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AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal! Na aula de hoje iremos passar para um tópico não muito complicado, mas completamente diferente de tudo que já estudamos até aqui. O assunto a ser tratado é o seguinte: Mercado Financeiro - mercado monetário; mercado de crédito. Noções de política econômica, noções de política monetária, instrumentos de política monetária, formação da taxa de juros. Esses itens aparecem nas aulas 7 e 12 na programação inicial. Aula 07 (19/02/2014): Noções de política econômica, noções de política monetária, instrumentos de política monetária, formação da taxa de juros. Aula 12 (06/03/2014): Mercado monetário. Mercado de crédito. Mercado de câmbio: instituições autorizadas a operar; operações básicas; contratos de câmbio – características; taxas de câmbio; remessas; SISCOMEX. Vamos à aula? Prof. César Frade MARÇO/2014 AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 2 63. SISTEMA MONETÁRIO A primeira coisa que vocês devem estar se perguntando é o que é o Sistema Monetário e o que é o Mercado Monetário, não é mesmo? Vamos começar pelas definições. O dicionário da BM&FBovespa define mercado monetário: “Conjunto formado por bancos comerciais e empresas financeiras de crédito que também participam do mercado de capitais, para realização de operações com títulos públicos de elevada liquidez.” O mesmo dicionário define o mercado de capitais: “Segmento do mercado financeiro onde se realizam as operações de compra e venda de ações e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e/ou poupadores, com intermediação obrigatória de instituições financeiras do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários, componente do SFN – Sistema Financeiro Nacional.” Com isso, podemos verificar que o mercado monetário é formado por um conjunto de agentes que realizam operações com títulos de alta liquidez. Importante frisar que um título que tem alta liquidez é um título que pode ser comprado ou vendido com certa facilidade. Em sala de aula, eu adoro fazer uma analogia com carros. Imagine que você tem uma grana e deseja comprar um carro. Um Marea mais velho custa o mesmo preço de um Uno Mille novo. Qual carro você prefere adquirir? Se pensarmos bem, o Marea, mesmo sendo mais velho, tem um motor melhor e mais conforto. Enquanto que o Mille é um carro muito fácil de vender e consigo vendê-lo, caso seja necessário, sem perder muito dinheiro. A partir dessa análise de liquidez, você pode fechar o seu negócio. Veja, já expliquei a matéria. Como o Mille é mais fácil de vender e consigo fazer isso sem perder muito dinheiro, ele é um carro bastante líquido e isso atrai compradores. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 3 Os títulos públicos federais são instrumentos com alta liquidez no mercado, assim como ações das principais empresas. O dicionário da BM&FBovespa define o mercado de crédito: “Segmento de mercado onde se negociam operações de empréstimos, arrendamento e financiamentos. Sudivide-se em: a) crédito industrial b) crédito rural c) crédito externo d) crédito direto ao consumidor - CDC e) crédito imobiliário f) crédito ao setor público g) arrendamento mercantil” Agora que nós já falamos um pouco desses conceitos, vamos tentar entender o significado da MOEDA para tentarmos unir em um só bolo, todas essas nomenclaturas. Quando vamos estudar sobre o sistema monetário e os meios de pagamentos, a primeira coisa que temos que procurar entender é para que serve e o que é a moeda. Já sei que devem estar achando estranho tentar entender o que é a moeda, pois isso é algo que entendemos desde nossos primeiros anos. Não conseguimos comprar nada, ter nada sem a sua utilização, não é mesmo? No entanto, vocês notarão com esse próximo tópico que vocês não entendem muita coisa sobre moeda. É comum ouvirmos uma pessoa dizendo que não pode comprar algo, pois não tem “pé de dinheiro” ou porque “dinheiro não dá em árvore”. Eu, pelo menos, já ouvi isso de várias pessoas diferentes. Mas e se eu te falar que é possível “multiplicar o dinheiro”. O que você acharia disso? No mínimo estranho, não é mesmo? Pois é, e vamos falar disso no decorrer dessa aula. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 4 Estão querendo uma definição para moeda? Acho que a melhor definição que já encontrei é que a moeda é “FÉ”. Isso mesmo, FÉ, se você acredita nela, ela existe. Caso contrário, está fadada a desaparecer. 