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FAFIG - CESUFOZ
DIREITOS FUNDAMENTAIS
PROFESSORA: ROBERTA PACHECO ANTUNES
(Destaca-se que a esquematização dos tópicos e a compilação dos textos de forma resumida é elaborada por esta professora, assim como alguns poucos tópicos são de autoria da mesma. Todavia, a maior parte é extraída das obras jurídicas abaixo especificadas, devendo as mesmas serem consultadas para fins de citação).
1. DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO
ORIGEM E CONTEÚDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL�
Podemos conceituar Estado, de forma genérica e simplificada, como a organização de um povo sobre um território determinado, dotado de soberania. Neste conceito, estão os elementos tradicionalmente descritos como necessários à existência de um Estado: a soberania, o povo e o território. Os estudiosos da Teoria do Estado acrescentaram, ulteriormente, a finalidade como elemento integrante da noção de Estado, ou seja, a organização soberana de um povo em um território deve ser orientada ao atingimento de um conjunto de finalidades.
Elementos do Estado = soberania+povo+território+finalidade.
Dalmo de Abreu Dallari - Conceito de Estado: O Estado é a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. Nesse conceito se acham presentes todos os elementos que compõem o Estado, e só esses elementos. A noção de poder está implícita na de soberania, que, no entanto, é referida como característica da própria ordem jurídica. A politicidade do Estado é afirmada na referência expressa ao bem comum, com a vinculação deste a um certo povo e, finalmente, a territorialidade, limitadora da ação jurídica e política do Estado, está presente na menção à determinado território.
Todo Estado, conforme acima conceituado, tem uma Constituição, em um sentido amplo. Nesta acepção ampla (ou sociológica) a Constituição é simplesmente a forma de organização do Estado, o qual independe da existência de um texto escrito.
Conquanto, no sentido abordado no parágrafo anterior, todos os Estados tenham Constituição, o estudo sistemático e racional do fenômeno constitucional somente se desenvolve a partir do surgimento das primeiras Constituições escritas, elaboradas para desempenhar o papel de lei fundamental do Estado.
Denomina-se constitucionalismo o movimento político, jurídico e ideológico que concebeu ou aperfeiçoou a idéia de poder, concretizadas pela elaboração de um documento escrito destinado a representar sua lei suprema.
Para efeito de estudo, identifica-se a origem do constitucionalismo com a Constituição dos Estados Unidos, de 1787, e a Constituição da França, de 1791. Ambas são Constituições escritas e rígidas, inspiradas nos ideais de racionalidade do Iluminismo do século XVIII e, sobretudo, na valorização da liberdade formal e do individualismo, marcas nucleares do Liberalismo, corrente de pensamento hegemônica (suprema) nos campos político, jurídico e econômico dos séculos XVIII, XIX, e primeiro quartel do século XX.
O conteúdo dessas primeiras Constituições escritas e rígidas, de orientação liberal, resumia-se ao estabelecimento de regras acerca da organização do Estado, do exercício e transmissão do poder e à limitação do poder do Estado, assegurada pela enumeração de direitos e garantias fundamentais do individuo.
A expressão Direito Constitucional – explicitando que a organização estatal é, sobretudo, uma ordem jurídica – nasce com o constitucionalismo. Em sua origem, o Direito Constitucional refere-se, tão somente, à ordem jurídica fundamental do Estado Liberal. Portanto, o Direito Constitucional nasceu impregnado dos valores do pensamento liberal.
Com o seu desenvolvimento, em um período seguinte, o Direito Constitucional, aos poucos, foi se desvinculando dos ideais puramente liberais. A Constituição assume uma nova feição, de norma jurídica e formal, protetora dos direitos humanos.
Em decorrência dessa evolução de pensamento, a Constituição deixou de retratar exclusivamente uma certa forma de organização política – a do Estado liberal, com sua ideologia – e passou a representar o espelho de toda e qualquer forma de organização política. O conteúdo do direito constitucional desatou-se de considerações doutrinárias ou ideológicas, passando a tratar das regras fundamentais de estruturação, funcionamento e organização do poder, não importa o regime político nem a forma de distribuição da competência aos poderes estabelecidos (Paulo Bonavides).
Modernamente, as pressões, as exigências e os conflitos sociais têm forçado o constitucionalismo puramente jurídico a ceder lugar ao constitucionalismo político, democrático e social. Assim, o Direito Constitucional atual, a par de assegurar as conquistas liberais, apresenta marcada feição política e forte conteúdo democrático e social.
Importante destacar que, em todas as fases de sua evolução, o constitucionalismo não perdeu seu traço marcante, que é a limitação, pelo Direito, da ingerência do Estado (Governo) na esfera privada. Essa sempre foi – em todas as suas fases – a característica essencial do movimento constitucionalista.
O Direito Constitucional é um ramo do direito público, fundamental à organização, ao funcionamento e à configuração política do Estado. Nesse papel, de direito público fundamental, o Direito Constitucional estabelece a Estrutura do Estado, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e exercício do poder, bem como a limitação desse poder, por meio, especialmente, da previsão dos direitos e garantias fundamentais.
Afirma-se que o direito constitucional é muito mais do que apenas um ramo do direito público. Ele consubstancia a matriz de toda ordem jurídica de um específico Estado. Figurativamente, o Direito Constitucional é representado como o tronco do qual derivam todos os demais ramos da grande árvore que é a ordem jurídica de determinado Estado.
CONCEITO�
Existem várias concepções ou acepções a serem tomadas para conceituar o termo Constituição. Alguns autores preferem a idéia da expressão tipologia (sistema de classificação por tipos) dos conceitos de Constituição em várias acepções. Vejamo-las.
SENTIDO SOCIOLÓGICO – Ferdinand Lessale (Breslau – Polonia – 1825 a 1864)
Uma Constituição somente seria legitima se representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso não ocorresse, ela seria ilegítima, caracterizando-se como uma simples folha de papel. A Constituição, segundo a conceituação de Lessale, seria, então, a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.
CONSTITUIÇÃO LEGÍTIMA = REFLEXO DA VONTADE SOCIAL
SENTIDO POLÍTICO – Carl Schimitt (Plettenberg, 11 de julho de 1888 — 7 de abril de 1985 foi um jurista, filósofo político e professor universitário alemão)
Distingue constituição de lei constitucional.
Nesta acepção, CONSTITUIÇÃO só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc); as LEIS CONSTITUCIONAIS seriam os demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, mas não contêm matéria de decisão política fundamental.
SENTIDO MATERIAL E FORMAL
Constituição também pode ser definida tomando-se o sentido material e formal, critério este que se aproxima da classificação proposta por Schimitt.
SENTIDO MATERIAL = constitucional será aquela norma que defina e trate das regras estruturais da sociedade, de seus alicerces fundamentais (formas de Estado, governo, seus órgãos, etc). Trata-se do que Schimitt chamou de Constituição.
SENTIDO FORMAL = as normas constitucionais serão aquelas introduzidas pelo poder soberano, por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o processo legislativo de formação das demais normas do ordenamento. Em outros termos, não interessa o conteúdo da norma constitucional, mas sim a forma como ela foi introduzida no ordenamento jurídico. Trata-se do que Schimitt chamou de Lei Constitucional. Art. 242, § 2°,da CF
SENTIDO JURÍDICO – Hans Kelsen (Viena – Áustria)
Hans Kelsen é o representante deste sentido conceitual, alocando a Constituição no mundo do dever ser, caracterizando-a como fruto da vontade racional do homem, e não das leis naturais.
A concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo.
De acordo com o sentido lógico-jurídico, Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídica-positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.
	Plano lógico-jurídico:
	Plano jurídico-positivo:
	Norma fundamental hipotética
	Norma posta, positivada.
	Plano do suposto
	Norma positivada suprema
	Fundamento lógico-transcedental da validade da Constituição jurídico-positiva
	
No direito percebe-se um verdadeiro escalonamento de normas, uma constituindo o fundamento de validade de outra, numa verticalidade hierárquica. Uma norma, de hierarquia inferior, busca o seu fundamento de validade na norma superior e esta, na seguinte, até chegar à Constituição, que é o fundamento de validade de todo o sistema infraconstitucional.
A Constituição, por seu turno, tem o seu fundamento de validade na norma hipotética fundamental, situada no plano lógico, e não no jurídico, caracterizando-se como fundamento de validade de todo o sistema, determinando-se a obediência a tudo que for posto pelo Poder Constituinte Originário.
Pirâmide de Kelsen – consagrando a verticalidade hierárquica das normas – Constituição Positivada como norma de validade de todo o sistema – princípio da supremacia da Constituição.
SENTIDO CULTURALISTA 
Neste sentido, pode-se dizer que a Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.
