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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
CIÊNCIA POLITICA 
DIEIZER DOS SANTOS
EVELYN COAN
OPINIÃO PÚBLICA 
Erechim – RS
2017
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................03
2.DEFINIÇÃO DA IDEIA DE OPINIÃO PÚBLICA.........................................04
3.HISTÓRICO DA OPINIÃO PÚBLICA............................................................05
4.MECANISMOS QUE DETERMINAM A FORMAÇÃO DE OPINIÃO PÚBLICA ...............................................................................................................07
5.IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DE UMA ‘‘OPINIÃO PÚBLICA’’......08
6.OPINIÃO PÚBLICA E SOCIEDADE..............................................................09
7.OPINIÃO PÚBLICA E DEMOCRACIA.........................................................10
8.CONCLUSÕES...................................................................................................12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................13
INTRODUÇÃO
A opinião pública, não está expressa em todas as constituições, mas implícita em toda as democracias, sendo a força que nenhuma lei maior prevê, se destacando exatamente por essa peculiaridade política e pelo seu pluralismo democrático. Na sociedade, pois, a opinião aparece “racionalizada” pelos veículos de comunicação num laboratório de criação de posicionamentos que, por muitas vezes, sofrem uma série de interferências. Analisar essa amplitude e sua intervenção no mundo jurídico é o objetivo deste trabalho.
Para uma melhor compreensão apresentaremos uma rápida reflexão sobre a noção de opinião pública, serão citadas questões sobre o seu histórico, mecanismos que atualmente determinam sua formação, sua importância entre a população e suas relações com a sociedade e a democracia. 
Como conceito político, a opinião pública nasce no século XVIII, fruto quer da filosofia iluminista quer das revoluções que marcam o início da era moderna; ambas moldaram de forma decisiva o ideal ético-moral de uma autoridade abstrata que mediaria entre governo e governados.
O conceito de opinião pública vem se transformando através dos tempos. No século XIX ocorreu a primeira revolução industrial, com o surgimento da imprensa, as reivindicações deixaram de representar apenas os interesses de um grupo dominante, abrangendo assim um caráter não só político, mas também social e econômico. 
 Alguns autores afirmam a existência de diferentes tipos de “público”, outros entendem que “pública” é a opinião do povo ou da comunidade, e esta, em extensão, tanto pode abranger uma cidade como uma província, um Estado, como um continente.
 Os estudiosos da opinião pública consideram-na, antes de mais nada, um estudo essencialmente interdisciplinar que envolve a sociologia, a psicologia social, a ciência política. Estas investigam as origens e características dessa força, que nenhuma constituição prevê, mas cuja expressão constitui o fundamento implícito de todas as democracias. Procuram examinar a opinião pública como fenômeno, estabelecendo sua relação com psique individual e com o comportamento grupal. No nível individual, opinião confunde-se com atitude. No nível coletivo, aparece como entidade mítica: a opinião pública é o sentimento do Povo. 
 Na literatura política, é comum deparar-se nos com a opinião pública apresenta ora como a opinião de classe, ora de toda a nação (opinião de todos), ora simplesmente da maioria dominante ou ainda das classes instruídas, em contraste com as massas analfabetas. Já o senso comum utiliza o termo opinião pública com naturalidade, em que se inserem as ideias consideradas corretas pela maior parte da sociedade, que seguem um padrão ético-moral que é subjetivo segundo a sua cultura, condições sociais e, em alguns casos, sua religião.
A opinião expressava a voz do grupo que estava no poder. É verdade que o próprio Jean Jacques Rousseau, um dos maiores defensores da liberdade, escrevera: “Quem tomar por tarefa dar leis a um povo deve saber como dirigir as opiniões e, através delas, governar as paixões dos homens”. Declaração que Maquiavel assinaria.
A opinião pública representa também uma saída natural da discussão, pode ser considerada, segundo Ross, uma “discussão que atrai a atenção geral”. É considerada o último ramo do espírito público a se desenvolver. Ela, porém, cresce ás expensas de outros dois, a Tradição e a Razão. Coloca-se entre estas duas últimas, canalizando o espírito público oura para uma, ora para a outra, ou criando valores novo, intermediários entre o costume e a inovação. Depois destas imitações, dá-nos Tarde a sua definição da opinião.
A opinião pública também deve ser distinta da opinião preponderante, como quer Ross. A coeducação, o casamento monogâmico, no mundo ocidental, são exemplos de opinião preponderantes; já não admitem discussão porque foram aceitas, geralmente, como legítimas. Tudo que é passível de discussão, e matéria de disputas, cai no terreno da opinião pública. 
