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TERRA TRABALHO E PODER

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TERRA, TRABALHO E PODER
O mundo dos engenhos no Nordeste Colonial
Vera Lucia Amaral Ferlini
TRABALHO E ENGENHO
1 – Uma Fabrica Colonial
► Nos dois primeiros séculos o Brasil foi essencialmente açúcar e o nordeste o espaço colonial mais significativo.
► Em torno dos engenhos se fixaram os produtores de cana e suas escravarias, os produtores de fumo, as atividades pecuárias – fornecendo carne e tração animal, fornecedores de lenha e ainda oleiros, pedreiros e inúmeros artesãos.
► O complexo manufatureiro era com complexo e composto de:
1 – Casa de moenda – uma grande casa de alvenaria onde se abrigava a cana pronta para ser moída e o conjunto de moendas.
2 – A casa das caldeiras – que recebe o caldo par cozimento
3 – A casa de purgar, onde ficavam as mesas para receber as formas onde o açúcar passaria por processo de solidificação e branqueamento.
► Finalmente o galpão de secagem, peso e embalagem do açúcar.
► A Senzala onde os escravos se recolhiam para as poucas horas e escritório
► A Capela do engenho – Testemunha da vida – dos nascimentos, batizados, o inicio das safras, os funerais e a missa aos domingos e dias santos.
► Ainda havia em alguns casos, a carpintaria, marcenaria, olaria, casa de farinha, currais e mesmo algumas casas de moradores que prestavam serviço no Engenho.
► O trabalho no engenho era dividido entre trabalhadores habilitados, conhecedores dos procedimentos e indispensáveis ao processo de fabricação do açúcar, ou exerciam cargos de supervisão de produção.
► O escravo por seu lado já era requisitado como força de trabalho especifica com trabalhador coletivo.
2 Técnicas e equipamentos
2-1- Três áreas e três grandes problemas técnicos compunham a sequencia operacional: a moagem, o cozimento e a purgação do açúcar. 
A moagem
► A moagem sofreu mudanças no percurso da Europa à America – A roda de pedra (fig. 06 pg. 111), as moendas movidas a água (pg. 112) e as de tração animal. No Brasil parece ter havido um predomínio das engenhocas movidas a tração animal, conforme (figura – 09 pg. – 115) 
► A moagem realizava-se em três fases: preparo das canas, passagem pelo moinho e prensagem
O Cozimento
►No cozimento estavam os grandes segredos do açúcar – Era o império do mestre do açúcar.
► No cozimento residia um dos problema cruciais para os engenhos – o fornecimento de lenha para as caldeira.
► Nem sempre era problema de fácil solução.
► As moendas movidas a água eram mais eficazes, no entanto mais caras e precisavam de maiores incrementos nos procedimentos de beneficiamento posterior do açúcar.
► Elas agilizavam a moagem da cana e precisavam de maiores investimentos nas etapas posteriores para dar vazão e ritmo à produção.
► Os engenhos de tração animal eram mais baratos, exigiam menos técnica na sua produção e manutenção.
►A moenda era um lugar perigoso para os trabalhadores, “Era um fardo, um sofrimento a ser suportado, uma punição, uma pena. Submetido a tarefas repetitivas, desprovidas em si, de qualquer sentido, o escravo era levado a loucura, ao vicio do álcool, ao cansaço e aos acidentes.
► Nesse processo o papel do feitor administrando, harmonizando e regulando o ritmo da produção entre os diferentes setores da produção era fundamental.
►Como trabalho coletivo, executado em grande escala por escravos, era fundamental a feitorização, harmonizadora dos diversos procedimentos individuais em processo continuo do organismo produtivo p.119)
► uma quantidade determinada de matéria prima percorre nas mãos dos diferentes trabalhadores parciais. Uma sequencia cronológica de fases de produção ate chegar a sua forma final. Mas se observarmos a oficina como um todo, a matéria prima se encontra simultaneamente em todas as fases de produção. O resultado do trabalho de um é o ponto de partida para o trabalho do outro. (p.127)
► E gerenciando todo o processo produtivo, o Mestre de açúcar a dar o ponto final de cada etapa da produção, ao tempo em que o feitor vigiava a disciplina e o ritmo de cada trabalhador.
►As operações de cozimento, purgação e secagem só teriam mudanças significativas no século XIX
3 – Os olhos e braços do senhor: feitores e artesão
► O processo produtivo do engenho exigia diferentes graus de formação, diferentes técnicas e diferentes trabalhadores.
►Os Feitores – suas funções eram bastante ampla, nos primeiros tempos sua função era praticamente a de um gerente. Eram responsáveis por toda a movimentação do engenho e fazenda, quer suas atividades financeiras, quer suas atividades executivas.
► Os feitores deviam cuidar da escravaria seja de origem africana ou índio.
►Cuidar da disciplina do trabalho, da manutenção da ordem, através da constante vigilância e disciplina.
►Cuidar da produção do açúcar, do controle das terras do engenho, fazendo com que a cana produzida nas terras da fazenda fossem direcionadas ao engenho, (avisar aos lavradores o momento do corte da cana, cuidar do transporte da lenha e da cana ate o engenho)
► Enviar ao senhor, contas da escravaria, numero de escravos, compras , vendas, nascimentos, mortes ...
► Cuidar do preparo da farinha para alimentação, bem como para trocas comercias na África.
►Com o abuso da violência por parte dos feitores parece ser uma constante, existem recomendações contra os excessos.
► Mas era nos feitores que a relação escravista se mostrava. Se muitos foram os senhores e cronistas a abo minar os castigos excessivos e violentos, existência do castigo não se contestava, pois apenas a correção violenta conseguia quebrar a resistência dos escravos. E o principal objetivo dos Feitor: Fazer com que a produção do açúcar ocorresse o mis possível - fazia da violência seu instrumento de trabalho.
►A função de Feitor não dava qualidade a um homem, era função degradante como todas as funções assalariadas.
►Apenas quando comparados aos escravos ocupavam posição de destaque social.
►Muitas fazendas grandes contavam com mais de um Feitor: um Feitor Mor, e outros feitores menores que eram ajudantes.
►Havia uma preferência por Feitores brancos, mas a função podia ser ocupada por negros e pardos.
►Os artesãos/oficiais do açúcar – mestre, banqueiros, caldeireiros e purgadores 
- detinham o domínio da arte de fabricar o açúcar.
►Por experiência e habilidade o Mestre deveria conhecer a qualidade da cana e assim a qualidade do caldo que ela proporcionaria e o tempo a ser gasto em cada etapa da produção com a manteria prima a ser utilizada.
► Assim como as outras funções remuneradas o oficio de Mestres de Açúcar na era fator de prestigio social elevado.
►O labor manual mesmo dele dependendo a qualidade do açúcar , não enobrecia: paradoxo da Colônia escravista a constituir o capitalismo e aviltar o trabalho. P.137
►Era alguém que precisava viver do trabalho.
►O trabalho junto a escravos, mesmo como Mestre de açúcar, era caminho de desqualificação.
►O Mestre presidia todo o processo, desde a moeda, passando pelo cozimento, pelo julgamento dos momentos de mudança de operação , de purga do açúcar.
► A medida que negros e mulatos assumiam tal função, esse seria um sinal de perda de importância da atividade.
►Outras funções exercidas por homens livres no âmbito dos engenhos ( ocorrem mudanças no tempo e com relação a demanda de açúcar no mercado)
►Em diferentes épocas os engenhos possuíram, ora como trabalhadores fixos, ora como trabalhadores eventuais:
Levadeiro: responsável pela relação entre força d’água e o funcionamento da moenda
Caixeiro do Engenho: encarregado de pesar, qualificar e encaixotar o açúcar.
