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6 DIREITO DE FAMILIA (1)

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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – Dezembro de 2016
DIREITO DE FAMÍLIA
FAMÍLIA NA CF/88
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.  
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio (não depende de qualquer prazo). 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
 TÍTULO I
DO DIREITO PESSOAL
SUBTÍTULO I
DO CASAMENTO
CAPÍTULO I
DIPOSIÇÕES GERAIS
1- INTRODUÇÃO
Casamento é a união legal entre homem e mulher com o objetivo de constituírem a família legítima. Tem como efeito, estabelecer comunhão plena de vida com base na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
A igualdade significa que não mais existe a figura do chefe de família. Competindo a ambos os cônjuges ditar os rumos familiares.
O casamento é protegido pela norma constante do art. 1513, segundo a qual é defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pelo casamento. É também com base nessa regra (e também com base na disposição do art. 226, §7º da CF) que é impossível que o estado faça controle de natalidade. O planejamento familiar é decisão da família.
O casamento é um ato solene. Se for realizado sem as solenidades previstas na lei, o casamento será INEXISTENTE, bem como o é aquele em que os cônjuges não manifestam seu consentimento. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! O STF declarou constitucional a união civil (casamento) de pessoas do mesmo sexo.
O art. 1511 proclama que o casamento gera comunhão plena de vida. Ao dizer isso, ele se refere a comunhão nos planos material e espiritual (de afeto, compreensão etc.). 
O casamento cria a família legítima. A união estável, reconhecida pela CF e pelo CC como entidade familiar, pode ser chamada de família natural. Quando formada somente por um dos pais e seus filhos, denomina-se família monoparental (art. 226 § 4º CF).
#Qual é a natureza jurídica do casamento?
É polêmica a questão da natureza jurídica do casamento, existindo três correntes:
1ª) Teoria contratualista: é a corrente clássica que afirma que o casamento nada mais é do que a celebração de um contrato, com solenidades especiais, resultante de um acordo de vontades entre os nubentes, que, como tal, gera direitos e obrigações recíprocos. 
2ª) Teoria institucionalista: fala que o casamento é uma grande instituição, a ela aderindo os que casam.
3ª) Teoria eclética (contrato especial):*** considera que o casamento é um contrato especial de direito de família, mediante o qual os nubentes aderem a uma instituição pré-organizada, alcançando o estado matrimonial. É a corrente que prevalece!
São inovações trazidas pelo novo CC em relação ao casamento:
a) Gratuidade da celebração do casamento.
b) Regulamentação e facilitação do registro civil do casamento religioso.
c) Redução da capacidade do homem para casar para 16 anos.
d) Casamento por procuração mediante instrumento público, com validade restrita a 90 dias.
e) Consolidação da igualdade entre os cônjuges, aos quais compete a direção da sociedade conjugal, com o desaparecimento da figura do chefe de família. 
f) Oficialização do termo sobrenome e possibilidade de adoção do utilizado pelo outro por qualquer dos nubentes.
2- DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO E DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO
O estado cerca o casamento de uma série de solenidades.
O processo de habilitação serve para: (a) constatar a capacidade para o casamento, (b) constatar a inexistência de impedimentos e (c) para dar publicidade à intenção de casar. 
2.1 PROCEDIMENTO
a) Os noivos devem requerer a instauração do processo de habilitação no cartório de registro civil do seu domicílio. 
Obs. Se morarem em lugares distintos, o processo de habilitação corre no cartório do registro civil de qualquer deles. Nesse caso, porém, o edital será publicado em ambos. 
Art. 1.526.  A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.  
Parágrafo único.  Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.  
b) Os proclamas serão fixados em local ostensivo do cartório e publicados na imprensa
c) Ouve-se o MP (pode requerer diligências. Art. 1526). 
d) O juiz homologa
IMPORTANTE!!! A habilitação tem VALIDADE DE 90 DIAS. Após esse prazo, os nubentes deverão se habilitar novamente. Ex. Em 03/03 sai a habilitação. Tenho até 03/06 (90 dias depois) para me casar. 
Dispõe o Art. 1.512, que o casamento é civil e GRATUITA a sua celebração. E seu parágrafo único diz que a habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
2.2 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
É o art. 1525 que lista os documentos necessários para o requerimento de habilitação. São eles:
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, A SEU PEDIDO, POR PROCURADOR, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Merece destaque a certidão de nascimento ou documento equivalente (inciso I). Serve para provar que os nubentes atingiram a idade núbil, que é de 16 anos. 
IMPORTANTE!!! Os que ainda não completaram 16 anos poderão se casar em ocasiões especiais, mediante suprimento judicial (1520): 
Para evitar a imposição ou cumprimento de pena.
Em caso de gravidez. 
IMPORTANTE!!! Quanto à gravidez, atente para que não se anulará por motivo de idade (casamento anulável porque não atingiu a idade núbil ou, mesmo com a idade núbil, se este se deu sem autorização), se do casamento resultou gravidez.
Art. 1.551. Não se anulará, POR MOTIVO DE IDADE, o casamento de que resultou gravidez. 
Ex. Menina de 15 anos se casou. Esse casamento é anulável. Se ela ficar grávida e casar, esse casamento NÃO será mais anulável (por esse motivo).
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
IMPORTANTE!!! Impor-se-á o regime de separação obrigatória sempre que houver a necessidade de suprimento judicial (Ex. Suprimento de idade) - art. 1641, III.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem cominobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Se pela certidão de nascimento for verificado que algum dos nubentes tem mais de 70 anos (alterado em 2010, ficar muito atento, antes era 60 anos), também se imporá o regime de separação de bens. Alguns entendem que esse dispositivo é inconstitucional, já que feriria a igualdade. 
IMPORTANTE!!! Merece destaque, ainda, a autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem (inciso II, art. 1525 CC), ou ato judicial que supra. Como visto, a idade núbil é 16 anos. Porém, é exigido dos menores de 18 anos a autorização de seus pais (necessário o consentimento de ambos os pais) ou tutores, para que possam se casar, ou prova do ato de suprimento judicial ou da emancipação. A anuência dos pais, tutores e curadores pode ser revogada até a celebração (Art. 1518 CC).
	Em caso de divergência dos pais, se assegura a qualquer dos genitores o direito para recorrer ao juiz para a solução do desacordo verificado no exercício do poder familiar. 
Se o pai, tutor ou curador se negar a dar a autorização, a pessoa pode pedir o suprimento judicial da vontade. 
Interessante... Nesse caso, o incapaz poderá outorgar procuração ao advogado, sem ser assistido, já que há evidente colidência de interesses. 
IMPORTANTE!!! O pródigo não é impedido de casar. Entretanto, deve ser assistido por curador quando da celebração do pacto antenupcial, que é ato de disposição do patrimônio. 
Em relação ao inciso V, o viúvo deve provar o seu estado com a certidão de óbito do cônjuge falecido. E se um dos cônjuges for divorciado, não bastará a certidão do trânsito em julgado da sentença que decretou o divórcio, é preciso juntar a certidão de registro dessa sentença no cartório de registro civil.
CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS
1- INTRODUÇÃO
Os requisitos essenciais do casamento são: diferença de sexo (Ficar atento!!! Tal requisito encontra-se SUPERADO!!!) consentimento e celebração na forma da lei. Faltando qualquer deles, o casamento será INEXISTENTE. Porém, outros requisitos devem ser observados para a validade e regularidade do casamento (impedimentos).
IMPORTANTÍSSIMO!!! Recentemente o STF declarou constitucional o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
As causas impeditivas têm o objetivo de evitar reuniões que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública. Sua inobservância como visto, gera a nulidade do ato. 