A opinião pública se destaca em peculiaridade política, como opinião exteriorizada por grupos, no âmbito do pluralismo democrático, quando a confrontamos com a opinião privada, opinião de apenas um indivíduo (portanto interna, abrigada “no fundo da consciência”). Tampouco se confunde a opinião pública, com a opinião estatal, que vive institucionalizada no Estado ou na classe que exerce o monopólio da vontade política. 
Schaeffle no século XIX definiu a opinião pública como “a reação juridicamente informe das massas ou de camadas individuais do corpo social contra a autoridade”. Já Schmolle, com mais agudeza, vislumbra a opinião pública “a resposta que a parte mais passiva da sociedade dá ao modo de ação da parte mais ativa”.
2- Desde o século XVII que, na Inglaterra, se usam as expressões “the sense of the people”, “thecommon voice”, “the general cry of the people” e, finalmente, “the public spirit”. Habermas identifica nesta sucessão semântica a evolução de “opinion” no sentido antigo para a “public opinion” que será registada pelo Oxford Dictionary, pela primeira vez, em 1781. A concepção unitária da Opinião Pública é definitivamente fixada na França, pelos fisiocratas, nas vésperas da Revolução; tal como na Inglaterra, as referências à “opinion publique” antecedem a sua conceptualização como a nova autoridade que legitimará a ascensão da burguesia ao poder.
À medida que se agravam os conflitos nos anos finais do Antigo Regime, várias aceções do conceito estiveram em confronto. A contestação política tornou-se uma característica mais marcante da vida pública francesa; primeiro, irrompendo em querelas religiosas e, depois, alargando-se de tal modo que abala os alicerces da monarquia. É neste contexto que a Opinião Pública será concebida pelos fisiocratas a partir de distinções, quer em relação à conceção voluntarista republicana expressa por Jean-Jacques Rousseau, quer demarcando-se das paixões que criam alimentar a instabilidade da vida pública inglesa.
A conceção republicana da opinião como expressão da “vontade geral” (volonté général) – que “não olha a outra coisa que não seja o bem comum” – tem uma dupla função: legislativa e de controlo social. “Do mesmo modo que a declaração da vontade geral se faz pela lei, a declaração do juízo público faz-se pela censura”. Se a vontade geral (volonté général) é o fundamento legislativo, “a opinião pública é a espécie de lei de que o censor é o ministro”. 
A opinião pública é a autoridade máxima, o tribunal de apelo, necessário porque como o legislador não pode usar a força sem o raciocínio, “tem de recorrer a uma autoridade de outra ordem, que possa arrastar sem violência e persuadir sem convencer”. A dimensão crítico-racional da Opinião Pública seria fixada pelos fisiocratas – “que a viam como a única contra força imaginável” quando, ao imputarem-na ao “publicéclaire” (público esclarecido), dotam a “opinion publique” “do estreito significado de uma opinião que, por meio da discussão crítica e da publicidade, acaba por destilar a opinião verdadeira”. A doutrina fisiocrática do “uso público da razão” tinha como pressuposto que “o público tinha de ser instruído nessas verdades antes de o seu julgamento poder constituir apropriadamente uma opinião pública esclarecida”. Só nessas condições, o seu julgamento poderia imitar o abuso do poder e responder às medidas de administração racional através das quais o seu exercício seria transformado no domínio da razão. 
Enquanto “voz do público”, a Opinião Pública assume-se como um novo sistema de autoridade que tem no indivíduo a sua pedra angular; expressa o potencial emancipatório de uma humanidade que recusa imposições coercitivas para regular a vida comum. Na perspectiva fisiocrata, o compromisso – entre o individual e o coletivo – foi a solução encontrada para conciliar uma opinião pública que não poderia existir sem a opinião individual, mas que a restringe a reconhecê-la como força superior. O público burguês, assente na identidade fictícia de pessoas privadas reunidas em público, na sua dupla condição de homem e de proprietário, não pode, portanto, equiparar-se “ao público, mas em todo o caso, reclama ser reconhecido como seu porta-voz, quiçá mesmo como seu educador, quer atuar em seu nome, representá-lo” imagina a possibilidade de um consenso alcançável, em princípio, dado que os interesses das diversas fações burguesas são, em última instância, comuns. 
