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DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL UNIDADE 2 - RESUMO

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UNIDADE 2- RESUMO
Cidadania e Responsabilidade Social
Mas, afinal, o que significa isso? Como ser, efetivamente, um bom cidadão? Ao longo deste capítulo, você irá investigar o conceito de cidadania e sua aplicabilidade em nossa vida cotidiana e profissional nos campos da política, economia, entre outros. Conhecer e reconhecer as definições e os limites da cidadania e da responsabilidade social alterará, substancialmente, sua postura diante de situações-problemas – sejam elas emergenciais ou não – que exijam a reflexão e a prática ética em seu dia a dia profissional.
CIDADANIA: HISTÓRICO, CONCEITO E IMPLICAÇÕES COM AS RELAÇÕES DE TRABALHO
 Estudará a história do conceito de cidadania. Para tanto, retornaremos aos tempos dos gregos antigos, pois foi na Grécia, sobretudo nos séculos V e IV a.C., que a noção de cidadania se consolidou na história da humanidade. Em seguida, você verá as implicações da noção de cidadania na modernidade, a partir dos grandes movimentos intelectuais surgidos nos séculos XVII e XVIII, como, por exemplo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Para você compreender melhor o que é a cidadania e como ela tem sido exercida ao longo do tempo, analisaremos a sua história e o seu conceito. Para tanto, regressaremos aos tempos da Grécia Antiga, berço da civilização ocidental, a fim de compreender como nasceram as primeiras noções de cidadania.
GRÉCIA ANTIGA: A IDEIA DE CIDADANIA NA ANTIGUIDADE
Para compreender a noção de cidadania na Antiguidade, começaremos investigando suas raízes na ideia de cidade, que se caracterizava como o núcleo político essencial. Em seguida, analisaremos as duas mais importantes experiências citadinas gregas: Esparta e Atenas.
Desde o início do século VIII a.C., o mundo grego se encontrava politicamente dividido em um conjunto de pequenas cidades. Ao longo dos anos seguintes, nos séculos VII e VI a.C., a consolidação das cidades gregas alcançou seu pleno desenvolvimento, transmutando pequenas aglomerações camponesas e guerreiras em grandes civilizações, fundamentalmente centradas nas cidades. 
Nesse momento, a cidade delimitava uma nova fronteira para as relações políticas e comerciais e, por conseguinte, um novo espaço das relações humanas. 
As cidades, nesse período, eram basicamente constituídas por três elementos: 
Um centro urbano, a “cidade” propriamente dita; 
O campo ao redor; 
Em alguns casos, pequenos povoados urbanos secundários. 
Seu núcleo existencial era o demos, o povo, constituído por uma “coletividade de indivíduos submetidos aos mesmos costumes fundamentais e unidos por um culto comum às mesmas divindades protetoras”.
A economia grega, no período arcaico, constituía-se basicamente pela agricultura e pela criação. 
Em resumo, esse pequeno grupo de “nobres” detinha a posse das terras e, por consequência, o domínio das instituições econômicas, políticas, jurídicas e bélicas. O regime de administração das cidades, portanto, se caracterizava por uma aristocracia ou oligarquia da nobreza.
Para a subsistência da nobreza e de seu poder, a cidade comportava ainda outros elementos também fundamentais. escravos, servos, trabalhadores agrícolas livres, artesãos e também pequenos proprietários compartilhavam a vida nas cidades, juntamente com a nobreza, embora permanecessem ainda como uma classe inferior.
Com a expansão das cidades gregas para regiões mais longínquas, cresceram o comércio marítimo e o artesanato (que consistia principalmente na produção de armas e cerâmica).
 O aumento da produção e o consequente barateamento das armas tornou possível às classes medianas e pobres o desempenho de atividades bélicas e de defesa das cidades. 
Como participavam, agora, da classe guerreira, essas classes iniciaram um longo processo de reivindicação de reformas e de maior participação política.
 Tais demandas evoluíram, em inúmeras ocorrências, para guerras civis. 
A fim de solucionar esses conflitos, algumas cidades gregas – Atenas, por exemplo – fundaram sólidas instituições legislativas, que, em certa medida, reduziriam em longo prazo o poderio da nobreza, impondo-lhes limites para as interpretações do Direito, restringindo-lhes a interpretação das leis com base em interesses próprios. 
As instituições legislativas ampliaram significativamente o acesso aos direitos políticos fundamentais. Nesse momento, surgiu a figura do cidadão. 