Art. 1.521. NÃO PODEM casar (impedimentos):
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas; (não se aplica a união estável se a pessoa estiver separada de fato ou judicialmente)
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado (exige-se trânsito em julgado) por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
As causas impeditivas tratam das pessoas que não podem se casar. 
As causas impeditivas visam proteger certos valores, como: a eugenia (pureza da raça), a moral familiar, a monogamia e evitar uniões que tenham raízes no crime. 
Assim, os impedimentos podem ser divididos em: impedimento resultante de parentesco; impedimento resultante de casamento anterior e impedimento resultante de crime.
IMPORTANTE!!! Como os impedimentos visam resguardar a ordem pública, qualquer pessoa capaz tem legitimidade para alegá-los. 
Art. 1.522. Os IMPEDIMENTOS podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo (de ofício).
Vamos estudá-los separadamente:
Impedimentos resultantes do parentesco
Art. 1521, inciso I ao V. 
a) Parentesco por consanguinidade:
Não podem casar os ascendentes com descentes (Ex. Pai com filha; neto com avó). 
Não podem casar os irmãos (havidos ou não de casamento, sejam unilaterais ou bilaterais). 
Não podem casar os colaterais até terceiro grau (exceção: casamento avuncular – casamento de tios e sobrinhos. Conforma a doutrina, trata-se de uma aplicação do princípio da especialidade, prevalecendo o Decreto Lei 3200/41 – lei especial – sobre o CC de 2002 – lei geral posterior).
Obs. Primos são parentes colaterais de 4º grau. Portanto, podem casar. 
O casamento entre consanguíneos pode gerar a impureza da raça e prejudicar a variabilidade genética. Esse é o motivo do impedimento. 
Ocorre que, existe hipótese em que o casamento poderá ser dar entre parentes colaterais. É o denominado “casamento avuncular”, que é o casamento entre tios e sobrinhos, permitido expressamente pelo Decreto Lei 3200/41:
Art. 1º O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro grau, é permitido nos termos do presente decreto-lei.
Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na realização do matrimônio.
	Portanto, para a realização do casamento avuncular é necessário a autorização judicial e que uma junta médica comprove a ausência de problemas genéticos quanto a futura prole.
	José Fernando Simão, refletindo sobre o tema, traz interessante questionamento: na hipótese de casamento avuncular entre pessoas do mesmo sexo, as exigências do Decreto-lei 3200 de 1941 tem aplicação? 
	Para o ilustre doutrinador, a resposta é negativa. Isso porque casais de pessoas do mesmo sexo terão filhos por adoção (hipótese em que o filho não terá material genético de nenhum de seus pais ou suas mães) ou utilizando-se as técnicas de reprodução humana assistida. Nesta hipótese, o material genético será de apenas um deles (um dos cônjuges doa esperma ou óvulo e recebem o outro gameta de um terceiro) ou de nenhum dos dois (recebem em doação óvulo e esperma).
 
Sendo impossível que o casamento gere problemas à prole, o casamento avuncular homoafetivo pode ser admitido sem a necessidade de qualquer autorização judicial ou exame médico.
b) Parentesco por afinidade:
Não podem casar os afins em linha reta (Ex. Genro com sogra. Padrasto com a enteada). A proibição refere-se apenas à linha reta. Na linha colateral de afinidade pode casar à-vontade (Ex. Cônjuge viúvo pode casar com cunhada). A afinidade resulta do casamento ou da união estável.
Esse impedimento visa preservar a moral familiar. Com efeito, a dissolução do casamento não extingue o parentesco por afinidade em linha reta (1595, §2º).
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
c) Parentesco por adoção:
Não pode casar o adotante com quem foi cônjuge do adotado, o adotado com quem foi cônjuge do adotante e o adotado com o filho do adotante (são irmãos!). 
A adoção imita a família, sem qualquer distinção. Por isso, esse impedimento tem fins de preservar a moral da família. Na realidade, essas disposições são inúteis, bastando as do parentesco comum, por inexistir diferença entre o vínculo da adoção e o sanguíneo. 
Impedimento resultante de casamento anterior
Art. 1521, VI.
Não podem casar as pessoas já casadas. O Brasil não admite a poligamia. Assim, só épossível um vínculo matrimonial por vez. O impedimento só desaparece após a dissolução do anterior vinculo matrimonial pela morte, anulação, divórcio ou morte presumida do ausente (abertura da sucessão definitiva).
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
I - pela morte de um dos cônjuges;
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial; (OBS abaixo)
IV - pelo divórcio.
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.
OBS: Boa parte da doutrina apontava para o fim da separação judicial com a EC 66/2010. Porém, o Novo CPC, em seu art. 693, prevê expressamente a possibilidade da ação de separação contenciosa, o que pesa contra essa corrente. Desse modo, retornou a polêmica sobre o fim ou não desse instituto. 
IMPORTANTE!!! O casamento, exclusivamente no religioso anterior, não é impedimento (mesmo porque esse casamento é inexistente, vez que não observou as formalidades necessárias).
Impedimento resultante de crime (doloso) 
Não pode casar o cônjuge sobrevivente com a pessoa que foi CONDENADA por homicídio ou tentativa de homicídio contra o consorte. O impedimento só existe se o crime for praticado a título de dolo. O inciso exige que tenha havido condenação criminal. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Todos esses IMPEDIMENTOS também impedem a existência de união estável! (art. 1723, §1º). Já as CAUSAS SUSPENSIVAS não impedirão a união estável. 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a UNIÃO ESTÁVEL entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1o A união estável NÃO SE CONSTITUIRÁ se ocorrerem os IMPEDIMENTOS do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2o As CAUSAS SUSPENSIVAS do art. 1.523 NÃO impedirão a caracterização da união estável.
EXCEÇÃO!!! As pessoas casadas podem contrair união estável se separadas de fato ou judicialmente.
CAPÍTULO III
DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
Art. 1.523. NÃO DEVEM casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
As causas suspensivas demonstram que é prudente aguardar certo tempo para que o casamento se realize regularmente. São determinadas circunstâncias capazes de suspender a realização do casamento. Se infringida uma CAUSA SUSPENSIVA o casamento não é nulo nem anulável. Ele é apenas IRREGULAR. 
O único efeito da violação de causa suspensiva é que o REGIME, OBRIGATORIAMENTE, SERÁ O DA SEPARAÇÃO DE BENS. 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
As causas suspensivas visam proteger interesses de terceiros, em geral da prole do leito anterior, do ex-cônjuge e da pessoa influenciada pelo abuso de confiança ou autoridade exercida pelo outro. 
IMPORTANTE!!! Como visam apenas proteger interesse de terceiro, as causas suspensivas podem deixar de ser respeitadas (e o casamento se realiza normalmente) se ficar provado que inexiste prejuízo para essas pessoas. 
Art. 1.523. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Atenção!!! Nas CAUSAS SUSPENSIVAS as pessoas NÃO DEVEM CASAR. Mas elas PODEM.
IMPORTANTE!!! As causas suspensivas dizem respeito somente à família. Assim, a lei restringe a legitimação para alegar as causas suspensivas aos parentes em linha reta e aos colaterais em segundo grau de um dos nubentes. Diferente das causas impeditivas que podem ser alegadas por qualquer interessado.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.
Vamos estudar as causas suspensivas separadamente, de acordo com o que elas pretendem preservar.
1- CONFUSÃO PATRIMONIAL
Não devem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não tiver o inventário e partilha. 
Esse dispositivo visa evitar confusão na hora de dividir a herança do morto. 
IMPORTANTE!!! Inventário negativo. É uma construção doutrinária e jurisprudencial. Serve para provar que não existe patrimônio a ser partilhado. Demonstrando assim, a inexistência de prejuízo aos herdeiros, afastando a causa suspensiva. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Não DEVE casar o divorciado enquanto não houver ocorrido a partilha dos bens do casal (LEMBRAR QUE É POSSÍVEL O DIVÓRCIO E A SEPARAÇÃO SEM PRÉVIA PARTILHA). 
