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RESIDENCIA PGE RJ Regime Diferenciado de Contratacoes

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REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES 
 
Inicialmente, o RDC foi previsto para as contratações relacionadas à Copa do Mundo de 2014 e 
Olimpíadas de 2016. Esta era inclusive a previsão original da MP 527/2011, cuja conversão 
resultou na Lei 12462/2011. 
No entanto, as possibilidades de utilização do RDC foram aos poucos sendo expandidas por 
alterações legislativas posteriores, havendo até mesmo hipóteses inseridas no ano de 2015. A 
mais recente atualização se deu com a Lei nº 13.190, de novembro de 2015, que passou a prever 
importantes novas hipóteses de utilização do RDC, como nas obras e serviços destinados à 
melhoria da mobilidade urbana e nas chamadas locações “built to suit”, que serão estudadas 
adiante. Por sua importância, recomendamos a leitura integral do art. 1º, com suas mais 
recentes alterações: 
 
Art. 1o É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável 
exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização: 
I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a 
ser definida pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e 
II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e da 
Copa do Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa 2014 do Comitê Gestor 
instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das Ações 
do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014, restringindo-
se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios; 
III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos 
Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades sedes 
dos mundiais referidos nos incisos I e II. 
IV - das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) (Incluído pela Lei 
nº 12.688, de 2012) 
V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. (Incluído 
pela Lei nº 12.745, de 2012) 
VI - das obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma e administração de 
estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo; (Incluído pela Lei nº 
13.190, de 2015) 
VII - das ações no âmbito da segurança pública; (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) 
VIII - das obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou 
ampliação de infraestrutura logística; e (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) 
IX - dos contratos a que se refere o art. 47-A. 
 
A referida lei ainda acrescentou um §3º ao referido artigo, que também permitiu a utilização do 
RDC nas licitações relacionadas a obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas 
públicos de ensino e de pesquisa, ciência e tecnologia: 
 
§ 3º Além das hipóteses previstas no caput, o RDC também é aplicável às licitações e aos contratos 
necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de 
ensino e de pesquisa, ciência e tecnologia. 
 
 
 A adoção do RDC permite a aplicação subsidiária da Lei nº 8666? 
NÃO. Com a adoção do RDC, há o afastamento expresso da L8666, não sendo possível a sua 
aplicação subsidiaria. 
 
§ 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do instrumento convocatório e resultará 
no afastamento das normas contidas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, exceto nos casos 
expressamente previstos nesta Lei. 
 
No entanto, existem casos específicos em que a lei do RDC determinará a aplicação de regras da 
Lei nº 8666, a exemplo do que ocorre nos requisitos de habilitação, dispensa e inexigibilidade 
de licitação e na adoção de critérios de desempates: 
 
Art. 25. Em caso de empate entre 2 (duas) ou mais propostas, serão utilizados os seguintes critérios 
de desempate, nesta ordem: 
 
I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta fechada em 
ato contínuo à classificação; 
 
II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde que exista sistema objetivo 
de avaliação instituído; 
III - os critérios estabelecidos no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, e no § 2º do 
art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; e 
 
 
Art. 14. Na fase de habilitação das licitações realizadas em conformidade com esta Lei, aplicar-se-
á, no que couber, o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, observado 
o seguinte: 
 
 
Art. 35. As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação estabelecidas nos arts. 24 e 25 da 
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, aplicam-se, no que couber, às contratações realizadas com 
base no RDC. 
Parágrafo único. O processo de contratação por dispensa ou inexigibilidade de licitação deverá 
seguir o procedimento previsto no art. 26 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. 
 
 
Tratam-se, no entanto, de aplicações ESPECÍFICAS, expressamente determinadas pela 
legislação. Não há aplicação subsidiária da Lei 8666! 
 