Caixeiro da Cidade: encarregado de receber o açúcar dos engenhos, vender e embarcar nos navios.
Carapina: encarregado da manutenção das rodas do engenho e de outros reparos m equipamentos e instalações.
Barqueiros: comandavam as barcas com cana ou lenha para o engenho
Cirurgião, cobradores, ferreiros, pedreiros, tacheiros e outros operários diversos que viviam circulando pelos engenhos da região. (possivelmente ainda fossem simultaneamente lavradores de subsistênciae ou de cana.
► Haviam distinções no pagamento desses operários sendo os brancos os mais bem pagos.
4 – Boçais e Ladinos: os escravos do açúcar
► A divisão do trabalho no engenho hierarquizou as diversas atividades em simples e complexas, a exigir maior habilidade atenção e força
►Os escravos eram divididos em função de suas características e habilidades
►O valor de compra dos escravos dos escravos variava com relação à origem, vigor físico, habilidades, sexo e idade.
►As mulheres tinham preço menor e eram alocadas em atividades domesticas, na moenda, na purga, no balcão de pesagem.
►Os homens nascidos no Brasil eram preferidos para atividades que exigissem melhor preparo e aprendizado mais longo.
►A maior parte dos escravos no Brasil eram utilizados no trabalho da lavoura.
►Trabalho árduo se dividia m limpar a terra , preparar o solo para o plantio, a manutenção dos canaviais e finalmente o corte d cana.
►Outra atividade fundamental era o corte de lenha para as fornalhas, a atividade de corte era masculina e o transporte era feminino.
SENHORES E LAVRADORES
1 – Os Fidalgos do Açúcar
► No mundo do açúcar, entre os proprietários de escravos destacavam0-se os senhores de engenho.
►Sua ascendência devia-se aos grossos cabedais em terras, escravos e nos investimentos feitos na montagem da estrutura para a manufatura do açúcar.
►Mais que empresários empreendedores, os Senhores de Engenho são potentados rurais, aspiram os valores aristocráticos e senhoriais
►Antonil prescreve ainda outros traços que seriam necessários a um bom Senhor de Engenho:
► Deveria se colocar a serviço do Engenho –(devia ter modos e agilidade no trato com seus oficiais, ter boa correspondência com os lavradores e verdade e pontualidade para com os comerciantes, responsáveis pela comercialização da produção) 
►No entanto a potencia dos senhores de engenho, na maioria das vezes, levava-os a atitudes autoritárias e discriminatórias, com os escravos e com o resto da população colonial. (p.208)
►A ideia de polarizar a sociedade colonial em duas categorias fundamentais – senhores e escravos – escondia extensa gama de grupos intermediários que contemplavam o universo social. (p.209 (02))
►Homogeneidade não existia se quer na classe abastada dos senhores
►O trato das lavouras de cana era também atividade lucrativa e de dignidade social
►Senhores e lavradores de cana eram apresentados com a cúpula da sociedade – senhores de escravos e donos do açúcar – MS entre eles medeava largo fosso social.
►O prestigio social era diretamente proporcional à posse de terras, de escravos e o grau de envolvimento com a produção de açúcar.
►Então nas hierarquias sociais os lavradores de cana se distinguiam de outros lavradores
►Felini defende a ideia de que a categoria de Lavrador de Cana, foi uma estratégia da Coroa Portuguesa para atrair a migração de homens brancos para a Colônia.
►A Coroa precisava de certo numero de homens efetivamente colonizadores lusitanos, e que formassem uma gama de homens efetivamente colonizadores lusitanos, e que servissem também para as necessidades militares de defesa interna e externa da Colônia. “Cada Engenho deveria ser pequeno núcleo de defesa, com pequeno exercito armado”. P.210 (03)
2 – A lavoura de cana: via de qualificação social
►Transferir-se para a colônia poderia ser caminho de qualificação social e econômica
►A política de envio de degradados ao Brasil é exemplo disso
►No entanto a vinda de homens de posse, pois era preciso ter dinheiro para bancar o negocio do açúcar era fundamental.
►Os pobres, que viviam de pequenos delitos ajudariam arregimentar gente de Portugal para a empreitada, e alguns poderiam mesmo galgar melhoras na qualificação social.p.211(04)
►A requalificação teoricamente era possível na colônia, em função da exploração da terra e da exploração do trabalho escravo.
►As formas de trabalho articuladas nos séculos XVI e XVII sobreviverão ate meados do século XIX, quando impulsionados pela nova divisão internacional do trabalho, a inovação técnica adentrara nos engenhos. Só as usinas mudarão as formas de trabalho.
►A incapacidade de mudança estava no sistema organizado para o capital mercantil, com fraco índice de lucratividade e acumulação, grandes extensões de terras à disposição, larga oferta de cana e tendo, por fio condutor do trabalho a violência
►A expansão da produção de cana e , consequentemente de açúcar, fazia-se pela atribuição a lavradores do ônus da escravaria parte dos custos com a Mao de obra e com a atividade de plantio, colheita e transporte de cana era bancada por lavradores
►Nos períodos de crise, os custos fixos eram divididos entre Senhores e Lavradores
3 – O Acesso a Terra
►A propriedade ou não da terra estava na base da configuração social dos lavradores que poderiam ser proprietários de terra ou apenas arrendatários de terras pertencentes a um engenho
►Os lavradores proprietários o eram por obtenção de sesmarias ou por compra
►O Regimento de Tomé de Sousa já previa a doação de sesmaria para o erguimento de engenhos ou para o plantio de cana
►No século XVIII podemos perceber na documentação o parcelamento de sesmarias em decorrência da venda de parte das terras, favorecendo colonos de menos recursos a participar dos negócios do açúcar 
►Os lavradores eram definidos ainda pela liberdade ou obrigação de moagem.
►Alguns lavradores eram proprietários de terras, por doação ou compra e não tinham qualquer obrigação com engenhos (lavradores de cana livre).
►Os lavradores que adquiriam terras com clausulas de moagem a determinado engenho constituíam os lavradores obrigados ou de cana cativa
►As negociações entre Senhores de Engenho e Lavradores de cana eram muito diversificado 
►Alguns exemplos na pg.217(05) Os lavradores pagavam, pelo uso da terra e ainda pela moagem e beneficiamento e produção de açúcar.
►Ex: 50% do açúcar produzido serio do dono da terra e ainda, poderia ocorrer de mais de 10 ou 20% pelo beneficiamento do produto
►Ex.2: ou pagar uma porcentagem apenas pelo beneficiamento
►As relações entre Senhores e Lavradores poderiam ser marcadas por certo nível de tenso
►1 – Tollenare descrevia que muitos lavradores não faziam residências melhores pois poderiam ser expulsos de um no para o outro
►No apogeu da economia açucareira na metade do século XVII o Engenho Sergipe do Conde moeu exclusivamente cana de lavradores 
►Na Bahia e em Pernambuco: ate 1650, praticamente forma os lavradores os responsáveis por toda a cana processada. Ate 1650 o numero de lavradores por engenho variou de 16 a 31fornecedores. Entre 1680 e 1720 encontramos oito lavradores por engenho. Em 1850, em Jaboatão – Pe, Eisenberg encontra 42% do fornecimento de cana a lavradores.
4 – Origem e Posição Social dos Lavradores
►Os Lavradores de cana apresentavam diferentes origens sociais e escalas econômicas diversas
►Ser Lavrador de cana era caminho para a qualificação social e essa foi motivação de muitos se aventurarem no plantio de cana.
►Entre eles encontramos desde colonos humildes possuidores de 2 escravos ate grandes proprietários com planteis de 50 escravos ou mais.
