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Ministro Celso de Mello 25 ANOS NO STF ISBN 978-85-61435-46-2 M in is tro C el so d e M el lo 25 A N O S N O S TF 1 Ministro Celso de Mello 25 ANOS NO STF Brasília, agosto de 2014 Secretaria-Geral da Presidência Flávia Beatriz Eckhardt da Silva Secretaria de Documentação Janeth Aparecida Dias de Melo Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência Juliana Viana Cardoso Redação: Janeth Aparecida Dias de Melo, Viviane Monici, Juliana Viana Cardoso, Janaína Vitória de Santana, Rochelle Quito e Ana Paula Alencar Produção editorial: Rochelle Quito Revisão: Amélia Lopes Dias de Araújo, Mariana Sanmartin de Mello, Patrícia Keico Honda Daher, Patrício Coelho Noronha, Rochelle Quito e Tatiana Viana Fraga Capa e projeto gráfico: Eduardo Franco Dias Diagramação: Camila Penha Soares, Eduardo Franco Dias e Neir dos Reis Lima e Silva Fotografias: Secretaria de Comunicação do Supremo Tribunal Federal; Secretaria de Documentação do Supremo Tribunal Federal; Agência Senado/Márcia Kalume (p. 125, primeira imagem) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Supremo Tribunal Federal — Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal) Ministro Celso de Mello : 25 anos no STF / Supremo Tribunal Federal. — Brasília : STF, 2014. 148 p. : il., fots. 1. Ministro do Supremo Tribunal Federal, homenagem. 2. Ministro do Supremo Tribunal Federal, biografia. 3. Tribunal supremo, jurisprudência. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). II. Mello Filho, José Celso de, 1945-. CDD 341.4191 Ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes (25-6-2003), Presidente Ministro Enrique Ricardo Lewandowski (16-3-2006), Vice-Presidente Ministro José Celso de Mello Filho (17-8-1989), Decano Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello (13-6-1990) Ministro Gilmar Ferreira Mendes (20-6-2002) Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha (21-6-2006) Ministro José Antonio Dias Toffoli (23-10-2009) Ministro Luiz Fux (3-3-2011) Ministra Rosa Maria Weber Candiota da Rosa (19-12-2011) Ministro Teori Albino Zavascki (29-11-2012) Ministro Luís Roberto Barroso (26-6-2013) SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 5 APRESENTAÇÃO Em agosto de 2014, o Ministro Celso de Mello completa 25 anos de efetivo exercício de suas atividades neste Supremo Tribunal Federal. Por ocasião de tão expressiva data, publica-se a presente obra, que nasce imbuída da insigne missão de ressaltar a postura e a atuação desse magistrado, que tanto tem dig- nificado os trabalhos da mais alta Corte do País. A homenagem, embora baseada em cuidadoso estudo, não tem a pretensão de estar à altura da tra- jetória trilhada pelo Ministro Celso de Mello ao longo de significativo período da história recente do Poder Judiciário no Brasil. Na verdade, não há homenagem que possa fazer jus a jurista de tão respeitável envergadura. Este livro apenas concretiza o desejo de registrar alguns pontos marcantes da carreira ímpar do Ministro Celso de Mello, pautada pela dedicação, pela sabedoria e pela vocação para oferecer jurisdição efetiva a todos que buscam amparo no Poder Judiciário brasileiro. Dedica-se, na obra, espaço para transcrição de trechos selecionados de algumas de suas didáticas decisões, que ecoam e ecoarão como influência marcante na presente e nas futuras gerações. Registrar essas notáveis manifestações é uma forma de reafirmar a crença de que o pensamento do Ministro jamais se perderá. Ainda sobre seus pronunciamentos nesta Corte, é possível declarar que o Ministro Celso de Mello tem o domínio da palavra, que desempenha seu ofício sempre com segurança — fruto de sua convicção — e que desafia o tempo, mostrando-se, não raro, um homem à frente dele. Não constitui exagero afirmar, ainda, que, na profundidade dedicada pelo Ministro a todas as questões, encontra-se abrigo seguro que conforta a cada um que procura esta Casa de Justiça. É imperioso deixar neste trabalho, também, o justo registro sobre a lhaneza do Ministro Celso de Mello no dia a dia; sobre a cordialidade com que trata a todos, sem nenhuma distinção; sobre as inter- venções que faz, sempre tão pertinentes e conciliadoras. Todas essas posturas são próprias do Ministro, testemunhadas e reverenciadas por todos que lhe acompanham a rotina. Sobre a elogiada produção literária do Ministro Celso de Mello, é de se destacar o livro “Constituição Federal Anotada”, há muito esgotado nas livrarias do País, o que dá a dimensão de seu valor para os lei- tores. O estudo aprofundado da Carta Magna vigente à época — assim como a construção doutrinária do Ministro — alcançou o reconhecimento de renomados mestres do Direito. É importante salientar, no entanto, que, ainda que se ocupassem todos os espaços deste livro, não seria possível retratar, com justiça, a edificação profissional desse magistrado, que tanto honra esta Suprema Corte, na medida em que faz concretizar a precípua missão por ela assumida, a de velar pela integridade e pelo cumprimento da Constituição Federal. Faz-se necessário aceitar, portanto, que qualquer tentativa de homenagear o Ministro Celso de Mello sempre resultará aquém do merecimento do Homem e do Juiz. A esta obra cabe simplesmente contribuir, sem pretensão de alcançar o ineditismo, com singelo registro de alguns momentos da reconhecida atuação profissional do Ministro, desempenhada com a nítida postura de cidadão da República. Nesse contexto, cabe tomar de empréstimo o pronunciamento do então jovem promotor que, há 37 anos, já demonstrava o mesmo entusiasmo que ainda hoje se nota, com idêntica intensidade, na atuação do Decano Ministro Celso de Mello. As palavras proferidas por ele na inauguração do fórum de Osasco parecem atuais, a traduzir estado de espírito que, não há dúvida, ainda se mostra presente em cada decisão prolatada pelo Ministro em seu ofício no Supremo: Sinta-se neste Fórum a presença física da Lei e do Direito, sinta-se nele o abrigo seguro de todos que são perse- guidos pela violência. Entendemos viver esta Casa sob o princípio de que todos são iguais perante a Lei. Iguais governantes como governados, iguais ricos como pobres, iguais fortes como fracos. Passados tantos anos, o Ministro ainda se mostra fiel a este compromisso: o de oferecer justiça a to- dos, sem distinção. O discurso não se perdeu no tempo. Tampouco o pensamento por trás dele deixou de permanecer atual. Neste Jubileu de Prata, abrem-se as portas para a expressão magistral e para a trajetória irrepreensível do Ministro Celso de Mello. Sua Excelência segue com simplicidade seu destino e desenvolve, com a dedicação de sempre e a maestria dos sábios, as suas relevantes atribuições, deixando como legado lições que, por exemplares, serão sempre apreciadas e respeitadas. Secretaria de Documentação, agosto de 2014 Jubileu de Prata do Ministro CELSO DE MELLO BIOGRAFIA 10 José Celso de Mello Filho, filho do Prof. José Celso de Mello e da Prof.ª Maria Zenaide de Almeida Mello, nasceu em Tatuí, Estado de São Paulo, em 1º de novembro de 1945. Separado, tem duas filhas: Ana Laura Campos de Mello e Sílvia Renata Campos de Mello. Fez, em Tatuí/SP, na Escola Modelo e no Instituto de Educa- ção Barão de Suruí, os cursos primário e secundário. Comple- tou o curso colegial nos Estados Unidos da América, onde se graduou na Robert E. Lee Senior High School, em Jacksonville, Flórida (1963/1964). Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a tradicional Facul- dade de Direito do Largo de São Francisco (Turma de 1969), fundada em 11 de agosto de 1827. Ingressou no Ministério Público do Estado de São Paulo, em 1970, mediante concurso público de provas e títulos no qual foi classificado em primeiro lugar, permanecendo, nessa Institui- ção, até 1989, quando foi nomeadopara o Supremo Tribunal Federal. Exerceu os cargos de Promotor de Justiça e Curador- -Geral nas Comarcas de Santos, Osasco, São José dos Campos, Cândido Mota, Palmital, Garça e São Paulo. Foi, ainda, Curador Fiscal de Massas Falidas, Curador de Resíduos, Curador Judicial de Ausentes e Incapazes, Curador de Fundações, Curador de Registros Públicos, Curador de Casamentos, Curador de Me- nores, Curador de Família e Sucessões, Curador de Acidentes do Trabalho e Promotor de Justiça Criminal, inclusive junto ao Tribunal do Júri. Titular do cargo de Procurador de Justiça no Estado de São Paulo (membro do Ministério Público de 2ª instância junto aos Tribunais locais), dele pediu exoneração quando nomeado para o cargo de Juiz do Supremo Tribunal Federal. Teve profícua atuação no magistério, como Professor de Direito Constitucional no Curso de Extensão e Preparação à Magistratura e ao Ministério Público de São Paulo, coordenado pelo Professor Damásio Evangelista de Jesus, entre 1976 e 1985. Integrou, por três vezes, a lista do quinto constitucional, por decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e do Conselho Superior da Magistratura (1988 e 1989), para efeito de preenchimento de vaga reservada à classe do Ministério Público nos Tribunais Paulistas. Foi Secretário-Geral da Consultoria-Geral da