Lembrar!!! O divorciado pode casar sem prévia partilha, só que o regime de bens será, obrigatoriamente, o de separação de bens. 
Este dispositivo visa impedir a confusão na hora de dividir os bens do casal. 
2- CONFUSÃO DE SANGUE (TURBATIO SANGUINIS)
Não deve casar a viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou anulável nos 10 meses posteriores.
Tem o objetivo de evitar dúvida sobre a paternidade da criança que venha a nascer nesse interregno.
IMPORTANTE!!! Se a mulher provar o nascimento da criança, inexistência de gravidez, aborto ou se a gravidez for notória quando da dissolução da antiga sociedade conjugal, essa causa suspensiva é superada. 
Quer dizer, se não há possibilidade de dúvida sobre a paternidade da criança, não subsiste a causa suspensiva. 
3- TUTELA E CURATELA
Não devem casar o tutor ou curador (ou parentes próximos desses) com a pessoa tutelada ou curatelada enquanto não cessar a tutela/curatela e estiverem saldadas as dívidas. 
Visa evitar a possibilidade de influência na pessoa tutelada ou curatelada. 
IMPORTANTE!!! Como as demais causas suspensivas, essa também pode ser afastada provando-se a inexistência de prejuízo. 
4- OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
	Dispõe o art. 1.529 que tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
	O CC tratou de modo diferente os impedimentos e as causas suspensivas do casamento. Os IMPEDIMENTOS podem ser opostos no processo de habilitação e ATÉ O MOMENTO DA CELEBRAÇÃO do casamento por QUALQUER PESSOA CAPAZ. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo (art. 1522 CC). Se apesar do impedimento o casamento se realizar, este poderá ter declarado sua nulidade, a qualquer tempo, e por iniciativa de qualquer interessado ou do ministério publico.
As CAUSAS SUSPENSIVAS dizem respeito somente à família. Assim, a lei restringe a legitimação para alegar as causas suspensivas aos PARENTES EM LINHA RETA E AOS COLATERAIS EM SEGUNDO GRAU de um dos nubentes. Nem mesmo o MP pode alegá-las. Podem ser opostas somente no curso do processo de habilitação, até o decurso do prazo de 15 dias da publicação do proclamas.CAPÍTULO IV
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
1- FORMALIDADES
O casamento é um ato bastante formalista. É marcado por um verdadeiro ritual, com significativa incidência de normas de ordem pública. Os nubentes, munidos da certidão de habilitação, devem requerer ao oficial de registro que marque dia, hora e local da sua celebração. 
O local é, em geral, a sede do cartório. Porém, pode ser escolhido outro local, público ou particular. É importante que as portas permaneçam sempre abertas.
No tocante a hora, pode ser realizado de dia ou a noite, inclusive nos domingos.
Em relação as testemunhas, a lei exige a presença de pelo menos duas (podem ser parentes ou não dos contraentes). Se algum dos cônjuges não souber ou não puder escrever, colhe-se a digital e o nº de testemunhas sobe para quatro. Também aumenta para 4 se o casamento se realizar em edifício particular. A presença dos nubentes deve ser simultânea.
2- CASAMENTO POR PROCURAÇÃO
É possível que o casamento se realize mediante procuração por INSTRUMENTO PÚBLICO, com poderes especiais para casar.
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se MEDIANTE PROCURAÇÃO, por INSTRUMENTO PÚBLICO, com poderes especiais.
IMPORTANTE!!! Se ambos os nubentes não puderem comparecer, devem nomear procuradores diferentes. 
A eficácia do mandato dura por 90 dias. Vale dizer, se dei a procuração hoje, o casamento deve se realizar dentro do prazo de 90 dias, se não a procuração caduca. 
Pelo paralelismo das formas o mandato pode ser revogado pela mesma forma que foi celebrado, ou seja, por instrumento público. A revogação não precisa chegar ao conhecimento do procurador ou do outro nubente para produzir efeitos. Entretanto, se for celebrado o casamento sem que se tenha dado ciência da revogação, responderá por perdas e danos.
IMPORTANTE!!! Será ANULÁVEL o casamento feito pelo mandatário sem que ele ou o outro cônjuge soubesse da revogação do mandato desde que NÃO tenha havido coabitação (sexo). Quem tem interesse em anular é o cônjuge que deu e depois revogou a procuração. 
Art. 1.550. É anulável o casamento:
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
3- MOMENTO DA CELEBRAÇÃO
A celebração do casamento obedece a formalidades essenciais (ad solemnitatem), que, se ausentes, tornarão o ato INEXISTENTE.
Uma das principais solenidades exigidas no casamento ocorre no momento em que o juiz pergunta aos nubentes, um após o outro, se persistem no propósito de casar. 
Deve ser inequívoca a manifestação da vontade (a manifestação pode ser por escrito, palavras ou gestos, desde que seja inequívoca). O silêncio nesse caso não pode ser interpretado como manifestação de vontade.
A celebração será suspensa se algum dos nubentes não afirmar livremente que deseja se casar e não é possível a retratação no mesmo dia. Ex. De brincadeira eu vou lá e digo que não quero casar. A celebração será suspensa e não pode ser reaberta no mesmo dia. 
Obs. Se a retratação for admitida no mesmo dia o casamento será nulo. 
Se ambos responderam “sim!”, o juiz os declara casados, dizendo as palavras constantes do art. 1535.
IMPORTANTE!!! O momento específico em que o casamento é realizado é após a declaração do juiz. Sem ela o casamento é inexistente (art. 1514, in fine).
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
Atenção!!! Não basta só o “sim!”. Este deve vir junto com a declaração do juiz. O casamento só se tem por concluído com a solene declaração do celebrante. Sem essa declaração ele será inexistente.
Logo depois de celebrado o casamento, lavrar-se-á o assento no livro de registro. A lavratura do assento constitui formalidade ad probationem tantum, e não ad solemnitatem, pois ocorre depois que o casamento já está concluído e aperfeiçoado.
CAPÍTULO V
DAS PROVAS DO CASAMENTO
1- CERTIDÃO DE REGISTRO
Prescreve o art. 1.543 que o casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro (sistema de prova pré-constituída). E seu parágrafo único diz que “justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova”. Essa prova supletória se faz em duas fases: primeiro se prova o fato que ocasionou a perda ou falta do registro, depois, se admitidas as primeiras, serão admitidas testemunhas, registros em passaporte, nascimento do filho e etc.
Aduz o art. 1.546 que “quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento”.
Prova-se o casamento celebrado fora do Brasil de acordo com a lei do país onde se celebrou. Dispõe o art. 1.544 que “o casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir”.
2- POSSE DO ESTADO DE CASADOS
	A posse do estado de casado é a situação de duas pessoas que viveram como casadas e assim eram consideradas por todos.
	Preceitua o art. 1.545 que “o casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado”. Tal situação somente poderá ser alegada pelos filhos e se mortos ambos os cônjuges. Pois se um dos cônjuges estiver vivo, este poderá indicar o local onde se realizou o casamento, para que os filhos obtenham a certidão.
	Os elementos que caracterizam a posse do estado de casado são:
a) Nomen, indicativo de que a mulher usava o nome do marido.
b) Tractatus, de que se tratavam publicamente como marido e mulher.
c) Fama, de que gozavam da reputação de pessoas casadas.
	De acordo com o art. 1.547, na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. 
CAPÍTULO VI
ESPÉCIES DE CASAMENTO
1- CASAMENTO VÁLIDO
De acordo com o CC existe o casamento válido, o nulo e o anulável. A doutrina inclui também o inexistente. 
