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Aula 00 Direito Processual Penal p/ PC-AP (Delegado) - Com videoaulas Professor: Renan Araujo 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo AULA DEMONSTRATIVA PRINCêPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. CONCEITO E FONTES. DISPOSIÍES CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS. SISTEMAS PROCESSUAIS. APLICAÌO E INTERPRETAÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL. SUMçRIO 1. APLICAÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL ............................................................ 6 1.1 Lei processual penal no espao ............................................................................. 6 1.2 Lei processual penal no tempo ............................................................................. 8 2 PRINCêPIOS PROCESSUAIS PENAIS ................................................................. 10 2.1 Princpio da inrcia ........................................................................................... 10 2.2 Princpio do devido processo legal ....................................................................... 11 2.3 Princpio da presuno de no culpabilidade (ou presuno de inocncia) ................. 14 2.4 Princpio da obrigatoriedade da fundamentao das decises judiciais ...................... 16 2.5 Princpio da publicidade ..................................................................................... 17 2.6 Princpio da isonomia processual ......................................................................... 19 2.7 Princpio do duplo grau de jurisdio ................................................................... 19 2.8 Princpio do Juiz Natural .................................................................................... 20 2.9 Princpio da vedao s provas ilcitas ................................................................. 21 2.10 Princpio da vedao autoincriminao ........................................................... 22 2.11 Princpio do non bis in idem ............................................................................ 23 3 DISPOSIÍES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES ............................................... 24 3.1 Direitos constitucionais do preso ......................................................................... 24 3.2 Tribunal do Jri ................................................................................................ 25 3.3 Menoridade Penal ............................................................................................. 26 3.4 Disposies referentes execuo penal ............................................................. 26 3.5 Outras disposies constitucionais referentes ao processo penal ............................. 27 4 INTERPRETAÌO E INTEGRAÌO DA LEI PROCESSUAL .................................... 28 5 CONCEITO, FINALIDADE E FONTES DO DPP ..................................................... 29 6 SISTEMAS PROCESSUAIS ................................................................................. 30 7 LEGISLAÌO PERTINENTE ................................................................................ 31 8 SòMULAS PERTINENTES ................................................................................... 34 8.1 Smulas vinculantes ......................................................................................... 34 8.2 Smulas do STF ............................................................................................... 35 8.3 Smulas do STJ ............................................................................................... 35 9 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ......................................................................... 36 10 RESUMO ........................................................................................................... 37 11 EXERCêCIOS DA AULA ...................................................................................... 42 12 EXERCêCIOS COMENTADOS .............................................................................. 51 13 GABARITO ........................................................................................................ 70 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Ol, meus amigos! com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovao de vocs no concurso da PC-AP. Ns vamos estudar teoria e comentar exerccios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo de DELEGADO DE POLêCIA. E a, povo, preparados para a maratona? O edital acabou de ser publicado, e a Banca ser a FCC. As provas esto agendadas para o dia 10.09.2017. Bom, est na hora de me apresentar a vocs, no ? Meu nome Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pblica da Unio no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porm, fui servidor da Justia Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Tcnico Judicirio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e ps- graduado em Direito Pblico pela Universidade Gama Filho. Minha trajetria de vida est intimamente ligada aos Concursos Pblicos. Desde o comeo da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em to pouco tempo. Simples: Foco + Fora de vontade + Disciplina. No h frmula mgica, no h ingrediente secreto! Basta querer e correr atrs do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprovao de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprovaoÓ, no estou falando apenas por falar. O Estratgia Concursos possui ndices altssimos de aprovao em todos os concursos! Neste curso vocs recebero todas as informaes necessrias para que possam ter sucesso no concurso da PC-AP. Acreditem, vocs no vo se arrepender! O Estratgia Concursos est comprometido com sua aprovao, com sua vaga, ou seja, com voc! Mas possvel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc ainda no esteja plenamente convencido de que o Estratgia Concursos a melhor escolha. Eu entendo voc, j estive deste lado do computador. Ës vezes difcil escolher o melhor material para sua preparao. Contudo, alguns colegas de caminhada podem te ajudar a resolver este impasse: 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Esse print screen acima foi retirado da pgina de avaliao do curso de Direito Processual Penal para Delegado da PC-PE. Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%. Ainda no est convencido? Continuo te entendendo. Voc acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em razo disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc. Acha que a aula demonstrativa pouco para testar o material? Pois bem, o Estratgia concursos d a voc o prazode 30 DIAS para testar o material. Isso mesmo, voc pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se no gostar, devolvemos seu dinheiro. Sabem porque o Estratgia Concursos d ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso no vai acontecer! No temos medo de dar a voc essa liberdade. Neste curso estudaremos todo o contedo de Direito Processual Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambm com exerccios comentados. Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: ! ! ! ! AULA CONTEòDO DATA Aula 00 Introduo ao estudo do Processo Penal: Princpios do Direito Processual Penal. Aplicao da Lei processual penal. Disposies constitucionais. Fontes do Direito Processual Penal. Sistemas processuais penais. 27.07 Aula 01 Inqurito Policial. 31.07 Aula 02 Ao penal. Ao Civil ex delicto. 03.08 Aula 03 Jurisdio e competncia 05.08 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Aula 04 Sujeitos processuais 07.08 Aula 05 Atos e prazos processuais. Nulidades. Citaes e intimaes. Sentena e coisa julgada. Questes e processos incidentes. 09.08 Aula 06 Provas (parte I): Teoria geral. 11.08 Aula 07 Provas (parte II): Provas em espcie 14.08 Aula 08 Priso e liberdade provisria (parte I). Priso em flagrante (espcies, hipteses, etc.). Priso preventiva. Priso temporria (Lei 7.960/89). 