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4 DOS CONTRATOS

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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – Dezembro de 2016
DOS CONTRATOS 
NOÇÃO GERAL DE CONTRATOS
1- CONCEITO
Contrato é fonte de obrigação. Os fatos humanos que o CC 2002 consideram geradores de obrigação são:
Contratos
Declarações unilaterais de vontade
Atos ilícitos dolosos ou culposos
Contrato é o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. Constitui o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral. 
2- CONDIÇÕES DE VALIDADE
Os requisitos ou condições de validade são de duas espécies:
DE ORDEM GERAL, comum a todos os atos e negócios jurídicos, como a: 
I) Capacidade do agente: negócios são nulos ou anuláveis se a incapacidade for absoluta ou relativa e não suprida pela assistência ou representação. 
II) Objeto lícito, possível, determinável ou determinado: lícito, não atentar contra a lei, moral ou os bons costumes. Impossibilidade física ou jurídica. O negócio deve ter objeto determinado ou ao menos determinável, não o tendo será nulo.
III) Forma prescrita ou não defesa em lei. Em regra, a forma é livre, a não ser nos casos em que a lei determina uma forma específica para dar mais segurança ao negócio.
De ordem especial, específico dos contratos: o consentimento recíproco ou acordo de vontades. Deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter sua validade afetada pelos vícios do negócio (coação, dolo, lesão e etc.). A manifestação pode ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa. 
IMPORTANTE!!! Como contrato é um acordo de vontades, NÃO se admite a existência de contrato consigo mesmo. O que há, na realidade, são contratos que se assemelham a contrato dessa natureza, como ocorre no cumprimento de mandato em causa própria. 
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
3- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CONTRATO
Os mais importantes princípios do direito contratual são: 
Princípio da AUTONOMIA DA VONTADE: Significa ampla liberdade de contratar. Tem as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. Podem celebrar contratos nominados ou também inominados. 
Princípio da SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA: Limita o da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse da ordem pública. 
Obs. Dirigismo contratual. Intervenção estatal no contrato, limitando a autonomia privada, para garantir a supremacia do interesse público. 
Princípio do CONSENSUALISMO: Decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega de coisa. 
Ex. A compra e venda torna-se obrigatória desde que as partes acordem no objeto e no preço, independentemente da entrega da coisa. 
Os contratos são em regras consensuais. Alguns poucos, no entanto são reais, porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subseqüente ao acordo de vontades. Ex. Depósito, comodato, mútuo e etc.
Princípio da RELATIVIDADE DOS CONTRATOS: Funda-se na ideia de que os efeitos dos contratos só se produzem em relação às partes, não afetando terceiros, salvo algumas exceções, tais como:
Ex1. Contrato com pessoa a declarar: tal contrato, regulado a partir do art. 467, traduz uma promessa de fato de terceiro. Nesse contrato há uma cláusula declarando que quem vai assumir o ônus do contrato é outra pessoa, que não os contraentes. 
Ex2. Estipulação em favor de terceiro: e exemplo do seguro de vida. Na estipulação em favor de terceiro o terceiro assume o bônus do contrato. 
IMPORTANTE!!! TUTELA EXTERNA DO CRÉDITO ou teoria do terceiro cúmplice. 
A TEORIA DO TERCEIRO CÚMPLICE decorre da interferência ilícita do terceiro em negócios jurídicos alheios, por meio da indução ao inadimplemento. 
Segundo a doutrina da eficácia externa das obrigações (teoria do terceiro cúmplice), admite-se além de um efeito interno das obrigações, dirigido contra o devedor e em todo o caso primacial, um efeito externo, traduzido no dever imposto às restantes pessoas de respeitar o direito do credor, ou seja, de não impedir ou dificultar o cumprimento da obrigação.
A função social do contrato dá substrato à teoria da tutela externa do crédito, permitindo a responsabilização, a título extracontratual, do terceiro que participa juntamente com o devedor, por meio da celebração de um contrato sucessivo e incompatível, da lesão a um crédito alheio. Tal contrato, porque celebrado pelo terceiro que tinha ciência da sua incompatibilidade (material ou jurídica) com um contrato anterior, configura hipótese de abuso de direito, especificamente, de abuso da liberdade de contratar, a ser coibida com fundamento no art. 421 (A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato).
No Código Civil Brasileiro essa teoria encontra previsão expressa no art. 608, o qual dispõe que "aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos".
Ex. Caso Zeca Pagodinho x Nova Schin x AMBEV. No contrato entre Zeca e Nova Schin, a AMBEV se intrometeu, violando o primeiro contrato. A AMBEV, terceiro que interferiu no contrato, será responsabilizada. Mesmo se isso ocorrer após o fim do contrato, porque a boa-fé vale antes, durante e após o contrato (dever anexo).
Princípio da OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS: Representa a força vinculante das convenções. Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. Os que fizerem, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo. 
Tem por fundamentos: 1) necessidade de segurança nos negócios e 2) intangibilidade ou imutabilidade do contrato, o acordo de vontade faz lei entre as partes (pacta sunt servanda), não podendo ser alterado nem pelo juiz. Qualquer modificação deve ser bilateral. Esse princípio tem como limite a escusa por caso fortuito ou força maior.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
Princípio da REVISÃO DOS CONTRATOS ou da ONEROSIDADE EXCESSIVA: opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permitem aos contratantes recorrerem ao judiciário para obter alteração da convenção e condições mais humanas, se a prestação se tornar excessivamente onerosa em virtude de acontecimentos extraordinários E imprevisíveis. Constitui aplicação da antiga clausula rebus sic stantibus e da teoria da imprevisão. 
Da Resolução por ONEROSIDADE EXCESSIVA
Art. 478. Nos contratos de EXECUÇÃO CONTINUADA OU DIFERIDA, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá (DEVERÁ) ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
	
IMPORTANTE!!! Cláusula rebus sic stantibus. Consiste basicamente em presumir que nos CONTRATOS COMUTATIVOS, de TRATO SUCESSIVO E DE EXECUÇÃO DIFERIDA, há existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade de situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários, que tornem excessivamenteoneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação parcial ou totalmente. 
No Brasil recebeu o nome de TEORIA DA IMPREVISÃO, pois inclui como requisito a imprevisibilidade. Portanto, não é suficiente que o fato seja extraordinário para justificar a alteração contratual. Passou a ser exigível também que fosse imprevisível. 
A teoria da imprevisão é a doutrina que sustenta a possibilidade de revisão ou resolução de contrato, caso acontecimento superveniente e imprevisível, desequilibrando a base econômica do negócio, imponha a uma das partes onerosidade excessiva.
Perceber que a teoria da imprevisão vai ao encontro da função social do contrato.
IMPORTANTE!!! A APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO tem como requisitos: 
a) vigência de um contrato comutativo e de execução diferida ou de trato sucessivo, 
b) ocorrência de fato extraordinário e imprevisível, 
c) considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração e 
d) onerosidade excessiva para um dos contratantes e vantagem excessiva para o outro.
IMPORTANTE!!! Não se aplicam aos contratos aleatórios, porque estes envolvem um risco, salvo se o imprevisível decorrer de fatores estranhos ao risco próprio do contrato.
#Qual é a diferença entre lesão e teoria da imprevisão? 
A lesão é um defeito invalidante do negócio jurídico, caracterizado por um desequilíbrio prestacional que acompanha o surgimento do próprio negócio; já na teoria da imprevisão, não se cuida de invalidar o negócio, mas sim, revisá-lo ou resolve-lo, caso a avença haja se desequilibrado após a sua conclusão. 
IMPORTANTÍSSIMO!!!! No DIREITO DO CONSUMIDOR NÃO se aplica a teoria da imprevisão. O que se aplica é a TEORIA DO ROMPIMENTO DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO, porque no CDC, para favorecer o consumidor, o legislador não exigiu a imprevisibilidade do acontecimento. (art. 6, V do CDC). 
g) Principio da BOA-FÉ: é uma cláusula geral, de natureza principiológica, impositiva de eticidade nas relações jurídicas. A boa-fé objetiva é uma regra de conteúdo ético e exigibilidade jurídica. Trata-se de uma cláusula geral do direito (de todos os ramos). 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé (antes, durante e depois do contrato).
 