Veremos as espécies de casamento válido. 
1.1 CASAMENTO PUTATIVO
É o casamento que, embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou por ambos os cônjuges, gerando, para esse que estava de boa-fé, efeitos de casamento válido.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
A boa-fé consiste na ignorância (de fato ou de direito) da existência de impedimento para o matrimônio (Ex. A casa com B sem saber que eram irmãos separados na maternidade; Ex. Tio capial casa com sobrinha capial sem saber que existe o impedimento de casarem sem exame pré-nupcial). O momento em que se apura a boa fé é o da celebração do casamento, sendo irrelevante eventual conhecimento da causa de invalidade posterior a ela. De acordo com a LINDB a ignorância da lei é inescusável. Entretanto, ela serve para provar a boa-fé.
Na sentença em que proclama a invalidade do casamento, o juiz declara a putatividade de ofício ou a requerimento da parte.
IMPORTANTE!!! Quando um cônjugecasa mediante coação, a rigor não se poderia reconhecer a putatividade já que o coato não ignora a coação. Entretanto o senso ético-jurídico recomenda que este seja equiparado, no plano dos efeitos, ao cônjuge de boa-fé. 
IMPORTANTE!!! A eficácia da decisão que anula o casamento gera efeitos “ex nunc” para o cônjuge de boa-fé, já que, para ele, o casamento gera efeitos de válido até a declaração da invalidade. Os efeitos do casamento cessam para o futuro, sendo considerados produzidos todos os efeitos que se tenha verificado até a data da sentença anulatória. 
Obs. Se, em virtude de casamento putativo, um menor se emancipou, ele permanece emancipado mesmo após a anulação do casamento. 
Obs. Todos os efeitos quanto ao regime de bens são produzidos. Se somente um dos cônjuges estava de boa-fé, adquirirá a meação dos bens levados ao casal pelo outro cônjuge que estava de má-fé. 
IMPORTANTE!!! Os efeitos da putatividade podem ocorrer no casamento NULO ou ANULÁVEL, como consta no art. 1561. Não é possível o reconhecimento de putatividade no casamento INEXISTENTE. 
#Casamento putativo dá direito a alimentos? (IMPORTANTE!!!)
Existe divergência se o casamento putativo gera ou não o direito a alimentos após a sentença que anula o casamento. Existem duas correntes:
1ª STF: o cônjuge culpado não pode furtar-se ao pagamento de alimentos se o inocente deles necessitar. A putatividade consiste em assegurar aos cônjuges de boa-fé os efeitos de casamento válido, e entre esses se encontra o direito a alimentos, sem limitação de tempo. 
2ª STJ (mais recente): após a sentença que anula o casamento esse não gera mais efeitos, já que as partes não são mais cônjuges. Quer dizer, a putatividade garante os efeitos de casamento válido até a sentença que anula, após não. “a mulher que reclama alimentos a eles tem direito, mas até a data da sentença. Anulado ou declarado nulo o casamento, desaparece a condição de cônjuges”. 
Os filhos são protegidos mesmo se nenhum dos cônjuges estiver de boa-fé. Como a CF não permite qualquer distinção entre filho havido fora do casamento e filho havido na constância do casamento, essa disposição perdeu totalmente a eficácia. 
1.2 CASAMENTO NUNCUPATIVO E EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE
Como visto, o casamento é um ato por demais formal. Ocorre que, em duas situações, por causa da urgência, essas formalidade são deixadas um pouco de lado. A primeira é em caso de moléstia grave. A segunda é quando um dos cônjuges está em iminente risco de vida. 
O casamento em caso de MOLÉSTIA GRAVE pressupõe que tenha havido prévia habilitação só que, por causa de grave moléstia, um dos cônjuges não pode locomover-se até o local da cerimônia. Nesse caso, a autoridade celebrante irá até onde se encontra o doente, mesmo durante a noite, na companhia de duas testemunhas (veja: não são 4).
Art. 1.539. No caso de MOLÉSTIA GRAVE de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
A segunda hipótese é o CASAMENTO NUNCUPATIVO, quando um dos cônjuges está em iminente risco de vida. Nesse caso dispensa-se a habilitação devido a extrema urgência. O moribundo (desde que esteja consciente) e o outro cônjuge devem manifestar, de VIVA VOZ, a inequívoca intenção de casarem-se na presença de seis testemunhas, que não sejam parentes dos nubentes em linha reta ou em linha colateral até o segundo grau (irmão).
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Essas seis testemunhas devem comparecer, no prazo de 10 dias, a autoridade judiciária mais próxima afim de que sejam reduzidas a termo suas declarações. 
Após, o juiz deve verificar a inexistência de impedimentos e proferir sentença declarando-os casados. Os efeitos da sentença retroagem a data da celebração. 
Se o enfermo sobreviver, deverá ser ratificado o casamento. Não se trata de novo casamento, mas de confirmação do já realizado.
1.3 CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
No casamento religioso com efeitos civis a única diferença é que a celebração não se fará pelo juiz de paz, mas sim pelo sacerdote. 
É EXIGIDA A HABILITAÇÃO, que pode ser prévia ou posterior ao casamento religioso. 
Se a habilitação for anterior ao casamento religioso, este deverá ser registrado no registro civil dentro de 90 dias (prazo decadencial), se não for, será necessária nova habilitação. 
Se o casamento religioso for feito ainda sem a habilitação, as partes deverão providenciá-la a qualquer tempo e pedir o posterior registro civil do casamento religioso. 
IMPORTANTE!!! Em ambos os casos OS EFEITOS RETROAGIRÃO à data da celebração no religioso (art. 1515, in fine). 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
IMPORTANTE!!! Vamos supor que em 15/04 eu me caso com Fulana no religioso. Ainda não registrei no civil. Em 15/05 em me caso no civil com Flavia. Nesse caso vale o casamento com Flavia. O com fulana será nulo (art. 1516, §3º). 
Art. 1516 
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
1.4 CASAMENTO CONSULAR
É aquele celebrado no estrangeiro, por brasileiro, mediante autoridade consular brasileira. 
Para ser válido, o casamento consular deverá ser registrado no Brasil em 180 dias a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil. 
1.5 CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO
A CF manda que seja facilitada a conversão da união estável em casamento.
Contrariando esse mandamento constitucional, o art. 1726 do CC diz que a união estável poderá ser convertida em casamento mediante requerimento ao juiz. 
Assim, ao invés de ter que ir ao judiciário, é mais fácil que os conviventes se casem normalmente. Sendo assim o art. 1726 do CC desatende o previsto no art. 226 paragrafo terceiro da CF.
2- CASAMENTO INVÁLIDO
Existem três níveis de invalidade do casamento: a inexistência, a nulidade absoluta e a nulidade relativa (anulabilidade). 
2.1 CASAMENTO INEXISTENTE
Para que o casamento exista, é necessária a presença de requisitos essenciais. São eles:
a) Diferença de sexos
b) Manifestação de vontade
c) Solenidades
IMPORTANTÍSSIMO!!! Recentemente o STF, dando interpretação conforme a constituição, declarou constitucional o casamento de pessoas do mesmo sexo. 
Se faltar qualquer desses requisitos, o casamento nem sequer existirá. Tratar-se-á de mero fato, incapaz de produzir qualquer efeito jurídico. Terá apenas a aparência de casamento, mas, na verdade, será um nada jurídico. 
Admitir-se-á o conhecimento da inexistência a qualquer tempo, não estando sujeito a prescrição ou decadência. 
Obs. Como visto, o casamento inexistente não pode ser declarado putativo, já que o que não existe não pode gerar efeito algum. 
