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PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS PENAS ALTERNATIVAS À PRISÃO - SUBSTITUTIVAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO - PRD (Art. 43, CP). Calculada a pena privativa de liberdade (art. 68, CP), fixado o regime INICIAL (Art. 33, CP), dispõe o artigo 44 que as penas restritivas de direitos podem substituir as privativas de liberdade. a) DEFINIÇÃO SANÇÃO IMPOSTA EM SUBSTITUIÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE CONSISTENTE NA SUPRESSÃO OU DIMINUIÇÃO DE UM OU MAIS DIREITOS DO CONDENADO. Tendência do direito penal moderno (eliminação da pena privativa de liberdade de curta duração). b) ESPÉCIES 1. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE 2. LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA 3. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS 4. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA 5. PERDA DE BENS E VALORES (≠ CONFISCO – efeito da condenação - pode passar da pessoa do condenado) NATUREZA PESSOAL / NATUREZA REAL OBS.: Há outras penas restritivas de direitos previstas na lei de trânsito e lei dos crimes ambientais; CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PENAL II PROFª.: ANA KARMEN FONTENELE DE CARVALHO Condenação com PRD suspende os direitos políticos do condenado – art. 15, III, CRFB/88 - Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 1ª Corrente: Não suspende, pois não impossibilita o reeducando de concretizar o direito de voto. 2ª Corrente: Suspense, pois a CRFB não excepciona tipos de pena. Todavia o STF (RE601182), admitiu possuir repercussão geral a controvérsia sobre a suspensão de direitos políticos, versada no artigo 15, III, CRFB, tendo em vista a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. De acordo com a maioria da doutrina, entende-se que a substituição não pode ficar ao arbítrio do Juiz. Preenchidas todas as exigências impostas pelo dispositivo penal, o juiz deve substituir a privativa de liberdade por restritiva de direito. O sistema de penas alternativas é exemplificativo. O artigo 45, §2º não é taxativo. Sendo questionado a sua constitucionalidade, pois configura pena indeterminada (princípio da legalidade é inalienável – mesmo que o réu concorde). c) CARACTERÍSTICAS As penas restritivas de direito, em regra, não são cominadas abstratamente no tipo penal incriminador, possuindo as seguintes características: I – autonomia: não podem ser cumuladas com as restritivas de liberdade. Ou aplica a pena privativa de liberdade (sem substituição) ou substitui pela restritiva de direitos. Não poderá soma-las. Exceções (aplicação cumulada): a) Art. 78, CDC (Lei 8.078/90); b) CTB (Lei 9.503/97): prisão mais suspensão da habilitação. II – substitutividade: Primeiro o juiz fixa a pena privativa de liberdade e depois na mesma sentença a substitui por PRD. Exceção (PRD abstratamente cominada no tipo incriminador): Art. 28, Lei de Drogas (Lei nº11.343/2006): posse de droga para consumo pessoal, como advertência, prestação de s serviços de à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. d) DURAÇÃO (art. 55, CP) Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46. A PRD (natureza pessoal) terá a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. Exceções: a) penas restritivas de direito de natureza real; b) prestação de serviços a comunidade – art. 46, §4º, CP (“§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada”); c) art. 41, §2º, Estatuto do Torcedor – promover tumulto (pena de 1 a 2 anos) – pena de comparecimento de estádio no prazo de 3 meses a 3 anos . e) REQUISITOS (art. 44, CP) As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II - o réu não for reincidente em crime doloso; III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (princípio da suficiência) 1. OBJETIVOS (natureza do crime e quantidade de pena) 2. SUBJETIVOS (reincidência e princípio da suficiência) ¹ Quanto a violência imprópria (redução da impossibilidade de resistência por outros meios), a doutrina (majoritária) entende não ser possível a substituição, pois trata-se de um forma específica de violência; contudo, Mirabete (minoritária) entende que é possível a substituição, como no roubo com o uso de narcóticos (―boa noite cinderela‖). ¹ Acerca das infrações de menor potencial ofensivo praticadas com violência e grave ameaça, como a lesão leve, a ameaça e o constrangimento ilegal, o