Guarda relação com o princípio segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. 
IMPORTANTE!!! Decorre do principio da boa fé a exigência de que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. 
FUNÇÕES da boa-fé objetiva: 
I) Função interpretativa: a boa-fé objetiva auxiliar o juiz a interpretar o contrato. Quando o juiz interpreta um contrato, ele deve extrair eticidade.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
II) Venire contra factum proprium, vedação de que a parte exerça uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente. 
Enunciado 362 IV JDC,
“a vedação do comportamento contraditório funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos artigos 187 e 422 CC”
III) Função constitutiva de deveres anexos ou de proteção: a boa-fé normatiza direito anexos, presentes implicitamente em qualquer contrato, cujo descumprimento também gera responsabilidade civil. São deveres invisíveis. 
Obs. Esses deveres anexos decorrentes da boa-fé objetiva são tão relevantes que o enunciado 24 da primeira jornada de direito civil estabeleceu que, em caso de descumprimento, a responsabilidade civil é objetiva.
São deveres anexos decorrentes da boa-fé objetiva: dever de guarda dos automóveis nos estacionamentos das lojas; dever do advogado de dar ao seu cliente ciência do risco do processo; dever de sigilo; dever de informação (é imperativo ético-jurídico prestar as informações devidas ao outro contratante, sob pena de responsabilidade civil, o venire contra factum proprium, o duty to mitigate the loss entre outros).
IMPORTANTE!!! O descumprimento desses deveres anexos é denominado pela doutrina de violação POSITIVA do contrato (ou adimplemento ruim). 
O princípio da boa-fé se projeta também na fase pós-contratual e pré-contratual. 
Obs. Fase pré-contratual (ou de puntuação, ou punctação) são as negociações preliminares, a redação da minuta. Nessa fase também se aplica a boa-fé. 
IMPORTANTE!!! “Leading case”. Cica X agricultores de tomate do RS. Todos os anos os agricultores plantavam tomates e depois assinavam contrato. Um belo ano a empresa se negou a assinar. A jurisprudência do RS entendeu que houve quebra da boa-fé pré-contratual, havia justa expectativa de celebrar o contrato. 
Obs. Fase pós-contratual. Após a execução do contrato também deve existir boa-fé.
Ex. Zeca pagodinho X Nova Schin x AMBEV.
h) Princípio da FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO: é uma cláusula geral (ordem ao juiz para complementar, preencher essa cláusula geral à luz do caso concreto). 
IMPORTANTE!!! As cláusulas gerais são exemplo de como o efeito irradiador dos direitos fundamentais se dá. Por meio das cláusulas gerais os direitos fundamentais se aplicam às relações entre os particulares (eficácia horizontal indireta dos direitos fundamentais).
O CC/02 traz uma cláusula expressa para a função social do contrato 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
A função social é uma contenção da liberdade de contratar, é uma limitação à autonomia da vontade (dirigismo contratual). 
Por ser uma cláusula geral, é extremamente aberta. 
A doutrina especializada na função social costuma afirmar que esse princípio se projeta em dois níveis: intrínseco e extrínseco ao contrato (ou seja, dentro e fora da relação processual).
No nível intrínseco, a função social determina equilíbrio e lealdade no contrato (ligação com o princípio da boa-fé objetiva e da equivalência material). Ex. Redução de uma multa abusiva (ver Resp 476649/SP - o STJ, aplicando a função social, determinou que no caso da mora no pagamento da mensalidade escolar cabe multa não de 10% mas de 2%). 
No nível extrínseco, significa que todo contrato deve respeitar valores sociais constitucionalmente tutelados. Ex. Contrato deve respeitar o meio ambiente. Ex2. Empresa “A” resolve contratar uma empresa de publicidade, a empresa B. Internamente, o contrato estava perfeito e adequado. Ocorre, porém, que o objeto do contrato era publicidade enganosa. Trata-se de contrato que viola a sua função social, no aspecto externo. 
Súmula: 302 - STJ É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. (FERE A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO)
4- CONCEITOS FUNDAMENTAIS RELATIVOS AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL E DA BOA-FÉ OBJETIVA
IMPORTANTÍSSIMO!!!!
1) DUTY TO MITIGATE THE LOSS: conceito norte americano que traduz a regra de que a parte, na relação obrigacional, deve atuar em respeito à boa-fé para atenuar o dano evitável. A vítima tem o dever de fazer tudo o que pode para atenuar o dano. Se a parte que teve a oportunidade de atuar não atuou, ela não ganha indenização pelos danos que não evitou. 
2) VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM (teoria dos atos próprios): Significa que, em respeito a boa-fé e a confiança, proíbe-se comportamento contraditório (a supressio e a surrectio encontram fundamento no venire). A pessoa não pode adotar dois comportamentos incompatíveis entre si (mesmo que formalmente lícito).
Ex. STF - Mulher que deixa de assinar contrato de promessa de compra e venda juntamente com o marido, porém reconhece a validade do contrato, não pode depois se negar a celebrar o contrato principal. 
3) CLÁUSULA DE ESTOPPEL: é uma aplicação do venire aos Estados soberanos nas relações internacionais. Ex. Caso da Bolívia, que estatizouda Petrobras, mesmo depois de ter, durante anos, incentivado a presença de Petrobras. 
4) TU QUOQUE: a frase completa é “tu quoque brute, mi fille” (até tu, Brutus, meu filho). É o conceito que, à luz especialmente do princípio da confiança, impede, na relação contratual que a parte seja surpreendida. Porque a surpresa viola a confiança (Julio César se surpreendeu ao ver que seu filho Brutus o esfaqueava). 
5- PACTOS SUCESSÓRIOS
Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva, dispõe o art. 426 CC (proibição ao pacta corvina).
O nosso ordenamento só admite duas formas de sucessão causa mortis: a legítima e a testamentária. Somente a partilha inter vivos pode ser considerado exceção a essa norma.
6- FORMAÇÃO DO CONTRATO
Passada a fase de puntuação (negociações preliminares) uma das partes faz a proposta a outra parte (quem faz a proposta é chamado de proponente ou policitante; a outra parte é o aceitante ou oblato) o oblato aceita o encontro da proposta e da aceitação é o coração do contrato. 
IMPORTANTE!!! Nas negociações preliminares não há manifestação de vontade, portanto, não há nenhuma vinculação ao negócio. Não há responsabilidade por perdas e danos em caso de desinteresse. Mas se ficar demonstrada deliberada intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contratante, tal responsabilidade ocorrerá. E o fundamento de tal responsabilidade não é o descumprimento contratual, mas sim a PRÁTICA DE UM ATO ILÍCITO (186 CC).
Obs. No CDC vige o princípio da vinculação, muito mais do que no CC. Lá a proposta vincula mesmo. 
No CC, existem situações em que a proposta deixa de ser obrigatória (artigos 427 e 428) e para o seu adequado entendimento faz-se necessário entender a diferença entre a formação do contrato entre presentes e ausentes.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente (REGRA), se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso (EXCEÇAO).
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Então, a proposta, como regra, obriga o proponente. Tal regra comporta uma série de exceções. 
IMPORTANTE!!! No CDC o efeito vinculativo da proposta é muito mais forte do que no CC, pois normalmente se dirige a pessoas indeterminadas. A recusa indevida de dar cumprimento a proposta da ensejo a execução específica (CDC art. 35), podendo o consumidor optar, em seu lugar, por aceitar outro produto, rescindir o contrato e pedir perdas e danos.
- Pessoas presentes: são aquelas que mantêm contato imediato e simultâneo (também no telefone, no MSN. Tem que haver simultaneidade).
- Pessoas ausentes: não há imediatidade (Ex. Carta e e-mail).
Dispõe o art. 429 CC: 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
6.1 FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ENTRE AUSENTES
Entre presentes, os contratos reputam-se concluídos no momento da aceitação. 
Entre ausentes, por correspondência ou intermediário, a resposta passa por três fases. 
Divergem os autores a respeito da conclusão do negócio.
Existem duas correntes: 
1ª - Corrente da cognição: sustenta que o contrato só se forma quando o proponente/ policitante toma conhecimento da resposta (não defender essa).
2ª - Corrente da agnição: dispensa que o proponente/policitante tome conhecimento da resposta. Subdivide-se em:
a) teoria da declaração propriamente dita: o contrato se forma quando o aceitante declara que aceitou, intimamente (teoria fraca). 
b) teoria da expedição: o contrato se forma não quando a resposta é declarada, mas sim quando a resposta é expedida. 
c) teoria da recepção**: o contrato só se forma quando a resposta é recebida pelo proponente. Ex. No protocolo da empresa.
Parte da doutrina, capitaneada por Bevilaqcua sustenta a teoria da expedição. 
Outros entendem que a teoria da recepção é a melhor (Carlos Roberto Gonçalves e Pablo). O enunciado 173 da 3ª jornada de direito civil consagrou essa teoria para a contratação eletrônica.
Os art. 433 e 434 indicam a corrente da recepção:
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
 