No entanto, não podemos admitir a existência de um único modelo político e de participação cidadã para todas as cidades gregas. Ao contrário, é mais “correto afirmar que, no fim do século VI, as cidades gregas eram muito distintas umas das outras” 
A NOÇÃO DE CIDADANIA EM ESPARTA
Cada espartano, proprietário agora das terras conquistadas, distribuía às famílias de hilotas porções de seus lotes. Os hilotas (servos conquistados pelos espartanos), por sua vez, cultivavam a terra e eram obrigados a destinar boa porcentagem de seus cultivos ao sustento espartano. 
Aos espartanos, proibidos por lei de exercer qualquer trabalho, restava a tarefa de administrar a cidade e suas instituições e guerrear pela conquista de novos territórios.
Devido à sua eficiência bélica, os espartanos haviam já dominado um terço do território da península do Peloponeso. Contudo, devido ao crescente número de e temendo o enfraquecimento bélico, os espartanos decidiram abandonar certos territórios difíceis de administrar e optaram por fortificar a cidade de Esparta, fechando-a “às influências estrangeiras, às artes, às novidades e às transformações, adotando para si próprios costumes rígidos e uma disciplina atroz a fim de manter intacta a ordem estabelecida”. Nesse momento, solidificou-se o modo de vida espartano. 
A cidadania espartana e o direito de influir no destino da cidade restringiam-se aos conquistadores espartanos, que governavam a si próprios por meio de um pequeno grupo de dirigentes, a Gerúsia, composta pelos dois reis de Esparta e por 28 anciãos, “escolhidos entre os nobres de nascimento com mais de sessenta anos” 
Os anciãos, por sua vez, eram eleitos pela assembleia dos homens adultos de Esparta e permaneciam no cargo vitaliciamente. A assembleia, a cada ano, elegia também cinco éforos, que possuíam, como prefeitos, funções executivas. 
Em síntese, o poder político permanecia concentrado nas mãos de um pequeno grupo que exercia influência sempre de acordo com seus interesses.
NOÇÃO DE CIDADANIA EM ATENAS
Do século IX a.C. ao século VI a.C., vigorou, em Atenas, o regime aristocrático. 
O vertiginoso crescimento econômico de Atenas, no entanto, enriqueceu algumas das camadas pobres, como, por exemplo, os pequenos comerciantes. Com o progresso econômico, essas classes começaram, então, a pressionar a aristocracia, em busca de maior participação nos destinos da cidade. 
Para caminhar em direção à democracia, em 594 a.C., Sólon, eminente arconte ateniense, elaborou uma série de medidas que culminariam no fortalecimento das classes mais pobres. Em primeiro, perdoou as dívidas dos pobres e acabou com o “sistema de escravidão por endividamento”, 
Além disso, Sólon fortaleceu a assembleia popular, a Eclésia, e desvinculou os direitos políticos e cidadãos dos privilégios de nascimento, de sangue e de família, vinculando-os, agora, à fortuna. 
Sólon instituiu também a Bulé, espécie de tribunal popular que, mais tarde, por volta do século V a.C., iria se sobrepor às instituições aristocráticas dos arcontes e do próprio Aerópago. 
Mesmo com os significativos avanços na distribuição dos direitos políticos e cidadãos, Atenas permanecia ainda sob o domínio de um pequeno grupo, os aristocratas. Por isso, Clístenes propôs um conjunto de medidas que, de certa forma, alteraram substancialmente o cenário político ateniense. De início, reagrupou as tribos e alterou o sistema de votos e de representatividade política. 
Atenas, nos tempos de Clístenes, caminhou definitivamente para a consolidação da democracia e da participação de todos nos assuntos da cidade. A figura do cidadão começou, aqui,a ser reconfigurada. 
Em meados de 469 a.C., por lei, Péricles estendeu aos pobres, e não mais apenas aos ricos, o direito de ocupar cargos políticos nos âmbitos legislativos e executivos, reconfigurando irrecorrivelmente a composição política e cidadã ateniense. 
Atenas viveu o apogeu do regime democrático. Todos os cidadãos influíam diretamente nos rumos da cidade, por meio da Eclésia, em praça pública. Contudo, vale ressaltar, em contrapartida, os limites da democracia ateniense. Em Atenas, o direito à cidadania era reservado a todos os cidadãos, desde que homem, maior de 18 anos e ateniense (pai e mãe atenienses). 
Os direitos cidadãos consistiam em três direitos fundamentais: 
Liberdade individual; 
Igualdade com relação aos outros cidadãos perante a lei; 
Direito à palavra nas reuniões da Assembleia.