►O percurso histórico trás modificações ao perfil dos lavradores: no inicio do século XVII, os maiores lavradores se aproximavam na escala econômica dos Senhores de Engenho, nos séculos seguintes se distanciam.
►Embora se diferenciassem do restante dos homens pobres por serem senhores de escravos.
►As distancias sociais entre os lavradores eram, realmente, maiores que as dos senhores de engenho entre si.
►Ate o século XVIII somente homens brancos aparecem como lavradores
►No final do século XVIII surgem registros da presença de lavradores pardos e negros, o que segundo Ferlini, corrobora o declínio da posição social do Lavrador
►A necessidade de sobrevivência econômica fez com que muitos lavradores assumissem simultaneamente ou não as funções de cargos públicos, artesãos, comerciantes (ver exemplo na pag. 222).
►Foi frequente também a presença de funcionários doengenho como Feitores Mor e Mestre de Açúcar, assumirem em determinados momentos a função de Lavradores.
►A diversidade de Gênero também era possível – muitas eram viúvas de homens que em safras anteriores apareciam nos registros como Lavradores.
5 – Tensão e Conflito no Mundo dos Brancos
►As hierarquias existentes entre Senhores de Engenho e Lavradores, principalmente os não proprietários de terra eram pontos de possíveis tensões e conflitos de interesses.
►Senhores e Lavradores dividiam os espaços nas camarás municipais e as reclamações contra impostos, contra o preço dos escravos, contra comerciantes eram assinadas em nome dos dois grupos.
►O controle exercido sobre o conjunto da produção garantia ao Senhor de Engenho sua dominação sobre os demais agentes sociais.
►Alguns Senhores financiavam (empréstimos) a Lavradores, comprando assim o direito de moer a cana produzida
►Na categoria de proprietários, a diferenciação entre lavradores livres e obrigados, marcava outra instancia de subordinação
►Os de cana livre poderiam escolher onde entregar a cana, em que época fazer o corte da cana. Coisas que os de cana cativa não tinham
►Dentre as três categorias de Lavradores: livre, obrigados e arrendatários, os últimos formavam a parcela mais vulnerável e inseguro do processo produtivo da cana.
►Haviam conflitos ainda pelo não atendimento dos contratos de obrigação de cana não obedecidos. Há casos onde os senhores recorreram à justiça contra lavradores de cana cativa
A CIVILIZAÇAO DO AÇUCAR
(séculos XVI a XVIII)
Vera Lucia Amaral Ferlini
OS NEGOCIOS DO AÇUCAR
►Dois mundos se tocavam quando os navios europeus chegavam na America Portuguesa
►De um lado o dinamismo do comercio eu via no lucro, nos negócios o único sentido da produção. De outro lado, a colônia produtora de açúcar a encontrar sua lógica interna de funcionamento no mundo de senhores e escravos – em uma sociedade que desvalorizava o trabalho e buscava os valores aristocráticos de privilegio e distinção racial.
►A rede mercantil comandava o abastecimento da colônia, dava sentido à produção do açúcar em larga escala e por isso mesmo regulava o seu preço de mercado.
►Os produtores não tinham poder de definir o preço do açúcar
►Complementando a rede comercial – o comercio triangular entre Europa-America-Africa
►Os navios levavam produtos europeus e coloniais par a África, traziam negros para serem escravos na America e levavam açúcar e outros produtos coloniais para a Europa.
►Os lucros com a comercialização de açúcar, escravos e gêneros manufaturados europeus, se e concentravam nas mãos dos comerciantes estabelecidos na Europa ou na America.
►Na primeira metade do século XVII as disputas na Europa tornaram o comercio marítimo perigoso, e Portugal estabeleceu o sistema de frotas.
►No século XVI a boa relação com os holandeses garantia a rentabilidade e o escoamento da produção.
►Com a Unificação Ibérica e os conflitos entre Espanha e Holanda as coisas mudam 
►Depois da reestruturação em 1640, Portugal procura reorganizar suas estratégias comerciais, uma das saídas foi facilitar a participação de capital judeu na montagem de uma Companhia de navegação.
►A intenção de restabelecer o sistema de frotas de forma eficaz
►As companhias de comercio e o sistema de frotas criavam restrições ao livre comercio e era ruim para os produtores de açúcar que ficavam obrigados a vender às companhias de comercio de Portugal.
►A partir do século XVII. A colônia passou a pulsar no ritmo das frotas. Todos os negócios e pagamentos eram marcados para a época da chegada dos navios, geralmente no mês de maio.
►Parte do abastecimento da colônia era feito através de contrabando feito por comerciantes ingleses.
O Negro Como Moeda
►O comercio de africanos era fundamental para abastecer os produtores de açúcar com Mao de obra, bem como para favorecer as trocas comerciais no comercio triangular (Europa-America-Africa)
►Essas rocas comerciais eram minimamente monetarizadas
►Era escasso o metal para a cunhagem de moedas e a estratégia da Coroa Portuguesa era acumular metais preciosos (sejam ou não em forma de moedas na metrópole) 
►O trafico negreiro era na verdade a moeda de troca para a aquisição de produtos coloniais. O comercio triangular permitia aos comerciantes europeus a obtenção do açúcar e do tabaco sem o desembolso da moeda metálica.
►A própria aquisição de negros na África era feita sem o desembolso de moeda metálica – fazia a troca de mercadorias – Negros por produtos europeus ou americanos (fumo e cachaça)
►Na America a monetarização também era mínima pois o trabalho era feito com ampla predominância do trabalho escravo.
►O padrão de consumo e de conforto material era baixo, e assim a moeda só era usada como elemento de conta.
►Boa parte das negociações era feita na definição de creditos e débitos entre as partes.
►”Os produtores de açúcar no dispunham de moedas para a compra de escravos, instrumentos agrícolas e gêneros europeus.Os mercadores europeus, em geral agiotas, antecipavam esses recursos (crédito), tendo como garantia a produção de açúcar, sob cotações favoráveis aos comerciantes”.
Os Cristãos Novos no Mundo do Açúcar
►Os que dispunham de capital em forma de moedas, conseguiam bons lucros no Brasil, isso atraia muitos judeus e cristãos novos ao Brasil.
►Inicialmente empenham-se no comercio, MS com o tempo passaram a financiar a compra de escravos e financiamento a produção do açúcar
►Compravam açúcar por preço vantajoso e vendendo para o comercio europeu com bons lucros.
►Em seguida esses Cristãos novos entram na produção do açúcar: adquirindo engenhos, recebendo –os como pagamento de dividas, ou comprando engenhos de senhores em dificuldades financeiras, ou ainda realizando casamentos com famílias que não tinham sangue Judeu(Cristãos velhos)
►Casando-se com a filha de um Senhor (cristão velho) ele conseguia ascensão social e segurança.
►Os cristãos novos eram fundamentais nos negócios do açúcar, “tinham capitais, atuavam nas praças europeias como intermediários e ainda no trafico africano, aparelhavam canaviais e engenhos com recursos e braços
A Guerra do Açúcar
►No final do século XVI a produção brasileira era hegemônica
►A relação com os holandeses que tinham uma poderosa frota naval e uma rede bancaria extensa, e ainda a forte monetarização da economia europeia com os metais preciosos que fluíam da America espanhola, favoreciam o consumo dos mercados europeus.
►Entre 1609 e 1621 calcula-se que cerca de 50.000 caixas de açúcar do Brasil chegavam ate a Holanda e eram processada em 29 refinarias ali existente
► Em 1621 ocorre um acirramento dos conflitos entre Holanda e Espanha, os espanhóis proíbem os holandeses de darem continuidade ao negocio do açúcar.
