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10S - SE - Seminario P. R. Conflit.

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Seminário P. R. Conflitos
Prof. Paulo de Tarso Neri
1. Aplicabilidade e eficácia das normas constitucionais:
	1.1. Aplicabilidade:
	Uma lei entra em vigor ao final de sua vacatio legis. A regra é a existência de v. l. (art 1º, art. 1º, LINDB) “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. (...) Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada”. Entretanto, como o mesmo artigo alude, a lei pode estabelecer v.l. superior, inferior ou mesmo que ele não exista.
	Já, no que tange à norma constitucional, a regra é não ter vacatio constitucionais, passando a valer na data de sua publicação. Entretanto, a Constituição Federal poderá prever v.c (nunca ele é presumido), desde que este seja expresso. No caso da CF/88, o art. 34 do ADCT, previu v. c. para uma parte da Constituição, que é o Capítulo do Sistema Tributário Nacional – as demais normas valeram a partir da publicação da CF. Isso se deu, em função de que a Constituição não cria tributos, mas, sim, define de quem é a competência para criá-los.
	1.2 Eficácia:
	É capacidade, aptidão. Divide-se em dois grupos: social e jurídica.
		a) Social: trata-se da efetividade ou grau de obediência à norma. Só são 	importantes para o Direito os casos em que não há nenhuma eficácia social, pois ela 	passa a ser uma não-norma.
		b) Jurídica: é a aptidão para a produção de efeitos no mundo jurídico. A 	norma jurídica é diferente de uma norma moral pela presença de sanção estatal. 	Todas as normas constitucionais apresentam graus de sanção, tendo, portanto, 	aptidão para realizar a vontade do Constituinte.
		Obs.: a norma jurídica pode ser originária dos costumes, desde que estes não 	sejam contra legem.
			1.2.1 Classificação das Normas Constitucionais:
1.1 Normas de eficácia plena: não necessita de qualquer complementação (self-executing) é auto-executável. São normas completas, ou seja, seu texto já traz o que é necessário para sua imediata eficácia, sem qualquer alusão a lei complementadora. São as que têm aptidão para produzir todos os efeitos pretendidos pelo Constituinte.
				Exemplo: art. 1º - pacto federativo.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos
1.2 Normas de eficácia contida: também é auto-executável, só que ela sugere uma complementação infraconstitucional que melhor especifique algumas particularidades de sua incidência. 
			Em outras palavras, segundo o Prof. Paulo de Tarso, “são aquelas que nascem com eficácia total, com aptidão para a realização de todos os efeitos previstos pelo Constituinte, mas permitem que uma lei posterior restrinja esses benefícios”. Sua designação correta seria contível ou restringível, não contida.
				Exemplo:
Art. 5º XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
		Enquanto não houver essas leis delimitadoras, por ser auto-executável, vale 		a norma aberta, assegurando plena liberdade de trabalho a todos.
1.3 Normas de eficácia limitada: engloba todas que não têm eficácia plena. Não executáveis. São aquelas que dependem obrigatoriamente de complementação infraconstitucional para serem consideradas eficazes. Necessitam de complementação. Enquanto não forem complementadas sua eficácia será praticamente nula, não sendo, portanto, auto-executável.
			Exemplo: 
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
Enquanto não houver a lei, esse artigo e nada é praticamente a mesma coisa. Esta norma seria meramente programática, ou seja, de caráter abstrato (“algum dia haverá tal coisa por lei...”). 
A norma de eficácia limitada é gênero do qual a norma programática e a institutiva são espécies:
1º) Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo:
			São aquelas que pretendem a instituição, criação, estruturação 	ou organização de órgãos ou entidades. Não criam, apenas estabelecem seu 	desenho. Exemplo:
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei. 
2º) Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático:
São aquelas que não pretendem a criação de órgãos, mas o estabelecimento de metas, programas e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
2. Interpretação das normas constitucionais
	É extrair o significado da norma. Utilizar todos os métodos hermenêuticos tradicionais.
	2.1 Interpretação literal – gramatical: analisar a língua portuguesa, a coerência, coesão.
	Exemplo: art. 5º, caput, da CF: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
	Aqui, a palavra “residentes” refere-se aos brasileiros ou aos estrangeiros? Deve-se ter uma interpretação literal-gramatical. O Termo “residentes” abrange ambos os grupos, tanto os brasileiros, quanto os estrangeiros.
	2.2 Interpretação histórica: buscar a mens legis ou mens legislatoris, ou seja, a vontade da lei ou a vontade daquele que fez a legislação.
	Países da common law, principalmente os EUA, buscam a mens legis. Dão importância a vontade do Constituinte.
	Já no sistema romano-germânico, tem-se a desconfiança das vontades dos governantes. Busca-se a mens legislatoris.
	Deve-se evitar o historicismo, que é a utilização somente da interpretação histórica. Por exemplo, na época do atentado às torres nos EUA. Na Constituição Americana está prevista a proteção a privacidade e intimidade das ligações telefônicas. O então Presidente Bush consultou o Ministro da Justiça questionando a possibilidade de quebrar o sigilo. Em uma interpretação utilizando o historicismo foi possível, pois essa privacidade quanto às ligações telefônicas não se aplica, pois quando criada essa proteção não existia telefone.
	2.3 Interpretação teleológica: buscar a finalidade, a razão de ser da norma.
	Importante na Constituição Federal, que por ser analítica, utiliza conceitos indeterminados. Deve-se buscar a finalidade nos dias de hoje. Por exemplo, o conceito de família na época da CF não é a mesma de hoje.
	2.4 Interpretação lógico-sistemática: não se preocupa só com uma norma. Interpreta toda a norma do sistema e não a norma isolada. É a interpretação de normas constitucionais com infraconstitucionais.
	Por exemplo, na relação de consumo, o arquivista toma conhecimento de uma informação errada e não o altera imediatamente no sistema. O “imediatamente” não é agora, nem daqui a pouco. O próprio CDC entende que o imediatamente é 5 dias e não especificamente na mesma hora (art. 43, § 3º, do CDC).
	a) Intepretação de acordo com a unidade da Constituição: não se interpreta a norma da CF isoladamente, mas com as demais normas constitucionais. 
	Por exemplo, o art. 37, VIII da CF reserva vagas em concursos públicos para deficientes físicos. Mas essa reserva não é absoluta. Interpreta-se essa norma com o caput, obedecendo ao princípio da eficiência da Administração Pública. A inclusão de deficiente físico não pode deixar insuficiente a Administração Pública.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência e, também, ao seguinte:  
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
	b) Conflito de normas: havendo mais de um dispositivo para o caso concreto haverá a possibilidade de conflito de normas. É um conflito aparente, não existe direito absoluto, havendo um limite nesses direitos, muito frequente nos direitos fundamentais.
	Por exemplo, o sigilo de correspondência, que torna inviolável. Não se pode violar nem mesmo com determinação judicial. Mesmo sabendo de informações importantes não pode violar a correspondência.
	Outro exemplo é o art. 170, da CF, garante a propriedade, mas deve haver a função social. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
	c) Valores extrajurídicos:
Interpretar a Constituição Federal é interpretar com valores extrajurídicos. 
	Por exemplo, nos EUA, não havia a igualdade racial. No entanto, quando uma criança negra não foi admitida a estudar em escola de brancos, a Suprema Corte alterou afirmando violar o princípio da igualdade. Tese baseada em psicólogos demonstrando os danos que podem ser causados na criança. Utilizaram-se valores extrajurídicos, não disciplinado em normas.
	d) Princípio da efetividade da norma: diante de normas de eficácia limitada, busca-se interpretação mais eficaz à norma. Aquela que tenha aptidão para maior número de eficácias pretendidos pelo Constituinte.
	2.5 Interpretação conforme a Constituição: interpretação da norma infraconstitucional.
	É uma terminologia equivocada, como se houvesse possibilidade de interpretar disforme à CF.
	O “conforme” é no sentido de adequar, conformar a lei à Constituição. 
	a) Interpretação conforme a Constituição sem redução de texto: 
A lei permitirá mais de uma interpretação à norma, podendo ser intepretação constitucional ou inconstitucional.
	O STF não julga inconstitucional a lei, mas a interpretação da lei, através do controle concentrado, pois a lei é presumidamente constitucional.
	Por exemplo, há vários conceitos de servidor público. Para uns é aquele que presta serviço público, mesmo que através de uma concessionária, permissionária, que é o caso do lixeiro, agente da CET. Para outros, é aquele que tem vínculo profissional com o Estado, cargo em comissão. Aqui, afasta todos aqueles que trabalham para concessionárias, permissionárias. E outra interpretação, é aquele que tem vínculo de direito público.
	O STF verificou o art. 41 e afirmou que a norma é constitucional somente para uma interpretação e não com todas as intepretações. A ADI foi julgada parcialmente procedente.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. 
	b) Interpretação conforme a Constituição com redução de texto: 
	O STF percebe em uma norma que tem uma palavra, uma frase inconstitucional. Então, retira somente a parte inconstitucional.
	Não se pode alterar o sentido da norma, se houver alteração será declarada inconstitucional. 
3. Processo Legislativo
	Processo é sequencia de atos que tende a um ato final. A Execução não é processo, é um ato só.
	No Processo Civil o ato final é uma sentença de mérito. Já, no Processo Legislativo – que segue o rito do Processo Civil – o ato final é uma espécie normativa primária, cujo rol está previsto no art. 59, da CF:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
	São espécies legislativas primárias, pois encontram fundamento imediato na CF. São precedidas de um processo, que é o mesmo modelo do processo civil.
	A semelhança é tanta que existe o processo legislativo ordinário, sumário e especial.
	3.1 Processo Legislativo Sumário:
	Mais rápido: serve para a edição de Lei Ordinária.
	É aquele em que o Chefe do Executivo (Presidente da República), nos projetos de lei de sua iniciativa, solicita urgência.
	A diferença com o processo legislativo ordinário, é que no sumário tem prazos e são estanques (independentes), já no ordinário, não.
	O rito, basicamente, consiste em (arts. 64 e 65, CF):
 a) Projeto ingressa pela Câmara dos Deputados (Casa Iniciadora): A Câmara tem o prazo de 45 dias para aprová-lo ou rejeitá-lo. 
- Rejeitar: O projeto estará arquivado.
- Se silenciar: O projeto obstará a pauta da Câmara até que decida sobre a aprovação do projeto. - As medidas provisórias não ficam obstruídas, mas as demais deliberações sim.
- Se aprovar: O projeto será encaminhado ao Senado.
 