República (1986/ 1989). Exerceu o cargo de Consultor-Geral da República, em caráter interino, mediante nomeação presidencial, em diversos períodos, nos anos de 1986, 1987 e 1988. Foi nomeado Juiz do Supremo Tribunal Federal, median- te ato do Presidente da República (Decreto de 30-6-1989), ocupan do vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Luiz Rafael Mayer. Tomou posse no cargo em 17 de agosto de 1989. Eleito pelo Supremo Tribunal Federal, integrou o Tribunal Superior Eleitoral, como Juiz Substituto, no período de 12 de junho de 1990 a 12 de junho de 1992. Em sessão de 19 de abril de 1995, foi eleito Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal, para o biênio 1995/1997. Em sessão de 9 de abril de 1997, foi eleito Presidente do Supremo Tribunal Federal. Em 22 de maio de 1997, tomou posse como Presidente do Supremo Tribunal Federal, cargo que exerceu até 27 de maio de 1999. Com a idade de 51 anos, foi o mais novo Presidente da Corte, desde a fundação, no Império, do Supremo Tribunal de Justiça. Em toda a história da Suprema Corte do Brasil (Império e República), foi o sexto paulista a exercer-lhe a Presidência. Dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), foi o sétimo aluno, na República, a investir-se no cargo de Presidente do Supremo Tribunal Federal. Na ordem de sucessão dos Presidentes do Supremo Tri- bunal, foi o 35º Presidente do Supremo Tribunal Federal (fase republicana) e o 46º Presidente da Corte, desde a instituição do Supremo Tribunal de Justiça, no Império. Cumpriu dois mandatos como Ministro Substituto do Tri- bunal Superior Eleitoral, de 12 de junho de 1990 a 12 de junho de 1992 e de 25 de setembro de 2001 a 25 de setembro de 2005. É autor dos livros Constituição Federal Anotada, publicado em 1984 pela Editora Saraiva e reeditado em 1986, pela mesma editora, e Notas sobre o Supremo Tribunal (Império e República), 11 que foi produzido pelo Supremo Tribunal Federal e está em sua 3ª edição (2012). É também autor, dentre outros, dos seguintes trabalhos de doutrina jurídica: 1. Notas sobre as Fundações. Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 11, n. 49, p. 13-19, nov./dez. 1977. 2. A tutela judicial da liberdade. Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 13, n. 60, p. 23-34, set./out. 1979. 3. O direito do acusado à publicação do edital pela imprensa. Justitia, São Paulo, v. 38, n. 94, p. 169-173, jul./set. 1976. 4. Apontamentos sobre o novo Código de Processo Civil. Jus- titia, São Paulo, v. 36, n. 85, p. 121-125, abr./jun. 1974. 5. O embargo extrajudicial de obra nova no Código de Pro- cesso Civil. Justitia, São Paulo, v. 36, n. 84, p. 227-229, jan./ mar. 1974. 6. O direito constitucional de reunião. Revista de Jurispru- dência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 12, n. 54, p. 19-23, set./out. 1978. 7. Aspectos da escritura pública. Justitia, São Paulo, v. 39, n. 97, p. 121-132, abr./jun. 1977. 8. Apontamentos sobre a penhora no atual Código de Processo Civil: seus efeitos. Justitia, v. 36, n. 86, p. 59-62, jul./set. 1974. 9. A Emenda Constitucional nº 1 e a extinção do júri de eco- nomia popular. Justitia, São Paulo, v. 33, n. 72, p. 7-10, jan./ mar. 1971. 10. A questão da eficácia executiva do cheque. Justitia, São Paulo, v. 35, n. 81, p. 63-67, abr./jun. 1973. 11. O depósito judicial na concordata preventiva: sua natureza e seu objeto (artigo 175, parágrafo único, nº 1, da Lei de Falên- cias). Justitia, São Paulo, v. 34, n. 76, p. 101-104, jan./mar. 1972. 12. Crime de responsabilidade: processo e julgamento de Go- vernador de Estado. Justitia, São Paulo, v. 42, n. 109, p. 98-101, abr./jun. 1980. 13. Aspectos da elaboração legislativa. Justitia, São Paulo, v. 42, n. 108, p. 58-62, jan./mar. 1980. B IO G RA FI A 14. A liberdade de associação e a extinção dos partidos políti- cos. Justitia, São Paulo, v. 41, n. 107, p. 27-31, out./dez. 1979. 15. O Ministério Público e a legalidade democrática. O Estado de São Paulo, São Paulo, n. 32.853, 18 abr. 1982, p. 55. 16. As crises do Ministério Público. O Estado de São Paulo, São Paulo, n. 33.003, p. 53, 10 out. 1982. 17. O Ministério Público norte-americano. Justitia, v. 31, n. 65, p. 163-165, abr./jun. 1969; Justitia, São Paulo, v. 60, n. especial, p. 439-441, 1999. 18. O Ministério Público e sua associação de classe. O Estado de São Paulo, São Paulo, n. 32.919. Nacional, p. A52, 4 jul. 1982. 19. Prorrogação de mandatos municipais. O Estado de São Paulo, São Paulo, n. 32.106, p. 36, 13 nov. 1979. 20. Considerações sobre as medidas provisórias. Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, São Paulo, n. 33, p. 203-225, jun. 1990. 21. A separação de poderes e a consolidação da ordem demo- crática no Brasil. Revista da Faculdade de Direito da Univer- sidade de São Paulo, São Paulo, v. 92, p. 555-568, 1997. 22. O Supremo Tribunal Federal e a defesa das liberdades pú- blicas sob a Constituição de 1988: alguns tópicos relevantes. In: MORAES, Alexandre (Coord.). Os 20 anos da Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Atlas, 2009. p. 521-559. 23. O Supremo Tribunal Federal e a jurisprudência das liber- dades sob a égide da Constituição de 1988. In: FURTADO, Marcus Vinícius (Coord.). Reflexões sobre a Constituição: uma homenagem da advocacia brasileira. Brasília: Alumnus: OAB, Conselho Federal, 2013. p. 311-350. 24. O Supremo Tribunal Federal na Constituição de 1988: es- paço de construção de uma jurisprudência das liberdades. In: A Constituição de 1988 na visão dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2013. p. 17-60. LINHA DO TEMPO 14 Em 1º de novembro, nasceu em Tatuí, Estado de São Paulo, filho do professor José Celso de Mello e da professora Maria Zenaide de Almeida Mello. Completou, em 1964, o curso colegial nos Estados Unidos da América, onde se graduou na Robert E. Lee Senior High School, em Jacksonville, Flórida, EUA. Em 30 de junho de 1989, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo então Presidente da República, José Sarney. Tomou posse no cargo, em 17 de agosto, na vaga do Ministro Rafael Mayer. Em 1963, recebeu, aos 18 anos, o título de cidadão honorário de Jacksonville, Flórida, EUA, por deliberação unânime do City Council. De 1990 a 1992, integrou o Tribunal Superior Eleitoral, como MinistroSubstituto. De 1986 a 1989, foi Secretário-Geral da Consultoria-Geral da República. Entre 1952 e 1962, concluiu, na Escola Modelo e no Instituto de Educação Barão de Suruí, os cursos primário e secundário. Em 1969, graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, fundada em 11 de agosto de 1827. 1945 1960 1990 1970 1980 Em 1976, tornou-se professor de Direito Constitucional no Curso de Extensão e Preparação à Magistratura e ao Ministério Público de São Paulo. Seguiu no posto até 1985. Ingressou no Ministério Público do Estado de São Paulo, mediante aprovação em concurso público de provas e títulos, no qual foi classificado em primeiro lugar. Recebeu, em 1979, da Câmara Municipal de Osasco (SP), o “Título de Cidadão Osasquense”, pelos serviços prestados à cidade. Em 1984, recebeu, da Câmara Municipal do Município e Comarca de Cândido Mota (SP), o “Título de Cidadão Candidomotense”, pelos relevantes serviços que prestou à cidade, na época em que era Promotor de Justiça. 1515 2000 2010 2014 Tomou posse, em 22 de maio de 1997, como Presidente do Supremo Tribunal Federal, para o biênio 1997/1999. Tornou-se, com 51 anos de idade, o mais jovem Ministro a assumir a Presidência do STF, em toda a história da Suprema Corte (Império e República). Em 1999, recebeu, da Câmara Municipal do Município e Comarca de Cândido Mota (SP), como Presidente do Supremo Tribunal Federal, à época, o “Cartão de Honra ao Mérito”, em reconhecimento aos relevantes serviços desenvolvidos junto à Corte Maior, no mais alto cargo da justiça brasileira. Completou, em agosto, Jubileu de Prata, por 25 anos de exercício no cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Em 2013, recebeu, da Câmara Municipal do Município de Cândido Mota (SP), o “Título de Cidadão Honorário de Cândido Mota”. Lançou, em 2004, a primeira edição do livro Notas sobre o Supremo Tribunal (Império e República), com informa- ções e curiosidades sobre o Tribunal, desde o Império até a República. Em 19 de junho de 2008, propôs, em Sessão Administrativa, a alteração do artigo 4º do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, para que houvesse alternância das Presidências das Turmas entre seus membros. A aprovação da proposta, unânime, resultou na Emenda Regimental 25. Recebeu da Câmara Municipal de Sorocaba o “Título de Cidadão Sorocabano”. Em 30 de abril de 2002, passou a presidir a Segunda Turma, com a aposentadoria do Ministro Néri da Silveira. LI N H A D O T EM PO MINISTRO CELSO Um homem à frente do seu tempo 18 – 1996 – “Eu sei que há, mesmo internamente, reações contrárias, mas é chegado o momento. Nós temos juristas mulheres altamente qualificadas. Mulheres cuja atividade intelectual vem enrique- cendo a literatura jurídica nacional. Prefiro não mencionar nomes, mas basta olhar na minha es- tante. Eu me pergunto: já não vem