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Prática Juridica Penal 2º semestre

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PRÁTICA JURIDICA PENAL
APELAÇÃO
 	Apelação é um recurso ordinário comum interposto contra decisão definitiva ou com força de definitiva, para a 2ª instância, para o reexame da matéria e a consequente modificação da decisão. Basicamente é o único recurso que permite a devolução de toda a matéria para apreciação em 2ª instância (ilimitada e ampla)
Limitada: Principio do tantum devolutum quantum appelatum (art. 599 do CPP). Os limites do inconformismo devem ser lançados a petição (na prática nas próprias razões), todavia admite-se que o fundamento esteja nas razões. O tribunal não pode julgar ultra petitum. 
Ampla: O defensor dativo não é obrigado a apelar (mas será no caso de manifestação por termo do réu). O réu pode desistir da apelação, mas há necessidade de petição. O defensor, para desistir, deve ter poderes especiais. Á desistência é irrevogável. 
 Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
§ 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.
 	Aplica-se em sentenças definitivas de condenação ou absolvição (são as hipóteses mais comuns). Inclui a absolvição sumária (art. 416 do CPP e art. 398 do CPP, esta no procedimento ordinário). 
Obs: Da decisão de impronúncia cabe apelação (art. 416 do CPP), sendo tipicamente decisão interlocutória mista terminativa. 
→ Fundamentação:
 	A apelação é disciplinada nos arts. 593 a 603, com processamento no Tribunal previsto nos arts. 609 a 618, além de previsão no art. 416, todos do CPP. A apelação no JECrim vem disciplinada no art. 82 da Lei 9.099/95.
→ Conceito: 
 	Trata-se de meio ordinário de impugnação de sentenças de condenação ou absolvição e, ainda, de decisões definitivas ou com força de definitivas, que possibilita nova apreciação da causa pelo órgão jurisdicional de segundo grau, devolvendo-lhe a análise das questões fáticas e jurídicas relacionadas ao alegado defeito da decisão.
 	A apelação é tida pela doutrina como o recurso por excelência, por permitir a completa reapreciação da matéria, de fato e de direito. É o mais amplo dos recursos, em que há o maior efeito devolutivo.
 	Pode ser manejada para corrigir o error in iudicando, que visa a reforma da decisão, ou o error in procedendo, que visa anular o processo. 
- Terá função rescisória, quando visa a substituição da sentença recorrida pela decisão do Tribunal.
- Terá função rescindente, quando a finalidade for a decretação da nulidade.
Obs.: Possui caráter subsidiário, pois será cabível se não for adequado o recurso em sentido estrito. 
→ Processamento/ interposição do recurso: Pode ocorrer por:
Termo dos autos
Petição
 	O prazo para interposição do recurso é de 5 dias, e após o recebimento do mesmo, o juiz abrirá vista dos autos para as razões e depois ao apelado para as contrarrazões, no prazo de 8 dias.
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias.
§ 1o Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após o Ministério Público.
§ 2o Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior.
§ 3o Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns.
§ 4o Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial. 
A apelação é apresentada em duas peças:
A petição de interposição, endereçada ao juiz a quo, que determinará o processamento e fará o juízo de admissibilidade,
As razões são endereçadas ao Tribunal ad quem, que julgará o recurso.
As contrarrazões são endereçadas ao Tribunal ad quem.
Obs.: No caso de contravenções, o prazo é de 3 dias. 
 	É obrigatória a intimação da parte para que comece a correr o prazo recursal. A parte poderá oferecer razões junto ao Tribunal desde que requeira, quando processo for remetido a ele, onde será aberta vista (prazo por diário oficial de oito dias). Findo, os autos são remetidos à parte contrária. 
 	É muito comum que seja proferida sentença em audiência, de modo que se isso ocorrer, se inicia a contagem para o prazo (processual) a partir do dia seguinte da mencionada audiência. 
→ Nos casos onde a sentença é proferida na audiência, é possível demonstrar o inconformismo por meio de termo nos autos, acessando o processo no cartório e escrevendo de cunho próprio as palavras “apelo” ou “recorro” ou “recorrer a defesa”, entre outras opções de teor semelhante, concomitantemente se preenche a assinatura do advogado e data. Feito aludido posicionamento, a parte está intimada para apresentar as razões em 8 dias. 
Obs.: É muito mais comum a defesa recorrer, contudo, o Ministério Público também pode fazê-lo e não é raro, sendo que geralmente apelam para majorar a pena. 
- O MP não pode desistir do recurso e não é possível a subida dos autos sem as razões do Ministério Público.
→ Efeitos da Apelação:
I. Devolutivo.
II. Suspensivo.
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade. 
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida de segurança aplicada provisoriamente. 
 
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
 	Assim, a Apelação impede que a execução da sentença seja cumprida, e nem poderá ser executada a medida de segurança. Se for absolutória, não impede que o réu seja posto em liberdade. O efeito suspensivo na prática tem sido feito desse modo: se o juiz entender que o réu pode apelar em liberdade, o recurso de apelação terá efeito suspensivo, suspendendo a execução penal. 
 	Todavia, entendendo que o réu deverá permanecer preso, expede-se guia de recolhimento e inicia-se a execução penal. Nesse caso, não existe efeito suspensivo do recurso, apenas devolutivo. 
Obs.: O réu preso é intimado pessoalmente a se manifestar, sob pena de nulidade – ele pode fazê-lo, independentemente de advogado para representa-lo. Vale lembrar que o artigo 594 do CPP previa a necessidade de o réu estar preso para recorrer por meio do recurso de Apelação, contudo, o mencionado dispositivo foi revogado, não precisando mais o réu recolher-se à prisão para apelar ou, então, prestar fiança (pode o juiz ordenar a sua prisão, mas não pode condicionar a apelação à prisão).Não há juízo retratação ou efeito regressivo na Apelação → Apenas em RESE e Agravo em execução.
→ Endereçamento:
 	O recurso de apelação é interposto perante o juiz e endereçado ao tribunal. O Ministério Público de segunda instância funciona como custos legis, tendo liberdade no lançamento de opinião.
→ Hipóteses especificas do Tribunal do Júri:
 	No Tribunal do Júri cabe apelação, contudo, na prática trata-se de uma raridade, pois é cabível apenas em 4 hipóteses previstas no art. 593, III (paragrafo 3º)
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
efinitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
§ 3o Se a apelação se fundar no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
 	A apelação é interposta juiz sentenciante e as razões são endereçadas ao Tribunal. 
- Hipóteses de cabimento:
Sentenças definitivas condenatórias ou absolutórias do juízo singular:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular
 	É a hipótese mais abrangente da apelação, pois é possível arguir qualquer tese nas razões. Sujeitam-se à apelação as sentenças condenatórias ou absolutórias que encerram juízo sobre o mérito da lide penal, por meio do reconhecimento da procedência ou da improcedência da pretensão punitiva.
 	O dispositivo atinge, no entanto, não apenas as sentenças absolutórias e condenatórias previstas, respectivamente, nos arts. 386 e 387 do Código de Processo Penal, mas, também, as sentenças de absolvição sumária, tanto as proferidas nos processos de competência do juízo singular (art. 397 do CPP), com exceção da decisão que declara extinta a punibilidade, como as prolatadas, nos processo de competência do júri, na fase decisória do sumário da culpa (art. 415 do CPP).
Decisões definitivas ou com força de definitivas desde que incabível o recurso em sentido estrito:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;
 	A apelação tem caráter subsidiário, pois seu manejo nessa hipótese se dará se não houver expressa previsão no art. 581, CPP, que prevê as hipóteses do recurso em sentido estrito.
- Nas decisões definitivas há julgamento de mérito, seguido do término da relação processual, mas não há condenação nem absolvição. São exemplos a decisão que extingue de ofício o processo, em razão de coisa julgada (se reconhecer exceção interposta pela parte, caberá recurso em sentido estrito – art. 581, III, CPP); a que julga a restituição de coisas apreendidas; acolhe ou nega pedido de hipoteca legal ou arresto; homologa ou não o laudo nos crimes de propriedade imaterial; indefere pedido de justificação criminal; indefere o pedido de explicações em juízo; concede reabilitação.