17.08 Aula 09 Priso e liberdade provisria (parte II). Medidas cautelares diversas da priso. Fiana. 20.08 Aula 10 Processo: Processo comum. Procedimento pelos rito ordinrio e sumrio. 22.08 Aula 11 Procedimento dos crimes da competncia do Tribunal do Jri 24.08 Aula 12 Processo especiais previstos no CPP. 26.08 Aula 13 Juizados especiais Criminais. 29.08 Aula 14 Recursos 30.08 Aula 15 O habeas corpus e seu processo. MS em matria criminal. 31.08 ATENÌO! Este curso no engloba a parte relativa Legislao Processual Penal especial. As aulas sero disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questes que foram cobradas em concursos pblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matria. Como a Banca ser a FCC, vamos usar, primordialmente, questes desta Banca. Alm da teoria e das questes, vocs tero acesso a duas ferramentas muito importantes: ¥! RESUMOS Ð Cada aula ter um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 pginas (a depender do tema), indo direto ao 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo ponto daquilo que mais relevante! Ideal para quem est sem muito tempo. ¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð No entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar ao professor Vinicius Silva, que o responsvel pelo Frum de Dvidas, exclusivo para os alunos do curso. Outro diferencial importante que nosso curso em PDF ser complementado por videoaulas. Nas videoaulas sero apresentados alguns pontos considerados mais relevantes da matria, seja atravs da apresentao da teoria seja atravs da resoluo de exerccios anteriores, como forma de ajudar na assimilao da matria. No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! Prof. Renan Araujo E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br Youtube: www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ Observao importante: este curso protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos. ;-) 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo 1.! APLICAÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL 1.1!Lei processual penal no espao O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal est relacionado sua aptido para produzir efeitos. Essa aptido para produzir efeitos est ligada a dois fatores: espacial e temporal. Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em determinado lugar e em determinado momento. Nesse sentido, devemos analisar onde e quando a lei processual penal brasileira se aplica. O art. 1¡ do CPP diz o seguinte: Art. 1o O processo penal reger-se-, em todo o territrio brasileiro, por este Cdigo, ressalvados: I - os tratados, as convenes e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da Repblica, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repblica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituio, arts. 86, 89, ¤ 2o, e 100); III - os processos da competncia da Justia Militar; IV - os processos da competncia do tribunal especial (Constituio, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF n¼ 130 Pargrafo nico. Aplicar-se-, entretanto, este Cdigo aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam no dispuserem de modo diverso. Assim, podemos perceber que o CPP adotou, como regra, o princpio da territorialidade. O que seria esse princpio? Esse princpio determina que a lei produzir seus efeitos dentro do territrio nacional1. Simples assim! Desta maneira, o CPP a lei aplicvel ao processo e julgamento das infraes penais no Brasil. As regras de aplicao da Lei Penal brasileira esto no Cdigo Penal, mas isso no nos interessa aqui. O que nos interessa o seguinte: Se for caso de aplicao da Lei Penal brasileira, as regras do processo sero aquelas previstas no CPP, em todo o territrio nacional. Portanto, no se admite a existncia de Cdigos Processuais estaduais, at porque compete privativamente Unio legislar sobre direito processual, nos termos da Constituio Federal: Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 92 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Como disse a vocs, esta a regra! Mas toda regra possui excees2. So elas: ⇒! Tratados, convenes e regras de Direito Internacional Ð Neste caso, a aplicao do CPP pode ser afastada, pontualmente, em razo de alguma norma especfica prevista em tratado ou conveno internacional. ⇒! Jurisdio poltica Ð o casodas prerrogativas constitucionais do Presidente da Repblica, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repblica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade. Neste caso, sero julgados de acordo com procedimentos prprios, previstos na Constituio Federal. ⇒! Processos de competncia da Justia Eleitoral Ð Tais processos seguiro, como regra, o Cdigo Eleitoral, e apenas subsidiariamente, o CPP. ⇒! Processos de competncia da Justia Militar - Tais processos seguiro, como regra, o Cdigo de Processo Penal Militar, e apenas subsidiariamente, o CPP.3 ⇒! Legislao especial Ð No caso de haver rito especfico para o processo e julgamento de determinado crime, como ocorre na Lei de Drogas, dever ser utilizado, primordialmente, o rito especfico, cabendo ao CPP atuar de forma subsidiria. Assim, o CPP aplicvel aos processos de natureza criminal que tramitem no territrio nacional, com as ressalvas feitas anteriormente. Alm do que at aqui foi dito, importante destacar tambm que o CPP s aplicvel aos atos processuais praticados no territrio nacional. Desta forma, se por algum motivo o ato processual tiver de ser praticado no exterior, por meio de carta rogatria ou outro instrumento de cooperao jurdica internacional, sero aplicadas as regras processuais do pas em que o ato for praticado. EXEMPLO: Jos est sendo processado, no Brasil, pelo crime X. Todavia, uma das testemunhas de Jos, Paula, reside na Frana. Neste caso, para que Paula seja ouvida dever ser expedida carta rogatria, que um instrumento por meio do qual o Judicirio brasileiro solicita cooperao jurdica ao Judicirio francs, a fim de que Paula seja ouvida na Frana e os termos de seu depoimento sejam enviados posteriormente ao Brasil, por escrito, a fim de serem anexados ao processo. Neste caso, Paula ser ouvida na Frana, e o seu depoimento ser regulado de acordo com as regras 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 85-92 3 H uma pequena divergncia doutrinria quanto a este ponto, mas este o entendimento que prevalece, ou seja, o CPP aplicvel subsidiariamente nos processos por crime militar. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo processuais previstas na Lei francesa, e no de acordo com as regras processuais brasileiras. 1.2!Lei processual penal no tempo Quando duas ou mais leis processuais penais se sucedem no tempo, surge a necessidade de definir qual delas ser aplicvel a determinado processo criminal. Nesse sentido, existem basicamente trs teorias para tentar explicar a aplicabilidade da lei processual penal nova: ⇒! Teoria da unidade processual Ð Uma lei processual penal nova no poderia ser aplicada a processos criminais j em curso, somente sendo aplicvel aos processos que viessem a ser instaurados no futuro. Assim, para esta teoria, um processo criminal somente poderia ser regido, do incio ao fim, por uma nica lei. ⇒! Teoria das fases processuais Ð Uma lei processual penal nova pode ser aplicada a um processo em curso, mas s seria aplicvel na fase processual seguinte (fase postulatria, fase instrutria, fase decisria, etc.). Isso significa, portanto, que num mesmo processo poderiam ser aplicadas diversas leis, mas cada fase processual somente poderia ser regida por uma nica lei. ⇒! Teoria do isolamento dos atos processuais Ð Para esta teoria a lei processual penal nova pode ser aplicada imediatamente aos processos em curso, mas somente ser aplicvel aos atos processuais futuros, ou seja, no ir interferir nos atos processuais que j foram validamente praticados sob a vigncia da lei antiga. Para esta teoria, portanto, um processo pode ser regido por diversas leis que se sucederam no tempo. Alm disso, dentro de uma mesma fase processual possvel que haja a aplicao de mais de uma lei processual penal. Mas, qual foi a teoria adotada pelo CP? Nos termos do art. 2¡ do CPP: Art. 2o A lei processual penal aplicar-se- desde logo, sem prejuzo da validade dos atos realizados sob a vigncia da lei anterior. Por este artigo podemos extrair o princpio do tempus regit actum, tambm conhecido como princpio do efeito imediato ou aplicao imediata da lei processual. Este princpio significa que a lei processual regular os atos processuais praticados a partir de sua vigncia, no se aplicando aos atos j praticados.4 4 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96. No mesmo sentido, Eugnio Pacelli. PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 16¼ edio. Ed. Atlas. So Paulo, 2012, p. 24. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Esta a regra de aplicao temporal de toda e qualquer lei, meus caros, ou seja, produo de efeitos somente para o futuro. Assim, vocs devem ter muito cuidado! Ainda que o processo tenha se iniciado sob a vigncia de uma lei, sobrevindo outra norma, alterando o CPP (ainda que mais gravosa ao ru), esta ser aplicada aos atos futuros. Ou seja, a lei nova no pode retroagir para alcanar atos processuais j praticados, mas se aplica aos atos futuros dos processos em curso. EXEMPLO: Imaginemos que uma pessoa responda a processo criminal pelo crime de homicdio. Nesse caso, a Lei prev dois recursos, ÒAÓ e ÒBÓ. Durante o processo surge uma lei alterando o CPP e excluindo a possibilidade de interposio do recurso ÒBÓ, ou seja, uma norma prejudicial ao ru, pois retira do ru a possibilidade de manejo de um recurso. Nesse caso, trata-se de norma puramente processual, e a aplicao da lei nova ser imediata. Entretanto, se o acusado j tiver interposto o recurso ÒBÓ, a lei nova no ter o condo de fazer com que o recurso deixe de ser julgado, pois se trata de ato processual j praticado (interposio do recurso), devendo o Tribunal apreci-lo. A doutrina entende, inclusive, que mesmo se o recurso ainda no foi interposto, mas o prazo recursal j est em curso, a lei nova no aplicvel. Assim, sem grande esforo, podemos concluir que, no que se refere s normas de direito processual penal, sua aplicao imediata, inclusive aos processos em curso, mas somente aos atos processuais futuros, no afetando os atos processuais j praticados validamente sob a vigncia da lei anterior. Isso consagra a adoo da teoria do isolamento dos atos processuais. Tudo o que foi dito anteriormente, quanto aplicao da lei processual penal nova, se aplica exclusivamente hiptese de leis puramente processuais5. Ocorre, porm, que dentro de uma lei processual pode haver normas de natureza material. Como assim? Uma lei processual pode estabelecer normas que, na verdade, so de Direito Penal, pois criam ou extinguem direito do indivduo, relativos sua liberdade, etc., como o caso das normas relativas prescrio, extino da punibilidade em geral, e outras. Nesses casos de leis materiais, inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre o fenmeno da heterotopia. Em casos como este, o difcil saber identificar qual regra de direito processual e qual de direito material (penal). Porm, uma vez identificada a norma como sendo uma regra de direito material, sua aplicao ser regulada pelas normas atinentes aplicao da lei penalno tempo, inclusive no que se refere possibilidade de eficcia retroativa para benefcio do ru. EXEMPLO: Imagine que Jos esteja sendo processado pelo crime X, que prescreve em 10 anos. Surge, porm, uma Lei nova, que possui contedo eminentemente processual, tratando sobre questes relativas ao processo 5 Normas puramente processuais so aquelas que se referem a questes meramente relativas ao processo, ao procedimento em geral, como as normas relativas comunicao dos atos processuais (citaes e intimaes), aos prazos para manifestao das partes, aos recursos, etc. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo em geral. Todavia, essa lei nova contm um dispositivo que estabelece que a prescrio em relao ao crime X ocorrer em 20 anos. Tal norma, apesar de estar inserida numa lei processual, possui contedo de direito penal, pois relativa prescrio (que causa de extino da punibilidade). Assim, essa norma no ser aplicvel ao caso de Jos, por ser uma norma penal nova mais gravosa. Aplica-se aqui a regra do Direito Penal da irretroatividade da lei penal nova mais gravosa. Diferentemente das normas heterotpicas (que so ou de direito material ou de direito processual, mas inseridas em lei de natureza diversa), existem normas mistas, ou hbridas, que so aquelas que so, ao mesmo tempo, normas de direito processual e de direito material. No caso das normas mistas, embora haja alguma divergncia doutrinria, vem prevalecendo o entendimento de que, por haver disposies de direito material, devem ser utilizadas as regras de aplicao da lei penal no tempo, ou seja, retroatividade da lei mais benfica e impossibilidade de retroatividade quando houver prejuzo ao ru.6 CUIDADO! No que se refere s normas relativas execuo penal (cumprimento de pena, sadas temporrias, etc.), a Doutrina diverge quanto sua natureza. H quem entenda tratar-se de normas de direito material, h quem as considere como normas de direito processual. Entretanto, para ns, o que importa o que o STF e o STJ pensam! E eles entendem que se trata de norma de direito material. Assim, se uma lei nova surge, alterando o regime de cumprimento da pena, beneficiando o ru, ela ser aplicada aos processos em fase de execuo, por ser considerada norma de direito material. 2! PRINCêPIOS PROCESSUAIS PENAIS 2.1!Princpio da inrcia Alguns doutrinadores no consideram este um princpio do processo penal com base constitucional, embora seja unnime que aplicvel ao processo penal brasileiro. Este princpio diz que o Juiz no pode dar incio ao processo penal, pois isto implicaria em violao da sua imparcialidade, j que, ao dar incio ao processo, o Juiz j d sinais de que ir condenar o ru. Trata-se de uma das materializaes 6 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo da adoo do sistema acusatrio, ou seja, a clara separao entre as funes de acusar e julgar. Um dos dispositivos constitucionais que d base a esse entendimento o art. 129, I da Constituio Federal: Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: I - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei; Percebam que a Constituio estabelece como sendo privativa do MP a promoo da ao penal pblica. Assim, diz-se que o MP o Òtitular da ao penal pblicaÓ. Mas e a ao penal privada? Mais frente vocs vero que a ao penal privada de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz j no poderia a ela dar incio por sua prpria natureza, j que a lei considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou no o infrator se sobrepe ao interesse do Estado na persecuo penal. Este princpio o alicerce mximo daquilo que se chama de sistema acusatrio, que o sistema adotado pelo nosso processo penal7. No sistema acusatrio existe uma figura que acusa e outra figura que julga, diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador, ofendendo inmeros outros princpios. Entretanto, este princpio no impede que o Juiz determine a realizao de diligncias que entender necessrias para elucidar questo relevante para o deslinde do processo. Isso porque no Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o princpio da busca pela verdade real ou material, no da verdade formal. Assim, no processo penal no h presuno de veracidade das alegaes da acusao em caso de ausncia de manifestao em contrrio pelo ru, pois o interesse pblico pela busca da efetiva verdade impede isto. Alm disso, este princpio ir embasar diversas outras disposies do sistema processual penal brasileiro, como aquela que impede que o Juiz julgue um fato no contido na denncia (seria uma violao indireta ao princpio da inrcia), que caracteriza o princpio da congruncia8 entre a sentena e a inicial acusatria. 