 
Principais Peculiaridades do RDC: 
 
1) Indicação de marca: 
 
A Lei 12462 incorporou algumas práticas que já eram comuns na administração, como a 
indicação de marca para referência a um gênero (Ex: canetas do tipo BIC) ou quando for 
necessária a padronização do objeto (Ex: aquisição de bolas de futebol que sigam um padrão 
internacional). Tal indicação, de acordo com a lei, exige decisão FUNDAMENTADA. 
 
Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a administração pública poderá: 
I - indicar marca ou modelo, desde que formalmente justificado, nas seguintes hipóteses: 
a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto; 
b) quando determinada marca ou modelo comercializado por mais de um fornecedor for a única 
capaz de atender às necessidades da entidade contratante; ou 
c) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser melhor compreendida pela identificação 
de determinada marca ou modelo aptos a servir como referência, situação em que será obrigatório 
o acréscimo da expressão “ou similar ou de melhor qualidade”; 
 
Nessa linha, também é possível que se estabeleça, no RDC, a padronização do edital: 
 
Art. 4o Nas licitações e contratos de que trata esta Lei serão observadas as seguintes diretrizes: 
I - padronização do objeto da contratação relativamente às especificações técnicas e de 
desempenho e, quando for o caso, às condições de manutenção, assistência técnica e de garantia 
oferecidas; 
II - padronização de instrumentos convocatórios e minutas de contratos, previamente aprovados 
pelo órgão jurídico competente; 
 
 
OBSERVAÇÃO: Tradicionalmente, a indicação de marca era vedada pela Lei nº 8666. No entanto, 
na prática, diante de certas peculiaridades da contratação, o próprio TCU já admitia tal 
indicação. 
 
L8666, Art. 15, § 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda: 
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca; 
 
 
2) Exigência de Amostras: 
 
A lei do RDC também traz a possibilidade de exigência de amostras do bem. Tal exigência pode 
ser feita no procedimento de pré-qualificação, na fase de julgamento das propostas ou de 
lances, mas é necessária a fundamentação. 
 
Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a administração pública poderá: 
II - exigir amostra do bem no procedimento de pré-qualificação, na fase de julgamento das 
propostas ou de lances, desde que justificada a necessidade da sua apresentação; 
 
De acordo com a lei, a Administração também pode solicitar a apresentação pelos interessados 
de certificação da qualidade do produto ou do processo de fabricação, inclusive sob o aspecto 
ambiental, por qualquer instituição oficial competente ou por entidade credenciada.Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a administração pública poderá: 
III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou do processo de fabricação, inclusive sob o 
aspecto ambiental, por qualquer instituição oficial competente ou por entidade credenciada; e 
 
 
3) Remuneração Variável: 
 
A Lei do RDC também estabeleceu a possibilidade de se prever a REMUNERAÇÃO VARIÁVEL do 
contratado, a depender do seu desempenho. Era um instituto que já aparecia nas PPPs e que foi 
incorporado ao RDC. 
 
Art. 10. Na contratação das obras e serviços, inclusive de engenharia, poderá ser estabelecida 
remuneração variável vinculada ao desempenho da contratada, com base em metas, padrões de 
qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazo de entrega definidos no instrumento 
convocatório e no contrato. 
Parágrafo único. A utilização da remuneração variável será motivada e respeitará o limite 
orçamentário fixado pela administração pública para a contratação. 
 
O principal fundamento desta novidade foi buscar a eficiência nas contratações, em consonância 
com a ideia de “Administração de Resultados” e com o conceito de “contratos de performance”. 
 
 
4) Inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento: 
 
Seguindo a linha do pregão, no RDC também há a inversão das fases de habilitação e julgamento 
das propostas, sendo verificados os documentos de habilitação apenas do 1º colocado: 
 
Art. 14. Na fase de habilitação das licitações realizadas em conformidade com esta Lei, aplicar-se-
á, no que couber, o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, observado 
o seguinte: 
I - poderá ser exigida dos licitantes a declaração de que atendem aos requisitos de habilitação; 
II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação apenas pelo licitante vencedor, 
exceto no caso de inversão de fases; 
 
No entanto, a habilitação anterior ao julgamento das propostas pode ocorrer de forma 
excepcional, e desde que haja previsão no instrumento convocatório. A regra, como visto, é 
habilitar só o 1º colocado (ao contrário do que ocorre na Lei 8666, em que a fase de habilitação 
antecede ao julgamento). 
 