- As decisões com força de definitivas, chamadas de interlocutórias mistas, são as que não apreciam o mérito, mas também encerram a relação processual (terminativas) ou uma etapa desta (não terminativas). São exemplos a decisão que indefere levantamento de sequestro; decisão que remete as partes ao juízo cível no pedido de restituição de coisas apreendidas; homologação de laudo, no incidente de insanidade mental (art. 153, CPP). 
Procedimentos:
 	No processo de competência do júri, terminada a primeira fase, judicium accusationis, caberá apelação se a decisão for de impronúncia ou de absolvição sumária (art. 416). Nessa fase, será cabível o recurso em sentido estrito se a decisão for de desclassificação (art. 581, II, CPP) ou de pronúncia (art. 581, IV, CPP). 
 	No procedimento ordinário, a absolvição sumária prevista no art. 397, CPP, possui uma peculiaridade. Caberá apelação se o fundamento da absolvição sumária for a existência de excludente de ilicitude (inciso I) ou de culpabilidade (inciso II) ou se o fato não constitui crime (inciso III). Contudo, se a decisão for de extinção de punibilidade (inciso IV), será cabível o recurso em sentido estrito por expressa previsão legal (art. 581, VIII, CPP). Ainda que o referido artigo nomeie como absolvição, trata-se de decisão declaratória. 
 	No procedimento sumaríssimo, caberá apelação da decisão de rejeição de denúncia ou queixa, sentença absolutória ou condenatória (art. 82, Lei 9.099/95) e sentença homologatória de transação penal (art. 76, § 5º, Lei 9.099/95). Nesse caso, apelação será julgada por turma recursal formada por três juízes de primeiro grau, reunidos na sede do JECrim (art. 82, caput, Lei 9.099/95).
Decisão de júri, quando ocorrer nulidade posterior à pronúncia: 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
 	No inciso III, do art. 593, CPP, há a previsão da apelação das decisões do Tribunal do Júri. Trata-se de um recurso de fundamentação vinculada:, pois é admissível exclusivamente nas hipóteses expressamente previstas.
 	Dispõe esse dispositivo dos vícios posteriores à pronúncia, uma vez que aqueles ocorridos anteriormente devem ser objeto de recurso tirado contra a própria pronúncia, sob pena de preclusão. Excepcionam-se, no entanto, os casos de vícios não sujeitos à convalidação, cujo reconhecimento pode ocorrer a qualquer tempo. 
 	As nulidades relativas ocorridas após a pronúncia devem ser arguidas logo após o pregão das partes, no início do julgamento pelo júri. Se a nulidade relativa tiver lugar durante o julgamento, deve haver arguição imediatamente após sua ocorrência. Na falta de arguição oportuna, os vícios consideram-se sanados.
 	Podem ser objeto de apelação, portanto, as nulidades relativas ocorridas após a pronúncia, desde que alegadas oportunamente, bem como as nulidades absolutas, independentemente do momento em que ocorreram. 
Obs.: É importante observar que a petição de interposição deverá constar a alínea do inciso III, que embasa o apelo. As razões estarão limitadas pela alínea citada na petição de interposição. Se na interposição consta a alínea d nas razões a defesa não poderá ampliar pleiteando a existência de nulidade, por exemplo. As razões poderão ser mais restritas que a petição de interposição, mas o inverso é impossível. Quando o advogado tiver dúvidas, no momento da interposição, por qual fundamento irá recorrer, é preferível que se baseie em mais de uma alínea e que restrinja nas razões de recurso. É o que dispõe a súmula 713, do STF:
Sentença do juiz-presidente que contrariar dispositivo de lei expresso ou a decisão dos jurados: 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
 	A sentença do juiz deve, obrigatoriamente, espelhar o veredicto dos jurados, mas, acaso haja discrepância entre aquilo que foi decidido pelos jurados e a sentença proferida pelo magistrado, caberá apelação. Essa hipótese cuida de erro do juiz presidente. 
 	Ocorre quando, por exemplo, os jurados reconhecem uma qualificadora e o juiz-presidente condena o acusado por homicídio simples.
 	O dispositivo faz referência, também, às hipóteses em que, malgrado concordante com o veredicto dos jurados, a sentença revela-se contrária a texto expresso de lei, tal como ocorre quando os jurados desclassificam a infração para outra de competência do juízosingular e o juiz-presidente condena o acusado, por exemplo, por lesão grave sem que haja exame pericial comprobatório de que o ofendido ficou incapacitado para as funções habituais por mais de 30 dias, afrontado a norma inserta no art. 158 do Código de Processo Penal.
 	Outra hipótese é a decisão do juiz que contraria a decisão dos jurados. Ao juiz presidente caberá proferir a decisão dentro dos limites da decisão dos jurados. Caberá apelação quando houver essa dissonância entre a decisão dos jurados e a sentença proferida pelo juiz presidente. Como na hipótese em que não reconhece o privilégio do § 1º, do art. 121, embora tenha o júri reconhecido o relevante valor moral.
 	Em ambos os casos, se o tribunal der provimento ao recurso, retificará a sentença, ajustando-a à decisão dos jurados ou à lei (art. 593, § 1º, do CPP), sem que se possa cogitar de ofensa ao princípio da soberania dos veredictos, já que o tribunal estará retificando somente a parte da decisão tomada pelo juiz presidente.
Decisão onde ocorrer equívoco ou injustiça na pena ou medida de segurança:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
 c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança.
 	Haverá erro quando o juiz aplicar pena, por exemplo, aquém do mínimo legal, bem assim quando determinar a sujeição a tratamento ambulatorial em razão de prática de crime apenado com reclusão.
 	Reputa-se injusta, por outro lado, a sentença que gradua a pena ou o regime de cumprimento de modo inadequado às circunstâncias do crime e qualidades do agente, como a decisão que sopesa equivocadamente as circunstâncias norteadoras do art. 59 do Código Penal.
 	Nesse caso, se der provimento à apelação, o tribunal retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.
Decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
 	A garantia constitucional da soberania dos veredictos do júri tem como reflexo a imutabilidade relativa da decisão tomada pelos jurados, pois somente aos juízes leigos é dado deliberar sobre a procedência ou improcedência da pretensão punitiva estatal.
 	O postulado constitucional é temperado, todavia, pela possibilidade de interposição de apelação contra a decisão do júri, na hipótese de o veredicto revelar-se manifestamente contrário à prova dos autos.
Obs.: Deve-se entender por decisão manifestamente contrária à prova, aquela que não se apoia em qualquer elemento de informação, isto é, que se revela absolutamente destituída de suporte probatório.
 	O tribunal ad quem analisa o mérito da decisão dos jurados, verificando as provas produzidas no processo. Quando houver duas linhas de prova e o júri se inclinou por uma delas, a decisão é soberana. É preciso atenção com a linguagem, no caso da apelação por essa alínea, já que deverá o apelante dizer que se trata de decisão manifestamente contrária à prova, alegando que não há o menor suporte probatório para a decisão. A defesa não deve alegar que não foi observado o princípio in dubio pro reo.
- Considerações: 
 	Se o tribunal se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento (art. 593, § 3º, do CPP), já que essa é a única maneira de conciliar o anseio a uma justa decisão com o princípio da soberania dos veredictos.
 	A apelação com base nesse fundamento é cabível uma única vez (art. 593, § 3º, parte final, do CPP), razão pela qual não se admitirá segundo apelo, pelo mesmo motivo, isto é, em razão da manifesta contrariedade da decisão com a prova dos autos. Essa vedação ao manejo de segunda apelação alcança ambas as partes, de modo que, acaso uma delas tenha recorrido por tal motivo, não poderá também o antagonista interpor novo recurso.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
§ 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. 
§ 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação
§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.
→ Legitimidade ativa:
 	Possui legitimidade para interpor a apelação o Ministério Público, querelante, assistente de acusação, defensor, curador e réu.
Ministério Público:
 	O Ministério Público pode apelar se a sentença for absolutória ou parcialmente procedente, hipótese em que houve sucumbência. Em ação penal privada, não pode recorrer para pleitear a condenação do querelado, mas poderá apelar contra o réu no caso de ação penal subsidiária da pública.