IMPORTANTE!!! Por aplicação do princípio do in dúbio pro matrimonio e da teoria da aparência, o art. 1554 estatui que “subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamento e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no registro civil”. 
2.2CASAMENTO E TEORIA DAS NULIDADES
Se existir, o casamento inválido poderá ser nulo ou anulável.
IMPORTANTE!!! Em geral, o ato nulo não gera qualquer efeito. Entretanto, em matéria de casamento, o casamento nulo poderá gerar efeitos, SE FOR PUTATIVO. 
A decretação de nulidade do casamento depende de ação. Isso quer dizer que não pode ser declarada de ofício pelo juiz. 
Casamento nulo ação declaratória de nulidade (ex tunc).
Casamento anulável ação anulatória (ex nunc/ex tunc).
IMPORTANTE!!! Existe discussão se a sentença que anular o casamento anulável gera efeitos ex nunc ou ex tunc. Entre os adeptos da 1ª corrente estão Maria Helena Diniz e outros. Entre os adeptos da 2ª corrente estão Pontes de Miranda, Bevilaqua e outros. Se gerar efeitos ex nunc, por exemplo, a parte menor que foi emancipada permanece emancipada; do contrário, se os efeitos forem ex tunc, a emancipação estará fulminada.
IMPORTANTE!!! Ambas são ações de estado e como tais:
a) é OBRIGATÓRIA a intervenção do MP como custus.
b) NÃO se operam os efeitos da revelia.
c) NÃO existe o ônus da impugnação específica.
Casamento NULO
Somente em um caso o CC (art.1548) considera nulo. É ele:
Com infringência de impedimento
 
Com o advento do Estatuto da Deficiência, deixou de ser nulo o casamento contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil, que passou a ser plenamente VÁLIDO.
A declaração da nulidade tem efeitos retroativos e proclama que jamais existiu casamento válido. Não subsistem qualquer de seus efeitos (a não ser que seja putativo). Protegem-se, entretanto, a aquisição de direitos a título oneroso por terceiros de boa-fé.
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.
De relembrar, entretanto, que enquanto não declarado nulo o casamento produz todos os seus efeitos (eficácia interimística). 
Lembrar!!! Embora o juiz deva pronunciar de ofício a nulidade dos atos em geral, A NULIDADE NO CASAMENTO SÓ PODE SER DECLARADA POR MEIO DE AÇÃO ORDINÁRIA.
Atenção!!! Na verdade o casamento nulo gera ao menos um efeito: o de gerar a causa suspensiva de que a mulher não deve se casar nos 10 meses seguintes para não gerar dúvida quanto a paternidade da criança.
O casamento nulo aproveita os filhos, e a paternidade é certa.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
IMPORTANTE!!! A legitimidade para a propositura da ação declaratória de nulidade é de qualquer interessado (exige interesse econômico ou moral) e do MP.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
Casamento ANULÁVEL
As causas de anulabilidade do casamento estão elencadas no art. 1550 do CC. 
Art. 1.550. É ANULÁVEL o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar (16 anos);
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
§ 2o  A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)  (Vigência)
O casamento anulável produz todos os efeitos enquanto não anulado por sentença transitada em julgado (eficácia interimística). 
IMPORTANTE!!! Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a sentença que anula o casamento gera efeitos retroativos, igualzinho no casamento nulo, atacando o casamento como se este jamais tivesse existido (a exceção também fica por conta da putatividade). Lembra o autor que existe uma corrente que sustenta que os efeitos são ex nunc. Para mim, os efeitos da anulação serão ex nunc.
 
IMPORTANTE!!! A legitimidade ativa é reservada somente às partes diretamente interessadas (o MP não pode) - v. art. 1552, 1555 e 1559. 
Lembrar!!! MP só tem legitimidade ativa na ação de nulidade.
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários.
§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.
§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Vejamos agora as causas que geram casamento anulável:
a)	Defeito de idade
É anulável o casamento do menor de 16 anos. A anulação deve ser pleiteada em 180 dias a contar de:
Para os representantes legais ou ascendentes do menor, do dia da celebração. 
Para o menor, do dia em que completar 16 anos (tem legitimidade para a ação anulatória mesmo sem ser representado ou assistido). 
IMPORTANTE!!! Excepcionalmente, é possível que o menor que ainda não atingiu a idade núbil se case, mediante suprimento judicial, nas seguintes hipóteses:
Para evitar a imposição de pena criminal
Em caso de gravidez
Obs. A lei 11.106/05 não trata mais o casamento com a vítima como causa de extinção de punibilidade nos crimes contra os costumes. Entretanto, nos casos em que for de ação penal privada, o casamento pode significar renúncia ao direito de queixa.
IMPORTANTE!!! Conforme prescreve o art. 1551, não se anulará por motivo de idade o casamento que resultar gravidez. 
Se a ação de anulação for ajuizada pelos representantes/ascendentes do menor, este poderá ratificar o casamento, com efeitos retroativos, assim que completar a idade núbil, desde que ainda não tenha transitado em julgado a sentença que anular.
b)	Falta de autorização do representante legal
Se faltar a autorização para o maior de 16 e menor de 18 se casar, o casamento será anulável mediante ação que poderá ser proposta em 180 dias pelo:
Próprio menor, ao deixar de sê-lo 
Dos representantes legais que tinham o poder de autorizar, desde que não tenham assistido ao ato ou de qualquer forma manifestado aprovação. 
Dos herdeiros necessários
c)	Erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge
O art. 1557 estabelece em um rol taxativo, os casos que podem dar ensejo ao erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, capaz de tornar ANULÁVEL o casamento.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama,sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
Obs. O fato de a mulher não ser mais virgem não é mais causa de erro sobre a pessoa. A própria isonomia entre os cônjuges estabelecida pela CF já afastava essa causa (adultério precoce).
IMPORTANTE!!! Somente o cônjuge que incidiu em erro pode ajuizar a ação anulatória (ação personalíssima). E o prazo para a ação foi aumentado de dois para TRÊS ANOS.
	
Em regra, a coabitação (sexo), mesmo sabendo do vício, valida o ato, que não mais poderá ser anulado (1559).
EXCEÇÃO!!! Defeito físico irremediável, moléstia grave e doença mental grave (nesses casos a coabitação não altera em nada).
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento (PRAZO DE 3 ANOS); mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Vamos analisar cada inciso separadamente:
I – erro sobre a identidade do outro cônjuge ou sua boa fama
Pode ser erro sobre a identidade física, quando o sujeito casa com outra pessoa, que não a que pretendia (Ex. O noivo tem um irmão gêmeo por quem é trocado).
Pode ser erro sobre a honra/boa fama. 
Ex. Homem que casa, sem saber, com uma rodada prostituta. Mulher que só após o casamento descobre que o marido se entrega a práticas homossexuais. 
Para que seja anulável por erro sobre a pessoa, dois requisitos são exigidos:
Que o defeito ignorado preexista ao casamento;
Que a descoberta do defeito torne insuportável a vida em comum para o cônjuge enganado. 
A apreciação da presença desses requisitos será feita casuisticamente, tendo em conta as características pessoais da pessoa enganada e as peculiaridades do caso.
II – ignorância de crime ULTRAJANTE (é ultrajante, diferente de não afiançável).
Caracteriza o erro sobre a pessoa quando o crime ignorado tiver sido praticado antes do casamento e torne insuportável a vida conjugal.
IMPORTANTE!!! Não se exige prévia condenação criminal e o crime pode ser provado na própria ação anulatória. Não se exige também que o crime seja inafiançável (é ultrajante).
Lembrar!!! No caso de impedimento para casar é necessário que a pessoa seja condenada.