tarde uma no- meação para o Supremo? Eu acho que é um ato importante.” (Ministro Celso de Mello. Entrevista concedida à Folha de S.Paulo, em 18/11/1996.) – 2000 – “A primeira mulher a investir-se como Ministra do Supremo Tribunal Fe-deral foi a Ministra Ellen Gracie Northfleet, natural do Rio de Janeiro/ RJ, nomeada pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em 23/11/2000, havendo tomado posse, como Ministra da Suprema Corte, em 14/12/2000. (...) A escolha de uma mulher para o Supremo Tribunal Federal representou um gesto emblemático, pois constituiu um ato denso de significação histórica e pleno de consequências políticas. (...) O ato de escolha da Ministra Ellen Gracie para o Supremo Tribunal Fe- deral — além de expressar a celebração de um novo tempo — teve o signi- ficado de verdadeiro rito de passagem, pois inaugurou, de modo positivo, na história judiciária do Brasil, uma clara e irreversível transição para um modelo social que repudia a discriminação de gênero, ao mesmo tempo em que consagra a prática afirmativa e republicana da igualdade.” (Ministro Celso de Mello. Trecho do livro Notas sobre o Supremo Tribunal (Império e República).) INDICAÇÃO DE UMA MULHER PARA O CARGO DE MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 19 – 1997 – “A punição pelo tráfico de drogas deve ser inten-sa e grave. É um delito que ofende de modo profundo a estabilidade das relações sociais. No entanto, acho questionável a punição penal do consumidor. Muito mais do que um agente cri- minoso, ele me parece uma vítima. O consumidor deve merecer atenção, tratamento, não uma reação repressiva.” (Ministro Celso de Mello. Entrevista concedida à Folha de S.Paulo, em 19/5/1997.) – 2006 – “DOS CRIMES E DAS PENAS Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I — advertência sobre os efeitos das drogas; II — prestação de serviços à comunidade; III — medida educativa de comparecimento a programa ou curso edu- cativo. (...) § 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabeleci- mentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.” (Lei nº 11.343, de 23/8/2006, que, ao diferenciar as sanções penais impostas ao traficante e ao consumidor de drogas, a este não comina pena privativa de liberdade.) USUÁRIO DE DROGAS E O SISTEMA REPRESSIVO M IN IS TR O C EL SO Um h om em à fr en te d o se u te m po 20 – 1997 – “FOLHA — Legalização do aborto. Celso de Mello — Em termos absolutos, sou con- tra. Mas sou favorável à ampliação das hipóteses de aborto consentido. Não apenas no caso de risco iminente da vida da gestante, mas também no caso do comprometimento de sua saúde, hipótese não prevista legalmente. E também nos casos de proces- sos patológicos que afetem o nascituro, gerando estados de má-formação fetal que suprimam qual- quer expectativa de vida. O aborto não deve ser estimulado como prática de controle de natalidade.” (Ministro Celso de Mello. Entrevista concedida à Folha de S.Paulo, em 19/5/1997.) – 2012 – “Este é um julgamento que se mostra fiel ‘ao espírito de nossa era e à realidade de nossos tempos’, pois reflete a esperança de um número indeterminado de mulheres que, embora confrontadas com a triste e dra- mática situação de serem portadoras de feto anencefálico, estão a receber, hoje, aqui e agora, o amparo jurisdicional do Supremo Tribunal Federal que lhes garante o exercício, em plenitude, do direito de escolha entre prosseguir no curso natural da gestação ou interrompê-la, sem receio, neste caso, de sofrer punição criminal ou indevida interferência do Estado em sua esfera de autonomia privada.” (Ministro Celso de Mello. Voto na ADPF 54/DF, cujo julgamento foi concluído em 12/4/2012, quando o STF reconheceu à gestante o direito de optar pela antecipação terapêutica do parto nos casos de anencefalia do feto.) ANTECIPAÇÃO DE PARTO NO CASO DE ANENCEFALIA 21 – 1997 – “A união homossexual traduz uma consequên-cia inevitável de uma nova visão que deve- mos ter em relação a todos os grupos sociais. A Constituição assegura a qualquer pessoa o direito à livre opção sexual. É chegado o momento de o legislador estabelecer os efeitos jurídicos, especial- mente no plano pessoal e patrimonial, derivados da união homossexual. Qualquer posição em sentido contrário acaba gerando um indevidotratamento discriminatório.” (Ministro Celso de Mello. Entrevista concedida à Folha de S.Paulo, em 19/5/1997.) – 2011 – “Com este julgamento, o Brasil dá um passo significativo contra a dis-criminação e contra o tratamento excludente que têm marginalizado grupos minoritários em nosso País, o que torna imperioso acolher novos valores e consagrar uma nova concepção de Direito fundada em nova visão de mundo, superando os desafios impostos pela necessidade de mudança de paradigmas, em ordem a viabilizar, como política de Estado, a instauração e a consolidação de uma ordem jurídica genuinamente inclusiva. (...) (...) a qualificação da união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, desde que presentes, quanto a ela, os mesmos requisitos inerentes à união estável constituída por pessoas de gêneros distintos, re- presentará o reconhecimento de que as conjugalidades homoafetivas, por repousarem a sua existência nos vínculos de solidariedade, de amor e de projetos de vida em comum, hão de merecer o integral amparo do Estado, que lhes deve dispensar, por tal razão, o mesmo tratamento atribuído às uniões estáveis heterossexuais.” (Ministro Celso de Mello. Voto na ADPF 132/RJ, cujo julgamento foi concluído em 5/5/2011, quando o STF reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar e garantiu a ela os mesmos direitos e deveres que emanam da união estável entre homem e mulher.) UNIÃO HOMOAFETIVA M IN IS TR O C EL SO Um h om em à fr en te d o se u te m po 22 – 1989 – “Esses aspectos justificam a tese do impetrante, no sentido de que a preservação dos vínculos com o Partido Político, sob cuja legenda foi dis- putado o processo eleitoral, constitui requisito de investidura do suplente no mandato parlamentar. Trata-se de entendimento perfeitamente com- patível com a exigência político-jurídica de forta- lecimento das agremiações partidárias. Por isso mesmo, a relação de contemporanei- dade entre a abertura da vaga, a sua imputação a determinado partido político e a integridade do vínculo partidário constituem fatores determinan- tes da concretização, em direito subjetivo, de uma situação de mera expectativa, até então. Assim, voto pela concessão do mandado de segurança.” (Ministro Celso de Mello. Voto — vencido — no MS 20.927/DF, cujo julgamento foi concluído em 11/10/1989. O STF indeferiu o mandado de segu- rança, por maioria, ao entender que “não perde a condição de suplente o candidato diplomado pela Justiça Eleitoral que, posteriormente, se desvincula do partido ou aliança partidária pelo qual se elegeu”.) – 2007 – “– A exigência de fidelidade partidária traduz e reflete valor constitu-cional impregnado de elevada significação político-jurídica, cuja observância, pelos detentores de mandato legislativo, representa expressão de respeito tanto aos cidadãos que os elegeram (vínculo popular) quanto aos partidos políticos que lhes propiciaram a candidatura (vínculo partidário). (...) — A repulsa jurisdicional à infidelidade partidária, além de prestigiar um valor eminentemente constitucional (CF, art. 17, § 1º, ‘in fine’), (a) pre- serva a legitimidade do processo eleitoral, (b) faz respeitar a vontade soberana do cidadão, (c) impede a deformação do modelo de representação popular, (d) assegura a finalidade do sistema eleitoral proporcional, (e) valoriza e fortalece as organizações partidárias e (f) confere primazia à fidelidade que o Deputado eleito deve observar em relação ao corpo eleitoral e ao próprio partido sob cuja legenda disputou as eleições.” (Ministro Celso de Mello. Ementa do MS 26.603/DF, Rel. Min. Celso de Mel- lo, cujo julgamento foi concluído em 4/10/2007, quando o STF, alterando o entendimento anterior, denegou, por maioria, o mandado de segurança, para reconhecer a perda do mandato do parlamentar que, de forma injustificada, se desvincula do partido pelo qual se elegeu.) INFIDELIDADE PARTIDÁRIA 23 – 1990 – “Mantendo-me fiel a essa posição assumida pelo Estado brasileiro — e consagrada em seu documento constitucional —, defiro o pedido ora em julgamento, com a ressalva — que consi- dero necessária — de comutação da pena perpétua em pena privativa de liberdade não superior a 30 (trinta) anos. Estendo essa ressalva, por igual razão, à pena de trabalhos forçados. Pela primeira vez, na história do direito penal positivo brasileiro, constitucionalizou- -se, em nosso sistema jurídico, a vedação absoluta, dirigida ao Estado, de cominar e de impor, concre- tamente, quaisquer penas de trabalhos forçados. É o que diz, expressis verbis, o art. 5º, inciso XLVII, alínea “c”, de nosso estatuto fundamental. Note-se, porém, que a norma constitucional, ao assim dispor, teve o objetivo de proscrever somente a imposição laboral enquanto sanção de natureza penal. Com estas considerações, e dando maior ex- tensão — nos termos já referidos — às restrições feitas