IMPORTANTE!!! Interpretando o art. 434, I c/c o art. 433, podemos concluir que, em verdade, o contrato não se forma quando a aceitação é expedida, mas sim quando é recebida sem arrependimento do aceitante.
Obs. Se o CC tivesse realmente adotado a teoria da expedição o art. 433 não poderia existir, pois uma vez aceita e expedida a proposta o contrato já estaria perfeito, inadmitindo retratação unilateral sem perdas e danos à outra parte. 
7- LUGAR DA CELEBRAÇÃO
Considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi proposto (art. 435). 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Ex. Estou em Vitória e faço, por e-mail, uma proposta de contrato de promessa de locação da casa da João em diamantina, para o carnaval. Ele me responde aceitando a proposta. Considera-se celebrado o contrato de promessa de locação aqui em Vitória, onde foi PROPOSTO. 
8- IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
Resolve-se a obrigação quando se torna impossível seu cumprimento (art. 106 CC), uma vez que ninguém pode fazer o impossível. A resolução só ocorre, porém, se a impossibilidade for absoluta, isto é, alcançar todas as pessoas.
CAPÍTULO II
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
1- QUANTO AOS EFEITOS
UNILATERAIS, BILATERAIS E PLURILATERAIS.
Unilaterais são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura por exemplo.
Bilaterais são os que geram obrigações para ambos os contratantes, como por exemplo a compra e venda. Contém obrigações recíprocas, por isso denominados de sinalagmáticos. 
Plurilaterais são os contratos que contem mais de duas partes. Ex. Contrato de sociedade.
Obs. Essa classificação (unilaterais e bilaterais) não é feita sob o prisma da formação dos contratos (quantidade de pessoas), mas sim sobre quais pessoas recaem os efeitos que acarretam!!!! Os que geram obrigações recíprocas são bilaterais e os que geram obrigações unicamente para um dos contratantes são unilaterais. 
IMPORTANTE!!! Contrato bilateral imperfeito é contrato unilateral que, por circunstância acidental, ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o contratante que não se comprometera. 
1.2 DISPOSIÇÃO SOBRE OS CONTRATOS BILATERAIS
Preceitua o art. 476 CC.
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
É uma aplicação da regra do tu quoque. 
Trata-se de uma defesa de mérito que uma parte, cobrada em sua prestação, opõe à outra que ainda não cumpriu a sua (exceptio non adimplenti contractus). 
Quando as prestações forem sucessivas, não pode ser oposta pela parte que caiba o primeiro passo. Se ambas se mostram inadimplentes, impõe-se a resolução do contrato, comrestituição das partes ao estado anterior.
#Se uma parte cumpriu com defeito sua prestação, a outra pode opor a exceção de contrato não cumprido?
Ele pode sim se defender, mas trata-se da exceptio non rite adimpleti contractus. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! #Pode haver renúncia à exceptio?
Sim, é possível renunciar a excepetio, trata-se da chamada CLÁUSULA SOLVE ET REPETE. A clausula solve et repete excepciona a exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não cumprido). 
A cláusula solve et repete, que significa “pague e depois reclame”, é uma renúncia à exceção de contrato não cumprido (artigos 476 e 477 do Código Civil) uma vez que, se convencionada, o contratante estará renunciando à defesa, podendo ser compelido a pagar, independentemente do cumprimento da primeira prestação. Essa cláusula é comum na lei de licitações nos contratos administrativos, em que se tem as cláusulas de exorbitância que visam proteger a Administração Pública, e, por conseguinte, a coletividade.
  