Trata-se de uma formação objetiva de cultura que encerra, ao mesmo tempo, elementos históricos, sociais e racionais, aí intervindo, portanto, não apenas fatores reais (natureza humana, necessidades individuais e sociais concretas, raça, geografia, uso, costumes, tradições, economia, técnicas), mas também espirituais (sentimentos, idéias morais, políticas e religiosas, valores) ou ainda elementos puramente racionais (técnicas jurídicas, formas políticas, instituições, formas e conceitos jurídicos a priori) e finalmente elementos voluntaristas, pois não é possível negar-se o papel da vontade humana, da livre adesão, da vontade política das comunidades sociais na adoção desta ou daquela forma de convivência política e social, e de organização do Direito e do Estado.
Neste viés, a concepção culturalista do direito conduz ao conceito de uma Constituição Total em uma visão suprema e sintética que apresenta na sua complexidade intrínseca, aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos, filosóficos, a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária. Assim, sob o conceito culturalista de Constituição, as Constituições positivas são um conjunto de normas fundamentais, condicionadas pela Cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político.
Todavia, o mais importante é saber que a Constituição deve trazer em si os elementos integrantes do Estado, quais sejam: soberania+povo+território+finalidade.
CLASSIFICAÇÃO�
QUANTO À ORIGEM: outorgada, promulgada, cesarista ou pactuada
* Outorgada: constituições impostas, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário (grupo ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar.
Ex.: Brasil: 1824 (Império), 1937 (inspirada no modelo fascista, extremamente autoritária – Getúlio Vargas; 1967 (ditadura militar) e a EC 1/69.
* Promulgada: também chamada de democrática, votada ou popular, é aquela constituição fruto do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da representação legítima popular.
Ex.: Brasil: 1891 (primeira da Reública), 1934 (inserindo a democracia social, inspirada na Constituição Weimar), 1946 e, 1988.
* Cesarista: é formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile). A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas ratificar a contade do detentos do poder.
* Pactuada: surgem através de um pacto, são aquelas em que o poder constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Por isso mesmo, trata-se de modalidade anacrônica (destoa dos usos da época a que se atribui), dificilmente ajustando-se à noção moderna de constituição, intimamente associada à idéia de unidade do poder constituinte. Tais constituições pactuadas foram bastante difundidas no seio da monarquia estamental� da Idade Média�, quando o poder estatal aparecia cindido entre o monarca e as ordens privilegiadas. Exemplificam-nas a Magna Carta de 1215, que os barões ingleses obrigam João Sem Terra� a jurar.
Para Bonavides, a Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra. Surge, então como termo dessa relação de equilíbrio a forma institucional da monarquia limitada. Entendem alguns publicista que as Constituições pactuadas assinalam um momento histórico em que determinadas classes disputam ao rei um certo grau de participação política, em nome da comunidade, com o propósito de resguardar direitos e amparar franquias adquiridas. Na constituição pactuada o equilíbrio é precário. Uma das partes se acha sempre em posição de força. O pacto selado juridicamente mal encobre essa situação de fato, e o contrato se converte por conseguinte numa estipulação unilateral camuflada, conforme se deu com a Magna Carta ou a Constituição Francesa de 1791: ali a supremacia dos barões; aqui, a supremacia dos representantes da Nação reunidos em assembléias constituinte.
QUANTO À FORMA: escrita-instrumental ou costumeira (consuetudinária – não escrita)
* Escritas (instrumental): constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado (Brasileira de 1988, portuguesa e espanhola).
* Costumeira (não-escrita ou consuetudinária): constituição que não traz as regras em um único texto solene e codificado. Constituição formada por textos esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-se nos usos e costumes (Constituição da Inglaterra).
 
QUANTO À EXTENSÃO: sintética (concisa, breve ou sumária) ou analítica (ampla, extensa, larga ou prolixa)
* Sintética: seriam aquelas enxutas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do Estado. Não descem às Minúcias, motivo pelo qual são mais duradouras, na medida em que seus princípios estruturais são interpretados e adequados aos novos anseios da sociedade pela atividade da Suprema Corte (Constituição Americana, que tem mas de 200 anos; Brasileira de 1891).
* Analítica: abordam todos os assuntos que os representantes do povo entenderem fundamentais (CF 1988).
QUANTO AO CONTEÚDO: formal ou material (misto – EC n. 45/2004)
* Formal: elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim qualquer regra nela contida terá o caráter de constitucional (CF 1988).
* Material: materialmente constitucional será aquele texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização dos seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. 
* Misto: cumpre observar que, com a introdução do § 3°, ao art. 5°�, pela EC n. 45/2004, passando a ter umaespécie de conceito misto, já que a nova regra só confere a natureza de emenda constitucional aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, desde que observadas as formalidades de aprovação.
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: dogmática (sistemática) ou histórica
 
* Dogmáticas: sempre escritas, consubstanciam os dogmas estruturais e fundamentais do Estado. Partem de teorias preconcebidas, de planos e sistemas prévios, de ideologias bem declaradas, de dogmas políticos (CF 1988).
* Histórica: constituem-se através de um lento e continuo processo de formação, ao longo do tempo, reunindo a história e as tradições de um povo (Constituição Inglesa).
QUANTO À ALTERABILIDADE/MUTABILIDADE/ESTABILIDADE: rígida, flexível ou semi-rígida
* Rígida: são aquelas constituições que exigem, para a sua alteração, um processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não constitucionais (CF 1988).
A rigidez constitucional da CF/88 está prevista no art. 60, que, por exemplo, em seu § 2° estabelece um quorum de votação de 3/5 dos membros de cada Casa, em dois turnos de votação, para a aprovação das Emendas Constitucionais.�
* Flexível (plástica): é aquela constituição que não possui um processo legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais. Vale dizer, a dificuldade em alterar a constituição é a mesma encontrada para alterar uma norma que não é constitucional.
* Semi-rígida: é aquela constituição que é tanto rígida como flexível, ou seja, algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido pela alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade (Constituição Imperial de 1824).
* Imutáveis: seriam aquelas constituições inalteráveis, verdadeiras relíquias históricas.
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
QUANTO À ORIGEM: PROMULGADA
QUANTO À FORMA: ESCRITA INSTRUMENTAL
QUANTO À EXTENSÃO: ANÁLITICA, AMPLA, EXTENSA, LARGA OU PROLIXA
QUANTO AO CONTEÚDO: FORMAL
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: DOGMÁTICA
QUANTO À ALTERABILIDADE: RIGIDA
MANOEL GONÇALVES FERREIRA SILVA: GARANTIA E DIRIGENTE
CRITÉRIO SISTEMÁTICO (PINTO FERREIRA): REDUZIDA (um único código sistematizado)
CRITÉRIO IDEOLÓGICO (PINTO FERREIRA): ECLÉTICA (formada por ideologias conciliatórias)
LOEWENSTEIN (PINTO FERREIRA): NORMATIVA
RAUL MACHADO HORTA: EXPANSIVA 
O PRINCÍPIO DA COMPATIBILIDADE VERTICAL
Da necessária conformação da norma infraconstitucional deflui o princípio da compatibilidade vertical, o qual também apresenta projeção dentro do próprio regramento infraconstitucional, uma vez que estas normas também se organizam de forma hierarquizada, constituindo a violação desta hierarquia inconstitucionalidade indireta.
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
2.1. INTRODUÇÃO
Os direitos fundamentais são hoje o parâmetro de aferição do grau de democracia de uma sociedade. Ao mesmo tempo, a sociedade democrática é condição imprescindível para a eficácia dos direitos fundamentais. Direitos fundamentais eficazes e democracia são conceitos indissociáveis, não subsistindo aqueles fora do contexto desse regime político. (DIRETOS FUNDAMENTAIS E DEMOCRACIA)
Para que os direitos fundamentais cumpram a sua vocação conciliadora do poder estatal com os reclamos humanísticos e democráticos, impõe-se delinear os elementos da teoria geral que deles se ocupa.
A relevância de um tal esforço se infere, prontamente, da leitura do Preâmbulo da atual Constituição. Ali se proclama que a Assembléia Constituinte teve como inspiração básica dos seus trabalhos o propósito de “instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança (…)”. 
A compreensão, portanto, das normas constitucionais não pode desprender-se do desígnio essencial do constituinte, que busca estruturar o Estado sobre o pilar ético-jurídico-político do respeito e da promoção dos direitos fundamentais.
A interpretação constitucional não se faz adequadamente sem o arrimo oferecido pela teoria dos direitos fundamentais – da qual se pinçam alguns aspectos na exposição que se segue.
2.1.1 HISTÓRICO. SINTETIZADO�
Alguns autores apontam como marco inicial dos direitos fundamentais a Magna Carta inglesa (1215-1225). Os direitos ali estabelecidos, entretanto, não visavam a garantir uma esfera irredutível de liberdades aos indivíduos em geral, mas sim, essencialmente, a assegurar poder político aos barões mediante a limitação dos poderes do rei.
