostos. 
 
Juros simples - obedecem à fórmula: 
 𝐽 = 𝑐 ⋅ 𝑖 ⋅ 𝑡 
Onde: 
J representa os juros; 
c, o capital; 
i, a taxa aplicada; 
t, o tempo. 
 
Juros compostos, conhecidos também pela expressão “juros sobre juros”, obedecem à 
fórmula: 
 𝐽! ≡ 𝑐  . 1 + 𝑖 ! − 𝑐 
 
Onde: 
Jc representa os juros compostos; 
c, o capital; 
 
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i, a taxa aplicada; 
t, o tempo. 
 
Em ambos os casos, vale salientar que, para descobrirmos o valor total a ser pago 
(montante), basta que somemos o valor do capital inicial empregado ao valor dos juros 
aplicados. Em outras palavras: 
 𝑀 = 𝐶 + 𝐽 
Onde: 
M representa o montante; 
C, o capital; 
J, o juros. 
 
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4. ORÇAMENTO DE OBRAS 
 
 
Orçamentos estão presentes em muitas de nossas atividades do dia a dia. Às vezes em 
situações triviais, como o orçamento mensal de compras no supermercado, às vezes 
em situações mais complexas como o orçamento para um financiamento de um imóvel. 
 
Segundo Limmer (1997), orçamento “pode ser definido como a determinação dos 
gastos necessários para a realização de um projeto, de acordo com plano de execução 
previamente estabelecido, gastos esses traduzidos em termos quantitativos”. 
 
 
 
 
Figura 02 - Orçamento 
Fonte: SENAI, 2013. 
 
 
Podemos entender orçamento de obras como as atividades que culminam num 
planejamento financeiro da obra. Via de regra, a equipe de orçamento trabalha 
concomitantemente e em contínua comunicação com a equipe de planejamento do 
projeto, isso quando ambas não são a mesma equipe. 
 
Naturalmente, toda empresa privada visa ao lucro em seus negócios. Não haveria por 
que ser diferente na indústria da construção civil. A relação positiva entre receitas e 
despesas é a única forma de uma empresa convencional se manter viva e em dias com 
todas as suas obrigações contratuais, empregatícias etc. 
 
O orçamento tem um papel importantíssimo neste quesito. Constantemente, em nossavida profissional, sabemos de notícias desastrosas relacionadas com orçamentos de 
obras civis. Não raras vezes, obras com um orçamento subestimado fracassam em 
termos de seus resultados financeiros e comprometem a empresa como um todo. É 
 
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comum sabermos de empresas jovens que, literalmente, quebram por conta de 
orçamentos malfeitos. 
 
Há alguns empresários da construção civil que costumam usar o jargão “o orçamento é 
a pedra fundamental de qualquer obra” e, de certo ponto, cremos que eles têm mesmo 
razão, pois um orçamento mal elaborado pode custar o sucesso financeiro de qualquer 
obra. O fato é que os orçamentos existem para nos ajudar a gerir nossas obras. 
Precisamos fazer deles nossos aliados e uma atenção redobrada da equipe 
responsável pela sua elaboração é indispensável ao nosso sucesso. 
 
 
 
 
Esquecendo algo? 
 
Igor, recém-formado no Curso Técnico de Edificações, partiu para seu primeiro 
trabalho solidário: a construção da casa de seu tio, que só agora juntara dinheiro 
suficiente para a construção no terreno cuja posse já existia há dois ou três anos. 
Igor, depois de conversar com seu tio sobre as preferências dele, iniciou os esboços 
dos desenhos e contatou os fornecedores de materiais de construção de sua cidade. 
 
Após alguns meses nesta etapa, e já definida a equipe operacional (encarregados, 
profissionais, ajudantes), era chegada a hora de partir para a execução da obra. 
Neste momento, Igor percebeu que não havia concentrado nem um pingo de esforço 
numa etapa primordial de qualquer obra: seu planejamento financeiro. 
 
Foram necessárias algumas semanas de atraso no início dos serviços no canteiro de 
obra até que o orçamento planejado estivesse totalmente pronto. Igor pediu 
desculpas a seu tio pelo atraso, mas ambos tiveram a certeza que esse atraso nada 
seria se comparado ao desastre financeiro que a obra poderia se tornar caso não 
tivesse sido planejada e devidamente orçada. 
 
 
 
 
 
 
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Podemos definir como finalidades de um orçamento de obra as premissas 
seguintes: 
 
 
§ Definição dos custos parciais e totais de cada um dos serviços de uma 
obra, bem como da obra como um todo; 
 
§ Fornecimento de dados gráficos para compreensão do andamento da 
obra no que tange ao percentual de custos; 
 
§ Rápida identificação dos serviços de maiores centros de custos na obra; 
 
§ Ser um documento contratual, onde os custos envolvidos e relacionados 
servem de base para o faturamento anual ou semestral de uma empresa; 
 
 
 
 
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5. NORMALIZAÇÃO 
 
 
 
A maioria dos aspectos tratados em engenharia de construção civil embasa-se em 
normas e procedimentos técnicos. Isso é de grande valia para nossa área de atuação, 
pois nos provê de diversos parâmetros definidos que minimizam bastante a 
possibilidade de erros, algo que é importante em nossa área de atuação, pois muitos 
procedimentos começaram de forma empírica e só há pouco alcançaram embasamento 
teórico e normatizações. 
 
No tocante ao orçamento de obras, a norma que rege seus parâmetros é a ABNT NBR 
12721/2006 – Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção 
para incorporação de edifícios em condomínio - Procedimento (Fig. 03). 
 
 
 
 
Figura 03 – ABNT NBR 12721/2006 
Fonte: www.abntcolecao.com.br 
 
 
Com efeito, a referida NBR traduz-nos diversos aspectos e definições que devem ser 
seguidos à risca (alguns dos quais definiremos ipsis litteris nos capítulos a seguir), sob 
pena de estarmos em desacordo com o previsto para aquela tarefa específica; e, neste 
caso, caberão inclusive sanções administrativas e legais. 
 