►Os Holandeses reagiram criando a Companhia das Índias Ocidentais para ocuparem o Nordeste do Brasil e reaverem o negocio do açúcar.
A perda da hegemonia
►Ao saírem do Brasil, em 1654, os holandeses levavam consigo os conhecimentos adquiridos na produção do açúcar, implantando-a, a seguir em suas colônias antilhanas.
►A produção nordestina, massacrada pelo vinte e quatro anos de luta e privada do mercado flamengo, começa a declinar
►Mesmo no período de perdas significativas o açúcar era extremamente importante para a economia portuguesa.
►Ate o final do século XVIII gerou 300 milhões de libras, enquanto o ouro gerou 200 milhões de livras esterlinas.
O Cotidiano do Açúcar
►A economia açucareira criou uma sociedade autoritária, aristocrática e violenta, caracterizada por uma estrutura social rigidamente estratificada, onde as grandes distancias sociais eram acentuadas pelos componentes étnicos.
►Na sociedade escravista colonial o escravo era a medida de todas as coisas.
►O numero de escravos definia o status de um homem branco.
►Nenhum colono poderia ser considerado realmente um homem livre se não tivesse pelo menos um escravo.
►A rígida hierarquia da sociedade colonial não significou tranquilidadesocial durante todo o período colonial, a região do açúcar foi palco de conflitos entre: senhores e escravos, entre lavradores e senhores, entre brancos e indígenas, entre senhores e agentes metropolitanos, entre produtores de açúcar e comerciantes.
►O objetivo primeiro dos Senhores de engenho com a produção de açúcar não era o lucro ou a racionalidade empresarial, mas a acumulação de escravos e terras, fatores de honraria e poder.
►Os grandes senhores mostravam o seu poder e riqueza em roupas, cavalos, arreios, moveis, louças, mesa farta e serviçais.
►No cotidiano a vida era mais simples, com roupas simples e costumes rústicos.
A Família Patriarcal
►O padrão família era patriarcal e gregária – vivendo sobre o mesmo teto, pais, filhos, sobrinhos, avos, bastardos, agregados e escravos.
►As hierarquias eram rígidas e o pai, figura masculina, no centro do poder ( o Senhor servido)
►O senhor tinha os corpos das escravas disponíveis para o seu prazer sexual, o que criou no mundo dos senhores uma divisão racial do sexo: a mulher branca para procriar e a negra para dar prazer sexual.
►Os escravos, na perspectiva de Ferlini não formavam famílias.
A Casa Grande e a Senzala 
►A casa grande era construção solida, com varandas, onde a presença de escravos era constante, éramos escravos domésticos a fazer todas as atividades necessárias – mucamas, amas de leite, arrumadeiras, cozinheiras...
►A senzala era construção simples, e desprovida de divisões internas
►Podemos encontrar senzalas também que são pequenos casebres cobertos de palhas e construídos a certa distancia da casa grande e onde podiam ser visto da casa grande.
►Alguns senhores não forneciam alimentação aos escravos, davam o domingo para que eles plantassem suas roças, de onde tiravam o alimento para viver.
A Religião
►O catolicismo foi presença constante na vida cotidiana da sociedade açucareira – a missa dominical, as festividades em torno dos sacramentos (batizado, casamento), a morte com seus rituais, o inicio da safra e a comemoração do dia de Bom Jesus da cana verde.
►Os negros davam continuidade a rituais africanos de forma segregada, pois os brancos tinham receios do uso de magia e feitiços pelos negros.
►Quando os negros aderiam ao catolicismo era sinal de que estavam integrados à comunidade colonial.
►A organização de confrarias católicas negras nos séculos XVII e XVIII (muitas vezes sobre a invocação de Nossa senhora do Rosário, de São Benedito)
►As confrarias negras, ao exemplo das confrarias de brancos, procuravam socorrer os irmãos nas horas difíceis, particularmente na hora de doenças, de abandono ou de morte.
As Cidades do Açúcar
►As cidades ligadas à economia açucareira foram cidades administrativas e mercantis – cidades como Salvador, Olinda e Recife são bons exemplos.
►O movimento das cidades aumentava com a chegada dos navios e com a época de comercialização do açúcar.
►As cidades significavam o mundo da dominação metropolitana, na administração, do fisco e do comercio
►As tensões entre a administração colonial e os produtores de açúcar aumentaram na segunda metade do século XVII, quando a produção de açúcar sofreu com a concorrência das Antilhas, com as pressões da Coroa Portuguesa em forma de aumento de impostos e com a implantação do sistema de frotas.
Os Pobres do Açúcar
►A opulência do açúcar gerava como subproduto muita pobreza.
►Alem dos escravos negros que viviam tolhidos da liberdade e em estado de miséria, a sociedade açucareira arrastava consigo uma legião de marginalizados: prostitutas, ladros, mendigos, feiticeiros e biscateiros.
►Muitos desses pobres livres viviam à sombra das casas grandes, onde obtinham alimentação e proteção, em troca de variados serviços como: soldados das milícias particulares usadas pelos senhores para fazer guerra aos indígenas, para vinganças particulares, para solução de problemas de terra e de honra.
►Outros excluídos viviam nas cidades e exerciam profissões humildes como: barbeiros, sapateiros, ferreiros, alfaiates, vendedores de cestos e quitutes e doces.
►Esses homens pobres procuravam a todo custo se distinguirem dos escravos, por isso mesmo procuravam se afastar de atividades que fossem designadas como trabalho de escravo como as atividades domesticas e o trabalho na lavoura de cana.
O TRABALHO NA COLÔNIA
Ciro Flamarion Cardoso
Do esquecimento excessivo à relativa complexidade
►Escravidão negra, latifúndio e monocultura esse era o tripé da economia brasileira na perspectiva da historiografia produzida ate os anos de 1960.
►Outra coisa tida como verdadeira era a não utilização de escravos negros Pecuária extensiva.
►As pesquisas empíricas tem mostrado que a realidade no Brasil é mais complexa que os esquematismo excessivo apontava anteriormente.
►Para Caio Prado Junior fora da dicotomia Senhores e escravos: “Entre essas duas categorias, polos bem definidos de uma sociedade simples, estendia-se o território fluido de setores sociais indefinidos, instáveis, inorgânicos”.
►Nas ultimas décadas a profissionalização da pesquisa histórica, a incorporação de novas teorias e principalmente o aprofundamento da pesquisa empírica tem mostrado com mais clareza a complexidade da realidade vivida no Brasil colônia.
►Não se nega a importância da plantation, a presença de grandes senhores de escravos e de terra, apenas se afirma que essa não e a única forma de existir na colônia.
►Do lado dos escravos a pesquisa iluminou também uma paisagem bem acidentada
►As pesquisas apontam para a possibilidade de, em certos períodos e lugares, os escravos formarem famílias
►Merece também atenção o mundo dos libertos e dos escravos urbanos
► Em Minas Gerais onde se afirmava que os escravos trabalhavam quase exclusivamente na extração do ouro, as pesquisas apontam que “desde o auge da mineração havia uma estrutura agrária diversificada, na qual existiam a produção camponesa, a produção escravista e ainda o complexo mina/fazenda”. P.72
►A pesquisa empírica demonstrou que o trabalho escravo foi a modalidade de trabalho compulsório nas atividades produtivas no Brasil Colônia.
Fatores incidentes no estabelecimento das grandes linhas do trabalho na colônia
► Aqui analisaremos um conjunto de fatores ligados à montagem do sistema produtivo no Brasil colonial e seu impacto na definição do trabalho compulsório na colônia.
►A Mao de obra disponível para o trabalho produtivo
►A distribuição das populações nos períodos anteriores à chegada dos europeus, foi fator importante para definir a configuração étnica da população colonial
►A densidade populacional da America Portuguesa era baixa quando comparada a áreas como a Meso-america e a região Andina.