O Constitucionalista J.J. Gomes Canotilho ensina que a positivação dos direitos fundamentais deu-se a partir da Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem em 1789, e das declarações dos direitos formuladas pelos Estados Americanos, ao firmarem sua independência em relação à Inglaterra (Virginia Bill o f Rights, em 1776). Originaram-se, assim, as Constituições Liberais dos Estados Ocidentais dos séculos XVIII e XIX.
Os primeiros direitos fundamentais têm o seu surgimento ligado à necessidade de se impor limites e controles aos atos praticados pelo Estado e suas autoridades constituídas. Nasceram, pois, como uma proteção à liberdade do indivíduo frente à ingerência abusiva do Estado. Por esse motivo – por exigirem uma abstenção, um não-fazer do Estado em respeito à liberdade individual – são denominados direitos negativos, liberdades negativas, ou direitos de defesa.
Em suma, os direitos fundamentais surgiram como normas que visavam a restringir a atuação do Estado, exigindo deste um comportamento omissivo (abstenção) em favor da liberdade do indivíduo, ampliando o domínio da autonomia individual frente à ação estatal.
Somente no século XX, com o reconhecimento dos direitos fundamentais de segunda dimensão (direitos sociais, culturais e econômicos), os direitos fundamentais passaram a ter feição positiva, isto é, passaram a exigir, também, a atuação comissiva do Estado, prestações estatais em favor do bem estar do indivíduo.
Posteriormente, quando estudarmos especificadamente as quatro gerações de direitos fundamentais, entenderemos melhor seu desenvolvimento dentro do contexto histórico.
2.1.2 CARACTERISTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS�
Os direitos fundamentais se caracterizam por serem históricos, universais, limitados, concorrentes, irrenunciáveis, inalienáveis e imprescritíveis.
2.1.2.1 Históricos: são históricos como qualquer direito, nascendo com o Cristianismo, passando pelas diversas revoluções e chegando aos dias atuais.
2.1.2.2 Universalidade: é válido a todos, indistintamente. Destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os seres humanos.
2.1.2.3 Limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos (relatividade), havendo, muitas vezes, no caso concreto, confronto, conflito de interesses. A solução ou vem discriminada na própria constituição (ex.: direito de propriedade versus desapropriação), ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso concreto, decidir qual direito deverá prevalecer, levando em consideração a regra da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima restrição.
2.1.2.4 Concorrentes: os direitos fundamentais podem ser exercidos cumulativamente, quando, por exemplo, o jornalista transmite uma notícia (direito de informação) e, juntamente, emite uma opinião (direito de opinião).
2.1.2.5 Irrenunciabilidade: Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite sejam renunciados.
2.1.2.6 Inalienabilidade: são direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer porque são indisponíveis.
2.1.2.7 Imprescritibilidade: O exercício de boa parte dos direitos fundamentais ocorresó no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica. Em relação a eles não se verificam requisitos que importem em sua prescrição. Vale dizer, nunca deixam de ser exigíveis. Pois prescrição é um instituto jurídico que somente atinge, coarctando, a exigibilidade dos direitos de caráter patrimonial, não a exigibilidade de direitos personalíssimos, ainda que não individualistas, como é o caso. Se são sempre exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não-exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição.
2.1.2.8 Efetividade: a atuação do Poder Público deve ter por escopo garantir a efetivação dos direitos fundamentais. 
2.1.2.9 Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcançar os objetivos previstos pelo legislador constituinte.
2.1.2.10 Normas abertas: não existe uma lista taxativa de direitos fundamentais, constituindo eles um conjunto aberto, dinâmico, mutável no tempo. Essa característica dos direitos fundamentais encontra-se, expressa no § 2°, do art. 5° da Constituição Federal, nos termos seguintes: os direitos e garantias expressos nessa Constituição não excluem os outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
2.1.3 CONCEITO
Direitos fundamentais são o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos inerentes a soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independentemente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou status social.
Os direitos fundamentais, ou, em denominação hodiernamente utilizada, direitos humanos, visam, primordialmente, estabelecer limites ao poder público, e, nas palavras de CANOTILHO:
cumprem a função de direitos de defesa dos cidadãos sob uma dupla perspectiva: (1) constituem, num plano jurídico-objetivo, normas de competência negativa para os poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica individual; (2) implicam, num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa). 
Do exposto, vislumbra-se que os direitos fundamentais, de forma sintética, são bens e vantagens essenciais outorgados pelas normas constitucionais e oponíveis ao Estado, bem como aos demais indivíduos.
Os direitos fundamentais costumam ser extraídos e expressados por meio de Princípios Constitucionais, entendendo-se por princípios os “mandamentos nucleares de um sistema”, ou, na expressão utilizada por Robert Alexy (1988, p. 85 e segs.) mandamentos de otimização normativa. 
Consoante Francisco Fernandes de Araújo (2002. p. 10/11), princípios são definidos como verdades ou juízos de fundamentos, servindo de alicerce ou garantia de certeza a um conjunto de juízos ordenados num sistema jurídico, com objetivo de otimizar as múltiplas e variadas soluções pragmáticas da vida social, o que se opera por meio de regras.
2.1.4 NATUREZA RELATIVA�
Os direitos fundamentais não dispõem de caráter absoluto, visto que encontram limites nos demais ramos do direito igualmente consagrados pelo texto constitucional.
Não podem os direitos fundamentais ser utilizados como escudo protetivo da pratica das atividades ilícitas, tampouco para afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos criminosos, sob pena da consagração do desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito. Assim, a liberdade de pensamento não será oponível ante a prática de crime de racismo; a garantia da inviolabilidade das correspondências não poderá ser invocada para acobertar determinada prática criminosa, e assim por diante.
Em outros termos, a Constituição Federal não possui direitos ou garantias individuais, uma vez que razões de interesse público legitimam a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas a essas liberdades, na proteção de outros valores constitucionalmente protegidos.
Esse é o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Embasado no princípio da convivência entre as liberdade, a Corte concluiu que nenhuma prerrogativa pode ser exercida de modo danoso à ordem pública e aos direitos e garantias fundamentais, as quais sofrem limitações de ordem ético-jurídica. Essas limitações visam, de um lado, tutelar a integridade do interesse social e, de outro, assegurar a convivência harmônica das liberdades, para que não haja colisões ou atritos entre elas. Evita-se, assim, que um direito ou garantia seja exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros.
2.1.5 UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais ultrapassam os limites territoriais de um lugar específico para beneficiar os indivíduos, independentemente de raça, credo, cor, sexo, filiação, etc, como por exemplo o princípio da igualdade.
2.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA, SEGUNDA, TERCEIRA E QUARTA GERAÇÃO
O critério de classificação dos direitos fundamentais utilizado pela doutrina majoritária utiliza como respaldo a época em que os mesmos eclodiram com maior força, dividindo-os em quatro gerações, quais sejam: direitos fundamentais de 1ª geração; direitos fundamentais de 2ª geração; direitos fundamentais de 3ª geração; direitos fundamentais de 4ª geração.
Cumpre destacar que a doutrina mais atual tem preferido a expressão dimensões dos direitos fundamentais, invés de gerações.
2.2.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE 1ª GERAÇÃO – séculos XVII, XVIII e XIX
Os direitos fundamentais de 1ª geração refletem a idéia do Estado Liberal, referindo-se as liberdades públicas e aos direitos políticos, com forte cunho no direito de liberdade.
Em outros termos, esses direitos são prezados (garantidos) pela não intervenção estatal (é o chamado estado liberal). São os direitos e garantias individuais e políticos clássicos ( liberdades públicas ), surgidos institucionalmente a partir da Magna Charta.
Direito à vida
Direito à liberdade
Direito à igualdade
Direito à propriedade
2.2.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE 2ª GERAÇÃO
O momento histórico que os inspira e impulsiona é a Revolução Industrial Européia, a partir do século XIX. Nesse sentido, em decorrência das péssimas situações e condições de trabalho, eclodiram movimentos na busca de reivindicações trabalhistas e normas de assistência social. O início do século XX é marcado pela Primeira Grande Guerra e pela fixação dos direitos sociais. Isso fica evidenciado, dentre outros documentos, pela Constituição de Weimar, de 1919 (Alemanha), e pelo tratado de Versalhes, 1919 (OIT). Portanto, os direitos humanos de segunda geração privilegiam os direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo aos direitos de igualdade (material).
Direito à saúde
Direito à previdência
Direito à assistência Social
Direito à educação
Direito dos trabalhadores
2.2.3 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE 3ª GERAÇÃO
Marcados pela alteração das sociedades, por profundas mudanças na comunidade internacional, as relações econômico-sociais se alteram profundamente.