Em alguns contratos, a cláusula solve et repete não tem validade, como por exemplos artigos 424 do Código Civil e 51 do Código de Defesa do Consumidor.
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Lembrar!!! Nas relações de consumo deve ser evitada, em razão da cominação da nulidade de toda cláusula que coloque o consumidor em desvantagem exagerada. (art. 51 CDC).
IMPORTANTE!!! Contra o estado, durante os primeiros 90 dias, é utilizado a cláusula solve et repete.
O CC prevê uma garantia de execução da OBRIGAÇÃO A PRAZO, nos seguintes termos.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Procura-se acautelar os interesses do que deve pagar em primeiro lugar, protegendo-o contra alterações da situação patrimonial do outro contratante. 
O art. 475 admite o reconhecimento do inadimplemento como condição resolutiva.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Obs. Por isso se diz que todo contrato bilateral contém uma CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA (inadimplemento).
Verifica-se do exposto, que o contratante pontual pode, ante o inadimplemento do outro, a seu critério, tomar três atitudes: a) permanecer inerte e defender-se, caso acionado, com a exceção do contrato não cumprido, b) pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos, provando o prejuízo sofrido e c) exigir o cumprimento contratual, quando possível a execução específica.
1.2.1 Distrato e quitação
Distrato é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um contrato anteriormente celebrado. 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
O distrato deve obedecer a mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for livre. Os efeitos do distrato são ex nunc, não se desfazendo os anteriormente produzidos.
A quitação vale, porém, qualquer que seja a sua forma. Não precisa obedecer a mesma forma do contrato. Entretanto, o art. 320 CC exige que a quitação tenha a assinatura do credor, devendo assim ser escrita.
1.3 CONTRATOS GRATUITOS (BENÉFICOS) E ONEROSOS
Gratuitos ou benéficos são os contratos em que apenas uma das partes aufere beneficio ou vantagem. Para outra há só obrigação. Ex. Doações puras.
Nos onerosos ambos os contratantes obtém proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Ex. Compra e venda. Ambos buscam um proveito ao qual corresponde um sacrifício.
A doutrina distingue os gratuitos propriamente ditos dos contratos desinteressados. Aqueles acarretam uma diminuição patrimonial a uma das partes (doação pura), estes não produzem esse efeito, malgrado beneficiem a outra parte (mútuo, comodato). 
1.4 CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS
Os contratos onerosos se se subdividem em comutativos e aleatórios. 
COMUTATIVOS são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrente de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.
ALEATÓRIOS são os que se caracterizam pela incerteza para ambas as partes. Os contratos de jogo, aposta e seguro são aleatórios por natureza, porque o risco lhe é peculiar. É que a perda e o lucro dependem de um fato futuro e imprevisível.
Os contratos tipicamente comutativos, que se tornam aleatórios em razão de certas circunstâncias, denominam-se acidentalmente aleatórios e são de duas espécies:
 
Venda de coisas futuras e 
Venda de coisas existentes, mas exposta a risco.
Nos que tem por objeto coisas futura, o risco pode referir-se: 
a) A própria existência da coisa (emptio spei, probabilidade de as coisas ou fatos existirem)
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
b) A sua quantidade (emptio rei speratae, ou venda da coisa esperada).
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Se vier a existir alguma quantidade, por menor que seja, o contrato deve ser cumprido, tendo o vendedor o direito a todo preço ajustado.
A venda de coisa já existente, mas sujeita a perecimento ou depreciação é disciplinada no art. 460 CC.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
É valida mesmo que a coisa já tenha perecido na data do contrato. Se, contudo, o alienante sabia do perecimento, a alienação pode ser anulada como dolosa pelo lesado. Ex. Venda de mercadoria que está sendo transportada por navio, em que o comprador assume o risco.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a CONSUMAÇÃO do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
2- QUANTO A FORMAÇÃO
Podem ser paritários, de adesão ou contrato-tipo.
Paritários são os contratos do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em pé de igualdade (par a par – gré a gré). 
De adesão. São os que NÃO permitem essa liberdade (acima), devida a preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas cláusulas. O outro adere ao modelo previamente confeccionado, não podendo modificá-las. O CC resguarda a posição do aderente.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
O CDC conceitua o contrato de adesão da seguinte forma:
Art. 54. CONTRATO DE ADESÃO é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela AUTORIDADE COMPETENTE ou ESTABELECIDAS UNILATERALMENTE PELO FORNECEDOR de produtos ou serviços, sem que o consumidor possadiscutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.
§ 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. 
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Contrato-tipo (de massa ou por formulários). Aproxima-se do contrato de adesão, porque é apresentado em fórmula impressa ou datilografada, mas dele difere porque admite discussão sobre o seu conteúdo. Em geral são deixados claros, a serem preenchidos pelo concurso de vontade. 
3- QUANTO AO MOMENTO
Podem ser de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo.
De EXECUÇÃO INSTANTÂNEA são os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração. Ex. Compra e venda a vista.
De EXECUÇÃO DIFERIDA são os que devem ser cumpridos também num só ato, mas em momento futuro.
De EXECUÇÃO CONTINUADA OU DE TRATO SUCESSIVO são os que se cumprem por meio de atos reiterados.
4- QUANTO AO AGENTE
Podem ser personalíssimos ou impessoais.
Personalíssimos ou intuito personae são os celebrados em atenção as qualidades pessoais de um dos contratantes. O obrigado não pode se fazer substituir por outrem, pois suas qualidades tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante. As obrigações personalíssimas são intransmissíveis aos sucessores.
Contratos impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro. O importante é que seja executada, pois seu objeto não requer qualidades especiais do devedor.
5- QUANTO AO MODO
	