►Quanto a ideia da superioridade, e maior capacidade de adaptação do africano no trabalho agrícola, em detrimento do indígena podemos dizer que:
►1- Os índios brasileiros não tinham antecedentes de trabalho agrícola intensivo, o resultado da produção tinha para eles, valor de uso, não valor de troca.
►2- Entre os indígenas no Brasil o trabalho agrícola era eminentemente trabalho feminino.
►3 – Algumas tribos africanas já conheciam o trabalho com fins de troca comercial
►4- As populações indígenas no Brasil sofreram muito com epidemias de doenças trazidas pelo homem branco
►As razoes anteriores explicam em grande parte as razoes para o Brasil ser considerado para definir o Brasil como vinculado ao setor Afro-americano e não indo-americano nas Américas.
►Entre 1550 e 1800 aproximadamente dois milhões e meio de africanos desembarcaram em portos brasileiros.
►Houve ainda migração em menor escala de brancos, principalmente para o sul da colônia
►O terceiro fator demográfico da população colonial, que pesou no trabalho colonial, foi a mestiçagem.
O Transporte
►Quanto ao transporte de mercadorias para o mercado consumidor europeu, os fretes eram caros e só justificava produção e o transportes de bens de alto valor agregado como o açúcar e os metais preciosos.
Os Recursos Naturais
►No que diz respeitoaos recursos naturais o mais insistentemente invocado pelos pesquisadores é a abundancia de terras disponíveis. (esse fator foi importante para a escolha das formas de trabalho compulsório na America Portuguesa).
As Técnicas de Produção
►Diante de uma serie de fatores como terras abundantes, forte tributação, condições de comercialização favoráveis à metrópole, a necessidade de importar o ferro a alto custo, a tendência foi usar um baixíssimo nível tecnológico na produção.
►Na agricultura adotou-se os métodos indígenas das queimadas.
►Portugal nunca se preocupou em montar no Brasil escolas e universidades que favorecessem a inovação tecnológica e a circulação de ideias.
►Esse foi mais um fator favorável ao uso do trabalho compulsório – (uma maneira de compensar a pobreza técnica era aumentar a pressão sobre os trabalhadores).
►Passamos agora a analisar os impactos do sistema colonial mercantilista na definição das formas de trabalho na colônia
►As formas de trabalho na colônia deviam atender às necessidades da lógica mercantil da colonização, contribuindo para a inserção das colônias na divisão internacional do trabalho.
►Assim a exploração do trabalho escravo era mais intensa nas regiões que tinham vínculos mais fortes com a economia mercantil, e nesses espaços ainda havia um outro fator que era a demanda por produtos coloniais.
►Vínculos mais intensos no tempo e no espaço Ex: economia açucareira no inicio do século XVII – recaia sobre uma exploração mais intensa do trabalhador escravo.
►Nesses casos a grande oferta de Mao de obra africana, compensaria a máxima exploração do trabalhador, pois em caso de morte por exaustão compensaria a substituição por outro escravo.
►Nessa divisão de tarefas cabia à Metrópole o uso da força militar e judiciária como meios de coerção que favorecessem o trabalho compulsório.
►Cabia ao Estado a repressão a revoltas e quilombos de negros fugidos da escravidão.
►A intensa drenagem de metais preciosos e moedas da colônia para a metrópole era também um fator que favorecia o trabalho compulsório, ao tempo em que diminuía em muito o capital circulante na colônia.
►A falta de moedas era fator que inibia o desenvolvimento de relações salariais típicas.
►Ainda no plano dos elementos ligados à colonização mercantilista e sua incidência na definição do trabalho compulsório, resta mencionar a ação da Igreja Católica.
►Os missionários tentaram a escravidão dos indígenas, em especial dos que se reuniam em aldeias e missões onde eles tinham algum controle.
►Uma das intenções era formar um campesinato indígena sedentário com base para a colonização.
►Os indígenas seriam uma Mao de obra livre, embora forçada o trabalho.
►Os missionários muitas vezes eram enviados ao encontro de quilombos e tribos insubmissas para tentar negociações de rendição pacifica.
A definição das relações de produção
►Referimo-nos à apropriação os recursos naturais mais importantes e à estratificação sócio-etnica.
►A propriedade sobre os meios de produção mais importante é central no estabelecimento das relações de produção.
►A conquista e o regime colonial moldaram de perto as formas de acesso a terra, as minas e a outros recursos naturais.
►Subordinados e aviltados pela conquista, pelo regime colonial e pelas formas de trabalho compulsório, a que se viam submetidos os índios e negros assumem paulatinamente a posição de subalternidade nas relações de produção e de desclassificados socialmente.
►Com o tempo e seguindo ritmos diferentes o indígena percebido como vencido e o negro como escravo passou a justificar e legitimar o trabalho compulsório.
►De certa forma a identidade de vencido das duas etnias – era fator de desqualificação e servia como justificativa legitimadora para o trabalho compulsório.
►As duas etnias eram proibidas de exercer determinadas profissões, bem como o de ter acesso a meios de produção.
A diversidade de trabalho no Brasil
►1500 a 1532 – economia extrativa baseada no escambo com os índios;
►1532 a 1600 – predomínio da escravidão indígena
►1600 a 1700 – instalação do escravismo colonial em sua forma clássica
►1700 a 1822 – período de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais tarde de uma maior importância da manufatura – (Vale ressaltar que durante todo o período o predomínio é do trabalho escravo).
►Em 1532 com o inicio da economia açucareira, as exigências de Mao de obra, e a demanda por alimentos para uma população colonial crescente, levou a expedições de caça e aprisionamento de indígenas que seriam reduzidos a escravidão.
►Ou inda aumentando os conflitos entre os indígenas e negociando os cativos de guerra com os vencedores.
►Essas praticas levaram a conflito com os jesuítas que procuravam aldear os indígenas e formar um campesinato livre na colônia. (obrigado ao trabalho compulsório, mais livre).
►A mortalidade ligada às endemias ou em virtude da não adaptação ao trabalho forçado, a fuga de tribos inteiras para o interior do continente e ainda a investidas dos jesuítas buscando inviabilizar a escravidão indígena.
►As razoes anteriores acabam por levar à transição ao predomínio da escravidão negra.
►Segundo Ciro Flamarion, a economia açucareira funcionou durante décadas utilizando o trabalho escravo de indígenas e que somente quando a Mao de obra indígena se mostrou inelástica, ou seja, quando ela não atendeu a demanda crescente por trabalhadores escravizados, uma demanda já existente passou a ser atendida de outro modo, isto é, pela importação de africanos.
►O autor afirma ainda que o trafico tendeu a crescer sobre o controle de comerciantes estabelecidos em cidades como Rio de Janeiro e Salvador
►Que quando precisou expulsar os holandeses de Angola, no século XVII, foi no Rio de Janeiro que se organizou a frota com tal objetivo.
►Na sua imensa maioria os escravos e escrava no Brasil viveram, trabalharam e morreram nas áreas rurais. Quando se fala em escravidão rural se pensa logo na agroindústria exportadora.
►Sobre essa realidade dos escravos Ciro Flamarion afirma:
► 1 – Que grande parte desse referido contingente escravo vivia em áreas distantes dos olhares do poder publico e sobre a jurisdição privada de potentados rurais onde poderiam ser vitimas da exploração mis brutal.
► 2 – Que também eram nessas fazendas que muitos escravos poderiam receber pedaços de terra onde poderiam produzir alimentos que seriam utilizados na sua subsistência mas também produzir excedentes que poderiam ser comercializados.