NASCIMENTO DO CONCEITO MODERNO DE CIDADANIA
O século XVII definiu, também, novos rumos para a ideia de cidadania. Na modernidade, o conceito de cidadania, assim como para os gregos dos séculos V e IV a.C., encontrava-se também organicamente ligado à ideia de direito,
Contudo, sobretudo no primeiro momento, e ao contrário dos gregos antigos, a noção moderna de cidadania vinculava-se mais precisamente “à ideia de direitos individuais ou ‘civis’”. a ideia que melhor expressa o volume das transformações políticas ocorridas na modernidade e que melhor representa o desenvolvimento das instituições democráticas naquele período é a de cidadania.
O filósofo liberal John Locke, ao elaborar seu pensamento político, propôs a existência de direitos naturais. 
Para Locke, o homem, em sua condição individual, possui uma série de direitos naturais e, a fim de mantê-los em sua integridade, deve confeccionar, em conjunto com os demais homens – também detentores de direitos naturais –, um Estado e um governo, por meio do contrato social.
No contrato social, cada homem é ao mesmo tempo legislador e sujeito. Ele obedece à lei que ele mesmo fez. Isso pressupõe uma vontade geral distinta da soma das vontades particulares. Cada homem possui, como indivíduo, uma vontade particular; mas também possui, como cidadão, uma vontade geral que o conduz a querer o bem do conjunto do qual é membro. 
Sem o contrato social, os direitos naturais dos indivíduos estariam ameaçados, na medida em que, fora da proteção do Estado, vigoraria a condição humana pré-política, em outros termos, a condição do estado de natureza. 
No estado de natureza, conforme Locke prevê, o homem se submeteria a um ininterrupto estado de guerra de todos contra todos. 
No estado de guerra, as disputas são travadas fundamentalmente por meio da coerção, dos privilégios da força e da brutalidade. 
Para escapar dessa condição primitiva, os homens confeccionaram o Estado, cujo papel é o de garantir a manutenção dos direitos naturais do homem, como, por exemplo, o direito à propriedade.
A afirmação de Locke de que o direito individual antecede e é mais abrangente que o direito institucional e o direito positivo – aqueles instituídos pela letra da Lei – alterou significativamente os rumos das relações políticas e, por consequência, das relações entre os cidadãos no período da modernidade. A teoria dos direitos naturais não rompe com a distinção das classes sociais. Impõe, no entanto, o princípio da igualdade dos cidadãos, na medida em que defende que todos, sem exceção, nascem detentores de direitos, a despeito do status oriundo das riquezas e das posses.
Na esteira do pensamento político da modernidade, outra importante referência para a consolidação do conceito de cidadania pode ser encontrada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Além de listar os princípios que norteariam a redação da Constituição Francesa, de 1791, a Declaração de 1789 funcionou como um manifesto revolucionário, cujo objetivo era decretar, de uma vez por todas, o fim do antigo regime. 
Em seus artigos, essa declaração retoma os conceitos vigentes na modernidade, que versavam, entre outras coisas, a respeito dos direitos naturais. Segundo Bobbio (1992, p. 93): 
[...] o núcleo doutrinário da Declaração está contido nos três artigos iniciais: o primeiro refere-se à condição natural dos indivíduos que precede à formação da sociedade civil; o segundo, à finalidade da sociedade política, que vem depois [...] do estado de natureza; o terceiro, ao princípio de legitimidade do poder que cabe à Nação.
 CIDADANIA HOJE: IMPLICAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
tratará das implicações do conceito de cidadania na contemporaneidade a partir de suas relações com a tecnologia e com o desenvolvimento das sociedades contemporâneas, estabelecendo a relação com a responsabilidade social. Nessa perspectiva, abordaremos uma experiência brasileira dos usos da tecnologia para a majoração da atuação consciente e cidadã, destacando também suas implicações na vida profissional.
Inicialmente, você estudará como a sociologia compreende a composição dos direitos
cidadãos, dos direitos civis, políticos e sociais. Mais adiante, verá quais as implicações
do avanço tecnológico para a noção de cidadania. Nesse momento, você será
apresentado à Lei nº 12.527, de 2011, a Lei do Acesso à Informação, buscando
compreender as relações entre tecnologia e cidadania.
IMPLICAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DO CONCEITO DE CIDADANIA
MarsChall (1967), sociólogo britânico, em seu famoso ensaio intitulado “Cidadania, Classe Social e Status”, propõe a divisão do conceito de cidadania em três partes (ou elementos) aos quais atribui os nomes de cidadania civil, política e social.