Esta norma apresenta definições importantes para aqueles que se propõem a 
quantificar as áreas de construção para posterior análise orçamentária, como projeto de 
 
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edificação, projetos-padrão, pavimento, andar, pavimento térreo, áreas de edificação, 
áreas de uso privativo; além de definições de custos, como custo global de construção, 
custo básico unitário (CUB) e custo unitário da construção. 
 
Recomendamos a leitura desta norma a fim de que possa estar familiarizado com os 
termos que doravante trabalharemos. Bem verdade que algumas das definições-chave 
para o entendimento dessa unidade curricular serão escritas aqui quando oportuno, 
entretanto, em hipótese alguma, deverá o leitor se sentir desobrigado a estudar a NBR 
12721/2006. 
 
 
 
 
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6. CUSTOS DE CONSTRUÇÃO 
DE EDIFICAÇÕES 
 
 
 
Conforme podemos depreender dos parágrafos anteriores, cada obra civil tem seu 
próprio custo que deve ser minuciosamente calculado (orçado). A seguir, 
transcreveremos algumas definições constantes na NBR 12721/2006: 
 
§ Custo global da construção: valor mínimo que pode ser atribuído à construção 
da edificação [...]. É calculado com a utilização do custo unitário básico 
divulgado pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil da localidade 
correspondente ao padrão mais semelhante ao do imóvel incorporado [...]. 
 
§ Custo unitário básico (CUB): custo por metro quadrado de construção do 
projeto-padrão considerado [...]. 
 
§ Custo unitário da construção: quociente da divisão do custo global da 
construção pela área equivalente pela área de custo de padrão total. 
 
O CUB funciona, pois, como um índice calculado e divulgado mensalmente pelos 
Sindicatos da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON) e leva em consideração 
parâmetros predefinidos de cada construção, como número de dormitórios, área ou 
mesmo o padrão da construção (baixo, normal, alto). 
 
Não podemos perder de vista a diferença peculiar que existe entre custo e preço: 
 
§ Custo deve aqui ser entendido como o somatório de todos os custos parciais 
(unitários) necessários à execução dos serviços de uma construção, 
denominados custos diretos, somado aos custos com a infraestrutura necessária 
à produção (canteiro de obras, mobilização, desmobilização, administração 
local), denominados custos indiretos. 
 
§ Preço (ou preço de venda) é o valor do custo acrescentado ao valor do BDI 
(descreveremos sobre isto mais a frente). 
 
 
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Vale ressaltar que, para fins práticos, costuma-se denominar de custos diretos (CD) a 
soma dos custos diretos e indiretos. 
 
 
 
 
Despesa é o termo que alude aos gastos para a comercialização do produto. 
 
 
 
Além dos custos diretos e indiretos, definidos anteriormente e inerentes à sua 
identificação com o produto, há ainda os custos classificados em sintonia com o volume 
de produção, sejam eles: 
 
§ Custos fixos (Fig. 04), que não variam (ou variam muito pouco) para um 
determinado intervalo de produção. 
 
 
 
Figura 04 – Custos Fixos 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
§ Custos variáveis (Fig. 05), que variam de forma linear (proporcional e direta) 
num determinado intervalo de produção. 
 
 
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Figura 05 – Custos Variáveis 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
§ Custos semivariáveis (Fig. 06), que variam de forma quadrática (parabólica) num 
determinado intervalo de produção. 
 
 
 
Figura 06 – Custos Semivariáveis 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
 
 
 
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7. LEVANTAMENTO DE 
QUANTITATIVOS E ELABORAÇÃO DE 
PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS 
 
 
 
Os serviços de engenharia são planejados em termos de sua quantidade de insumos 
(materiais e mão de obra), de seu prazo e de seu custo financeiro. 
Inicialmente, de posse do projeto executivo, devemos proceder às planilhas das 
quantidades de cada serviço (levantamento quantitativo). Para este fim normalmente se 
utilizam softwares mais simples como o MS Excel. 
 
Tisaka (2011) define levantamento quantitativo como “levantamento,com base nos 
desenhos, dos quantitativos dos materiais e dos serviços a serem calculados 
separadamente para cada elemento detalhado e valor global, de modo a permitir a sua 
orçamentação”. De fato, levantamento quantitativo resume-se em obtermos informações 
de quantidades dos desenhos nos projetos. 
 
Cada tipo de serviço tem uma unidade de medida diferente. Concretagens, por 
exemplo, são normalmente medidas em volume (litros ou metros cúbicos), enquanto 
alvenarias são medidas em unidades de área (metros quadrados). 
 
 
 
Erros acontecem, mas devemos evitá-los. 
 
Joana é arquiteta e técnica em edificações. Há cerca de um ano juntou-se com mais 
duas colegas do curso técnico e montou seu escritório de planejamento e orçamento 
de obras. A demanda começou a crescer e elas tiveram que contratar um estagiário 
do curso técnico de edificações, o Luís. 
 
A primeira missão de Luís foi fazer os levantamentos quantitativos dos serviços de 
alvenaria, revestimento e pintura de uma obra a 5 km dali. Inicialmente, Luís foi muito 
bem; atento a todos os detalhes dos projetos e com planilhas de cálculo bem 
elaboradas, entretanto, num momento de descuido, Luís passou despercebido por um 
detalhe do projeto arquitetônico que faria uma diferença de cerca de 30% da área de 
alvenaria e, consequentemente, cerca de 40% da área de pintura. 
 
Quando Luís entregou os seus levantamentos quantitativos a Joana, ela, antes de 
entregá-los à pessoa responsável para lançar os dados orçamentários (custo unitário 
básico, composição de serviços, custos diretos, BDI etc.), resolveu dar uma olhada à 
 
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noite em todo o material que Luís entregara. Foi então que Joana percebeu esse 
deslize de Luís e pôde corrigi-lo a tempo, antes que isso pudesse impactar 
desastrosamente sua proposta de orçamento. 
 