63.1. Evolução da Moeda A idéia inicial é a de que o conceito é simples, pois convivemos com a moeda desde nosso nascimento, mas se formos pensar, raciocinar a respeito de seu conceito, notaremos que não é tão trivial assim. É importante também compreendermos a evolução dos meios de pagamentos. Nos primórdios, o escambo era a forma que as pessoas encontravam de efetuar os pagamentos. No entanto, isso essa forma só é possível em economias bastante rudimentares. Imagine que uma determinada pessoa produz arroz e outra pessoa produz batata. Se o indivíduo que produz arroz deseja consumir batata também, deverá entregar uma quantidade de arroz para receber, em troca, uma quantidade específica de batata. Isso seria o escambo. No entanto, se pensarmos em um economia ainda bastante simples mas composta de quatro indivíduo que produzem bens distintos e que também possuem gostos diversos, veremos que não seria tão simples movimentar essa economia utilizando o escambo. Suponha que um indivíduo A produza arroz, que o indivíduo B produza batata, que C produza carne e D produza milho. Entretanto, o indivíduo A deseja consumir arroz e batata, B quer consumir batata e carne, C deseja consumir carne e milho e D tem intenção de consumir milho e arroz. Vocês já viram que não seria muito simples tentar sintetizar essa negociação via escambo, atendendo as vontades ou necessidades de cada indivíduo. Para facilitar, vamos colocar isso em uma tabela: AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 5 Indivíduo Produção Consumo 1 Arroz Arroz e Batata 2 Batata Batata e Carne 3 Carne Carne e Milho 4 Milho Milho e Arroz Dada a complexidade dessa troca, seria mais interessante que esses indivíduos escolhessem uma mercadoria de aceitação geral e que essa mercadoria passasse a fazer parte de todas as negociações, sendo utilizada como moeda de troca. No surgimento da moeda-mercadoria, ou seja, uma mercadoria de aceitação geral sendo utilizada como moeda, as pessoas utilizaram o sal, o gado, entre outras mercadorias. Entretanto, podemos notar que não seria muito simples esse tipo de negociação. Mesmo utilizando uma mercadoria que é aceita por todos, a parte de logística ficaria complicada. Você também pode imaginar uma pessoa com algumas cabeças de gado se deslocando de um local para outro para comprar determinado produto. Mas, no meio do caminho, sua moeda morre, o gado morre e o dinheiro,simplesmente, acaba. Exatamente para reduzir o custo de logística e ter uma mercadoria aceita de forma generalizada e que pudesse ser guardada ao longo do tempo é que as pessoas passaram a usar os metais como moedas. Era utilizado o ouro, a prata e o cobre como moeda-metálica. Com o passar do tempo, as pessoas notaram que apesar de reduzir o problema de logística e também passar a existir a possibilidade de “guardar” seus recursos sem que ele “estragasse”, saber a quantidade de metal ou a qualidade e pureza do mesmo ainda era algo complexo. Com isso, começou a ser utilizada a moeda cunhada. Quando os metais passaram a ser cunhados, além de todos os agentes estarem aceitando o valor AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 6 determinado na moeda sem saber se era o valor real ou não, o Governo observou que aquela cunhagem poderia lhe render tributos. O ciclo de desenvolvimento da moeda passou por um último estágio antes de chegar ao atual. Esse estágio é a moeda-papel. Observe que as pessoas detinham e transacionavam com moedas cunhadas. Entretanto, para facilitar o seu manuseio foram criadas “as Bancas1”. Para que não houvesse qualquer tipo de extravio ou roubo das moedas cunhadas, essas instituições recebiam as moedas e entregavam uma espécie de comprovante de depósito aos seus proprietários. No entanto, as pessoas notaram que não precisavam das moedas cunhadas para pagar seus negócios, bastava repassar esses comprovantes de depósitos que os detentores desses títulos poderiam efetuar o saque das moedas cunhadas. Dessa forma, esses papéis gerados pelo depósito de moedas eram chamados de moeda-papel e davam a seu detentor o direito de sacar os valores depositados. Como as moedas não eram sacadas e sim, as moedas-papéis efetuavam a quitação das transações, as instituições bancárias notaram que elas poderiam criar novas moedas-papéis que eram lastreadas pelos recursos que estavam em sua posse e, assim, notaram que elas mesmas podiam “emitir moeda”. No entanto, agora vem à nossa cabeça um questionamento. Se até este momento, todas as transações eram lastreadas por bens físicos e materiais, como seria possível emitir moeda sem que existisse a moeda cunhada representativa. A resposta para essa questão não é muito complexa de ser dada, mas de ser compreendida. Se os agentes acreditarem que aquela moeda-papel emitida por alguma instituição bancária lhes dará o direito de efetuar o saque da moeda cunhada representativa no momento em que desejarem, todos aceitarão aquela moeda emitida pela instituição. 1 Essas instituições representam os primórdios dos Bancos. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 7 Portanto, uma boa definição para moeda é a “FÉ”. Não entenderam? Se você me perguntar o que é moeda, te respondo claramente que moeda é FÉ. Pois se as pessoas acreditarem na moeda, terão ela em seu poder e poderão comprar seus bens com elas. Efetuarão a comprar porque todas as pessoas acreditarão naquela moeda e a aceitarão como pagamento nas transações. Se as pessoas não mais tiverem FÉ na moeda, elas não serão aceitas como pagamento das transações e perderão o seu valor. Por fim, a evolução da moeda-papel ocorre com o papel-moeda. Este é “produzido” exclusivamente pelos Governos ou à ordem dos Governos. No entanto, deve haver certo controle da quantidade emitida por parte dos Governos. Antes da Primeira Grande Guerra, havia uma espécie de acordo para que não houvesse as desvalorizações competitivas. Os países emitiam suas moedas para que sua cotação de câmbio ficasse menor, desvalorizando suas moedas e aumentando assim suas