Art. 1.521. Não podem casar (impedimentos):
VII - o cônjuge sobrevivente com o CONDENADO por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
III – defeito físico irremediável e moléstia grave
Defeito físico irremediável é aquele que impede a concretização dos fins matrimoniais. Em geral são graves defeitos nas genitálias que impedem o sexo.
IMPORTANTE!!! A impotência couendi é causa de anulação por dano físico irremediável. Por sua vez, a impotência generandi não dá causa a anulação. 
A moléstia grave capaz de dar causa a anulação do casamento é aquela anterior ao casamento que é transmissível por contágio ou herança, capaz de por em risco o outro cônjuge ou a prole (Ex. HIV).
IV – doença mental grave
Também constitui erro sobre a pessoa a ignorância de doença mental grave, anterior ao casamento que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum. 
Não se exige que a doença mental seja incurável, basta que seja grave. Ex. Esquizofrenia, paranóia etc.
d)	Vício da vontade determinado pela coação
A coação aqui tratada é a coação moral (vis compulsiva). A coação física (vis absoluta) torna o casamento inexistente em razão da ausência de livre manifestação da vontade.
A ação pode ser promovida pelo próprio coato no prazo de quatro anos a contar da celebração. 
 
De acordo com o art. 1559 a prova da coabitação pode ser usada pelo coator para impedir a anulação. Entretanto, há que se considerar que a coabitação pode ter sido feita também com coação. 
e)	Incapacidade de manifestação do consentimento
A incapacidade que torna anulável o casamento é a relativa, a incapacidade absoluta torna nulo.
O prazo para a ação é de 180 dias a contar da celebração (e não da cessação da incapacidade, como era anteriormente).
f)	Realização por mandatário estando revogado o mandato
É anulável o casamento realizado por mandatário sem que ele ou o outro cônjuge saibam da revogação do mandato. 
Nesse caso, a parte que deu e revogou a procuração deverá ajuizar a ação para anular o casamento, dentro de 180 dias de quando tiver ciência da celebração do casamento. 
Obs. Se houve coabitação, a anulação NÃO será possível. 
g)	Incompetência da autoridade celebrante
A incompetência que torna anulável o casamento é a ratione loci ou ratione personarum (é juiz de casamentos, mas de outra cidade). 
A incompetência ratione materiae torna o casamento inexistente (Ex. Quem casa é o juiz de futebol). 
3- CASAMENTO IRREGULAR
O casamento contraído com a inobservância de CAUSA SUSPENSIVA não é nulo nem anulável. Ele é apenas irregular. 
O desrespeito a causa suspensiva gera o efeito de tornar OBRIGATÓRIO O REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS. 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com INOBSERVÂNCIA DAS CAUSAS SUSPENSIVAS da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;
II – da pessoa MAIOR DE 70 (setenta) anos;  
III - de todos os que dependerem, para casar, de SUPRIMENTO JUDICIAL.
Contudo, é permitido às partes provar a ausência de prejuízo, afastando o regime de separação legal. 
Art. 1523. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
CAPÍTULO VII
EFICÁCIA JURÍDICA DO CASAMENTO
1- DISPOSIÇÕES GERAIS
O primeiro e principal efeito do casamento é a constituição de FAMÍLIA LEGÍTIMA. A CF admite outras entidades familiares, porém, somente o casamento constitui família legítima.
O segundo efeito previsto no art. 1565 é a mútua assunção, pelo casal, da condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família (decorrência da isonomia entre os cônjuges). Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
O terceiro efeito é a imposição de deveres aos cônjuges. 
O quarto é a imediata vigência, na data da celebração, do regime de bens, que em princípio é IRREVOGÁVEL, só podendo ser alterado mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL em PEDIDO MOTIVADO de AMBOS os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e RESSALVADAS o direito de terceiro.
Art. 1639 
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL em PEDIDO MOTIVADO DE AMBOS OS CÔNJUGES, apurada a procedência das razões invocadas e RESSALVADOS OS DIREITOS DE TERCEIROS.
IMPORTANTE!!! Antes da celebração, podem os nubentes modificar o pacto antenupcial, para alterar o regime de bens. Celebrado o casamento, ele torna-se imutável. Mesmo nos casos de reconciliação de casais separados judicialmente o regime de bens continua o anteriormente estabelecido. Se o casal se divorciar, poderá casar-se novamente, adotando regime diverso do anterior.
2- DEVERES RECÍPROCOS
Como visto, um dos efeitos do casamento é fazer surgir deveres recíprocos. A infringência desses deveres é causa de separaçãojudicial. Estão previstos no art. 1566 CC.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
IMPORTANTÍSSIMO!!!! A EC 66 alterou o art. 226 paragrafo sexto da CF, retirando do texto a referência à separação judicial e aos requisitos temporais para a obtenção do divórcio. Portanto, a doutrina concluia que a separação judicial ou por escritura pública foi abolida do nosso direito, restando apenas o divórcio que, ao mesmo tempo, rompe a sociedade conjugal e extingue o vínculo matrimonial. Assim, alguns artigos do CC teriam revogados pela EC 66. Desse modo, os deveres impostos a ambos os cônjuges no citado art. 1566 CC ficam contidos em sua matriz ética, desprovidos de sanção jurídica, exceto nos casos de “mútua assistência e sustento, guarda e educação dos filhos”, cuja violação pode acarretar, conforme a hipótese, a perda da guarda dos filhos ou ainda a suspensão ou destituição do poder familiar, e a condenação ao pagamento de pensão alimentícia. Porém, o novo CPC trouxe, expressamente, no art. 733 a figura da separação consensual (o que vem sendo duramente criticado pela doutrina civilista), portanto, há possibilidade de mudança no entendimento supracitado:
Art. 733 do Novo CPC -  O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.
I- Fidelidade recíproca
É uma decorrência do caráter monogâmico do casamento. A infringência desse dever configura adultério e enseja separação judicial litigiosa. Não é necessário que se mantenha concubina, basta apenas uma transgressão ao dever de fidelidade.
Os atos anteriores ao sexo não configuram adultério, mas podem configurar injúria grave, que também é causa de separação.
Esse dever perdura enquanto subsistir a sociedade conjugal e mesmo quando os cônjuges estiverem separados de fato. 
Obs. a separação judicial e o divórcio acabam com esse dever.
II- Vida em comum no domicílio conjugal
É o dever de coabitação, que obriga o casal a viver sobre o mesmo teto e a ter uma comunhão de vidas. 
IMPORTANTE!!! Essa obrigação não deve ser encarada como absoluta, pois a impossibilidade física ou mesmo moral pode justificar o seu afastamento. Assim, em razão, por exemplo, do emprego, um dos cônjuges pode ter a necessidade de viver em outra cidade, sem que isso caracterize a quebra da vida em comum. 
O que caracteriza o abandono do lar é o animus, a intenção de não mais regressar a residência comum.
No dever de coabitação se inclui o dever de manter relações sexuais, sendo exigível o pagamento do débito conjugal (o descumprimento dá causa a separação judicial).
De acordo com o art. 1569 CC a escolha do domicílio do casal deve ser feito por ambos os cônjuges.
III- Mútua assistência
Compreende a assistência em todos os níveis: material, moral, espiritual. É o companheirismo. 
É o fundamento legal do dever de prestar alimentos. 
IMPORTANTE!!! O dever de mútua assistência subsiste mesmo após a separação judicial e só acaba com o divórcio (art. 1576) (mesmo assim, é possível que a obrigação de prestar alimentos permaneça após o divórcio). 
IV- Sustento, guarda e educação dos filhos
Ambos os cônjuges são responsáveis pelo sustento, guarda e educação dos filhos. A infração a esse dever sujeita a perda do poder familiar e enseja a ação de alimentos, além de também configurar causa de separação judicial. 
Esse dever extingue-se com a maioridade. 