Em simultâneo, o público burguês compete com outros públicos – nomeadamente mulheres, trabalhadores assalariados, camponeses, artesãos e nacionalistas – “bloqueando e conscientemente reprimindo possibilidades de uma maior participação política e de fontes alternativas de impulso emancipatório” A exclusão das classes não-proprietárias, como os trabalhadores assalariados e os camponeses, ajudou a burguesia a institucionalizar-se eficazmente “no sistema político do Estado legal burguês”; enquanto a exclusão das mulheres teve um significado estrutural: “A política moderna foi também constituída como uma relação de género, que se consumou, nomeadamente, através do discurso filosófico iluminista sobre a universalidade da razão, a lei e a natureza, ao qual subjaz um sistema ideologicamente construído de diferenças entre gêneros. “A ideologia republicana manteve que o sexo feminino corporizava aquelas paixões humanas irrefreadas que inevitavelmente subvertiam o autocontrolo e a racionalidade requeridas aos cidadãos” As mulheres foram remetidas à esfera privada e não-política da casa e da economia doméstica, e ao apoio aos seus maridos, numa configuração das esferas privada e pública que foi assumida também por artesãos, camponeses e operários: “Como um símbolo ou como uma deusa, como a consorte da elite em dias comemorativos ou como a pária sexual em casas públicas, as mulheres suportaram a marca ou de ornamento ou de pária na vida pública”. Não só, portanto, “o interesse de classe é a base da Opinião Pública”, sustentando a dominação da burguesia sobre a aristocracia e mantendo em posição de subordinação as classes populares; serve também outras formas de dominação, sejam estas de gênero, de cor de pele ou de orientação sexual. 
O reconhecimento de que, desde o início, a esfera pública burguesa foi sempre constituída pelo conflito leva-nos à irónica constatação que o discurso acerca da acessibilidade, da racionalidade e da suspensão dos estatutos hierárquicos é implantado como uma estratégia de distinção. A Opinião Pública nasce, na sua aceção moderna, como um meio entre o despotismo e a liberdade absoluta, representando a sociabilidade política de uma nação em convulsão, a França pré-revolucionária, que não é nem escravizada, nem verdadeiramente livre. Representa “a aceitação de uma política aberta e pública.
3- A opinião pública na sociedade liberal e individualista, se gerava com uma relativa espontaneidade, havendo forte crença no seu conteúdo de racionalidade.
Na sociedade de massas, a opinião aparece “racionalizada” em suas fontes formadoras, mediante o emprego da técnica, com todos os recursos científicos de comunicação de massas- a imprensa, o rádio e a televisão- deliberadamente conjugados, a compor um extenso laboratório de “criação” da opinião, para atender os interesses de maciços grupos ou poderes governantes.
Distinguem a opinião pública pela educação, da opinião pública obtida através da propaganda, admitindo apenas por válida e legítima a primeira. A segunda seria perversão, opinião deformada, opinião em ruínas. A propaganda, disse Finer, cerra a mente humana a todos os caminhos, exceto aquele que ela indica como o único possível. Encarcera a vontade humana individual ou coletiva numa política, que proclama a melhor, sem conceder alternativas, privando o corpo social do livre exercício das faculdades críticas.
Os jornais, as estações de rádio e televisão, a internet, seus redatores, seus colaboradores, seus comentaristas, escrevendo colunas políticas e sociais, programando os noticiários, preparando as emissões radiofônicas, fazendo os grandes êxitos da televisão, constituem os veículos que conduzem a opinião e elaboram ( quando não a recebem já elaborada, com a palavra de ordem, que “vem lá de cima”), pois as massas, salvo parcelas humanas sociologicamente irrelevantes, se cingem simplesmente a recebe-la e adotá-la de maneira passiva, dando-lhe a chancela de “pública”.
A opinião pública das massas, diligentemente “trabalhada” ou “produzida” pela propaganda é objetivo de acurados estudos sociais. Como disse Lindsay Rogers, a opinião pública pode ser “criada” ou “influenciada”, nunca, porém “ignorada”.
4- A mídia influencia a opinião pública na construção dos fatos do cotidiano que ganham a imagem da televisão, o som do rádio, o papel do jornal, dentre outros. Na teoria de Bordieu evidenciando a sua importância, pela identificação de pontos legitimadores da dominação e restritivos a violência simbólica dos meios de comunicação de massa.
Partindo dos veículos midiáticos, aponta a evolução temporal quanto aos equipamentos tecnológicos, e a linguagem cada vez mais clara e precisa. Este crescimento não atribui uma manipulação dos meios de comunicação de forma dominante, mas encontra uma sociedade que possui as suas restrições e defesas. Embora haja os pensamentos divergentes no público, as mídias emitiram a mensagem embasada nos interesses das lideranças das elites sociais.