Querelante:
 	O querelante poderá apelar da sentença absolutória ou da sentença parcialmente procedente.
Assistente de acusação:
 	O assistente de acusação poderá recorrer da sentença absolutória. No entanto, há controvérsia se pode apelar com o fim de aumentar a pena ou incluir qualificadora ou causa de aumento de pena afastada pela sentença condenatória. Uma primeira corrente sustenta que a função do assistente é obter o título executivo para a ação civil ex delicto. Desse modo, com esse entendimento, sustenta-se que tal finalidade já foi alcançada com a condenação, sendo irrelevante a quantidade da pena. Outra corrente afirma que a função é auxiliar a justiça de modo que teria interesse na apelação, ainda que tivesse por objeto o aumento de pena. Em qualquer situação sua atuação é supletiva, só poderá apelar caso o Ministério Público não tenha apelado.
Defensor, curador e réu:
 	O defensor, réu ou curador poderão apelar contra as decisões condenatórias e, até mesmo, decisões absolutórias. Caso a absolvição tenha fundamento diverso do pedido pela defesa e se for menos vantajoso, a defesa poderá apelar. Assim, se a defesa pediu a absolvição por estar provada a inexistência do fato (art. 386, I, CPP) e o juiz absolveu por não estar provada a existência do fato (art. 386, II, CPP), a defesa terá interesse em apelar para que a absolvição seja por fundamento mais favorável. Note que a absolvição pelo inciso I faz coisa julgada no juízo cível, impedindo a ação de indenização pelo mesmo fato. Caso o defensor tenha apelado, mesmo com a desistência do réu, prevalecerá a apelação do defensor, nos termos da súmula 705, do STF: “A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.”
→ Competência: 
A competência para julgar a apelação será do Tribunal de Justiça, na justiça estadual, Tribunal Regional Federal, na justiça federal, e Tribunal Regional Eleitoral, em caso de crime eleitoral.
→ Processamento:
 	Interposta a apelação, por termo ou petição, caberá ao juiz  a quo fazer o juízo de admissibilidade, analisando a tempestividade, adequação, legitimidade e interesse recursal. Recebido o apelo, sem efeito regressivo, pois não é permitida a retratação, o juiz determinará a intimação do apelante para oferecimento das razões e, posteriormente, do apelado para as contrarrazões.
 	Após isso, os autos serão remetidos ao Tribunal ad quem.
→ Procedimento:
 	A apelação deve ser interposta perante o juízo recorrido, que exercerá controle prévio de admissibilidade, analisando se estão presentes os pressupostos objetivos e subjetivos do recurso.
Apelação denegada:Acaso seja denegada a apelação, o apelante pode interpor recurso em sentido estrito contra a decisão.
Apelação recebida: Se recebida, o apelante será intimado para oferecimento das razões, que deverão ser apresentadas no prazo de 8 dias (procedimento ordinário). O apelado disporá de prazos idênticos para apresentar suas contrarrazões.
Obs.: Se houver assistente, terá 3 dias para manifestar-se, depois do Ministério Público (art. 600, § 1º, do CPP). No caso de ação penal privada, o Ministério Público apresentará seu arrazoado em 3 dias, sempre após o querelante (art. 600, § 2º, do CPP).
 	Na hipótese de ambas as partes apelarem, será o feito arrazoado pela acusação e depois aberto o prazo em dobro para o acusado, que apresentará contrarrazões e razões, após o que retornarão os autos ao órgão ministerial (ou ao querelante), para responder o recurso da parte contrária.
 	Desde que intimada a parte interessada, a omissão em relação ao oferecimento de razões ou contrarrazões não impedirá o regular processamento do recurso, já que, de acordo com o art. 601, caput do Código, tais peças são facultativas. Sustentamos que a norma em questão concilia-se com o princípio da ampla defesa, já que a falta de razões ou de contrarrazões não acarreta prejuízo ao acusado, pois, nesse caso, o tribunal deverá reexaminar todas as matérias decididas em primeira instância.
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias.
§ 1o Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de trinta dias, contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a apresentação das do apelado.
§ 2o As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério Público.
 	O atraso na apresentação das razões ou das contrarrazões, que constitui mera irregularidade, não pode impedir que tais peças sejam anexadas aos autos, delas devendo o tribunal conhecer, salvo se, quando da juntada, o recurso já tiver sido julgado.
Obs.: É possível a juntada de novos documentos na fase recursal, pois, salvo os casos expressos em lei, as partes podem apresentar documentos em qualquer fase do processo (art. 231 do CPP). Deve-se, porém, garantir à parte adversa o conhecimento acerca do teor do documento anexado aos autos na fase recursal, bem como a faculdade de contestá-lo.
 	Em regra, a apelação sobe ao tribunal nos próprios autos, mas se processará em traslado se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado (art. 601, § 1º, do CPP).
→ Especificidade do JECRIM:
 	Os crime com PPL máxima de até 2 anos são julgado pelo JECRIM. Ocorre que, a por ter lei especifica (9.099/95), prevê alguns requisitos diferenciados, quais sejam:
- Prazo para interposição: 10 dias, já acompanhada das razões. 
- Julgamento: Ocorre pela Turma Recursal composta por 3 juízes em exercício no 1º grau. 
- Não existe RESE no JECRIM, sendo que o único recurso cabível é apelação. 
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE)
 	É o recurso que possibilita o reexame de decisões especificadas pela lei. Em geral, é cabível contra decisões interlocutórias, expressamente previstas, além de sentenças e decisões administrativas. Em qualquer decisão, só será cabível o recurso em sentido estrito se expressamente previsto em lei.
 	O rol de hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito é taxativo, conclusão que advém da circunstância de as decisões interlocutórias serem, em princípio, irrecorríveis. Além disso, se a lei conferiu caráter residual à apelação nos casos de decisões definitivas ou com força de definitivas, ao estabelecer que a definição das hipóteses de seu cabimento se dá por exclusão, é porque considera que as situações que ensejam.
 	Inadmissível será, porém, a utilização do recurso em sentido estrito para desafiar decisões não incluídas no rol, em relação às quais é nítida a opção pela exclusão do cabimento desse recurso. Desse modo, não se pode cogitar do emprego do recurso para desafiar decisão que decreta a prisão preventiva, na medida em que, ao prever que pode ser utilizado quando o juiz “indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la”, o Código não dá margem à interpretação de que o manejo é possível na hipótese inversa.
Obs.: A apelação exerce preferência sobre o recurso em sentido estrito, razão pela qual quando cabível aquela, não poderá ser utilizado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra (art. 593, § 4º, do CPP). Assim, embora a decisão que revoga a prisão preventiva.
→ Hipóteses de cabimento: 
 	O recurso em sentido estrito é cabível nas hipóteses do art. 581, CPP. Trata-se de rol taxativo que não admite analogia, embora seja possível a interpretação extensiva.
 	Oito dos incisos que estabelecem hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito referem-se a decisões sobre a pena ou medida de segurança, que são adotadas, necessariamente, pelo juízo da execução penal, daí por que esses dispositivos foram revogados, tacitamente, pela Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84), que prevê a utilização do agravo de execução para desafiar as decisões prolatadas no processo de execução (art. 197 da LEP). Não mais estão sujeitas ao recurso em sentido estrito, portanto, as seguintes decisões: 
Que conceder, negar ou revogar livramento condicional (art. 581, XII, do CPP); 
Que decidir sobre a unificação de penas (art. 581, XVII, do CPP); 
Que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado (art. 581, XIX, do CPP);
Que impuser medida de segurança por transgressão de outra (art. 581, XX, do CPP); 
Que mantiver ou substituir a medida de segurança (art. 581, XXI, do CPP); 
Que revogar a medida de segurança (art. 581, XXII, do CPP);
Que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação (art. 581, XXIII, do CPP); e 
Que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV, do CPP).
 	A seguir, serão analisados os incisos do art. 581:
I - Não receber a denúncia ou a queixa:
 	Embora seja considerada decisão terminativa, há previsão de recurso em sentido estrito. Trata-se de hipótese em que há a rejeição da denúncia ou queixa.
 	Parte legítima para interpor o recurso é o Ministério Público, no caso de rejeição de denúncia, ou do querelante, se rejeitada a queixa.