pelo eminente Relator, acompanho S. Exa., para deferir o presente pedido extradicional.” (Ministro Celso de Mello. Voto — parcialmente vencido — na Ext 486/Reino da Bélgica, cujo jul- gamento foi concluído em 7/3/1990, quando ficou consignado que era cabível a ressalva quanto à pena de morte, mas não quanto às penas de prisão per- pétua ou de trabalhos forçados.) – 2004 – “Extradição e prisão perpétua: necessidade de prévia comutação, em pena temporária (máximo de 30 anos), da pena de prisão perpé- tua — Revisão da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em obe- diência à declaração constitucional de direitos (CF, art. 5º, XLVII, ‘b’). — A extradição somente será deferida pelo Supremo Tribunal Federal, tratando-se de fatos delituosos puníveis com prisão perpétua, se o Estado requerente assumir, formalmente, quanto a ela, perante o Governo brasileiro, o compromisso de comutá-la em pena não superior à duração máxima admi- tida na lei penal do Brasil (CP, art. 75), eis que os pedidos extradicionais — considerado o que dispõe o art. 5º, XLVII, ‘b’, da Constituição da República, que veda as sanções penais de caráter perpétuo — estão necessariamente sujeitos à autoridade hierárquico-normativa da Lei Fundamental brasileira. Doutrina. Novo entendimento derivado da revisão, pelo Supremo Tribunal Federal, de sua jurisprudência em tema de extradição passiva.” (Ministro Celso de Mello. Ementa da Ext 855/República do Chile, Rel. Min. Celso de Mello, cujo julgamento foi concluído em 26/8/2004, quando o STF alterou a jurisprudência anterior, para deferir, por unanimidade, a extradição e, por maioria, condicionar a entrega do extraditando à comutação das penas de prisão perpétua em pena de, no máximo, 30 anos de reclusão.) NECESSIDADE DE COMUTAÇÃO DA PENA DE PRISÃO PERPÉTUA PARA EFEITOS DA EXTRADIÇÃO M IN IS TR O C EL SO Um h om em à fr en te d o se u te m po 24 – 1997 – “ISTOÉ — Quem emite uma opinião como as ban- das que defendem a legalização da maconha deve ir para a cadeia? Celso de Mello — Ninguém pode ser punido pelo fato de exercer de maneira legítima a liberdade de expressão. A punição de uma opinião pessoal re- presenta um gesto de intolerância. As leis penais devem ser interpretadas em conformidade com a Constituição. E a Constituição assegura às pessoas o exercício legítimo da liberdade de expressão, do pensamento e do direito de criação artística. A in- tervenção do poder público na esfera do pensa- mento humano ou na criação artística representa um gesto altamente perigoso. Não tem sentido neu- tralizar de maneira arbitrária o processo de criação artística ou de expressão do pensamento.” (Ministro Celso de Mello. Entrevista concedida à revista ISTOÉ, em 17/12/1997.) – 2011 – ‘“A Marcha da Maconha’: expressão concreta do exercício legítimo, por-quefundado na Constituição da República, das liberdades funda- mentais de reunião, de manifestação do pensamento e de petição. É importante destacar (...) que, ao contrário do que algumas mentalidades repressivas sugerem, a denominada ‘Marcha da Maconha’, longe de pretender estimular o consumo de drogas ilícitas, busca, na realidade, expor, de maneira organizada e pacífica, apoiada no princípio constitucional do pluralismo po- lítico (fundamento estruturante do Estado democrático de direito), as ideias, a visão, as concepções, as críticas e as propostas daqueles que participam, como organizadores ou como manifestantes, desse evento social, amparados pelo exercício concreto dos direitos fundamentais de reunião, de livre ma- nifestação do pensamento e de petição. Nesse contexto, a questionada (e tão reprimida) ‘Marcha da Maconha’ é bem a evidência de como se interconexionam as liberdades constitucionais de reunião (direito-meio) e de manifestação do pensamento (direito-fim ou, na expressão de Pedro Lessa, ‘direito-escopo’), além do direito de petição, todos eles igualmente merecedores do amparo do Estado, cujas autoridades — longe de transgredirem tais prerrogativas fundamentais — deveriam protegê-las, revelando tolerância e respeito por aqueles que, congregando-se em espaços públicos, pacificamente, sem armas, apenas pretendem (...), valendo-se, le- gitimamente, do direito à livre expressão de suas ideias e opiniões, transmitir, mediante concreto exercício do direito de petição, mensagem de abolicionismo penal quanto à vigente incriminação do uso de drogas ilícitas.” (Ministro Celso de Mello. Voto na ADPF 187/DF, Rel. Min. Celso de Mello, cujo julgamento foi concluído em 15/6/2011, quando o STF, por unanimidade, julgou procedente a arguição de descumprimento de preceito fundamental, para dar, ao art. 287 do CP, interpretação conforme à Constituição, “de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos”.) “MARCHA DA MACONHA” E LIBERDADE DE EXPRESSÃO 25 – 1997 – “A reforma do aparelho judiciário e a do siste-ma processual se impõem como providências essenciais à busca de maior eficácia social para a prestação jurisdicional, à racionalização do modelo de administração da justiça, à celeridade na solução responsável dos conflitos individuais e sociais e à obtenção de transparência e visibilidade em relação aos atos de administração praticados por magistra- dos e Tribunais, quaisquer que estes sejam, pois — consoante tenho acentuado — nenhum órgão do Estado pode dispor, numa sociedade realmente democrática, de imunidade à fiscalização da ci- dadania e do corpo social.” (Ministro Celso de Mello. Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 22/5/1997.) – 2005 – “Na realidade, o sistema democrático e o modelo republicano não ad-mitem, nem podem tolerar a existência de regimes de governo sem a correspondente noção de fiscalização e de responsabilidade. Nenhuma instituição da República está acima da Constituição, nem pode pretender-se excluída da crítica social ou do alcance da fiscalização da coletividade. Tenho, por isso mesmo, por plenamente válida, quer no plano formal, quer no âmbito material, a previsão, pela EC 45/2004, do Conselho Nacio- nal de Justiça (...), investido, legitimamente, de competência para efetivar o controle de atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e para promover a fiscalização do cumprimento, pelos magistrados, de seus deveres funcionais.” (Ministro Celso de Mello. Voto na ADI 3.367/DF, cujo julgamento foi con- cluído em 13/4/2005, quando o STF reconheceu a constitucionalidade das normas que, introduzidas pela EC 45/2004, instituem e disciplinam o CNJ.) CNJ — ÓRGÃO FISCALIZADOR M IN IS TR O C EL SO Um h om em à fr en te d o se u te m po 26 – 2001 – “Entendo que a atuação processual do amicus curiae não deve limitar-se à mera apresenta- ção de memoriais ou à prestação eventual de infor- mações que lhe venham a ser solicitadas. Cumpre permitir-lhe, em extensão maior (...), o exercício de determinados poderes processuais, como aquele consistente no direito de proceder à sustentação oral das razões que justificaram a sua admissão formal na causa. Tenho para mim que o Supremo Tribunal Fe- deral, em assim agindo, não só garantirá maior efetividade e atribuirá maior legitimidade às suas decisões, mas, sobretudo, valorizará, sob uma perspectiva eminentemente pluralística, o sentido essencialmente democrático dessa participação processual, enriquecida pelos elementos de infor- mação e pelo acervo de experiências que o amicus curiae poderá transmitir à Corte Constitucional, notadamente em um processo — como o de con- trole abstrato de constitucionalidade — cujas im- plicações políticas, sociais, econômicas, jurídicas e culturais são de irrecusável importância e de in- questionável significação.” (Ministro Celso de Mello. Voto — vencido — na ADI 2.223 MC/DF, em questão de ordem cujo jul- gamento foi concluído em 18/10/2001). – 2003 – “Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, resolvendo questão de ordem suscitada no julgamento das ações diretas (...), admitiu, excepcional- mente, a possibilidade de realização de sustentação oral por terceiros admi- tidos no processo abstrato de constitucionalidade, na qualidade de amicus curiae. Os Ministros Celso de Mello e Carlos Britto, em seus votos, ressaltaram que o § 2º do art. 7º da Lei 9.868/99, ao admitir a manifestação de terceiros no processo objetivo de constitucionalidade, não limita a atuação destes à mera apresentação de memoriais, mas abrange o exercício da sustentação oral, cuja relevância consiste na abertura do processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade; na garantia de maior efetividade e legitimidade às decisões da Corte, além de valorizar o sentido democrático dessa participação processual.” (Decisão sobre questão de ordem suscitada na ADI 2.675/PE e na ADI 2.777/ SP, divulgada no Informativo STF 331, de 24 a 28/11/2003. No julgamento, o STF admitiu a possibilidade de sustentação oral por terceiros admitidos no processo abstrato de constitucionalidade, na qualidade de “amicus curiae”.) POSSIBILIDADE DE SUSTENTAÇÃO ORAL PELO AMICUS CURIAE DO MINISTRO CELSO Frases, pensamentos e citações 30 “A injustiça não é imputável ao Poder Judiciário. Deve ser procurada fora do aparelho judiciário. A injustiça decorre de situações ditadas por extremas desigualdades sociais e pela ausência de formulações de políticas públicas adequadas, que tenham por finalidade promo- ver os direitos básicos da pessoa humana. Situações de injustiça são geradas pela ausência do Estado e do aparelho governamental, que deixam de ocupar, no ambiente social, espaços reservados à atuação do governo. O resultado disso é que são criadas situações marginais e que em geral provocam lesões gravíssimas ao estado de dignidade das pessoas. O Poder Judiciário nem sempre dispõe de meios efetivos para resolver esses gravíssimos problemas. Os magistrados valem-se dos meios postos à sua disposição, mas, na verdade, não são eles os formuladores das políticas públicas e dos projetos governamentais. Muitas vezes essas políticas públicas deixam de ser formuladas ou são executadas de maneira inadequada. As justas reclamações sociais acabam repercutindo na esfera do Poder Judiciário.” Revista Veja de 5/3/1997 31 “Nunca é demasiado relembrar que, sem juízes independentes, não há sociedades livres.” Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 22/5/1997 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es ,p en sa m en to s e ci ta çõ es “A publicidade representa uma norma básica das relações entre o Estado, seus agentes e a coletividade a que servem. É verdadeira pedra angular sobre a qual se edifica o Estado Democrático de Direito, pois a exigência de transparência na prática governamental qualifica-se como prerrogativa inalienável que assiste a todos os cidadãos.” Folha de S.Paulo de 17/12/1999 32 “A administração da Justiça, para realizar plenamente os fins a que se destina, deve ser processualmente célere, tecnicamente efetiva, socialmente eficaz e politicamente independente.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 “É preciso construir a cidadania, a partir do reconhecimen- to de que assiste a toda e qualquer pessoa uma prerrogativa básica que se qualifica como fator de geração dos demais direitos e liberdades. Refiro-me a essa categoria fundamental que se traduz no re- conhecimento de que toda pessoa tem direito a ter direitos. Se as formações sociais e o próprio Estado não proclamarem essa asserção fundamental, tornar-se-á inviável o acesso às demais categorias de direitos e liberdades.” Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 22/5/1997 33 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Nada compensa a ruptura da ordem constitucional, por- que nada recompõe os gravíssimos efeitos que derivam do gesto de infidelidade ao texto da Lei Fundamental.” O Supremo Tribunal Federal na Constituição de 1988: espaço de construção de uma jurisprudência das liberdades, in A Constituição de 1988 na Visão dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 2013 “No processo de construção da igualdade e de consoli- dação da cidadania, revela-se essencial organizar um modelo institucional que viabilize o efetivo acesso de todos — notadamente das pessoas despossuídas — ao sis- tema de administração de Justiça, para que o reconheci- mento constitucional dos direitos e das liberdades não se transforme em um inútil exercício de justas expectativas fraudadas pela omissão inconsequente do Poder Público.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 34 “É preciso reconhecer, por necessário, que o exercício do poder, sem limitações ou sem possibilidades de fiscaliza- ção, desfavorece a prática efetiva das liberdades públicas.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 “No âmbito de uma república leiga, princípios de teologia moral não podem ser privilegiados pelo poder público, sob pena de o estado incidir em tratamento discriminado do cidadão.” Jornal do Brasil de 24/8/1997 “A exigência de transparência, que representa uma imposição cons- titucional, tem por finalidade conferir um elevado coeficiente de le- gitimidade às ações desenvolvidas por qualquer um dos poderes da República, inclusive do Judiciário.” Jornal da Tarde SP de 9/4/1999 35 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “O Estado brasileiro não tolera o poder que corrompe nem admite o poder que se deixa corromper. Por tais atos, cor- ruptores e corruptos devem ser punidos na forma da lei.” STF Notícias de 1º/10/2012 “O Supremo Tribunal Federal não pode permitir que se instaurem círculos de imunidade em torno do po- der estatal, sob pena de se fragmentarem os direitos dos cidadãos, de se degradarem as instituições e de se aniquilarem as liberdades públicas. No regime demo- crático, não há nem pode haver qualquer instância de poder que se sobreponha à autoridade da Constituição e das leis da República.” Consultor Jurídico de 15/3/2006 36 “A Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana deve representar, na consciência dos governantes responsáveis e dos Estados comprometidos com a causa da liberdade, da jus- tiça, da paz entre os povos e da democracia, o elemento vital e impulsionador de medidas, que, de um lado, visem a ba- nir, das relações entre as pessoas e o poder estatal, o medo da opressão e, de outro, tendam a evitar a frustração dos sonhos que buscam dar sentido de concreta efetividade às legítimas aspirações do ser humano.” Pronunciamento por ocasião do 60º Aniversário da Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, em 10/12/2008 “Recusar a supremacia da Constituição, para, sobre ela, fazer prevalecer o direito ordinário, significa romper a normalidade jurídica do Estado Democrático de Direito.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 37 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es“Os desvios jurídico-constitucionais eventualmen- te praticados por qualquer instância de poder — mesmo quando surgidos no contexto de processos políticos — não se mostram imunes à fiscalização judicial desta Suprema Corte, não importando o grau hierárquico do agente público ou a fonte ins- titucional de que tenha emanado o ato transgressor de comandos estabelecidos na própria Lei Funda- mental do Estado, como aqueles que asseguram direitos e garantias ou que impõem limites intrans- poníveis ao exercício do poder.” STF Notícias de 19/4/2012 “Sem Juízes independentes, não pode haver cidadãos livres no contexto de uma sociedade fundada em bases democráticas.” Sessão Plenária de 21/8/2013 38 “A luta pelos direitos humanos deve refletir um compro- misso ético e político irrenunciável das gerações presentes e futuras com a edificação de uma sociedade aberta e de- mocrática, fundada nos valores da liberdade, da igualdade, do pluralismo político e da solidariedade.” Diário do Nordeste de 10/12/1998 “O sigilo, como regra, deve ser banido das nossas prá- ticas. A visibilidade é essencial ao regime democrático.” Anuário da Justiça — 2010 “O Poder Judiciário constitui o instrumento concretizador das liberdades civis e das franquias constitucionais.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 39 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “O racismo representa grave questão de índole moral que se defronta qualquer sociedade, refletindo uma dis- torcida visão do mundo de quem busca construir hierar- quias artificialmente fundadas em suposta hegemonia de um certo grupo étnico-racial sobre os demais.” STF Notícias de 26/4/2012 “O juiz, no plano de nossa organização institucional, represen- ta o órgão estatal incumbido de concretizar as liberdades pú- blicas proclamadas pela declaração constitucional de direitos. Assiste-lhe o dever de atuar como o instrumento da Constitui- ção na defesa incondicional e na garantia efetiva dos direitos fundamentais da pessoa humana. Essa é a missão socialmente mais importante e politicamente mais sensível que se impõe ao magistrado consciente dos graves deveres ético-jurídicos que pautam o correto desempenho da atividade jurisdicional.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 40 “Quem tem o poder e a força do Estado em suas mãos não tem o direito de exercer, em seu próprio benefício, a autoridade que lhe é conferida pelas leis da República.” STF Notícias de 19/4/2012 “Os juízes desta Corte têm um compromisso mais elevado no desempenho de suas funções, e esse compromisso traduz-se no dever de preservar a intangibilidade da Constituição que nos governa a todos. O Supremo Tribunal, como intérprete final da Constituição, deve ser o garante de sua integridade. Atos de governo fundados em razões de pragmatismo político ou de mera conveniência administrativa não podem justificar, em hipótese alguma, a ruptura da ordem constitucional. Cabe, a esta Corte, impedir que se concretizem, no âmbito do Estado, práticas de cesarismo governamental ou que se cometam atos de infidelidade à vontade suprema da Constituição.” Consultor Jurídicode 15/3/2006 41 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “A jurisprudência que o Supremo vem construindo em tema de direitos e garantias individuais confere expressão concreta a uma verdadeira agenda das liberdades.” Anuário da Justiça — 2009 “Os fins não justificam os meios. Há parâmetros ético-jurídicos que não podem e não devem ser transpostos pelos órgãos, pelos agentes ou pelas instituições do Estado. Os órgãos do Poder Público, quando investigam, processam ou julgam, não estão exonerados do dever de respeitar os estritos limites da lei e da Constituição, por mais graves que sejam os fatos cuja prática tenha motivado a instauração do procedimento estatal.” O Supremo Tribunal Federal na Constituição de 1988: espaço de construção de uma jurisprudência das liberdades, in A Constituição de 1988 na Visão dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 2013 “É preciso enfatizar que o Poder Judiciário tem um compromisso histórico e moral com a preservação dos valores fundamentais que protegem a dignidade da pessoa humana.