Os direitos fundamentais de 3ª geração são os direitos de titularidade coletiva, os quais refletem ideais como os de preservação ambiental, dentre outros.
Direito à paz
Direito ao desenvolvimento
Direito ao meio ambiente
Direito da autodeterminação dos povos, entre outros, e estão no plano internacional
2.2.4 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE 4ª GERAÇÃO
Segundo orientações de Norberto Bobbio, referida geração de direitos decorreria dos avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência humana, através da manipulação do patrimônio genético e pesquisas biológicas.
2.3 EVOLUÇAO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. FORMAÇAO HISTÓRICA DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS( José Afonso da Silva)
2.3.1 CARTAS E DECLARAÇÕES INGLESAS: 
* Não são, porém, declarações de direitos no sentido moderno, que só apareceram no século XVIII com as Revoluções americana e francesa. Tais textos, limitados e às vezes estamentais, no entanto, condicionaram a formação de regras consuetudinárias de mais ampla proteção dos direitos humanos fundamentais.
2.3.1.1 MAGNA CARTA (1215-1255): assinada em 1215 mas tornada definitiva só em 1255, não é de natureza constitucional, longe de ser a Carta das liberdades nacionais, é, sobretudo, uma carta feudal, feita para proteger os privilégios dos barões e os direitos dos homens livres. Apesar disso, se tornou uma símbolo das liberdades públicas, nela consubstanciando-se o esquema básico do desenvolvimento constitucional inglês e servindo de base a que juristas, especialmente Edward Coke com seus comentários, extraíssem dela os fundamentos da ordem jurídica democrática do povo inglês.
2.3.1.2 PETITION OF RIGHTS – petição de direitos (1628): documento dirigido ao monarca em que os membros do Parlamento de então pediram o reconhecimento de diversos direitos e liberdades para os súditos de sua majestade. Na verdade, a petição pede a observância de direitos e liberdades já reconhecidos na própria Magna Carta, denotando que estes mandamentos não eram respeitados pelo poder monárquico, que só aos poucos, com o crescimento e afirmação das instituições parlamentares e judiciais, foi cedendo às imposições democráticas.
2.3.1.3 HABEAS CORPUS AMENDMENT ACT (1679): reforçou as reivindicações de liberdade, traduzindo-se, desde logo, e com as alterações posteriores, na mais sólida garantia de liberdade individual, e tirando aos déspotas uma das suas armas mais preciosas, suprimindo as prisões arbitrárias.
2.3.1.4 BILL OF RIGHTS (1688): decorreu da Revolução de 1688, pela qual se firmara a supremacia do Parlamento, impondo a abdicação do rei Jaime II e designando novos monarcas, Guilherme III e Maria II, cujos poderes reais limitavam com a declaração de direitos a eles submetida e por eles aceita. Daí surge, para a Inglaterra, a monarquia constitucional, submetida à soberania popular (superada a realeza do direito divino), que teve em Locke seu principal teórico e que serviu de inspiração ideológica para a formação das democracias liberais da Europa e da América nos séculos VXIII e XIX. O Act of Settlement (ato de sucessão no Trono), votado pelo Parlamento em 1707, completa o conjunto de limitações ao poder monárquico nesse período.
2.3.2 A DECLARAÇÃO DE VIRGÍNIA (12.01.1776): a primeira declaração de direitos fundamentais, em sentido moderno, foi a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, que era uma das treze colônias inglesas na América. Esta declaração é de 12.01.1776, antes da Declaração de Independência dos EUA. Ambas, contudo, inspiradas nas teorias de Locke, Rousseau e Montesquiei, versas especialmente nos escritos de Jefferson e Adams, e postas em prática por James Madison, George Mason e outros.
A Declaração da Virgínia consubstanciava as bases dos direitos do homem, preocupando-se com a estrutura de um governo democrático, com um sistema de limitação de poderes.
A Declaração de Independência dos EUA, de autoria de Thomas Jefferson, de 04.07.1776, teve maior repercussão.
2.3.3 A DECLARAÇÃO NORTE-AMERICANA: A Constituição dos EUA aprovada na Convenção da Filadélfia, em 17.09.1787, não continha inicialmente uma declaração dos direitos fundamentais do homem. Sua entrada em vigor, contudo, dependia da ratificação de pelo menos nove dos treze Estados independentes , ex-colônias inglesas
2.3.4 A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO: os autores costumam ressaltar a influencia que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, adotada pela Assembléia Constituinte Francesa em 27.08.1789, sofreu da Revolução Americana, especialmente da Declaração de Virgínia, já qual ela precedeu a Carta dos Direitos, contida nas dez primeiras emendas à Constituição norte-americana, que foi apresentada em setembro de 1789.
Desta forma, as primeiras declarações provêm de Rosseau, e de Locke e de Montesquieu, de todos os teóricos e de todos os filósofos. As Declarações são obra do pensamento político, moral e social de todo o século XVIII.
A Declaração de Virgínia e a de outras ex-colônias inglesas na América eram mais concretas, preocupadas mais com a situação particular que afligia aquelas comunidades, enquanto a Declaração francesa de 1789 é mais abstrata, mais universalizante, de onde seus três caracteres fundamentais, consoante Jacques Robert: a) intelectualismo; b) mundialismo. c) individualismo.
O texto da Declaração de 1789 é de estilo lapidar, elegante, sintético, preciso e escorreito, que, em dezessete artigos, proclama os princípios da liberdade, igualdade, propriedade e da legalidade e as garantias individuais liberais que ainda se encontram nas declarações contemporâneas, salvas as liberdades de reunião e de associação que ela desconhecera, firmada que estava numa rigorosa concepção individualista.
2.3.5 A DECLARAÇÀO DO POVO TRABALHADOR E EXPLORADO
As declarações dos séculos XVIII e XIX voltam-se basicamente para a garantia formal das liberdades, como princípio da democracia política ou democracia burguesa. Isso se explica no fato de que a burguesia, que desencadeara a revolução liberal, estava oprimida apenas politicamente, não economicamente.
Daí por que as liberdades da burguesia liberal se caracterizam como liberdades-resistência ou como meio de liberar o poder, que, então, era absoluto. No entanto, o desenvolvimento industrial e a consequente formação de uma classe operária logo demonstraram a insuficiência daquelas garantias formais, caracterizadoras das liberdades formais, de sentido negativo, como resistência e limitação ao poder. De nada adiantava as constituições e leis reconhecerem liberdades a todos, se a maioria não dispunha, e ainda não dispõe, de condições para exerce-las.
O individuo era uma abstração. O homem era considerado sem levar em conta sua inserção em grupos, famílias ou vida econômica. Surgia, assim, o cidadão como um ente desvinculado da realidade da vida. Estabelecia-se igualdade abstrata entre homens, visto que deles se despojavam as circunstancias que marcam suas diferenças no plano social e vital. Por isso, o Estado teria que abster-se. Apenas teria que vigiar, ser simples gendarme.
Os socialistas, primeiro os utopistas (Saint-Simon, Fourier, Louis Blanc, Owen e outros), depois os cientistas (Marx, Engels), submeteram estas concepções abstratas da liberdade, da igualdade e, enfim, do homem a severas críticas, pois apesar de retoricamente afirmadas e reconhecidas, permitiam medrassem a injustiça e a iniqüidade na repartição da riqueza, e prosperassem a miséria das massas proletárias, enquanto o processo acumulativo favorecia, de um lado, o enriquecimento de poucos, e, de outro, as crises econômicas ainda mais empobrecedoras e geradoras de desemprego.
No plano jurídico, a Revolução de 1848, em Paris, inscreveu em sua constituição de curta duração, o direito do trabalho, mas foi a Constituição Mexicana de 1917 que, por primeiro sistematizar o conjunto dos direitos sociais do homem, restrita, no entanto, ao critério de participação estatal na ordem econômica e social, sem romper, assim, em definitivo, com o regime capitalista.
No mesmo sentido, seguiu-se a Constituição Alemã de Weimar, de 1919, exercendo maior influencia no constitucionalismo de pós-Primeira Guerra Mundial, até na brasileira de 1934.
Outro sentido, contudo, há de reconhecer-se à Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, aprovada em janeiro de 1918 (Revolução Soviética de 1917). Trouxe uma nova concepção de sociedade e Estado e também uma nova idéia de direito, que buscasse libertar o homem, de uma vez por todas, de qualquer forma de opressão.