exportações. Portanto, a evolução da moeda ocorreu da seguinte forma: • moeda – mercadoria • moeda – metálica • moeda cunhada • moeda – papel • papel – moeda e moeda escritural Até 1944, existia o padrão-ouro no qual toda moeda para ser emitida necessitava de um lastro em ouro. Ou seja, para que um país conseguisse emitir sua própria moeda deveria ter aquele valor emitido em ouro. As principais disposições do sistema Bretton Woods foram, primeiramente, a obrigação de cada país adotar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas dentro de um determinado valor em termos de ouro, e em segundo lugar, a provisão pelo FMI de financiamento para suportar dificuldades temporárias de pagamento. Portanto, a partir daquele ano, com o Acordo de Bretton Woods deixou de existir a paridade com o ouro (padrão-ouro) e passou a vigorar o padrão-dólar. Em 1973, diante de pressões crescentes na demanda global por ouro, Richard Nixon, então presidente norte-americano, suspendeu unilateralmente o AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 8 sistema de Bretton Woods, cancelando a conversibilidade direta do dólar em ouro. O que temos hoje é o papel-moeda e a moeda escritural sendo o primeiro aquele que carregamos em nossos bolsos. Para o completo estudo desse tema usaremos a mesma metodologia adotada no livro do Ex-Ministro Mário Henrique Simonsen e, além desses itens, falaremos a respeito das funções básicas da moeda, sua evolução ao longo do tempo e dos conceitos individualizados sobre os meios de pagamentos. 63.2. Funções da Moeda Com relação às funções da moeda devemos ressaltar que esta possui 3 funções básicas, quais sejam: • meio de troca • unidade de valor • reserva de valor A função meio de troca pode ser caracterizada com a introdução de algo que seria de aceitação generalizada com o objetivo de substituir a prática do escambo. Portanto, a moeda aparece, nesta função com o objetivo de ser utilizada como intermediária em todas as transações. A função unidade de valor informa a quantidade de moeda necessária para adquirir um bem. Imagine uma situação onde existem duas pessoas, sendo que a primeira produz trigo e a segunda milho. Elas querem efetuar a troca das mercadorias. No entanto, decidem que utilizarão Reais (R$) para fazer isso. Neste momento, a moeda do Brasil teve a função de meio de troca. Em seguida decidem que um quilo de trigo custa R$ 10,00 e um quilo de milho vale R$ 3,00. A partir do momento que determinaram o preço das mercadorias a moeda nacional passou a ter a função unidade de valor. A última função da moeda é a reserva de valor. Esta função é a que dá ao detentor da moeda a prerrogativa de gastar seus recursos em momento diferente do recebimento da moeda. Ou seja, o detentor da moeda, quando AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 9 esta tem a função de reserva de valor, pode decidir se irá gastar os seus recursos ou guardá-lo para efetuar o gasto oportunamente. 63.3. Emissão de Moeda Destacamos que há uma clara diferença entre emissão de moeda e fabricação da mesma. Segundo a Constituição Federal, artigo 164 – caput, “A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.” Isto mostra que a emissão de moeda é feita única e exclusivamente, no Brasil, pelo Banco Central - BACEN. Enquanto isto, cabe à Casa da Moeda efetuar aimpressão, a fabricação da moeda nacional. Você deve estar se perguntando: se o que a Casa da Moeda faz é fabricar, o que significa emitir? Emitir moeda é colocar para fora dos cofres do Banco Central a moeda que está guardada nele, sendo ela nova ou velha. Portanto, toda vez que o Banco Central recebe numerário da Casa da Moeda e o guarda dentro do cofre, a moeda recebida foi fabricada, mas ainda não foi emitida. A emissão ocorrerá apenas no momento em que o BACEN disponibilizá-la ao público. 63.4. Equação Fundamental A equação fundamental para a compreensão deste tema é a seguinte: Papel – Moeda Emitido (PME) – Caixa das Autoridades Monetárias = Papel – Moeda em Circulação (PMC) – Caixa dos Bancos Comerciais = Papel – Moeda em Poder do Público (PMPP) AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 10 Entende-se como Papel-Moeda Emitido toda a moeda que está fora dos cofres do BACEN. Esta moeda pode ter três destinações básicas. Ela pode estar no Caixa das Autoridades Monetárias, no Caixa dos Bancos Comerciais ou em Poder do Público. Veja as equações abaixo: ����� − ��� � �� � � ����� − �� �� �� ����� � �� �����á� �������� = ����� − ��� � �� � �����çã������ ��� ! −"# $� % &'()*!�çã# ��"&� − &�'+� $#, -�.)#, &#% ()'�', �&+-&� = ��� ! −"# $� % �#$ ( $# �ú0!')# ��"��� Manipulando as duas equações, temos: ����� − ��� � �� � � ����� − �� �� �� ����� � �� �����á� �������� = &�'+� $#, -�.)#, &#% ()'�', �&+-&� + ��� ! −"# $� % �#$ ( $# �ú0!')