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Prática Juridica Penal 1º semestre

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RESUMO DE PRÁTICA PENAL – 1º SEMESTRE
→ Regras para identificação da peça adequada:
 	Para que o candidato possa identificar a peça cabível é preciso que extraia adequadamente alguns dados constantes do problema que lhe é apresentado. Deve o candidato verificar o seguinte:
1) nome do cliente (é acusado ou é vítima-anotar aqui se o candidato está atuando em favor do acusado ou da vítima);
2) crime que lhe é imputado;
3) ação. penal para o crime que é imputado ao cliente;
4) rito do crime que lhe é imputado;
5) cabimento da suspensão condicional do processo (qualquer que seja o rito);
6) fase em que se encontra o feito do cliente.
 	Todas essas perguntas devem ser respondidas com cuidado e atenção. E a partir delas e, sobretudo, a partir da correta identificação do momento processual que o candidato terá condições de elaborar corretamente a peca cabível.
→ Regras de competência:
 	Competência pode ser sucintamente definida como o limite dentro do qual determinado órgão exerce a jurisdição. Certo é que os juízes e tribunais, regularmente investidos e constituídos, têm como poder-dever solucionar conflitos, aplicando a lei ao caso concreto.
 	No entanto, esse poder-dever, que vem a ser a jurisdição, não é exercido ilimitadamente, mas, ao contrário, é limitado pelas regras que fixam a competência.
 	A organização judiciária, no direito pátrio, divide-se entre a justiça Especializada e a justiça Comum.
 	A justiça Especializada é composta pela justiça do Trabalho, justiça Eleitoral e justiça Militar. A justiça Militar divide-se em justiça Militar Federal (ou da União) e justiça Militar Estadual.
 	A justiça Comum, por sua vez, compõe-se da justiça Federal e da justiça Estadual. A Justiça Federal tem, em 1ª Instância, Varas Federais Cíveis e Criminais e, em 2ª Instância, os Tribunais Regionais Federais. Como Instância Superior há o Superior Tribunal de justiça, depois, o Supremo Tribunal Federal. Já a justiça Estadual tem, em 1ª Instância, Varas Estaduais Cíveis e Criminais, em 2ª Instância, o Tribunal de justiça. Cada Tribunal de justiça tem jurisdição sobre todo o Estado em que está localizado.
 	Há também, no âmbito da justiça Federal, juizados Especiais Criminais, com competência para o julgamento das infrações de menor potencial ofensivo. O órgão com competência para rever as decisões dos juizados é a Turma Recursal.
 	As regras para a fixação ele competência vêm definidas nos arts. 69 e ss. do CPP. No caso concreto, a determinação do juiz ou tribunal competente para determinada causa passa pela verificação de cinco critérios:
Competência de justiça;
Competência por prerrogativa de função;
Competência ele foro;
Competência de juízo;
Existência de situação modificadora da competência: conexão ou continência.
Competência de justiça:
 	Cuida-se, numa primeira etapa, de determinar a justiça perante a qual deverá ser proposta a ação, ou seja, se a infração deve ser julgada pela justiça especializada ou pela justiça Comum.
→ Competência da justiça Especializada:
Justiça do Trabalho: não tem jurisdição penal. Observe-se que os crimes contra a organização do trabalho são, em regra, de competência da justiça Federal (art. 109, VI, da CF/1988).
Justiça Eleitoral: é competente para processar c julgar os crimes eleitorais (arts. 289 e ss. da Lei 4. 73 711965) e os que lhes forem conexos.
Justiça Militar: cabe à justiça Militar apenas o julgamento dos crimes militares definidos em lei (Dec.-lei 1.00111969). A Justiça Militar Federal no entanto, pode julgar tanto militar quanto civil, enquanto que a Justiça Militar Estadual só é competente quando o autor do crime for militar.
Obs.: Observe-se que mio compete à justiça Militar julgar: crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, abuso de autoridade, ainda que em serviço (Súmula 172 do STJ), acidente de trânsito envolvendo viatura militar, salvo se o autor e a vítima forem militares em situação de atividade (Súmula 6 do STJ), civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais (Súmula 53 do STJ).
→ Competência da justiça Comum:
Justiça Federal: A competência da justiça Federal está estabelecida pelo art. 109 da CF/1988. Trataremos a seguir apenas dos incisos que versam especificamente sobre matéria penal:
- Inciso IV, primeira parte: crimes políticos: são aqueles com motivação política ou que visem ofender a estrutura política. Incluem-se os crimes previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei 7. I 7011983). Exemplo: tentar desmembrar o território nacional em pais independente, atentar contra a vida do Presidente da República.
- Inciso IV, segunda parte: crimes cometidos em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, autarquia federal (INSS, Banco Central, Agências Reguladoras- Anatel-, Cade, fundação pública federal (CNPQ, Fundação Universidade de Brasília) ou empresas públicas federais (Correios, Radiobrás).
- Inciso V: crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ocorrer no estrangeiro ou reciprocamente. Cuida ela hipótese ele crimes à distância ou de espaço máximo. Exemplo típico da competência da justiça Federal baseada no dispositivo em estudo é o tráfico internacional de entorpecentes, previsto na Convenção de Viena ele 1988, ratificada pelo Brasil em 1991. Conforme a nova Lei de Drogas (art. 70 da Lei 1!.343/2006), os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de Vara Federal serão processados e julgados na Vara Federal da circunscrição respectiva. O tráfico interno de entorpecentes, no entanto, é de competência da justiça Estadual (Súmula 522 do STF) 
- Inciso V-A: as causas relativas a direitos humanos. Inovação introduzida na Constituição Federal pela EC 45, de 08.12.2004, o dispositivo determina a competência da justiça Federal para o processo e julgamento dos crimes que impliquem grave violação aos direitos humanos. Ainda sobre o tema, a mesma. EC 45 acrescentou ao art. 109 um§ 5. 0, vazado nos seguintes termos: "art. 109. ( ... ). § 5. 0 Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurara cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal".
- Inciso VI, segunda parte: crimes contra o Sistema Financeiro ou contra a ordem econômica ou financeira, nos casos determinados por lei. Cuida-se dos delitos previstos nos arts. 2." a 23 da Lei 7.492/1986. Não se incluem, entretanto, os crimes contra a ordem econômica previstos na Lei 8.137/1990 (a menos que se trate de tributo federal) e os crimes contra a economia popular da Lei !.52111951 (Súmula 498 do STF).
- Inciso VII: habeas corpus em matéria criminal de sua competência ou quando a autoridade coatora estiver sob sua jurisdição. Portanto, se a autoridade coatora for delegado da Polícia Federal, o habeas corpus deve ser dirigido ao juiz federal. Se for este a praticar a coaçáo, o writ será para o Tribunal Regional Federal.
- Inciso VIII: os mandados de segurança contra ato de autoridade federal.
- Conforme a Lei de Drogas (art. 70 da Lei 11.343/2006), os crimes (que sejam da competência da justiça Federal) praticados nos Municípios que não sejam sede de Vara Federal serão processados e julgados na Vara Federal da circunscrição respectiva.
- Incluem-se, também, na competência federal, os crimes cometidos contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função (Súmula 147 do STJ), e os praticados por funcionário público federal no exercício das funções ou com essas relacionadas (Súmula 254 do TFR). Existe o Júri Federal que, nos termos das súmulas acima mencionadas, ocorrerá quando o móvel do crime estiver relacionado com a função federal (nos crimes dolosos contra a vida). 
Obs.: Desta forma, por exemplo, se fiscaisdo trabalho vão até a uma fazenda para fiscalizar denúncia de trabalho escravo e lá são assassinados por conta de seu trabalho, a competência será da justiça Federal para, este júri. Por outro lado, se um funcionário público federal é assassinado em uma briga de bar por motivos ligados a time de futebol, por exemplo, a competência será da justiça Estadual.
Justiça Estadual: A competência da justiça Estadual comum não é taxativa, mas residual. Ou seja, tudo o que não for de competência das justiças Especializadas ou da justiça Federal deverá ser julgado pela justiça Estadual.
Competência por prerrogativa de função:
 	Em tese, as ações devem ser propostas em 1ª Instância, com recurso aos Tribunais ele 2ª Instância e aos Tribunais Superiores. Mas, excepcionalmente, certas pessoas, em virtude do cargo que exercem, têm o direito ele ser julgadas originariamente pelos tribunais.
Competência de foro:
Lugar da infração:
 	A regra é que a competência seja fixada pelo lugar em que a infração se consumou (teoria do resultado). Se o delito não chegou a consumar-se, será competente o juízo do local em que foi realizado o último ato de execução.
Obs.: A Lei 9.099/1995 e o Estatuto da Criança e do Adolescente excepcionam a regra geral, prevendo a fixação da competência segundo o lugar em que foi praticada a infração (teoria da atividade). Prevalece na jurisprudência que, no caso de homicídio doloso ou culposo, vale também o lugar da ação e não o do resultado morte.
 	Quando se tratar de crime permanente ou continuado, cometido em território de mais de uma jurisdiçáo, a competência será fixada pela prevenção. Da mesma forma, quando incerto o limite entre duas ou mais jurisdições ou quando a infração tiver sido consumada ou tentada na fronteira entre duas ou mais jurisdições.