►3 – Que uma quantidade ínfima de escravos conseguiram mesmo nessas propriedades rurais conseguir recursos par comprar a alforria.
Foi lucrativo no Brasil o trabalho escravo?
►Segundo o autor, o trabalho escravo foi lucrativo, segundo Schwartz na economia açucareira ocorriam lucros de 5 a 10% e excepcionalmente lucros de 10 a 15%, tendo engenhos que ficavam abaixo da media.
►Como definir o escravo? O autor aponta três características principais
►1 – Sua pessoa é propriedade de outro homem
►2 – Sua vontade esta subordinada à autoridade de seu dono.
► 3 – Seu trabalho é obtido mediante coação
► 4 – Sua condição é hereditária e a propriedade sobre sua pessoa é transmissível por venda, doação, legado, aluguel, empréstimo, confisco, etc...
► Esta característica transforma o escravo legalmente numa coisa
►Tais características devem transcender os limites familiares. Os filhos e mulheres explorados por uma pai ou marido tirânico não são considerados escravo.
►O mundo dos escravos não era homogêneo, distinguia-se em:
►1 –Entre o cativo recém chegado “o boçal” e o “ladino”, o africano já aculturado e sabendo o português.
►2 – Em segundo lugar os africanos eram diferenciados dos crioulos nascidos no Brasil
►3 –Havia ainda distinção pela origem africana, algumas eram mais valorizadas.
►4 –A situação dos escravos variava bastante segundo o setor em eu trabalhavam
►4.1 – Os mais desgraçados eram os escravos do campo.
►4.2 –O trabalho nos engenhos de açúcar nos mesesde moagem era duríssimo com longas jornadas
►4.3 – Os escravos estavam presente na pecuária no sertão do nordeste, no entanto, com uma densidade de escravos menor.
►4.4 – Os escravos domésticos tinham algumas regalias quando comparados aos escravos do engenho.
►A submissão e a fidelidade poderiam no futuro contar com o bônus da alforria,mas ao mesmo tempo um deslize poderia acarretarem castigos severos e no retorno a atividades mais duras.
► A propriedades de escravos foi muito difundida no Brasil
►A população rural livre cresceu com o tempo, brancos pobres, mestiços e libertos com frequência viviam na dependência dos senhores de engenho ou outros fazendeiros, recebendo parcelas da terra em arrendamento ou desempenhando serviços variados.
►Em função do ouro e depois do chamado “renascimento agrícola” de fins do século XVIII, deu-se a imigração no Brasil de centenas de milhares de portugueses, na sua maioria sem posses, alterando a estrutura demográfica e social da colônia, repercutindo no mundo do trabalho.
►Os escravos urbanos eram, sem duvida, muito cotrolados, as tropas e forças policiais faziam-se muito presente todo o tempo.
ESCRAVISMO NA PECÚARIA
►1 – O setor pecuário no sistema econômico 
►A pecuária foi a atividade econômica que possibilitou a ocupação do sertão, das terras não litorâneas
►A expansão da pecuária foi induzida por diversas funções econômicas como fornecimento de força motriz aos engenhos, fornecimento de proteína animal (carne) ao engenhos de açúcar e às populações urbanas do litoral, o enfardamento dos rolos de fumo, a exportação do couro, alem do que o couro serve para a confecção de inúmeros artigos de uso cotidiano na casa e fora dela.
►A pecuária foi implantada no sertão nordestino e na região sul da America portuguesa.
►Atividade extensiva, com baixo investimento inicial de capital, quando comparado com os custos da atividade açucareira.
►Uma fazenda pequena iniciando precisa de 200 a 300 cabeças de gado e de 20 a 30 cavalos.
►As instalações físicas são sumarias “residências rústicas, currais que se constroem sem dificuldades, aproveitam as pastagens naturais, quanto a Mao de obra não precisam mais que 15 ou 20 homens de trabalho.
►No Nordeste do Brasil as fazendas são de propriedade de senhores absenteístas ou não, mas no geral as fazendas podem ser propriedade de pessoas com grandes cabedais que contam com varias fazendas, ou que produzem açúcar e resolvem investir em gado no sertão.
►Podemos pensar ainda na existência de pessoas que não tendo meios de investir em atividades onde o dispêndio inicial de capital e mais significativo resolvem investir em gado no sertão.
►Ainda podemos pensar em homens que depois de longos anos trabalhando na condição de vaqueiro, de administrador de fazendas, alcançam os recursos necessários e passam a ser proprietários de terras e criadores de gado.
►A pecuária teve na America portuguesa o papel de ser ligação entre os diversos setores secundários, auxiliando na criação de um mercado consumidor interno na colônia.
►2 – Relações de produção na pecuária
►Alguns autores definiram a pecuária como área caracterizada por formas de trabalho compulsória não escravista
►As razoes para isso seriam: a ausência do proprietário, a impossibilidade de vigilância continua e direta, o numero reduzido de trabalhadores necessários para tocar produção.
►Para solucionar o problema a saída encontrada por Gorender foi a pesquisa empírica, a busca de documentos que comprovassem a existência ou não de escravos na pecuária.
►Ao analisar o relatório do Padre Miguel Carvalho, vigário da freguesia de N. S. da Vitoria - encontramos existência de 129 fazendas no Sertão do Piauí, onde constam a presença de brancos, negros escravizados e indígenas reduzidos à escravidão ou ao trabalho compulsório e habilitando essas fazendas de gado.
►A maioria da população das fazendas é de negros escravizados, e que trabalham na lida com o gado.
►Em duas fazendas haviam apenas negros que tomavam conta delas.
►Os dados de Luis Mott sobre as fazendas do Piauí: as fazendas passaram de 30 em 1674, para 578, em 1772. Em Oeiras em 1762 existiam 162 fazendas e que em 146 contavam com escravos negros (90% do total de fazendas).
►Em treze fazendas da Mocha, os únicos habitantes eram escravos
►Uma dessas fazendas contavam com 14 escravos e nenhum branco, obviamente a fazenda era administrada por um deles.
►Com o tempo adensou-se no sertão nordestino uma população de homens livres: homens brancos, livres e pobres, negros forros, mestiços e que procuravam se agregar nas fazendas em troca de trabalho, passaram a trabalhar ao lado de homens escravizados. 
►Os escravos eram empregados na lida com o gado e nas plantações e gêneros agrícolas de subsistência
►Gorender o analisar a atividade pecuária em outras áreas da America Portuguesa, encontrou em Minas Gerais escravos empregados na atividade de ordenha de vacas, nos campos gerais paranaenses, encontramos relatos de homens negros escravizados e trabalhando em atividades de criatório como a doma de cavalos.
►”Como se vê, é improcedente a ideia de que a pecuária não se coadunava com a escravidão por dificultar a vigilância sobre os escravos”. Dessa vigilância se encarregavam, em vários casos, não os proprietários, porem feitores escravos.” P.437
►Ainda na região do Paraná, o autor afirma que: onde existe a predominância de atividades criatórias, é maior a presença de escravo.
►”O insofismável é que, por toda parte, embora em grau variável no tempo e no espaço, as fontes históricas demonstram incidência de características escravistas na pecuária brasileira”. P.438
►3 – Renda da terra na pecuária
►Focalizaremos, o vaqueiro e o arrendatário e suas formas de existência na pecuária nordestina.
►O sistema de paga dos vaqueiros chamada de quarta, se definia da seguinte forma: “consistia o sistema em que, implantada uma fazenda, o vaqueiro só recebia sua paga, cinco anos depois, quando da primeira safra de novilhos produzida, cabendo-lhe uma quarta parte da criação. A partir daí, teria o vaqueiro, todos os anos, um quarto dos novilhos produzidos”. P.438
►Uma fazenda poderia ter dois ou três vaqueiros, e ainda alguns auxiliares, a quarta seria dividida proporcionalmente entre eles.