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 42 “Pertencemos a uma geração que sofreu os efeitos perversos de uma ditadura militar que asfixiou as liberdades públicas. Em uma sociedade democrática, não há nenhum poder imune ao controle social, à responsabilização. É preciso forjar no povo o sentimento constitucional, construindo a visão de que todos estamos submetidos ao domínio normativo da Constituição. Ela deve ser vista como um instrumento de governo, assegurador das liberdades, permitindo conciliar valores em antagonismo.” O Globo de 21/6/1997 “O Poder Judiciário não pode julgar pressionado pelo clamor das ruas. O julgamento deve ser sempre sereno e imparcial. Todo réu tem o direito ao devido processo legal. Um julga- mento deve considerar apenas aquilo que efetivamente consta do processo. Embora seja difícil para a maioria das pessoas compreender, o magistrado só pode formar a sua convicção a partir das provas lícitas existentes no processo.” Revista Veja de 5/3/1997 43 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “A frustração do acesso ao aparelho judiciário do Estado, moti- vada pelo injusto inadimplemento do dever governamental de conferir expressão concreta à norma constitucional que assegura aos necessitados integral assistência de ordem jurídica (Cons- tituição Federal, artigo 5°, inciso LXXIV), culmina por gerar situação socialmente intolerável e juridicamente inaceitável.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 “Não obstante a posição eminente que detêm na estrutura po- lítico-institucional do Estado, os juízes, os legisladores e os membros do Poder Executivo, como qualquer outro cidadão deste País, são também súditos das leis e da Constituição, não se exonerando da responsabilidade emergente dos atos ilícitos que tenham praticado.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 44 “O que se mostra imperioso proclamar é que nenhum Poder da República tem legitimidade para desrespeitar a Constituição ou para ferir direitos públicos e privados de quaisquer pessoas, eis que, na fórmula política do regime democrático, nenhum dos Poderes da República é imune ao império das leis e à forma hierárquica da Constituição.” STF Notícias de 19/4/2012 “O respeito efetivo aos direitos individuais e às garantias funda- mentais outorgadas pela ordem jurídica aos cidadãos em geral representa, no contexto de nossa experiência institucional, o sinal mais expressivo e o indício mais veemente de que se con- solida, em nosso País, de maneira real, o quadro democrático delineado pela mais democrática de todas as Constituições que o Brasil já teve: a Constituição republicana de 1988.” O Supremo Tribunal Federal na Constituição de 1988: espaço de construção de uma jurisprudência das liberdades, in A Constituição de 1988 na Visão dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 2013 45 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “A exigência de publicidade representa um dos valores básicos sobre o qual se estrutura o regime democrático em nosso País. Não há no regime democrático possibilidade de se preservar ou de se cultuar o mistério.” STF em pauta de 14/9/2007 “O propósito maior do Supremo Tribunal Federal é o de servir, com integridade e respeito, ao que pro- clamam a Constituição e as leis da República.” Sessão Plenária de 21/8/2013 “Mais do que mero rito institucional, o convívio harmo- nioso — e reciprocamente respeitoso — entre os poderes do Estado traduz indeclinável obrigação constitucional que a todos se impõe.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 46 “Jamais devemos desconsiderar o fato de que o legado desta Corte Suprema, transmitido, continuamente, de geração a ge- ração, a todos os Juízes que transpuseram os seus umbrais, é um legado imenso, duradouro e indestrutível.” Sessão Plenária de 21/8/2013 “O Estado não pode pretender impor ao magistrado o veto da censura intelectual, que o impeça de pensar, de refletir e de decidir com liberdade. É preciso não perder jamais de perspectiva o fato de que os tribunais e juízos constituem, por excelência, o espaço institucional de defesa das liberdades.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 47 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Nada mais nocivo, nada mais perigoso do que a preten- são do Estado de regular a liberdade de expressão (ou de ilegitimamente interferir em seu exercício), pois o pen- samento há de ser livre, permanentemente livre, essen- cialmente livre.” O Globo de 17/9/2009 “Cumpre dotar o Estado de uma organização formal e ma- terial que lhe permita realizar, na expressão concreta de sua atuação, o dever que lhe impôs a própria Constituição da República: proporcionar, efetivamente, aos necessitados, plena e integral assistência jurídica, para que os direitos e as liberdades não se convertam em proclamações inúteis ou em declarações meramente retóricas.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 48 “Quando os Fundadores da República conceberam esta Na- ção, promulgando, em 1891, a Constituição do novo Estado brasileiro, atribuíram ao Supremo Tribunal Federal um papel de imenso relevo na jovem República, instituindo-o como um espaço, por excelência, de liberdade e qualificando-o como um veto permanente e severo ao abuso de autoridade, ao arbítrio do poder e à prepotência do Estado.” Sessão Plenária de 21/8/2013 “O juiz é, e sempre deve ser, o instrumento da Constituição na defesa incondicional e na garantia efetiva dos direitos funda- mentais da pessoa humana. Essa é uma das missões irrenunciá- veis do juiz digno e consciente de seus deveres éticos, políticos e jurídicos, no desempenho da atividade jurisdicional.” Jornal O Liberal de 25/5/1997 49 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Sem se reconhecer a realidade de que a cidadania impõe ao Estado o dever de atribuir aos desprivilegiados — verdadeiros marginais do sistema jurídico nacional — a condição essencial de titulares do direito de serem reconheci- dos como pessoas investidas de dignidade e merecedoras do respeito social, não se tornará possível construir o sonho da igualdade, nem o de realizar a edificação de uma sociedade justa e fraterna.” Segunda Turma do STF, em 18/5/2004 “É que de nada valerão os direitos e de nada significarão as liberdades, se os fundamentos em que eles se apoiam — além de desrespeitados pelo Poder Público — também deixarem de contar com o suporte e o apoio da ação con- sequente e responsáveldo Poder Judiciário.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 50 “É preciso que fique claro que o Supremo Tribunal Fe- deral, compreendido em sua incindível unidade orgânico- -institucional, é mais importante do que todos e cada um de seus Ministros. Cabe-nos, desse modo, como Juízes da Suprema Corte, velar pela integridade de suas altas funções, sendo-lhe fiéis no desempenho da missão cons- titucional que lhe foi delegada.” Sessão Plenária de 21/8/2013 “Incumbe aos juízes ‘velar pela intangibilidade dos direitos fun- damentais da pessoa humana, repelir práticas governamentais abusivas, fazer cumprir os pactos internacionais que protegem os grupos vulneráveis contra práticas discriminatórias e neu- tralizar qualquer ensaio de opressão estatal’.” Diário do Nordeste de 10/12/1998 51 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Torna-se irrecusável reconhecer a essencialidade da Defensoria Pública como instru- mento de concretização dos direitos e das liberdades de que também são titulares as pes- soas carentes e necessitadas. É por esse motivo que a Defensoria Pública foi qualificada pela própria Constituição da República como instituição essencial ao desempenho da atividade jurisdicional.” Segunda Turma do STF, em 18/5/2004 “O poder que se oculta não pode ser considerado um po- der legítimo. A exigência de transparência, que repre- senta uma imposição constitucional, tem por finalidade conferir um elevado coeficiente de legitimidade às ações desenvolvidas por qualquer dos poderes da República.” O Globo de 8/4/1999 “Sem que se reconheça a toda e qualquer pessoa o direito que ela tem de possuir e titularizar outros direitos, frustrar-se-á — com conquista verdadeiramente inútil — o acesso ao regime das liberdades públicas.