 	No tocante aos crimes à distância, quando iniciado no Brasil o delito vier a consumar-se no estrangeiro será competente o lugar em que foi praticado o último ato de execução em território nacional. Se, ao contrário, foi iniciado no estrangeiro, a competência será do lugar em que, no Brasil, produziu ou devesse produzir o resultado.
Domicilio do réu:
 	Em regra, apenas no caso de não ser conhecido o lugar da infração a ação penal poderá ser proposta perante o foro de domicilio do réu. No entanto, nas ações exclusivamente privadas o querelante pode optar entre ambos.
 	Ainda, quando o crime for praticado inteiramente no estrangeiro e o processo deva transcorrer no Brasil, em virtude da aplicação do princípio da extraterritorialidade, a competência será do juízo da capital do Estado onde por último tiver residido o acusado. Se o réu nunca tiver residido no pais será competente o juízo da capital da República.
 	Se o réu tiver mais de um domicílio será fixada a competência pela prevenção, da mesma forma se o réu não tiver residência ou for ignorado o seu paradeiro.
Competência de juízo:
 	Urge por fim determinar perante qual juiz deve ser proposta a ação. Inicialmente deve-se verificar se, em razão da matéria, o crime é da competência do júri. Caso contrário, deve-se observar se ha algum juiz prevento para a causa. Sendo negativa a resposta, c se houver, na comarca, mais de um juiz competente para a mesma causa, cabe fixar a competência pela livre distribuição.
- Competência material do júri: São de competência do Tribunal do júri os crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados (homicídio, induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio, infanticídio c aborto). O júri também será competente para julgar os crimes conexos aos dolosos contra a vida. Frise-se: apenas os dolosos contra a vida são de competência material do Júri. Portanto, não se incluem outros crimes, outros como o latrocínio, o homicídio culposo, as lesões corporais seguidas de morte, o estupro seguido de morte e as lesões corporais gravíssimas por terem resultado em aborto.
- Prevenção: No caso de haver, no mesmo foro, mais de um juiz competente para a causa, será competente o que tenha primeiro praticado algum ato do processo ou medida a esse relativo, mesmo que anterior à denúncia ou à queixa. Sào exemplos: decretação da prisão preventiva ou temporária, concessão de liberdade provisória, recebimento elo pedido de explicações em juízo, determinação de sequestro ele bens etc.
- Distribuição: Caso não haja juiz prevento, a competência será fixada por livre distribuição.
Modificação da competência por conexão ou continência:
 	Não obstante devam ser consideradas as regras precedentes, que trazem os critérios fixadores da competência, é possível a ocorrência de circunstância que modifique a competência natural ele determinado delito. Essas circunstâncias são a conexão ou continência. Assim é possível encontrar, por exemplo, um crime contra o património sendo julgado pelo júri (se for conexo a um homicídio) e um cidadão comum sendo julgado originariamente pelo STF (se tiver cometido um crime em concurso com o Presidente ela República). Analisaremos brevemente os casos de conexão, continência e, a seguir, trataremos das regras que determinam, nesses casos, em qual foro devem ser, e reunidos os processos (foro prevalente) e por fim das hipóteses em que não é possível a reunião. 
- Conexão: Ocorre a conexão quando são cometidas várias infrações penais, de alguma forma, inter-relacionadas.
- Continência:
No caso de continência, é cometido apenas um crime, por mais de uma pessoa, ou é realizada apenas uma conduta, que dá origem a mais ele um resultado.
→ Considerações importantes sobre conteúdo:
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA:
 	No estado de São Paulo, no ano de 2015 foi editada uma resolução para instituir uma formalidade processual chamada audiência de custodia. A audiência de custódia é o instrumento processual que determina que todo preso em flagrante deve ser levado à presença da autoridade judicial, no prazo de 24 horas, para que esta avalie a legalidade e necessidade de manutenção da prisão (somente ocorre em caso de prisões em flagrante). 
 	A previsão legal encontra-se, desde muito, em tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Com efeito, o art. 7º, 5, do Pacto de São Jose da Costa Rica ou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos reza: 
"Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo." 
 	No Brasil, esse prazo é entendido como 24 horas, o artigo 306, §1º, do Código de Processo Penal, prevê que o juiz deverá ser imediatamente comunicado da prisão de qualquer pessoa, assim como a ele deverá ser remetido, no prazo de vinte e quatro horas, o auto da prisão em flagrante:
 	Dessa forma, quando uma pessoa é presa em flagrante, este tem que ser encaminhado para o juiz competente imediatamente. Logo, toda pessoa que for presa em flagrante será encaminhada em até vinte e quatro horas para o juiz competente, o qual irá realizar uma primeira audiência (audiência de custodia). Essa audiência não é comunicada ao advogado da parte, o qual deve buscar informações a respeito da data, local e hora da ocorrência. 
 	A audiência será presidida por autoridade que detém competências para controlar a legalidade da prisão. Além disto, serão ouvidas também as manifestações de um Promotor de Justiça, de um Defensor Público ou de seu Advogado. O preso será entrevistado, pessoalmente, pelo juiz, que poderá relaxar a prisão, conceder liberdade provisória com ou sem fiança, substituir a prisão em flagrante por medidas cautelares diversas, converter a prisão em preventiva ou ainda analisar a consideração do cabimento da mediação penal, evitando a judicialização do conflito, corroborando para a instituição de práticas restaurativas.
 	O valor da fiança será fixado de acordo com o disposto no artigo 325 CPP, sendo de1 a 100 salários mínimos, levando em conta a capacidade econômica desse indivíduo. O valor da fiança deve ser entregue no mesmo plantão do delegado que o determinou, ou seja, deve recolher a fiança antes do final do plantão. Se o indiciado não recolher a fiança, será remetido o preso para o estabelecimento prisional mais próximo, de acordo com a disposição do juiz competente da comarca. 
Sendo assim, a audiência serve para verificar se a prisão em flagrante foi de forma legal ou ilegal. Pois, se a prisão tiver se dado de forma ilegal o juiz não pode admitir que ela persista:
→ Se a prisão for ilegal, o juiz opera o chamado relaxamento, o qual comporta pedido por parte do advogado do réu. 
Obs.: Não se fala mais em relaxamento depois da audiência de custódia. 
→ Se a prisão for legal, pode ocorrer que o juiz pode verificar a desnecessidade de manter o indivíduo preso, pois, a prisão não é regra, sendo mera exceção, podendo conceder a liberdade provisória, a qual pode ser pedida pelo advogado do réu, devendo ser fundamentada.
→ Pode acontecer também de o juiz verificar que a prisão é legal, mas resolva pela sua manutenção. Nessa possibilidade, há a audiência de custódia, mas o juiz decide não conceder liberdade. Dessa forma, a prisão torna-se preventiva, e por tempo indeterminado, tempo este que será fixado a critério do juiz. 
→ O juiz pode ainda adotar uma medida cautelar ao invés da liberdade provisória, como o uso da tornozeleira, por exemplo. O crime de receptação admite a liberdade provisória, concedida diretamente pelo delegado na delegacia, conforme artigo 322 do CPP, pois é punido com reclusão de até dois anos. 
Obs.: A liberdade provisória pode ser com fiança ou sem fiança.
Exemplo: será ilegal uma prisão em flagrante por roubo se o roubo tiver ocorrido no dia anterior, devendo ele enquadrar no crime de receptação, e não roubo., pois o flagrante deve ocorrer no momento da ação, ou poucas horas depois do ocorrido. 
LIBERDADE PROVISÓRIA E PRISÃO
→ Conceito de liberdade provisória?
 	È a liberdade concedida, em caráter provisório, ao indiciado ou réu, preso em decorrência de prisão em flagrante, que, por não necessitar ficar segregado, em homenagem ao principio da presunção de inocência, deve ser liberado, sob determinadas condições. Ou seja, é o instituto processual que garante ao acusado o direito de aguardo o curso do processo em liberdade. É a consagração, portanto, da possibilidade de alguém permanecer em liberdade enquanto é processado.
 	A liberdade provisória, com ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão preventiva ou temporária. Nessas duas ultimas hipóteses, vislumbrando não mais estarem presentes os requisitos que as determinaram, o melhor a fazer é revogar a custodia cautelar, mas não colocar o réu em liberdade provisória, que implica sempre em respeito a determinadas condições.
 	Estabelece o Código de Processo Penal em seu art. 321 que, na ausência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares diversas da prisão, observados os critérios do art. 282.
 	No Brasil a prisão é a exceção e a liberdade, enquanto processo não atinge o seu ápice com a condenação com transito em julgado, a regra.
	
 	A liberdade provisória pode ser de 2 espécies: sem fiança ou com fiança:
Liberdade provisória sem fiança:
 	Nos termos do parágrafo único do art. 310 do Código, se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato amparado por uma das causas excludentes da ilicitude (art. 23 do CP), poderá, fundamentalmente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
 	A liberdade provisória, portanto será concedida sem arbitramento de fiança nessa hipótese, uma vez imposta a prisão em flagrante, como forma de evitar a sua manutenção no cárcere e, assim, atender ao mandamento constitucional de que a segregação cautelar de alguém só deve acontecer excepcionalmente.