2.2!Princpio do devido processo legal Esse princpio o que se pode chamar de base principal do Direito Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra, encontram nele seu 7 Alguns sustentam que se adotou um sistema misto (entre acusatrio e inquisitivo), pois h caracteres de ambos. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p.71 8 Tambm chamado de princpio da adstrio ou princpio da correo entre acusao e sentena. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 608 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo fundamento. Este princpio est previsto no art. 5¡, LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: Art. 5¼ (...) LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Assim, a Constituio estabelece que ningum poder sofrer privao de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prvio, em que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. Desta maneira, especificamente no processo penal, esse princpio norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatrio um direito do ru), a fim de expor sua verso dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da acusao etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princpio do Devido Processo Legal. A obedincia ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinrio ou outro), bem como s demais regras estabelecidas para o processo que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal. Entretanto, existe outra vertente deste princpio, denominada Devido Processo Legal em sentido material. Nessa ltima acepo, entende-se que o Devido Processo Legal s efetivamente respeitado quando o Estado age de maneira razovel, proporcional e adequada na tutela dos interesses da sociedade e do acusado. O princpio do Devido Processo Legal tem como corolrios os postulados da AmplaDefesa e do Contraditrio, ambos tambm previstos na Constituio Federal, em seu art. 5¡, LV: Art. 5 (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 2.2.1!Dos postulados do contraditrio e da ampla defesa O princpio do Contraditrio estabelece que os litigantes em geral e, no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os argumentos trazidos pela parte contrria e as provas por ela produzidas. Entretanto, este princpio sofre limitaes, notadamente quando a deciso a ser tomada pelo Juiz no possa esperar a manifestao do acusado ou a cincia do acusado pode implicar a frustrao da deciso. EXEMPLO: Imagine que o MP ajuza ao penal em face de Jos, requerendo seja decretada sua priso preventiva, com base na ocorrncia de uma das circunstncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao receber a denncia, verificando estarem presentes os requisitos que autorizam a decretao da priso preventiva, a decretar sem ouvir 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo o acusado, pois aguardar a manifestao deste acerca da priso preventiva pode acarretar na frustrao desta (fuga do acusado). J o postulado da ampla defesa prev que no basta dar ao acusado cincia das manifestaes da acusao e facultar-lhe se manifestar, se no lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e Contraditrio caminham juntos (at por isso esto no mesmo inciso da Constituio), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal. Entre os instrumentos para o exerccio da defesa esto a previso legal de recursos em face das decises judiciais, direito produo de provas, bem como a obrigao de que o Estado fornea assistncia jurdica integral e gratuita, primordialmente atravs da Defensoria Pblica. Vejamos: Art. 5¼ (...) LXXIV - o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos que comprovarem insuficincia de recursos; Portanto, ao acusado que no possuir meios de pagar um advogado, deve ser garantida a defesa por um Defensor Pblico, ou, em no havendo sede da Defensoria Pblica na comarca, ser nomeado um defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres pblicos), a fim de que lhe seja prestada defesa tcnica. Alm da defesa tcnica, realizada por profissional habilitado (advogado particular ou Defensor Pblico), h tambm a autodefesa, que realizada pelo prprio ru, especialmente quando do seu interrogatrio, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se pessoalmente, sem a intermediao de procurador. Assim, se o Juiz se recusar a interrogar o ru, por exemplo, estar violando o princpio da ampla defesa, por estar impedindo o ru de exercer sua autodefesa. A autodefesa se desdobra em trs: ⇒!Direito de audincia Ð Tal direito se materializa durante o interrogatrio, oportunidade na qual o acusado pode apresentar ao Juiz, pessoalmente, a sua defesa, ou seja, sua verso acerca dos fatos. ⇒!Direito de presena Ð assegurado ao acusado o direito de acompanhar os atos da instruo processual, auxiliando o seu defensor na realizao da defesa. Ex. Acompanhar a realizao da ÒreconstituioÓ (reproduo simulada dos fatos). ⇒! Capacidade postulatria autnoma excepcional Ð Ao acusado conferido o direito de postular diretamente ao Juzo em determinados casos. Ex.: O acusado tem legitimidade recursal, ou seja, ele pode recorrer mesmo que seu defensor no recorra (art. 577 do CPP). Ao contrrio da defesa tcnica, que no pode faltar no processo criminal, sob pena de nulidade absoluta, o ru pode recusar-se a exercer a autodefesa, ficando em silncio, por exemplo, pois o direito ao silncio um direito expressamente previsto ao ru. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Este princpio no impede, porm, que o acusado sofra as consequncias de sua inrcia em relao aos atos processuais (no-interposio de recursos, ausncia injustificada de audincias, etc.). Entretanto, o princpio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente quando o ru, embora citado, deixe de apresentar Resposta Acusao. Nesse caso, dada a importncia da pea de defesa, dever o Juiz encaminhar os autos Defensoria Pblica, para que atue na qualidade de curador do acusado, ou, em no havendo Defensoria no local, nomear defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado. 2.3!Princpio da presuno de no culpabilidade (ou presuno de inocncia) A Presuno de inocncia o maior pilar de um Estado Democrtico de Direito, pois, segundo este princpio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequncias disto) antes do trnsito em julgado se sentena penal condenatria. Nos termos do art. 5¡, LVII da CRFB/88: LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria; O que trnsito em julgado de sentena penal condenatria? a situao na qual a sentena proferida no processo criminal, condenando o ru, no pode mais ser modificada atravs de recurso. Assim, enquanto no houver uma sentena criminal condenatria irrecorrvel, o acusado no pode ser considerado culpado e, portanto, no pode sofrer as consequncias da condenao. Este princpio pode ser considerado: ⇒! Uma regra probatria (regra de julgamento) - Deste princpio decorre que o nus (obrigao) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O ru , desde o comeo, inocente, at que o acusador prove sua culpa. Assim, temos o princpio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentena), havendo dvidas acerca da culpa ou no do acusado, dever o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa no foi cabalmente comprovada. CUIDADO: Existem hipteses em que o Juiz no decidir de acordo com princpio do in dubio pro reo, mas pelo princpio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas decises de recebimento de denncia ou queixa e na deciso de pronncia, no processo de competncia do Jri, o Juiz decide contrariamente ao ru (recebe a denncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o ru no segundo) com base apenas em indcios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dvidas quanto culpabilidade do ru, dever decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decises no h consequncias para o ru, permitindo-se, apenas, que seja 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo iniciado o processo ou a fase processual, na qual sero produzidas as provas necessrias elucidao dos fatos. ⇒! Uma regra de tratamento - Deste princpio decorre, ainda, que o ru deve ser, a todo momento, tratado como inocente. E isso tem uma dimenso interna e uma dimenso externa: a)!Dimenso interna Ð O agente deve ser tratado, dentro do processo, como inocente. Ex.: O Juiz no pode decretar a priso preventiva do acusado pelo simples fato de o ru estar sendo processado, caso contrrio, estaria presumindo a culpa do acusado.b)!Dimenso externa Ð O agente deve ser tratado como inocente FORA do processo, ou seja, o fato de estar sendo processado no pode gerar reflexos negativos na vida do ru. Ex.: O ru no pode ser eliminado de um concurso pblico porque est respondendo a um processo criminal (pois isso seria presumir a culpa do ru). Desta maneira, sendo este um princpio de ordem Constitucional, deve a legislao infraconstitucional (especialmente o CP e o CPP) respeit-lo, sob pena de violao Constituio. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentena em primeira instncia seria inconstitucional, pois a Constituio afirma que o acusado ainda no considerado culpado nessa hiptese. CUIDADO! A existncia de prises provisrias (prises decretadas no curso do processo) no ofende a presuno de inocncia, pois nesse caso no se trata de uma priso como cumprimento de pena, mas sim de uma priso cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instrudo ou eventual sentena condenatria seja cumprida. Por exemplo: Se o ru est dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua priso preventiva, o faz no por consider- lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Vocs vero mais sobre isso na aula sobre Priso e Liberdade Provisria! J Ou seja, a priso cautelar, quando devidamente fundamentada na necessidade de evitar a ocorrncia de algum prejuzo (risco para a instruo ou para o processo, por exemplo), vlida. O que no se pode admitir a utilizao da priso cautelar como Òantecipao de penaÓ. Vou transcrever para vocs agora alguns pontos que so polmicos e a respectiva posio dos Tribunais Superiores, pois isto importante. ¥! Processos criminais em curso e inquritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo o STJ e o STF no, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrvel, logo, no pode ser considerado culpado nem 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo sofrer qualquer consequncia em relao a eles (smula 444 do STJ). ¥! Regresso de regime de cumprimento da pena Ð O STJ e o STF entendem que NÌO Hç NECESSIDADE DE CONDENAÌO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regresso do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave, durante o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regresso, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execues Penais), no havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenao criminal ou administrativa. A Jurisprudncia entende que esse artigo da LEP no ofende a Constituio. ¥! Revogao do benefcio da suspenso condicional do processo em razo do cometimento de crime Ð Prev a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por determinado, devendo o ru cumprir algumas obrigaes durante este prazo (dentre elas, no cometer novo crime), findo o qual estar extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF e o STJ entendem que, descoberta a prtica de crime pelo acusado beneficiado com a suspenso do processo, este benefcio deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condies, no havendo necessidade de trnsito em julgado da sentena condenatria do crime novo. CUIDADO MASTER! Recentemente, no julgamento do HC 126.292 o STF decidiu (entendimento confirmado posteriormente) que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenao em segunda instncia por um rgo colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princpio da presuno de inocncia, admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j estaria formada nesse momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contrrio). Isso significa que, possivelmente, teremos (num futuro breve) alterao na jurisprudncia consolidada do STF e do STJ, de forma que aes penais em curso passem a poder ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condenao em segunda instncia por rgo colegiado (mesmo sem trnsito em julgado), alm de outros reflexos que tal relativizao provoca (HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016). 2.4!Princpio da obrigatoriedade da fundamentao das decises judiciais Este princpio est previsto no art. 93, IX da Constituio: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios: 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo (...) IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao; Como vocs podem ver, a prpria Constituio quem determina que os atos decisrios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta maneira, pode- se elevar esse princpio (motivao das decises judiciais) categoria de princpio constitucional, por ter merecido a ateno da Lei Mxima. Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a sentena, deve fundamentar seu ato, dizendo em que fundamento se baseia para indeferir a prova ou para tomar a deciso que tomou na sentena (condenando ou absolvendo). Esse princpio decorre da lgica do sistema jurdico ptrio, em que a transparncia deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o acusador) saber exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela deciso e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da legalidade. Alis, esse princpio guarda estrita relao com o princpio da Ampla Defesa, eis que a ausncia de fundamentao ou a fundamentao deficiente de uma deciso dificulta e por vezes impede a sua impugnao, j que a parte prejudicada no tem elementos para combat-lo, j que no sabe seus fundamentos. Alguns pontos controvertidos merecem destaque: ¥! A deciso de recebimento da denncia ou queixa, apesar de possuir forte carga decisria, no precisa de fundamentao complexa (STF entende que isso no fere a Constituio). ¥! A fundamentao referida constitucional Ð Fundamentao referida aquela na qual um rgo do Judicirio se remete s razes expostas por outro rgo do Judicirio (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelao, mantendo a sentena, pode fundamentar sua deciso referindo-se aos argumentos expostos na sentena de primeira instncia, sem necessidade de reproduzi-los no corpo do Acrdo). ¥! As decises proferidas pelo Tribunal do Jri no so fundamentadas, pois os julgadores (jurados) no possuem conhecimento tcnico, proferindo seu voto conforme sua percepo de Justia indicar. 2.5!Princpio da publicidade Este princpio estabelece que os atos processuais e as decises judiciais sero pblicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88: 00000000000 00000000000 - DEMOProf. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios: (...) IX- todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao; Percebam que a Constituio determina que os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, mas entende-se ÒjulgamentosÓ como qualquer ato processual. Entretanto, essa publicidade NÌO ABSOLUTA, podendo sofrer restrio, quando a intimidade das partes ou interesse pblico exigir. A isso se chama de publicidade restrita. Essa possibilidade de restrio est prevista, ainda, no art. 5¡, LX da CRFB/88: Art. 5¼ (...) LX - a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Ressalto a vocs que essa publicidade pode ser restringida apenas s partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa? Que alguns atos podem no ser pblicos nem mesmo para a outra parte! Sim! Imaginem que, numa audincia, a ofendida pelo crime de estupro no queira dar seu depoimento na presena do acusado. Nada mais natural. Assim, o Juiz poder mandar que este se retire da sala, permanecendo, porm, o seu advogado. Aos procuradores das partes (advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade dos atos processuais! Gravem isso! Essa impossibilidade de restrio da publicidade aos procuradores das partes decorrncia natural do princpio do contraditrio e da ampla defesa, pois so os procuradores quem exercem a defesa tcnica, no podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de nulidade.9 9 Por fim, vale registrar que no Tribunal do Jri (que tem regras muito especficas) o voto dos jurados sigiloso, por expressa previso constitucional, caracterizando-se em mais uma exceo ao princpio. Nos termos do art. 5¡, XVIII, b, da Constituio: Art. 5¼ (...) XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: (...) b) o sigilo das votaes; Assim, nesse caso, no h publicidade do voto proferido pelo jurado, mas a sesso secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depsito dos votos na urna) acessvel aos procuradores. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo 2.6!Princpio da isonomia processual O princpio da isonomia processual (ou par conditio ou paridade de armas) decorre do princpio da isonomia, genericamente considerado, segundo o qual as pessoas so iguais perante a lei, sendo vedadas prticas discriminatrias. Est previsto no art. 5¡ da Constituio: Art. 5¼ Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: No campo processual este princpio tambm irradia seus efeitos, devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitria, conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos recursais devem ser os mesmos para acusao e defesa, o tempo para sustentao oral nas sesses de julgamento tambm devem ser idnticos, etc. Entretanto, possvel que a lei estabelea algumas situaes aparentemente anti-isonmicas, a fim de equilibrar as foras dentro do processo.10 Boa parte da Doutrina sustenta que na ao penal pblica o princpio da paridade de armas fica mitigado, pois o MP desempenha dupla funo (atua como acusador e como fiscal da Lei). Na ao penal privada haveria uma paridade de armas mais evidente, j que teramos dois particulares litigando, um de cada lado (o querelante e o querelado, ou seja, vtima e infrator), e o MP atuando como fiscal da Lei. 2.7!Princpio do duplo grau de jurisdio Este princpio estabelece que as decises judiciais devem estar sujeitas reviso por outro rgo do Judicirio. Embora no esteja expresso na Constituio, grande parte dos doutrinadores o aceita como um princpio constitucional implcito11, fundamentando sua tese nas regras de competncia dos Tribunais estabelecidas na Constituio, o que deixaria implcito que toda deciso judicial deva estar sujeita a recurso, via de regra. A despeito de no estar explcito na Constituio, tem previso expressa no Pacto de San Jos da Costa Rica (Conveno Americana de Direitos Humanos), ratificado pelo Brasil. Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princpio de ndole constitucional entendem que h excees, que so os casos de competncia originria do STF, aes nas quais no cabe recurso da deciso de mrito (bvio, pois o STF a Corte Suprema do Brasil). Assim, essa exceo no anularia o fato 10 Por exemplo, quando a lei estabelece que a Defensoria Pblica possui prazo em dobro para recorrer, no est ferindo o princpio da isonomia, mas est apenas corrigindo uma situao de desequilbrio. Isso porque a Defensoria Pblica uma Instituio absolutamente assoberbada, que no pode escolher se vai ou no patrocinar uma demanda. Caso o assistido se enquadre como hipossuficiente, a Defensoria Pblica deve atuar. Um escritrio de advocacia pode, por exemplo, se recusar a patrocinar uma defesa alegando estar muito atarefado. 11 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo de que se trata de um princpio constitucional, apenas no lhe permite ser absoluto. 2.8! Princpio do Juiz Natural A Constituio estabelece em seu art. 5¡, LIII que: Art. 5¼ (...) LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente; Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair o princpio do Juiz Natural. O princpio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de ser julgada por um rgo do Poder Judicirio brasileiro, devidamente investido na funo jurisdicional, cuja competncia fora previamente definida12. Assim, est vedada a formao de Tribunal ou Juzo de exceo, que so aqueles criados especificamente para o julgamento de um determinado caso. Isso no tolerado no Brasil! Trata-se de princpio que remonta ao Direito anglo-saxo, fundado na ideia bsica de vedao existncia de Tribunais de Exceo. Este princpio viria a ser, posteriormente, mais bem trabalhado pelo Direito norte-americano, ao exigir-se a fixao prvia da competncia jurisdicional. Porm, vocs no devem confundir Juzo ou Tribunal de exceo com varas especializadas. As varas especializadas so criadas para otimizar o trabalho do Judicirio, e sua competncia definida abstratamente, e no em razo de um fato isolado, de forma que no ofendem oprincpio. O que este princpio impede a manipulao das Òregras do jogoÓ para se ÒescolherÓ o Juiz que ir julgar a causa.13 Assim, proposta a ao penal, ela ser distribuda para um dos Juzes com competncia para julg-la. Boa parte da Doutrina sustenta14, ainda, a existncia do princpio do Promotor Natural. Tal princpio estabelece que toda pessoa tem direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, vedada a designao pelo Procurador-Geral de Justia de um Promotor para atuar especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um acusador de exceo, algum que no estava previamente definido como o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas algum que foi definido como o acusador de um ru aps a prtica do fato, cuja finalidade fazer com que o acusado seja processado por algum que possui determinada caracterstica (Promotor mais brando ou mais severo, a depender do infrator). 12 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 37 13 Outra situao que tambm NÌO VIOLA o princpio do Juiz Natural a atrao, por conexo ou continncia, do processo do corru ao foro por prerrogativa de funo de um dos denunciados (smula 704 do STF). Veremos mais sobre isso na aula sobre jurisdio e competncia. 14 Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo Entretanto, a definio de atribuies especializadas (Promotor para crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) no viola este princpio, pois no se est estabelecendo uma atribuio casustica, apenas para determinado caso, mas uma atribuio abstrata, que se aplicar a todo e qualquer caso semelhante. exatamente o mesmo que ocorre em relao s Varas especializadas. 2.9!Princpio da vedao s provas ilcitas No nosso sistema processual penal vige o princpio do livre convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz no est obrigado a decidir conforme determinada prova (confisso, por exemplo), podendo decidir da forma que entender, desde que fundamente sua deciso em alguma das provas produzidas nos autos do processo. Em razo disso, s partes conferido o direito de produzir as provas que entendam necessrias para convencer o Juiz a acatar sua tese. Entretanto, esse direito probatrio no ilimitado, encontrando limites nos direitos fundamentais previstos na Constituio. Essa limitao encontra-se no art. 5¡, LVI da Constituio. Vejamos: Art. 5¼ (...) LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meios ilcitos; Vejam que a Constituio clara ao dizer que no se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilcitos. Mas o que seriam meios ilcitos? Seriam todos aqueles meios em que para a obteno da prova tenha que ser violado um direito fundamental de algum. A Doutrina divide as provas ilegais em provas ilcitas (quando violam normas de direito material) e provas ilegtimas (quando violam normas de direito processual), mas isso no assunto para esta aula especificamente. ATENÌO! A Doutrina dominante admite a utilizao de provas ilcitas quando esta for a nica forma de se obter a absolvio do ru. Veda-se, tambm, a utilizao de provas ilcitas por derivao, que so aquelas provas obtidas licitamente, mas que derivam de uma prova ilcita, adotando-se aqui a teoria dos frutos da rvore envenenada. EXEMPLO: Imagine que Paulo indicado como testemunha de um fato criminoso. Durante a investigao, Paulo, mediante tortura, acaba mencionando que Maria presenciou o fato criminoso. Maria devidamente ouvida no processo criminal e seu depoimento utilizado para a condenao do ru. Neste caso, o depoimento de Maria, em si, no ilcito, pois foi realizado validamente. Todavia, s se chegou at Maria em razo da tortura 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo realizada sobre Paulo, motivo pelo qual o vcio contido no depoimento de Paulo contamina o depoimento de Maria. 