 
 
De modo a exemplificar nosso estudo aqui, tomemos por base a Fig. 07. 
 
 
 
Figura 07 – Planta baixa 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
Quantifiquemos, com base no projeto, a área de alvenaria de dois quartos e sala e o 
volume de concreto dos pilares e da laje. Os pilares P1, P3 e P5 têm dimensões 25 cm 
x 25 cm, enquanto os pilares P2, P4 e P6 medem 30 cm x 30 cm. A laje é maciça e tem 
espessura de 12 cm e o pé-direito (piso a teto) mede 2,80 m em todos os pontos. 
 
Vamos por partes: 
 
i) Alvenaria. Devemos efetuar multiplicações entre os comprimentos e as larguras 
de cada uma das paredes. Em seguida, somamos as áreas parciais e teremos o 
total de área de alvenaria. É importante salientar que a boa prática manda que 
não se desconte do total os vãos de esquadrias que não excedam uma área de 
 
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2,00 m². Em nosso exemplo, não há portas ou janelas cujas áreas superem esta 
marca; logo, não os descontaremos. 
 
 
 
Figura 08 – Quantitativo de alvenaria 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
ii) Pilares. Devemos multiplicar a área secção transversal dos pilares e, em 
seguida, multiplicarmos pelo pé-direito. De certo que as estruturas em concreto 
armado têm suas armaduras que ocupam certo volume dentro da estrutura, mas 
para efeito de cálculo quantitativo de concreto abstraímos também este fator. 
 
 
 
 
Figura 09 – Quantitativo concreto de pilares 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
 
 
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iii) Laje. Multiplicamos a área total do pavimento pela espessura prevista para a laje 
e, assim, teremos o volume total de concreto. Fazemos aqui a mesma 
observação que fizemos quanto aos pilares. 
 
 
 
Figura 10 – Quantitativo de concreto de laje 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
Da análise dos exemplos acima podemos perceber que a área de alvenaria dos 
ambientes citados é de 78,54 m², o volume de concreto nos pilares é 1,28 m³ e o 
volume de concreto na laje é 5,44 m³. É bom ressaltar que a distinção entre os 
concretos dos pilares e o concreto da laje se justifica, pois nem sempre é o mesmo 
concreto; eles podem ter a resistência característica diferente dado o projeto. 
 
A elaboração de planilhas orçamentárias (que será mais detalhada à frente) deve levar 
em conta os quantitativos de cada serviço. Perceba que “serviço” para fins de 
orçamento deve ser entendido como o binômio material/mão de obra. O preço final 
deverá levar em conta todos os custos de produção (diretos e indiretos) acrescidos do 
BDI. 
 
 
 
 
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8. COMPOSIÇÕES UNITÁRIAS 
DOS SERVIÇOS 
 
 
 
Conforme dissemos há pouco, serviço deve ser entendido em orçamentação como um 
composto de duas partes: materiais e mão de obra. Ambas as partes são polos 
geradores de custo para quem pleiteia a execução da obra. A distribuição destes custos 
em cada serviço nem sempre é equânime. Há casos em que a mão de obra supera em 
custo os materiais, mas há também o inverso, e há casos onde ambos estão na mesma 
ordem de valor. 
 
Com o intuito de uma fácil visualização dos comentários a devir, sugerimos a Fig. 11, 
que representa uma composição unitária de custos diretos de um serviço específico: 
raspagem e limpeza do terreno. 
 
 
Figura 11 – Composição unitária raspagem de terreno 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
De antemão percebemos as informações do tipo da obra e do cliente que são 
informações gerais, mas necessárias antes de qualquer informação sobre a obra em si 
(projetos, orçamentos etc.). Em seguida, temos as informações do tipo de serviço e de 
seus componentes. Vale aqui observar que este nosso primeiro exemplo é o de um 
serviço bastante simples em que não há custos com materiais envolvidos. 
 
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O valor “coef.” refere-se ao coeficiente de produção daquele insumo (no caso, a mão de 
obra de um servente) para a fabricação de uma unidade padrão do serviço proposto, ou 
seja, 1 m² de terreno raspado e limpo. Esses valores variam muito de região pra região 
ou mesmo de empresa para empresa. 
 
 
Uma boa fonte de referência é a publicação TCPO - Tabelas de Composições de 
Preços para Orçamentos da editora PINI. Lá são encontrados dados de produtividade 
dos trabalhadores, em termos de horas de efetivo trabalho, em cada um dos serviços 
da construção civil. 
 
 
 
Neste caso específico, adotamos um coeficiente de produtividade da ordem de 0,25/m², 
ou seja, segundo a ótica adotada aqui, um servente terá a capacidade laboral de 
produzir 1 m² de terreno raspado e limpo em um quarto de hora (15 minutos). 
 
Naturalmente, essa mão de obra alocada neste serviço terá seu custo dentro do todo (a 
obra). Desta forma, a célula cujo valor é de 2,76 representa, conforme rápida 
depreensão, o valor em reais do valor do custo da hora de trabalho de um servente para 
a empresa. A célula de valor 0,69 representa este valor, em reais, do custo de produção 
de um servente para a confecção de uma unidade padrão do serviço proposto. Para tal, 
bastou que multiplicássemos os valores 0,25 e 2,76. Vale ressaltar que esses custos 
não levam em conta, ainda, os encargos sociais envolvidos na questão. 
 
As leis sociais (encargos), cujos valores (em percentual) constam acima do título do 
serviço, têm seu valor fixado em todos os serviços da obra. Trata-se de um custo que 
muitos orçamentistas preferem colocar desta forma na planilha de custos diretos cuja 
interferência financeira se dará em todos os serviços da obra. 
 
Em nosso estudo de caso, o valor referente às leis sociais está fixado em 92%. Este 
valor deverá ser multiplicado pelo valor do custo direto parcial para que tenhamos como 
resultado o valor, em reais, do impacto financeiro que as leis sociais, também 
conhecidas como encargos sociais, sobre o custo unitário do serviço. 
 