Liberdade provisória com fiança:
 	Fiança é uma garantia prestada pelo réu do cumprimento de suas obrigações processuais, estando em liberdade. Seu mecanismo consiste em depositar determinado valor em juízo, em troca de sua libertação provisória. O que vincula o acusado ao processo, ou seja, o que garante que ele não vai se furtar à aplicação da lei, é exatamente esse valor prestado. Pode ser, inclusive, cumulada com outras medidas cautelares, nos termos do art. 319, § 4º, CPP.
 	O CPP traz as hipóteses em que não deverá ser concedida fiança, ou seja, trata de inafiançabilidade. Se a infração não se encaixar nas hipóteses relacionadas, ela é afiançável. Não se concederá fiança:
Nos crimes de racismo;
Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do Código;
Em caso de prisão civil ou militar;
Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
 	Frisa-se que a inafiançabilidade de um crime não significa a impossibilidade de concessão de liberdade provisória. Se o crime é inafiançável, dependendo do caso concreto, pode o juiz conceder a liberdade provisória sem o arbitramento da fiança, decretando, porém, medidas cautelares diversas da prisão.
→ Conceito de prisão:
 	É a privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através do recolhimento da pessoa humana ao cárcere. Não se distingue, nesse conceito, a prisão provisória, enquanto se aguarda o deslinde da instrução criminal, daquela que resulta de cumprimento de pena. Enquanto o Código Penal regula a prisão proveniente de condenação, estabelecendo as suas espécies, formas de cumprimento e regimes de abrigo do condenado, o Código de Processo Penal cuida da prisão cautelar e provisória, destinada unicamente a vigorar, quando necessário, até o trânsito em julgado da decisão condenatória.
→ Disposições gerais
 	Na esfera penal, importam 2 espécies de prisão:
Prisão penal (pena): é a que ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória; é o cumprimento da pena imposta propriamente dito. 
Prisão cautelar (processual / provisória): é a que ocorre antes da sentença condenatória, ou seja, durante o curso do processo, antecedendo a sentença irrecorrível. 
→ Prisão especial:
 	Tem direito à chamada prisão especial, nos termos do art. 295 do CPP:
Os ministros de estado;
Os governadores, prefeitos, secretários de estado, vereadores, chefes de policia;
Os membros do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados;
Os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;
Os oficiais das Forças Armadas e os militares do Estados, do DF e dos Territórios;
Os magistrados;
Os diplomados por qualquer faculdade superior;
Os ministros de confissão religiosa;
Os membros dos Tribunais de Contas;
Os cidadão que já tiveram exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivos de incapacidade para exercício da função;
Os delegados de policia e os agentes policiais.
 	O rol não se esgota nesse dispositivo do Código. Leis Especiais também conferem a prerrogativa a outras pessoas, como aos advogados, conforme disposição contida no art. 7.º, V, da Lei n. 8.906/94.
 	A prisão especial só tem lugar durante a fase processual. Se condenado o sujeito, será transferido para cela comum. A Lei n. 10.258/2001 trouxe nova redação ao art. 295 do código de Processo Penal, que passou a regulamentar prisão especial, prevendo as únicas regalias a que o preso especial tem direito são:
Manutenção em estabelecimento distinto ou em cela distinta dos presoscomuns.
Transporte separado dos presos comuns.
 	De resto, todos os direitos e deveres são os mesmos dos presos comuns. Há de ressaltar que boa parte da doutrina se opõe ferrenhamente a tal regalia, reputando-a absolutamente institucional, por ferir o princípio da igualdade.
→ Formalidades da prisão:
 	Existem regras gerais para a realização da prisão de alguém. A primeira e mais importante, é a indisponibilidade de mandado de prisão, expedido por autoridade judiciária, que proferiu a decisão escrita e fundamentada nos autos do inquérito ou do processo. Excepcionalmente, admite-se a formalização da prisão por ato administrativo, como ocorre no caso do flagrante.
Obs.: Inexiste fixação de dia e hora para prender alguém, quando há ordem judicial para tanto. Se a prisão é cautelar e indispensável, não teria cabimento determinar momentos especiais para a sua realização. Assim, onde quer que seja encontrado o procurado, deve ser regularmente preso. A exceção fica por conta de preceito constitucional cuidando da inviolabilidade de domicílio (art. 283, §2.º, CPP).
 	O emprego de força, para a realização da prisão, é exceção e jamais regra. Utiliza-se a violência indispensável para conter eventual resistência ou tentativa de fuga. Não se autoriza, em hipótese alguma, a violência extrema, consistente na morte do procurado. Logo, se esta ocorrer, não há viabilidade em alegar, o estrito cumprimento do dever legal. Eventualmente, resistindo ativamente o preso e investindo contra os policiais, podem estes alegar legitima defesa e, nessa hipótese, se houver necessidade, ate matar o agressor.
 	Quanto ao emprego de algemas, tratando-se de instrumento de implementação da violência indispensável para conter a fuga ou a resistência, deve ser utilizado em situações excepcionais – e não como regra.
 	Ressalta-se que a efetivação da prisão é um ato eminentemente policial, não cabendo juízes e membros do Ministério Publico realiza-la. Logo, cabe aos agentes de policia avaliar, no caso concreto, a necessidade de fazer uso das algemas. E, se utilizarem, devem lavrar um auto, por escrito, justificando a medida.
→ Espécies de prisão processual cautelar:
 	São cinco, a saber:
Prisão em flagrante
Prisão temporária
Prisão preventiva
Prisão em decorrência de pronúncia
Prisão em decorrência de sentença condenatória recorrível
Obs.: Em qualquer das espécies de prisão cabe o instituto da detração, ou seja, o desconto do tempo de prisão provisória ou internação provisória na pena privativa de liberdade, ao início de seu cumprimento – é o abatimento do tempo em que o agente permaneceu preso. 
→ Prisão em flagrante:
 	Prisão em flagrante é a modalidade de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que se desenvolve ou termina de se concluir a infração penal (crime ou contravenção penal).
 	Autoriza-se essa modalidade de prisão na Constituição Federal (art. 5.º, LXI), sem a expedição de mandado de prisão pela autoridade judiciaria, dai por que o seu caráter administrativo, já que seria incompreensível e ilógico que qualquer pessoa, sendo autoridade policial ou não, que visse um crime desenvolvendo-se a sua frente e não pudesse deter o autor de imediato.
Obs.: Tem que restar claro que não existe prisão em flagrante com mandado de prisão.
 	O fundamento da prisão em flagrante é justamente poder ser constatada a ocorrência de delito de maneira manifesta e evidente, sendo desnecessária, para a finalidade cautelar e provisória da prisão, a analise de um juiz de direito. Essa prisão, realizada sem mandado, esta sujeita a avaliação imediata do magistrado, que poderá relaxa-la, quando vislumbrar ilegalidade. Ressalta-se, no entanto, que analisada e mantida pelo juiz, passa a ter conteúdo jurisdicional.
 	Exige-se apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo nenhuma valoração sobre ilicitude e culpabilidade, outros dois requisitos para a configuração do crime. É a tipicidade o fumus boni juris (fumaça do bom direito).
 	Tem essa modalidade de prisão, incialmente, o caráter administrativo, pois o auto de prisão em flagrante, formalizado da detenção, é realizado pela Policia Judiciaria, mas torna-se jurisdicional, quando o juiz, tomando conhecimento dela, ao invés de relaxa-la, prefere mantê-la, pois considerada legal.
 	Quanto ao periculum in mora (perigo de demora), típico das medidas cautelares, é ele presumido quando se tratar de infração penal em pleno desenvolvimento, pois lesadas estão sendo a ordem publica e as leis. Cabe ao juiz, no entanto, após a consolidação do auto de prisão em flagrante, decidir, efetivamente, se o periculum existe, permitindo, ou não, que o indiciado fique em liberdade.
 	A reforma implementada pela Lei 12.403/2011 tornou obrigatório, para o magistrado, ao receber o auto de prisão em flagrante, as seguintes medidas:
Relaxar a prisão ilegal: Para requerer o relaxamento de prisão é necessário que a situação de fato se enquadre uma das 4 possibilidades previstas no artigo 302 do CPP.
Converter a prisão em flagrante em preventiva, desde que presentes os requisitos do art. 312 do CPP e se forem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP
Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Exemplo: Um individuo rouba um veiculo na segunda-feira no período da manhã e a vítima só diligencia a delegacia na manhã de terça-feira. Caso esse agente seja capturado por policiais, ele não poderá ser preso em flagrante, haja vista que, para configurar tal crime a conduta precisa estar sendo exercida naquele momento ou ter acabado de ocorrer. Ademais, caso esse individuo seja capturado utilizando o veiculo roubado na tarde da terça-feira, poderá ser preso em flagrante pelo crime de receptação. Dessa forma, se os oficiais lavrarem auto de infração com a justificativa de roubo, o juiz deverá considerar a prisão ilegal e instantaneamente determinar a soltura do agente, no entanto, se os policiais lavrarem auto de infração com fulcro no crime de receptação, a prisão será legal e o juiz (na audiência de custódia) terá que averiguar se é caso de relaxamento (com ou sem fiança) de prisão ou de liberdade provisória. 