 b) Projeto vai ao Senado (Casa Revisora): também terá 45 dias para aprovar, rejeitar ou apresentar emendas:
 	- Rejeitar: O projeto estará arquivado.
 
- Silenciar: O projeto obstará a pauta do Senado até que decida sobre a aprovação do projeto. As medidas provisórias não ficam obstruídas, mas as demais deliberações sim.
 
- Emendar: O projeto voltará para a Câmara dos Deputados, que terá prazo de 10 dias para apreciá-la, totalizando 100 dias (art. 64, §3º da CF). 
 - Aprovar: Segue o procedimento ordinário.
	Se uma Casa extrapolar o prazo, a outra Casa terá o prazo de 45 dias. A consequência em extrapolar o prazo é o trancamento de pauta. Há uma exceção que não ocorre o trancamento de pauta, projeto de lei que tenha prazo constitucional (medidas provisórias, leis orçamentárias).
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. 
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.
§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.
	3.2 Processo Legislativo Ordinário:
		Serve para a edição de Lei Ordinária.
	É o mais complexo e completo. Não tem prazos. Para editar norma primária, somente por lei ordinária. A Lei Complementar é processo legislativo especial, somente em razão do quórum.
	É dividido, pela doutrina, em 3 fases: introdutória, constitutiva e complementar.
	a) Fase Introdutória: responde às questões “aonde?”, “quem?”.
		a.1 “Aonde?”
O projeto de lei deve ser protocolado, não é verbal, possui semelhança com o processo judicial.
Em regra, a Câmara dos Deputados é a casa inicial e o Senado é a casa revisora. Só há um caso que o Senado é a casa inicial, quando o autor do projeto é um senador.
Assim, o projeto de lei deve ser protocolado na Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa dependendoda esfera.
	a.2 “Quem?”
O art. 61, da CF trata da iniciativa geral para propor leis ordinárias e complementares que cabe a: qualquer membro da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; Presidente da República; Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superiores (STJ, TSE, STM e TST); Procurador-Geral da República e aos Cidadãos.
Em regra, a apresentação do projeto de lei cabe aos membros do Congresso Nacional (Senadores e Deputados Federais).
No entanto, a CF retira essa legitimidade, sendo possível a iniciativa pelo Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e aos cidadãos. São iniciativas extraparlamentares (fora do parlamento).
a.2.1 Presidente da República:
	Pode propor projeto de qualquer assunto que não seja vedado pela CF. As matérias objeto do projeto pelo Presidente estão previstas no art. 61, § 1º e art. 165, ambos da CF. Leis de iniciativa do Presidente da República:
 a) Que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas (art. 61, §1º, I, “a” da CF).
 
b) Disponham sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração (art. 61, §1º, II, “a” da CF).
c) Disponham sobre a organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, servidores públicos e pessoal da administração dos territórios (art. 61, §1º, II, “b” da CF).
d) Disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria. (Estatuto dos funcionários públicos civis da União art. 61, §1º, II, “c” da CF).
e) Disponham sobre organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios (art. 61, §1º, II, “d” da CF).
Na verdade, a apresentação de projeto de lei sobre a organização do Ministério Público da União é de competência concorrente do Presidente da República e do Procurador-Geral da República, em razão do disposto no artigo 128, §5º da Constituição Federal. “Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público...”.
f) Disponham sobre criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI (art. 61, §1º, II “e” da CF).
g) Disponham sobre militares das forças armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva (art. 61, §1º, II, “f” da CF). 
h) E as do art. 165, que tratam das leis orçamentárias e são 3:
- Lei do plano plurianual (PPA) (art. 165, I da CF): instrumento normatizador do planejamento da administração pública de médio prazo. É apresentado na Câmara dos Deputados.
- Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) (art. 165, II da CF): prevê despesas e receitas para o ano seguinte. Não especifica valores, somente as diretrizes.
- Lei de Orçamento Anual (LOA) (art. 165, III da CF): concretização da LDO. Quantifica, informa de onde vem a receita e para onde vai o dinheiro. 
	Tudo que disser respeito à Administração Pública Federal. Por exemplo, para extinguir cargo público, deve ser feito por lei. No entanto, estando o cargo vago, poderá ser extinto por decreto.
		Se o projeto de lei for apresentado por deputado, passa-se por todo o processo legislativo e o Presidente sanciona. Segundo entendimento do STF, não ocorre a convalidação. É um vício de iniciativa e não convalida a lei.
		a.2.2 Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça
Tratando-se de organização, cargos ou vencimentos dos Tribunais Superiores, só o próprio tribunal pode iniciar o projeto.
Por exemplo, o STJ inicia projeto de lei quanto a organização, a casa iniciadora é a Câmara dos Deputados. No entanto, o TRT não apresenta projeto de lei, pois não é tribunal superior, devendo encaminhá-lo ao TST. Já o Tribunal de Justiça, a casa iniciadora é a Assembleia Legislativa.
	Os casos são:
	1 - Iniciativa do STF: Estatuto da Magistratura (art. 93 da CF).
 
