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OBRIGAÇÕES MATERIAL DE APOIO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E PAGAMENTO INDEVIDO

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
MATERIAL PARA ESTUDO COMPLEMENTAR
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E PAGAMENTO INDEVIDO
 ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
O Código Civil trata do pagamento indevido nos artigos 876 a 883 e o enriquecimento sem causa nos artigos 884 a 886. A partir do enquadramento conferido pelo Código aos dois institutos, pode-se classificá-los como fontes unilaterais de obrigações. Ao contrário do que dispõe o Código, a doutrina tende a qualificar essas duas figuras como fonte autônoma de obrigações.
No direito obrigacional usualmente ocorre o enriquecimento de uma parte em detrimento de outra, enriquecimento esse que deve ser fundado numa justa causa. É o que ocorre, por exemplo, na doação.
A ideia que norteia o enriquecimento ilícito é justamente a de que esse incremento patrimonial se opera não fundado em justa causa, ou pelo menos, sem causa jurídica. É o exemplo daquele que paga dívida inexistente.
Dessa forma, o enriquecimento sem causa é o aumento patrimonial sem base jurídica que o legitime. É fonte autônoma de obrigação da mesma forma que os atos unilaterais.
Interpretando a legislação vigente, pode-se concluir que o enriquecimento sem causa e o pagamento indevido constituem verdadeiras fontes de obrigações. O ato de realizar um pagamento importa na extinção da dívida, contudo, o pagamento indevido opera de forma inversa, pois o mesmo não extingue a dívida e ainda cria para aquele que o recebe a obrigação de devolvê-lo. O solvens, isto é, aquele que efetuou o pagamento, torna-se titular de uma ação de repetição.
O princípio que veda o enriquecimento sem causa não pode ser confundido com a condenação em perdas e danos, na medida em que não se trata aqui do manejo da responsabilidade civil para resolver a patologia de eventuais relações. No tratamento do enriquecimento sem causa a noção de culpa é irrelevante.
Nesse sentido, pode-se notar a pluralidade de correntes sobre a natureza jurídica do pagamento indevido. As legislações estrangeiras igualmente perfilham distintos entendimentos. Em apanhado sucinto, pode-se dizer que a doutrina nacional segue a tradição francesa, que entende o enriquecimento sem causa como fonte autônoma de obrigação, isto é, um ato unilateral.
A noção geral de enriquecimento sem causa é enunciada pelo art. 884 do Código Civil, da seguinte forma:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Cumpre observar a relação de imediatidade perceptível quanto ao enriquecimento de uma parte e o empobrecimento de outra. Há, inclusive, segmentos doutrinários que preferem a denominação empobrecimento ilícito.
A positivação do enriquecimento ilícito (ou “sem causa”) foi uma das inovações trazidas pelo Código Civil de 2002 para o campo do direito das obrigações. Não que a doutrina do enriquecimento ilícito não estivesse amadurecida anteriormente, mas ela certamente ganha reforço com a atual previsão legal. Adicionalmente, esse tratamento expresso contribui para que situações marcadas pelo enriquecimento ilícito sejam levadas aos tribunais e debatidas não somente como aplicação de um princípio geral de Direito, enquadramento detido pelo enriquecimento sem causa anteriormente à sua atual positivação.
A restituição decorrente do enriquecimento sem causa obedece concomitantemente aos dois parâmetros acima referidos: por um lado, essa devolução não pode exceder o enrique- cimento do agente recebedor; da mesma forma, ela não pode ultrapassar o empobrecimento sofrido pelo outro agente.
O valor da restituição será calculado na data em que a mesma ocorrer. Ainda que mais valiosa a coisa, o valor da restituição deve versar apenas sobre o quantum relativo ao enriquecimento do agente.
Essa obrigação de restituir alcança da mesma forma os benefícios alcançados, como os frutos. Se equivocadamente um apartamento foi dado em dação de forma a saldar uma dívida, os aluguéis são igualmente devidos com a restituição do imóvel.
AÇÃO DE IN REM VERSO
A ação de in rem verso, ou seja, a ação de que se vale quem sofreu o empobrecimento sem causa jurídica, deve observar os seguintes requisitos: 
a existência de um enriquecimento; 
um empobrecimento correlativo; 
ausência de causa jurídica para sua ocorrência; e 
ausência de interesse pessoal do empobrecido.
O enriquecimento é o elemento central. No momento de exercício da ação, ele deve estar ainda presente. Se já não mais subsiste, essa ação carecerá de interesse processual. Outro dado importante é a aferição das circunstâncias no caso concreto, que deve ser procedida pelo julgador, avaliando em que medida o enriquecimento efetivamente se processou.