Obs.: Ainda existem outras medidas cautelares para determinar a soltura do preso.
→ Flagrante próprio, impróprio e presumido:
Flagrante próprio ou real:
 	Sob tal denominação estão abrangidas as hipóteses dos incisos I e II do art. 302 do CPP.
- Inciso I. Considera-se em flagrante delito quem está cometendo a infração penal:
 	Conforme mencionado, trata-se de situação em que o sujeito é visto durante a realização dos atos executórios da infração penal ou colaborando para sua concretização. Assim, pode ser preso em flagrante, por exemplo, aquele que for visto efetuando os disparos contra a vítima do homicídio ou apontando a arma para a vítima do roubo.
 	O fato de ser preso em flagrante o autor do crime não possibilita a prisão de partícipes que não estejam em situação flagrancial. Por exemplo, em um dia João incentiva Paulo a matar Antonio. Dias depois, Paulo é preso matando a vítima. O envolvimento de João é punível, mas sua participação ocorreu dias antes e ele não pode ser preso em flagrante. Ao contrário, se o partícipe estivesse no próprio local do crime incentivando o assassino a desferir as facadas mortais na vítima e ambos fossem flagrados nesse momento, a prisão em flagrante envolveria o autor do crime e o partícipe.
Obs.: É comum que policiais prendam alguém em flagrante por crime de receptação por estar com um carro roubado em sua garagem. Ocorre que tal pessoa comprou o carro de procedência ilícita muito tempo atrás e, no dia em que os policiais o localizaram em sua casa, ele não estava realizando qualquer dos atos executórios do art. 180 do Código Penal — adquirir, receber, ocultar, conduzir ou transportar. Lembre-se que guardar o carro na própria garagem não constitui ocultação. A prisão em flagrante neste caso é equivocada e deve ser relaxada porquea conduta “adquirir” não constitui crime permanente e o mero ato de estar na posse do carro, em si, não constitui ato executório da receptação. Ao contrário, a prisão seria considerada correta se o agente tivesse sido flagrado dirigindo o carro roubado, pois uma das condutas típicas previstas é exatamente a de “conduzir” veículo de origem ilícita.
- Inciso II. Considera-se em flagrante delito quem acaba de cometer a infração:
 	Considerando que nas modalidades flagranciais dos incisos III e IV do art. 302 do CPP o agente é preso após deixar o local do crime, resta para esta modalidade do inciso II a hipótese em que o sujeito é encontrado ainda no local dos fatos, imediatamente após encerrar os atos de execução do delito.
 	É o que ocorre quando vizinhos acionam a polícia por ouvir disparos dentro de uma residência e os policiais, lá chegando, encontram a vítima morta e o homicida ao lado.
 	É evidente a necessidade de indícios veementes de que a pessoa encontrada no local é a autora do delito, já que pode se tratar de pessoa que chegou à casa após o assassinato e a fuga do criminoso. A prisão será possível, por exemplo, se a pessoa que estava ao lado da vítima morta estiver na posse da arma usada no crime, ou se os vizinhos disserem aos policiais que ninguém saiu ou entrou da residência após o crime ou até mesmo se a pessoa confessar ter sido a autora dos disparos. Na prática, é muito comum esta modalidade de prisão em flagrante quando ladrões são presos no exato instante em que saem do estabelecimento comercial onde praticavam o roubo.
Flagrante impróprio ou quase flagrante:
Fundamentada no art. 302, III, do CPP:
 	Premissa dessa modalidade de prisão em flagrante é que o agente já tenha deixado o local do crime, após a realização de atos executórios, e que seja perseguido. A lei esclarece que tal perseguição pode se dar por parte da autoridade (policiais civis ou militares), do ofendido (vítima) ou de qualquer outra pessoa.
 	Não é necessário que a perseguição tenha se iniciado de imediato, muito embora seja evidente a possibilidade de flagrante em tal caso. A perseguição é imediata quando alguém se põe no encalço do agente logo que ele inicia sua fuga do local do delito, por exemplo, uma mulher coloca sua bolsa sobre um balcão para efetuar o pagamento das compras e o ladrão rapidamente pega a bolsa e sai correndo, porém, um segurança da loja corre atrás e, após persegui-lo por algumas quadras, consegue alcançá-lo e prendê-lo. O próprio texto legal, contudo, esclarece ser também possível o flagrante impróprio quando a perseguição se inicia logo após o agente deixar o local dos fatos. A expressão “logo após” abrange o tempo necessário para que a polícia seja acionada, compareça ao local, tome informações acerca das características físicas dos autores do crime e da direção por eles tomada, e saia no encalço destes.
Obs.: A palavra “perseguição” supõe que os fugitivos estejam na esfera visual dos perseguidores, mas tão somente que os últimos estejam no encalço dos autores do crime, à sua procura. 
 	Uma vez iniciada a perseguição logo após a prática do crime, não existe prazo para sua efetivação, desde que referida perseguição seja ininterrupta. Por isso, a perseguição pode durar vários dias, desde que os policiais estejam o tempo todo em diligências, no encalço dos criminosos (fato que, em geral, só ocorre em crimes de maior gravidade).
 	Ao contrário do que se possa imaginar, iniciada a perseguição, não existe prazo de 24 horas para a efetivação da prisão em flagrante. O que existe na lei é um prazo de 24 horas para a lavratura do auto de prisão após esta ter se efetivado
 	Frisa-se o início de perseguição a que se refere o art. 302, III, do CPP diz respeito ao término da ação delituosa e começo da fuga do bandido. Não se pode, portanto, considerar presente tal situação quando alguém que está viajando é vítima de furto e, ao retornar para casa, dias ou horas depois, aciona a polícia ao perceber que os bens da residência foram subtraídos.
 	Por fim, para a configuração do flagrante impróprio é irrelevante que o agente tenha conseguido ou não consumar o crime que pretendia cometer. É plenamente possível tal modalidade de flagrante em crimes tentados, por exemplo, o ladrão foge do local do crime sem nada levar por ter soado o alarme sonoro existente no estabelecimento, sendo, por conta disso, desencadeada uma perseguição que culmina em sua prisão.
Flagrante presumido ou ficto:
Fundamentada no art. 302, IV, do CPP:
 	Nessa modalidade, o sujeito não é perseguido, mas localizado, ainda que casualmente, na posse das coisas mencionadas na lei, de modo que a situação fática leve à conclusão de que ele é autor do delito. É o que ocorre, por exemplo, quando alguém rouba um carro e, algumas horas depois, é parado em uma blitz
de rotina da polícia que constata a ocorrência do roubo e, por isso, leva o condutor do veículo até a vítima que o reconhece, ou, ainda, quando o furtador de uma bolsa feminina é flagrado por policiais em uma praça, vasculhando o interior da bolsa minutos após o furto.
Obs.: É necessário verificar se trata-se de um crime instantâneo (consuma-se em um momento certo e determinado) ou de crime permanente (consumação se prolonga no tempo). O alcance da expressão “logo depois” deve ser analisado no caso concreto, em geral de acordo com a gravidade do crime, para se dar maior ou menor elastério a ela, sempre de acordo com o prudente arbítrio do juiz. Em pesquisas de jurisprudências é possível verificar que têm sido plenamente aceitas as prisões ocorridas várias horas após o crime.
→ Flagrante esperado, provocado ou preparado:
Flagrante provocado ou preparado: 
 	Nessa espécie de flagrante, agentes provocadores (que podem ser da autoridade, vítima etc.) induzem, convencem alguém a praticar um suposto delito, tomando, ao mesmo tempo, providências para que se torne impossível sua consumação. Suponha-se que um grupo de policiais, não conseguindo fazer prova de que determinada pessoa atua como assaltante de bancos, faça com que um deles, disfarçadamente, passe a frequentar os mesmos lugares do investigado (bares, por exemplo) para com ele estabelecer uma amizade. Quando mantém o contato, o policial disfarçado mente que é assaltante e convence o investigado a cometerem um roubo em conjunto em determinado estabelecimento bancário, contudo, no instante em que entram no banco e anunciam o roubo, diversos policiais, que estão também à paisana no local aguardando o crime, dão voz de prisão ao investigado. Em tais casos o flagrante é nulo por ter sido preparado por agente provocador.
Obs.: Quando policiais disfarçados compram algumas doses da droga que estavam no bolso do traficante a prisão em flagrante é considerada legal em razão de peculiaridades do tipo penal do crime de tráfico (art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006). Com efeito, referido delito possui inúmeras condutas típicas, sendo que diversas delas constituem crime permanente. Na situação em análise, a venda da droga constituiu encenação, não podendo o traficante ser acusado por tráfico em razão de tal venda. Acontece que ele tinha anteriormente a droga em seu poder para fim de tráfico (crime permanente), o que torna legal a prisão em flagrante. A negociação entabulada pelos policiais à paisana visava apenas demonstrar a finalidade para a qual ele tinha a droga em seu poder. Na denúncia, contudo, o promotor deve acusá-lo de trazer a droga consigo para tráfico, e não pela venda.