2.3.6 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM. A NOVA UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos da primeira,da segunda e da terceira gerações abriram caminho ao advento de uma nova concepção de universalidade dos direitos humanos fundamentais, totalmente distinta do sentido abstrato e metafísico de que se impregnou a Declaração dos Direitos do Homem de 1789, uma declaração de compromisso ideológico definido, mas que nem por isso deixou de lograr expansão ilimitada, servindo de ponto de partida valioso para a inserção dos direitos da liberdade – direitos civis e políticos – no constitucionalismo rígido de nosso tempo, com uma amplitude formal de positivação a que nem sempre corresponderam os respectivos conteúdos materiais.
A nova universalidade dos direitos fundamentais os coloca assim, desde o princípio, num grau mais alto de juridicidade, concretude, positividade e eficácia. É universalidade que não exclui os direitos da liberdade, mas primeiro os fortalece com as expectativas e os pressupostos de melhor concretiza-los mediante a efetiva adoção dos direitos da igualdade e da fraternidade.
Foi tão importante para a nova universalidade dos direitos fundamentais o ano de 1948 (Declaração Universal dos Direitos do Homem) quanto o de 1789 (Declaração dos Direitos do Homem) o fora para a velha universalidade de inspiração liberal.
Com efeito, em 10.12.1948 a Assembléia Geral das Nações Unidas mediante a Resolução n. 217 (III) aprovou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, sem dúvida uma declaração programática, mas que não deixou de ser carta de valores e princípios sobre os quais se hão assentados os direitos das três gerações, anteriormente estudadas.
A nova universalidade procura, enfim, subjetivar de forma concreta e positiva os direitos da tríplice geração na titularidade de um indivíduo que antes de ser homem deste ou daquele pais, de uma sociedade desenvolvida ou subdesenvolvida, é pela sua condição de pessoa um ente qualificado por sua pertinência ao gênero humano, objeto daquela universalidade.
Com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 10.12.1948, o humanismo político da liberdade alcançou seu ponto mais alto no século XX. Trata-se de um documento de convergência ao mesmo passo de uma síntese.
Convergência de anseios e esperanças, porquanto tem sido, desde sua promulgação, uma espécie de carta de alforria para os povos que a subscrevem, após a guerra de extermínio dos anos 30 e 40, sem dúvida o mais grave duelo da liberdade com a servidão em todos os tempos.
Síntese, também porque trouxe em seu bojo direitos e garantias como nenhuma Constituição consagrou ao redor de um consenso universal.
Se a Declaração exprime esse grau adiantadíssimo de consciência do homem livre, cidadão de todas as pátrias, bem merece ela que se faça a respeito de sua importância um ligeiro exame doutrinário.
Erra todo aquele que vislumbra no valor das Declarações dos Direitos Humanos uma noção abstrata, metafísica, puramente ideal, produto da ilusão ou do otimismo ideológico. A verdade é que sem esse valor não se explicaria a essência das Constituições e dos tratados, que objetivamente compõem as duas faces do direito público – a interna e a externa.
A história dos direitos humanos – direitos fundamentais de três gerações sucessivas e cumulativas, a saber, direitos individuais, direitos sociais e direitos difusos – é a história mesma da liberdade moderna, da limitação e separação dos poderes, da criação de mecanismos que auxiliam o homem a concretizar valores cuja identidade jaz primeiro da sociedade e nas esferas do poder judicial.
Quando se faz do Estado unicamente um fim, privando-o de sua tarefa legítima de coadjutor eficaz da libertação das dependências, para erigi-lo em nascente e estuário de todos os valores, é que se perde de forma irremediável a faculdade de discernir os grandes momentos da trajetória libertadora, com que as idéias se afirmaram e os princípios prevalecem; mas prevalecem em ordem a fazer do homem menos sujeito à coação das regras compulsivas e menos atado ao império das necessidades, sempre responsáveis, no ampliado universo da vida social, por uma diminuição dos espaços livres e autodeterminativos da pessoa humana.
Se bem examinarmos a evolução dos documentos declaratórios dos direitos humanos desde o século XVIII aos nossos dias, verificaremos talvez, com certa surpresa, que há uma constante e um alógica nos sucessivos graus históricos de sua qualificação.
Do campo filosófico ao campo jurídico, do direito natural ao direito positivo, das abstrações do contrato social aos códigos, às constituições e aos tratados, depois de cursar a via revolucionária, essas Declarações fizeram vingar um gênero de sociedade democrática e consensual, que reconhece a participação dos governados na formação da vontade geral e governante. Ergueram-se desse modo conceitos novos de legitimação da autoridade, dos quais o mais importante vem a ser aquele que engendrou a chamada teoria do poder constituinte. Mas poder constituinte cuja titularidade nos sistemas democráticos há de pertencer sempre à Nação e ao Povo, portanto, a soberania política do cidadão.
Os direitos humanos, tomados pelas bases de sua existencialidade primária, são assim os aferidores da legitimação de todos os poderes sociais, políticos e individuais. Onde quer que eles padeçam lesão, a sociedade se acha enferma. Uma crise desses direitos acaba sendo também uma crise do poder em toda sociedade democraticamente organizada. 
2.3.7 DECLARAÇÃO DE DIREITOS NAS CONSTITUIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
A questão técnica que se apresenta na evolução das declarações de direitos foi a de assegurar sua efetividade através de um conjunto de meios e recursos jurídicos, que genericamente passaram a chamar-se garantias constitucionais dos direitos fundamentais.
Tal exigência técnica, no entanto, determinou que o reconhecimento desses direitos se fizesse segundo formulação jurídica mais caracterizadamente positiva, mediante sua inscrição no texto das constituições, visto que as declarações de direitos careciam de força e de mecanismos jurídicos que lhe imprimissem eficácia bastante.
Biscaretti di Ruffia denotou este fenômeno com as seguintes palavras: No curso do século XIX, a enunciação de direitos e deveres dos indivíduos sofreu uma dupla transformação: passou para o próprio texto das Constituições, imprimindo às suas fórmulas, até então abstratas, o caráter concreto de normas jurídicas positivas (ainda que de conteúdo geral e de princípio), válidas para os indivíduos dos respectivos Estados (dita subjetivação), e, não raro, integrou-se também de outras normas destinadas a atuar uma completa e pormenorizada regulamentação jurídica de seus pontos mais delicados, de modo a não requerer ulteriormente, a tal propósito, a intervenção do legislador ordinário (ou seja, sua positivação).
Acrescenta que essa dupla transformação encontrou a primeira e integral afirmação na Constituição Belga de 1831, cujo Titulo II efetivamente inscreve os direitos fundamentais dos belgas. Daí por diante, as constituições liberais democráticas passaram a trazer um capítulo em que são subjetivados e positivados os direitos fundamentais do homem e da respectiva vinculação estatal.
Cumpre, no entanto, observar que Biscaretti di Ruffia não conhece a Constituição do Império do Brasil, de 1824, se não verificaria que a primazia da subjetivação e da positivação dos direitos do homem não cabe à Constituição Belga, mas a ela, que os enuncia, com as garantias pertinentes, em seu art. 179, cujo caput é bem característica, quando declara que a inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte (segue-se o rol de direitos em 35 incisos).
Além dessa transformação, deu-se outra, como já observamos, com o surgimento de um capítulo sobre os direitos econômicos e sociais do homem, cuja positivação constitucional, mais ou menos eficaz, importa em conferir nova dimensão e novosentido aos direitos individuais tradicionais.
2.3.8 DECLARAÇÕES DE DIREITOS NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
As constituições brasileiras sempre inscreveram uma declaração dos direitos do homem brasileiro e estrangeiro residente no país. Já observamos, antes, até, que a primeira constituição, no mundo, a subjetivar e positivar os direitos do homem, dando-lhe concreção jurídica efetiva, foi a do império do Brasil, de 1824, anterior, portanto, à da Bélgica de 1831, a que se tem dado tal primazia.
Constituição de 1824 (Constituição do Império) - outorgada: consignava quase integralmente os direitos individuais,com as garantias pertinentes, em seu art. 179, cujo caput é bem característico, quando declara que a inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte (segue-se o rol de direitos e garantias individuais em 35 incisos).
Constituição de 1891 - promulgada: abria a Seção II do Título IV com uma Declaração de Direitos, onde assegurava a brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança e à propriedade, acrescentando algumas garantias funcionais e militares e indicando que esta enumeração não era exaustiva, regra que passou para as Constituições subsequentes.
Constituição de 1934 - promulgada: trouxe não só os direitos e garantias individuais como os direitos de nacionalidade e políticos. Incorporou também o título Da Ordem Econômica e Social, na esteira das Constituições de pós-Primeira Guerra Mundial, reconhecendo os direitos econômicos e sociais do homem, ainda que de maneira pouco eficaz
Constituição de 1937 – outorgada - inspirada no modelo fascista, extremamente autoritária – Getúlio Vargas: ditatorial na forma, no conteúdo e na aplicação, com integral desrespeito aos direitos homem, especialmente no concernente às relações políticas.