Art. 12. O procedimento de licitação de que trata esta Lei observará as seguintes fases, nesta 
ordem: 
 
I - preparatória; 
II - publicação do instrumento convocatório; 
III - apresentação de propostas ou lances; 
IV - julgamento; 
V - habilitação; 
VI - recursal; e 
VII - encerramento. 
 
Parágrafo único. A fase de que trata o inciso V do caput deste artigo poderá, mediante ato 
motivado, anteceder as referidas nos incisos III e IV do caput deste artigo, desde que 
expressamente previsto no instrumento convocatório. 
 
 
Em semelhança ao pregão, também há previsão da unicidade recursal no art. 27 da Lei: 
 
Art. 27. Salvo no caso de inversão de fases, o procedimento licitatório terá uma fase recursal única, 
que se seguirá à habilitação do vencedor. 
Parágrafo único. Na fase recursal, serão analisados os recursos referentes ao julgamento das 
propostas ou lances e à habilitação do vencedor. 
 
O art. 17 também trouxe a possibilidade de utilização de lances verbais (art. 17) que poderão 
seguir o modo de disputa aberto (lances públicos) ou fechado (propostas sigilosas até a data e 
hora designados para a sua divulgação) 
 
Art. 17. O regulamento disporá sobre as regras e procedimentos de apresentação de propostas ou 
lances, observado o seguinte: 
 
I - no modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão suas ofertas por meio de lances públicos 
e sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o critério de julgamento adotado; 
 
II - no modo de disputa fechado, as propostas apresentadas pelos licitantes serão sigilosas até a 
data e hora designadas para que sejam divulgadas; e 
 
III - nas licitações de obras ou serviços de engenharia, após o julgamento das propostas, o licitante 
vencedor deverá reelaborar e apresentar à administração pública, por meio eletrônico, as 
planilhas com indicação dos quantitativos e dos custos unitários, bem como do detalhamento das 
Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais (ES), com os respectivos valores 
adequados ao lance vencedor. 
 
 
5) Sigilo: 
 
A lei possibilita que determinadas contratações no âmbito do RDC se desenvolvam de forma 
“sigilosa”, sem publicidade ao público em geral, abertas somente para os órgãos de controle. Há 
também a previsão do chamado “orçamento sigiloso”, o qual não será divulgado aos licitantes 
antes do encerramento da licitação (trata-se de regra distinta daquela prevista no art. 40, § 2.º, 
II, da Lei 8.666/1993, que exige a apresentação, no anexo do edital de licitação, do orçamento 
estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários). 
 
Art. 6o Observado o disposto no § 3o, o orçamento previamente estimado para a contratação será 
tornado público apenas e imediatamente após o encerramento da licitação, sem prejuízo da 
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a 
elaboração das propostas. 
 
§ 1o Nas hipóteses em que for adotado o critério de julgamento por maior desconto, a informação 
de que trata o caput deste artigo constará do instrumento convocatório. 
 
§ 2o No caso de julgamento por melhor técnica, o valor do prêmio ou da remuneração será incluído 
no instrumento convocatório. 
 
§ 3o Se não constar do instrumento convocatório, a informação referida no caput deste artigo 
possuirá caráter sigiloso e será disponibilizada estrita e permanentemente aos órgãos de 
controle externo e interno 
 
Há duras críticas em relação a tal previsão, mas o contra-argumento é o de que o sigilo pode ser 
necessário para viabilizar propostas melhores para a administração. Ademais, não se trata 
propriamente de um sigilo, pois há controle dos tribunais de contas e eventualmente do 
judiciário. Por fim, o caráter sigiloso muitas vezes pode servir para garantir a competividade e a 
boa-fé, evitando a formação de cartéis pelos licitantes. 
 