 
22 
 
Em seguida, temos a célula correspondente ao valor do custo direto total, que nada 
mais é senão a somo dos valores parciaisdos custos com mão de obra e materiais 
acrescidos do valor correspondente às leis sociais. 
 
O BDI, cujo significado, definições e metodologia de cálculo trabalharemos no capítulo a 
seguir, representa neste nosso exemplo 27%. Este valor deverá ser multiplicado pelo 
custo direto total para que tenhamos o valor, em reais, do acréscimo que o BDI trará por 
cada unidade padrão do serviço proposto. 
Perceba que o que fizemos até agora foi atribuir e somar valores para a composição de 
custos unitários, ou seja, custos para execução de uma unidade padrão, no caso1 m². 
 
Mas de nada nos adiantaria se não pudéssemos, a partir do custo da unidade padrão, 
compor o valor global do serviço. 
 
Para o cálculo de tal, devemos nos atentar, obviamente, à quantidade total do serviço 
que em nosso exemplo é o valor de 450. Em outras palavras, é prevista uma área de 
450 m² de raspagem e limpeza do terreno. Para que encontremos o valor total dos 
custos diretos é necessário que multipliquemos a quantidade total de serviço pelo seu 
valor unitário. Desta forma, obtemos o valor de R$ 757,12 para os custos diretos de 
execução do serviço. 
 
Vale salientar que este valor encontrado deverá ser somado ao valor inerente aos 
custos indiretos, como administração local, ferramentas, aluguel de equipamentos etc., 
para a composição do chamado custo final do serviço, também conhecido como preço 
de venda. 
 
 
 
 
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9. COMPOSIÇÃO DE BDI 
 
 
 
Nos capítulos anteriores falamos a respeito do famigerado BDI sem, entretanto, 
adentrarmos em seus detalhes e definições. Façamo-lo agora. 
 
BDI – Benefícios e Despesas Indiretas, segundo a ótica de Tisaka (2011), “é uma 
margem que se adiciona ao custo direto para determinar o valor do orçamento”. A 
passagem de Tisaka (2011) resume bem a finalidade da existência do BDI. 
 
Sabe-se que estes valores assumidos pelo BDI variam muito de empresa para empresa 
e mesmo de obra para obra. Os elementos que entram na sua composição são 
geralmente: 
 
§ Taxa da administração central da empresa; 
 
§ Taxa de risco (inerente a qualquer empreendimento); 
 
§ Taxa de tributos federais; 
 
§ Taxas de tributos municipais; 
 
§ Taxas de despesas de comercialização; 
 
§ Lucro (remuneração líquida) da empresa. 
 
Há, na bibliografia especializada, algumas fórmulas para o cálculo do BDI que levam em 
conta, principalmente, estas premissas acima. Entretanto, não é este um quesito 
unânime entre os especialistas da área. Conforme dito, cada diretoria de cada empresa 
tem suas próprias premissas e seus respectivos pesos a considerar quando do cálculo 
do BDI. Como base de dados, podemos citar que os índices de BDI giram em torno de 
20 a 30%, na maioria das obras comerciais e residenciais. 
 
O que de fato varia consideravelmente em cada situação são os itens acima e o 
percentual de importância que cada empresa dá a eles. O item lucro está em negrito por 
conta da grande relevância que há nele para qualquer empresa privada. Aliás, ousamos 
 
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dizer aqui que o lucro é, na verdade, a grande força-motriz que faz mover todo o 
processo desde a concepção até a entrega final da obra. 
 
Há empresas que colocam todos os demais custos que inferem no BDI diluídos nos 
custos diretos e indiretos e deixam, quase que exclusivamente, o lucro envolvido neste. 
 
 
 
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10. FATORES QUE AFETAM 
OS CUSTOS DE PRODUÇÃO 
 
 
Conforme visto até aqui, as obras são compostas de serviços, e estes, por sua vez, são 
compostos de materiais e mão de obra para aplicá-los. Sabemos também que há custos 
envolvidos em cada etapa dos serviços que compõem a obra. 
 
Há, entretanto, fatores que podem influenciar no orçamento de uma obra, seja em seus 
custos diretos ou indiretos, seja na taxa de BDI. Comecemos por falar dos prazos. 
 
Os orçamentos são baseados em prazos bem definidos desde a etapa de planejamento. 
Os prazos de execução dos serviços têm impacto direto em seu custo principalmente 
por conta da mão de obra envolvida. Naturalmente, quanto mais tempo se leva para a 
execução dos serviços, maior as horas trabalhadas envolvidas e, como vimos, horas de 
trabalho significam custos num orçamento. 
 
Com efeito, quando levamos mais tempo que o previsto no orçamento para a execução 
de um determinado serviço, gastaremos mais; se, em contrapartida, conseguirmos 
melhorar a produtividade dos profissionais envolvidos num serviço, terminaremos antes 
do previsto e, consequentemente, com um custo menor. Em todo caso, alterações nos 
prazos dos serviços de uma obra sempre irão impactar em seus orçamentos (para mais 
ou para menos). 
 
Além dos prazos, o porte da empresa também interfere em seus orçamentos. Isto se 
deve ao fato de que, quando uma empresa tem um porte menor, menores também são 
as despesas da administração central. Do outro lado, quando a empresa já tem certo 
porte, sua diretoria também é maior e todos os seus custos operacionais também o são. 
 
Os custos com a administração central são, conforme vimos no capítulo anterior, objeto 
de incremento no valor do BDI aplicado aos orçamentos. Fica fácil a percepção de que 
os orçamentos crescerão proporcionalmente dado o porte das empresas que os 
propõem. 
 
 
26 
 
O tipo de obra também interfere muito em seus custos, principalmente nos indiretos. 
Uma obra residencial, por exemplo, não requer tanta infraestrutura de apoio quanto as 
obras de construção pesada (indústrias, rodovias, aeroportos etc.). 
 