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 52 “A solução dos problemas que derivam da criminalidade juvenil não reside nas fórmulas autoritárias de redução da maioridade penal nem na internação habitual dos jovens infratores. É pre- ciso, antes, respeitar-lhes os direitos básicos, assegurando-lhes proteção integral e garantindo-lhes o direito à vida, à liberdade, à habitação, à saúde, à educação e à busca da felicidade.” Estado de Minas de 14/8/1998 “Ninguém desconhece que divergências representam natural consectário de julgamentos colegiados e que, mesmo manifestadas com ardor, vee- mência e firme convicção no seio das Cortes Judiciárias (“Fortiter in re, suaviter in modo”), valorizam-lhes as decisões e representam inestimável fator de legitimação dos próprios pronunciamentos dos Tribunais.” Sessão Plenária de 21/8/2013 53 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “O cidadão tem o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores ín- tegros, por legisladores honestos e por juízes incorruptíveis, que desempenhem suas funções com total respeito aos postulados ético-jurídicos que condicionam o exercício legítimo da atividade pública. O direito ao governo honesto — como tem sido sempre proclamado por esta Corte — traduz prerrogativa insuprimível da cidadania.” STF Notícias de 19/4/2012 “A democratização do acesso à Justiça revela-se um inadiável programa estatal, cuja implementação terá a virtude de iniciar o processo de reinserção e reincorporação dos despossuídos ao sistema de direito do qual se acham injustamente excluí- dos, permitindo que o postulado da igualdade — fundamento verdadeiro do processo de construção da cidadania — tenha, finalmente, plena, consequente e definitiva realização.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 54 “O juiz do STF deve ter uma visão ampla e abrangente do con- flito que vai julgar. Deve saber as consequências de sua decisão. Mas, no dilema entre interesses meramente pragmáticos de pura conveniência econômica ou financeira da administração pública e a prevalência de princípios constitucionais, a opção do juiz há de ser pela prevalência desses valores essenciais.” Anuário da Justiça — 2010 “Esse caso mostra que há processos em que o próprio juiz se emociona e se angustia, tal o grave quadro de desamparo social que se abateu sobre um ser humano tão vulnerável, causado pela frieza burocrática do aparelho de Estado e agravado pela insensibilidade governamental. O STF, no entanto, restaurou a ordem jurídica violada e fez preva- lecer, em favor de um menor injustamente posto à margem da vida, completamente ultrajado em sua essencial dignidade, as premissas éticas que dão suporte legitimador ao nosso sistema de direito e ao nosso sentimento de justiça!” STF Notícias de 3/6/2009 55 D O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “O fato grave e dramático que atinge os socialmente ex- cluídos — e que se tornam, também eles, por efeito ca- sual, vítimas injustas dessa perversa exclusão de ordem jurídica — reside na circunstância de que a condição de despossuídos acaba gerando a perda de um essencial elemento de conexão que lhes garanta uma exata e bem definida posição em nosso sistema político e jurídico. Com os socialmente excluídos está em causa, portanto, o próprio reconhecimento — tão essencial à preserva- ção da dignidade individual — de que à pessoa humana assiste o direito a ter direitos.” Jornal do Brasil de 6/6/1997 SOBRE O MINISTRO CELSO Frases, pensamentos e citações 58 “Dois traços impressionam quando se conhece o decano Celso de Mello. Um é sua memória. O ministro é capaz de citar fatos, datas, personagens, precedentes, leis, números de processos e o que mais for com a facilidade de quem responde qual o seu nome ou a cidade onde nasceu. A outra é a paixão por seu trabalho, que os 20 anos intensos e trepidantes de Supremo Tribunal Federal, celebrados em agosto de 2009, não conseguiram aplacar. A paixão com que o ministro se entrega ao trabalho transparece no entusiasmo com que se refere ao Judiciário brasileiro, à sua história e a seus avanços. O gosto pelo es- tudo também fica evidente pela quantidade de livros espalhados em seu gabinete e pela facilidade com que o ministro os localiza.” Anuário da Justiça — 2010 “O presidente do Supremo Tribunal Federal volta a se so- bressair como uma exceção no cenário institucional brasi- leiro, e se destaca pela coragem, a serenidade e o perfeito entendimento do papel que representa.” Jornal da Tarde SP de 9/4/1999 59 “Eu trabalhei ao lado de Celso cerca de dezesseis anos. (...) Quero dizer que Celso é uma bela figura humana, um homem de caráter, um homem profundamente honesto, um homem distinto, um homem correto, um democrata, alguém que pratica com vigor os princípios democráticos.” Ministro Carlos Velloso, por ocasião dos vinte anos do Ministro Celso de Mello no STF, em 17/8/2009 “A invejável capacidade de trabalho e a notável disposição para suscitar e debater questões novas não lhe retiram a irradiante simpatia, a lhaneza do trato, a elegância dos gestos, o entu- siasmo contagiante no exercício da função.” Discurso do Ministro Sydney Sanches, em 22/5/1997 SO B RE O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es 60 “De todos os Juízes do Supremo Tribunal de Justiça, ao tempo do Brasil-Império, e do Supremo Tribunal Federal, sob a República, é o que chega mais jovem à Presidência da Corte, ou seja: com 51 anos de idade. Não se equivocou a Comunidade de Jacksonville, na Flórida, quando lhe conferiu, aos 18 anos de idade, o título de cidadão, pois lhe anteviu um futuro brilhante, que hoje, sob todos os títulos, se confirma e se consagra.” Discurso do Ministro Sydney Sanches, em 22/5/1997 “Para a ministraCármen Lúcia, o título de decano que o ministro car- rega é merecido mais pela experiência que acumula e transfere, com nobreza e disposição incomuns, aos colegas, do que pelo tempo que tem de casa. ‘Seu trabalho permite que se mantenham os valores a serem preservados no Tribunal, em benefício da estabilidade e da ho- norabilidade do órgão. Em algumas ocasiões, acho que nem deveria ser chamado de decano, mas ‘dezcano’: o ministro Celso de Mello é dez’.” Ministra Cármen Lúcia, CONJUR de 15/8/2009 61 “O ministro Celso de Mello é intransigente na defesa dos direitos fundamentais, no respeito ao devido processo legal e na garantia da liberdade de expressão. Considera que o principal compromisso do Supremo é garantir a inviolabilidade da Constituição.” Anuário da Justiça — 2007 “Quero deixar registrado, nesta oportunidade em que Vossa Excelência nos dá a honra, agora, de se sentar ao lado, que, durante o período em que esteve à frente desta Turma, Vossa Excelência a conduziu com grande operosidade, eficiência e, sobretudo, segurança, tornando tran- quilos os nossos julgamentos. Assim, temos muito o que agradecer a Vossa Excelência na condução dos trabalhos, e penso, também, que os jurisdicionados têm de agradecer e, de alguma forma, interpreto esse sentimento geral. E estou certo de que Vossa Excelência continuará prestando relevantíssimos serviços à Corte, ajudando-nos a entender, um pouco melhor, o Direito; enfim, desempenhando as tarefas e as funções que a Constituição comete a esta Corte.” Ministro Cezar Peluso, em 16/12/2008. Encerramento da sessão em que o Ministro Celso de Mello transmitiu o cargo de Presidente da Segunda Turma à Ministra Ellen Gracie SO B RE O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es 62 “Acho o Celso um dos melhores ministros do tribunal de todos os tempos. Tem dado contribuição decisiva a um estado constitucional moderno, com ampla defesa, proteção à mulher e aos direitos sociais.” Ministro Gilmar Mendes, por ocasião dos vinte anos do Ministro Celso de Mello no STF, em 17/8/2009 “Ministro Celso de Mello é uma figura singular na história do Supremo Tribunal. Convivi com ele praticamente todo o tempo que passei no Tri- bunal e o admiro cada vez mais, pela evidente cultura jurídica, pela de- dicação desumana, eu diria, ao trabalho, que o faz, em cada caso, esgotar a pesquisa do assunto. É o que lhe custa trabalhos até de madrugada. E me acostumei a, do escritório de minha casa, vê-lo chegar do Supremo, pelas madrugadas, e saudá-lo. (...) por seus votos, por sua dignidade, por sua independência, tem marcado esses vinte anos e, estou certo, marcará a história do Supremo Tribunal Federal.” Ministro Sepúlveda Pertence, por ocasião dos vinte anos do Ministro Celso de Mello no STF, em 17/8/2009 63 SO B RE O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Se o princípio da presunção da inocência ainda prevalece com dignidade e vigor frente à persecução implacável do Estado e da sociedade, boa parte dos méritos pode ser atribuída ao Ministro Celso de Mello. A cada ano, o decano da corte aju- da a jurisprudência da casa a ficar mais sólida no sentido do respeito ao devido processo legal e às liberdades individuais.” Anuário da Justiça — 2009 “Há duas décadas de vida monástica, de vida dedicada integralmente ao Supremo Tribunal Federal, o Ministro Celso de Mello, hoje o nosso Decano, possui bagagem insuplantável e memória que poucos têm, a revelar verdadeira biblioteca ambulante. A colaboração de Sua Exce- lência para o aprimoramento do Estado de Direito é muito grande e sa- tisfatória. Que tenha vida longa, uma longa vida judicante, atendendo ao trinômio: Lei, Direito e Justiça e potencializando, passo a passo, esta última, ou seja, a Justiça esperada por todos os cidadãos brasileiros.” Manifestação do Ministro Marco Aurélio, em 17/8/2009, em sessão ao ensejo de vinte anos de judicatura do Ministro Celso de Mello no Supremo. 