Nessa linha, há até mesmo acórdãos do TCU em que já se permitia o sigilo em licitações antes 
mesmo do RDC (Ex: acordão 114/7). 
 
 
6) Contratação Integrada 
 
A contratação integrada talvez seja uma das principais figuras do RDC, e que inclusive foi cobrada 
na 2ª fase da recente prova da PGE-RN. Para melhor entender o instituto, precisamos revisar 
alguns conceitos básicos da Lei 8666, como “Projeto Básico” e “Projeto Executivo”. 
 
Em relação às obras e serviços, importante mencionar que a L8666 exige que seja elaborado 
previamente à licitação um projeto básico, que irá delinear o objeto a ser licitado e nortear toda 
a contratação. 
 
Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao 
disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência: 
I - projeto básico; 
II - projeto executivo; 
III - execução das obras e serviços. 
§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: 
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos 
interessados em participar do processo licitatório; 
 
 
Em que consiste este “projeto básico”? 
O projeto básico é um instrumento elaborado na fase interna e que é essencial para a condução 
de todo o procedimento licitatório, uma vez que deve especificar minuciosamente o objeto da 
contratação e conter elementos como o “orçamento detalhado do custo global da obra”. A 
L8666 explica melhor tal importância em seu art. 6º, IX: 
 
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão 
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da 
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a 
viabilidade técnica e o adequado tratamentodo impacto ambiental do empreendimento, e que 
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo 
conter os seguintes elementos: 
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar 
todos os seus elementos constitutivos com clareza; 
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a 
necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo 
e de realização das obras e montagem; 
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, 
bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, 
sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; 
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações 
provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua 
execução; 
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua 
programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários 
em cada caso; 
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e 
fornecimentos propriamente avaliados; 
 
O art. 12 da mesma lei também traz alguns elementos que devem ser considerados tanto no 
projeto básico quanto no projeto executivo: 
 
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e serviços serão considerados 
principalmente os seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 
I - segurança; 
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; 
III - economia na execução, conservação e operação; 
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologia e matérias-primas existentes 
no local para execução, conservação e operação; 
V - facilidade na execução, conservação e operação, sem prejuízo da durabilidade da obra ou do 
serviço; 
VI - adoção das normas técnicas adequadas; 
VI - adoção das normas técnicas 
 
Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União tem entendido que o projeto básico deve ser 
adequado e atualizado, contendo todos os requisitos da L8666: 
 
TCU, Súmula nº 261: Em licitações de obras e serviços de engenharia, é necessária a elaboração 
de projeto básico adequado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos os 
elementos descritos no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, constituindo 
prática ilegal a revisão de projeto básico ou a elaboração de projeto executivo que transfigurem o 
objeto originalmente contratado em outro de natureza e propósito diversos. 
 
 
No entanto, caso seja adotado o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), regulamentado 
pela Lei 12462, a sistemática é um pouco diferente. 
 
Isso porque a L12462 não exige que o projeto básico necessariamente seja prévio à licitação e 
nem que seja realizado pela Administração. Nesse sentido, há a previsão do importantíssimo 
instituto da CONTRATAÇÃO INTEGRADA: 
 
Art 9º, § 1o A contratação integrada compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos 
básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de 
testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final 
do objeto. 
 
A contratação integrada envolve a elaboração, pelo particular, dos projetos básico E executivo, 
a execução da obra, os testes de operação e todas as demais etapas necessárias para a entrega 
final do objeto. É o que alguns autores chamam de “contratação turn key” ou “EPC 
(Engineering, Procurement and Construction)”, pois o particular formula todo o projeto, 
executa a obra e a entrega pronta para a Administração, que só precisaria “ligar a chave”, 
semelhantemente ao que ocorre no regime de empreitada integral previsto na L8666. 
 