IMPORTANTE!!! A jurisprudência tem estendido esse dever até a expedição do diploma universitário, no caso de filhos que não possam pagar a mensalidade. 
V- Respeito e consideração mútuos
Tem relação com o companheirismo etc. 
3- DIREITOS E DEVERES DE CADA CÔNJUGE
Com o advento da CF/88 vige a isonomia entre os cônjuges. Assim, esses são iguais em direitos e deveres. Desapareceu a figura do chefe de família. A ambos os cônjuges cabe ditar os rumos familiares, competindo ao juiz decidir em caso de divergência.
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.
O homem deixou de ser o único provedor da família, também incumbindo à mulher o sustento da família. E de acordo com o art. 1.570, “se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens”.
CAPÍTULO VIII
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
1- CAUSAS TERMINATIVAS 
O art. 1571 CC diz que a sociedade conjugal termina:
Pela morte de um dos cônjuges
Pela nulidade ou anulação do casamento
Pela separação judicial (Não a separação de fato)
Pelo divórcio
IMPORTANTE!!! Veja que a separação de fato não põe termo à sociedade conjugal.
	A morte que extingue é a real. O CC 2002, porém, inclui entre as causas de dissolução a morte presumida do ausente, que se configura nos casos em que a lei autoriza a sucessão definitiva. Passou a admitir também, a declaração de morte presumida sem decretação de ausência, para todos os efeitos.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
A nulidade ou anulação do casamento rompem o vínculo matrimonial, extinguindo a sociedade conjugal e permitindo que os cônjuges se casem novamente. Nada impede a cumulação da ação anulatória com a de separação judicial em ordem sucessiva.
Art. 326 do Novo CPC.  É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.
2- SEPARAÇÃO JUDICIAL
IMPORTANTÍSSIMO!!!! A EC 66 suprimiu a parte final do parágrafo sexto do art. 226 CF. Sendo assim, a separação judicial deixou de ser contemplada na CF, onde figurava como requisito para a conversão, desaparecendo ainda o requisito temporal para a obtenção do divórcio, agora exclusivamente direto, por mútuo consentimento ou litigioso. A inovação constitucional levava a conclusão de que a separação judicial ou por escritura pública foi eliminada do nosso direito, restando o divórcio que, ao mesmo tempo, rompe a sociedade conjugal e extingue o vínculo matrimonial. Ocorre que, conforme já frisado supra, o Novo CPC traz expressa previsão da separação via escritura pública em diversos dispositivos, o que vem sendo duramente criticado pela doutrina civilista. É necessário aguardar o posicionamento dos Tribunais Superiores sobre o tema.
De acordo com o art. 1576, a separação judicial põe termo a três deveres matrimoniais. São eles:
a) coabitação (não precisa mais morar junto)
b) fidelidade recíproca (pode transar com quem quiser)
c) regime de bens (faz-se a partilha dos bens)
Os outros três deveres matrimoniais permanecem. São eles:
a) mútua assistência (deve pagar pensão alimentícia)
b) sustento, guarda e educação dos filhos
c) respeitoe consideração mútuos
Trata-se de ação de caráter personalíssimo, que só os cônjuges têm legitimidade para propô-la (art. 1576, §ú). É privativa e intransmissível assim, se um dos cônjuges morrer no curso da ação, essa será extinta (também a ação de divórcio se extingue com a morte de um dos cônjuges).
Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens.
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.
EXCEÇÃO: no caso de incapacidade, o cônjuge é representado pelo curador, ascendente ou irmão. 
O art. 695 do Novo CPC manda que se realize uma audiência prévia de conciliação, onde o juiz deve tentar promover a reconciliação das partes. Se a reconciliação não for possível, o juiz deve convencer as partes a transformar a separação litigiosa em amigável.
O não comparecimento das partes a essa audiência de conciliação não gera a revelia, mas sim, significa que não querem acordo. Não sendo obtida a reconciliação nem a transformação em separação amigável, da audiência começa a fluir o prazo para contestação, ainda que a parte nela não tenha comparecido. 
2.1 SEPARAÇÃO JUDICIAL POR MÚTUO CONSENTIMENTO (SEPARAÇÃO AMIGÁVEL)
E a separação requerida por ambos os cônjuges. É jurisdição voluntária. Não há litígio, pois as partes buscam a mesma solução: a homologação de acordo por eles celebrado. A vantagem dessa modalidade é que os separandos não precisam declinar a causa, o motivo da separação.
O juiz pode se negar a homologar o acordo se verificar se prejudica interesse de filho ou de um dos cônjuges. Essa decisão deve ser fundamentada, devendo o juiz indicar a cláusula que traz prejuízo. 
É permitido ao juiz que homologue apenas parte do acordo, deixando de lado a parte que julga prejudicial. 
O art. 731 do Novo CPC afirma que o acordo deverá obrigatoriamente conter:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
 
IMPORTANTE!!! Nada impede que a partilha seja elaborada de modo desigual (um fica com mais que o outro), já que ambos os cônjuges são maiores e capazes e podem transigir sobre seu patrimônio. Nesse caso, é devido o pagamento de ITCMD por conta da doação implicitamente feita. 
IMPORTANTE!!! Tem sido admitido que a mulher abra mão dos alimentos, podendo, porém, pleiteá-los futuramente, se vier a necessitar e não tiver sido contemplada na partilha com bens suficientes à manutenção de sua subsistência (pode pedir alimentos futuramente). (súmula 379 do STF - no acordo de desquite não se admite renúncia a alimentos, que podem ser pleiteados futuramente). 
A petição deverá esclarecer, ainda, se o cônjuge que usa o sobrenome do outro voltará a usar o sobrenome de solteiro. No silencio deve-se entender que optou por conserva-lo.
Antes de homologar o acordo, o juiz deve ouvir o MP. 
Enquanto não lavrado o termo pelo escrivão e assinado pelas partes, o pedido não se tornou público e poderá haver arrependimento unilateral. Assinado o termo, o pedido torna-se irretratável pela manifestação unilateral de um só dos cônjuges. 
IMPORTANTE!!! Separação e divórcio consensual no cartório (administrativamente). Não pode haver nascituro ou filhos menores/incapazes. Devem ser respeitados os prazos. Exige escritura pública, que deve conter acordo relativo à partilha dos bens, pensão e guarda dos filhos. A escritura não depende de homologação e constitui título hábil para ser registrado no registro de imóveis e no registro civil. As partes devem, obrigatoriamente, ser assistidas por advogados, que deve assinar o acordo. 
Obs. Por analogia, a dissolução consensual da união estável também pode ser feita em cartório. 
2.2 SEPARAÇÃO LITIGIOSA
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. (separação sanção)
§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. (separação falência)
§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. (separação remédio)
§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.
Obs. Sobre doença mental grave ver também causa de anulação do casamento por erro essencial quanto a pessoa do outro cônjuge. 
O rol de causas que permitem a separação judicial (art. 1572) é taxativo, inexistindo outras hipóteses de separação judicial em nosso ordenamento. 
A hipótese do caput é chamada de separação-sanção porque se atribui culpa (na modalidade “grave infração a deveres conjugais”) a um dos cônjuges, impondo-lhe sanções. Estas são:
Perda do direito a alimentos, exceto os indispensáveis à sobrevivência (art. 1694, §2º e art. 1704, §ú)
Obs. Sempre que resultar de culpa de quem os pleiteia, os alimentos só serão os indispensáveis à sobrevivência. 
Obs. O cônjuge inocente só pagará alimentos ao culpado se este não tiver condições de trabalhar nem tiver mais ninguém para prestar alimentos (subsidiário).