2 - Iniciativa do STF, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça: propor ao Poder Legislativo, respectivo, observado o art. 169 da CF:
	2.1 - a alteração do número de membros dos tribunais inferiores (art. 96, II, “a” da CF).
2.2 - a criação e a extinção de cargos e remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver (art. 96, II, “b” da CF). A fixação do subsídio dos Ministros do STF será feita por lei ordinária de iniciativa do Presidente do STF.
2.3 - a criação ou extinção dos Tribunais inferiores (art. 96, II, “c” da CF).
2.4 - alteração da organização e da divisão judiciárias (art. 96, II, “d’ da CF).
		a.2.3 Ministério Público (art. 61, §1º, II, d; art. 127 e 128, da CF):
Quando tratar de Lei Orgânica do MP, âmbito Nacional. O projeto de lei pode ser apresentado pelo Presidente da República ou Procurador Geral da República.
Em casos de cargos e vencimentos, a iniciativa é somente do Procurador Geral da República do próprio MP.
São iniciativas do Ministério Público:
1 - Propor ao Legislativo, observado o artigo 169 da Constituição, a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, promovendo-os por concurso público de provas ou provas e títulos; a política remuneratória e os planos de carreira (art. 127, §2º da CF). A lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
2 - Iniciativa concorrente do MP (Procurador-Geral da República) e do Presidente da República: Projeto de lei sobre a organização do Ministério Público da União.
a.2.4 Iniciativa Popular (art. 61, § 2º):
A iniciativa popular é erroneamente designada. O correto é chamar iniciativa de eleitores.
Art. 61, § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
		Projeto de lei apresentada na Câmara de Deputados.
	b) Fase Constitutiva:
	O projeto de lei é apreciado nas duas casas do Congresso Nacional (Casa Iniciadora e Revisora), separadamente, e em um turno de discussão e votação (no plenário), necessitando de maioria relativa em cada uma delas. 
 
	b.1 Casa iniciadora: O projeto de lei apresentado por um Senador tem início no Senado, já aquele apresentado por um Deputado ou pelo Presidente da República ou pelo Supremo Tribunal Federal etc, tem inicio na Câmara dos Deputados. Em regra, a Câmara dos Deputados é a porta de entrada da iniciativa extraparlamentar (art. 64 da CF).
 
- Comissões: O projeto de lei primeiramente será apreciado na Comissão de Constituição e Justiça e depois nas Comissões temáticas, que emitirão pareceres. Se o processo for multidisciplinar, passará por várias comissões temáticas.
O art. 58 da CF dispõe quem representarão as forças políticas da Casa. Por exemplo, se o PT tem 25% dos deputados, assim, terá direito a 25% dos assentos de cada comissão. Participam somente de 1 comissão
 
As comissões, além de discutirem e emitirem parecer, poderão aprovar projetos, desde que, na forma do regimento interno da casa, haja dispensa do Plenário e não haja interposição de recurso de um décimo dos membros da casa (art. 58, §2º, I da CF). Trata-se de delegação “interna corporis”.
 
A Comissão de Constituição e Justiça pode fazer um controle preventivo de constitucionalidade. Se achar que é caso de inconstitucionalidade, remete o projeto ao arquivo.- Votação: Após discussão e parecer, o projeto será enviado ao plenário da Casa para um turno de discussão e votação. Encerrada a discussão passa-se à votação.
 
É preciso maioria absoluta (257 deputados) para instalar a sessão validamente e maioria simples (metade mais um dos presentes) para votação de uma lei ordinária (art. 47 da CF).
 
Aprovado o projeto de lei na Casa Iniciadora por maioria simples, seguirá para a Casa Revisora. A 1a deliberação é chamada de deliberação principal e a outra, de deliberação revisional.
 
	b.2 Casa Revisora: O projeto de lei terá o mesmo curso da Casa iniciadora, isto é, passa primeiramente pelas Comissões e depois vai ao plenário para um turno de discussão e votação. É necessário maioria absoluta para instalar e maioria simples para deliberar.
 
A Casa Revisora poderá aprovar, rejeitar ou emendar o projeto de lei (art. 65 da CF).
 
- Aprovar: O projeto de lei aprovado no Legislativo seguirá para sanção ou veto do Executivo (art. 66 da CF).
 
- Rejeitar: O projeto de lei será arquivado. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na próxima sessão legislativa, salvo proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67 da CF).
 
- Emendar: Somente as emendas voltam para a Casa Iniciadora, sendo vedada a apresentação de subemendas (art. 65, parágrafo único da CF).
 
A emenda deve guardar relação lógica com o objeto. É a proposta de direito novo a direito novo ainda proposto. Assim, não será admitido aquilo que for rotulado de emenda se não o for.
 
As emendas podem ser:
- aditivas: acrescentam alguma disposição no projeto;
- supressivas: suprimem alguma disposição no projeto;
- modificativas: não alteram a substância da proposição, mas sim um aspecto acessório; 
- substitutivas: alteram a essência da proposição; 
- aglutinativas: resultam da fusão de diversas emendas entre si ou com o texto; ou 
- de redação: sanam algum vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso manifesto. 
A proposta de emenda que alcança todo o projeto é chamado no direito parlamentar de substitutivo.
 
O poder de emenda é inerente à função legislativa, salvo em determinados casos. Ex: Não é possível aumentar a despesa prevista no projeto de iniciativa exclusiva do Presidente da República (art. 63, I da CF); Não é possível aumentar despesas nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público (art. 63, II da CF).
 
A emenda que determina o retorno à casa de origem é aquela que de alguma forma modifique o sentido jurídico da proposição, pois se não modificar, não precisa voltar. Ex: correção de português não precisa voltar.
 
- Se a Casa Iniciadora concordar com a emenda: O projeto será encaminhado para o autógrafo (reprodução do trâmite legislativo e o conteúdo final do projeto aprovado ou emendado) e depois segue para o Presidente da República.
 
- Se houver divergência: Prevalecerá a vontade de quem fez a deliberação principal (princípio da primazia da deliberação principal). O projeto segue para o Presidente com a redação da Casa Iniciadora.
 
A Câmara está numa posição de prevalência em relação ao Senado, pois os projetos extraparlamentares iniciam-se pela Câmara e, portanto, é ela quem faz a deliberação principal. O princípio da primazia da deliberação principal não se aplica ao procedimento da emenda constitucional, pois precisa de aprovação nas duas casas. 
	c) Fase complementar
 
	A Fase final é dividida entre a promulgação e a publicação.
 
		c.1 Promulgação:
		É um atestado da existência válida da lei e de sua executoriedade. Em regra 	é o Presidente da República que verifica se a lei foi regularmente elaborada e depois 	atesta que a ordem jurídica está sendo inovada, estando a lei apta a produzir efeitos 	no mundo jurídico. A presunção de validade das leis decorre da promulgação.
 
		O que se promulga é a lei e não o projeto de lei. Este já se transformou em 	lei com a sanção presidencial ou com a derrubada do veto no Congresso Nacional.
 
		Cabe ao Presidente da República promulgar a lei, ainda que haja rejeição 	do veto. O veto rejeitado tem necessidade de ser promulgado. Assim, podemos ter 	uma lei sem sanção, mas nunca uma lei sem promulgação.
 
		Quando está escrito no texto “eu sanciono”, implicitamente traz a 	promulgação. A promulgação é implícita na sanção expressa. No caso da rejeição 	do veto, como não houve sanção estará escrito no texto “eu promulgo”. Na 	emenda constitucional, não há sanção ou veto, mas há promulgação pelas mesas 	da Câmara e do Senado. 
 
		Se o Presidente não promulgar em 48 horas, o Presidente do Senado a 	promulgará e, se este não fizer em igual prazo, caberá ao Vice Presidente do Senado 	fazê-lo (art. 66, §7º da CF). Isto pode ocorrer na sanção tácita e na rejeição do veto, 	mas nunca na sanção expressa, pois a promulgação está implícita.
 
		c.2 Publicação:
		É o ato através do qual se dá conhecimento à coletividade da existência da 	lei. Consiste na inserção do texto promulgado na Imprensa Oficial como condição 	de vigência e eficácia da lei. É a fase que encerra o processo legislativo.
 
		A promulgação confere à lei uma executoriedade. A esta tem que se somar 	uma notoriedade que decorre da publicação. Esta notoriedade é ficta, assim 	presume-se que as pessoas conheçam a lei.
 
		Em regra geral, a lei começa a vigorar em todo País 45 dias depois de 	oficialmente publicada, salvo disposição em contrário. Nos Estados estrangeiros, 	entra em vigor 3 meses após a publicação (art. 1º e §1º da LICC). Porém, a lei pode 	estabelecer a data de início de vigência.
 