A localização do canteiro de obras também influencia em seu orçamento. Uma obra 
encravada no meio de uma zona urbana superpopulosa tem dificuldades de logística e 
de mobilidade maiores (tráfego intenso). Por outro lado, canteiros bastante afastados 
dos centros de abastecimentos de materiais tendem a aumentar o preço dos materiais 
necessários à construção. Tudo isso tem um impacto considerável em termos de 
custos. 
 
Outros fatores podem interferir nos orçamento de obras civis, mas com uma relevância 
menor que os supracitados, como nível de inflação, dificuldade de mão de obra 
(principalmente especializada), obras que só podem funcionar à noite (baixa 
produtividade dos operários, adicional noturno), escassez de materiais básicos etc. 
 
 
 
27 
 
11. TÉCNICAS PARA APURAÇÃO E 
ANÁLISE DE CUSTOS 
 
 
O orçamento de uma obra não deixa de ser um tipo de planejamento. Trata-se, 
entretanto, de um planejamento dos custos da obra. Como visto na unidade curricular 
Planejamento e Controle de Produção, todo planejamento deve ser acompanhado de 
um controle. 
 
Para os orçamentos, a maneira mais simples e eficaz de se apurar os custos é através 
do acompanhamento do que já foi executado e do que está sendo executado, tudo em 
termos de seus custos. De uma maneira geral, esses acompanhamentos são feitos por 
meio de gráficos e cronogramas. Trabalharemos mais detalhadamente estes aspectos à 
frente, no capítulo 13. 
 
A relevância aqui se faz presente na importância da análise de custos. Como peça 
fundamental no sucesso de um empreendimento, o orçamento (custos) deve ser objeto 
de análise constante por parte da equipe responsável. 
 
 
A dica é analisar as partes, entendê-las e controlá-las, e só então partir para o todo, o 
somatório das partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
12. COMPOSIÇÃO DE PREÇOS 
 
 
 
Eis aqui a alma do objetivo de qualquer orçamento: preço. A razão pela qual existe o 
esforço e colaboração na etapa de orçamento não é outra senão esta. Na verdade, a 
única razão para que exista um orçamento é a possibilidade de termos um preço ao 
final.Há, na bibliografia especializada, diversos roteiros para que cheguemos ao objetivo 
maior de um orçamento: preço de venda, PV ou, simplesmente, orçamento. Entretanto, 
podemos afirmar aqui, sem sombra de dúvida, que o preço de venda (PV) é função 
direta dos custos diretos, dos custos indiretos e do BDI. 
 
Vale ressaltar que alguns autores costumam incluir os custos diretos e os custos 
indiretos na mesma sigla CD, embora tenham suas planilhas de cálculo à parte. 
Tisaka (2011) define a seguinte fórmula para o cálculo do PV: 
 
 
 
 
Figura 12 – Fórmula para cálculo de PV 
Fonte: SENAI, 2013. 
 
Podemos depreender da fórmula acima que, para compor o preço de venda, utilizamos 
os valores da soma dos custos diretos e indiretos e o BDI. 
 
É de fácil percepção também que a composição de preços é variável em cada caso. 
Primeiro porque ela depende de uma variável CD, que, como vimos, é um composto de 
custos diretos e indiretos. Os custos diretos para uma mesma obra, num mesmo local e 
época, tendem a variar menos entre empresas, entretanto os custos indiretos e o BDI 
sofrem grande influência segundo o porte da empresa, conforme vimos no capítulo 10. 
 
Em todo caso, orçamentos e seus respectivos preços variam (por mais que as obras 
pareçam, ou mesmo sejam iguais), mas o cerne da questão é não perder o foco da 
importância que este tem na obra; e os impactos que ele poderá causar caso não seja 
bem feito. 
PV = CD X[1 + BD 100 [
 
29 
 
13. CONTROLE ORÇAMENTAL 
DE OBRAS 
 
 
Em acordo com o que fora dito no capítulo 11, todo orçamento consiste em um 
planejamento focado, entretanto, nos custos de produção. Como todo planejamento, os 
orçamentos devem ser pensados e elaborados por equipe competente (técnicos, 
arquitetos, administradores, engenheiros etc.), mas não apenas isso. Deverá também 
seguir rigoroso acompanhamento e controle. 
 
Devemos ter sempre em mente que nossos planejamentos e orçamentos devem não 
apenas funcionar em gráficos, tabelas e projeções virtuais; eles devem ser 
principalmente, exequíveis e compatíveis com a realidade. De nada adiantaria um 
orçamento, por melhor que pareça, que não funcionasse na realidade. E acredite: isto 
acontece! 
 
Uma das melhores formas de garantirmos que nossos orçamentos saiam como 
planejamos (ou pelo menos próximo disso) é efetuando o chamado controle 
orçamental de obras. Este processo de controle, normalmente, fica a cargo do 
profissional encarregado da execução da obra (gerente de produção) e sua equipe, mas 
com consistente apoio, quando necessário, das equipes de planejamento e orçamento 
da empresa. 
 
Consiste o controle orçamental de obras num acompanhamento, período a período 
(semana a semana, mês a mês, dia a dia), dos gastos com a produção em consenso 
com o que foi produzido no mesmo período; sem perder de vista a conhecida 
comparação % executada x % prevista para ser executada. Isto deve ocorrer com os 
principais insumos da obra (materiais, mão de obra e máquinas e equipamentos 
alugados). Para exemplificar o que dissemos, trazemos na fig. 13 um exemplo de tabela 
comparativa para mão de obra. 
 
 
30 
 
 
Mão de obra Período 
Categoria 
Profissional 
 1 2 3 4 
Pedreiro 
Planejado 1200 1350 1350 1500 
Executado 1100 1200 1400 1600 
Variação -100 -150 +80 +100 
 
Carpinteiro 
Planejado 1000 730 845 1700 
Executado 935 670 925 1550 
Variação -65 -60 +80 -150 
 
Figura 13 – Tabela mão de obra 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
Perceba que existem três estágios em termos das tarefas: a quantidade planejada, a 
executada e a diferença entre ambas. Logicamente, se a quantidade planejada for 
maior que a quantidade executada, teremos um déficit, e isto será representado por 
uma variação negativa. Se, pelo contrário, tivermos uma quantidade executada maior 
que a planejada, isto se refletirá num variação positiva; ou seja, estaremos a produzir 
além de nossas expectativas prévias. 
 