O enriquecimento é a transferência de porção do patrimônio de alguém para a esfera jurídica de outrem sem que tenha havido o desejo dessa transmissão, ou que esse mesmo desejo tenha se manifestado de forma equivocada. Pode se operar por intermédio de diversos institutos jurídicos, como a remissão indesejada de uma dívida ou uma liberalidade feita à pessoa equivocada.
Nos casos de pagamento indevido, que é espécie de enriquecimento sem causa, além de alguém que enriqueça de forma indevida, é necessária a existência de alguém que concomitantemente empobreça. Observa-se um nexo de causalidade entre essas duas ações, isto é, um fato jurígeno que redunda em vantagem para um e desvantagem para outro. Ainda, a vantagem aqui referida deve ser mensurável economicamente.
Conexa à idéia de enriquecimento é igualmente importante a falta de causa. Causa é o ato jurídico que justifica a inclusão de um direito no patrimônio jurídico de alguém. O art. 885 do Código Civil define:
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Como visto, o enriquecimento sem causa redunda no surgimento de obrigações sem que para isso concorra a vontade dos agentes. Uma vez efetuado, por exemplo, um pagamento indevido, surge aquele que o recebe a necessidade de devolvê-lo. Para o surgimento dessa obrigação não é necessária emanação do empobrecido.
A subsidiariedade da ação de in rem verso é determinada no art. 886 do Código Civil. Essa ação deve ser usada quando o cabimento de outras medidas não for possível, como ações fundadas em cláusulas contratuais ou ações que busquem a anulação ou reconheci- mento da nulidade de negócios jurídicos. Na ação que busca dirimir o enriquecimento sem causa, apenas o que foi indevidamente recebido pode ser pleiteado, não se podendo aduzir pedidos como perdas e danos e pagamento de cláusula contratual.
PAGAMENTO INDEVIDO
Pagamento indevido é modalidade peculiar de enriquecimento sem causa e, dessa forma, segue os mesmos princípios gerais aplicados àquele. Da mesma forma, a idéia que norteia o instituto é a de reequilíbrio patrimonial.
Já se observou em aulas anteriores a relevância do pagamento como forma natural de extinção das obrigações. Através do cumprimento da obrigação, seja ela de dar, fazer ou não fazer, ocorre a solução do vínculo que liga devedor e credor.
Nesse sentido, o instituto do pagamento é inicialmente tratado pelo art. 876 do Código Civil, o qual determina que:
Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
De forma simples, têm-se que, por erro, alguém realiza pagamento referente à dívida inexistente (indébito objetivo) ou o faz, tendo em vista dívida de fato existente, mas em benefício de pessoa equivocada (indébito subjetivo).
Diante do equívoco surge a possibilidade de repetir, isto é, de reaver o que foi pago. A idéia inerente ao pagamento indevidoé o erro, a noção equivocada de vinculação a uma obrigação que na realidade não existe. Trata-se de um requisito, pois se o solvens, mesmo sabendo da inexistência de débito, realiza o pagamento, não há que se pleitear repetição.
Do pagamento indevido surge uma obrigação que vincula o accipiens à devolução do indevidamente recebido. Essa obrigação tem causa na lei, notadamente no art. 876 do Código Civil, e não deixa de ser um fato curioso na medida em que um pagamento, meio natural de extinção de obrigações, é causa geradora de uma nova relação crédito/débito.
No que concerne aos requisitos do pagamento indevido, pode-se elencar os seguintes: 
pagamento (aqui concebido no sentido amplo); 
ausência de causa jurídica; e 
(erro, sendo aqui irrelevante a espontaneidade do pagamento para tornar obrigatória a restituição do mesmo.
Em relação ao erro do solvens, é necessário atentar, preliminarmente, ao art. 877 do Código Civil, ao dispor que:
Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro.
Conforme enuncia o dispositivo transcrito, no caso de pagamento indevido, há a necessidade de provar o erro. No entanto, tal artigo deve ser interpretado de modo restrito, como se referindo apenas ao pagamento sem causa jurídica. Não há que estender a imposição desse ônus probatório na configuração do enriquecimento ilícito.
Caio Mário destaca ainda, no tocante ao erro, que:
“A repetição do indébito comporta ainda o erro quantitativo quando o devedor paga mais do que deve; ou quando paga por inteiro a um dos co-credores, no caso de a obrigação não ser solidária e ser divisível, ou ainda quando por erro sobre a situação real, paga a dívida já extinta”.
Da mesma forma, observa-se a existência de pagamento indevido quando se salda dívida condicional antes do implemento da condição suspensiva. Conforme observado, antes do implemento do evento futuro e incerto, não há direito propriamente dito, mas tão somente expectativa de direito. Não há obrigação a ser solvida e, portanto, o pagamento erroneamente vinculado é repetível.