De acordo com ele, o acesso aos direitos civis fundamentais configura a dimensão básica de nossa vida em sociedade. Nesses termos, para ser cidadão, é necessário, em primeiro lugar, possuir certos direitos civis. Nos termos do autor, “o elemento civil é composto dos direitos necessários à liberdade individual”.
Para conquistar tais direitos, é necessário, atravessar um longo processo de luta. A luta pela garantia dos direitos fundamentais exige nossa inserção nos mais diversos movimentos, impulsionando-nos a participar dos rumos da sociedade. A essa participação efetiva no bem público e comum – cujo fim pretende questionar e propor caminhos para as instituições democráticas – chamamos direitos políticos. Logo, ao votar e ser votado, estamos exercendo direitos políticos, assim como ao manifestar nosso descontentamento com as diretrizes adotadas por certos governos.
Os direitos civis e políticos, por si só, não garantem a força de uma democracia. Toda democracia, quando sólida, fundamenta-se em direitos civis, direitos políticos e, especialmente, em direitos sociais. Os direitos sociais são aqueles direitos que nos garantem, como cidadãos, usufruir da riqueza coletiva de uma nação. O direito à educação, ao trabalho, ao salário, à saúde, entre outros, são alguns exemplos.
Com base na estrutura proposta por Marschall, podemos compreender que somente exercemos a cidadania plena por meio do conjunto dos direitos civis, dos direitos políticos e dos direitos sociais. Se isolados, tais direitos não correspondem ao exercício pleno da cidadania.
Cortina (2005, p. 28), em seu livro Cidadãos do mundo: para uma teoria da cidadania, nos apresenta dimensões complementares que, em seu conjunto, configuram o exercício pleno da cidadania. São elas: 
cidadania política; 
cidadania jurídica; 
cidadania social; 
cidadania econômica; 
cidadania civil; 
cidadania intercultural.
a cidadania é essencialmente política, na medida em que proporciona ao cidadão participar de uma comunidade política
definição jurídica de cidadão vincula-se fundamentalmente ao Direito. Segundo Cortina , do ponto de vista jurídico, cidadão é aquele que “atua sob a lei e espera a proteção da lei”, ou seja, é “membro de uma comunidade que compartilha a lei”. 
De acordo com a abordagem social, a cidadania também se configura por meio das garantias de proteção do Estado nacional, o Estado de “bem-estar” social. Sercidadão é estar ciente da existência deum “Estado de justiça”, cuja finalidade é proteger e prover, por meio das riquezas, o justo sustento da sociedade.
A cidadania econômica, por sua vez, trata do respeito ao direito de participar da gestão e dos lucros de determinados organismos públicos e, também, privados. 
A cidadania civil, conforme já indicamos anteriormente, trata da legitimação dos valores cívicos. 
Por fim, a cidadania intercultural se refere a um projeto ético e político pautado nos valores da interculturalidade, em contraposição aos valores afirmados de modo etnocêntrico. 
A interculturalidade parte da percepção do caráter múltiplo das sociedades. Afinal, a característica essencial dos dias atuais é sua diversidade, elemento constitutivo primordial da sociedade.. 
Nessa perspectiva, para atuarmos de forma cidadã, é preciso inicialmente estar a par do caráter múltiplo da sociedade, admitindo as diferenças e as diversidades existentes. Agir de modo etnocêntrico, priorizando esta ou aquela cultura como moralmente mais aceita e dominante, pode nos levar a noções equivocadas de cidadania e de pertencimento social. 
A questão central a que nos dedicaremos, a partir da compreensão da ideia de cidadania desenvolvida até o momento, circunscreve-se às seguintes problemáticas: quais as implicações da noção de cidadania para o mundo contemporâneo? Do ponto de vista da consolidação das democracias, quais os aspectos que ainda são frágeis com relação à participação do cidadão? E, por fim, quais as configurações possíveis para a ideia de cidadania, a partir do avanço tecnológico e industrial, sobretudo quando nos referimos ao crescente desenvolvimento das tecnologias de comunicação no mundo contemporâneo? 
O mundo produz, a cada instante, novas exigências decorrentes de seu prodigioso crescimento e desenvolvimento. Todos os dias, novas configurações sociais emergem. As minorias, antes aquietadas pelos processos dominantes, hoje se fazem ouvir por meio dos mais diversos mecanismos de comunicação, como a internet, entre outros. 