		A publicação é feita por quem promulga. Se a lei for promulgada pelo Presidente da República, será publicada no Diário Oficial do Executivo. E se for promulgada pelo Presidente do Senado, será publicada no Diário Oficial do Legislativo.
Se existir omissão deliberada dolosa da publicação pelo Chefe do Poder Executivo, haverá crime de responsabilidade (Lei 1079/50 e Decreto-lei 201/67).
	3.3 Processo Legislativo de Emendas Constitucionais (art. 60, CF):
	Quem promulga as Emendas Constitucionais são as Mesas do Congresso Nacional. 
	Há necessidade de quórum qualificado para aprovação. A CF não indica qual será a Casa Inicial e não há necessidade da votação ser alternada.
	As limitações ao Poder Constituinte Derivado Reformador são: formais, circunstanciais e materiais.
a) Limitações formais ao poder de reforma:
Parte da CF não pode ser alterada (cláusulas pétreas) no que tange a restrição, tendente em abolir os direitos e garantias fundamentais.
 
		a.1) Fase Introdutória:
Iniciativa de uma emenda constitucional: Só pode exercer a iniciativa quem tem poder de iniciativa, pois caso contrário haverá um vício de iniciativa, uma inconstitucionalidade formal (art. 60 da CF). 
 
1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 60, I da CF). Não há iniciativa parlamentar individual nas emendas constitucionais.
Presidente da República (art. 60, II da CF).
 
Mais da metade das Assembléias Legislativas da unidade da federação, manifestando intimamente pela maioria relativa de seus membros (art. 60, III da CF): Tendo em vista que há, no Brasil, 26 Estados-membros e 1 Distrito Federal, para apresentar uma proposta de emenda constitucional, é necessário que 14 Assembléias Legislativas manifestem-se por maioria relativa. 
 
		a.2) Fase Constitutiva:
Votação: a apreciação da proposta de emenda constitucional é realizada nas 2 casas do Congresso Nacional, separadamente, e em 2 turnos de discussão e votação (no plenário), necessitando de 3/5 dos votos em cada uma delas (art. 60 §2º CF). 
  
Aprovada: O projeto de emenda constitucionalseguirá para a promulgação.
 
Rejeitada em uma das casas: o projeto de emenda constitucional estará rejeitado, pois é necessária a vontade expressa das duas casas para aprovar uma emenda constitucional.
 
		A emenda constitucional começa e termina no Congresso Nacional, não havendo sanção ou veto do presidente.
 
		a.3) Fase Complementar:
Promulgação: A emenda constitucional será promulgada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (art. 60 §3º CF).
 
b) Limitações circunstanciais ao poder de reforma:
	Na vigência dos mecanismos de defesa para se enfrentar situações de crise constitucional (anormalidades constitucionais), a Constituição não pode ser emendada, pois eles têm como feito automático a inibição do poder de reforma.
 
Estado de sítio: A anormalidade está generalizada por todo o território nacional.
 
Estado de defesa: A anormalidade ocorre em alguns pontos do território nacional.
 
Intervenção federal: A União quebra, temporária e excepcionalmente a autonomia dos Estados, por desrespeitarem as regras do artigo 34 da Constituição Federal.
 
c) Limitações materiais ao poder de reforma:
	Existem limitações explícitas ao poder de reforma e outras implícitas, que decorrem logicamente do próprio sistema constitucional. 
 
		c.1) Limitações implícitas:
 
Titular do poder constituinte originário: Pela lógica representa uma limitação, pois se não a criatura iria suprimir o próprio criador. 
 
Exercente do poder de reforma: O Congresso Nacional não pode transferir esse poder para outros órgãos, pois recebeu procuração sem poderes para substabelecer. 
 
Procedimento da emenda constitucional (forma do exercício do poder de reforma): Embora não possa ser reduzida a rigidez do procedimento, pois é imutável, pode ser ampliado.
  
		c.2.   Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
	Não será objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional tendente a abolir as matérias estipuladas nas cláusulas pétreas ou a modificar o elemento conceitual do instituto. Tais propostas não serão sequer objeto de deliberação.
Observação: Não existe na CF/88 a limitação temporal, existente na CF de 1824 (CF não será emendada em 5 anos).
	
	3.4 Processo Legislativo de Lei Delegada:
	a) Conceito:
	É a espécie normativa utilizada nas hipóteses de transferência da competência do Poder Legislativo para o Poder Executivo. Trata-se de uma exceção ao princípio da indelegabilidade das atribuições. Delegação “externa corporis”.
	A lei delegada possui força de lei ordinária.
 
	b) Procedimento:
 
	-  Iniciativa solicitadora: O Presidente da República solicita a delegação ao Congresso Nacional (iniciativa solicitadora), delimitando o assunto sobre o qual pretende legislar.
 
	-  Se o Congresso Nacional aprovar (por maioria simples) a solicitação, delegará por meio de resolução (art. 68, §2º da CF).
	A delegação tem prazo certo, isto é, termina com o encerramento de uma legislatura. Entretanto, nada impede que antes de encerrado o prazo fixado na resolução, o Poder Legislativo desfaça a delegação.
	Pode ocorrer somente 1 edição da lei delegada, exceto se a Resolução permitir mais de 1 edição.
	O Congresso Nacional pode apreciar a mesma matéria objeto de delegação, pois quem delega não abdica, reserva poderes para si. Como a lei ordinária e a lei delegada têm o mesmo nível de eficácia, prevalecerá a que for promulgada por último, revogando a anterior (princípio da continuidade das leis).
 
	- O Presidente promulgará e publicará a lei delegada.
	O § 3º do art. 68 trata da delegação imprópria.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
	O Presidente edita projeto de lei para aprovação do Congresso Nacional. Se aprovada, Presidente edita lei delegada, se rejeitada, apresenta outro projeto.
	3.5 Processo Legislativo de Medidas Provisórias (art. 62, CF):
	a) Conceito:
	A medida provisória, reflexo do antigo decreto-lei, não possui natureza jurídica de lei, sendo apenas dotada de força de lei. 
 
	Embora seja um ato sob condição (condição de ser um dia aprovado pelo Congresso Nacional), é vigente e eficaz.
 
	b) Pressupostos de admissibilidade:
	A medida provisória tem como pressupostos de admissibilidade a relevância (importante) e a urgência (não pode aguardar término do processo legislativo). “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional” (art. 62 da CF).
 
	Tendo em vista que toda matéria que deva ser tratada por meio de lei é matéria relevante, na medida provisória a matéria deve ser extraordinariamente relevante. Além de ser relevante, tem que ser também urgente, mais urgente que o procedimento abreviado.
 
Em regra, os requisitos de relevância e urgência devem ser analisados primeiramente pelo Presidente da República (juízo discricionário) e posteriormente pelo Congresso Nacional. 
Excepcionalmente, o Poder Judiciário poderá fazer um controle de constitucionalidade dos pressupostos, quando houver desvio de finalidade ou abuso do poder de legislar (violação do princípio da razoabilidade).
 
	c) Prazo de vigência:
      	A medida provisória vigorará por um prazo de 60 dias contados da publicação.
 
	Prorrogação: Se a medida provisória não for apreciada em 60 dias, haverá uma prorrogação automática do prazo, totalizando prazo máximo de 120 dias. Se após esse prazo, não for convertida em lei, perderá a eficácia desde a sua edição (efeitos retroativos).
 
	Regime de urgência: Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias da sua publicação, entrará em regime de urgência, fazendo com que todas as demais deliberações da casa legislativa fiquem sobrestadas, até que seja concluída a votação da medida provisória. Ela bloqueia a pauta diária da casa em que esteja (art. 62, §6º da CF). Nada poderá ser votado (aprovado ou rejeitado), somente as pautas que houverem prazo constitucional (diretrizes orçamentárias, medidas provisórias, processo legislativo ordinário).
	Tal período de urgência pode se estender por 75 dias, pois não sendo suficiente os 15 dias restantes, há a possibilidade de um novo prazo de 60 dias (art. 62, §7º da CF).
	Ex: Se ficar 40 dias na Câmara e já está há 5 dias no Senado, começa a bloquear a pauta. Diferentemente do procedimento sumário, em que há dois prazos de 45 dias.
 