Obs.: Note-se que, na hipótese inversa, ou seja, naquela em que há o recebimento da denúncia ou queixa, é incabível esse recurso, podendo o acusado valer-se de habeas corpus para arguir eventual falta de justa causa para o exercício da ação penal.
 	Está superada atualmente a controvérsia sobre a necessidade de intimar-se o denunciado ou querelado para o oferecimento de contrarrazões no caso de recurso em sentido estrito interposto contra decisão que rejeita a denúncia ou a queixa, emrazão da edição da Súmula n. 707 do STF:
 	Desse modo, não há espaço para a interpretação de que, como o Código determina a intimação do “réu” na hipótese de ser ele o recorrido (art. 588, parágrafo único, do CPP), não haveria obrigatoriedade de intimação do denunciado que ainda não figura, propriamente, na condição de réu, já que a inicial acusatória não foi recebida.
 	Convém lembrar, por fim, que quando o tribunal ad quem aprecia a decisão que rejeitou a denúncia ou a queixa não está exercendo atividade de cassação, mas de substituição, daí por que, “salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela” (Súmula n. 709, do STF).
 	O recurso em questão também é cabível para desafiar a decisão que rejeita parcialmente a denúncia ou a queixa, tal como ocorre quando a inicial contém a imputação de vários fatos e o juiz entende que um deles não constitui crime, rejeitando a acusação em relação a este.
 	É importantíssimo atentar para a existência de exceções ao cabimento do recurso em sentido estrito para impugnar decisão que rejeita a denúncia ou a queixa:
Nas infrações de competência do Juizado Especial Criminal, o recurso cabível é o de apelação para a Turma Recursal (art. 82, caput, da Lei n. 9.099/95);
Nos crimes de competência originária dos tribunais, será cabível agravo regimental.
 	Possível a interpretação extensiva, para a rejeição do aditamento da denúncia ou queixa. Não cabe, como já dito, se houver o recebimento da denúncia, pois nesse caso haveria analogia.
 	O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP.
Obs.: A exceção é o rito sumaríssimo da Lei 9.099/95, cabe apelação se houver a rejeição da denúncia (art. 82, caput).
II - Concluir pela incompetência do juízo:
 	O dispositivo refere-se às decisões declinatórias proferidas nos autos do processo principal, não abarcando aquelas que acolhem exceção oposta por uma das partes, na medida em que o recurso contra a decisão que julga procedente (tal incidente tem previsão no inciso III do art. 581 do Código de Processo Penal).
 	Assim, trata-se de hipótese de reconhecimento ex officio da incompetência (art. 109, CPP), pois se houver a procedência de exceção de incompetência, será cabível o recurso com base no inciso III.
 	É possível a interposição do recurso ainda que a declaração de incompetência ocorra antes de iniciada a ação penal.
 	Nos processos de competência do tribunal do júri, havendo desclassificação na fase da pronúncia (art. 419), é cabível a interposição do recurso com fulcro no dispositivo em estudo.
Obs.: Da decisão que concluir pela competência do juízo não cabe recurso, mas, acaso a parte repute caracterizado constrangimento ilegal, poderá haver impetração de habeas corpus.
III - Julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição:
 	Cinco são as exceções previstas no art. 95, CPP: suspeição, incompetência, litispendência, ilegitimidade de partes e coisa julgada.
 	Em caso de exceção de suspeição, nos termos do art. 99, CPP, se o juiz reconhecer a suspeição, não será admitido recurso, em razão de sua natureza. Se o próprio juiz, reconhece ser suspeito, ou seja, não se sente em condições de ser imparcial, não há como obrigá-lo a julgar. Por outro lado, caso ele não reconheça a suspeição, o julgamento da exceção será feito pelo Tribunal, razão pela qual não é cabível o recurso em sentido estrito, que é exclusivo para impugnar decisões de primeiro grau.
 	Tais exceções serão autuadas em apartado e deverão se opostas no prazo da defesa preliminar; após, haverá manifestação do Ministério Público e a decisão do Juiz (art. 108, § 1º).
Obs.: Ressalte-se que o recurso em sentido estrito será cabível apenas se a exceção for julgada procedente. Se houver a improcedência a decisão será irrecorrível, sendo cabível o habeas corpus.
 	Assim, o dispositivo trata das decisões que acolhem exceções de coisa julgada, de ilegitimidade de parte, de litispendência ou de incompetência.
 	Não é recorrível a decisão que julga improcedente qualquer das exceções, mas a matéria pode ser discutida em sede de habeas corpus ou em preliminar de apelação.
 	A ressalva no tocante à exceção de suspeição decorre de suas peculiaridades: se o juiz acolher a exceção, declarando-se suspeito, não é razoável que a parte possa tentar obrigá-lo a permanecer vinculado aos autos; se o juiz desacolhe a arguição, a exceção será julgada pelo tribunal, cuja decisão não é desafiada pelo recurso em sentido estrito, que é instrumento recursal destinado a impugnar decisões de primeiro grau de jurisdição.
Obs.: Nada impede que o juiz, ex officio, reconheça a coisa julgada, litispendência ou ilegitimidade de parte. Nesse caso, não é cabível o recurso em sentido estrito, já que não se trata de procedência da exceção. Caberá apelação, pois se trata de sentença terminativa (art. 593, II, CPP).
IV – Pronunciar o réu: 
 	Se, ao término da fase do sumário da culpa, houver prolação de decisão de pronúncia, poderá ser interposto recurso em sentido estrito.
 	Nos crimes de competência do Júri, terminado o sumário de culpa, o juiz poderá proferir uma das quatro decisões: pronúncia (art. 413, CPP), impronúncia (art. 414, CPP), absolvição sumária (art. 415, CPP) ou desclassificação (art. 419).
 	A pronúncia é uma decisão interlocutória mista não terminativa. Trata-se, nesta hipótese, de recurso secundum eventum litis, que é o recurso cabível apenas se a decisão for em um sentido, não sendo cabível se a decisão for oposta.
 	Da decisão de pronúncia, que tem natureza interlocutória simples, podem recorrer o réu, o Ministério Público ou o querelante, bem como o assistente. Sustentamos que o assistente pode recorrer inclusive com vistas à inclusão de qualificadora, já que sua atuação não se restringe à tutela do interesse indenizatório, também se destinando a fazer valer a pretensão punitiva estatal.
 	Na maioria dos processos de competência do Júri, ao ser pronunciado, o acusado interpõe recurso em sentido estrito, pleiteando a impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação. É preciso atentar-se para o caso concreto, para saber qual será o pedido, em caso de provimento do recurso.
 	Se a defesa entende que era caso de impronúncia, por faltar prova do crime ou indícios de autoria, o pedido será para que seja dado provimento, para que o réu seja despronunciado.
 	Por outro lado, se a defesa sustenta que o crime não é doloso contra a vida, deverá pedir o provimento para o fim de desclassificar, remetendo o processo para o juízo competente.
 	O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP.
Obs.: A impronúncia e a absolvição sumária, decisões de caráter terminativo, passaram a ser desafiadas por apelação, em razão das alterações introduzidas pela Lei n. 11.689/2008. Contra desclassificação, cabe recurso em sentido estrito com base no inciso II.
V - Conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante:
 	O dispositivo contempla diversas espécies de decisões cautelares sobre a prisão e a liberdade do indiciado ou acusado. A lei prevê o cabimento do recurso apenas em hipóteses nas quais a decisão sobre a imposição de medida cautelar restritiva de liberdade favoreça acusado. São irrecorríveis, portanto:
- A decisão que decreta a prisão preventiva ou aquela que indefere pedido de relaxamento do flagrante.
- A decisão que não concede a liberdade provisória, as quais podem ensejar a impetração de habeas corpus.
 	Em relação à fiança, é cabível o recurso em sentido estrito, se a decisão conceder, negar, arbitrar, cassar (em qualquer fase, se houver nova capitulação do crime) ou julgar inidônea (quando é prestada em valor insuficiente, art.340, parágrafo único).
 	A fiança poderá ser fixada pelo delegado, se o crime tiver pena máxima não superior a 4 anos (art. 322, CPP). Caso o Delegado não tenha arbitrado fiança, o preso, por seu advogado, deverá requerer ao juiz a concessão de fiança, mediante simples petição, nos autos da prisão em flagrante encaminhada ao juiz (art. 306, CPP).