64 “O ministro Celso de Mello é mais do que um obcecado estudioso, brilhante jurista e incansável magistrado; é José Celso de Mello Filho, homem simples e digno, justo e leal, amigo e professor, a quem se agradece por nos fazer acreditar que no Brasil existem juízes e existe Justiça, e para quem, sem qualquer sombra de dúvidas, se aplica o mais famoso dos sermões, o Sermão da Montanha (evangelho Segun- do São Mateus): ‘Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados’.” Professor Doutor Alexandre de Moraes, RDA de set./dez. 2013 “Peço a palavra para (...) agradecer a Vossa Excelência os prog- nósticos que faz de uma presidência a ser desempenhada por mim, na sequência da sua. Seguindo os seus conselhos e a sua orientação sempre sábia, a tarefa não me parece extremamente árdua. Mas volto a frisar que basta seguir os exemplos de Vossa Excelência para ter sucesso nessa missão.” Ministra Ellen Gracie, em 16/12/2008. Encerramento da sessão em que o Ministro Celso de Mello transmitiu o cargo de Presidente da Segunda Turma à Ministra Ellen Gracie 65 SO B RE O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Para ele, não se transige com os princípios funda- mentais, como a liberdade de expressão, a presun- ção de inocência e a garantia de minorias exercerem seus direitos mesmo contra a posição majoritária na sociedade.” Anuário da Justiça — 2012 “Esta Turma rejubila-se com o fato da presença do Mi- nistro Celso de Mello e com a circunstância de vir a ser integrada por Juiz de elevada qualificação profissional e de tão altos dotes intelectuais e morais, como os de que S. Exa. é detentor.” Ministro Néri da Silveira, em 15/6/1999 66 “Sua veia garantista se revela em praticamente todas as suas explanações, principalmente nas causas cri- minais e nas que versam sobre direitos fundamentais.” Anuário da Justiça — 2008 “Seu talento e erudição, a clareza de ideias, a elegância da for- ma nas manifestações orais e escritas, a profundidade do con- teúdo e o grande poder de convencimento são frequentemente aqui exaltados por todos os Juízes da Corte; frequentíssimas as citações de seu nome e de seus trabalhos pela doutrina e pela jurisprudência de todo o País.” Discurso do Ministro Sydney Sanches, em 22/5/1997 67 SO B RE O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Para o decano do Supremo a lei não se esgota em si mesma. Assim como o sistema de Justiça — que com- preende normas, decisões, processos — deve servir às pessoas para solucionar seus problemas, não alimentar a si próprio. Celso de Mello obedece à lei sem se omitir.” Anuário da Justiça — 2008 “O advogado Francisco Rezek, ministro aposentado do Supre- mo e ex-juiz da Corte de Haia, destaca a ‘enorme erudição’ do ministro. ‘Eu diria do Celso aquilo que uma vez, no Palácio do Itamaraty, na minha presença, o filósofo francês Raymond Aron disse de José Guilherme Merchior, nosso grande inte- lectual na segunda metade do século XX, que morreu preco- cemente: ‘esse moço leu tudo e entendeu tudo’. No Supremo Tribunal Federal, ele é o jurista que leu absolutamente tudo, e compreendeu absolutamente tudo.’” Ministro Francisco Rezek, CONJUR de 15/8/2009 68 “V. Exa., Ministro Celso de Mello, tem honrado e dignificado a suprema magistratura do país. V. Exa. tem, na verdade, escrito, com lustre, a história do Direito brasileiro.” Ministro Carlos Velloso, em 26/8/2004 “Ao longo dessas quatro décadas voltadas integralmente ao ser- viço público de prestação de Justiça, magistrados, operadores doDireito, jurisdicionados acostumamo-nos às lições de técnica jurídica e bom senso, descortino e percuciência, serenidade e lhaneza com que Vossa Excelência a todos brinda generosa e indistintamente, tanto na atividade judicante incansável quanto no cotidiano simples, mas austero, de cidadão exemplar.” Ministro Gilmar Mendes, por ocasião dos vinte anos do Ministro Celso de Mello no STF, em 17/8/2009 69 SO B RE O M IN IS TR O C EL SO Fr as es , p en sa m en to s e ci ta çõ es “Homem de hábitos modestos e cultura exuberante, Celso de Mello tem toda a sua agenda praticamente to- mada pelo trabalho. O ministro até tentou se livrar do costume de varar as madrugadas trabalhando, mas foi vencido pela dedicação ao Direito e à Justiça. Os colegas continuam contando histórias de e-mails enviados por ele às 5 horas da manhã.” Anuário da Justiça — 2011 “Nas decisões monocráticas e nos votos que tem proferido, mesmo não como Relator, e nos acórdãos que relata, sempre minuciosos, escorreitos e substanciosos, JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO tem aprofundado o estudo dos institutos que examina, colocando sua imensa cultura jurídica e visão huma- nística à busca de uma solução condizente com os princípios constitucionais pelos quais deve zelar esta Casa.” Discurso do Ministro Sydney Sanches, em 22/5/1997 JULGADOS EM DESTAQUE 72 – Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado – “A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIO- NAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. — Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (...). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual (...). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletivi- dade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRIN- CÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. — A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a ‘defesa do meio ambiente’ (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. — O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da eco- logia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações.” ADI 3.540 MC/DF 73 JU LG A D O S EM D ES TA Q U E – Direito à Vida e à Saúde – “Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde — que se qualifica como direito subjetivo inalienável a todos assegurado pela própria Constituição da República (art. 5º, “caput”, e art. 196) — ou fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendo, uma vez configurado esse dilema, que razões de ordem ético-jurídica impõem, ao julgador, uma só e possível opção: aquela que privilegia o respeito indeclinável à vida e à saúde humanas.” STA 175 AgR/CE Conceito Normativo de “Casa” para Fins da Garantia Constitucional da Inviolabilidade Domiciliar “É imperioso, portanto, que as autoridades e agentes do Estado não desconheçam que a proteção constitucional ao domicílio — que emerge, com inquestionável nitidez, da regra inscrita no art. 5º, XI, da Carta Política — tem por fundamento norma revestida do mais elevado grau de positividade jurídica, que proclama, a propósito do tema em análise, que ‘a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial’ (grifei). Impõe-se enfatizar, por necessário, como previamente já destacado, que o conceito de ‘casa’, para o fim da proteção jurídico-constitucional a que se refere o art. 5º, XI, da Lei Fundamental, reveste-se de caráter amplo, pois compreende, na abrangência de sua designação tutelar, (a) qualquer compartimento habitado, (b) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva e (c) qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Esse amplo sentido conceitual da noção jurídica de “casa” revela-se plenamente consentâneo com a exigência constitucional de proteção à esfera de liberdade individual e de privacidade pessoal. Sendo assim (...), nem a Polícia Judiciária, nem o Ministério Público, nem a administração tributária, nem quaisquer outros agentes públicos podem ingressar em domicílio alheio, sem ordem judicial, ou sem o consentimento de seu titular, ou, ainda, fora das hipóteses autorizadas pelo texto constitucional, com o objetivo de proceder a qualquer tipo de diligência, como a execução de busca e apreensão (sem mandado judicial), tal como ocorrido, de modo inteiramente ilegítimo, na espécie em exame. Em suma: a essencialidade da ordem judicial, para efeito de realização de qualquer diligência de caráter probatório, em área juridicamente compreendida no conceito de domicílio, nada mais repre- senta senão a plena concretização da garantia constitucional pertinente à inviolabilidade domiciliar.” HC 82.788/RJ – – 74 – Presunção Constitucional de Inocência em Âmbito Eleitoral – “Cabe reafirmar (...) uma observação concernente ao postulado da presunção de inocência: trata-se de garantia — que possui eficácia irradiante, apta a projetá-la para esferas processuais não criminais — cuja invocação, contra qualquer autoridade ou Poder do Estado, mostra-se pertinente não só nos casos de recebimento da denúncia (como sucedia no regime anterior), mas, também, em qualquer situação na qual não se haja formado a coisa julgada (...). A exigência de coisa julgada — que representa, na constelação axiológica
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