Saliente-se que a grande diferença da contratação integrada para a empreitada integral da 
L8666 é a desnecessidade de elaboração prévia do projeto básico, o qual, conforme vimos na 
leitura do art. 7º, §2º da L8666, constitui condição indispensável e necessária para a realização 
da licitação. Nesse sentido, a L8666, além de vedar a realização de licitação sem prévio projeto 
básico, também veda que o mesmo particular que eventualmente tenha contribuído para o 
projeto básico ou executivo participe direta ou indiretamente das demais etapas da licitação: 
 
Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou 
serviço e do fornecimento de bens a eles necessários: 
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou 
executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 
5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou 
subcontratado; 
 
Na contratação integrada do RDC, por outro lado, o próprio licitante vencedor será o 
responsável pela elaboração tanto do projeto básico quanto do projeto executivo, sendo estes 
apenas etapas da “contratação turn key”, conforme previsto nos arts. 8.º, § 5.º, e 9.º, § 1.º, da 
Lei 12462. 
 
Não obstante, o art. 9º, §2º, I da L12416 exige que o edital seja acompanhado de um 
“anteprojeto de engenharia”, que deverá conter algumas informações como a demonstração e 
a justificativa do programa de necessidades, a visão global dos investimentos e as definições 
quanto ao nível de serviço desejado, a estética do projeto arquitetônico, os parâmetros de 
adequação ao interesse público etc. Em outras palavras, ainda que na contratação integrada do 
RDC o particular seja o responsável pela elaboração dos projetos básico e executivo, tal alocação 
não dispensa o poder público de trazer alguns parâmetros e elementos básicos de definição do 
objeto no edital de licitação, que deverão constar no referido anteprojeto de engenharia. Esta 
também vem sendo uma exigência reiterada na jurisprudência do TCU. 
Por fim, importante informar que algumas dessas peculiaridades do RDC são objeto de uma ADIn 
(4645) ajuizada pelo Procurador-Geral da República. Por sua importância, recomendamos seu 
acompanhamento para fins de prova. 
 
 
7) Locação “built to suit”: 
 
Importante novidade trazida pela recentíssima Lei nº 13190/2015 foi a chamada “locação built 
to suit”, comumente conhecida como “locação sob medida” ou “locação sob encomenda”. 
 
Nesse tipo de contrato de locação, um determinado investidor (futuro locador) normalmente 
adquire um bem para nele fazer uma construção ou reforma substancial, nos moldes 
determinados pelo futuro locatário, que pagará ao empreendedor alugueres pelo uso do bem e 
pelo investimento realizado. 
 
Um exemplo, para esclarecer: 
Uma determinada operadora de plano de saúde decide construir um hospital próprio, mas não 
dispõe de recursos para tanto. Assim, aciona um determinado investidor, que irá comprar um 
grande terreno na cidade e lá construir o hospital, nos moldes determinados pela operadora. 
Posteriormente, esse imóvel será alugado à operadora, que irá pagar um valor relativamente 
alto de aluguel, de modo a englobar não apenas o uso do bem, mas também os investimentos 
realizados. 
 
Tais contratos normalmente são previstos com longos prazos de duração, a fim de permitir a 
amortização do investimento pelo empreendedor. 
 
A locação “built to suit” já era amplamente admitida no Direito Privado, chegando inclusive a 
ser positivada na Lei de Locações: 
 
Lei nº 8.245/91, Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede 
à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel 
então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo 
determinado,prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as 
disposições procedimentais previstas nesta Lei. 
 
No entanto, apesar de já ser admitida pelos Tribunais de Contas em determinadas hipóteses, tal 
contratação só veio a ser positivada no âmbito da Administração Pública com a recente Lei nº 
13190/2015, em seu art. 47-A. 
 
Art. 47-A. A administração pública poderá firmar contratos de locação de bens móveis e imóveis, 
nos quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou reforma substancial, com ou sem 
aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela administração. 
 