Embora os números expressos na tabela acima se refiram à unidade padrão do insumo, 
no caso horas de trabalho, pelo que já vimos até aqui, fica fácil perceber que cada um 
desses números de horas trabalhadas guarda consigo determinado valor financeiro 
(custo). 
 
 
Tabela e gráficos podem nos ajudar a controlar nossos orçamentos para que estes 
não fujam do que foi proposto anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
14. CURVA ABC 
 
 
 
A curva ABC é mais um instrumento de controle e análise que podemos lançar mão em 
nossos orçamentos. Ela mede a importância financeira dos insumos, sejam eles 
materiais ou mesmo mão de obra. 
 
Na fase A, teremos os insumos cujo valor financeiro é preponderante ante os outros. 
Em seguida, temos a fase B, cuja importância financeira é menor que em A, mas, em 
geral, a quantidade dos insumos nessa faixa é maior. De forma análoga, temos, por fim, 
a fase C, cuja importância financeira é menor que em B, mas a quantidade de insumos 
é maior. 
 
Vale citar que a análise mais eficiente das curvas ABC se dá quando analisamos a obra 
como um todo. Há insumos que aparecem em várias composições unitárias de serviço. 
Pensemos, a título de exemplificação, no insumo cimento. Admitamos também uma 
obra simples, apenas com os serviços de levante de alvenaria, chapisco e reboco. A 
tabela, a seguir, exemplifica a quantidade de cada um dos serviços e o consumo de 
cimento em cada caso. 
 
 
 
 
Figura 14 – Tabela de serviços 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
 
Da tabela a seguir podemos depreender que o custo total do insumo cimento (levando 
em conta todas as suas participações) foi de R$ 624,76. A escolha do cimento para este 
estudo de caso não foi à toa. Perceba que ele se faz presente em todas as etapas de 
nossa obra fictícia. O insumo servente também se faria inerente. Em todo caso, veja 
que as participações (quantidade e valor financeiro) do insumo em análise devem ser 
somadas a fim de obtermos o seu custo e quantidade total. 
 
 
32 
 
Em análise com todos os outros insumos que compõem cada um dos nossos serviços 
previstos, podemos estabelecer comparações entre eles e alocarmos em cada uma as 
fases de nossa curva ABC, conforme sejam seus valores de participação em nossa 
obra. A fig. 15 Ilustra um exemplo de curva ABC. 
 
 
 
 
Figura 15 – Curva ABC 
Fonte: SENAI, 2012 
 
A partir da imagem percebemos que os insumos que pertencem ao grupo A perfazem 
apenas 20%, em termos de quantidade, do total da obra; entretanto, representam cerca 
de 80% de seu custo total. Juntas, as fases A e B representam metade em termos de 
quantidade total, mas perpassam 85% do custo da obra, neste nosso estudo de caso. 
Embora a fase C contribua sozinha com a outra metade, em termos de quantidade, no 
tocante ao custo, representa apenas a irrisória percentagem de cerca de 20%. 
 
 
Os valores percentuais e quantidades podem variar de obra para obra, contudo, a 
hierarquia A-B-C deve ser mantida em todos os casos. 
 
 
 
 
 
33 
 
15. PLANILHA ORÇAMENTÁRIA 
 
 
 
Planilhas orçamentárias são o produto final da elaboração de um orçamento. Em linhas 
gerais, deve traduzir em cada um dos serviços a estimativa parcial e global de seus 
custos. Cada prego, cada ferramenta, cada hora de trabalho aplicados em um serviço 
devem ser contabilizados em termos de custos e quantidades e representados de forma 
mais clara possível nas planilhas orçamentárias. 
 
Há quem defenda a ideia de que planilhas orçamentárias devem trazer apenas os 
dados financeiros (custos) dos itens analisados, sem muitas informações acerca de 
suas quantidades e outras premissas. Seria esta um tipo de planilha tidacomo 
simplificada. Entretanto, entendemos que, em seu sentido amplo, uma planilha 
orçamentária deve trazer consigo todas as informações necessárias ao bom 
entendimento do que se propõe nela. Não devemos entender que trazer todas as 
informações de forma clara e objetiva significa que a planilha deverá ser prolixa em 
suas explanações, mas sim que deverá funcionar como um instrumento de fácil acesso 
das várias informações inerentes ao orçamento da obra em questão. 
 
De uma maneira geral, uma planilha orçamentária deve conter em sua primeira página 
as informações gerais sobre o orçamento, como: preço de venda, totais de custos 
diretos, indiretos, BDI. As folhas seguintes devem mostrar toda a metodologia de cálculo 
para a composição do que está escrito na primeira folha. Virão então as composições 
de preços unitários, levantamentos quantitativos, cotações de materiais, custos diretos, 
custos indiretos e, por fim, um cronograma físico financeiro, cujo objetivo é mostrar o 
progresso físico da obra, em termos de tempo transcorrido e atividades executadas, e 
seu respectivo custo. A fig. 16 ilustra um excerto de um cronograma físico-financeiro. 
 
 
 
Figura 16 – Excerto de cronograma físico-financeiro 
Fonte: SENAI, 2012. 
 
34 
 
 
 
16. APLICATIVOS COMPUTACIONAIS 
PARA ORÇAMENTO DE OBRA 
 
 
 
Antigamente (coisa de 20 anos atrás), a confecção de orçamentos era basicamente feita 
à mão, assim como os projetos e demais componentes gráficos e textuais de um 
empreendimento. É fácil imaginar os inúmeros erros de cálculo ou mesmo de análise 
que ocorriam neste período. A equipe era bem maior e igualmente era a probabilidade 
de erros. 
 