Flagrante esperado: 
 	É uma forma de flagrante válido e regular, no qual agentes da autoridade, cientes, por qualquer razão (em geral notícia anônima), de que um crime poderá ser cometido em determinado local e horário, sem que tenha havido qualquer preparação ou induzimento, deixam que o suspeito aja, ficando à espreita para rendê-lo em flagrante no momento da execução do delito. Note-se que em tal caso não há qualquer farsa ou induzimento, apenas aguarda-se a prática do delito no local.
→ Flagrantefacultativo e obrigatório:
Flagrante facultativo: 
 	Conferiu a lei a possibilidade de qualquer pessoa do povo, inclusive a vitima do crime, prender aquele que for encontrado em flagrante delito, num autentico exercício de cidadania, em nome do cumprimento das leis do pais. Quando qualquer pessoa do povo prende alguém em flagrante, esta agindo sob a excludente de ilicitude denominada exercício regular de direito. 
Flagrante obrigatório: 
 	Quanto às autoridades policias e seus agentes (Policia Militar ou Civil), impões o dever de efetiva-la, sob pena de responder criminal e funcionalmente pelo seu descaso. E deve faze-lo durante as 24 horas do dia, quando possível. Cuida-se do flagrante obrigatório. Quando a prisão for realizada por policial, trata-se de estrito cumprimento de dever legal.
→ Auto de prisão em flagrante:
 	É o documento elaborado sob a presidência da autoridade policial a quem foi apresentada a pessoa presa em flagrante e no qual constam as circunstâncias do delito e da prisão. Referido auto deve ser lavrado no prazo de 24 horas a contar do ato da prisão, pois o art. 306, § 1º, do Código de Processo Penal exige que cópia dele seja enviada ao juiz competente dentro do mencionado prazo a fim de que este aprecie a legalidade da prisão, bem como verifique a possibilidade de concessão de liberdade provisória ou a necessidade de decretação da prisão preventiva.
 	Durante a lavratura do auto de prisão em flagrante a autoridade policial deverá indagar do indiciado se pretende indicar algum familiar ou outra pessoa para que seja informada de sua prisão. Deverá também questionar se ele possui advogado que deva ser contatado.
 	Tais providências são necessárias porque o art. 5º, LXII, da Constituição Federal estabelece que a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão imediatamente comunicados ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.
 	Por sua vez, se o preso informar que não possui Defensor constituído, cópia do auto de prisão deverá ser encaminhada à Defensoria Pública para que o analise e pleiteie o que entender pertinente em prol do preso (relaxamento da prisão, liberdade provisória etc.)
→ Quem deve presidir a lavratura do auto de prisão: 
 	Em geral, a lavratura do auto de prisão se dá na mesma cidade em que se consumou a infração penal. É, porém, possível que a prisão ocorra em local diverso daquele em que foi praticada a infração penal. Sabedor desta possibilidade, o legislador estabeleceu que, nestes casos, o auto deverá ser lavrado sob a presidência da autoridade do município onde se deu a prisão. É o que diz o art. 290 do CPP que prevê ainda a obrigação da autoridade de encaminhar posteriormente o auto de prisão e o preso para o foro competente para prosseguimento. Este dispositivo faz menção expressa às situações em que o autor do delito está sendo perseguido e passa do território de um município ou comarca para outro, contudo, por interpretação extensiva, é aplicado também às hipóteses de flagrante presumido (ou ficto), em que o sujeito não está sendo perseguido, mas é meramente encontrado, logo depois do crime, na posse, por exemplo, do bem subtraído. Suponha-se que um ladrão roube um carro em São Paulo e uma hora depois seja parado em uma blitz em São Caetano, onde os policiais constatam a ocorrência do delito. O auto de prisão deve ser lavrado em São Caetano e, posteriormente, encaminhado à Capital.
 	É preciso ressalvar, por fim, que o eventual desrespeito às regras supramencionadas não gera a nulidade do auto de prisão caso as demais formalidades legais tenham sido observadas, uma vez que as autoridades policiais não possuem jurisdição, não se podendo cogitar de incompetência territorial, mas de mero desrespeito a normas administrativas, que não maculam a validade do auto em si
→ Procedimento para a lavratura do auto de prisão:
	Uma vez dada a voz de prisão ao autor da infração penal, por policial ou por particular, deve a pessoa presa, bem como as testemunhas, ser levada à presença da autoridade policial. Ao chegar lá o condutor do flagrante apresenta o preso à autoridade e narra verbalmente a ela o ocorrido (o crime e as circunstâncias da prisão). Se a autoridade entender que o fato narrado não constitui ilícito penal ou que a situação não se encaixa nas hipóteses de flagrante, deve relaxar a prisão e liberar a pessoa que lhe foi apresentada.
 	Na última hipótese deverá determinar a lavratura de boletim de ocorrência e instaurar inquérito mediante portaria, pois o fato narrado constitui crime, embora ausente situação de flagrante delito. Por outro lado, se a autoridade considerar que a situação é de flagrância e que o fato que lhe foi apresentado configura infração penal, deverá determinar a lavratura do auto de prisão, o qual conterá as seguintes fases, nos termos do art. 304 do CPP:
I. Oitiva do condutor, ou seja, da pessoa que levou o preso até o distrito policial e o apresentou à autoridade. Pode ser policial ou qualquer outra pessoa. O condutor não precisa ter presenciado o crime ou ter sido o responsável pela prisão. É comum, por exemplo, que seguranças de uma loja prendam um ladrão por furto e acionem a Polícia Militar, de modo que os policiais, comparecendo ao local, têm melhores condições de conduzir o preso até a delegacia na viatura. É um desses policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando, assim, como condutor. O segurança responsável pela prisão será ouvido em seguida na condição de testemunha.
Finda a oitiva do condutor, a autoridade, desde logo, colherá sua assinatura no termo de declarações e lhe entregará cópia do depoimento e recibo de entrega do preso, tornando, assim, dispensável sua permanência no recinto até a finalização do auto de prisão.
II. Oitiva das testemunhas. Como art. 304, caput, do CPP utiliza-se da palavra no plural, é pacífico o entendimento de que devem ser ouvidas no mínimo duas. Caso o condutor tenha também presenciado o delito, poderá ser ouvido nesta dupla condição — condutor e 1ª testemunha.
Se não existirem testemunhas da infração penal, a autoridade poderá lavrar o auto, mas terá de providenciar para que duas testemunhas de apresentação o assinem (art. 304, § 2º, do CPP). Testemunhas de apresentação são aquelas que presenciaram o momento em que o condutor apresentou o preso à autoridade.
III. Interrogatório do preso. As formalidades para o interrogatório na fase policial são as mesmas previstas no Código de Processo Penal em seus arts. 185 a 196, que regulamentam o interrogatório judicial que regulamentam o interrogatório judicial. O preso tem o direito constitucional de permanecer calado, sem que isso possa ser interpretado em seu desfavor (art. 5º, LXIII, da CF). 
Nesse caso, a autoridade fará constar expressamente que ele fez uso desse direito, devendo o preso assinar o termo no qual consta que fez tal opção. Se o indiciado preferir responder às perguntar da autoridade, seu depoimento será reduzido a termo e ao final por ele assinado.
A impossibilidade de interrogatório do preso não impede a confecção do auto de prisão em flagrante. É o que ocorre, por exemplo, quando o preso é ferido na fuga e internado em hospital, estando sem condições de prestar declarações no momento. Em tal hipótese, o indiciado será ouvido posteriormente.
IV. A autoridade colhe vários depoimentos, transcrevendo cada qual em folha separada, e, ao final, elabora um termo, declarando resumidamente a razão da prisão, as circunstâncias da apresentação do preso e as providências tomadas no distrito policial, anexando-a aos depoimentos prestados. 
O indiciado deve também assinar esta ata (auto). Se, porventura, ele não puder, não quiser ou não souber assinar, a autoridade fará com que duas pessoas que tenham presenciado a leitura do auto ao preso o assinem. São as chamadas testemunhas de leitura. As pessoas que atestam a regularidade de um ato processual são chamadas de testemunhas fedatárias.
→ Nota de culpa:
 	É umdocumento por meio do qual a autoridade dá ciência ao preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas. A nota deve ser assinada pela autoridade e entregue ao preso, mediante recibo, no prazo de vinte e quatro horas a contar da efetivação da prisão (art. 306, § 2º).
 Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de formalidade essencial. Por isso, o delegado deve juntar aos autos cópia do recibo da entrega da nota de culpa ao preso. Se o preso se recusar a assinar o recibo a autoridade deve elaborar certidão constando o incidente, que deverá ser também assinada por outras duas pessoas.
→ Providências que devem ser tomadas pelo juiz ao receber a cópia da prisão em flagrante:
 	No prazo de 24 horas a contar da prisão, a autoridade policial deve encaminhar ao juiz competente cópia do auto de prisão. A Lei n. 12.403/2011 deu nova redação ao art. 306, § 1º, do CPP, e deixou de mencionar expressamente que este auto de prisão deve se fazer acompanhar dos depoimentos colhidos. É evidente, entretanto, que tal providência continua sendo necessária, pois o envio da mera ata impossibilita ao juiz a apreciação da legalidade da prisão. 
