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A FAMÍLIA E A MORTE

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A FAMÍLIA E A MORTE 
Baseado na apostila de Tanatologia on line - UNESA
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Lidar com um paciente terminal implica lidar com uma família com dúvidas, aflições e angústias. 
A possibilidade de perder um ente querido pode despertar toda sorte de sentimentos nos familiares.
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Nem sempre é possível curar o paciente. No entanto, aliviar seu sofrimento, assim como o de sua família, não só é possível como preciso.
A Equipe de Saúde deve compreender a dor vivenciada pelos familiares diante da possibilidade de uma separação definitiva que os levará a uma desestruturação e, por conseguinte a uma necessidade de adaptação à nova realidade.
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Os cuidados a serem dispensados à família do paciente terminal, começam durante a doença, quando ocorre o “luto antecipatório”, e se estendem após a morte do paciente.
A iminência de morte de um membro da família, principalmente se for de criança desestrutura o grupo familiar levando a explosão de intensos sentimentos de revolta, desespero, depressão e negação da realidade.
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Fortalecer o canal de comunicação entre a equipe e a família ajuda a resolver problemas emergentes e a aliviar a angústia.
Uma equipe equilibrada pode transmitir a ambos, família e paciente: calor humano, atenção e carinho, ajudando-os a ultrapassar o sofrimento diante da finitude.
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A família apresenta três níveis interrelacionados de equilíbrio:
Intrapsíquico: equilíbrio psíquico que cada membro busca. 
Interpessoal: membros da família em interrelação.
Social: família como uma unidade, influenciando e sendo influenciados pelo ambiente social ou extrafamiliar. O que ocorre com um membro da família afetará as respostas de outros membros.
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LUTO
Resposta saudável e normal nas situações de perda.
Conjunto de reações a uma perda significativa.
Segundo Freud, o luto é um momento necessário para a superação do processo da perda. 
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O luto não é somente a reação vivenciada diante da morte ou perda de um ser amado, mas também em outras perdas, como separações familiares, de amigos, conjugais. Lembranças de valores emocionais, como mudanças de casa e de país, remetem ao processo de luto. 
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Não é considerado patológico que necessite ser tratado, é um estado normal e extremamente penoso, caracterizado por:
falta de interesse pelo mundo externo, 
perda da capacidade de amar, 
inibição de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o objeto perdido. 
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Quanto maior o apego ao objeto perdido (que pode ser uma pessoa, animal, fase da vida, status social...) maior o sofrimento do luto. O luto tem diferentes formas de expressão em culturas distintas. (Bowlby) 
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Pode ser expresso sob a forma de diversos cores, que variam de país para país. 
África do Sul: vermelho. 
Egito: amarelo. 
Índia: castanho ou branco. 
Tailândia: roxo.
Irã: azul. 
China e Japão: branco.
Países cristãos: preto. 
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Alguns dos fatores que dificultam a aceitação da morte: 
• Desequilíbrio financeiro que o tratamento da doença ou a falta daquela pessoa podem acarretar à família; 
• Dificuldade da pessoa em aceitar cuidados; 
• História e elaboração de perdas anteriores e crenças com relação à morte; 
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Momento em que a morte ocorre no ciclo da vida, quanto mais jovem for o paciente, mais difícil será a aceitação de sua morte; 
• A morte súbita impede os familiares de elaborarem gradativamente o luto, ao contrário da morte prolongada. 
Apesar das diferenças entre as pessoas, a ordem em que os sentimentos aparecem durante o luto é bastante semelhante.
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1– Dormência Emocional
 Surge poucas horas depois de saber da morte de alguém querido, como se não acreditasse que aconteceu. Ocorre mesmo que a morte esteja sendo esperada. Se essa sensação de irrealidade durar muito tempo, pode se tornar um problema.
 O funeral é uma das maneiras de se ver a realidade e mentalmente dar o adeus àquela pessoa. Apesar de doloroso, se não for realizado poderá resultar em um sentimento de profundo pesar nos próximos anos.
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2– Inquietação ansiosa
Sensação de inquietação, de suspiros e de querer ter a pessoa morta de volta. Essa sensação torna difícil relaxar ou concentrar-se e pode dificultar dormir adequadamente. Os sonhos podem ser extremamente perturbadores.
 Intensa vontade de "ver" sua pessoa amada onde quer que estejam - na rua, no parque, ao redor da casa, principalmente nos lugares que passaram juntos. A fase de inquietação ansiosa pode ser dividida em outras sub- fases:
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a) Raiva
Dos profissionais que não impediram a morte, de amigos e parentes que não fizeram o suficiente para evitar a morte, ou mesmo da pessoa “deixou-se” morrer.
b) Culpa
Pensam em tudo o que gostariam de ter dito ou feito para a pessoa falecida, em coisas capazes de ter evitado a morte. Também têm culpa pela sensação de alívio emocional que sentem depois daquela morte, geralmente depois de uma doença crônica, demorada e dolorosa. Este sentimento de alívio é muito natural, extremamente compreensível e comum.