	Recesso parlamentar: o prazo fica suspenso durante o recesso, assim podemos ter uma medida provisória com prazo superior a 60 dias (art. 62, §4º da CF). Entretanto, se houver convocação extraordinária, a medida provisória entrará em vigor na data da convocação, será automaticamente incluída na pauta de convocação (art. 57, §8º da CF).
	No entanto, não haverá a contagem nos recessos. A sessão legislativa compreende o período de 07/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12. Assim, se publicada no dia 18/07, entra em vigor na data da publicação, no entanto, a contagem inicia no dia 01/08.
	d) Procedimento:
 
	-  Publicada a medida provisória no Diário Oficial, deve ser de imediato encaminhada ao Congresso Nacional.
 
	- No Congresso Nacional, será encaminhada a uma Comissão Mista de Deputados e Senadores, que avaliarão os pressupostos constitucionais de admissibilidade e o mérito, e emitirão parecer (art. 62, §9º da CF). O parecer será dividido em 3 partes: constitucionalidade; adequação financeira e orçamentária e mérito.
	No procedimento ordinário, o projeto de lei passa por uma fase de instrução nas duas casas legislativas, já na medida provisória há apenas uma instrução na Comissão Mista.
 
	-  Após o parecer da Comissão Mista, a medida provisória será apreciada em plenário nas duas casas separadamente (art. 62, §5º daCF). 
	A votação será em sessão separada, tendo início na Câmara dos Deputados e depois, seguindo ao Senado Federal.
 
	- Aprovação integral no Congresso Nacional:
 
. Aprovação na Câmara dos Deputados: Primeiro analisam os pressupostos de admissibilidade e depois o mérito (art. 62, §8º da CF). A aprovação depende de maioria simples. 
 
. Sendo aprovado na Câmara, segue ao Senado: No Senado também, antes de analisar o mérito, serão examinados os pressupostos e a aprovação depende de maioria simples.
 
. Aprovada a medida provisória: Será convertida em lei com o número subseqüente da casa, pois se implementou a condição futura.  Tendo em vista que a redação da lei é idêntica a da medida provisória, não há necessidade de veto ou sanção pelo Presidente da República.
 
. A lei será promulgada pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional e publicada pelo Presidente da República. Não há qualquer interrupção de vigência e eficácia.
 
	-  Aprovação com alteração no Congresso Nacional: O poder de emendar é inerente ao poder legislativo, só não podendo ser exercitado se houver disposição em contrário. Como não há, poderá haver emendas.
	Se a Comissão Mista apresentar parecer pela aprovação de medida provisória com emendas, deverá também, apresentar projeto de lei de conversão, bem como projeto de decreto legislativo para regulamentação das relações jurídicas decorrentes da vigência dos textos suprimidos ou alterados. 
 
. Projeto de lei conversão: A medida provisória com emendas se transforma em projeto de lei de conversão, devendo ser remetido ao Presidente da República para que sancione ou vete, em 15 dias. Se sancionar, irá promulgá-la e determinará sua publicação.
	É importante destacar que durante o trâmite do projeto de lei de conversão, a medida provisória no mundo jurídico continua vigente e eficaz até que o Presidente sancione ou vete (art. 62, §12 da CF). Assim, pode acontecer de a medida provisória ter vigência superior a 120 dias.
 
. Decreto legislativo: Os efeitos decorrentes da matéria alterada devem ser regulamentados por decreto legislativo, perdendo a medida provisória a eficácia desde a sua edição (art. 62, §3º da CF).
 
	- Rejeição expressa ou tácita pelo Congresso Nacional: Tanto na rejeição tácita (aquela que ocorre pela não apreciação da medida no prazo de 120 dias), como na expressa, a medida provisória perderá a eficácia desde a sua edição (eficácia ex tunc).
	Perdendo a eficácia, caberá ao Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes, no prazo de 60 dias. Irá disciplinar como bem entender, sem qualquer submissão ao Poder Executivo.
	Se o Congresso Nacional não editar o decreto legislativo no prazo de 60 dias, ressuscita aquela medida provisória rejeitada e possibilita que ela discipline as relações jurídicas decorrentes de atos praticados durante sua vigência, como uma lei temporária (art. 62, §11 da CF). Os efeitos são permanentes, tornando-se definitivas.
	A medida provisória rejeitada não pode ser objeto de reedição na mesma sessão legislativa (art. 62, §10 da CF). A sua reedição importará em crime de responsabilidade (art. 85, II da CF).
 
	e) Efeitos da Medida provisória sobre o ordenamento jurídico:
	A edição da medida provisória suspende temporariamente a eficácia das normas que com ela sejam incompatíveis. Se a medida provisória for transformada em lei, revogará aquela lei, mas se for rejeitada, serão restaurados os efeitos daquela lei. 
 
	Como aquela lei nunca perdeu a vigência (existência no mundo jurídico), só tendo a eficácia (produção de efeitos) paralisada, com a rejeição da medida provisória volta a ter eficácia. Não ocorre, assim, a represtinação.
 
	As medidas provisórias editadas em data anterior a EC 32/01 continuam em vigor até que outra medida provisória as revogue expressamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional, não submetida a qualquer prazo. O Congresso Nacional deliberará em sessão conjunta pelo sistema anterior.
 
	f) Edição de Medida Provisória pelos Estados e Municípios:
	Segundo o Supremo Tribunal Federal, pode ser editada medida provisória pelo Governador do Estado desde que exista previsão na Constituição Estadual. Os únicos Estados que colocaram essa previsão foram: Tocantins, Santa Catarina e Acre.
 
	Pelo principio da simetria, é possível a edição de medida provisória municipal naqueles três Estados. Alguns autores sustentam que ainda só seria possível se a Lei Orgânica dos Municípios daquele estado trouxesse a previsão. Outros dizem que não pode em nenhuma circunstância, pois os conceitos de relevância e urgência seriam incompatíveis com a limitação territorial de eficácia de uma lei municipal.
	Resumindo, o Governador e o Prefeito somente podem editar medidas provisórias se previsto, respectivamente, na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica do município, respeitadas as matérias de âmbito estadual ou municipal.
4. Competências (arts. 21 a 32 da CF):
	4.1 Introdução:
	A distribuição de competência só faz sentido quando se está diante de um Estado Federativo. Quando se está em um Estado unitário, não há necessidade de distribuição, pois a competência é única (exemplo: em Portugal, em que uma obra em uma estrada é feita pela República Portuguesa).
	Cada ente da federação possui competência, e dentro dessa competência é o próprio ente que manda, por exemplo, a União manda dentro da competência da União. Em sendo assim, p. ex., lei federal não é superior a lei estadual: elas só diferem pela competência.
	A divisão de competência está presente na CF, nos arts. 21 a 32.
	4.1.1 Regras básicas para distribuição de competência:
	a) Quando há interesse nacional, a competência é da União. Havendo interesse regional, a competência é do Estado. Quando há interesse local, a competência é do Município.
	Exemplo: transporte. Quando o transporte se dá de um bairro a outro em São Paulo, a competência é do Município. Quando o transporte se dá de uma cidade a outra dentro do mesmo Estado, a competência é Estadual. Quando o transporte se dá de um Estado para outro ou do Brasil para um outro país, a competência é da União. 
	b) De base histórica.
	O federalismo foi criado pelos EUA. A Inglaterra, para evitar que as colônias se comunicassem, povoou cada colônia americana com diferentes populações, com base na cultura e religião (notadamente protestantes). Assim, as colônias não queriam se unir e só o fizeram por necessidade, para expulsar os ingleses. Daí se conclui que o federalismo americano foi instituído, atribuindo uma parcela pequena de competência para a União, enumerando o que ela podia fazer em nome dos Estados e a competência residual, maior, ficou para esses Estados.
	