 	A nova redação do art. 310 do CPP diz que o juiz ao receber a cópia do flagrante deverá, de forma fundamentada, tomar uma das seguintes decisões:
I — RELAXAMENTO DE PRISÃO ILEGAL;
 	Este instituto tem respaldo no art. 5º, LXV, da Constituição Federal que diz que a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. Aliás, o art. 4º, d, da Lei n. 4.898/65 prevê expressamente como crime próprio dos juízes “deixar de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada”. As hipóteses de ilegalidade da prisão que levam ao relaxamento são:
Falta de formalidade essencial na lavratura do auto, por exemplo, ausência de oitiva do condutor, falta de entrega da nota de culpa etc.;
Inexistência de hipótese de flagrante, por exemplo, pessoa presa muitos dias após a prática do crime.
Obs.: Nessas duas primeiras hipóteses, o juiz poderá, na mesma decisão que relaxar o flagrante, decretar a prisão preventiva, caso entenda que estão presentes os seus requisitos, de modo a manter preso o indiciado.
Atipicidade do fato narrado pelas pessoas ouvidas no auto de prisão;
Excesso de prazo da prisão, ou seja, delegado que, por alguma razão, demora a enviar a cópia do auto de prisão ao juiz competente.
Obs.: Contra a decisão que relaxa a prisão em flagrante cabe recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP). Já a decisão que mantém o indiciado preso pode ser atacada pela via do habeas corpus.
II — CONVERSÃO EM PRISÃO PREVENTIVA:
- Converter a prisão em flagrante em preventiva se presentes os requisitos do art. 312 do CPP (se não se mostrar adequada ou suficiente a aplicação de medida cautelar diversa da prisão).
 	Tendo sido legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a liberdade provisória ou se decretará a prisão preventiva. Sendo esta última medida de caráter excepcional, o juiz só poderá decretá-la se estiverem estritamente presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP:
 	Deve o juiz verificar, dentre outros aspectos, a gravidade do delito cometido, os antecedentes do preso — que podem indicar tratar-se de criminoso contumaz —, a probabilidade de a vítima sentir-se amedrontada em prestar depoimento, por exemplo, contra um vizinho acusado de homicídio etc.
 	A nova redação do art. 310 do CPP exige, ainda, para ser possível a conversão do flagrante em prisão preventiva, que o juiz entenda não ser suficiente ou adequada a aplicação de qualquer outra medida cautelar diversa da prisão (recolhimento noturno, monitoramento eletrônico, proibição de ausentar-se da Comarca etc.) (arts. 319 e 320 do CPP).
 	Caso o juiz converta a prisão em flagrante em preventiva, o fato deverá ser comunicado à autoridade que detém a guarda do preso.
 
III — CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA.
 	O raciocínio do juiz nesta fase é muito simples. Ele recebe uma comunicação de que determinada pessoa foi presa em flagrante e que assim permanece porque o delegado não arbitrou fiança. Deve, então, verificar se estão presentes os requisitos da prisão preventiva.
Se positiva a resposta, deve decretá -la, desde que tenha entendido não ser suficiente medida cautelar diversa da prisão.
Se ausentes os requisitos, deve conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança dependendo do caso, podendo, ainda, cumular a liberdade provisória com qualquer das medidas cautelares diversas da prisão criadas pela Lei n. 12.403/2011, caso as entenda suficientes.
 	Contra decisão que concede a liberdade provisória cabe recurso em sentido estrito e contra aquela que a indefere cabe habeas corpus.
→ Prisão temporária:
 	È uma modalidade de prisão cautelar, cuja a finalidade é assegurar uma eficaz investigação policial, quando se tratar de apuração de infração penal de natureza grave. Está prevista na Lei 7.960/89.
 Tendo por fim não banalizar a decretação da prisão temporária, torna-se necessário interpretar, em conjunto, o disposto no art. 1.º, I e II com o III, da Lei 7.960/89. Assim, o correto é associar os incisos I e II ao inciso III, viabilizando as hipóteses razoáveis para a custodia cautelar de alguém.
 	Existem 3 situações que autorizam a temporária:
Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial (inciso I), associando-se ao fato de haver fundadas razoes, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
Homicídio Doloso
Sequestro 
Cárcere privado
Roubo
Extorsão
Extorsão mediante sequestro
Estupro
Atentado violento ao pudor
Rapto violento
Epidemia com resultado morte
Envenenamento de agua potável ou substancia alimentícia ou medicinal qualificado pela morte
Quadrilha ou bando
Genocídio
Trafico de drogas
Crimes contra o sistema financeiro
Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade, em combinação com os crimes descritos no referido inciso III.
Delitos hediondos e equiparados, logo, os previstos nos arts. 1.º e 2.º da Lei 8.072/90, quais sejam:
Tráfico de drogas
Tortura
Terrorismo
 		Não se pode decretar a temporária somente porque o inciso I foi preenchido, por isso implicaria viabilizar a prisão para qualquer delito, inclusive os de menor potencial ofensivo, desde que fosse imprescindível para a investigação policial, o que soa despropositado. Não parece lógico, ainda, decretar a temporária unicamente porque o agente não tem residência fica ou não corretamente identificado, em qualquer delito. Logo, o mais acertado é combinar essas duas situações com os crimes enumerados no inciso III, e outras leis especiais.
→ Prazo para prisão temporária: Necessário que haja determinação expressa no mandado de prisão do tempo de duração da aludida prisão. 
Crimes comuns → O prazo da prisão temporária será, como regra, de 5 dias, podendo ser prorrogado por outros 5, em caso de extrema e comprovada necessidade.
Crimes hediondos → Quando se tratar de crimes hediondos e equiparados, o prazo sobe para 30 dias, prorrogáveis por outros 30. 
 	Terminando o prazo estipulado pelo juiz, com ou sem prorrogação, deve o indiciado ser imediatamente libertado, pela própria autoridade policial, independentemente de expedição de alvará de soltura pelo juiz. Deixar de soltar o sujeito implica em abuso de autoridade.
 	A única ressalva para manter a prisão fica por conta da decretação de prisão preventiva, que passaria a viger após o termino da temporária. Dessa forma, o juiz tem apenas duas opções depois de encerrado o prazo para prisão temporária, quais sejam, libertar o réu ou decretar sua prisão preventiva. 
 	Preceitua o art. 2.º,§7.º, da Lei 7.960/89, que “decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo sejá tiver sido decretada sua prisão preventiva”.
→ Prisão preventiva:
 	Trata-se de uma medida cautelar de constrição à liberdade do indiciado ou réu, por razões de necessidade, respeitados os requisitos estabelecidos em lei. Possui 4 pressupostos:
Natureza da infração (alguns delitos não a admitem, como ocorre com os delitos culposos)
Probabilidade de condenação (fumus boni juris)
Perigo na demora (periculum in mora)
Controle jurisdicional prévio
 	Como a prisão preventiva não possui tempo determinado para sua duração, o preso pode acabar restando muito tempo no estabelecimento prisional, perdendo a possibilidade de alguns institutos previstos no Código Penal, quais sejam:
- Detração
- Remição
- Progressão
 
 	Em casos em que a prisão é irracional (7 anos, por exemplo) pode ocorrer a soltura provisória, e ainda, é possível que seja proferida uma sentença absolutória. 
 	Para a decretação da prisão preventiva é importante convencer o juiz da desnecessidade de manter o individuo em estabelecimento prisional, considerando que este só ocuparia “espaço” no ambiente, já lotado, e demonstrando que o possível criminoso não traz perigo a sociedade. Não é interessante alegar abuso ou ilegalidade. 
A prisão preventiva, se divide em:
I. Prisão preventiva propriamente dita (stricto sensu - Art. 312 do CPP).
II. Pronúncia (Art. 413, §3 do CPP).
III. Condenatória (Art. 387, § único do CPP). 
Obs.: As duas últimas terão diferenciação de acordo com o momento, pois os fundamentos são os mesmos. Sendo que ambas serão convertidas, se for o caso, em prisão provisória.
→ Fundamentação da prisão preventiva:
 	Para decretar a prisão preventiva é necessário que a fundamentação do juiz seja válida e que não seja abstrata. É necessário que esteja diante de alguma das hipóteses de flagrante previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal e que esteja de acordo com as formalidades e pressupostos exigidos no flagrante. Além de enquadrar a prisão nesses parâmetros, deverá demonstrar a rigor que as medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP são insuficientes, devendo o indiciado quebrar a “regra” e permanecer preso. 
Ilegalidade intrínseca: Se não estiver diante de alguma das hipóteses de flagrante previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal.
Ilegalidade extrínseca: Se não houver respeito as formalidades exigidas para o flagrante. 
Obs.: O juiz poderá decretar prisão preventiva de oficio ou por requerimento do Ministério Público, querelante e assistente de acusação, no curso da ação penal ou na investigação penal. 
→ Condições de admissibilidade:
 	As condições de admissibilidade da prisão preventiva são previstas no artigo 313 do CPP. O dispositivo esclarece que não basta a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, só podendo ela ser decretada em determinadas espécies de infração penal ou sob certas circunstâncias. 
 	Com efeito, referido dispositivo só permite a preventiva:
I — Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos.