Esta possibilidade de expor ideias não escapa a classe política. De acordo com dados do projeto Estudos da Mídia (Instituto de Pesquisas e Estudos em Comunicação (EPCOM), 271 políticos são sócios ou diretores de empresas de radiodifusão no país. Entre eles, há 147 prefeitos, 55 deputados estaduais, 48 deputados federais, um governador, e 20 senadores. Nesses casos, o limite entre o jornalismo de qualidade se choca com os interesses dos grupos partidários das regiões de abrangência. Para a opinião pública, resta o questionamento sobre a isenção da notícia na hora da elaboração.
As opiniões manipuladas atendem a determinados interesses, que direcionam para racionalidade dos fatos reais vistos pela versão das lideranças dominantes, e que não são do bem comum. A imprensa sofre concorrência das mídias digitais que propicia duas possibilidades na grande rede aos usuários: postar e consumir conteúdo. 
Nesse contexto, Bordieu enfatiza o poder de comunicação da televisão para alcançar as pessoas através do áudio e imagem. Ele descreve como desempenho de “força perniciosa de violência simbólica”. As capacidades do veículo de comunicação possibilitam uma atração dos telespectadores pelo espetáculo. Os telespectadores podem escolher a hora, os canais e os programas de preferência para assistir. Para ganhar a atenção deles, o fato relevante ganha contornos que se aproxima da dramatização ou dos filmes e novelas. Isto credencia a TV criar realidades por meio da edição que cortapalavras do texto e dos personagens da história. 
 A teoria de Bordieu vislumbra o cenário atual de formação da opinião pública que tem a revolução da internet e as redes sociais como novos atores na mídia contemporânea. Ela evidencia o papel da imprensa para influenciar as pessoas quanto aos interesses dominantes dos controladores. Para tanto, ele não aborda o viés econômico e analisa a composição dos meios de comunicação e a relação com os grupos sociais. A TV, o rádio, o jornal, e as revistas conseguem trazer a versão dos fatos conforme a linha editorial dos seus conglomerados, mas a absorção não é absoluta. Apesar da influência midiática, o público responde aos estímulos da mensagem, mobilizando frentes pela rede em prol do bem em comum.
5- A) Opinião Pública e Sociedade 
Quando Marx se jactava de “nunca haver feito concessões aos preconceitos da chamada opinião pública”, o que ele, em verdade, emitia era um juízo de valor sobre os sentimentos de uma opinião de classe- que Marx aliás repulsava- a saber, a da burguesia liberal de sua época, e jamais o desconhecimento desse poder novo que se levantara sobre o Ocidente, fazendo revoluções e dobrando a sua majestade o trono dos reis, ainda que fosse, como era então, simplesmente, o poder da classe média mais ilustrada e em particular da burguesia triunfante. 
Compreendendo com fina argúcia e percepção da realidade histórica, que a opinião pública nem seria a expressão de uma vontade burguesa, alargando o conceito da mesma até toma-la por força homogênea e indistintamente representativa de toda a sociedade, quando esta já não se repartisse em classes, Bakunin, o anarquista, veio a reconhecer na opinião pública o maior poder social, “o único que podemos respeitar”, superior ao Estado, á igreja, ao código penal, a carcereiros e verdugos.
A opinião segundo a palavra pontifícia, é também um “eco na consciência da sociedade”. O Vaticano, conforme refere Perez Beneyto, viu a ausência de opinião pública uma doença social, cuja consequência mais deplorável nos últimos tempos teria sido a grande guerra.
Com efeito, sem opinião pública, diz o publicista peninsular, citando mais autores, abre-se uma brecha entre a hierarquia e o povo, com os governantes pulando numa corda bamba e conduzidos não raro a tomar a atitudes de suprema irreflexão.
Com o passar dos tempos a opinião pública passa a ser doravante a “opinião do povo”, convertendo-se validamente naquele “poder de conservação” a que se reportava Stahl. A “opinião do povo”, a mesma que Necker, diligentemente e no melhor espírito da doutrina burguesa, distinguira da opinião publique, substituiu a velha opinião de classes do liberalismo (a classe burguesa, instruída e educada). Constituiu o que contemporaneamente se chama opinião pública, e retrata a nova sociedade de massas.
B) Opinião Pública e Democracia
A opinião pública dos nossos dias: mantendo, por um lado, esse estatuto de referência fundamental da vida política, mas apresentando, por outro, sinais de crise bem visíveis e cada vez mais fortes. A imagem geral desta situação de crise é dada pela divisão, heterogeneidade e irracionalidade do espaço público democrático tal qual ele existe nossos dias, sendo uma das suas dimensões particulares aquela que diz respeito à relação da Opinião Pública com os indivíduos e os problemas que a esse nível se colocam em termos, precisamente, de direitos individuais quer dos seus participantes (reais ou virtuais), quer daqueles que são tomados como seu objeto, por assim dizer.