Há algum tempo, entretanto, os aplicativos computacionais têm invadido nossas vidas e 
nosso trabalho em todos seus sentidos. Tudo tende a ficar mais prático, rápido e 
eficiente se utilizarmos os softwares específicos de forma adequada. 
 
Hoje podemos dizer que o principal software para orçamento (em termos de número de 
empresas de construção civil que se utilizam dele) é o Volare da PINI. Com uma 
plataforma relativamente simples para os já introduzidos no mundo da informática, o 
programa requer alguns poucos dados, e o orçamento fica pronto sem muita demora e 
com um nível de acerto muito grande. 
 
Há outros softwares, alguns até com licença livre, utilizados em escalas menores pelas 
empresas, entre estes: ORSE, ARQUIMEDES, OBRAS EXPRESS e GEST. A 
vantagem do VOLARE é a adequação às tabelas de composições de preços unitários 
do TCPO, também da editora PINI. 
 
 
Os softwares para orçamento de obras contribuem de forma rápida e eficaz com 
nossos trabalhos de orçamento e são boas ferramentas em nosso cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
35 
 
17. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO 
 
 
 
“Licitação é um processo de seleção mediante o qual uma entidade qualquer, o 
proprietário, que pode delegar atribuições a um gerenciador [...], coloca em oferta a 
realização de uma obra, a prestação de um serviço (elaboração do projeto de 
engenharia básica ou detalhada, por exemplo) ou o fornecimento de um bem de tipo 
especial ou equipamentos de construção ou de processos” (LIMMER, 1997). 
 
De fato, as licitações são instrumentos legais, que permitem às entidades de direito 
público ou privado contratarem empresas (pessoas jurídicas) para a execução dos 
serviços de seu interesse. Decerto que as empresas que pleiteiam o direito de participar 
da licitação devem atender a determinados parâmetros solicitados pela instituição que 
está a licitar. Esta premissa tem a alcunha de qualificação e, segundo LIMMER (1997), 
“é a fase da licitação na qual se procura determinar as condições econômico-
financeiras, a situação de regularidade jurídico-fiscal e a capacidade técnica de uma 
entidade de realizar trabalhos adicionais aos que porventura já tenham em andamento”. 
Com efeito, cada instituição que licita tem o direito de exigir determinadas qualidades 
(financeiras e/ou técnicas) das empresas que desejam participar do certame. 
 
É de praxe que os processos licitatórios tenham suas assertivas publicadas no Diário 
Oficial (da União, do Estado ou do Município, conforme seja a jurisdição) e em jornais 
ou outras mídias de ampla divulgação 30 dias antes da data marcada para entrega das 
propostas. 
 
Há semelhanças no processo de licitação de entidades de direito público e privado. 
Ambas divulgam seus editais com explicações detalhadas sobre o objeto de licitação 
(serviço ou bem), sobre as qualificações exigidas dos licitantes, sobre os prazos e 
outras informações pertinentes para que todas as empresas participantes, em condição 
de igualdade de informações, possam elaborar suas propostas técnicas e financeiras. 
 
Em seguida, em local e data previamente avisados em edital e em presença dos 
representantes legais das empresas licitantes, a comissão dá início à análise das 
propostas. 
 
Primeiro, são abertos os envelopes contendo as informações jurídicas e fiscais das 
empresas para análise da comissão. Depois de determinadas as empresas habilitadas a 
 
36 
 
continuar no processo, dá-se início à abertura dos envelopes contendo as propostas 
técnicas dos licitantes. A comissão, então, prepara um parecer sobre as vantagens e 
desvantagens de cada proposta avaliada. A qualquer momento a comissão pode 
convocar as empresas para eventuais explanações sobre possíveis dúvidas sem, 
contudo, permitir qualquer adição ou subtração de documentação já entregue. 
 
Por último, é avaliada a documentação presente nos terceiros envelopes, que contêm 
as informações da proposta comercial (custos e prazos de execução) de cada um. 
Neste aspecto, as empresas públicas e privadas divergem um tanto em seus desfechos. 
 
É habitual, entre as licitações de direito privado, que os gerenciadores do processo 
convoquem os dois primeiros convocados para uma etapa chamada negociação, onde 
se tenta tirar ainda mais proveito das propostas apresentadas, em termos de prazos e 
custos, em uma disputa que automaticamente se instala entre ambos. Na iniciativa 
pública, desde que atendidos os requisitos técnicos e jurídicos, vencerá o certame a 
empresa que propuser o menor preço. 
 
Este aspecto é tido pela comunidade envolvida como um tanto precário, pois dá 
margem a interpretações de que a qualidade dos serviços propostos não conta. Não é 
bem assim, visto que as propostas técnicas também são analisadas. Entretanto, na 
prática, sabemos que há situações em que empresas entram em licitações de forma 
irresponsável, com um preço bem abaixo da média. Neste caso, cabe à comissão 
instituída avaliar tais situações e vetar, se necessário, tais propostas, para que não se 
corra o risco de a empresa ganhadora não conseguir honrar com seus compromissos 
contratuais depois de ganhar a licitação, além de tomar o lugar de alguma empresa que 
realmente tenha uma proposta exequível. Esta premissa acabou por criar um velho 
jargão em nossa área de atuação: “nem sempre o melhor preço é o melhor preço”. 
 
 
É ilegal o favorecimento de uma empresa em detrimento de outras num processo 
licitatório. Perante a lei, todas devem concorrer em igualdade de condições e a que 
tiver uma melhor proposta sairá vencedora do certame. 
 
 
 
 
 
37 
 
18. Lei 8.666/93 
 
 
 
Itamar Franco, então Presidente da República em 21 de junho de 1993, sancionou a Lei 
Federal n° 8.666/93 sob o tema tocante às licitações e contratos. 
 
Esta lei traz em seu escopo as definições de obra, serviço, compra, execução direta, 
execução indireta etc. No que concerne aos contratos, em seu artigo 2º, parágrafo 
único, a lei diz, ipsis litteris: “Para os finsdesta lei, considera-se contrato todo e 
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em 
que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de 
obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”. 
 