# ��"��� Portanto, temos: �"2 = &+3"+ &+-& + �"�� Quando o BACEN emite moeda uma parcela dela fica no bolso dos cidadãos e a essa parcela passaremos a dar o nome de Papel-Moeda em Poder do Público. Devemos entender, neste caso, que cidadãos são quaisquer pessoas físicas ou jurídicas com exceção dos Bancos Comerciais e do Banco Central. Portanto, consideramos que os recursos que estão no Caixa de Bancos de Investimentos estão sob a forma de Papel-Moeda em Poder do Público. Os Bancos Comerciais2 devem ter recursos em seus caixas para entregar aos clientes quando estes precisarem efetuar seus saques. Esses recursos serão chamados de Caixa dos Bancos Comerciais. Finalmente, devemos esclarecer que as autoridades monetárias também devem manter recursos em seus caixas para fazer frente a eventuais saques 2 Bancos Comerciais, a grosso modo, são as instituições financeiras nas quais conseguimos abrir uma conta de depósito à vista e que pode nos disponibilizar um talão de cheques para efetuarmos nossos gastos. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 11 de seus clientes. No Brasil, atualmente, a única autoridade monetária existente é o BACEN e como o público, de forma geral, não pode abrir conta nesta instituição, não há motivos para se manter recursos no caixa. Portanto, o caixa das autoridades monetárias é igual a zero nos dias de hoje. Entretanto, até 1986 o Banco do Brasil também era considerado autoridade monetária e dessa forma, os recursos mantidos em seu caixa entravam no cômputo do caixa das autoridades monetárias. Assim sendo, como o caixa das autoridades monetárias é nulo concluímos que, atualmente, o papel-moeda emitido é igual ao papel-moeda em circulação. Portanto, os recursos quando são emitidos pelo Banco Central podem estar: • em poder das pessoas (PMPP); • no caixa dos Bancos Comerciais (CxBC); ou • no caixa das Autoridades Monetárias (CxAM) 63.5. Balancete dos Bancos Comerciais Agora, nós vamos entrar em uma seara que não é das mais simples. Entretanto, vocês não precisam decorar os balancetes, nada disso. Apresento eles, apenas para que a compreensão seja mais fácil para alguns. Entretanto, a simples noção de que tudo que colocado no passivo da instituição é aquilo que ela deve para alguém e que tudo que está no ativo é aquilo sobre o qual ela tem direitos, já está de ótimo tamanho. Então, lembrem-se. Se determinado item está no ativo de um Banco, aquela instituição possui diretos sobre aquele item. Se, por outro lado, ela está no passivo, ela tem algum tipo de obrigação. Vamos estudar cada um dos itens dos balancetes dos Bancos Comerciais e do Banco Central. É importante que seja compreendido o que significa cada uma dessas contas, pois somente dessa forma poderemos analisar os balancetes sem ter que decorar tudo. Não há a necessidade de entender exatamente o balancete, apenas as contas, ok? Não iremos fazer qualquer tipo de lançamento. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 12 Importante salientar que irei detalhar apenas os itens que são importantes para o entendimento dessa matéria. Não irei entrar em detalhes acerca dos itens que interessam muito mais à contabilidade que à economia. Vamos começar com o Balancete dos Bancos Comerciais. Utilizarei a mesma metodologia que o Simonsen usou em seu livro e, portanto, todos os itens que constam do Balancete dos Bancos Comerciais serão representados com letra maiúscula. Balancete Consolidado dos Bancos Comerciais3 Ativo Passivo A) Encaixes G) Recursos Próprios A.1 – em moeda corrente H) Depósitos à vista A.2 – em depósitos no Banco Central I) Depósitos a prazo A.2.1 – voluntários J) Redescontos e outros recursos oriundos do BACEN A.2.2 – compulsórios K) Empréstimos Externos B) Empréstimos ao setor privado L) Demais exigibilidades C) Títulos públicos e privados D) Empréstimos a entidades públicas E) Imobilizado F) Outras aplicações Os encaixes podem ser divididos em três partes: encaixe em moeda corrente, encaixe voluntário e encaixe compulsório. Os Encaixes em Moeda-Corrente são representados pelos recursos que os Bancos Comerciais guardam em seu caixa para fazer face aos saques de seus clientes. Quando uma pessoa deposita um recurso no Banco Comercial, ela deseja que quando necessitar do recurso tenha a possibilidade de se dirigir a 3 Neste estudo, as Caixas Econômicas estão sendo consideradas como Bancos Comerciais por captarem depósitos à vista. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 13 uma agência e efetuar o saque. Aquele recurso que fica guardado no Caixa da instituição e que será entregue a esse correntista é o que chamamos de Encaixe em Moeda-Corrente. Observe que o correntista efetuou um depósito à vista e essa conta passa a fazer parte do passivo do Banco Comercial. Entretanto, uma parcela dos depósitos à vista fica na boca do caixa da instituição para fazer face aos saques. Esses recursos fazem parte do ativo do Banco Comercial. Vamos agora aos Encaixes Compulsórios. Os Bancos Comerciais (instituições que recebem depósitos à vista) têm a capacidade de multiplicar os meios de pagamentos4. Imagine que a pessoa 1 efetua um depósito de R$1.000,00 em um Banco Comercial. Essa pessoa sai com um talão de cheque em que o Banco informa que ela pode gastar até R$1.000,00 que ele quitará essa conta. Dessa forma, os recursos existentes nessa economia estão com o BancoComercial. Com isso, o Banco empresta o dinheiro para a pessoa 2, empresta R$1.000,00. Entretanto, essa pessoa 2 não sai do Banco com R$1.000,00 no bolso. Ela sai com um talão de cheque em que o Banco diz a ela que pode ser efetuado um gasto até o total de R$1.000,00. Ou seja, isso é a mesma coisa de o Banco emprestar esses R$1.000,00 e ao mesmo tempo essa pessoa efetuar o depósito junto ao Banco. Observe que as pessoas 1 e 2 acham que têm R$1.000,00, mas os R$1.000,00 em papel-moeda que existe na economia está de posse do Banco. Adivinhem o que o Banco fará com o recurso? Emprestará para a pessoa 3, que sairá da instituição com um talão de cheques. E esse fato ocorre de forma sucessiva. 