 	Quanto à prisão preventiva, caberá recurso em sentido estrito se o juiz a indeferir (quando o MP requer a decretação da prisão, mas o juiz não a decreta) ou revogar (se a prisão preventiva foi decretada e, estando ou não preso o acusado, o juiz a revoga).
 	Em relação à liberdade provisória será cabível recurso em sentido estrito, se a decisão a conceder. Trata-se da aplicação do art. 310, parágrafo único, que impõe que, não obstante ter sido legal o flagrante, seja o acusado posto em liberdade se não estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva.
 	Também é cabível o recurso em sentido estrito, sob o fundamento do inciso V, se a decisão relaxar a prisão em flagrante. O relaxamento da prisão em flagrante ocorre quando esta não se deu em observância às hipóteses do art. 302, CPP.
 	Em todas as situações em que houver restrição da liberdade do acusado, será cabível o habeas corpus.
 	
Obs.: Em razão do advento da Lei 12.403/2011, que modificou o CPP, ao criar novas medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 e 320, CPP), sustenta-se que o inciso deverá ter interpretação extensiva, de modo a que seja cabível o recurso em sentido estrito contra as decisões que conceder, negar, cassar ou revogar qualquer das medidas cautelares.
VI - Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008.
VII - Julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor:
 	O quebramento da fiança, que importa em perda de metade de seu valor e pode ensejar a adoção de outra medida cautelar pessoal, ocorrerá quando o acusado:
- Mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado (art. 328 do CPP);
- Regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo (art. 341, I, do CPP);
- Deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo (art. 341 II, do CPP); 
- Descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança (art. 341 III, do CPP); 
- Resistir injustificadamente a ordem judicial (art. 341, IV, do CPP);
- Praticar nova infração penal dolosa (art. 341, V, do CPP). 
 
 	O perdimento da totalidade do valor da fiança, por outro lado, ocorrerá se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta (art. 344 do CPP). 
 	Se o juiz decretar a quebra ou o perdimento da fiança, o réu poderá interpor recurso em sentido estrito. A decisão que não decreta o quebramento ou o perdimento é irrecorrível, restando à acusação discutir a matéria em eventual apelação.
 	Assim, se a fiança for quebrada, o réu perderá metade do valor, será decretada sua revelia, perderá o direito a nova fiança e será preso. O perdimento da fiança se dá se o acusado for condenado e não iniciar o cumprimento da pena.
Obs.: Da decisão contrária, que não julgar quebrada ou perdida a fiança, não caberá recurso em sentido estrito, sendo cabível a apelação.
VIII - Decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade:
 	O recurso em sentido estrito pode ser utilizado para desafiar a decisão terminativa que, no processo de conhecimento, declara a extinção da punibilidade, salvo se, na hipótese de concurso de crimes ou de concessão de perdão judicial, a declaração for feita na sentença, caso em que é cabível a apelação.
 	Trata-se de sentença terminativa de mérito, que pode ser decretada em qualquer fase do processo. Legitimidade da acusação.
 	O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP.
 
Obs.: Se a declaração de extinção da punibilidade ocorrer no processo de execução, ficará exposta ao agravo (art. 197 da LEP).
 	É muito importante averbar que, nos termos do art. 584, § 1º, do Código, o ofendido pode recorrer supletivamente da decisão que declara extinta a punibilidade. 
 	O dispositivo em estudo, vale lembrar, refere-se a qualquer forma de extinção da punibilidade, e não apenas àquelas previstas no art. 107 do Código Penal, abrangendo, portanto, dentre outras, a decisão relativa ao cumprimento da pena imposta em decorrência da transação penal e a decisão que reconhece o regular cumprimento do benefício da suspensão condicional do processo.
IX - Indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade:
 	Em oposição à hipótese anterior, é cabível se houver o indeferimento de qualquer causa de extinção de punibilidade.
 	A lei também admite o recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere pedido de reconhecimento de causa extintiva da punibilidade. 
 	Na medida em que se considera haver constrangimento ilegal quando, não obstante existente causa extintiva da punibilidade, a persecução continua a desenvolver-se (art. 648, VII, do CPP), a decisão que indefere o pedido de seu reconhecimento também pode ensejar a impetração de habeas corpus.
X - Conceder ou negar a ordem de habeas corpus:
 	O habeas corpus é impetrado em primeira instância, quando a autoridade coatora, por exemplo, for o delegado de polícia. Da decisão, tanto concessiva como denegatória, caberá recurso em sentido estrito.
Obs.: Se a ordem for impetrada perante o Tribunal de 2ª instância, denegada a ordem, caberá Recurso Ordinário Constitucional para o STJ; se for impetrado perante o STJ, caberá Recurso Ordinário Constitucional para o STF. 
 	Assim, é cabível o recurso em sentido estrito em caso de concessão, denegação ou de julgar-se prejudicado o pedido de ordem de habeas corpus, desde que a sentença tenha sido proferida pelo juiz de primeiro grau, uma vez que, em tratando de decisão adotada por tribunais, é cabível o recurso ordinário constitucional, desde que a decisão seja denegatória. Cuida-se de exceção à regra de que o recurso em sentido estrito destina-se à impugnação de decisões interlocutórias, pois a decisão concessiva ou denegatória do pedido de ordem de habeas corpus é terminativa. 
Podem recorrer: o Ministério Público, o paciente e o impetrante. 
Obs.: É importante recordar que a decisão concessiva da ordem, além de impugnável pelas partes por meio do recurso em sentido estrito, está sujeita ao reexame obrigatório (“recurso de ofício”), nos termos do disposto no art. 574, I, do Código de Processo Penal.
 	Discute-se sobre a possibilidade de se impetrar novo habeas corpus contra a decisão que nega a ordem em primeira instância:
- Para parte da doutrina, não é possível a impetração, pois há previsão de recurso.
- Para outra corrente, é possível a substituição do recurso em sentido estrito pela impetração de habeas corpus.
 	De qualquer modo, se for impetrado habeas corpus em substituição ao recurso em sentido estrito, devem ser usados os mesmos argumentos, para que não ocorra supressão de instância.
 	Se o habeas corpus for impetrado diretamente no Tribunal, por ser a autoridade coatora o juiz, é pacífico o entendimento nos Tribunais Superiores, de que a decisão denegatória poderá ser atacada com outro habeas corpus.
 	O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP.
XI - Conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena:
 	Trata-se de inciso inaplicável, pois se o sursis for concedido ou negado na sentença penal condenatória, será cabível apelação, ainda que esse seja o único ponto contra o qual se recorra (art. 593, § 4º, CPP).
 	Se houver revogação, o juízo será o de execução, hipótese em que caberá Agravo em Execução. Com a entrada em vigor da Lei de Execução Penal, o inciso perdeu completamente sua eficácia.XII - Conceder, negar ou revogar livramento condicional:
 	Por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal (Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XIII - Anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte:
 	A decisão pela qual o juiz declara nulo o processo, no todo ou em parte, é enfrentada pelo recurso em sentido estrito, mas é incabível o recurso na hipótese de indeferimento do pedido de anulação, restando ao interessado debater a matéria em preliminar de apelação ou, desde que o sucumbente seja o acusado, impetrar habeas corpus.
 	O dispositivo é aplicável para impugnação da decisão que declara ilícita a prova, já que isso nada mais é que uma modalidade de anulação parcial da instrução.
 	Assim, se o juiz decretar a nulidade da instrução criminal, caberá o recurso em sentido estrito; e se não decretar, indeferindo requerimento da parte, caberá Correição Parcial, se houver abuso de poder ou inversão tumultuária do processo ou, até mesmo, habeas corpus.
XIV - Incluir jurado na lista geral ou desta o exclui:
 	Para organizar o tribunal do júri, o juiz constituirá, anualmente, a lista geral de jurados, que se publicará em 10 de outubro e poderá ser alterada de ofício ou por reclamação de qualquer do povo, até a publicação da lista definitiva, que ocorre no dia 10 de novembro, nos termos do art. 425 e 426, CPP.