De maneira detalhada, a lei 8.666/93 trata de todo o processo que rege os certames de 
licitação, disposições gerais, definições, obras e serviços, compras, alienações, 
registros cadastrais, procedimento e julgamento etc. 
 
 
 
38 
 
19. TIPOS DE LICITAÇÃO 
 
 
 
À luz da Lei Federal nº 8.666/93, existem cinco modalidades distintas de licitação, a 
saber: 
§ Concorrência: o tipo mais comum e popularmente conhecido de licitações, 
que admite a disputa entre quaisquer interessados que comprovem 
qualidades técnicas e jurídico-fiscais exigíveis; 
 
§ Tomada de preço: ocorre quando as partes licitantes interessadas já estão 
devidamente cadastradas ou atendem às condições de cadastramento até o 
terceiro dia anterior à data de recebimento das propostas; 
 
§ Convite: é a modalidade de licitação que ocorre quando a instituição que 
licita convida, em número mínimo de três, para concorrer ao certame; 
 
§ Concurso: envolve escolha de trabalhos técnicos ou artísticos e prevê a 
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores; 
 
§ Leilão: modalidade um tanto à parte das outras no que concerne ao seu 
objetivo. Trata do interesse da venda de bens inservíveis para o poder 
público ou de bens apreendidos ou penhorados. 
 
A priori, o leitor pode estar convencido de que não há critérios segregadores 
para a escolha de algumas das modalidades de licitação dissertadas acima. E de 
fato não haveria, não fossem as restrições financeiras para obras e serviços de 
engenharia que a referida lei traz em seu escopo e que ilustramos na fig. 17, a 
seguir. 
 
 
Modalidade Valor total 
 
Concorrência acima de R$ 1.500.000,00 
Tomada de Preço até R$ 1.500.000,00 
Convite até R$ 150.000,00 
 
Figura 17 – Tabela de limites financeiros para modalidades de licitação 
Fonte: Lei Federal nº 8.666/93. 
 
 
 
39 
 
RECAPITULANDO 
 
 
Em ‘Orçamento de Obras’ vimos alguns conceitos de matemática elementar (gráficos 
cartesianos, porcentagem, juros) necessários ao bom entendimento de orçamentos de 
obras. Vimos que orçamentos podem ser entendidos como um conjunto de atividades 
que culminam num planejamento financeiro da obra e que, como todo planejamento, 
deve ter ser regido por um criterioso controle quando da sua execução. 
 
Aprendemos que, em orçamento, a norma que rege seu escopo é a ABNT NBR 
12721/2006 – Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção para 
incorporação de edifícios em condomínio – Procedimento, onde estão as principais 
diretrizes e definições inerentes a orçamentos de obras. 
 
Vimos que o primeiro passo para um orçamento preciso é a correta quantificação dos 
insumos (mão de obra, materiais e equipamentos) envolvidos. Vimos alguns exemplos 
de tabelas de levantamento quantitativo que nos deram uma real perspectiva do quão 
importante é esta etapa do orçamento de obras. 
 
Em seguida, aprendemos sobre composições unitárias de serviço, que nada mais são 
que composições de preços unitários de insumos relacionados a um mesmo serviço 
cuja soma total, levando-se em conta a quantidade do serviço proposto em sua unidade 
padrão, resultará no total de gastos previstos para aquele serviço. 
 
Aprendemos que a composição de preço se baseia nos custos diretos e indiretos de 
produção somados ao BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) e que esses custos de 
produção devem ser acompanhados e controlados mês a mês, semana a semana, ou 
mesmo dia a dia, conforme seja o tipo de empreendimento executado. 
 
Em seguida, aprendemos o significado de Curva ABC e como ela é importante para 
hierarquizarmos os custos. Ainda compreendemos os aplicativos computacionais que 
nos servem de auxílio no desenvolvimento de orçamentos, sendo entre eles mais 
comum o Volare da editora PINI. 
 
Por último, estudamos os conceitos e todos os trâmites legais dos processos licitatórios, 
respaldados na Lei Federal nº 8.666/93, descrevendo ainda as modalidades de licitação 
e suas respectivas peculiaridades. 
 
 
40 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
LIMMER, Carl Vicente. Planejamento, Orçamento e Controle de Projetos e Obras. 
Rio de Janeiro, LTC, 1997. 
 
MATTOS, Aldo Dórea. Como Preparar Orçamentos de Obras. Editora Pini. 1ª edição. 
2006. 
 
NBR 12721/2006: Avaliação de custos unitários de construção para incorporação 
imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios – Procedimento. 
 
Presidência da República. Lei Nº 8.666/93. 
 
TCPO – Tabelas de Composições de Preços para Orçamento. 12ª edição, São 
Paulo: Pini, 2003. 
 
TISAKA, Maçahiko. Orçamento na Construção Civil - Consultoria, Projeto e 
Execução. Editora Pini. 2ª Edição. 2011. 
 
41 
 
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL 
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP 
 
Rolando Vargas Vallejos 
Gerente Executivo 
 
Felipe Esteves Morgado 
Gerente Executivo Adjunto 
 
Maria Eliane Franco Monteiro Azevedo 
Coordenação Geral 
 
SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA 
 
Tatiana G. de Almeida Ferraz 
Gerência da Área de Construção Civil 
 
Ricardo Santos Lima 
Gerência do Núcleo de Educação a Distância 
 
Carla Carvalho Simões 
Coordenação Técnica 
 
Marcelle Rose da Silva Minho 
Coordenação Educacional 
 
André Luiz Lima da Costa 
Coordenador de Produção 
 
Albin Jursa 
Conteudista 
 
Pollyanna de Carvalho Farias 
Designer Educacional 
 
Leonardo Silveira 
Diagramador 
 
Alex Romano 
Fabio Passos 
Karina Santos 
Ricardo Barreto 
Thiago Ribeiro 
Vinícius Vidal da Cruz 
Ilustradores 
 
Joseane Maytê Sousa Santos Sousa 
Revisão Ortográfica

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