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3– Tristeza ou Depressão
Diminuindo a inquietação ansiosa, os períodos de depressão podem aparecer e atingem o seu auge entre quatro e seis semanas. Crises de aflição podem ocorrer a qualquer momento, desencadeadas por qualquer coisa capaz de lembrar a pessoa morta.
Com o passar do tempo, diminuem os sintomas depressivos e a pessoa sente ser possível começar a pensar em outras coisas, e pensar no futuro. No entanto, a sensação de ter perdido uma parte de si mesmo costuma demorar muito tempo ainda ou nunca desaparecer totalmente
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Reações consideradas normais no luto: • Sensações físicas: sensação de vazio no estômago; aperto no peito; nó na garganta; extrema sensibilidade ao barulho; sentimento de irrealidade e despersonalização; respiração curta; falta de ar; fraqueza muscular; baixa energia e secura na boca;
 • Sentimentos: frustração, dor, sofrimento, revolta, etc. 
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 Cognições ou padrões diferentes de pensamento: descrença (reação inicial numa função protetora), confusão, preocupação, sensação de presença e alucinações (ex: ouvir a voz do falecido ou achar ter visto sua imagem);
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 Comportamentos associados: distúrbios do sono, do apetite, comportamento aéreo, tendência a esquecer das coisas, isolamento social, sonhos com a pessoa que faleceu, evitação de coisas que lembrem o morto, procurar e chamar pela pessoa, suspiros, hiperatividade, choro, dentre outros. 
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 A insensibilidade pode manifestar-se como um período de indiferença que não deve persistir por mais de duas semanas. Intelectualmente, há uma conformidade com o que aconteceu, mas sem estar acompanhado de sentimento. A sensação para a pessoa é de um sonho, pois se sente perdida e irreal.
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FASES DO LUTO:
Antes de uma pessoa em luto se sentir plena ou cicatrizada, ela geralmente passa por 4 fases: 
1. Choque: Se sente atordoada ou adormecida
2. Negação ou procura: estado de incredulidade; 
"por que isto aconteceu?" "por que eu não evitei isto?" ; maneiras para manter a pessoa amada ou a perda consigo; pensa ver ou ouvir a pessoa perdida. 
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3. Sofrimento e desorganização. 
Sentimentos: culpa, depressão, ansiedade, solidão, medo, hostilidade. 
Culpar qualquer um ou qualquer coisa pelo ocorrido, incluindo a si mesma. 
Sintomas físicos: dor de cabeça, dor de estômago, cansaço constante e falta de ar. 
Afastamento dos contatos sociais e da sua rotina 
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4. Recuperação e aceitação. 
Começa a olhar para o futuro em vez de se concentrar no passado. 
Ajusta-se à realidade da perda 
Desenvolve novos relacionamentos 
Desenvolve uma atitude positiva 
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Processos importantes na elaboração do luto:
(a) reconhecer o luto, 
(b) reagir à separação, 
(c) recolher e reviver as experiências com a pessoa perdida, 
(d) abandonar ou se desligar de relações antigas, 
(e) reajustar-se a uma nova situação, 
(f)
reinvestir energia em novas relações. 
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O tipo de morte pode afetar a forma de elaboração do luto: suicídios e acidentes são as mais graves, pelos aspectos da violência e culpa que provocam. 
As mortes de longa duração, com muito sofrimento podem também ser desgastantes. 
Deve ser considerada a relação anterior com o falecido, principalmente a que envolve ambivalência e dependência, problemas mentais e a percepção da falta de apoio social. 
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O luto complicado pode se manifestar por sintomas físicos e mentais. Em muitos casos é difícil separar um processo de luto complicado e a presença de problemas mentais. Esta diferenciação é fundamental ao se pensar nas formas mais adequadas de cuidado. 
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Os indícios de um luto complicado incluem:
→ não conseguir falar do morto sem se fazer acompanhar de sentimentos intensos; → pequenos fatos desencadeiam intensa reação de luto; → não querer mexer com os pertences do morto; → apresentar sintomas físicos iguais àqueles que o morto sentia; 
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→ fazer mudanças radicais no estilo de vida no pós-perda ou excluir de seu relacionamento pessoas com as quais convivia antes da perda; → apresentar depressão (doença) ou euforia (extrema reação de bem-estar com ideias ou reações fora da realidade); → apresentar impulsos autodestrutivos numa variedade de situações; 
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→ como uma compensação pela perda, identifica-se com o morto, e tem uma compulsão por imitá-lo; → tristeza não justificada em datas que passava com o morto, como feriados e aniversários; → apresentar fobia de alguma doença ou morte relacionada ao acontecimento com o morto; → falta de contato com o que cercou a morte, tais como participação em rituais e visitas ao túmulo. 
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Alguns fatores sociais que dificultam a elaboração do luto atualmente:
1) Aumento da industrialização, urbanização e avanço da tecnologia interditam o tema morte e desvalorizam os ritos funerários.
2) Aumento do número de mortes violentas, acidentes, abuso de drogas.
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3) Prolongamento do processo de morte de doentes crônicos, às vezes com degeneração corporal causam desgaste físico e psíquico nos familiares. Podem surgir sentimentos ambivalentes: tristeza e alívio; tristeza e raiva.
4) Luto não autorizado.
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