A participação das mulheres na vida política pode nos indicar, por exemplo, quão marcantes são as diferenças entre o mundo contemporâneo e o passado. Do ponto de vista histórico, a inserção das mulheres na vida política faz parte de um processo extremamente recente. No Brasil, apenas tardiamente, em novembro de 1927, surgiu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a primeira eleitora. Na Itália, a despeito da solidez de suas instituições democráticas, as mulheres perduraram ainda mais tempo à margem da participação política, sendo impedidas de votar até 1946. Trata-se, portanto, em comparação às centenárias instituições democráticas, de um processo ainda embrionário, com pouco mais de meio século. 
A despeito disso, as mulheres, que antes eram impedidas do exercício do voto, hoje já ocupam importantes cargos no executivo, no legislativo e no judiciário. As grandes empresas têm assumido a importância do gerenciamento feminino. No Brasil, na Alemanha e em outros importantes países da economia mundial, por exemplo, as mulheres estão à frente das instituições democráticas, ocupando os cargos executivos de primeiro escalão.
TECNOLOGIA E CIDADANIA: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
Com os avanços tecnológicos, os limites do exercício da cidadania foram estendidos para o espaço quase infinito das redes. A participação política passa necessariamente pelas diversas redes sociais
Ao compartilhar suas posturas políticas ou comentar as posições alheias nas redes sociais, os cidadãos travam, entre si, o debate político que antes, na Grécia dos séculos V ou IV a.C., por exemplo, ocorria na praça pública, demandando intenso movimento organizativo. Agora, o cidadão pode estar conectado a um sem-número de informações, refletindo e discutindo sobre elas quase no mesmo instante em que ocorrem em qualquer parte do mundo.
No Brasil, uma importante experiência relacionada à tecnologia e à cidadania pode ser constatada pela aprovação da Lei nº 12.527, promulgada em 18 de novembro de 2011. É a Lei de Acesso à Informação, que garante aos cidadãos interessados acesso às informações dos poderes judiciário, executivo e legislativo nos âmbitos municipal, estadual, distrital e federal. 
Por meio dos mecanismos tecnológicos, a Lei de Acesso à Informação institui um novo paradigma de atuação cidadã, regulamentando um direito essencial: o de “receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral” (BRASIL, 2011). Ao garantir a publicidade imediata dos atos públicos, a tecnologia produz uma nova forma de participação cidadã, reduzindo substancialmente a distância entre os cidadãos e as instituições democráticas. De suas casas, os brasileiros podem atuar de forma cidadã, conhecendo e questionando os gastos públicos, os contratos públicos, enfim, a coisa pública.
SINTESE
Em meados de 2013, o Brasil vivenciou um intenso movimento de manifestações populares de descontentamento com relação às práticas governamentais. Esses protestos conclamavam os brasileiros à rua, a fim de que participassem, de forma cidadã, das questões do país. 
Para compreender a evolução histórica do conceito de cidadania, é preciso retornar aos tempos da Grécia arcaica e analisá-la sob a ótica dos movimentos contemporâneos. Para entender a noção de cidadania vigente nos séculos V e IV a.C., é preciso avaliar como Atenas e Esparta, as mais relevantes cidades gregas, traçaram os paradigmas da participação cidadã. 
A modernidade representou, para a história universal, um período de profundas transformações em todos os âmbitos da vida humana: nas ciências, na economia, na política, etc. Os séculos XVII e XVIII figuram entre os mais importantes da história do homem. Nesse período, o filósofo inglês John Locke lançou as bases do pensamento do liberalismo, reconfigurando o conceito de cidadania por meio da compreensão do caráter natural dos direitos dos homens. 
A noção contemporânea de cidadania, de acordo com a Sociologia, está assentada na ideia de direitos civis, políticos e sociais. A análise da cidadania demanda a compreensão de suas relações com os modernos mecanismos comunicacionais, na medida em que estes estreitaram as distâncias entre as entidades políticas e o cidadão comum e impactam diretamente no exercício da profissão. 
A Lei de Acesso à Informação, Lei nº 12.527, de 2011, é um importante exemplo de como a internet pode propiciar o aumento da participação dos cidadãos na administração da coisa pública, na medida em que impõe a publicidade imediata dos atos públicos e o acesso à informação da administração pública, regulamentando um dispositivo legal presente na Constituição Federal, de 1988. 
A compreensão da noção fundamental de cidadania e responsabilidade social impacta diretamente nos modos de exercício das profissões, na medida em que impõe a reflexão a respeito das sociedades contemporâneas e dos modelos éticos de convivência com os demais componentes do corpo social.

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