entendimento majoritário (GRECO;STJ) é da possibilidade da substituição, pois estes crimes estão submetidos ao procedimento dos Juizados (transação penal). Assim, apesar de serem dolosos e cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, não podem ser excluídos do benefício, pois de menor potencial ofensivo, sendo preferível a imposição de medidas alternativas. Atenção: não cabe substituição de pena privativa de liberdade por restritivas de direitos em delitos militares, sendo aplicável a analogia na espécie (STF). ² Art. 44, §3º - possibilidade de substituição ao reincidente de crime doloso – desde que: a medida seja socialmente recomendável (análise subjetiva) e não seja reincidência específica. ³ Princípio da suficiência: a PRD deve ser adequada e suficiente para se alcançar as finalidades da pena, qual seja a retribuição do mal e a prevenção (geral (sociedade) e especial (condenado – reincidente e ressocialização)). As circunstâncias judiciais devem indicar a substituição. PRD – CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS Impedimentos: os requisitos: sem violência ou grave ameaça; crime não superior a 4 anos e o regime inicialmente fechado. 1ª corrente: são incompatíveis com o benefício da PRD. 2ª corrente: preenchidos os requisitos, cabe pena restritiva de direito para crimes hediondos. A lei de crimes hediondos não veda. Lei nº 11.343/06 (lei de drogas) vedava nos art. 33, §4º e 44, porém referidos dispositivos foram declarados inconstitucionais pelo STF1 (com efeito vinculante). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (lei nº. 11.340/06) Não é possível a substituição da pena privativa de liberdade (Jurisprudência). f) APLICAÇÃO - Art. 44, §2º, CP * Nos crimes ambientais, pena entre 1 a 4 anos, apenas 1 restritiva de direito. g) CONVERSÃO: Pena restritiva de direito em pena privativa de liberdade * ALGUNS AUTORES DIZEM QUE O CERTO É FALAR RECONVERSÃO, POIS A PRIMEIRA CONVERSÃO OCORREU QUANDO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE FOI SUBSTITUIDA EM RESTRITIVA DE DIREITOS. HIPÓTESES: 1ª) – ART. 44, §4º, CP – descumprimento injustificado da restrição imposta - obrigatória. § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido (DETRAÇÃO) o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. Ex.: DETRAÇÃO - Privativa = 1 ano injustificado - conversão. Cumpre 1 ano, menos o que cumpriu, resultado cumprirá2 meses em privativa de liberdade. * Tem que sobrar um saldo de 30 dias (minoria da doutrina (LFG) entende que o saldo mínimo é inconstitucional, gerando não somente um bis in idem de parcela da pena, bem como quem está ―determinando‖ o cumprimento de tempo de prisão é o legislador e não o juiz.) * No caso das PRD de natureza real: 1ª corrente) Não cabe. 2ª corrente: (MAJ – STJ/STF) Cabe, a lei não proíbe como faz com a multa. Desconta o percentual do pagamento já efetuado. Ex.: Prestação pecuniária = 1.000,00 – pagou 500,00 – irá cumprir 50% da pena. 2ª) – ART. 44, §5º, CP - superveniência de condenação a pena privativa de liberdade por outro crime - facultativa. § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime , o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Ex.: Privativa = 1 ano – No 10º mês, condenação a privativa de liberdade por outro crime. Não há previsão legal de detração – há jurisprudência que defende a analogia in bonna partem. 3ª) Art. 181, LEP. Princípio da boa-fé objetiva. Muda o domicílio sem comunicar ao juízo competente. h) ESPÉCIES h.1) prestação de serviços a comunidade Espécie genérica. Tarefas (aptidões do condenado) gratuitas (não são remuneradas e não geram vínculo empregatício) (§1º) - em entidades assistenciais (públicas e privadas), hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais (§2º). Para condenações superiores a 6 meses. Assemelha-se a pena privativa de liberdade, mas não há perda do convívio social. Proíbe atividade cruel, ociosa, vexatória ou humilhante – nem em igrejas ou comunidade religiosa. 1 hora por tarefa por dia de condenação (sistema hora-tarefa). Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.* * Ex.: Privativa de liberdade = 1 ano. Restritiva = prestação de serviços. Trabalha 2 horas por dia, cumpre a pena em seis meses. Se trabalhar 3 horas, não poderá reduzir, pois terminaria em 4 meses, que é inferior a metade da pena de 1 ano (6 meses). * Crimes ambientais: para as Pessoas Jurídicas: custeio de programas e projetos ambientais; execução de obras de recuperação de áreas degradadas; manutenção de espaços públicos; contribuições a entidades ambientais ou culturas públicas. h.2) limitação de fim de semana Espécie genérica. Origem alemã. Deve ser cumprida me casa de albergado, não poderá cumprir em presídio na falta desta. Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. h.3) interdição temporária de direitos Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; III - suspensão de autorização (moto) ou de habilitação para dirigir veículo. IV - proibição de freqüentar determinados lugares. V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. Espécie especial ou específica (crimes determinados). Inciso I e II – críticas – fere a prevenção especial (ressocialização) Inciso I – específica – para crime cometido na função pública (ou mandato eletivo) ≠ efeito da condenação da perda do mandato, cargo ou função pública. Inciso II – específica – para crime cometido na esfera privada com habilitação especial ou licença. Inciso III – crimes culposos de trânsito – CTB regula estes crimes, assim este dispositivo foi revogado – continua em relação a suspensão da autorização ≠ efeito – inabilitação para dirigir veículo quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. Inciso IV – essencialmente restritiva de liberdade – difícil fiscalização. Inciso V – genérica – novidade – 2011. Relativa ao art. 311-A, CP, mas pode ser aplicada a todos. h.4) prestação pecuniária Espécie genérica. Pagamento de dinheiro à vítima, dependentes, na falta destes, entidade pública ou privada (com destinação social); valor fixado pelo juiz; não inferior a 1 salário mínimo, nem superior a 360 salários mínimos (o valor é deduzido em eventual ação de reparação civil). Caráter unilateral, impositivo e cogente (independe de aceitação da vítima). * despenalização. Em dinheiro, mas é possível a substituição por pedras preciosas, obras de artes e até mão-de- obra. h.5). perda de bens e valores Espécie genérica. Retirada de bens e valores integrantes do patrimônio lícito do condenado, transferindo ao Fundo Penitenciário Nacional. Limite: prejuízo causado ou proveito obtido. Em crimes em que houve prejuízo a vítima ou proveito do agente. Conteúdo confiscatório (art. 5º, XLVI), mas diferente do confisco, que é efeito automático da condenação (podem ser cumuladas) e incide sobre os instrumentos e produto do crime de cunho ilícito. JURISPRUDÊNCIA _____________________________________________________________________________ (INFORMATIVO 598 - STF). Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substituição de Pena Privativa de Liberdade por Restritivas de Direitos - Em conclusão, o Tribunal, por maioria, concedeu parcialmente habeas corpus e declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade da expressão ―vedada a conversão em penas restritivas de direitos‖, constante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, e da expressão ―vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos‖, contida no aludido art. 44 do mesmo diploma legal. Tratava-se, na espécie, de writ, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, em que condenado à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão pela prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 11.343/2006, art. 33, § 4º) questionava a constitucionalidade da vedação abstrata da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos disposta no art. 44 da citada Lei de Drogas (―Os crimes previstos nos arts. 33, cap ut e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.‖). Sustentava a impetração que a proibição, nas hipóteses de tráfico de entorpecentes, da substituição pretendida ofenderia as garantias da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI), bem como aquelas constantes dos incisos XXXV e LIV do mesmo preceito constitucional — v. Informativos 560, 579 e 597. Esclareceu-se, na presente assentada, que a ordem seria concedida não para assegurar ao paciente a imediata e requerida convolação, mas pararemover o obstáculo da Lei 11.343/2006, devolvendo ao juiz da execução a tarefa de auferir o preenchimento de condições objetivas e subjetivas. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Ellen Gracie e Marco Aurélio que indeferiam o habeas corpus. HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 1º.9.2010. (HC-97256)
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