 	Se o juiz incluir ou excluir jurado, está previsto o recurso em sentido estrito.
 	A lista definitiva pode, então, ser impugnada por via de recurso em sentido estrito, que deverá ser interposto no prazo de 20 dias, bem assim dirigido ao presidente do Tribunal de Justiça.
 	 	A legitimidade é de qualquer cidadão. Contudo, diz Badaró que diante das mudanças operadas pela Lei 11.689/2008, que teve como um dos objetivos eliminar atos inúteis, o novo § 1º do art. 426 CPP deixou de prever o recurso em sentido estrito contra a decisão administrativa que inclui ou exclui jurado da lista geral, pelo que restou esvaziada a previsão do art. 581, XIV, do CPP. 
 	Em suma, tal decisão não mais é passível de impugnação pelo recurso em sentido estrito.
XV - Denegar a apelação ou a julgar deserta:
 	Uma vez interposta a apelação, o juízo recorrido deve analisar se estão presentes os requisitos de sua admissibilidade: é o que se denomina juízo de prelibação. Nessa etapa, se constatar o preenchimento dos requisitos, o magistrado deve receber a apelação, por decisão irrecorrível, já que o tribunal reapreciará a existência dos pressupostos de admissibilidade. Se denegada a apelação, caberá recurso em sentido estrito, para impugnar a decisão que afirmou ausentes os pressupostos da apelação, e não para desafiar a sentença apelada.
 	Assim, o recurso em sentido estrito é cabível apenas quando o recurso denegado for a apelação, pois, em outros casos, o instrumento recursal adequado é a carta testemunhável.
 	Também caberá o recurso em sentido estrito em caso de deserção decorrente da falta de preparo (art. 806, § 2º, do CPP), nas hipóteses em que é necessário (nos crimes de ação privada exclusiva ou personalíssima)
 	Denegar a apelação significa que o juiz, ao fazer o juízo de admissibilidade, determinou a não subida da apelação ao Tribunal, por julgá-la intempestiva, inadequada, descabida ou por falta de legitimidade do recorrente. Ou seja, o juiz entendeu faltar pressuposto recursal. Trata-se de decisão interlocutória.
 	Julgar deserta é na hipótese de fuga do réu — tida como inconstitucional —, ou por falta de pagamento de custas.
 	Averbe-se que não tem mais aplicação a segunda parte do dispositivo, que prevê o cabimento do recurso em sentido estrito para desafiar a decisão que julga deserta a apelação em caso de fuga da prisão após a interposição do apelo, uma vez que a Lei n. 12.403/2011 revogou o art. 595 do Código de Processo Penal, que determinava a declaração de deserção em tal hipótese. Essa alteração, ademais, apenas assentou no texto legal o pacífico entendimento já existente de que é incompatível com o postulado constitucional da ampla defesa a exigência, para apelar, de que o réu recolha-se ou mantenha-se na prisão. Nesse sentido, a Súmula n. 347 do Superior Tribunal de Justiça (anterior à expressa revogação do art. 595 do CPP): “O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”.
 	Em ambos os casos, o Tribunal, ao apreciar o recurso não ingressará no mérito, mas apenas fará o juízo de admissibilidade.
 	
XVI - Ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial:
 	Trata-se de decisão interlocutória. Questões prejudiciais são as controvérsias jurídicas que, embora autônomas em relação ao seu objeto e, por isso, passíveis de constituírem objeto de outro processo, revelam-se como antecedentes lógicos da resolução do mérito. São disciplinadas no art. 92 e 93 do CPP, e em resumo, nada mais é que a possibilidade de que o juiz suspenda a ação penal, se a decisão dela depender o juízo cível.
	Isso pode se dar, por exemplo, em caso de ação penal de apropriação indébita na qual a decisão dependa da resolução de controvérsia sobre a propriedade do bem, objeto de ação cível.
 	Se a decisão for de negar a suspensão, não será cabível o recurso em sentido estrito, mas tal decisão pode ser impugnada mediante habeas corpus
 	Ou seja, se o juiz determinar a suspensão do processo para solução da questão prejudicial, obrigatória ou facultativa, é cabível o recurso em sentido estrito. A decisão que nega a suspensão, por outro lado, é irrecorrível, mas pode ser objeto de discussão em preliminar de apelação ou, em certos casos, de pedido de ordem de habeas corpus.
XVII - Decidir sobre a unificação de penas:
 	Por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal (Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XVIII - Decidir o incidente de falsidade:
 	O incidente de falsidade vem disciplinado nos arts. 145 a 148, CPP. Se entender ser falso um documento a parte poderá argüir por escrito, devendo ser autuado em apartado. Após a manifestação da parte contrária, no prazo de 48 horas, se o juiz decidir ser falso o documento, proferirá decisão determinando o seu desentranhamento dos autos. Se rejeita a arguição, o documento continua nos autos, produzindo os efeitos probatórios
 	O dispositivo refere-se à decisão proferida no procedimento incidental instaurado a pedido de alguma das partes para constatar a autenticidade de documento que se suspeita falso. Será cabível o recurso em sentido estrito qualquer que seja o teor da decisão, ou seja, acolha ela ou não a pretensão de ver o documento declarado falso. 
 	Qualquer que seja a decisão é cabível o recurso em sentido estrito.
Obs.: O despacho que denega liminarmente a instauração do incidente é irrecorrível, e não se confunde com a decisão que julga o incidente, da qual cabe o recurso em tela.
XIX - Decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado:
 	Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984. Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal, tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XX - Impuser medida de segurança por transgressão de outra:
 	Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984. Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal, tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas peloAgravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XXI - Mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774:
	Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984. Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal, tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XXII - Revogar a medida de segurança:
	Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984. Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal, tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação:
	Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984. Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal, tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal.
XXIV - Converter a multa em detenção ou em prisão simples:
 	O art. 51, CP, com a redação que lhe deu a Lei 9.268/1996, não mais admite a conversão da multa de pena privativa de liberdade. Ainda que permitisse, tal decisão seria em sede de execução, razão pela qual seria impugnável através do Agravo. Não é, pois, mais cabível o recurso em sentido estrito por tal fundamento.
→ Prazo para interposição:
 	O prazo para interposição do recurso em sentido estrito é de 5 dias (art. 586, caput, do CPP), a contar da intimação da decisão, e poderá ser feito por uma petição simples (sem as razões) ou termo nos autos.
Obs.: Salvo no que diz respeito à decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir, hipótese em que o recurso deve ser interposto no prazo de 20 dias.
 	Para o oferecimento das razões o prazo será de 2 dias (art. 588, caput, CPP), a contar da do recorrente para o oferecimento das razões. 
 	No prazo de 2 dias, a contar da intimação, a parte recorrida deverá oferecer contrarrazões.
Obs.: Se a interposição for feita pelo assistente de acusação não habilitado, o prazo será de 15 dias para interposição.
 	A tempestividade do recurso será considerada no prazo de interposição, de modo que o oferecimento das razões fora do prazo de 2 dias “é mera irregularidade que não prejudica a admissão do recurso.
→ Competência para julgamento:
 	Competente para julgar o recurso em sentido estrito é o Tribunal competente para julgar a apelação, que pode ser o Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal e Tribunal Regional Eleitoral, conforme o caso.
→ Juízo de retratação:
 	No recurso em sentido estrito, há previsão de juízo de retratação (art. 589, caput, CPP), podendo o juiz reformar sua decisão, após o oferecimento das razões e das contrarrazões.
 	Deverá, pois, o recorrente, colocar uma fórmula pedindo a retratação, nas razões do recurso.
 	Se houver a retratação, o recorrido passa a ter interesse recursal, razão pela qual poderá recorrer mediante simples petição (art. 589, parágrafo único, CPP). Em tal caso, não será apresentado novo arrazoado e o juiz não mais poderá retratar-se.
 	Ressalte-se, que essa hipótese só será cabível se houver a previsão de recurso para a decisão contrária. Por exemplo, é cabível o recurso em sentido estrito no caso de rejeição da inicial, mas não é cabível no caso de recebimento. Desse modo, em caso de rejeição da denúncia se, após o oferecimento das razões do Ministério Público e das contrarrazões do denunciado, o juiz se retrata e recebe a denúncia, o denunciado não poderá recorrer. Isso porque a decisão do juiz equivale ao recebimento da denúncia e contra tal decisão não há previsão de recurso.