Podem ser principais, acessórios ou derivados (sub-contratos).
Principais são os que têm existência própria e não dependem da existência de qualquer outro.
Acessório são os que têm existência subordinada a do contrato principal. Ex. Fiança, cláusula penal.
Derivados ou sub contratos são os que tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal. Ex. Sublocação e subempreitada.
6- QUANTO A FORMA
Podem ser solene, não solene, consensuais e reais.
Solenes são os que devem estabelecer a forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando esta é da substância do ato, diz-se que é ad solemnitatem.
Não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para sua formação, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. Por isso são também chamados de consensuais. Em regra a forma dos contratos é livre, podendo ser até celebrado verbalmente se a lei não exigir forma especial.
Reais são os que se opõe aos consensuais ou não solenes. São os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto (depósito, comodato, mútuo). Todos os reais são também unilaterais.
7- QUANTO AO OBJETO
Podem ser preliminares ou definitivos.
Preliminares, pactum de contrahendo, ou pré-contrato. É o que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Tem, portanto um único objeto. Quando este é um imóvel é denominado promessa de compra e venda, se irretratável e irrevogável. Quando gera obrigação para apenas uma das partes chama-se opção. Ex. Opção de compra e opção de venda.
Lembrar!!! O contrato de compra e venda é um contrato preliminar, mas não é um contrato acessório (é principal). 
Definitivo são os contratos que tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada um. 
O CC regula o contrato preliminar nos arts. 462 a 466, destacam-se:
Art. 462. O contrato preliminar, EXCETO quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
8- QUANTO A DESIGNAÇÃO
Podem ser:
Nominados, são os que tem designação própria. E inominados são os que não têm.
Típicos são os regulados pela lei, os que têm na lei seu perfil traçado. Atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo suas características e requisitos regulados na lei. 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
O contrato também pode ser misto. Resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela vontade dos contratantes. O contrato coligado não se confunde com o misto, pois constitui uma pluralidade, em que vários contratos celebrados pelas partes apresentam-se interligados. Ex. Contratos de posto de gasolina.
9- CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR
No momento da CONCLUSÃO do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Art. 467. No MOMENTO DA CONCLUSÃO do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
É comum nos compromissos de compra e venda de imóveis, nos quais o promissário comprador reserva-se a opção de receber a escritura definitiva ou indicar terceiro para nela figurar como adquirente.
É regulado pelos seguintes artigos.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
CAPÍTULO III
DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO
Ocorre quando uma pessoa convenciona com outra que esta concederá uma vantagem ou um beneficio em favor de terceiro, que não é parte do contrato. Constitui EXCEÇÃO ao princípio da relatividade dos contratos. 
Figuram três personagens: o estipulante, o promitente e o beneficiário. A capacidade só é exigida em relação aos dois primeiros, qualquer pessoa pode ser beneficiária.
Tem natureza jurídica de contrato sui generis porque a prestação é realizada em benefício de quem não participa da avença. Ex. Seguro de vida. 
O terceiro deve ser determinável, podendo ser futuro, como a prole eventual. A gratuidade do benefício é essencial, não podendo ser imposta contraprestação ao terceiro.
Regulado pelos seguintes dispositivos:
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Art.438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
CAPÍTULO IV
DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO
Caracteriza-se quando uma pessoa se compromete com outra a obter prestação de fato de um terceiro. 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Trata-se de obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Aquele que promete fato de terceiro assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação prometida. Não subsistirá a responsabilidade se o terceiro se comprometeu e depois não cumpriu a prestação, ou se este for cônjuge do promitente, nas condições mencionadas no art. 439 §único CC.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
CAPÍTULO V 
DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS
1- CONCEITO
VÍCIO REDIBITÓRIO é o defeito oculto em virtude de coisa recebida em contrato comutativo, que diminui o valor da coisa ou prejudica a sua utilização. Trata-se de vício NÃO aparente. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de CONTRATO COMUTATIVO pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
O fundamento jurídico do vício redibitório encontra-se no princípio da garantia, segundo o qual todo alienante deve assegurar, ao adquirente, a título oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os fins a que é destinada.
IMPORTANTE!!! A ignorância do vício pelo alienante não o exime de responsabilidade, salvo se esta foi expressamente excluída de comum acordo. Se os conhecia, além de restituir o que recebeu, responderá também por perdas e danos. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
De acordo com o art. 444, “a responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.”
IMPORTANTE!!! O vício redibitório é o defeito na coisa, ao passo que o erro traduz um vício psicológico na vontade do declarante. 
Obs. Diferentemente do que fez com a evicção, o CC não previu a garantia do vício redibitório em hasta pública. 
2- AÇÕES EDILÍCIAS
Ações edilícias são as ações de que dispõe o adquirente da coisa com vício redibitório. Existem duas espécies de ações edilícias:
a) AÇÃO REDIBITÓRIA: o autor pede o desfazimento do contrato, rejeitando a coisa. 
b) AÇÃO QUANTI MINORIS ou AÇÃO ESTIMATÓRIA: o autor fica com a coisa defeituosa e pede o abatimento do preço, proporcional ao vício.
IMPORTANTE!!! O alienante só paga perdas e danos se sabia do defeito da coisa e de má-fé silenciou-se (é uma sanção pela quebra da boa-fé, da eticidade). 
Obs. Não confundir os prazos do CDC (30 - não durável, ou 90 - durável) com os prazos do CC (art. 445. Garantia legal). 
Art. 445. O adquirente DECAI (prazo decadencial) do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de TRINTA DIAS se a coisa for MÓVEL, e de UM ANO se for IMÓVEL, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
30 dias coisa móvel 15 dias se já estava na posse
1 ano coisa imóvel 6 meses se já estava na posse
IMPORTANTE!!! Se o adquirente já estava na posse do bem o CC reduz os prazos pela metade, porque pressupõe que o adquirente já tinha condições para perceber o vício redibitório. 
IMPORTANTE!!! §1º. Vício que por sua natureza só puder ser conhecido mais tarde, conta da data da ciência do vício:
180 dias móvel
1 ano imóvel
#Durante o prazo de vigência da garantia contratual a garantia legal fica paralisada ou também se consuma?
Nesse caso o CDC segue o CC por analogia, art. 446: o prazo de garantia legal fica paralisado até o fim do prazo contratual. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Obs. A luz do princípio da boa-fé, e em respeito ao dever de informação, o adquirente deve comunicar (30 dias) o defeito manifestado sob pena de decadência da sua garantia (legal e convencional). 
Obs. No caso de coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas (art. 503 CC). 
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma NÃO autoriza a rejeição de todas.
IMPORTANTE!!! A entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório, mas inadimplemento contratual, respondendo o devedor por perdas e danos.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
3- REQUISITOS 
	
O CC tem como requisitos para a ocorrência do vício redibitório:
Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo, ou de doação onerosa, ou remuneratória.
Que os defeitos sejam ocultos, não se configurando quando facilmente comum rápido exame e diligencia normal.
Que existam ao tempo da alienação e que perdurem até o momento da reclamação, não respondendo o alienante pelos supervenientes.
Que sejam desconhecidos do adquirente
Que sejam graves a ponto de prejudicar o uso da coisa o de diminuir-lhe o valor.
4- DISCIPLINA NO CDC
O CDC considera vício redibitório tanto os defeitos ocultos como também os aparentes ou de fácil contestação. Os prazos são decadenciais.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
§ 2° OBSTAM a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
E de acordo com o art. 18, §1º e §2º CDC:
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento eoitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
CAPÍTULO VI
DA EVICÇÃO
1- CONCEITO E FUNDAMENTO JURÍDICO
A evicção se opera quando o adquirente da coisa vem a perder a sua posse e propriedade, em virtude de ato judicial ou administrativo, que reconhece direito anterior de outrem. A responsabilidade pela evicção decorre da lei, não depende de estar prevista em contrato. 
Ex. Cidadão compra um carro numa empresa, três meses depois o cidadão é surpreendido numa blitz e o carro é apreendido vez que pertence a um terceiro, vítima de roubo. O cidadão perde a posse e a propriedade da coisa em virtude do reconhecimento administrativo de direito anterior do terceiro. Sofrendo a perda, o adquirente responsabilizará o alienante. 
Quem sofre a perda é chamado de evicto (cidadão). Quem prova o direito anterior é o evictor (terceiro). O alienante sofre os prejuízos da alienação (empresa).
Obs. Lembrar de denunciação da lide. 
Dispõe o art. 447 do CC:
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia AINDA QUE A AQUISIÇÃO SE TENHA REALIZADO EM HASTA PÚBLICA. (imóvel = praça; móvel = leilão).
Lembrar!!! O alienante responde pela evicção AINDA QUE A AQUISIÇÃO SE TENHA REALIZADO EM HASTA PÚBLICA, o mesmo não ocorre com o vício redibitório (polêmico: CRG e Arnaldo Rizzardo pensam que o alienante responde pelos vícios em hasta pública, pois o art. que vetava essa responsabilidade no CC de 1916 não foi repetido no CC de 2002. Já para Nelson Rosenwald, Cristiano Chaves, Pablo Stolze e Caio Mário, não haverá responsabilidade do alienante pelos vícios redibitórios, pois a alienação em hasta pública se distingue da compra e venda porque naquela a transmissão do bem ocorre de maneira forçada. Trata-se de expropriação judicial de um bem do devedor para a satisfação de um direito de crédito do credor. Dessa forma, não há consenso como ocorre no contrato de compra e venda. Assim, por se tratarem de situações distintas, o arrematante poderia, com base no princípio que veda o enriquecimento sem causa, pleitear do devedor todos os valores que gastou para adquirir a coisa, mas não com base nos vícios redibitórios).
IMPORTANTE!!! Ou seja, se você adquire um bem em hasta pública e posteriormente o perde por evicção, deverá responsabilizar o devedor de cujo patrimônio o bem saiu. 
Todavia, uma parcela da doutrina (Arakem de Assis) sustenta que, se o devedor não puder ser responsabilizado (ex. for insolvente), a responsabilidade poderá recair no credor, que teve seu crédito satisfeito. Se o credor não puder ser responsabilizado a responsabilidade é do Estado, que permitiu a hasta (Pablo não concorda com essa última parte).
#Que direitos assistem ao adquirente evicto?
O evicto demandará o alienante. Nessa demanda, o evicto tem direito à restituição integral do que pagou, à indenização dos frutos que teve que restituir; despesas que teve e inclusive dano moral; honorários e custas (art. 450). 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Dispõe ainda os arts. 451, 452, 453, 454:
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
#É possível a exclusão da garantia da evicção?
Ex. Suponha que eu compre um prédio de uma pessoa, e nesse contrato tiver uma cláusula que exclui a garantia da evicção. O CC admite a exclusão da garantia da evicção em duas hipóteses: (1) na exclusão legal - art. 448 c/c 457, e (2) na exclusão convencional - art. 448 c/c 449. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber (PELO MENOS) o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (lei excluindo a evicção).
Obs. A despeito de traduzir aparente violação ao princípio da função social do contrato, o CC admite a exclusão convencional da responsabilidade pela evicção. No entanto, caso a cláusula apenas exclua a garantia, terá o evicto direito ao preço que pagou (só isso). Por outro lado, se souber do risco de perda ou assumir, não terá direito a nada. 
IMPORTANTE!!! Se for na esfera do direito do consumidor, a exclusão do direito de que a evicção resulta é clausula abusiva, NULA de pleno direito.
Prescreve o art. 455: “Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.” 
E de acordo com o art. 450 §único, “o preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.” Desse modo, o preço será calculado pelo valor do tempo da sentença judicial ou decisão administrativa que ocasionou a evicção, e não pelo do tempo da celebração do contrato.
2- REQUISITOS DA EVICÇÃO
São os seguintes:
PERDA total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa.
ONEROSIDADE da aquisição.
Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
Anterioridade do direito do evictor. O alienante só responde pela perda decorrente de causa já existente ao tempo da alienação. Se lhe é posterior, nenhuma responsabilidade lhe cabe. Ex. Desapropriação.
	