 A Opinião Pública e a massificação das sociedades são processos que a partir de determinado momento passam a cruzar-se e a entrelaçar-se de forma muito estreita, ao ponto de podermos dizer, em bom rigor, que a opinião pública hoje é essencialmente uma opinião de massa: constituída já não verdadeiramente por públicos, como em épocas anteriores, mas sim por esta nova sociabilidade a que damos o nome de massa formas de agregação social dos indivíduos que têm por base relações sociais frágeis, superficiais e burocratizadas. Os públicos, entretanto, não foi propriamente abolido, mas tendem a desvanecer-se e a ver enfraquecida a força que correspondia à sua forma própria de funcionamento; sobrevivem, hoje, sobretudo como reminiscências mais ou menos nostálgicas do passado, ou então como irrupções espontâneas de novas práticas de resistência e de contestação social.
À emergência da massa corresponde o alargamento extraordinário da Opinião Pública, mas corresponde também uma alteração profunda dos padrões de participação e de relacionamento dos indivíduos no seu interior: deixa, nomeadamente, de ser possível facultar a experiência social que fazia de cada participante uma individualidade própria, com os seus interesses, as suas posições e opiniões singulares assumidas no âmbito de uma discussão coletiva.
Na medida em que a massa se forma por indexação de indivíduos anónimos e isolados (não fisicamente, mas espiritualmente), a partir dela não há lugar a qualquer tipo de afirmação subjetiva; ao contrário, precisamente, daquilo que se verificava nos públicos (e hoje, de novo, parece procurar recuperar-se): formas de sociabilidade, ou seja, de agregação dos indivíduos que ofereciam aos caracteres individuais mais marcados as melhores possibilidades de se imporem e às opiniões individuais originais as maiores facilidades para se difundirem. Se não há verdadeiramente sujeitos na massa, então não há também lugar para falarmos em direitos, em obrigações ou em responsabilidades tudo o que conferia uma espessura ético-moral à Opinião Pública se desvanece na massa, surgindo em seu lugar um território politicamente pantanoso, mas muito propício para a manobra de certos (e poderosos) interesses particulares organizados.
Em síntese, a Opinião Pública dos nossos dias já não pode assumir como noutras épocas a sua plena autonomia política como voz da sociedade civil e expressão da vontade coletiva porque perdeu em larga medida a sua independência em relação ao Estado: foi indexada por este, tornou-se numa espécie de organismo oficial um artefato político, nas mãos do Estado e dos múltiplos interesses privados organizados que confluem no interior do próprio Estado, que se destina a produzir um efeito de consenso.
CONCLUSÃO
Devido às influências dos grupos que formam a “opinião pública”, o caráter público deste significa, na verdade, a expressão de uma dominância e não a discussão descompromissada e aberta sobre os temas, objetivando chegar a uma conclusão comum. A opinião pública, desta maneira, volta-se mais a encobrir interesses privados do que a esclarecer.
A opinião pública assume, portanto, grande importância, visto que todos desejam a simpatia e aprovação dos demais frente à crítica popular, constituindo então elementos decisivos de interação social (isso é claro, nos países de livre manifestação de pensamento). Assume a imprensa escrita e falada, pela sua grande força, como órgão de informação e formação de opinião pública.
A mídia representa um excepcional canal de manipulação social que, por mediação da notícia pode burlar a clareza na amostragem dos fatos. A opinião pública, enfim, não está somente relacionada aos fatos jurídicos, mas sim a uma complexa rede de interferências que vão desde o interesse por trás da notícia, a forma de sua amostragem, e, até mesmo, a qualidade da sua cobertura.
BIBLIOGRÁFIA :
AUGRAS, Monique, Opinião Pública: Teoria e pesquisa. Vozes limitada,1970.
BONAVITES, Paulo, Ciência Política. 21 ed. São Paulo. 2014
BOURDIEU, Pierre, Questions de sociologie, Paris, Minuit, 1984.
RAMOS, Arthur, Introdução á psicologia social,3º ed. Rio de Janeiro,1952.
ROUSSEAU, J.-J. (1989). O Contrato Social. Mem Martins: Publicações Europa-América.
TARDE, Gabriel, Lopinion et la multitude, 1901 (La opinión y la multitud , Madrid, Taurus, 1986).
http://www.exedrajournal.com/wp-content/uploads/2015/04/n9-B5.pdf
http://www.bocc.ubi.pt/pag/esteves-pissarra-opiniao-publica.pdf

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