►Ao lado dos vaqueiros existiu ainda o foreiro de fazenda de gado, não raro um vaqueiro anteriormente bem sucedido. Que poderia arrendar terras e nelas criar os gados adquiridos no sistema de quarta.
ESCRAVISMO NA MINERAÇÃO
 
►1 – Problema de uma economia peculiar
►Efeitos próprios da economia mineradora: aumento rápido da população colonial, ampliação da ocupação territorial em direção ao interior , propensão marcante à urbanização, formação de ponderável mercado interno, acentuação da divisão social do trabalho e estreitamento dos vínculos econômicos inter-regionais, influencia na historia de Portugal e repercussão na economia europeia, aguçamento das contradições entre Colônia e Metrópole.
►No trabalho escravo também ocorriam peculiaridades:
►O trabalho escravo era a base da mão-de-obra, mas com grandes diferenças com a economia açucareira
►Mesmo com a significativa migração de brancos, os escravos formavam a maioria a população.
►Os escravos tinham mais liberdade de iniciativa, chegando mesmo a trabalhar por conta própria entregando ao senhor uma quantia fixa, tinham mais facilidade de comprara própria liberdade.
►Segundo Celso Furtado, a mineração abriu possibilidades muito maiores de iniciativa aos homens livres, uma vez que podiam começar com ínfimos recursos ou mesmo apenas com o trabalho pessoal, no mister de faiscador.
 ►A mineração provocou um afluxo e homens livres para o interior da colônia.
►Mesmo os homens livres tinham mais possibilidade de ascensão social em decorrência do pouco capital exigido para começar a atividade de mineração.
►Claro que, os que podiam contar com o auxilio de escravos, e quanto maior o número de escravos, maior seria a possibilidadede achar ouro e em quantidade maior.
►A maioria dos homens livres na mineração eram faiscadores, homens eu trabalhavam por conta própria, com meios rudimentares. Os ganhos dos faiscadores era quase sempre muito pequeno, pois atuavam em jazidas abandonada ou impróprias à produção em larga escala.
O escravo
►Nos começos da mineração, os primeiros exploradores paulistas usavam o trabalho dos indígenas escravizados, em seguida passaram a utilizar os negros escravizados.
►A referida mudança teve impactos na produção agrícola das zonas litorâneas pois ocorreu migração de populações escravas da agricultura para a mineração, bem como encareceu a mão de obra escrava.
►as minas absorviam escravos, cavalos, bois e ate os trabalhadores qualificados necessários ao engenho.
►Houve ainda incremento no tráfico negreiro do atlântico sul, com claros benefícios a metrópole que via multiplicar s recursos auferidos com impostos pagos no tráfico.
►A Coroa criou mesmo um regime de distribuição de áreas com potencial aurífero mediante a constatação do numero de escravos que o interessado poderia contar no trabalho de mineração.
►A relação entre homens livres e escravos nas regiões de mineração
	Anos
	Escravos
	Livres
	Total
	% de escravos no total
	1742
	94.128
	80.000
	174.128
	54
	1776
	163.240
	156.529
	319.769
	51
	1742
	174.315
	188.712
	362.847
	48
►As possibilidades de libertação dos escravos (alforrias)
►Alguns escravos furtavam ouro em pó ou mineravam clandestinamente a noite, ou ainda trabalhavam como faiscadores com autorização do senhor, em troca de pagamento de uma renda.
►Se o minério estivesse farto, os escravos teriam a possibilidade de angariar fundos suficientes para comprar a própria liberdade ou a da esposa ou de filhos.
►Entre os negros e mulatos livres o predomínio era de mulheres, possivelmente, com a escassez de mulheres brancas na colônia, muitos homens compravam negras que se tornavam esposas.
►Gorender afirma que o numero de escravos que conseguiu a liberdade como premio pela sorte de encontrar um diamante de quilate significativo foi mínimo.
►Que o preço dos escravos era muito elevado e que somente no período de decadência da mineração as alforrias por compra do próprio escravo tornou-se mais significativa.
►”A conclusão consiste em que a mineração por si mesma, induzia a escravidão. O que multiplicou o numero de alforrias – sem afetar as bases do regime escravista – não foi propriamente a mineração, porem sua decadência.
►Segundo Jacob Gorender, as condições de vida dos escravos na mineração , não foi melhor que nas regiões de agricultura, principalmente no que diz respeito ao trabalho.
►O numero de escravos de ganho e faiscadores no era predominante.
►Esse trabalho era feito e forma a passar o dia todo dentro da água e, muitas vezes, suportando temperaturas baixas. 
►A atividade de mineração era feita no período seco, onde seria possível desviar o leito dos pequenos rios para facilitar a exploração do cascalho. Esse Ra o período mais frio do ano.
►Em outros caso os escravos trabalhavam em minas de galeria, no geral mal projetadas e inseguras. Dessa de exploração podemos afirmar que ocorrem acidentes(desmoronamento de terras) o que provocou a morte de dezenas de escravos.
►A dureza da vida e a grande concentração de escravos, favoreceu ao surgimento de formas de resistência ao trabalho escravo como: o assassinato de brancos, as fugas e a formação de quilombos.
►Os brancos colonizadores, por seu lado, tomaram medidas repressivas como: incentivaram o trabalho dos capitães do mato e a repressão aos quilombos.
►Ocorreu a proposta não aceita de amputar a perna do escravo que fugisse, ou ainda cortar o tendão de Aquiles de um do pés.
►Um aspecto relevante a ser tratado era a escassez de mulheres nas regiões mineradoras. O que faria com que as mulheres negras fossem bastante requisitadas pelos brancos.
►A mineração reforçou o escravismo colonial do século XVIII, depois de alguma desorganização causada pela descoberta do ouro, as atividades agrícolas, com o uso intensivo do trabalho escravo se intensificaram: com a produção do açúcar nas áreas já tradicionais dessa produção, MS com o acréscimo de alguma produção no Rio de Janeiro, e com a produção de algodão e arroz no Maranhão e no Pará.
►Houve ainda o aumento da produção de fumo para atender demandas da Europa e do incremento do trafico negreiro atlântico.
A economia posterior à mineração
►O século XVIII se assinalou pela importação de quantidade 3 vezes maior de negros proveniente da África, quando comparamos o referido período, com os duzentos anos anteriores.
►Ao lado da produção aurífera e no período de decadência da mineração, proliferou na região a atividade agrícola e pastoril.
►A grande quantidade de terras apropriadas à produção agrícola e os altos preços cobrados pelos gêneros alimentícios, incentivou a que algumas pessoas passassem a investir na agricultura voltda a produção de alimentos e a região de Minas Gerais tornou-se uma das regiões que abasteciam esse mercado com alimentos.
►Nesse período foram abertas estradas entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que facilitou a circulação de mercadorias e gente.
►Na segunda metade do século XIX, a Pecuária mineira ganhou novos mercados dentro da própria região de Minas Gerais com o incremento de algumas áreas de plantação de café Zona da Mara mineira, e no Vale do Paraíba.
►A economia mineira posterior a escravidão se definia como:
►1- O grosso da produção mineira se dirigia para fora de suas fronteiras, principalmente para o Rio de Janeiro e para o Vale do Paraíba (produção de café).
►2 – Minas no século XIX assumiu também o papel de produtora de café par exportação.
►3- Minas assumiu assim, avocação plantacionista do Brasil
►Minas Gerais teria tido a singularidade de se uma das maiores regiões escravistas do continente americano e de não haver se baseado na produção para exportação, mas em caráter primordial, na produção para autoconsumo, na economia natural.