A sentença julgará as duas e, se julgar procedente a ação, declarará o direito do evicto. Podem ocorrer denunciações sucessivas, se o bem passou por diversos adquirentes.
IMPORTANTE!!! Se entendia que se não fosse feita a denunciação da lide, o adquirente não poderá exercer mais o direito decorrente da evicção, pois o art. 456 do Código Civil (revogado pelo novo CPC) vedaria a ação autônoma de evicção por quem foi parte no processo em que ela ocorreu. Havia, porém, outra corrente que sustentava a admissibilidade da ação autônoma, como indenização pela prática de verdadeiro ilícito, fundada no principio que veda o enriquecimento sem causa. Essa última corrente representa o entendimento mais recente e PREVALENTE no âmbito do STJ, e, também, o entendimento que deve prevalecer em razão da revogação do artigo supracitado pelo NOVO CPC e, também, da previsão do art. 125 do Novo CPC infra mencionados:
Art. 125.  É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
 1o O direitoregressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
STJ 519 - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EVICÇÃO PARA QUE O EVICTO POSSA EXERCER OS DIREITOS DELA RESULTANTES.
Para que o evicto possa exercer os direitos resultantes da evicção, na hipótese em que a perda da coisa adquirida tenha sido determinada por decisão judicial, não é necessário o trânsito em julgado da referida decisão. 
STJ 519 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DESNECESSIDADE DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO ALIENANTE NA AÇÃO EM QUE TERCEIRO REIVINDICA A COISA DO EVICTO.
O exercício do direito oriundo da evicção independe da denunciação da lide ao alienante do bem na ação em que terceiro reivindique a coisa.  A falta da denunciação da lide apenas acarretará para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-o da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente. Restará ao evicto, ainda, o direito de ajuizar ação autônoma. (REsp 1332112/GO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 17/04/2013)
CAPÍTULO VII
DA EXTINÇÃO DO CONTRATO
1- MODO NORMAL DE EXTINÇÃO
A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. Comprova-se o pagamento pela quitação fornecida pelo credor.
2- EXTINÇÃO SEM CUMPRIMENTO
Algumas causas são anteriores ou contemporâneas a formação do contrato, outras são supervenientes.
2.1 CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS
Não preenchimento de seus requisitos subjetivos (capacidade das partes e livre consentimento), objetivos (objeto lícito, possível, determinável ou determinado) e formais (forma prescrita ou não defesa em lei), que afetam sua validade acarretando nulidade absoluta ou relativa. a.1) nulidade absoluta ou relativa: a primeira (absoluta) decorre da violação de norma de ordem pública e impede que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex-tunc). A nulidade relativa (anulabilidade) advém da imperfeição da vontade: ou decorre de um relativamente incapaz não assistido, ou contém algum dos defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação e etc.). Como pode ser sanada e até mesmo não arguida no prazo prescricional, não se extinguirá o contrato enquanto não se mover a ação que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença.
Cláusula resolutiva. Pode ser expressa, quando convencionada para a hipótese de inadimplemento, ou tácita (inadimplemento). A primeira opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial e é subtendida em todo contrato bilateral.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Direito de arrependimento. Quando previsto, autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, sujeitando-se a perda do sinal ou a sua devolução em dobro (arras ou sinal).
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos NÃO haverá direito a indenização suplementar.
Obs. O ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL do contrato, todavia, tem sido reconhecido pela doutrina como impedimento a resolução unilateral do contrato. 
#Em que consiste a TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL?
NÃO prevista formalmente no Código Civil de 2002, mas consubstanciada nos princípios da boa-fé objetiva, da função social do contrato, da vedação ao abuso de direito e ao enriquecimento sem causa, a TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL sustenta que não se deve considerar resolvida a obrigação quando a atividade do devedor, embora não tenha sido perfeita ou não atingido plenamente o fim proposto, aproxima-se consideravelmente do seu resultado final.
 
O adimplemento substancial tem sido aplicado, com frequência, nos contratos de seguro, e não permite a resolução do vínculo contratual se houver o cumprimento significativo da obrigação assumida. Conforme as peculiaridades do caso, a teoria do adimplemento substancial atua como um instrumento de equidade diante da situação fático-jurídica, permitindo soluções razoáveis e sensatas. 
 