	O Brasil copiou o federalismo dos EUA, com a competência da União enumerada e a competência dos Estados é residual. 
	Porém, a partir da CF 88, os Municípios foram incluídos na Federação e, em consequência, alterou-se a atribuição de competência:
	- União: competência enumerada;
	- Município: competência enumerada;
	- Estado: competência residual.
	4.2 Competências em espécie:
	Há 3 funções de Estado: administrar, legislar e judicar.
		4.2.1 Competência Administrativa 
a) União (art. 21, CF): competência enumerada.
A competência é privativa para alguns casos. A CF em algumas situações permite concessão, permissão ou autorização, sempre de forma expressa, por exemplo, o art. 21, XI:
Art. 21. Compete à União:
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;  
É de competência da Administração Pública prestar, fazer, emitir. Nas hipóteses abaixo não pode ocorrer concessão, autorização ou permissão, vez que não há determinação expressa na CF:
Art. 21. Competeà União:
VII - emitir moeda;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
O correio é a remessa, entrega de correspondência. Empresas como FEDEX, DHL somente podem entregar encomendas, não sendo permitido a entrega de correspondências. Não existe franqueada dos Correios, o serviço é terceirizado para coleta de correspondências.
No caso de devolução de passaporte pelo consulado dos EUA, feita pela empresa DHL, seria entrega de encomenda, no entanto, há divergências, se remeter passaporte é correspondência ou encomenda.
		b) Município (art. 30, CF): competência enumerada.
No caso dos Municípios, a competência administrativa e legislativa é tudo que for de interesse local, ou seja, o que é peculiar ao interesse do Município. 
Exemplos: reorganização de ruas, zoneamento, rodízio de veículos. 
Observação: em relação aos horários de funcionamento do comércio, é de competência dos Municípios, pois é interesse local; já o horário de funcionamento dos bancos, o interesse é nacional, assim, a competência é da União.
		c) Estado (art. 25, CF): competência residual.
A competência é residual, conforme disposto no art. 25, § 1º, CF. As competências enumeradas à União e aos Municípios, não se aplicam aos Estados: o resto pode.
		
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Há somente um caso que a CF enumera a competência Estadual, prevista no art. 25, § 2º da CF, que é a prestação de serviço de gás canalizado, por meio de concessão:
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.  
		d) Comum (art, 23, CF):
	Competência comum, cumulativa ou paralela é atribuída a todos os entes federados que a exercem em igualdade, afastando a exclusão dos demais.
		4.2.2 Competência Legislativa:
		a) União (art. 22, CF):
A competência é privativa, conforme dispõe o parágrafo único do art. 22 da CF, não exclusiva:
Art. 22. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
			
	Pode ocorrer a delegação somente para alguns Estados? Apesar do art. 19 da CF, para o professor é possível que ocorra a delegação somente para alguns Estados, em razão da diversidade de situações existentes. Por exemplo, é considerado crime a produção de álcool sem licença. Na área urbana, por exemplo em São Paulo, seria inviável a produção de álcool, a delegação da União para o Estado quanto a esse crime seria inviável.
		b) Município:
		Competência legislativa para tudo que for de interesse local.
		c) Estado:
		Competência residual.
		d) Competência legislativa concorrente (art. 24, CF):
Os municípios não tem competência concorrente. 
À União competem as normas gerais e aos Estados e Distrito Federal as normas específicas.
Exemplo: é competência da União legislar sobre ICMS, regrando o imposto e é competência dos Estados, DF legislar sobre as alíquotas, prazo de pagamento, vencimento, etc.
Mais um exemplo, quanto às custas judiciais. É de competência da União legislar em quais hipóteses as custas serão devidas, que estão previstas no CPC. E é de competência do Estado legislar quanto ao valor que será cobrado nas custas. Por exemplo, paga-se custas para interposição de apelação, os Estados estipularão o valor. Em São Paulo, não há pagamento de custas para opor Embargos de Declaração, diferente de MG que são cobrados.
			d.1 Normas gerais e específicas:
Em regra, a norma geral vem antes da norma específica: uma norma regra o todo e a outra norma o especifica. Porém, poderá ocorrer o exercício da competência plena do Estado, quando a União for omissa em instituir a norma geral, conforme art. 24, § 3º, CF:
Art. 24. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
			
Assim, ocorrendo omissão da União, o Estado poderá editar a norma geral e específica. Nessa hipótese, o Estado adquire competência que não é dele.
Porém, na superveniência da Lei Federal, ocorre a suspensão da eficácia de Lei Estadual naquilo que for contrário à Lei Federal, conforme art. 24, § 4º da CF.
Art. 24. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
			ATENÇÃO: quando se fala em competência comum, fala-se em 		competência administrativa. Quando se fala em competência concorrente, 		fala-se em competência legislativa.
		4.2.3 Competência Judiciária (art. 109, CF):
A regra é analisar se é de competência dos Tribunais Superiores; se não for deles, verificar se é competência da Justiça Especializada (eleitoral, militar, trabalhista), se não for, verificar por fim, se é competência da Justiça Comum (Federal ou Estadual), a competência federal é enumerada, logo, a competência estadual é residual.
Obs.: quando o crime ocorre em navio atracado, a competência é da justiça comum. Mas, se o crime ocorre no mar, a competência é federal.
		Exceção: Incidente de deslocamento de competência (§ 5º, do art. 109, 	CF):
Art. 109. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Havendo risco de parcialidade, o Procurador Geral da República poderá requerer ao STJ o deslocamento da competência para a União (Federal).
5. Direito do Consumidor:
	5.1 Introdução:
	Começa-se a falar em proteção ao consumidor no pós Segunda Guerra Mundial, quando surge a sociedade de massa, a partir da atuação de grandes empresas com perfil globalizado, que passaram a oferecer produtos padronizados, fruto da produção em série e com baixo custo. O consumidor tem que se adaptar a esses produtos, não o contrário, p. ex., obesos têm dificuldade em consumir roupa pronta, pois as opções são poucas para o seu tamanho, uma vez que a maior parte das roupas são feitas para o indivíduo de proporções médias.
	Assim, a sociedade de massa faz tudo no “padrão” e o que foge a ele, fica marginalizado. Dessa maneira, a sociedade de massa tornou as pessoas mais vulneráveis, pois os defeitos nos produtos se estendem a muitos consumidores, não mais a poucos, de forma localizada, pois a produção é em série, com grandes quantidades de cada item, podendo ter escala mundial. P. ex., leite com soda caustica prejudica milhares de pessoas.
	Essa vulnerabilidade foi primeiro identificada em 1962, em um discurso do Presidente John Kennedy, na abertura anual dos trabalhos do Congresso
Americano, quando sugeriu que “esse ano precisamos fazer uma legislação ao consumidor, pois ele é vulnerável”. E, 1985, foi a vez da ONU que, em resolução, recomendou que cada Estado editasse lei nesse sentido. Em 1988, a Constituição brasileira veio a lume com 5 artigos defendendo o consumidor. 
	A partir de 1994 inicia-se a sociedade de informação, influenciando e fazendo evoluir a sociedade de massa, incrementando a automação industrial, barateando ainda mais os produtos. Com ela, em tese, o consumidor ficou menos vulnerável, por um lado, pois, p. ex., ao comprar um produto pela internet ele tem muito mais informação, porém por outro, esse excesso de informação pode levar à saturação, fazendo com que ele deixe de se informar, o que aumentaria sua vulnerabilidade.
	A tendência mais recente é a de se ter produtos e serviços customizados, com produtos ainda de massa, porém, com elementos distintos paracada segmento de consumo. Não se pode esquecer que a compra pela internet também é um fator de vulnerabilidade do consumidor, pois ela traz vulnerabilidades novas, como, p. ex., os prazos de entrega.
	5.2 Normas constitucionais de defesa do consumidor:
	a) Art. 5º, XXXII: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”:
	O Estado refere-se a todos os entes; competência comum, cumulativa; norma de eficácia limitada (precisa de lei, no caso o CDC).
	b) CF art. 24, V e VIII: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V - produção e consumo;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
	Fala-se de competência legislativa, que é concorrente (portanto, União, Estados e DF, sem os Municípios), não cumulativa (União edita as normas gerais e os Estados e DF, as normas especificas).
	Exemplo: União determinou, por norma geral, que as multas no CDC sejam entre 200 e 3 milhões de UFIRs. No entanto, o Estado do RS determinou multas bem maiores, pois entende-se que a União apenas determinou o piso.
	c) CF art. 170, V: 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor; 
	O dispositivo diz respeito aos princípios da ordem econômica, entre eles, o do consumidor. Segundo o professor, este dispositivo é o que existe de mais difícil de interpretar na CF, pois são elencados princípios antagônicos entre si, portanto, nunca se deve interpretá-los de forma isolada.
	Exemplo: Nos primórdios do CDC, quando era novidade a indenização por danos morais nas relações de consumo, as indenizações eram altíssimas (caso de jurisprudência acerca de danos moral por estar preso em porta automática de banco). Porém, com o passar do tempo, as indenizações foram diminuindo, pois elas têm por objetivo:
		1) Criar um conforto para a vítima, e;
		2) Caráter pedagógico, de educar o fornecedor para não agir de forma reiterada e melhorar a qualidade de seus produtos ou serviços. 
	Assim, se a indenização for baixa, não sensibiliza o fornecedor e se for alta, tem caráter pedagógico. No entanto, o STF entendeu que as indenizações não tivessem esse caráter pedagógico, pois caso tivessem, acabariam com a livre iniciativa. Independente da procedência ou não do argumento, o que o Excelso fez foi interpretar o dispositivo de forma não isolada.
	d) ADCT, art. 48: “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”. Já superado, com a edição do CDC.
	5.3 Plano geral do CDC:
	Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
	Por ordem pública entende-se que as partes não podem afastar a lei, no caso o CDC, aplica-se independentemente da vontade das partes.
	O CDC é multidisciplinar, pois tem normas de outros ramos de direito e cuida de questões de Direito Civil, Constitucional, Penal, entre outros. Ex.: infrações penais, prescrição e decadência, desconsideração da personalidade jurídica, etc.
	É interdisciplinar, pelo fato de relacionar-se com outros ramos do direito, significando que ele não se basta: havendo lacuna, buscará outras normas, outros instrumentos integrativos, no direito. Por exemplo, consumidor vítima de estelionato, não utiliza CDC, mas o Código Penal.
	