 	Como o código não estabeleceu qual o prazo para que a parte interponha o recurso por “simples petição”, entende-se que é o prazo de 5 dias, previsto para a interposição do recurso.
→ Legitimidade:
 	Podem recorrer o Ministério Público, querelante, réu e defensor (art. 577, caput, CPP), além do assistente de acusação.
 	Contudo, para que tenha legitimidade, é necessário que tenha interesse na reforma da decisão recorrida, ou seja, é necessário para ter legitimidade que a parte tenha sofrido “um gravame gerado pela decisão impugnada.
 	Assim, no caso do inciso I, que comporta o recurso em sentido estrito no caso de rejeição da inicial, só pode recorrer o autor, Ministério Público ou querelante, pois a defesa jamais terá interesse em recorrer se a inicial foi rejeitada.
→ Efeitos:
 	Como em todo recurso, está presente o efeito devolutivo. Na hipótese de manutenção, pelo juiz, da decisão recorrida ou, ainda, se houver retratação, mas o oponente impugnar a nova decisão, sobrevirá o efeito devolutivo, ou seja, a transferência à superior instância da prerrogativa de conhecer da decisão impugnada.
 	Por haver previsão expressa de juízo de retratação, o recurso em sentido estrito possui o efeito regressivo, pois o juiz deverá, no prazo de dois dias, reformar ou sustentar sua decisão, instruindo o recurso com as cópias, se necessário for. Tal decisão deverá ser fundamentada, devendo o Tribunal ad quem converter o julgamento em diligência, se a fundamentação for insuficiente. 
 	A regra é a da não produção do efeito suspensivo. Apenas nas hipóteses taxativamente elencadas na lei (art. 584, caput, do CPP), a interposição do recurso acarreta a suspensão dos efeitos da decisão impugnada. São elas:
- Decisão que decreta o perdimento da fiança;
- Decisão que denega a apelação (nesse caso não há suspensão dos efeitos da sentença apelada, mas apenas das consequências da decisão que negou seguimento ao apelo);
- Decisão que julga quebrada a fiança, no que se refere à perda da metade do valor;
- Decisão de pronúncia, hipótese em que a interposição do recurso suspende apenas a realização do julgamento pelo júri; os demais efeitos da pronúncia não se suspendem, por exemplo, a eventual decretação da prisão do acusado.
→ Forma de interposição:
 	Será interposto perante o juiz a quo, que fará o juízo de admissibilidade e poderá reformar sua decisão, por previsão do juízo de retratação (art. 589, caput, CPP). Mantida a decisão, o juiz determinará a subida dos autos.
 	Não há previsão de arrazoar em segunda instância, ao contrário da apelação.
 	O recurso em sentido estrito poderá subir nos próprios autos ou mediante instrumento, nos termos do que dispõe o art. 583, CPP.
 	Subirá nos próprios autos, quando interposto com fundamento nos incisos I, III, IV, VIII e X. Nas demais hipóteses, o recurso subirá por instrumento, salvo se “o recurso não prejudicar o andamento do processo” (art. 583, III, CPP).
 	No caso de pronúncia, se forem dois ou mais réus e um deles se conformar com a decisão ou não tiver sido intimado, será feito o traslado para a remessa ao Tribunal (art. 583, parágrafo único, CPP).
 	No caso em que o recurso sobe por instrumento, o recorrente deverá indicar as peças que entende necessárias à formação do instrumento, além das obrigatórias. São peças obrigatórias: decisão recorrida, certidão de intimação, petição ou termo de interposição (art. 587, parágrafo único, CPP).
 	Além das obrigatórias e indicadas pelo recorrente, o juiz poderá determinar que outras peças integrem o instrumento (art. 589, CPP).
→ Procedimento:
 	A interposição do recurso pode dar-se por petição ou por termo nos autos (art. 578 do CPP). 
 	O recurso em sentido estrito pode processar-se de duas formas: mediante formação de instrumento ou nos próprios autos. 
 	Será processado nos mesmos autos o recurso cujo processamento não prejudicar o andamento doprocesso. Algumas dessas hipóteses estão previstas no art. 583 do Código de Processo Penal:
- Decisão que não receber a denúncia ou a queixa;
- Decisão que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição;
- Decisão que pronunciar o réu, salvo quando, havendo dois ou mais acusados, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia;
- Decisão que julgar extinta a punibilidade;
- Sentença que julgar o pedido de habeas corpus;
- Em caso de reexame obrigatório.
 	Nas demais hipóteses, o recurso processar-se-á por meio da formação de instrumento.
 	Com a própria interposição do recurso perante o juízo prolator da decisão, o recorrente deve indicar, em caso de formação do instrumento, quais as peças que serão trasladadas. O juiz, então, recebendo o recurso, intimará o recorrente para, em 2 dias, oferecer suas razões. Em seguida, intimará o recorrido a oferecer resposta, em igual prazo. De forma diversa do que ocorre em relação à apelação (art. 600, § 4º, do CPP), as razões do recurso em sentido estrito não podem ser apresentadas diretamente ao tribunal.
 	Havendo ou não apresentação de contrarrazões, os autos serão remetidos ao próprio juiz prolator da decisão, para que se manifeste fundamentadamente, mantendo ou reformando a decisão (juízo de retratação). 
 	Na hipótese de manutenção da decisão, o recurso será remetido ao tribunal competente para julgamento. O mesmo ocorrerá se a decisão for parcialmente modificada, situação em que haverá julgamento somente em relação à parte inalterada por ocasião do juízo de retratação. 
 	Reformada no todo a decisão, poderá a parte contrária, por simples petição, recorrer do novo teor da decisão, desde que cabível a interposição do recurso, não sendo mais lícito ao juiz, então, modificá-la. Assim, se o juiz havia rejeitado a denúncia e contra a decisão foi interposto recurso, caso ele reveja a decisão e receba a exordial, não será cabível a interposição pela parte contrária porque não existe recurso previsto contra a decisão que recebe a denúncia. 
 	O recurso em sentido estrito será julgado pelo tribunal competente para o julgamento da lide principal, salvo no caso da decisão que exclui ou inclui jurado na lista geral, em que apreciação cabe, conforme o caso, ao Presidente do Tribunal de Justiça ou ao Presidente do Tribunal Regional Federal.
Obs.: → Terminologia:
 	Usa-se recorrente e recorrido; o verbo é interpor; pede-se o provimento do recurso.
 	No caso específico de recurso interposto contra decisão de pronúncia, caso o recorrente queira a impronúncia do acusado, deverá requerer seja dado provimento ao recurso para o fim de despronunciar o acusado. A chamada despronúncia é a decisão do juiz, em sede de retratação, ou do Tribunal de Justiça que reforma a anterior decisão de pronúncia.
 	O recorrente deverá pedir a retratação do juiz, nas razões do recurso, com uma fórmula como essa: “Ante o exposto, requer a revisão da r. decisão e, caso seja mantida, a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal…”
AGRAVO EM EXECUÇÃO CRIMINAL
 	Consiste em recurso usado para impugnar toda decisão proferida pelo magistrado da execução penal, que prejudique direito das partes principais envolvidas no processo. 
 	Conforme preceitua o artigo 197 da LEP, não tem efeito suspensivo, a única exceção à regra é o agravo interposto contra decisão de liberação de pessoa sujeita a medida de segurança. 
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação.
 	Atualmente, segue o rito do recurso em sentido estrito. 
 	Registre-se, o Agravo em Execução não tem o objetivo de discutir mérito e sim, uma questão de execução da pena que foi denegada pelo magistrado, ou seja, a decisão do Juiz terá algo ligado à execução de pena e que deverá ser reanalisado.
 	Um exemplo disso seria a não concessão pelo magistrado do pleito do recorrente pela revogação da medida de segurança, a qual caberá o agravo em execução.
 	Outro exemplo de fácil visualização é quando o réu tem decretada pelo Juiz da vara das execuções penais a perda dos dias remidos pelo cometimento uma falta leve, o qual cabe o agravo com supedâneo de que a perda dos dias remidos somente seria possível se o acusado tivesse cometido falta grave.