 	São inúmeros os crimes que estão nesta faixa como o homicídio, o furto qualificado, o aborto sem consentimento da gestante, a lesão corporal de natureza grave, o roubo, a extorsão, a extorsão mediante sequestro, o estelionato, a receptação qualificada, o estupro, a falsificação de documento público, a concussão, a corrupção passiva e a ativa, a tortura, o tráfico de drogas etc. Em tais crimes, se o réu, por exemplo, ameaçar uma testemunha o juiz pode decretar imediatamente a sua prisão preventiva, ainda que ele seja primário e de bons antecedentes.
II — Se o réu ostentar condenação anterior definitiva por outro crime doloso no prazo de 5 anos da reincidência.
 	Assim, ainda que se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se o réu for reincidente em crime doloso e isso leve o magistrado a entender que, por tal razão, ele coloca em risco a ordem pública pela considerável possibilidade de tornar a delinquir. Nota-se, portanto, que, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena máxima não excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de que ela, por exemplo, está ameaçando testemunhas. A solução, neste caso, é a decretação de uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, como a proibição de manter contato com a testemunha (art. 319, III). 
 	Somente se o acusado, descumprindo a medida cautelar, voltar a ameaçá-la é que será possível a decretação da prisão preventiva. É o que diz o art. 282, § 4º, do CPP (combinado com o art. 312, parágrafo único), que, por estar previsto no capítulo das “Disposições Gerais” do título que trata da prisão preventiva e das outras medidas cautelares, não se restringe a crimes que tenham pena máxima superior a quatro anos (como exige o art. 313). Esta observação vale ainda que se trate de crime de menor potencial ofensivo (nunca contravenção). Ex.: decretação de prisão em crimes como ameaça e constrangimento ilegal (que envolvem violência ou grave ameaça) em que o agente, no caso concreto, descumpre cautelar anteriormente imposta tornando a ameaçar reiteradamente a vítima do crime. No regime anterior, muitas pessoas foram mortas pela falta de dispositivo semelhante, porque não era possível a decretação de prisão preventiva em crimes apenados com detenção. Elas eram constantemente ameaçadas e o Estado nada podia fazer para garantir-lhes a integridade física. Atualmente, o magistrado pode inicialmente adotar uma medida cautelar diversa da prisão e, caso descumprida, pode decretar a custódia cautelar.
III — Se o crime envolver violência doméstica ou familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa deficiente, quando houver necessidade de garantir a execução de medidas protetivas de urgência.
 	Essas medidas protetivas estão previstas no art. 76, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95, e no art. 22 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Exs.: suspensão do direito à posse de arma de fogo, afastamento do lar, proibição de aproximação da vítima, seus familiares ou testemunhas, restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores etc. Há também medidas protetivas nos arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso, e arts. 98 a 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Obs.: O art. 313, parágrafo único, do CPP possibilita, ainda, a prisão preventiva, quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser imediatamente solto tão logo seja obtida a identificação. Note-se que este dispositivo, ao contrário dos demais, não se refere exclusivamente a crimes dolosos. Assim, teoricamente, é possível a prisão preventiva em um homicídio culposo na hipótese de o autor da infração recusar-se a fornecer sua identificação, devendo, porém, ser solto, assim que se obtenha a qualificação.
→ Momento da decretação e período de duração:
 	Conforme dispões no art. 311 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, em razão de requerimento do Ministério Publico, do querelante ou do assistente, ou mediante representação da autoridade policial. O Juiz pode decretá-la, de ofício, desde que no curso da ação penal.
 	Inexiste, em lei, um prazo determinado para sua duração, diferente do que ocorro, por exemplo, com a prisão temporária. A regra é que perdure, até quando seja necessário, durante a instrução, não podendo ultrapassar eventual decisão absolutória – que faz cessar os motivos determinantes de sua decretação – bem como o transito em julgado de decisão condenatória, pois, a partir desse ponto, está-se diante de prisão-pena.
Obs.: A Lei 12.403/2011 trouxe relevante novidade para a legitimidade ativa do requerimento da prisão preventiva, permitindo que a vítima do crime, por meio do assistente de acusação, o faça. Cuida-se da ampliaçãoda participação do ofendido no processo penal, não somente para assegurar eventual indenização civil, mas também para promover o andamento e o deslinde da causa, conforme seus anseios de justiça.
→ Requisitos para declaração de prisão preventiva:
 	São sempre, no mínimo 3: 
I. Prova da existência do crime (materialidade): A prova da existência do crime é a certeza de que ocorreu uma infração penal, não se podendo determinar o recolhimento cautelar de uma pessoa, presumidamente inocente, quando há séria duvida quanto a própria existência de evento típico.
II. Indicio suficiente de autoria: O indicio suficiente de autoria é a suspeita fundada de que o indiciado ou o réu é o autor da infração penal. Não é exigida prova plena da culpa, muito antes do julgamento do mérito.
III. Uma das situações descritas no art. 312 dp CPP, a saber:
Garantia da ordem publica: 
 	A garantia da ordem publica é a hipótese de interpretação mais ampla e flexível na avaliação da necessidade de prisão preventiva. Entende-se pela expressão a indispensabilidade de se manter a ordem na sociedade, que, como regra, é abalada pela prática de um delito. Se este for grave, de particular repercussão, tomam conhecimento da sua realização em forte sentimento de impunidade e de insegurança, cabe ao Judiciário determinar o recolhimento do agente.
 	A garantia da ordem publica pode ser visualizada por vários fatores, dentre os quais: gravidade concreta da infração + repercussão social + periculosidade do agente.
 	Note-se, ainda, que a afetação da ordem pública constitui importante ponto para a própria credibilidade do Judiciario, como vêm decidindo os tribunais pátrios. Apura-se o abalo à ordem publica também, mas não somente, pela divulgação que o delito alcança nos meios de comunicação – escrito ou falado. 
 	Em suma, um delito grave – normalmente são todos os que envolvem violência ou grave ameaça a pessoa – associado à repercussão causada em sociedade, gerando intranquilidade, além de se estar diante de uma pessoa reincidente ou com péssimos antecedentes, provoca um quadro legitimador da prisão preventiva.
Garantia da ordem econômica:
 	A garantia de ordem econômica é uma espécie de gênero anterior (garantida ordem publica). Nesse caso, vira-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente, causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou mesmo de órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante nessa área.
Conveniência da instrução criminal:
 	A conveniência da instrução criminal é o motivo resultante da garantia de existência do devido processo legal, no seu aspecto procedimental. A conveniência de todo processo é que a instrução criminal seja realizada de maneira escorreita, equilibrada e imparcial, na busca da verdade real, interesse maior não somente da acusação, mas, sobretudo, do réu.
Garantia de aplicação da lei penal:
 	A garantia da aplicação da lei penal significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor de infração penal. Não tem sentido o ajuizamento da ação penal, respeitando-se o devido processo legal para a aplicação da lei penal ao caso concreto, se o réu age contra esse propósito, tendo, nitidamente, a intenção de frustrar o respeito ao ordenamento jurídico.
→ Prisão decorrente de pronúncia: 
 	Ao decidir a respeito da admissibilidade da acusação, optando por remeter o caso a julgamento pelo Tribunal do Júri, deve o magistrado manifestar-se acerca da possibilidade do réu aguardar solto o seu julgamento. Pela redação do §3.º do art. 413, o juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas Título IX do Livro I do Código de Processo Penal. 
 	Por isso, o juiz deve, sempre, decidir a respeito da prisão, mantendo-a e recomendando o réu no presídio em que encontra, ou determinando a sua captura, caso a prisão seja decretada e ele esteja solto. Naturalmente, para elaborar essa análise, o juiz deve agir com prudência e bom senso, do mesmo modo que atua quando decide a respeito da possibilidade de o acusado aguardar solto o processamento de seu recurso, em caso de condenação.
Obs.: Nada mais é do que uma modalidade de prisão preventiva, no entanto, que enquadra exclusivamente os crimes de competência do júri, quais sejam, os crimes que atentam contra a vida (aborto, homicídio, suicídio e infanticídio). 
→ Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível
 	Passa-se a considerar, para a decretação da prisão cautelar, em razão de sentença condenatória que o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
 	O réu que aguarda preso o decorrer da instrução deve continuar detido, como regra, após a prolação da sentença condenatória, mormente se foi aplicado o regime fechado. Se antes do julgamento do mérito, que o considerou culpado, estava cautelarmente recolhido, assim deve permanecer após a condenação. 
 	Sob outro aspecto, caso o juiz imponha ao acusado o regime aberto, não importando em que situação ele se encontra, não há cabimento em mantê-lo no cárcere, pois, se confirmada a decisão, o cumprimento de sua pena se dará, praticamente, em liberdade. Por outro lado, caso a pena fixada pelo magistrado seja branda, levando-se em conta o tempo de prisão cautelar (sobre o qual incidirá a detração, conforme dispõe art. 42 do Código Penal) e também o período que deverá aguardar para que seu recurso seja julgado, pode ser de flagrante injustiça mantê-lo preso. Afinal, a pena total aplicada pode ser inferior ao tempo de detenção cautelar, o que não é razoável.
 	De qualquer forma, em suma, torna-se imperiosa a utilização da proibição de recorrer em liberdade com cautela e prudência, conforme o caso concreto de cada réu apresente.