	Aplica-se o diálogo das fontes, uma vez que a CF, no art. 5º, XXXII, determina que se proteja o consumidor. O CC e o CPC, por serem posteriores ao CDC, podem em certas situações, proteger mais o consumidor.
	5.4 Consumidor
	a) Conceito: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
	A pessoa jurídica só será consumidor se, além de destinatário final ela for vulnerável ou fraca na relação jurídica.
	Exemplo: a Ford ao adquirir refeições industriais para seus empregados é vulnerável nessa relação, assim, é considerada comum; entretanto, ao terceirizar mão de obra para pintura de seus automóveis, ela não o é.
	b) Consumidor por equiparação: 
b.1 Art. 2º, Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Por exemplo, nos casos de danos ambientais.
b.2 Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
	São os bystanders, os que não participaram da relação de consumo, mas são vítimas dela. Não se utiliza todo o CDC para o consumidor equiparado, somente a parte que lhe cabe, na maior parte das vezes, o defeito. Ex.: é aquele que, não tendo adquirido a televisão LCD, vai assistir um jogo na casa do amigo, dono da TV, e acaba sendo também atingido pela explosão do aparelho.
b.3 Art. 29: “para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas”.
	Refere-se às práticas comerciais (cap. V) e práticas contratuais (cap. VI). Ex.: consumidor ao receber contrato de adesão para assinar, já é consumidor por equiparação. Quando assinado o contrato, é consumidor.
5.5 Fornecedor (art. 3º, CDC): rol exemplificativo
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
	
	a) Conceito: fornecedor é todo profissional, pessoa física ou pessoa jurídica, em seu ramo de atividade. Se não estiver em seu ramo de atividade, não é considerado fornecedor. 
	Exemplo: banco ao oferecer financiamento é fornecedor; ao distribuir cestas básicas em trabalho benemerente, não.
	Para a formação da relação de consumo deve haver: fornecedor, consumidor, produto ou serviço.
O fornecedor aparente: ocorre em duas situações:
	- Não fabrica o produto, mas coloca sua marca: por exemplo, produtos das 	marcas Carrefour, Dia. T
	- Empresa fabrica produto com exclusividade para o comerciante: Taeq para 	o Grupo Pão de Açúcar.
	b) Fornecedor de fase: previsto no art. 25, § 2º do CDC.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
	O fornecedor de fase é o oposto do fornecedor final, pois ele responde integralmente por sua peça, nos limites do componente fornecido.
Exemplo: montadora de veículos é fornecedora final de veículos e não fabrica as peças dos carros, comprando-as de fornecedores de fase, como no caso dos pneus, adquirindo-os da Pirelli. 
	 Há também o fornecedor de serviço de fase, são os terceirizados, por exemplo, os que pintam os carros, serviço de guincho dos contratos de seguro.
	c) Serviço público e CDC: precisa ser prestado individualmente (“uti singuli”), conforme dispõe o art. 145 da CF.
	O serviço público tem duas características:
1) é prestado pelo Estado ou quem lhe faça às vezes, prestado uti singuli, individualmente, sempre remunerado por taxa ou tarifa, não há exceção;
2) O CDC dispõe que não se pode cobrar por serviço não prestado, no entanto, no caso do serviço público pode ser cobrado, pois é um serviço prestado ou posto a disposição.Por exemplo, cobrança de luz, mesmo que não consumido, virá um valor mínimo (é um serviço público posto a disposição).
d) Comerciante (art. 13, CDC): é fornecedor peculiar, possui tratamento diferenciado pelo CDC. 
	