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.
Prazo: O prazo pra a interposição é de 05 (cinco) dias, a contar da ciência da decisão, de acordo com o que proclama a Súmula 700 do STF. Já no que concerne as razões e contrarrazões, o prazo é de 2 (dois) dias, por força do artigo 588 do Código de Processo Penal, contado da intimação dos interessados.
Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.
 	Neste norte, as decisões do juiz da execução podem ser as mais diversas, pois a sua competência está prevista no artigo 66 da Lei de Execução Penal, conforme segue:
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
Nota: A Lei 9.268, de 01.04.96, extinguiu a possibilidade de conversão da multa em detenção (arts. 1º e 3º).
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
 	O Agravo pode ser ingressado por petição ou termo, com a faculdade de apresentação das razões posteriormente à sua interposição, devendo respeitar os documentos obrigatórios disposto no parágrafo único, do artigo 587 do Código de Processo Penal, ou seja, a decisão recorrida, a certidão de sua intimação e o termo de interposição.
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
→ Legitimidade:
 	Os legitimados para interpor o agravo são o Ministério Público, o acusado, além de seu cônjuge, parente ou descendente, todos na figura do defensor constituído ou nomeado, conforme os ditames do artigo 195 da Lei de Execução Penal.
→ Competência:
 	O endereçamento da petição é para o próprio magistrado que proferiu a decisão a ser recorrida. Desta feita, deve haver uma pleito de retratação (recurso possui efeito regressivo),ou seja, o magistrado pode retratar-se. Contudo, caso ele não o faça, o recurso seguirá para o Tribunal (translado).
 	Porém, o agravo em execução possui uma peculiaridade, que nem sempre a competência para aplicação da execução penal será do juízo das execuções penais, como no caso de réu com competência por prerrogativa de função. Por força do parágrafo único, do artigo 2º da LEP, as regras são aplicadas tanto ao preso definitivo, bem como ao preso provisório.
 	Importante salientar que à prisão especial subsiste apenas até o trânsito em julgado da sentença e se existir no caso concreto um acusado com competência por prerrogativa da função a execução da pena será realizada pelo respectivo órgão ao qual o réu tem foro por prerrogativa da função.
 	Assim, a interposição será endereçada ao presidente do tribunal ao qual o acusado é vinculado, e as razões para o Egrégio Tribunal, representando uma exceção.
REVISÃO CRIMINAL
 	A revisão criminal é instrumento processual que pode ser utilizado somente em favor do acusado e que visa rescindir sentença penal condenatória transitada em julgado. Ou seja, a revisão é aplicada em situações em que já existe condenação com trânsito em julgado. 
→ Natureza jurídica: 
 	Muito embora esteja disciplinada no Título que o Código reserva para os recursos, a revisão criminal é, em verdade, ação autônoma de impugnação, que se destina a desconstituir sentença condenatória ou absolutória imprópria ou acórdão transitado em julgado naquilo que se revelar desfavorável ao acusado.
 	Diferentemente do que ocorre em relação aos recursos, a revisão criminal dá ensejo a uma nova relação jurídica processual, não se limitando a prolongar aquela já constituída.	
→ Legitimidade:
 	A revisão criminal só é admitida em prol do acusado. De acordo com o disposto no art. 623 do Código de Processo Penal, a revisão poderá ser pedida pelo:
Réu;
Procurador do réu legalmente habilitado;
Cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (no caso de condenado morto).
Obs.: Deve-se interpretar extensivamente o termo “cônjuge”, para permitir que o ajuizamento da revisão, em caso de falecimento do acusado, seja feito por companheiro ou companheira com quem mantivesse união estável.
Art. 623.  A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
→ Pressupostos e oportunidade:
 	A revisão criminal submete-se às condições das ações em geral, motivo pelo qual seu exercício pressupõe que as partes sejam legítimas, que haja interesse de agir e que o pedido seja juridicamente possível.
 	A revisão, devido ao caráter rescisório que ostenta, pressupõe, ainda, a existência de sentença condenatória ou de sentença absolutória imprópria passada em julgado, sem o que não pode ser manejada. É indiferente, contudo, para fins de possibilidade de utilização da revisão a natureza da infração e o órgão jurisdicional que prolatou a decisão.
Obs.: A sentença absolutória jamais poderá ser mudada se houver trânsito em julgado, em decorrência da coisa julgada soberanamente no processo penal.
 	Registre-se, ainda, que, para requerer revisão criminal o condenado não é obrigado a recolher -se à prisão.
→ Prazo: 
 	Uma vez transitada em julgado a decisão condenatória ou absolutória imprópria, a revisão pode ser ajuizada a qualquer tempo, mesmo depois do falecimento do sentenciado e de eventual extinção da pena.
 	Assim, para interpor revisão criminal não há prazo preclusivo, contudo, é importante ressaltar que a revisão só pode ser interposta uma única vez. Poderá ser proposta durante a execução da pena ou depois dela, ou depois da morte do réu.
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.
→ Hipóteses de cabimento:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos:
 	É cabível a revisão quando a decisão mostrar-se inequivocamente em conflito com o direito material (penal ou extrapenal) ou processual (absurda/teratológica – sem a menor chance de adequação). Assim, compreende-se como sentença contrária ao texto expresso de lei aquela que condena o réu por prática de conduta atípica ou que impõe pena acima do limite máximo cominado.
 	Não se admite, também, a revisão para aplicação de lei nova mais benéfica (lex mitior), já que a questão deve ser objeto de mero requerimento e apreciação pelo juízo da execução.
 	A segunda parte do dispositivo refere-se à decisão que ostenta erro evidente do juiz na apreciação da prova. Tem lugar nas hipóteses em que sentença não encontra lastro em qualquer elemento de prova dos autos.
 	Para avaliar se a sentença condenatória é contrária à evidência dos autos, será feita análise apenas do material probatório já existente nos autos. A sentença não se apoia em nenhuma prova existente do processo (Mirabete) – Não se trata de um mero reexame de provas. 
Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos:
 	Se houver prova de que elemento de convicção no qual se fundou a sentença é falso, será cabível a revisão criminal.
 	Não basta, é importante frisar, que do processo conste prova inautêntica ou testemunho mendaz, pois é necessário que haja nexo de causalidade entre a prova falsa e a decisão do juiz.
 	O acusado deve ajuizar a revisão acompanhada da prova da falsidade, uma vez que não haverá apuração e dilação instrutória no juízo revidendo. Para preconstituir prova testemunhal, poderá o interessado valer-se da justificação, procedimento cautelar preparatório, colhendo depoimentos junto ao juízo de primeiro grau — o mesmo onde foi proferida a sentença. Para tanto basta petição nesse sentido ao juízo, devidamente fundamentada.
Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição da pena:
 	A prova de inocência ou de circunstância favorável ao acusado também deve ser preconstituída. Esse dispositivo não se refere à reapreciação de provas já existentes, mas à hipótese em que se descobre, após a sentença, haver provas ainda não anexadas aos autos, sendo esta a diferença em relação à hipótese do art. 621, I, 2ª figura.
- Justificação criminal: 
 	Trata-se de um procedimento preparatório para acrescentar provas na Revisão Criminal. Para a revisão é inclusive necessário que seja a prova produzida judicialmente, no juízo de 1º grau, obedecendo-se o princípio do contraditório, com a exigência, portanto, da participação do Ministério Público. 
 	Tal justificação criminal, verdadeira ação penal cautelar preparatória, deve ser processada perante o juízo da condenação.
 	Em suma, é a busca da prova nova, podendo ser ela introduzida diretamente nos autos da revisão criminal - quando se tratar de documento novo, por exemplo – como pode ser alcançada por meio do procedimento próprio, denominado justificação, que é uma medida cautelar, voltada à preparação de futura ação penal ou de julgamento. Desenvolve-se a justificação perante o juiz da condenação. 
 	Dessa forma, a justificação criminal é uma espécie de ação preparatória, cuja finalidade precípua é viabilizar uma prova de caráter extrajudicial, para que se possa, eventualmente, adentrar com uma ação de revisão criminal; também, mister se faz o ajuizamento do pedido de justificação, pois, assim, se estará respeitando o princípio do

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