Constituição de 1946 - promulgada: trouxe o Título IV sobre a Declaração dos Direitos, com dois capítulos: um sobre a Nacionalidade e a Cidadania e outro sobre os Direitos e Garantias Individuais. Incluiu o direito à vida.
Constituição de 1967 e de 1969 – outorgada - 1967 (ditadura militar) e a EC 1/6.: assegurou os direitos concernentes à visa, à liberdade, à segurança individual e a propriedade, bem como os direitos econômicos e sociais.
Constituição de 1988 - promulgada: adota técnicas mais modernas. Abre-se com um título sobre os princípios fundamentais, e logo introduz o Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, nele incluindo os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Cap. I), os Direitos Sociais (Cap. II), os Direitos à Nacionalidade (Cap. III), os Direitos Políticos (Cap. IV) e os Partidos Políticos (Cap. V), além do Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira, e especialmente ao Título VIII – Da Ordem Social, onde localizam conteúdos dos direitos sociais referidos o Cap. II do Título II (art. 6°).
2.4 A TEORIA DA CRISE POLÍTICA (CRISE CONSTITUINTE) E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O problema dos direitos humanos fundamentais no século XX, sobretudo na sociedade brasileira, não deve ficar de uma teoria da crise política, cuja análise se faz imprescindível para podermos sondar o alcance e extensão das dificuldades que agora o País atravessa.
Com efeito, a crise política de uma nação pode percorrer três distintos graus nesta escala: em primeiro lugar a crise do Executivo, que normalmente chega ao seu termo quando se muda a chefia de governo ou advém, de maneira bem sucedida, uma nova política; a seguir, crise constitucional – de solução ainda possível – mediante uma Emenda à Constituição ou, nos casos mais graves e excepcionais, por via da reforma total ou da promulgação doutra lei maior; enfim, se converte ela em crise constituinte, a de terceiro e derradeiro grau quando deixa de ser tão somente a crise de um Governo ou de uma Constituição para se transformar em crise das instituições ou da Sociedade mesma, em seus últimos fundamentos.
Crise do Executivo: quando Getúlio Vargas entrou em conflito com o Congresso e, não podendo resolver a pend6encia, suicidou-se.
Crise Constitucional: a renúncia de Jânio Quadros e a introdução do Parlamentarismo do Ato Adicional. Já não se tratava então de substituir um Governo, mas de alterar a própria forma de Governo, numa experiência, alias, malograda.
Crise Constituinte: finalmente, não se resolvendo a crise constitucional, mediante o retorno ao presidencialismo, cedo ela se converteu na mais funesta de todas as crises: a crise constituinte, que recai sobre o Governo, a Constituição e a Sociedade.
Nessa crise submergimos durante todo o período autoritário em que o País se governou por Atos Institucionais e decretos-leis.
Toda vês que os desesperos coletivos somam os infortúnios gerados pelas três crises,produz-se a desmoralização política da sociedade e os direitos fundamentais padecem muito com isso.
2.5 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL E A PROTEÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL
Basta, pois, que se atente na índole dos direitos sociais para compreender que o problema da legitimidade é hoje crucial, não podendo ser eficazes as Constituições em cuja moldura jurídica ele não se resolve em harmonia com as aspirações do consenso.
O coração das Constituições estáveis se localiza como órgão de continuidade nas disposições do processo legislativo de reforma constitucional. A parte intangível do ordenamento que se furta à intervenção reformista é também de capital importância. Guardamos a esse respeito uma tradição de rigidez presente a cada texto constitucional do período republicano.
Mas uma novidade da maior importância trouxe, de último, a nova Constituição: os direitos e garantias individuais recebem ali uma proteção suprema, vedando-se ao poder constituinte derivado a introdução que tenda a suprimi-los.
A garantia se robustece por igual com dispositivos idênticos tocante à separação de poderes, pois sem esta não há liberdade nem direitos humanos debaixo da proteção constitucional. O constituinte brasileiro deu assim um passo significativo de cunho formal, que coloca fora de deliberação as propostas de emenda tendentes a abolir aqueles direitos.
Ocorre, porém, que o avanço teria muita mais profundidade se abrangesse também o substrato social da Constituição, pelo menos os direitos sociais que, desde a Carta de 1934, compõem a base teórica e positiva de nossa modalidade de Estado Social, os quais, sem retrocesso, têm sido consagrados pela evolução do constitucionalismo brasileiro durante os últimos cinquenta anos.
É obvio, por conseguinte, que uma conquista dessa envergadura faria constitucionalmente irrevogáveis os grandes progressos já obtidos para a construção da sociedade justa, livre e igualitária a que todos aspiram.
A Declaração Universal dos Direitos do homem é o estatuto de liberdade de todos os povos, a Constituição das Nações Unidas, a carta magna das minorias oprimidas, o código das nacionalidade, a esperança, enfim, de promover, sem distinção de raça, sexo e religião, o respeito à dignidade do ser humano.
A Declaração será porém um texto meramente romântico de bons propósitos e louvável retórica, se os países signatários da Carta não se aparelharem de meios e órgãos com que cumprir regras estabelecidas naquele documento de proteção dos direitos fundamentais e sobretudo produzir uma consciência nacional de que tais direitos são invioláveis.
3. DIREITOS FUNDAMENTAIS E A CONSTITUIÇÃO DE 1988: A POSIÇÃO E O SIGNIFICADO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (José Afonso da Silva – 183 a 184)
Destaca-se que o Título II da Constituição de 1988 trata, em cinco capítulos (arts. 5° ao 17), dos Direitos e Garantias Fundamentais assegurados em nossa Federação pelo nosso ordenamento jurídico.
As diferentes categorias de direitos fundamentais foram assim agrupadas: direitos individuais e coletivos (CapítuloI), direitos sociais (Capítulo II), direitos de nacionalidade (Capítulo III), direitos políticos (Capítulo IV), e direitos relacionados à participação em partidos políticos e à sua existência e organização (Capítulo V).
José Afonso da Silva, expõe que com base na Constituição vigente, podemos classificar os direitos fundamentais em cinco grupos:
Direitos individuais (art. 5°);
Direitos à nacionalidade (art. 12);
Direitos políticos (arts. 14 a 17);
Direitos sociais (arts. 6° e 193 e ss.);
Direitos coletivos (art. 5°);
Direitos solidários (art. 3° e 225) – uma nova classe que se forma, direitos fundamentais do gênero humano (direito à paz, ao desenvolvimento, comunicação, meio ambiente, patrimônio comum da humanidade).
Esta lista é exemplificativa. Não exaure o catálogo de direitos e garantias fundamentais, que demandam pesquisa na Constituição de 1988, ultrapassando, inclusive, o âmbito do art. 5°, como já decidiu o STF.
A Constituição não inclui os direitos fundados nas relações econômicas entre os direitos fundamentais sociais. Mas os direitos econômicos existem. Teremos que reservar-lhes espaço, quando tratarmos da ordem econômica e financeira, estabelecida nos arts. 170 a 192.
Cumpre observar que a classificação acima não esgota o tema, mas simplesmente apresenta o agrupamento geral, pois que cada classe comporta subclasses que serão oportunamente examinadas.
Por fim, o elenco do art. 5° é exemplificativo, pois os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil for parte (art. 5°, §2°, da CF).
3.1 A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A eficácia e aplicabilidade das normas que contem os direitos fundamentais dependem muito de seu enunciado, pois se trata de assunto que está em função do Direito Positivo. A Constituição é expressa sobre o assunto, quando estatui que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Mas certo é que isso não resolve todas as questões, porque a Constituição mesma faz depender de legislação ulterior a aplicabilidade de algumas normas definidoras de direitos sociais, enquadrados dentre os fundamentais.
Por regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitos econômicos e sociais tendem a sê-lo também, na Constituição vigente, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade indireta, mas são tão jurídicas quanto as outras e exercem relevante função porque, quanto mais se aperfeiçoam e adquirem eficácia mais ampla, mais se tornam garantias da democracia e do efetivo exercício dos demais direitos fundamentais.
3.2 OS DIREITOS DE DEFESA E OS DIREITOS PRESTACIONAIS� 
É clássica na teoria constitucional a divisão dos direitos fundamentais em direitos de defesa e direitos a prestações. Enquanto aqueles importam em um dever de abstenção do Estado, excluindo a ingerência deste na esfera privada, os direitos a prestações caracterizam-se, principalmente, por exigirem uma intervenção do Estado, uma ação estatal, que pode significar tanto o dever de elaboração de normas jurídicas – direitos a prestações jurídicas, como o dever de fornecer determinadas prestações materiais – direitos a prestações em sentido estrito. 