2.10! Princpio da vedao autoincriminao Tal princpio, tambm conhecido como nemo tenetur se detegere, tem por finalidade impedir que o Estado, de alguma forma, imponha ao ru (ou ao indiciado) alguma obrigao que possa colocar em risco o seu direito de no produzir provas prejudiciais a si prprio. O nus da prova incumbe acusao, no ao ru. Este princpio pode ser extrado da conjugao de trs dispositivos constitucionais: ¥! Direito ao silncio ¥! Direito ampla defesa ¥! Presuno de inocncia Assim, em razo deste princpio, o acusado no obrigado a praticar qualquer ato que possa ser prejudicial sua defesa, como realizar o teste do bafmetro (trata-se de uma fase pr-processual, mas o resultado seria utilizado posteriormente no processo), fornecer padres grficos para realizao de exame grafotcnico, etc. Alm disso, o silncio no pode ser considerado como confisso e nem pode ser interpretado em prejuzo da defesa, sob pena de esvaziar-se a lgica de tal garantia. Podemos dizer, ento, que o princpio da vedao autoincriminao possui alguns desdobramentos: ⇒!Direito ao silncio Ð Trata-se do direito de no responder s perguntas que lhe forem formuladas. ⇒! Inexigibilidade de dizer a verdade Ð Tolerncia quanto s informaes inverdicas prestadas pelo ru. Como o Brasil no criminaliza o ÒperjrioÓ (mentira realizada pelo ru em juzo), o processo penal tolera a conduta do ru de mentir em juzo, da no resultando qualquer prejuzo para a defesa. ⇒!Direito de no ser compelido a praticar comportamento ATIVO Ð O ru no pode ser obrigado a participar ATIVAMENTE da produo de qualquer prova, podendo se recusar a participar sempre que entender que isso pode prejudica-lo. Ex.: No est obrigado a fornecer padres grficos para exame de caligrafia, no est obrigado a participar da reconstituio (reproduo simulada dos fatos), etc. Todavia, o ru pode ser obrigado a participar da audincia de reconhecimento (pois no se trata de um comportamento ativo, e sim passivo. O ru s vai ficar l, parado, a fim de que a vtima o reconhea, ou no, como o infrator. ⇒!Direito de no se submeter a procedimento probatrio invasivo Ð Trata-se do direito de no se submeter a qualquer procedimento que 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo seja realizado por meio de penetrao no corpo humano (Ex.: exame de sangue, endoscopia, etc.). A Doutrina, todavia, entende que possvel submeter o acusado a situaes nas quais no se exija uma participao ativa na produo probatria (ex.: obrigatoriedade de comparecer ao local indicado a fim de que se proceda ao reconhecimento pela vtima). 2.11!Princpio do non bis in idem Por este princpio entende-se que uma pessoa no pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Alm disso, estabelece que uma pessoa no possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Da podermos dizer que no h, no processo penal, a chamada Òreviso pro societateÓ. EXEMPLO: Jos foi processado pelo crimeX. Todavia, como no havia provas, foi absolvido. Tal deciso transitou em julgado, tornando-se imutvel. Todavia, dois meses depois, surgiram provas da culpa de Jos. Neste caso, Jos no poder ser processado novamente. CUIDADO! Uma pessoa no pode ser duplamente processada pelo mesmo fato quando j houve deciso capaz de produzir coisa julgada material, ou seja, a imutabilidade da deciso (condenao, absolvio, extino da punibilidade, etc.). Quando a deciso no faz coisa julgada material, possvel novo processo (Ex.: Extino do processo pela rejeio da denncia, em razo do descumprimento de uma mera formalidade processual). Tal princpio veda, ainda, que um mesmo fato, condio ou circunstncia seja duplamente considerado para fins de fixao da pena. EXEMPLO: Jos est sendo processado pelo crime de homicdio qualificado pelo motivo torpe. Jos condenado pelo jri e, na fixao da pena, o Juiz aplica a agravante genrica prevista no art. 61, II, a do CP, cabvel quando o crime praticado por motivo torpe. Todavia, neste caso, o Òmotivo torpeÓ j foi considerado como qualificadora (tornando a pena mais gravosa Ð de 06 a 20 anos para 12 a 30 anos), ento no pode ser novamente considerada no mesmo caso. Ou seja, como tal circunstncia (motivo torpe) j qualifica o delito, no pode tambm servir como circunstncia agravante, sob pena de o agente ser duplamente punido pela mesma circunstncia. Assim: 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo 3! DISPOSIÍES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES Vamos sintetizar, neste tpico algumas disposies constitucionais relativas ao Direito Processual Penal que, embora relevantes, no podem ser consideradas princpios. 3.1! Direitos constitucionais do preso A CRFB/88 prev uma srie direitos que so assegurados ao preso. Vejamos: Art. 5¼ (...) LXI - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada; LXIII - o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado; LXIV - o preso tem direito identificao dos responsveis por sua priso ou por seu interrogatrio policial; LXV - a priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciria; LXVI - ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana; (...) NON BIS IN IDEM VEDAÇÃO À DUPLA CONDENAÇÃO PELO MESMO FATO VEDAÇÃO AO DUPLO PROCESSO PELO MESMO FATO VEDAÇÃO À DUPLA CONSIDERAÇÃO DO MESMO FATO/CONDIÇÃO/CIRCUNSTÂNCIA NA DOSIMETRIA DA PENA 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo LXVIII - conceder-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder; Vejam que temos uma srie de direitos assegurados ao preso. Tenho um quadrinho abaixo que pode facilitar a compreenso: GARANTIAS CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS AO PRESO ADMISSIBILIDADE DA PRISÌO DEPOIS DE EFETUADA A PRISÌO PARA EVITAR A PRISÌO ¥! Flagrante delito (sem necessidade de ordem judicial) ¥! Por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei ¥! Comunicao da priso e do local em que se encontra o preso IMEDIATAMENTE ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada. ¥! Informao ao preso sobre seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado. ¥! Identificao dos responsveis pela priso e/ou interrogatrio policial. ¥! Relaxamento da priso que seja ilegal ¥! Direito de ser colocado em liberdade, se estiverem presentes os requisitos para concesso da liberdade provisria. ¥! Liberdade provisria (quando presentes os requisitos) ¥! Habeas corpus, no caso de ilegalidade ou abuso de poder 3.2! Tribunal do Jri A Constituio Federal reconhece a instituio do Jri, e estabelece algumas regrinhas. Vejamos: Art. 5¼ (...) 