No entanto, o mesmo não ocorre com as obrigações sujeitas a termo inicial (suspensivo). No termo, o evento que implica a eficácia da obrigação é futuro e certo. A obrigação já existe, apenas sua eficácia é que se condiciona ao implemento do termo. O direito do credor de receber já existe e quando o prazo aproveitar ao devedor, este pode dele abrir mão, pagando antecipadamente a obrigação. Não haverá, nesse caso, que se falar em repetição.
		DELINEAMENTOS GERAIS DA REPETIÇÃO
Os efeitos do pagamento indevido, no que concerne à repetição, podem variar de acordo com a intenção do accipiens, na medida em que a conduta deste pode ser dar em consonância com a boa ou má-fé.
De modo sucinto, em havendo boa-fé, algumas peculiaridades da repetição deverão ser observadas: 
o accipiens deve restituir o recebido e os frutos estantes; 
a devolução deve ser dar, prioritariamente em espécie, mas na impossibilidade disso ocorrer, deve o accipiens restituir o valor estimado em dinheiro; 
o accipiens tem direito aos frutos percebidos e não é obrigado a devolver a estimação pecuniária daqueles que já consumiu; 
tem ele direito à restituição dos valores referentes às benfeitorias úteis e necessárias (e o conseqüente direito de retenção), bem como o de levantar as benfeitorias voluptuárias; e 
o accipiens somente responde pela deterioração ou perecimento do objeto quando transigir com culpa.
Por outro lado, a lei é bem mais severa com o accipiens de má-fé, determinando: 
a restituição da coisa, bem como os frutos e acessões próprios a ela; 
o accipiens de má-fé pode somente pleitear o valor das benfeitorias necessárias, sem nem mesmo o direito de retenção; 
quando do perecimento ou dano à coisa deve responder pela estimação pecuniária da mesma, ainda que não tenha concorrido com culpa, excepcionando-se os casos em que o dano ocorreria independentemente do pagamento indevido.
Ainda na seara dos efeitos, aquele que recebe imóvel por conta de pagamento indevido está incumbido a auxiliar o solvens na retificação do registro.
Se o accipiens, procedendo de boa-fé, alienar o imóvel antes da reivindicação, fica obrigado a restituir ao solvens o valor auferido na transação. Estando, entretanto, de má-fé, certa é a possibilidade do solvens exigir quantum indenizatório referente a perdas e danos. Indistintamente, no caso de doação, aquele que pagou equivocadamente pode demandar o imóvel do beneficiado.
A primeira das hipóteses de impossibilidade de repetição está inserta no art. 881:
Art. 881. Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido.
A prestação se esgota no ato de sua execução, no fazer, ou ainda numa omissão, nesse caso, não fazer. A regra aqui é que o accipiens fica obrigado a indenizar na medida do benefício auferido.
Atentando aos artigos 882 e 883 do Código Civil, pode-se perceber três casos de exclusão do direito de repetição: 
no pagamento de dívida já prescrita; 
no pagamento de obrigação natural; e 
quando o pagamento objetiva fim ilícito, imoral ou proibido por lei.
A razão de ser dessa tripartição de causas é adotar a metodologia exposta pelo Código, no entanto, como já foi destacado, as obrigações naturais comportam as obrigações prescritas. O art. 882 do Código Civil enuncia que a impossibilidade de repetição atinge tanto as
dívidas prescritas como as obrigações juridicamente inexigíveis (leia-se, naturais):
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
A prescrição atinge a pretensão, mas não o direito em si, e tendo isso em vista, o pagamento de dívida prescrita, bem como de qualquer outra obrigação natural (inexigível), não importa para o accipiens a necessidade de repetição. São obrigações incompletas, uma vez que são caracterizadas apenas pela existência de débito, sem responsabilidade:
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
A associação dos contratantes almejando fim reprovado pela lei tem por efeito macular o direito de repetição. É uma aplicação do adágio de que a ninguém é dado se beneficiar da própria torpeza. Se o solvens procede de modo torpe, dando algo e pretendo finalidade ilícita ou imoral, não tem ação de repetição.
Por fim, outra hipótese de não repetição também é contemplada no art. 880 do Código Civil:
Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Aqui a lei traça especial consideração com aquele que recebe de boa-fé pagamento, crendo ser este decorrente de dívida verdadeira, e por conta disso, deixa de manter o título e garantias referentes ao crédito que crê recebido. O art. 880 do Código determina uma proteção ao accipiens que procede nessas condições, sendo corolário da idéia de segurança das relações sociais e homenagem à boa-fé.

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