2.2 CAUSAS SUPERVENIENTES A FORMAÇÃO DO CONTRATO
a) Resolução: traduz a dissolução do contrato por inadimplemento (art. 474 e 475 do CC). Sempre que tiver inadimplemento de um contrato ele será resolvido. Pode se dar por inexecução voluntária (culposa), inexecução involuntária (caso fortuito ou força maior) ou pela onerosidade excessiva (proveniente de acontecimento extraordinário e imprevisível). 
Em todo contrato bilateral existe sempre implícita uma cláusula resolutiva, prevendo que se uma das partes for inadimplente, a outra poderá resolver o contrato. Apesar disso, por economia processual, todo o contrato deve trazer expressa essa cláusula. Se você coloca a cláusula resolutiva e ocorre o inadimplemento, a resolução é automática. Se não constar a cláusula, a parte prejudicada tem que interpelar a outra dizendo que está resolvendo o contrato. 
b) Rescisão: a doutrina clássica (Francesco Messineo e Orlando Gomes) sustenta que o termo rescisão somente deve ser empregado para caracterizar a invalidade do contrato por lesão ou estado de perigo. Essa linha não foi adotada no Brasil. Aqui, consagrou-se a idéia que rescisão pode ser empregada no mesmo sentido de inexecução por inadimplemento. 
c) Resilição: consiste no desfazimento do contrato por simples manifestação de vontade, independentemente de inadimplemento. É uma faculdade das partes. 
c.1) Bilateral: art. 472 - Trata-se do distrato, que é o acordo de vontade que tem por fim extinguir um contrato anteriormente celebrado.
c.2) Unilateral: art. 473 - Trata-se da denúncia, que deve ser seguida de um aviso prévio. A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc, não retroagindo.
d) Morte de um dos contratantes: tal fato SÓ acarretará a resolução dos contratos personalíssimos (intuito personae). 
TÍTULO II
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE
CAPÍTULO I
DA COMPRA E VENDA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
1- INTRODUÇÃO
Uma pessoa se obriga a dar dinheiro em consequência da aquisição de algo. 
A compra e venda assume um caráter puramente obrigacional. Vale dizer, a c/v sozinha não transfere a propriedade. O contrato de c/v não gera a aquisição de propriedade (que depende de registro ou tradição).
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga (caráter obrigacional) a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
2- NATUREZA JURÍDICA
a) bilateral ou sinalagmático: implica em obrigações assumidas por ambas as partes
b) oneroso: gera vantagem patrimonial para ambas as partes
c) comutativo: já sabem de antemão as vantagens que irão obter (diferente de aleatório). 
Obs. Em alguns casos o contrato será aleatório, como por exemplo, na venda a contento, ou quando a c/v tiver por objeto coisas futuras ou coisas existentes, mas sujeitas a risco.
d) Não solene/consensual (regra): se aperfeiçoa com o acordo de vontades, não depende da efetiva entrega da coisa. 
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Obs. Em certos casos a c/v será solene/real. Ex. c/v de imóvel (escritura pública registrada em cartório).
ELEMENTOS ESSENCIAIS
São três: consentimento, preço e objeto 
Obs. A forma, em regra, não é elemento essencial em um contrato de c/v. 
3.1 CONSENTIMENTO: 
Deve ser consentimento livre e desembaraçado, sob pena de ser anulável (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo e fraude). A ação anulatória deve ser intentada em quatro anos.Deve recair sobre a coisa e o preço. Requer capacidade das partes. As incapacidades dos arts. 3º e 4º são supridas pela representação, assistência e pela autorização do juiz.
Quando se tratar de bem imóvel do incapaz ou nascituro, não basta a vontade do representante/assistente, deve também ter homologação do juiz (1691). 
3.1.1 Limitações a Compra e Venda
1ª) A c/v entre ascendente e descendente: depende de consentimento dos demais herdeiros, sob pena de ser anulável (NÃO é antecipação de herança porque o patrimônio é recomposto).
Art. 496. É ANULÁVEL a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
#Qual é o prazo da ação de anulabilidade? 
Art. 179 CC. O prazo é decadencial e é de dois anos contados do conhecimento (actio nata). 
Obs. Em razão da superveniência do art. 179 (20 anos), a súmula 494 do STF perdeu objeto.
Obs. Se for doação, considera-se antecipação de herança (salvo expressa disposição de que aquilo sai da parte disponível).
2ª) Compra e venda entre marido e mulher: É possível quanto aos bens excluídos da comunhão desde que não ocorra simulação ou fraude. Ou seja, os bens pertencentes ao patrimônio comum não podem ser objeto de c/v.
 
Art. 499. É LÍCITA a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Obs. Inadmissível a doação entre cônjuges casados no regime de separação legal ou obrigatória, por desvirtuar as suas características e finalidades.
3ª) Venda de bens por pessoa casada: art. 1647 estabelece a necessidade de outorga conjugal (uxória ou marital). Essa necessidade se dá SÓ em relação a bens IMóveis (seja para venda, seja para alienação, seja para doação). Quando a c/v se faz sem o consentimento, a c/v é anulável, no prazo de dois anos contados do término da sociedade conjugal.
IMPORTANTE!!! Observar a supressio/surrectio. Lembrar ainda que o adquirente tem direito de usucapião.
Lembrar!!! Se for bem móvel não precisa do consentimento. 
4ª) Compra e venda da parte indivisa de bem condominial: a c/v de bem condominial só pode ocorrer com a aquiescência de todos os condôminos (é possível suprir judicialmente a vontade do condômino que recusou). A venda da fração ideal de cada condômino só depende do dono. Os demais condôminos têm direito de preferência (ação de preempção ajuizada no prazo decadencial de 180 dias a contar da data em que teve ciência da alienação). Se esse direito não for respeitado, dá ensejo à adjudicação compulsória. 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.
Obs. Aplica-se essa regra apenas ao condomínio tradicional e não ao edilício. Mas se o apartamento pertencer a outras pessoas, estas devem ser notificadas para exercer sua preferência legal.
IMPORTANTE!!! Se a coisa é divisível, nada impede que o condômino venda sua parte a estranho, sem dar preferência aos consortes. Pois os consortes poderão requerer a divisão da coisa.
5ª) Venda de bens pelo insolvente: pode configurar fraude a dar ensejo à anulabilidade. A lei de falência estabelece uma presunção absoluta de fraude somente para os bens alienados após o termo legal da falência, se a alienação se deu antes, a presunção é relativa. Se a venda se deu dentro do termo da falência implica em ineficácia absoluta. Para as vendas realizadas antes do termo final da falência a ineficácia será relativa. 
6ª) Aquisição de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interesses do vendedor.
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
3.2 PREÇO
Deve ser determinável ou determinado. O que não se tolera é a indeterminabilidade absoluta.
O preço deve ser apreciável em dinheiro (se não for em dinheiro caracterizará troca/permuta).
Pode ocorrer de ter sido ajustado um preço em dinheiro, mas o vendedor (credor) aceita receber coisa diversa, ocorrendo a DAÇÃO EM PAGAMENTO (isso não desnatura a c/v). 
Obs. A lei do plano real (9069/95) estabelece que o pagamento deve se dar em moeda brasileira. 
EXCEÇÃO: existem dois casos que se pode pagar com moeda estrangeira:
a) bens originados de importação
b) bens adquiridos no exterior (fatura de cartão de crédito de compra nos EUA chega em dólar).
IMPORTANTE!!! NUNCA SE ADMITE que o preço fique submetido ao arbítrio exclusivo de UMA DAS PARTES (sendo nula essa c/v). 
O CC permite que se indique um TERCEIRO (que é mandatário) para que ele fixe o preço. 
É permitido que o preço esteja sujeito a variações de taxa de mercado, bolsa de valores etc. (486 e 487).
Se não estabelecido critério para sua fixação, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor (art. 488).
IMPORTANTE!!! Quando for relação de consumo, o preço deve ser estipulado de forma clara. 
O preço na c/v deve ser real, sério, de verdade. Apesar disso, não é elemento do contrato de c/v que o preço seja justo. Nesse caso, se o preço for excessivamente oneroso, o ordenamento nos dá saídas:
Pode caber anulação do contrato por lesão ou por estado de perigo. 
Se o preço se tornar excessivamente oneroso no decorrer do contrato, cabe revisão ou resolução do contrato (teoria da imprevisão art. 478 CC).
 