Esta dicotomia, no entanto, tem sido objeto de matizações e reexame, porquanto, além de os direitos sociais também apresentarem uma dimensão negativa, pois, como adverte Ingo Sarlet (1998), hão de respeitar a autonomia individual, não podem, assim, ser impostos ao titular em potencial do direito os direitos de defesa, exigem, direta ou indiretamente, uma prestação estatal. Mesmo porque, hodiernamente, a indevida ingerência nos denominados direitos de primeira geração dá-se muito mais por parte de outros centros de poder que não o poder público, como econômico, meios de comunicação, digitais, virtuais, exigindo, assim, a intervenção estatal. Por fim, tem-se ressaltado que todos os direitos – e não apenas os direitos a prestações – possuem custos financeiros.
Tal matização e reexame são de suma importância, porquanto a mera dicotomia abstenção versus atuação estatal tem conduzido a conclusões apressadas e não raro, distorcidas quanto à efetividade dos direitos sociais. Com efeito, parte da doutrina tem se utilizado da referida contraposição para, ressaltando o custo financeiro dos direitos prestacionais e sua decisiva dimensão econômica, defender que eles, em razão de serem conditional opportunities, não possuem a natureza de direitos. Ou então que são satisfeitos segundo as conjunturas econômicas, conforme as disponibilidades do momento, devendo, portanto, ser entregues à conformação do legislador ordinário. 
Como veremos, mais adiante, a repercussão econômica não pode conduzir à negativa, pura e simples, que os direitos fundamentais sociais possuam a natureza de direitos ou que devam ser abandonados à liberdade de conformação do legislador ordinário ou à discricionariedade do agente estatal, impedindo, assim, a possibilidade de qualquer controle.
3.3 DIRETOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (José Afonso da Silva – 190 a 195)
3.3.1 CONCEITO DE DIREITO INDIVIDUAL
Direitos individuais são aqueles que reconhecem autonomia aos particulares, garantindo iniciativa e independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado, por isso são reconhecidos como direitos individuais, como é tradição do Direito Constitucional brasileiro (art. 5°, da CF), e ainda por liberdades civis e liberdades-autonomia (liberdade, igualdade, segurança, propriedade).
3.3.2 DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
Viu-se que o art. 5°, da CF assegura os direitos ali indicados tanto aos brasileiros como aos estrangeiros residentes no País.
A propósito, cabem três indagações: Sendo direitos e garantias individuais, pessoas jurídicas não os auferem a nenhum? Aos estrangeiros residentes só se reconhecem esses direitos e garantias constantes daquele artigo? Os estrangeiros não residentes, mesmo estando no País, estão excluídos de incid6enca de qualquer deles ou delas?
Sendo direitos e garantias individuais, pessoas jurídicas não os auferem a nenhum?
O princípio é o de que os direitos e garantias assegurados nos incisos do art. 5°, da CF se dirigem às pessoas físicas, ao indivíduo, e não às pessoas jurídicas. Assim pensava Pontes de Miranda, em comentário ao art. 153 da Constituição de 1967/69, conquanto em outra passagem de sua obra diga que determinado direito ampara também as pessoas jurídicas.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, já em face da Constituição vigente, admitira que beneficiam também pessoas jurídicas brasileiras e estrangeiras que atuem no Brasil. O princípio é o mencionado acima, mas a pesquisa no texto constitucional mostra que vários dos direitos arrolados nos incisos do art. 5°, da CF se estendem as pessoas jurídicas, tais como o princípio da isonomia, o princípio da legalidade, o direito de resposta, o direito de propriedade, o sigilo da correspondência e das comunicações em geral, a inviolabilidade do domicílio, a garantia do direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, assim como a proteção jurisdicional e o direito de impetrar mandado de segurança. Há até direito que é próprio de pessoa jurídica, como o direito à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos (logotipos, fantasias, p. ex.). Mas as empresas de capital estrangeiro, incluindo as multinacionais, não se beneficiam desses direitos e garantias constitucionais individuais, salvo, no que tange a marcas, nomes e signos, proteção de direito internacional.
 
Aos estrangeiros residentes só se reconhecem esses direitos e garantias constantes daquele artigo?Os estrangeiros residentes não tem só os direitos arrolados no art. 5°, da CF apesar de somente ali aparecerem como destinatários de direitos constitucionais. Cabem-lhe os direitos sociais, especialmente os trabalhistas. Ao outorgar direitos aos trabalhadores rurais e urbanos, indubitavelmente a Constituição alberga também o trabalhador estrangeiro residente no País, e assim se há de entender em relação aos outros direitos sociais.
Os estrangeiros não residentes, mesmo estando no País, estão excluídos de incid6enca de qualquer deles ou delas?
A posição do estrangeiro não residente em face dos direitos e garantias assegurados no art. 5°, da CF não é fácil de delinear, tendo em vista que aí só se mencionam os brasileiros e estrangeiros residentes no País.
Se se entender o texto do art. 5°, caput, da CF ao pé da letra, o estrangeiro não residente não gozará de nenhum dos direitos e garantias nele enunciados.
Todavia, uma das características das declarações constitucionais de direitos 
3.3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
José Afonso da Silva classifica os direitos individuais nos seguintes grupos: * DIREITO À VIDA; * DIREITO À INTIMIDADE; * DIREITO DE IGUALDADE; * DIREITO DE LIBERDADE; * DIREITO DE PROPRIEDADE.
3.3.4 DIREITOS COLETIVOS
A rubrica do Capítulo I do Título II anuncia uma especial categoria dos direitos fundamentais; os coletivos, mas nada mais diz a seu respeito. Onde estão, nos incisos do artigo 5°, esses direitos coletivos?
Muitos destes direitos coletivos encontram-se dispostos ao longo do texto constitucional, caracterizados, na maior parte, como direitos sociais, como a liberdade de associação profissional e sindical (arts. 8° e 37, VI), o direito de greve (art. 9° e 37, VII), o direito de participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados de órgãos públicos (art. 10), a representação de empregados juntos aos empregadores (art. 11), o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225); ou caracterizados como instituto de democracia direta nos arts. 14, I, II e III, 27, § 4°, 29, XIII, e 61, § 2°; ou, ainda, como instituto de fiscalização financeira, no art. 31, § 3°. Apenas as liberdades de reunião e de associação (art. 5°, XVI a XX), o direito de entidades associativas de representar seus filiados (art. 5°, XXI), e os direitos de receber informações de interesse coletivo (art. 5°, XXXIII) e de petição (art. 5°, XXXIV, a) restaram subordinados à rubrica dos direitos coletivos. Alguns deles não são propriamente direitos coletivos, mas direitos individuais de expressão coletiva, como as liberdades de reunião e de associação.
3.3.5 DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
A rubrica do artigo agora menciona também deveres individuais e coletivos. Os conservadores da Constituinte clamaram mais pelos deveres que pelos direitos. Sempre reclamaram que a Constituição só estava outorgando direitos e perguntavam onde estariam os deveres? Postulavam, ate que se introduzissem aí deveres individuais e coletivos. Não era isso que queriam, mais uma declaração constitucional de deveres, que se impusessem ao povo. Ora, uma constituição não tem que fazer declaração de deveres paralela à declaração de direitos. Os deveres decorrem destes na medida em que cada titular de direitos individuais tem o dever de reconhecer e respeitar igual direito do outro, bem como o dever de comportar-se, nas relações interhumanas, com postura democrática, compreendendo que a dignidade da pessoa humana do próximo deve ser exaltada como sua própria.
Na verdade, os deveres que decorrem dos incisos do art. 5°, tem como destinatários mais o Poder Público e seus agentes em qualquer nível do que os indivíduos em particular. A inviolabilidade dos direitos assegurados impõe deveres a todos, mas especialmente às autoridades e detentores de poder.
3.3.6 DO DIREITO À VIDA
No dizer de Jacques Robert: O respeito à vida humana é a um tempo uma das maiores idéias de nossa civilização e o primeiro princípio da moral médica. É nele que repousa a condenação do aborto, do erro ou da imprudência terapêutica, a não aceitação do suicídio. Ninguém terá o direito de dispor da própria vida, a fortiori da de outrem e, até o presente, o feto é considerado como um ser humano.
O direito à vida, previsto de forma genérica do art. 5°, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, privado da vida, portanto, o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna.
Em decorrência de seu primeiro desdobramento (direito de não ser privado da vida de modo artificial), encontramos a proibição da pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX. Assim, mesmo por emenda constitucional é vedada a instituição da pena de ponte no Brasil, sob pena de se ferir a cláusula pétrea do art. 60, § 4°, IC, da CF).