Obs.: Nada mais é do que uma modalidade de prisão preventiva onde não se dá o direito do réu recorrer em liberdade.
INQUÉRITO POLICIAL
 	O inquérito policial é o conjunto dos atos investigatórios de competência da policia judiciária, que existe para desvendar a autoria e circunstâncias do crime, e que possui como função fornecer ao titular da ação, elementos que viabilizem o exercício da ação penal. É a ação de perseguir o crime e compreende tanto a fase de investigação, quanto a fase de ação penal. Com o inquérito policial inicia – se a persecução penal do crime. 
 	O inquérito é um procedimento de natureza inquisitiva, e possui como característica a concentração da investigação dos atos por apenas uma autoridade (delegado), a qual recebe os poderes de decidir e de “requerer”. 
 	O inquérito deve disponibilizar elementos para a formação da opinio delicti do órgão acusador, isto é, a convicção do órgão do Ministério Público ou do querelante de que há prova suficiente do crime e da autoria, e dar o embasamento probatório suficiente para que a ação penal tenha justa causa. 
 	
Obs.: A atividade que se desenvolve no inquérito é administrativa, não se aplicando a ela os princípios da atividade jurisdicional, como o contraditório, a publicidade, as nulidades, etc. 
→ Finalidade do inquérito policial: Sua finalidade é a investigação a respeito da existência do fato criminoso e da autoria. Não é uma condição ou pré-requisito para o exercício da ação penal, tanto que pode ser substituído por outras peças de informação, desde que suficientes para sustentar a acusação. 
	Dessa forma, pode haver ação penal sem a pré-existência do inquérito penal, ou seja, o procedimento não é imprescindível. 
→ Função do inquérito policial: Sua função é fornecer aotitular da ação penal os elementos para instruir a demanda. O titular usualmente trata – se do Ministério Público. Importante frisar que a ação penal não pode ser iniciada sem os elementos, razão pela qual, geralmente utiliza – se do inquérito policial para colher tais elementos. 
Obs.: O inquérito policial não serve para produção de provas, haja vista que, as provas só são colhidas posteriormente na ação penal em si, quando é ofertada a possibilidade de contraditório as partes. Dessa forma, o inquérito produz apenas os elementos para que o autor da ação penal possa ingressar com a mesma (plausividade), cabendo ao acusador apreciá-los no momento de dar inicio à ação penal e, ao juiz, no momento do recebimento da denúncia ou queixa. 
→ CARACTERISTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: 
Discricionariedade: O delegado de policia possui liberdade para colher os indícios de acordo com as suas percepções sobre o fato, como por exemplo, a colheita dos depoimentos realizada na ordem que o juiz considerar pertinente. 
Procedimento escrito: O inquérito policial é uma peça escrita.
Obrigatoriedade: O delegado de policia, ao tomar conhecimento da existência de um crime, é obrigado a instaurar o inquérito policial. Dessa forma, pode-se dizer que o delegado não está sujeito ao principio da conveniência, ou seja, não cabe a ele verificar se é conveniente ou não instaurar inquérito nos crimes de ação penal pública incondicionada ou ação penal pública condicionada à representação (quando o ofendido diligencia até a delegacia buscando auxilio). 
Indisponibilidade: O delegado é obrigado a dar continuidade a investigação do inquérito, não sendo possível arquivá-lo depois de instaurado. 
Sigiloso: Em regra, os atos do inquérito devem desenvolver – se em sigilo, no entanto, nem sempre ocorre dessa forma, principalmente nos casos de grande repercussão midiática. O sigilo não se estende ao judiciário, ao Ministério Público e ao advogado suspeito. 
 → PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
 	Instaura – se formalmente o inquérito de oficio, por portaria da autoridade policial, pela lavratura de flagrante, mediante representação do ofendido ou requisição do juiz ou do Ministério Público, devendo todas as peças do inquérito ser, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografas.
	Sendo assim, o inquérito pode ser instaurado:
De oficio: O delegado, tomando ciência da infração penal, deve instaurar o inquérito policial para apreciação dos fatos. Essa ciência pode ser através de matéria jornalística, investigação, informação prestada pela polícia militar, entre outras possibilidades. 
Requisição: É a exigência para a realização de algo, fundamentada em lei. Nem o representante do Ministério Público, nem tampouco o juiz, são superiores hierárquicos do delegado, motivo pelo qual, não lhe podem dar ordens, apenas requisitar a instauração do inquérito, fazendo com que a autoridade policial cumpra a norma legal e não a vontade particular do promotor ou do magistrado. A requisição é realizada pelo Ministério Público ou pelo juiz. Feita a requisição, o delegado obrigatoriamente precisa instaurar o inquérito. Importante frisar que nos crimes de ação penal pública incondicionada esse requerimento é dispensável, diferentemente do que ocorre nos crimes de ação penal privada, onde o requerimento é totalmente necessário, indispensável. 
→ Nos crimes de ação pública condicionada a representação o delegado não pode instaurar o inquérito de oficio, haja vista que, depende da representação da vítima. 
Requerimento: É uma solicitação, passível de indeferimento, razão pela qual não tem a mesma força de uma requisição. É lógico que muitos requerimentos, quando não acolhidos, podem acarretar o direito de interposição do recurso, embora quem o rejeite possa fazê-lo dentro de uma avaliação discricionária. A parte faz um requerimento ao juiz, pleiteando a produção de uma prova, por exemplo. O magistrado pode acolher ou indeferir, livremente, ainda que o faça fundamentando. 
Obs.: Deve – se apresentar o requerimento para instauração do inquérito policial.
Representação: É a exposição de um fato ou ocorrência, sugerindo ou solicitando providências, conforme o caso. Trata – se do ato de autoridade policial, como regra, explicando ao juiz a necessidade de ser decretada uma prisão preventiva ou mesmo de ser realizada uma busca e apreensão. Pode não ser atendida. Por outro lado, pode cuidar – se do ato do ofendido que, expondo à autoridade competente o crime do qual foi vitima, pede providências. A representação não precisa ser formal, vale dizer, concretizada por termo escrito e expresso nos autos do inquérito ou do flagrante. 
Obs.: A representação pode ser feita diretamente na delegacia, reduzindo a termo, ou por advogado, através de petição destinada ao Ministério Público.
→ A jurisprudência tem aceitado, com razão, a representação informal, que é manifestação da vontade de ofendido de ver investigado e processado o inadmissível a instauração de qualquer investigação criminal ou cível, bem como processo judicial, por violar o principio constitucional da vedação do anonimato, acarretando, por consequência, prova ilícita, inadmissível no ordenamento jurídico brasileiro. 
Ações que precisam de representação da vitima: 
Ação Penal Pública Condicionada a representação
Ação Penal Privada
 	Nos crime de ação penal pública condicionada ou nos crimes de ação penal privativa do ofendido somente se pode instaurar inquérito com a representação ou requerimento da vitima ou de quem tenha qualidade para representa-la. 
Obs.: Denúncia anônima: Serve para investigação como peça auxiliar, no entanto, não é possível a instauração do inquérito com base em denúncia anônima.
 	Desde que tenha conhecimento de infração penal de ação pública, a autoridade policial deve dar inicio às investigações. Estas independem da abertura formal do inquérito, mesmo porque, na maioria das vezes, devem ser imediatamente feitas, sob pena de perderem os vestígios da infração. 
Obs.: Não se tem reconhecido na denúncia anônima de fato criminoso a natureza de verdadeira noticia de crime, mas a autoridade poderá proceder a investigações de oficio e, se verificar a existência de crime de ação pública, instaurar o inquérito de oficio. 
 		Quanto à requisição do juiz ou Ministério Público, trata – se de uma ordem que não pode ser desobedecida, salvo se manifestamente ilegal. Em qualquer caso, se o crime é de ação público condicionada ou é de iniciativa do ofendido, somente a requerimento deste o inquérito poderá ser requisitado. 
→ Diante da recusa da instauração do inquérito: Cabe recurso previsto no art. 5, § 2º do CPP, que será destinado ao chefe de policia, os quais consideram o Delegado Geral ou o Secretario de Segurança Pública. 
Obs.: No entanto, vale ressaltar que na prática é mais fácil fazer o requerimento ou representação endereçado ao Ministério Público, onde o promotor requisitará a instauração do inquérito diretamente pelo Ministério Público. 
Para apresentar requerimento não precisa primeiramente ir a delegacia, é possível apresentar o requerimento diretamente pelo Ministério Público. 
→ INICIO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
 	O artigo 6º do Código de Processo Penal preleciona algumas providências a serem tomadas para a apuração dos fatos:
Após ter conhecimento da prática da infração penal, a autoridade deve:
→ Providenciar a conservação do local para realização de exames, vistorias e pericias.
→ Apreender os instrumentos do crime e outros objetos de interesse probatório após liberados pelos peritos. 
→ Colher todas as provas que auxiliem no processo de esclarecimento dos fatos
→ Ouvir o ofendido, para assim realizar uma análise corporal, considerando seus trejeitos, calma na fala ou não, entre outros aspectos relevantes para o prosseguimento do inquérito.
→ Ouvir o indiciado (suspeito), para assim realizar uma análise corporal, considerando seus trejeitos, calma na fala ou não, entre

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