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
	Possui risco maior que o fornecedor. Responde pelo vício de forma excepcional, não responde pelo defeito do produto.
	Responde solidariamente com os demais, em dois casos, segundo o professor:
		1) quando o produto não identifica claramente o fornecedor ou o produtor;
		2) comerciante vende produto perecível e está estragado.
	e) Importador: responde como se fabricante fosse, pois alguém no Brasil tem de responder pelo produto.
6. Produto ou Serviço (art. 3º):
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
	Produto é qualquer bem. Bem é qualquer coisa que tenha utilidade e valor econômico. 
	O produto não precisa ser remunerado. Já o serviço (art. 3º, § 2º, do CDC), em qualquer atividade, deve ser remunerado.
	Por exemplo, serviço de estacionamento pago é serviço, pois é remunerado, incide o CDC. E no caso de shopping com estacionamento gratuito? Incide o CDC? Sim, pois gratuidade não tem relação com remuneração. A gratuidade é não haver o pagamento pelo consumidor, não significa que o responsável pelo estacionamento não cobre pelo serviço ao shopping.
	Há, somente um serviço que não incide o CDC: relação de trabalho.
7. Política Nacional das Relações de Consumo (Princípios no CDC): art. 4º.
	7.1 Vulnerabilidade do consumidor: é a parte fraca na relação jurídica de consumo, não tem a ver com hipossuficiência. Pode ser uma vulnerabilidade econômica, mas geralmente é técnica. Ex.: levar uma receita médica na farmácia de manipulação, não dá para saber se o que contém na cápsula é o princípio ativo necessário. Por não saber fazer, confiamos.
	Nem sempre está ligado ao “não saber fazer”, mas, também, ao não acompanhamento da produção/feitura do produto ou serviço.
	7.2 Exigência de proteção estatal: em regra, o Estado não exerce na área econômica, somente nos casos previstos no art. 174 da CF, quanto a regulação e fiscalização.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
	Casos que o Estado exerce atividade econômica: 
		a) instituições financeiras: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal;
		b) abastecimento: o Estado compra os grãos na safra e vende na entressafra;
		c) imperativo de segurança nacional: indústria de armamento
d) no CDC, para casos de relevante interesse social: é um conceito indeterminado. Exemplos de casos de relevante interesse social: restaurante para fornecer almoço por R$ 1,00 na região da Cracolândia, farmácia para vender remédio a preço de custo. Supermercado, quando o supermercado mais próximo está distante, por exemplo, 200 km.
	7.3 Harmonização das relações de consumo: diz respeito a boa fé objetiva do consumidor e fornecedor. 
	Não existe “má-fé objetiva”, o oposto de boa-fé objetiva é “não estar de boa-fé objetiva”. Já na boa-fé subjetiva, o oposto é má-fé.
	Exemplo, não houve boa-fé objetiva no caso de uma marca de carro que fez promoção durante um mês dos carros e no mês seguinte saiu do país.
	7.4 Meios alternativos para solução de litígios: somente arbitragem (art. 51, VII, CDC). 
	A cláusula arbitral, estabelecida no ato da celebração do contrato, é nula. Porém, instalado o litígio, nada obsta o compromisso arbitral, fruto – efetivo – da livre vontade das partes.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
8. Relações e Responsabilidade Civil
	A responsabilidade por defeito e a responsabilidade por vício estão previstos no art. 8º do CDC.
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
	Os produtos e serviços colocados no mercado deve haver qualidade. Se não houver, fere o direito do consumidor.
	A responsabilidade pelo fato do produto ou serviço = defeito = acidente do consumo.
	8.1 Vício (arts. 18 e 20):
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
	O vício apresenta problema de qualidade ou quantidade. O dano é meramente econômico. Por exemplo, compra um produto que vem menos quantidade (vício na quantidade); liquidificador que não funciona direito (vício na qualidade).
		a) Vício de qualidade de produto: o fornecedor tem o direto tem o dever de consertar produto em 30 dias. Todos os fornecedores (fabricante, comerciante, importador) respondem solidariamente.
		A contagem dos 30 dias pode ser intermitente (30 dias corridos) ou intercaladas (por exemplo, 10 dias; 10 dias; 10 dias).
		Na hipótese de o vício não ser sanado em 30 dias, o consumidor opta por trocar o produto por outro de mesma espécie; dinheiro de volta com a devolução do produto ou direito a abatimento no preço. 
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
		b) Vício de qualidade sem direito a conserto:
		- leva a uma quebra de qualidade (calça jeans rasgada). 
		- traz perda do valor do produto (carro molhado em enchente)
.
	8.2 Defeito (arts. 12 e 14):
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
	O defeito é um prolongamento, desenvolvimento do vício, ou seja, é antes do vício. Atinge a vida, a segurança ou a saúde do consumidor ou de terceira pessoa. 
	Em regra, a indenização é total, por todos os danos eventualmente causados pelo defeito. Cabe reparação de dano moral e dano estético. 
	A responsabilidade é de toda a cadeia de produção (fornecedor, importador, em alguns casos, o comerciante).
Em regra, o comerciante não responde pelo defeito, nem solidariamente, nem individualmente. E se responsabilizado, responde solidariamente.
A responsabilidade é objetiva tanto para o responsável quanto ao comerciante, por exemplo:
	a) não colocação do produto no mercado (ex.: produto falsificado)
	b) Não existe defeito quando não houver falha do produto (ex.: ao tomar pílula anticoncepcional, a menina toma somente a metade, enquanto a recomendação na bula seja outra, qual seja, tomar a pílula inteira. Se engravidar, não existe defeito no produto)
	c) culpa exclusiva de consumidor ou de terceiro.
	Se houver culpa concorrente, não exime a responsabilidade, tendo como consequência o “quantum” da indenização.
8.3 Profissional liberal (art. 14, § 4º):
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
	Profissional liberal é aquele que tem curso universitário e exerce profissão sem vínculo empregatício ou empresarial. Entretanto, no entendimento do CDC é qualquer pessoa que exerce profissão sem vínculo empregatício ou empresarial, por exemplo, sapateiro.
	Relembrando: obrigação de resultado, tem-se obrigação pelo resultado. Obrigação meio, tem-se a obrigação de utilizar toda a técnica, mas não é responsável pelo resultado.
	No caso de médico cardiologista que realizará uma cirurgia com hora marcada. Tem-se obrigação de resultado, pois é obrigado a estar no horário da cirurgia, independentemente se houve trânsito. No entanto, é obrigação de meio quanto a salvar o paciente ou não.
	O advogado tem obrigação de resultado no caso de entregar um contrato, enquanto que vencer ou não a ação é uma obrigação de meio.
	Conforme § 4º, do art. 14 do CDC, o profissional liberal somente responde por culpa, não responde objetivamente. Porém, o STJ entende que se obrigação é de resultado haverá inversão do ônus da prova. 
	8.4 Prescrição (art. 27):
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
	Prescreve em 5 anos contado do conhecimento do dano ou de sua autoria. Por exemplo, em um acidente de carro, para apurar o que gerou o acidente as peças são encaminhas das para perícia. A prescrição, nessa situação, inicia-se após a perícia.
9. Práticas comerciais: marketing, cobrança de dívidas e banco de dados.
	9.1 Marketing: conjunto de todas as técnicas comerciais para atrair o consumidor.
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
		a) Oferta: 
		A oferta é qualquer proposta ao consumidor para que adquira produtos ou serviços. Não há formalismo e não existe relação de consumo, entretanto, existe uma relação equiparada ao consumo.
O contrato ou material de oferta (panfletos) vinculam ofertante/anunciante com o produto ou serviço anunciado, desde que sejam sérias No entanto, a vinculação não existe se afrontar a responsabilidade civil objetiva, quando o valor do produto ou serviço for nitidamente inferior.
		Os arts. 35 a 37 integram o contrato, sendo aplicado aquilo que for mais favorável ao consumidor.
		O puffing é o exagero publicitário, há situações que vincula o anunciante com o consumidor e outras situações que não vinculam. Por exemplo, “red bull te dá asas”, não vincula por haver exagero, já a publicidade “Segundo a ANP, este posto possui a melhor gasolina”, nessa situação ocorre a vinculação.
		Já o teaser que é a publicidade da publicidade não vincula.
		O art. 32 traz outro sentido de oferta. 
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.
		O artigo 32 exige que os fabricantes e importadores que tirarem o produto do mercado estão obrigados a deixar as peças de reposição durante a vida útil do bem, no caso de carro, o prazo é de 10 anos. No caso de liquidificador é de 4 anos.
A venda pessoal é o contato direto do vendedor com o consumidor, pode ser por email, telefone.
		b) Publicidade:
A publicidade utiliza-se de qualquer meio de comunicação em massa para chamar a atenção do consumidor, seja através de panfletos, televisão, rádio, mala direta. 
A publicidade é diferente da propaganda, esta é utilizada para outros fins que não só os comerciais (propaganda político partidária, religiosos) e não é regido pelo CDC.
		O art. 10, § 1º dispõe como o fornecedor deverá proceder após a colocação do produto no mercado e tiver conhecimento da periculosidade do produto. O fornecedor deve anunciar aos consumidores mediante anúncios publicitários
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
O art. 56, II dispõe sobre a sanção em caso de contra-propaganda. Aplica-se sanção administrativa (multa) frente a uma publicidade ilícita (enganosa ou abusiva).
Já a promoção e venda não está prevista especificamente no CDC, mas ocorre sua incidência. São práticas comerciais residuais (nem venda direta, nem publicidade). Por exemplo, distribuição de brindes, patrocínio.
		O art. 36 dispõe de como a publicidade deve ser veiculada, enquanto o art. 37 trata da proibição da publicidade ilícita.
 Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
		A publicidade subliminar é aquela que se tem dificuldade em perceber a mensagem subliminar. Não é considerada subliminar se percebe a mensagem implícita. Tem-se como objetivo que o consumidor não perceba de forma consciente a mensagem transmitida, mas que a parte inconsciente perceba. É forma de publicidade clandestina. 
Art. 36, Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
		
O fornecedor que não manter os dados fáticos, técnicos e científicos incorrerá em ilícito penal, civil e administrativo.
		b.1 Publicidade enganosa
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
		Merchandising: é a publicidade fora de lugar, por exemplo, publicidade em novelas. Não é considerada subliminar se consegue perceber que é publicidade. Se não percebe é considerada publicidade

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