Por fim, o segundo desdobramento, ou seja, o direito de uma vida digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano e proibindo qualquer tratamento indigno, como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
Direito à existência
Direito à integridade física
Direito à integridade moral
Pena de morte
Eutanásia
Aborto
Tortura
3.3.7 DOS DIREITOS DE LIBERDADE
O direito de liberdade, de forma ampla e genérica, é afirmado no caput do artigo 5° da CF de 1988. Trata-se da própria essência dos direitos fundamentais de primeira geração (por isso mesmo também denominados liberdades públicas).
A idéia de liberdade de atuação do indivíduo perante o Estado traduz o cerne de ideologia liberal, de que resultaram as revoluções do final do século XVIII e início do XIX. A doutrina essencial do estado liberal exigia a redução da esfera de atuação do Estado e de sua ingerência nos negócios privados a um mínimo absolutamente necessário.
Já se ressaltou que, do lema da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade -, foi sem dúvida a liberdade o axioma mais encarecido originalmente pelo Liberalismo. Como ideologia da classe burguesa triunfante sobre o Absolutismo, interessava mais aos capitalistas de então a defesa da liberdade negocial do que uma atuação tendente à obtenção de uma igualdade material, efetiva, no seio da sociedade.
A liberdade assegurada no caput do art. 5° deve ser tomada em sua mais ampla acepção. Compreende não só a liberdade física, de locomoção,mas também a liberdade de crença, de convicções, de expressão de pensamento, de reunião, de associação, etc.
Sendo os direitos de primeira geração direitos de liberdade, resulta que grande parte dos incisos do artigo 5° da Constituição de 1988 refletem desdobramento desse princípio, como veremos passo à frente.
3.3.8 DOS DIREITOS DE IGUALDADE
A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia.
A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico. Dessa forma, o que se veda são as diferenciações arbitrárias, as discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual nos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidades, somente se tendo por lesado o princípio constitucional quando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito, sem que se esqueça, porém, como ressalvado por Fábio Konder Comparato, que as chamadas liberdades materiais tem por objetivo a igualdade de condições sociais, meta a ser alcançada, não só por meio de leis, mas também pela aplicação de políticas ou programas de ação estatal.
O princípio da igualdade consagrado pela Constituição opera em dois planos distintos:
De uma parte, frente ao legislador ou o próprio executivo, na edição, respectivamente, de leis, atosnormativos e medidas provisórios, impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que encontram-se em situações idênticas.
Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, autoridades públicas, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social.
Todavia, os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a Constituição Federal quando verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional o fim visado.
Importante, igualmente, apontar a tríplice finalidade limitadora do princípio da igualdade: limitação ao legislador, ao intérprete/autoridade pública e ao particular.
O legislador, no exercício de sua função constitucional de edição normativa, não poderá afastar-se do princípio da igualdade, sob pena de flagrante inconstitucionalidade. Assim, normas que criem diferenciações abusivas, arbitrárias, sem qualquer finalidade lícita, serão incompatíveis com a Constituição Federal.
O intérprete/autoridade pública não poderá aplicar as leis e atos normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades arbitrárias. Ressalta-se que, em especial o Poder Judiciário, no exercício de sua função jurisdicional de dizer o direito ao caso concreto, deverá utilizar os mecanismos constitucionais no sentido de dar uma interpretação única e igualitária às normas jurídicas. Nesse sentido a inserção do legislador constituinte ao prever o recurso extraordinário ao STF e o recurso especial ao STJ.
Princípio da igualdade e limitação de idade em concurso público: Sumula 683 do STF;
Tratamento isonômico entre homens e mulheres: aceitável somente quando a finalidade pretendida for atenuar os desníveis de tratamento em razão do sexo.
Critério para admissão em concurso público
Critério para admissão de emprego
Proibição de racismo
Proibição de diferença de salários
3.3.9 DO DIREITO DE PROPRIEDADE
O direito de propriedade, tendo em vista o fato de nossa Constituição consagrar o Brasil como um Estado capitalista, encontra-se assegurado já no caput do art. 5°, ao lado dos outros direitos individuais mais elementares, como a vida, a liberdade e a igualdade.
A par disso, o inciso XXII do art. 5°, a fim de estremar de dúvida o seu caráter de direito autônomo (e não de mera função), peremptoriamente declara: é garantido o direito de propriedade. Da mesma forma, o inciso II do art. 170 enumera como princípio fundamental da ordem econômica do País a propriedade privada.
A propriedade privada era considerada um dos mais importantes direitos fundamentais da época do Liberalismo Clássico. Era o direito de propriedade, então, visto como um direito absoluto – consubstanciado nos poderes de usar, fruir, dispor da coisa, bem como reivindica-la de quem indevidamente possuísse – e oponível a todas as demais pessoas que de alguma forma não respeitassem o domínio do proprietário.
No âmbito do nosso direito constitucional positivo, não mais é cabível essa concepção da propriedade como um direito absoluto. Deveras, nossa Constituição consagra o Brasil como um Estado Democrático Social de Direito, o que implica afirmar que também a propriedade deve atende a uma função social. Essa exigência está explicitada logo no inciso XXIII do art. 5°, e reiterada no inciso III do art. 170 (que estabelece os princípios fundamentais de nossa ordem econômica).
Por esse motivo, ao lado dos direitos assegurados ao proprietário, o ordenamento constitucional impõe a ele deveres, essencialmente sintetizáveis como dever de uso adequado da propriedade (mormente no que concerne a sua exploração econômica). Assim, não pode o proprietário de terreno urbano mantê-lo não edificado u subutilizado (CF, art. 182, § 4°), sob pena de sofrer severas sanções administrativas; não pode o proprietário de imóvel rural mantê-lo improdutivo, devendo atender as condições estabelecidas no art. 186 da CF. O desatendimento da função social da propriedade pode dar ensejo a um das formas de intervenção do Estado no domínio privado: a desapropriação (nesse caso dita desapropriação por interesse social).
Além disso, o direito de propriedade deverá ceder quando isso for necessário à tutela do interesse público, como ocorre nas hipótese de desapropriação por utilidade ou necessidade pública, de requisição administrativa (art. 5°, XXV), de requisição de bens no estado de sítio (art. 139, inciso VII). Ainda, quando a utilização da propriedade for feita de forma altamente lesiva à sociedade, o Estado poderá impor sua perda, tanto na esfera penal, quanto na administrativa (CF, art. 5°, XLVI, alínea b; CF, art. 243).
Propriedade de bens corpóreos
Propriedade de bens incorporeis
Direitos autorais – art. 5°, XXVII e XXVIII
Propriedade industrial - – art. 5°, XXIX
Direito de herança - – art. 5°, XXX
Desapropriação – art. 5°, XXIV
Requisição Administrativa – art. 5°, XXV
3.4 DIREITOS SOCIAIS#
Os direitos sociais, indubitavelmente, são direitos fundamentais dos homens e caracterizam-se como direitos constitucionalmente previstos a ações positivas por parte do Estado, viabilizando, assim, uma melhor condição de vida as pessoas mais necessitadas, buscado a concretização da igualdade material, tão almejada em um Estado Democrático de Direito.
Neste viés, cumpre transcrever o mestre José Afonso da Silva:
Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições materiais mais propicias ao auferimento da igualdade real, o que, por sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade.�
Em outros termos, aludidos direitos podem ser conceituados como liberdades positivas que devem obrigatoriamente ser observadas em um Estado Social de Direito, objetivando uma melhora gradativa nas condições de vida dos hipossuficientes, concretizando, assim, a igualdade social.
A Constituição da República Federativa do Brasil preceitua acerca dos direitos sociais, inicialmente em seu artigo 6º, da seguinte forma:
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. �
A amplitude da mencionada norma constitucional esclarece que os direitos sociais não são somente os enunciados nos artigos 7º, 8º, 9º, 10 e 11 da Constituição Federal, também podendo ser localizados, no Título VIII, o qual é denominado Da Ordem Social, artigos 193 e seguintes da Constituição Federal.
 
3.4.1 DOS DIREITOS DE SEGURIDADE SOCIAL – SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA
A Constituição Federal define a seguridade social como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relacionados à saúde, à previdência e à assistência social (art. 194), ao estabelecer seus objetivos (art. 194, parágrafo único) e o sistema de seu financiamento (art. 195). Essa concepção imanta os preceitos sobre os direitos relativos à seguridade, que hão de ser interpretados segundo os valores que informam seus objetivos e princípios.
DIREITO À SAÚDE: é espantoso como um bem extraordinariamente relevante à vida humana só agora é elevado à condição de direito fundamental do homem. É há de informar-se pelo princípio de que o direito igual à vida de todos os seres humanos significa também que, nos casos de doença, cada um tem o direito a um tratamento condigno de acordo com o estado atual da ciência médica, independentemente de sua situação econômica, sob pena de não ter muito valor sua consignação em normas constitucionais.
A Constituição Federal de 1988 declara ser a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,

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