4 Vamos entender como meios de pagamentos as formas que as pessoas possuem de efetuar o pagamento de suas contas. Quem está pensando que o cartão de crédito é um meio de pagamento está enganado, pois você apenas posterga a quitação das suas contas. Quando o cartão for quitado é que você está se utilizando de um meio de pagamento. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 14 Vemos que a instituição financeira, no exemplo dado, foi capaz de transformar R$1.000,00 em R$4.000,00 e isso se deve à sua capacidade de multiplicar os meios de pagamentos. Importante observar que o Banco, da forma como está descrito o exemplo, poderá emprestar inúmeras vezes esse mesmo recurso. E, portanto, teremos os meios de pagamentos indo para infinito. Dessa forma, caberá ao Banco Central tentar frear essa multiplicação de meios de pagamentos. E a forma utilizada para isso é o depósito compulsório. O Banco Central pode solicitar que todas as vezes que um recurso seja depositado no Banco Comercial, que 50% dos valores sejam encaminhados para o Banco Central, compulsoriamente. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 15 Observe que o compulsório, à medida que vai sendo depositado junto ao Banco Central, vai reduzindo a quantidade de recurso disponível para que o Banco Comercial efetue o empréstimo. Logo, a quantidade de recursos a ser disponibilizado será controlada de forma indireta pelo Banco Central por meio da alíquota de compulsório. O Encaixe Voluntário é um depósito que os Bancos deixam no Banco Central voluntariamente. Esses recursos ficam depositados juntamente com o compulsório, mas estão além do valor exigido pelo Banco Central. Observe que tanto o encaixe compulsório quanto o encaixe voluntário representam recursos das instituições financeiras depositados junto ao Banco Central. Logo, eles representam um ativo das instituições financeiras e um passivo do Banco Central, pois o Banco Central tem a obrigação de devolver esses recursos e os Bancos Comerciais tem o direito sobre esses recursos. Os Empréstimos ao Setor Privado são os recursos que os Bancos Comerciais emprestam às empresas privadas. Esses recursos fazem parte do ativo dos Bancos Comerciais. Os Bancos Comerciais aplicam parte dos recursos que possuem em Títulos Públicos e Privados. Isto nada mais é do que emprestar recursos ao Governo e ao Setor Privado. Portanto, fazem parte do ativo dos Bancos Comerciais. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 16 Os Bancos Comerciais podem também efetuar Empréstimos a entidades públicas. Tal fato também se configuraria como sendo um ativo do Banco Comercial. Tanto o Imobilizado quanto as Outras Aplicações também são contas que fazem parte do ativo da instituição. Como ativo imobilizado podemos citar os imóveis do Banco Comercial. Qualquer outra conta do ativo está sendo considerada em Outras Aplicações. Não há a necessidade de uma maior detalhamento dessas contas, pois elas representam um interesse muito maior para a Contabilidade do que para a Economia. Passemos agora para as contas passivas dos Bancos Comerciais. A primeira delas e a mais importante já foi discutida anteriormente, o Depósito à Vista. Os Recursos Próprios representam o Patrimônio Líquido da instituição, a grosso modo. Podemos entender como sendo os recursos que os proprietários do Banco “colocaram” no negócio. No Balancete, os recursos próprios fazem parte do Passivo da instituição. Depósitos a Prazo são aplicações feitas pelas clientes das instituições financeiras e que não podem ser retirados a qualquer momento. Enquanto no depósito à vista, as pessoas efetuam o depósito junto à instituição financeira e podem efetuar o saque a qualquer hora, no depósito a prazo esse saque somente é permitido após o período de carência. Em geral, os depósitos a prazo se constituem por aplicações em Certificado de Depósito Bancário – CDB e Recibo de Depósito Bancário – RDB. Como o depósito a prazo é um depósito efetuado pelo correntista, ele será considerado um ativo do correntista e um passivo do Banco Comercial5. Outra conta um pouco mais complexa é o Redesconto. Na verdade, não é que ela seja complexa a operação, mas ela só existe com os Bancos Centrais. Uma operação de Redesconto ocorre quando um Banco está com dificuldades financeiras e solicita socorro ao Banco Central. Solicita um empréstimo ao BACEN. No entanto, o BACEN pode efetuar o empréstimo, mas desde que o Banco Comercial que fez a solicitação deixe garantias. Na prática, várias garantias são aceitas, mas quando o Banco Comercial concede títulos públicos 5 Não é somente o Banco Comercial que pode fazer esse tipo de depósito, mas estamos tratando apenas dele neste momento. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 17 como garantia o próprio sistema desenvolvido pelo Banco Central do Brasil autoriza a operação. No caso de outras garantias, há a necessidade de aprovação por parte de um analista do Banco Central. Portanto, o Redesconto ocorre quando o Banco Central efetua um empréstimo a um Banco Comercial e, portanto, essa operação é um passivo do Banco Comercial e um ativo do Banco Central. Os Empréstimos Externos representam as operações de captação de recursos no mercado internacional por parte dos Bancos Comerciais. Portanto, é uma obrigação dessas instituições financeiras e deve estar no Passivo. A rubrica Demais Exigibilidades se constitui na soma de todas as outras contas que fazem parte do passivo dos Bancos Comerciais. Entretanto, como foi explicado anteriormente, algumas dessas contas não são muito importantes para a Economia e iremos uni-las em um única rubrica que será chamada de Saldo Líquido das Demais Contas. Vamos ao Balancete Consolidado Sintético dos Bancos Comerciais. Balancete Consolidado Sintético dos Bancos Comerciais Ativo Passivo A) Encaixes Passivo Monetário A.1 – em moeda corrente H) Depósitos à vista A.2 – em depósitos no Banco Central Passivo não-Monetário A.2.1 – voluntários I) Depósitos a prazo A.2.2 – compulsórios J) Redescontos e outros recursos oriundos do BACEN B) Empréstimos ao setor privado M) Saldo líquido das demais contas C) Títulos públicos e privados Observe que houve uma mudança do Balancete para o Balancete Sintético. Veja que no ativodo Banco Comercial existem as contas A, B, C, D, E e F. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 18 Após a reorganização do Balancete, ficaram apenas as rubricas A, B e C, tendo desaparecido D, E e F. Do lado do passivo, existiam as contas G, H, I, J, K e L. Permanecem no novo Balanço apresentado as rubricas H, I, J. E ainda surge a conta M. Importante entender o que significa a conta M. Todas as contas que foram suprimidas acabaram sendo aglutinadas com o nome Saldo Líquido das Demais Contas e fazem parte do passivo. Portanto, temos que a rubrica M é igual à soma das contas que saíram do passivo menos as contas que saíram do ativo. M = G + K + L – D – E – F Importante ressaltar que todas essas contas foram concentradas com a rubrica M porque elas não possuem importância tão grande para a Economia. Viu como assim fica muito mais simples de entender o que significa compulsório e redesconto? Essa era a minha ideia inicial, além de entender de onde vem o dinheiro e o que o Banco faz com ele. Agora, prestem a atenção. Imagine que uma pessoa deposita um dinheiro em um Banco. O que aquela instituição faz com o dinheiro depositado? Uma parte o Banco guarda em seu caixa para eventuais saques, outra parcela ele deposita compulsoriamente no Banco Central, outra ele deposita voluntariamente, concordam? O que sobrar, ele empresta. Portanto, o dinheiro só pode ter 4 destinações: • Bolso das pessoas – Papel-moeda em Poder do Público (PMPP) • Caixa das Instituições – Encaixe em Moeda-Corrente • Depósito Compulsório no Banco Central • Depósito Voluntário no Banco Central Observe que quanto mais dinheiro o Banco Central obriga que seja depositado compulsoriamente pelos Bancos, menor a quantidade de recursos que os bancos podem emprestar e menor o efeito multiplicador do Bancos. Recurso depositado nos Bancos AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 19 64. Objetivos da Política Monetária Vocês devem estar achando estranho, porque apesar de já terem aprendido várias coisas, ainda não devem estar conseguindo relacionar o que foi aprendido com o que está no Edital, não é mesmo? Agora vocês verão como tudo vai ficar fácil e ainda faremos um link lá com as primeiras aulas. Já sei. Todos me pedem isso. Sempre querem uma definição bem simples do que é política monetária. Pensem que política monetária é o Banco Central colocando e tirando dinheiro (recursos) do mercado. Ele pode ter vários incentivos para isso e um deles é a redução ou não permissão para a escalada da inflação. Podemos definir que a Política Monetária é o conjunto dos instrumentos, recursos utilizados pelo Banco Central para controlar a quantidade de moeda à disposição do público e, portanto, a inflação. Segundo o dicionário de Finanças da BOVESPA, Política Monetária é a: “Política governamental que define o controle da oferta de moeda e do crédito.” Segundo Mankiw: “A quantidade de moeda disponível é chamada oferta monetária. Em economias que usam moeda-mercadoria, a oferta de moeda é a oferta daquela mercadoria. Em economias que usam moeda fiduciária, como é o caso da maior parte dos países, é o governo que controla a oferta de moeda: restrições legais dão ao governo o monopólio sobre a emissão de moeda. Assim como o nível da receita tributária e o nível das despesas públicas são instrumentos de política econômica, a oferta de moeda também é um instrumento de política econômica. Nos EUA, como em muitos outros países, o controle da oferta de moeda é delegado a uma instituição parcialmente independente chamada Banco Central. O Banco Central dos EUA é o Federal Reserve, muitas vezes chamado apenas de Fed. Se observarmos uma AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 20 nota de dólar, veremos que ela é denominada Federal Reserve Note. Os membros do Federal Reserve Board, que são nomeados pelo Presidente da República e confirmados pelo Congresso, decidem sobre a oferta de moeda. O controle da oferta monetária é chamado política monetária.” No Brasil, a própria Constituição Federal define que o Banco Central do Brasil tem o poder exclusivo da emissão de moeda. Cabe também ao Banco Central efetuar o controle monetário e para isso se utiliza de instrumentos de política monetária. 