►Sua exportação teria sido apenas suficiente para pagar a importação de escravos e pouca coisa mais.
ESCRAVIDÃO URBANA
►Na economia colonial o campo domina a cidade, sendo esta apenas um apêndice daquele.
►No entanto diante da generalização do uso da Mao de obra escrava na sociedade brasileira na Colônia e no Império , o uso do trabalho escravo foi extremamente presente nas vilas e cidades
1 - Artesanato urbano e escravidão
►Entre as instituições lusitanas transplantadas para o Brasil estavam as Corporações de Oficio de artesãos. Essas corporações tinham compromissos regulamentares, privilégios, profissionais, normas de aprendizado exames de habilitação, juramentos e etiquetas definidas, da forma como eram definidas na Metrópole.
►No entanto no Brasil tudo isso abastardou-se restando apenas alguns traços exteriores formais, e a razão para isso foi a presença da escravidão e a forma como ela se inseriu nas corporações de oficio.
►A proibição de admissão de cativos no interior da Corporação ficou letra morta, pois os artesãos na o se privaram de viver as custas da exploração do trabalho de alguns escravos a ensinavam o oficio.
►Essa pratica se espalhou por todos os oficio de norte a sul do Brasil.
►”Um mestre de obras, um marceneiro, um carpinteiro, um ferreiro, um pedreiro, um chefe, enfim qualquer destas profissões, em lugar de assalariar operários livres, compra negros e os instrui”. P.474
►No Rio de Janeiro depois da chegada da Corte, uma pratica comum era: “compravam negros para o fim especial de instruí-los nalguma arte ou oficio, vendendo-os em seguida por preço elevado, ou alugando seus talentos e trabalho”.
►Um escravo bem treinado num oficio teria como retorno ao seu senhor alugueis bem mais vantajosos ou a prestação de serviços em alguma oficina que também daria bom retorno ao eu dono.
►”No Rio de Janeiro entre 1810 – 1821, pagava-se aluguel por um escravo comum 300 reis diários, aos aprendizes de um oficio qualquer, 600 reisa um mestre de 900 a 1200 reis ou mais, ainda dependendo do oficio.
►O valor do escravo comum chegava a 400$000 reis, o preço de um escravo com oficio valeria entre 600$000 a 1:000$000 de reis.
►Os escravos se faziam presentes em todos os ofícios: carpinteiro, pedreiros, impressores, pintores de tabuletas, construtores de moveis, de carruagens, fabricantes de ornamentos militares, de lampiões, artífices de objetos de prata, joalheiros, litógrafos, alfaiates, sapateiros, barbeiros, cabeleireiro, curtidor de couros, ferreiros, ferrador e outras.
►Mesmo profissões artísticas como pintores e escultores passaram a ser ocupadas por escravos que demonstrassem habilidades e sensibilidade artística e trabalhavam na decoração de igrejas, conventos e outros lugares ricamente ornamentados com pinturas e esculturas.
►Se em Portugal o trabalho nos ofícios não enobrecia, mas os homens se orgulhavam de suas corporações.
►No Brasil os trabalhos manuais se tornaram trabalho servil, o que de alguma forma os desqualificava socialmente.
►Os artesão no Brasil so encontravam dignificação na posse de escravos e na demonstração de enfatuado desprezo pelo trabalho:
►”A primeira coisa que seduz um operário em Tejuco, quando ele consegue economizar algum dinheiro, é arranjar um escravo; e tal é o sentido da vergonha dado a certos trabalhos que, para pintar a pobreza de um homem livre, diz-se que ele não dispõe de ninguém para ir buscar-lhe um balde d’água ou um feixe de lenha”. Saint Hilaire
►Os artesãos livres se envergonhavam de carregar as próprias ferramentas pela rua, no que ocupavam um escravo.
2 – Escravos dos serviços urbanos
►As cidades brasileiras eram caracterizadas pela forte presença africana, o numero de escravos de ganho em cidades como o Rio de Janeiro era significativo.
►Os escravos faziam o transporte de carga, de pessoas, assumiam a função de vendedores ambulantes, artífices, empregados domésticos e uma serie de atividades urbanas.
►A propriedade de escravos de ganho se disseminou na sociedade, desde a presença de proprietários de 20, 30 ou mais escravos de ganho, ate a existência de proprietários com um ou dois escravos.
►Eles entregavam ao Senhor a renda adquirida com a prestação de serviços, essa renda poderia ser um valor fixo ou não.
►Muitos moravam na casa do Senhor e passavam o dia pela rua, onde faziam as refeições, ou ainda podiam conseguir autorização para morar em dormitório por conta própria.
► Gorender define esse trabalho como árduo em decorrência do escravo estivador, ter que entregar uma renda previamente definida, e ainda precisar tirar dos ganhos o suficiente par sua alimentação ►Outro aspecto apontado pelo autor seria o peso excessivo das cargas a serem transportadas, o que fazia da atividade algo extremamente desgastante
►Quanto às mulheres prestavam serviços de venda de alimentos, de costureiras, de amas de leite e ainda a enorme gama de serviços domésticos tidos como femininos.
►A escravidão poderia ainda propiciar duas espécies de renda: a prostituição e a mendicância. Escravos velhos, doentes, estropiados ficavam nas ruas a pedir esmolas e entregar ao Senhor, parte dos ganhos com a atividade.
►Com a expansão do sistema escravista, a exploração da “renda” de prostituição também se expandiria.
3 – Escravidão e Industrialização
►Os escravos desempenharam atividades de manufatura em espaços fabris tanto no Rio de Janeiro como no Rio Grande do Sul, nas charqueadas.
►Mesmo os escravos sendo proibido de serem alfabetizados e de terem melhor qualificação, em alguns casos eles receberam treinamento especial e assumiram atividades mais complexas e sofisticadas.
 ►O autor afirma ainda, que o trabalho escravo se não era compatível com o trabalho industrial, também não tinha a mesma eficiência e produtividade do trabalho livre, alem da incompatibilidade entre o trabalho servil e o desenvolvimento do mercado e da produção capitalista moderna.
►”Teórica e historicamente é impensável o moderno sistema fabril capitalista o mercado de assalariados livres”. P.484
►Antes de tudo, deve ficar claro que a escravidão urbana representou, em toda s as formas escravistas, um complemento da escravidão rural.
4 – O escravo domestico
►O enfoque aqui, será do trabalho escravo domestico em aras urbanas.
►O trabalho domestico foi no decorrer do processo histórico sendo identificado como trabalho de escravos, como algo aviltante, assim, as pessoas brancas vindo da Europa para tais funções, procuravam se afastar essas atividades domesticas, e mesmo os negros livres procuravam outras atividades remuneradas que não as domesticas.
►Em decorrência da falta de serviços públicos como abastecimento de água e esgotamento sanitário, e ainda a falta dos equipamentos modernos que facilitariam a vida domestica, o numero de escravos nas residências era grande.
►Outro aspecto a ser lembrado era que a casa no Brasil ate o inicio do século XX era um misto de espaço de produção e consumo, quase tudo que a família consumia era produzido dentro do próprio espaço da casa.
►Então a presença de escravos para cuidar de animais criados nos quintais e que serviriam de alimento para a família, e ainda o cuidado de animais de montaria que serviam como meio de transporte, a presença de escravas que auxiliavam a senhora na confecção de tecidos, na preparação de alimentos, de limpeza, de cuidados com as crianças...
►Goirender conclui o texto tecendo comentários à forma de analise da escravidão domestica feita por Gilberto Freyre, onde Freyre enfoca as possibilidades de distinções claras entre os escravos da lavoura e os da Casa Grane, os escravos domésticos.
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SLIDES ATE A ULTIMA AULA
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