Em nossa experiência na Advocacia Pública, já vivenciamos um exemplo em que tal contratação 
seria aplicável: o Município de Niterói pretendia alugar um imóvel para nele funcionar uma 
unidade hospitalar. No entanto, tal unidade deveria seguir um determinado padrão e atender a 
alguns requisitos mínimos, tais como um número X de quartos para funcionamento de leitos, 
uma área externa grande para alocação de ambulâncias, entre outros. Embora não tenha sido 
essa a solução dada ao caso concreto, seria uma hipótese possível de utilização da “locação built 
to suit”, com a Administração Municipal contratando um investidor para que este comprasse 
um terreno e ali construísse um hospital, nos moldes determinados pelo Município, que 
posteriormente iria ser locatário do mesmo. 
 
 
Mas, no caso, não seria possível a dispensa de licitação, com base no art. 24, X da Lei nº 8666? 
De fato, o art. 24, X da Lei nº 8666 prevê que a licitação seria DISPENSÁVEL, para a compra ou 
locação de imóvel destinado a atender finalidades específicas da Administração. 
 
Art. 24. É dispensável a licitação: 
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da 
administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde 
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; 
 
O TCU, por meio do Acórdão nº 1301/2013, inclusive já chegou a admitir a locação “built to suit” 
com dispensa de licitação, desde que atendidos alguns requisitos, a exemplo da compatibilidade 
do preço contratado com os preços de mercado. 
 
Assim, temos um caso em que é POSSÍVEL a realização de licitação, caso em que o gestor poderá 
se utilizar do RDC, com fundamento no art. 47-A, ou iniciar um procedimento para a sua 
dispensa, com fundamento no art. 24, X da Lei 8666. 
 
No entanto, um alerta: enquanto o art. 24, X refere-se apenas a bens IMÓVEIS, o art. 47-A da Lei 
do RDC menciona tanto bens MÓVEIS quanto IMÓVEIS. Assim, por uma interpretação literal do 
dispositivo, não seria possível a dispensa de licitação nas locações “built to suit” tendo por 
objeto BENS MÓVEIS. 
 
 
A locação “built to suit” também pode se verificar em relação a bens MÓVEIS? 
SIM. Perceba que, de acordo com o já transcrito art. 47-A, a locação “built to suit” também pode 
ser utilizada em relação a bens móveis. 
 
Art. 47-A. A administração pública poderá firmar contratos de locação de bens móveis e imóveis, 
nos quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou reforma substancial, com ou sem 
aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela administração. 
 
 
Exemplo: 
O Estado do Rio de Janeiro pretende adquirir um moderno ônibus blindado para vir a ser 
utilizado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. Nesse caso, poderia firmar um contrato nos 
moldes acima estudados, a fim de que um particular investidor adquira um determinado ônibus 
e o reforme conforme as especificidades exigidas pelo Estado, para posterior locação por este. 
 
 
Qual a diferença entre locação “buit to suit” e uma concessão administrativa (modalidade de 
PPP)? 
As PPPs (parceiras publico-privadas) são concessões especiais de serviço público, que permitem 
a delegação da execução de uma determinada atividade de titularidade do Estado a particulares 
que irão atuar em “parceria” com o setor público, através de um contrato administrativo. Uma 
das modalidades de PPPs, conforme estudado em outro material, é a CONCESSÃO 
ADMINISTRATIVA, na qual o poder público é o próprio usuário do serviço. 
 
A grande DIFERENÇA entre a concessão administrativa e a locação “buit to suit” é que nesta não 
há a prestação do serviço pelo particular empreendedor. No exemplo do hospital, o particular 
apenas irá construir o hospital nos moldes especificados pela Administração, mas é esta quem 
irá posteriormente prestar o serviço. Em suma, o objeto do contrato é a locação do bem móvel 
ou imóvel, e não a prestação do serviço em si.

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