3.3 OBJETO
É a coisa vendida. 
O objeto do contrato de c/v pode ser bem móvel ou imóvel; corpóreo ou incorpóreo (chama-se cessão); atuais ou futuros. 
Deve atender a determinados requisitos:
a) Existência: é nula a venda de coisa inexistente, a lei se contenta com a existência potencial da coisa como, por exemplo, venda de safra futura. O objeto do contrato de c/v pode ser bem móvel ou imóvel; corpóreo ou incorpóreo (chama-se cessão); atuais ou futuros. 
b) Individuação: o objeto da compra e venda há de ser determinado, ou suscetível de determinação no momento da execução. Admite-se assim a venda alternativa cuja a indeterminação cessa com a concentração, e a venda de coisa incerta indicada ao menos pelo gênero e quantidade.
c) Disponibilidade: a coisa deve encontrar-se disponível, não pode estar fora do comércio. É possível até mesmo c/v de coisa litigiosa (art. 42 do CPC c/c 457 do CC). 
IMPORTANTE!!! Quando se trata de c/v de bem litigioso não é possível que o adquirente alegue evicção, porque ele sabe da possibilidade de perda desse bem.
Obs. A venda de bem futuro é chamada venda a non domino, é a venda de algo que ainda não pertence ao vendedor (art. 1268, §1º). Na venda a non domino, a eficácia do negócio jurídico fica submetida à posterior aquisição da coisa pelo vendedor.
3.3.1. Não Pode Ser Objeto De Compra E Venda 
a) Herança de pessoa viva (proibição depacta corvina/pacto sucessório). 
EXCEÇÃO: partilha em vida, quando se tratar de herdeiros maiores, capazes e estando todos de acordo (art. 2018 do CC) 
b) Bens personalíssimos
c) Bens gravados com cláusulas restritivas (1911).
EFEITOS DA COMPRA E VENDA
Tem como principais efeitos, gerar obrigações recíprocas para os contratantes e acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção.
Tem como efeitos secundários:
A responsabilidade pelo risco: 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor (res perit domino), e os do preço por conta do comprador.
§ 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.
§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.
A repartição das despesas:
 
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Direito de reter a coisa ou preço: cabe ao comprador o primeiro passo, pagar o preço. Antes disso o vendedor não é obrigado a entregar a coisa.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
Obs. A regra do art. 495 é semelhante a do art. 477, sendo a do art. 495 mais rigorosa, pois exige a INSOLVÊNCIA do vendedor (a regra do art. 495 é aplicada a compra e venda). Ambas as regras tem como objetivo dar segurança ao comprador (se a situação for inversa, também ao devedor).
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado. (aplicada a COMPRA E VENDA)
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. (aplicada aos CONTRATOS EM GERAL)
IMPORTANTE!!! Perda ou deterioração da coisa. A regra é de que a coisa perece com o dono (res periti domino). Lembrando que o domínio só se transfere com a tradição ou registro. Assim, se já houve a tradição/registro quem perde é o comprador. Se não houve a tradição/registro, quem perde é o vendedor. 
IMPORTANTE!!! Evicção e Vício Redibitório. Se as partes quiserem, podem afastar as regras da evicção e do vicio redibitório, por cláusula expressa. Além de afastar, as partes podem reforçar, ou ainda diminuir as garantias.
Lembrar!!! Cláusula SOLVE ET REPETE. A cláusula solve et repete, que significa “pague e depois reclame”, é uma RENÚNCIA À EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (artigos 476 e 477 do Código Civil) uma vez que, se convencionada, o contratante estará renunciando à defesa, podendo ser compelido a pagar, independentemente do cumprimento da primeira prestação. Essa cláusula é comum na lei de licitações nos contratos administrativos, em que se tem as cláusulas de exorbitância que visam proteger a Administração Pública, e, por conseguinte, a coletividade.
VENDAS ESPECIAIS
a) Venda por amostra (ou protótipo): art. 484. Essa é uma categoria especial de c/v. Por ela, o comprador não vê a coisa, ele compra por amostra ou protótipo (é a compra por catálogo, por internet). Nessa c/v o vendedor assegura a qualidade da coisa. Ele assegura que a coisa que será recebida terá as mesmas características da amostra. Havendo contradição entre a amostra e a coisa, prevalece a amostra. 
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
b) Venda ad corpus e venda ad mensuram: Somente aplicável na compra e venda de IMóveis. Na venda ad corpus o imóvel é adquirido como um todo (Ex. Chácara Vista Linda), sendo apenas enunciativa a referência as suas dimensões, que não tem influência na fixação do preço. Na venda ad mensuram, o preço é estipulado com base nas dimensões do imóvel, se a área não corresponde às dimensões dadas, cabe ação ex empto ou ex vendito para exigir a complementação. Se esta não for possível cabe o ajuizamento da ação redibitória ou quanti minoris.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de UM VIGÉSIMO da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
Obs. A diferença não superior a 1/20 da área total é irrelevante. 
DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA
São cláusulas auxiliares ao contrato de compra e venda.
O CC autoriza a inserção de determinadas cláusulas para regular situações essenciais. São elas:
a) RETROVENDA: é a cláusula através da qual o vendedor resguarda para si o direito de comprar o bem IMóvel de volta, no prazo máximo de 3 anos. Durante esse prazo, o vendedor pode a qualquer tempo recuperar o bem, pagando tanto por tanto. Essa cláusula deve ser expressa, porque ela é oponível a terceiros (quer dizer, se o comprador já vendeu a coisa para outra pessoa, o vendedor pode ir atrás da coisa com quem quer que esteja). Dentro do prazo da retrovenda, o que o comprador tem é propriedade resolúvel. A retrovenda se caracteriza como condição resolutiva expressa.
b) PREFERÊNCIA OU PREEMPÇÃO (preferência convencional): é a cláusula que obriga o comprador a dar preferência a aquele que lhe vendeu, na eventualidade de querer vender a coisa. Se a cláusula de preempção estiver registrada, o vendedor tem oponibilidade erga omnes (o vendedor pode ir buscar seu direito de preferência com quem quer que esteja).
Obs. No condomínio a preferência não precisa estar no contrato (preferência legal).
c) RESERVA DE DOMÍNIO: é modalidade especial de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa aquele após o recebimento integral do preço.
	
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
d) VENDA A CONTENTO: é clausula que subordina os efeitos da c/v a uma CONDIÇÃO SUSPENSIVA (evento futuro e incerto). Essa condição é o agrado

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