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votaes; c) a soberania dos veredictos; d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Sem maiores consideraes a respeito deste tema, apenas ressaltando que o STF entende que em havendo choque entre a competncia do Jri e uma competncia de foro por prerrogativa de funo prevista na Constituio, prevalece a ltima. EXEMPLO: Jos, Deputado Federal, pratica crime doloso contra a vida em face de Mariana. Neste caso, h um aparente conflito entre a competncia prevista par ao Jri (crime doloso contra a vida) e a competncia do STF (crime praticado por deputado federal). Neste caso, o STF entende que prevalece a competncia por prerrogativa de funo, sendo competente, portanto, o prprio STF. 3.3!Menoridade Penal A Constituio prev, ainda, que os menores de 18 anos so inimputveis. Vejamos: Art. 228. So penalmente inimputveis os menores de dezoito anos, sujeitos s normas da legislao especial. Isso quer dizer que eles no respondem penalmente, estando sujeitos s normas do ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE. 3.4! Disposies referentes execuo penal A Constituio traz, ainda, algumas disposies referentes execuo da pena privativa de liberdade, de forma a garantir, tambm ao condenado, condies de cumprimento da pena que preservem sua dignidade: Art. 5¼ (...) XLVIII - a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral; L - s presidirias sero asseguradas condies para que possam permanecer com seus filhos durante o perodo de amamentao; Vale ressaltar que o inciso XLVIII uma espcie de materializao do princpio da individualizao da pena, pois busca uma execuo da pena mais 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo racional, evitando-se que presos de perfis distintos venham a cumprir pena juntos. 3.5! Outras disposies constitucionais referentes ao processo penal A Constituio nos traz, ainda, algumas outras disposies relevantes. Vejamos: Art.5¼ (...) XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal; (Vide Lei n¼ 9.296, de 1996) (...) LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meios ilcitos; (...) LVIII - o civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei; (Regulamento). LIX - ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal; (...) LXXV - o Estado indenizar o condenado por erro judicirio, assim como o que ficar preso alm do tempo fixado na sentena; Vamos tecer breves consideraes: ¥! INTERCEPTAÌO TELEFïNICA (inciso XII) Ð Atualmente est regulamentada pela Lei 9.296/96. Constitucionalmente s se admite para instruo processual penal ou investigao criminal, sempre por ordem JUDICIAL (Chamada Òclusula de RESERVA DE JURISDIÌOÓ). ¥! PROVAS ILêCITAS (inciso LVI) Ð Tais provas so vedadas no processo penal (e em qualquer processo), estando regulamentadas no CPP (art. 157), que veda, inclusive as provas que sejam derivadas das ilcitas. A Doutrina, contudo, vem admitindo a utilizao destas provas quando for a òNICA maneira de provar a inocncia do acusado. ¥! VEDAÌO Ë IDENTIFICAÌO CRIMINAL (inciso LVIII) Ð A identificao criminal (registro datiloscpico, fotografia em sede policial, e outros registros biomtricos, etc.) meio deveras vexatrio, no sendo admitido para aquele que for civilmente identificado, bem como nos demais casos previstos em Lei (Para esta aula no nos aprofundaremos no tema). ¥! AÌO PRIVADA SUBSIDIçRIA DA PòBLICA (inciso LIX) Ð Trata- se de uma modalidade de ao penal na qual o ofendido oferece a queixa (ao penal privada) em crime de ao pblica (No qual no caberia ao privada) em razo da inrcia do MP. Est regulamentada no CPP, em seu art. 29 e seguintes. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo ¥! INDENIZAÌO AO CONDENADO POR ERRO E AO QUE CUMPRIR PENA ALM DO PRAZO (inciso LXXV) Ð Com relao a este inciso, apenas uma observao: O preso provisrio no tem direito indenizao caso, posteriormente, seja considerado inocente. Isto porque a priso provisria tem natureza cautelar, e no se fundamenta na culpa do indiciado/acusado. Assim, a posterior sentena absolutria no representa assuno, pelo Estado, de um ÒerroÓ anterior. 4! INTERPRETAÌO E INTEGRAÌO DA LEI PROCESSUAL O art. 3¡ do CPP diz: Art. 3o A lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica, bem como o suplemento dos princpios gerais de direito. Vamos explicar, assim, o que seriam interpretao extensiva, aplicao analgica e princpios gerais do Direito. A interpretao extensiva uma atividade na qual o intrprete estende o alcance do que diz a lei, em razo de sua vontade (vontade da lei) ser esta. No crime de extorso mediante sequestro, por exemplo, lgico que a lei quis incluir, tambm, extorso mediante crcere privado. Assim, faz-se uma interpretao extensiva, que pode ser aplicada sem que haja violao ao princpio da legalidade, pois, na verdade, a lei diz isso, s que no est expresso em seu texto. A Doutrina processualista diverge um pouco com relao a isso. Embora o CPP admita expressamente sua possibilidade de aplicao, h doutrinadores que entendem que no caso de se tratar de norma mista, ou norma puramente material inserida em lei processual, no caber interpretao extensiva em prejuzo do ru. A aplicao analgica, por sua vez, bem diferente. Como o nome diz, decorre da analogia, que o mesmo que comparao. Assim, essa forma de integrao da lei penal somente ser utilizada quando no houver norma disciplinando determinando caso. Nesta situao, utiliza-se uma norma aplicvel a outro caso, considerado semelhante. Na aplicao analgica (analogia), o Juiz aplica a um caso uma norma que no foi originariamente prevista para tal, e sim para um caso semelhante. A grande questo saber o que se enquadra como Òcaso semelhanteÓ. Para isso, a Doutrina elenca trs fatores que devem ser respeitados: ¥! Semelhana essencial entre os casos (previsto e no previsto pela norma). Desprezam-se as diferenas no essenciais. ¥! Igualdade de valorao jurdica das hipteses ¥! Igualdade de circunstncias ou igualdade de razo jurdica de ambos os institutos 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP (2017) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo A Doutrina entende, ainda, que no caso de aplicao analgica (analogia) in malam partem, no pode haver leso a contedos de natureza material (penal), pois no se admite analogia in malam partem no Direito Penal. J os princpios gerais do Direito so regras de integrao da lei, ou seja, de complementao de lacunas. Assim, quando no se vislumbrar uma lei que possa reger adequadamente o caso concreto, o CPP admite a aplicao dos princpios gerais do Direito. Esses princpios gerais do Direito so inmeros, e so aqueles que norteiam a atividade de aplicao do Direito. Como exemplo, imaginemos que uma lei estabelea a participao das partes (autor e ru) em determinado ato processual. Se a lei nada disser em relao a ordem de participao das partes no ato processual, deve-se permitir que a defesa atue por ltimo, pois de conhecimento geral daqueles que aplicam o Direito que a defesa deve falar por ltimo no processo, a fim de que possa se defender plenamente dos fatos que lhe so imputados. 5! CONCEITO, FINALIDADE E FONTES DO DPP Conceitualmente, podemos conceber o Direito Processual Penal o ramo do Direito que tem por finalidade a aplicao, no caso concreto, da Lei Penal outrora violada. Nos dizeres de JOS FREDERICO MARQUES: ÒO conjunto de princpios e normas que regulam a aplicao jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutrias da Polcia Judiciria, e a estruturao dos rgos da funo jurisdicional e respectivos auxiliaresÓ15. Do ponto de vista prtico, ou seja, da materializao do processo, pode ser definido como: Ò(...) conjunto de atos cronologicamente concatenados (procedimentos), submetido a princpios e regras jurdicas destinadas a compor as lides de carter penal. Sua finalidade , assim, a aplicao do direito penal objetivoÓ16. No que tange s finalidades do Direito Processual Penal, elas podem ser basicamente divididas em duas: ⇒! Finalidade IMEDIATA (direta) Ð Fazer valer o jus puniendi do Estado, com a aplicao, em concreto, da Lei penal, respeitando os direitos fundamentais do indivduo. ⇒! Finalidade MEDIATA (indireta) Ð A obteno da paz social, da restaurao da ordem violada pela prtica do delito, por meio da aplicao concreta do Direito Penal ao caso. 15 MARQUES, Jos Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. Ed. Forense. Rio de Janeiro. 1961, pg. 20 16 MIRABETE, Jlio Fabbrini. Processo Penal. Ed. Atlas, So Paulo. 2004, pg. 31 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 71 D. PROCESSUAL PENAL Ð PC-AP
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