65. Instrumentos de Política Monetária Existem três instrumentos clássicos utilizados pela autoridade monetária (Banco Central) para efetuar o controle da oferta monetária. São eles: • Depósitos Compulsórios; • Operações de Redesconto; e • Operações de Mercado Aberto ou “Open Market” O Banco Central utiliza esses instrumentos com o intuito de controlar a quantidade de recursos que os Bancos colocam à disposição do público, de uma forma geral. Com esse controle, a autoridade monetária tenta manter, entre outros aspectos, a inflação sob controle. Segundo Lopes & Vasconcellos: “Os três principais instrumentos a disposição do Banco Central são: i. as reservas compulsórias; ii. a política de redesconto; e iii. as operações de open-market. O Banco Central determina o montante das reservas compulsórias, que, como visto anteriormente, afetam basicamente o tamanho do multiplicador dos meios de pagamento, ao determinarem qual será a AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 21 massa de recursos que ficará disponível para os bancos comerciais emprestarem. Quanto às operações de redesconto, a variável importante é a taxa de juros cobrada pelo Banco Central em seus empréstimos aos bancos comerciais, ou seja, a taxa de juros de redesconto. Essa taxa pode ser usada tanto para sinalizar as taxas de juros a serem praticadas pelo mercado, como, principalmente, para determinar a disposição dos bancos em se tornarem mais ou menos ilíquidos. (...) O terceiro instrumento de controle monetário é representado pelas operações de open-market. Esse é o principal instrumento utilizado no Brasil desde o final da década de 60.” Alguns autores ainda afirmam sobre a utilização da taxa de juros como instrumento de política monetária. A ideia é que quando o Banco Central aumenta a taxa, o custo de oportunidade de utilização dos recursos também é majorado e, portanto, as pessoas optarão por guardar mais recursos do que faziam antes e com isso, reduzir a pressão inflacionária. 66. Regime de Metas de Inflação O Regime de Metas de Inflação é uma forma que a autoridade monetária encontrou para tentar manter a inflação sob seu controle e deixar tal fato, de antemão, de forma pública. De uma forma bem simplista, podemos pensar no regime de Metas como sendo uma regressão estatística em que vários itens são capazes de afetar a inflação. O resultado final da regressão é a taxa de inflação, onde, na verdade, existem os mais variados pesos em cada um dos tópicos que impactam a inflação. Com isso, dados os movimentos de preços e os pesos que cada um tem na inflação, o Banco Central pode alterar a taxa de juros para que essa o ajude a manter a inflação sob controle. O Regime de Metas de Inflação foi iniciado em 1999 e o seu funcionamento dependetanto de deliberações com Conselho Monetário Nacional quanto do Comitê de Política Monetária – COPOM. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 22 O Comitê de Política Monetária – COPOM foi instituído em junho de 1996 com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros. Prática semelhante é adotada por várias autoridades monetárias ao redor do mundo, proporcionando maior transparência facilidade na comunicação com o público em geral. A partir de junho de 1999, com a publicação do Decreto 3.088 (listado abaixo), foi adotado o regime de “metas para a inflação”. Essas metas são estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e cabe ao Banco Central do Brasil fazer cumprir a meta exigida. Caso isso não ocorra, o Presidente do Banco Central deverá divulgar Carta Aberta ao Ministro da Fazenda expondo os motivos do descumprimento, as providências tomadas e a determinação de prazo para que a inflação retorne para a meta. As metas e os intervalos de tolerância a serem adotados serão definidos até o dia 30 de junho de cada segundo ano imediatamente anterior. E o índice de inflação utilizado é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Será considerada cumprida a meta se a inflação medida se situar dentro do intervalo de tolerância. É interessante que o Banco Central tente “acertar” o centro da meta de inflação. Decreto 3.088 “Art. 1o Fica estabelecida, como diretriz para fixação do regime de política monetária, a sistemática de "metas para a inflação". § 1o As metas são representadas por variações anuais de índice de preços de ampla divulgação. § 2o As metas e os respectivos intervalos de tolerância serão fixados pelo Conselho Monetário Nacional - CMN, mediante proposta do Ministro de Estado da Fazenda, observando-se que a fixação deverá ocorrer: I - para os anos de 1999, 2000 e 2001, até 30 de junho de 1999; e II - para os anos de 2002 e seguintes, até 30 de junho de cada segundo ano imediatamente anterior. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 23 Art. 2o Ao Banco Central do Brasil compete executar as políticas necessárias para cumprimento das metas fixadas. Art. 3o O índice de preços a ser adotado para os fins previstos neste Decreto será escolhido pelo CMN, mediante proposta do Ministro de Estado da Fazenda. Art. 4o Considera-se que a meta foi cumprida quando a variação acumulada da inflação - medida pelo índice de preços referido no artigo anterior, relativa ao período de janeiro a dezembro de cada ano calendário - situar-se na faixa do seu respectivo intervalo de tolerância. Parágrafo único. Caso a meta não seja cumprida, o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro de Estado da Fazenda, que deverá conter: I - descrição detalhada das causas do descumprimento; II - providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos; e III - o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito. Art. 5o O Banco Central do Brasil divulgará, até o último dia de cada trimestre civil, Relatório de Inflação abordando o desempenho do regime de "metas para a inflação", os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação. Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.” Tendo como base o sistema de metas de inflação, caberá ao COPOM definir a taxa SELIC Meta e seu eventual viés, implementar a política monetária e analisar o Relatório de Inflação que deve ser divulgado ao final de cada trimestre civil. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 24 A taxa SELIC (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia) pode ser determinada com ou sem viés. Caso, ao final da reunião do COPOM tenha sido definido um viés para a taxa, isto significa que foi dada ao Presidente do Banco Central a prerrogativa de alterar a taxa SELIC na direção do viés sem que seja necessária a convocação de uma nova reunião do Comitê. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 25 EXERCÍCIOS PROPOSTOS Questão 133 (FCC – APOFP–SP – 2010) – Com relação à presença da moeda no sistema econômico, é correto afirmar: a) O Banco Central é o único capaz de criar e destruir moeda. b) A moeda é demandada apenas para satisfazer as necessidades de transação dos agentes econômicos. c) A oferta de moeda tem relação inversa com a taxa de reservas compulsórias dos bancos comerciais. d) A demanda de moeda tem relação direta com a taxa de juros da economia. e) O efeito da moeda sobre o nível de preços é neutro, qualquer que seja o grau de utilização da capacidade instalada da economia. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 26 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Questão 133 (FCC – APOFP–SP – 2010) – Com relação à presença da moeda no sistema econômico, é correto afirmar: a) O Banco Central é o único capaz de criar e destruir moeda. b) A moeda é demandada apenas para satisfazer as necessidades de transação dos agentes econômicos. c) A oferta de moeda tem relação inversa com a taxa de reservas compulsórias dos bancos comerciais. d) A demanda de moeda tem relação direta com a taxa de juros da economia. e) O efeito da moeda sobre o nível de preços é neutro, qualquer que seja o grau de utilização da capacidade instalada da economia. Resolução: Na verdade, todos os Bancos Comerciais (todas as instituições que recebem depósitos à vista, para falar a verdade) são capazes de criar ou destruir os meios de pagamento, comumente chamado de moeda. A moeda pode ser demandada para satisfazer as transações ou para ser “encarteirada”. Nesse último caso, ela terá a função de reserva de valor. Quanto maior for o valor do compulsório, mais recursos serão enviados ao Banco Central e, portanto, menor a disponibilidade de recursos com as instituições. Portanto, este item está CORRETO. Quanto maior for a taxa de juros, menos as pessoas têm interesse em carregar a moeda em seus bolsos e mais elas estão interessadas em deixar a moeda no banco. Logo, a demanda por moeda é inversamente proporcional à taxa de juros. A quantidade de moeda tem efeito direto sobre o nível de preços. Sendo assim, o gabarito é a letra C. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 27 Gabarito: C AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 28 BIBLIOGRAFIA Blanchard, Olivier – Macroeconomia: Teoria e Política Econômica, Editora Campus, 1999. Byrns, R.T. & Stone, G.W. – Macroeconomia, Editora Makron Books, 5ª Edição, 1995. Dornbusch, R & Fischer S. – Macroeconomia,Editora Makron Books – 5ª Edição, 1991. Froyen, Richard T. – Macroeconomia, Editora Saraiva – Tradução da 5ª Edição, 2001. Lopes,L.M & Vasconcellos, M.A.S. – Manual de Macroeconomia: Básico e Intermediário, Editora Atlas, 2a Edição, 2000. Mankiw, N. Gregory – Macroeconomia, Editora LTC – 3ª Edição, 1998. Mankiw, N. Gregory – Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia, Editora Campus – 1999. Sachs & Larrain – Macroeconomia, Editora Makron Books – 2000. Simonsen, M.H. & Cysne R.P. – Macroeconomia, Editora Atlas – 2a Edição, 1995. Vasconcellos, M.A. Sandoval – Economia Micro e Macro, Editora Atlas – 2ª Edição, 2001. AULA 12 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 29 Galera, Terminamos essa aula. Essa matéria não é das mais simples para vocês. Tentei colocar para vocês da melhor forma possível. Vou trazer mais exercícios desse assunto nas próximas aulas. Grande abraço a todos. César Frade
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