Perda do direito de usar o sobrenome do inocente (1578)
Obs. Para isso, é necessário o expresso requerimento do inocente e, mesmo assim, só não poderá usar o sobrenome do outro se: (a) não acarretar evidente prejuízo para sua identificação; (b) não acarretar manifesta distinção entre seu nome de solteira e o nome dos filhos; (c) não acarretar qualquer outro dano grave reconhecido na decisão judicial.
 
IMPORTANTE!!! A separação-sanção é a única hipótese em que se discute culpa. Por isso, também é a única hipótese em que se admite reconvenção (para provar que a culpa não é minha, mas sua!). Se ambos forem culpados, nenhum deles fara jus a verba alimentícia, exceto se necessária a subsistência.
A insuportabilidade da vida em comum é um requisito que deve existir para a decretação da separação. O simples fato de ter ingressado com o processo pedindo a separação já demonstra a insuportabilidade da vida a dois. O art. 1573 elenca algum dos casos em que a vida em comum torna-se insuportável. Esse rol é meramente exemplificativo.
2.2.1 Grave Infração Aos Deveres Do Casamento
Como visto, na separação-sanção, a culpa é demonstrada pela grave violação de deveres do casamento. 
a) Fidelidade recíproca
A violação ao dever de fidelidade recíproca é o adultério (conjunção carnal). Os atos pré-sexuais constituem injúria grave, não adultério. 
IMPORTANTE!!! A separação de fato não desobriga os cônjuges do dever de fidelidade recíproca, isto é, não libera o sexo com terceiros. 
IMPORTANTE!!! O chamado adultério precoce (defloramento da mulher antes do casamento) não é mais considerado erro sobre a pessoa capaz de tornar anulável o casamento. 
Obs. A inseminação artificial não configura adultério, porque este só ocorrerá se houver cópula completa com estranho de outro sexo. Mas a mulher poderá dar causa a separação judicial se receber o sêmem de outro homem sem o consentimento do marido, mas sua conduta caracterizará injuria grave, e não adultério. 
b) Coabitação 
O dever de coabitação é desrespeitado com o abandono voluntário do lar conjugal (exige o animus de não mais retornar ao lar conjugal). Igualmenteinfringe o dever de coabitação se um dos cônjuges se recusa ao sexo. 
c) Mútua assistência
O dever de mútua assistência é violado pela tentativa de morte e pela sevícia (porrada). 
d) Guarda, educação e sustento dos filhos
Embora não se trata de agressão direta ao outro cônjuge ele é atingido reflexamente pelo sofrimento dos filhos. 
e) Respeito e consideração mútuos
Esse dever é violado pela injúria grave e pela conduta desonrosa. 
2.2.2 Insuportabilidade Da Vida Em Comum
Como visto, um dos requisitos exigidos para a decretação da separação-sanção (além da prova da culpa) é a prova da insuportabilidade da vida em comum. 
Como dito, a só propositura da ação já demonstra que a vida em comum não é mais viável. O art. 1573 traz um rol exemplificativo. 
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos:
I - adultério;
II - tentativa de morte; (não é necessário a condenação no juízo criminal)
III - sevícia ou injúria grave;
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V - condenação por crime infamante;
VI - conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum.
Ao outro cônjuge cabe a prova da suportabilidade da vida conjugal. 
2.2.3 Ruptura Da Vida Em Comum E Doença Mental Grave
Ter sempre em mente o seguinte.
Separação-sanção discute-se culpa
Separação-remédio não discute-se culpa
As hipóteses do §1º e §2º do art. 1572 são separação-remédio (a separação-falência é espécie da separação-remédio). 
a) Separação-falência
É a que tem causa devido a falência da vida em comum. Exige separação de fato a mais de um ano (levar em conta sempre a EC 66).
Obs. Foi retirado o termo “consecutivo” da lei do divórcio, de modo que se pode interpretar que é possível a soma de períodos para chegar a essa um ano.
Exige também prova da impossibilidade de reconciliação. 
b) Separação-remédio propriamente dita
É a possibilidade de pedir a separação judicial por doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne insuportável o casamento, e que, após dois anos, seja considerada de improvável cura (CC art. 1572).
Foi suprimida da lei do divórcio a possibilidade que o juiz tinha de negar a separação se ela gerasse o agravamento do quadro de enfermidade (era a cláusula de dureza). 
Nesse caso, o cônjuge doente, que não pediu a separação, torna-se proprietário exclusivo dos bens que trouxe para o casamento e meeiro dos bens adquiridos posteriormente (art. 1572 paragrafo terceiro).
2.2.4 Separação De Corpos
A separação judicial gera como efeitos, a partilha dos bens e a separação de corpos. 
A separação de corpos pode ser requerida liminarmente, a título cautelar ou antecipatório. A partir da separação de corpos, seja liminarmente, seja na sentença, começa a fluir o prazo de um ano exigido para a conversão da separação em divórcio. 
IMPORTANTE!!! A lei Maria da Penha prevê a possibilidade de o juiz decretar a separação de corpos como medida protetiva de urgência.
2.3 PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
Esse capítulo sofreu reforma em 2008. 
Dispõe o art. 1583 que a guarda dos filhos será unilateral ou compartilhada.
a) guarda unilateral: atribuída a um só dos genitores ou alguém que o substitua (avô, p.ex.).
A guarda unilateral será deferida ao cônjuge que revele melhores condições de cuidar do filho e dar-lhe afeto, saúde, segurança e educação. Fica afastado assim, qualquer interpretação no sentido de que teria melhores condições o cônjuge com mais recursos financeiros. 
Para a definição da guarda unilateral não tem importância ter sido o cônjuge culpado, ou não. A guarda é deferida no interesse do filho. 
Ex. A mulher foi flagrada pelo marido em uma orgia com 10 encanadores fortões. Obviamente ela foi declarada culpada na separação-sanção. Mesmo assim, ela poderá ficar com a guarda dos filhos se ficar provado que ela tem melhores condições de cuidar das crianças.
IMPORTANTE!!! Se ficar verificado que nem o pai, nem a mãe tem condições de cuidar dos menores, a guarda será deferida a pessoa da família que seja compatível com o encargo, considerando, de preferência, o grau de parentesco e a relação de afinidade e afetividade (avô, p.ex.). 
A guarda admite revisão sempre no interesse do menor, não fazendo coisa julgada (na verdade faz coisa julgada, só que, se a situação fática mudou, poderá ser revista). 
O cônjuge que não ficou com a guarda dos filhos tem o direito de visitas. E mais, o cônjuge que não tem a guarda fica obrigado a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos (1583, §5º). 
Tal direito de visitas, entretanto, poderá ser restringido e até mesmo suspenso temporariamente se ficar provado que as visitas estão sendo prejudiciais aos filhos. 
Obs. A lei Mª da Penha prevê a suspensão do direito de visitas como medida protetiva de urgência. 
IMPORTANTE!!! A jurisprudência vem assegurando o direito dos avós visitarem os netos.
b) guarda compartilhada: responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe quando não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao exercício do poder familiar. Não significa que o filho dormirá uma noite com o pai e outra com a mãe. Ele terá um lar definido, com um ou com outro, mas ambos decidirão conjuntamente os rumos da vida do filho, sem a necessidade da intervenção do juiz regulando, por exemplo, as visitas etc. Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.    
O juiz deve incentivar a guarda compartilhada, sendo obrigado a, na audiência de conciliação, informar às partes de sua importância. 
Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. (paragrafo segundo do artigo 1584 CC).
Ficar atento à letra da lei:
Art. 1.583.  A guarda será unilateral ou compartilhada.        (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 1o  Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.        
§ 2o  Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos:        (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
I - (revogado);         (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
II - (revogado);         (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
III - (revogado);         (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 3º  Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.    (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 4o  (VETADO).        (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 5º  A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.     (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)
Art. 1.584.  A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá

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