Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 Facebook : www.facebook.com/prof.roberionunes Instagram: @prof.roberionunes Direito à privacidade na CF/88 STF: “INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - EXAME DNA - CONDUÇÃO DO RÉU ‘DEBAIXO DE VARA’. Discrepa, a mais não poder, de garantias constitucionais implícitas e explícitas - preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do império da lei e da inexecução específica e direta de obrigação de fazer - provimento judicial que, em ação civil de investigação de paternidade, implique determinação no sen- tido de o réu ser conduzido ao laboratório, ‘debaixo de vara’, para coleta do material indispensável à feitu- ra do exame DNA. A recusa resolve-se no plano jurídico-instrumental, consideradas a dogmática, a doutrina e a jurisprudência, no que voltadas ao deslinde das questões ligadas à prova dos fatos.” (HC 71373, Rel. p/Acórdão: Min. Marco Aurélio, Pleno, j. em 10/11/1994) “Reclamação. 1. Reclamante submetida ao processo de Extradição n.º 783, à disposição do STF. 2. Coleta de material biológico da placenta, com propósito de se fazer exame de DNA, para averigüação de paternidade do nascituro, embora a oposição da extraditanda. 3. Invocação dos incisos X e XLIX do art. 5º, da CF/88. 4. (...) comunicação do Juiz Federal da 10ª Vara da Seção Judiciária do DF ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte - HRAN, autorizando a coleta e entrega de placenta para fins de exame de DNA e fornecimento de cópia do prontuário médico da parturiente. (...) 7. Bens jurídicos constitucionais como ‘moralidade administrati- va’, ‘persecução penal pública’ e ‘segurança pública’ que se acrescem (...) ao direito fundamental à honra (CF, art. 5°, X), bem assim direito à honra e à imagem de policiais federais acusados de estupro da extraditanda, nas dependências da Polícia Federal, e direito à imagem da própria instituição, em confronto com o alegado direito da reclamante à intimidade e a preservar a identidade do pai de seu filho. (...) 9. Mérito do pedido do Ministério Públi- co Federal julgado, desde logo, e deferido, em parte, para autorizar a realização do exame de DNA do filho da reclamante, com a utilização da placenta recolhida, sendo, entretanto, indeferida a súplica de entrega à Polícia Federal do ‘prontuário médico’ da reclamante.” (Rcl 2040 QO, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, Pleno, j. em 21/02/2002) “Recurso extraordinário. Investigação de Paternidade. Correto o acórdão recorrido ao entender que cabe ao Estado o custeio do exame pericial de DNA para os beneficiários da assistência judiciária gratuita, ofere- cendo o devido alcance ao disposto no art. 5º LXXIV, da Constituição. Recurso extraordinário não conhecido.” (RE 207732/MS, 1ª Turma, j. de 11/06/2002, DO de 02/08/2002). No mesmo sentido: ADI 3394/AM, Pleno, j. de 02/04/2007. “(…) 1. É dotada de repercussão geral a matéria atinente à possibilidade da repropositura de ação de investi- gação de paternidade, quando anterior demanda idêntica, entre as mesmas partes, foi julgada improcedente, por falta de provas, em razão da parte interessada não dispor de condições econômicas para realizar o exame de DNA e o Estado não ter custeado a produção dessa prova. 2. Deve ser relativizada a coisa julga- da estabelecida em ações de investigação de paternidade em que não foi possível determinar-se a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes, em decorrência da não realização do exame de DNA, meio de prova que pode fornecer segurança quase absoluta quanto à existência de tal vínculo. 3. Não devem ser impostos óbices de natureza processual ao exercício do direito fundamental à busca da identidade genéti- ca, como natural emanação do direito de personalidade de um ser, de forma a tornar-se igualmente efetivo o direito à igualdade entre os filhos, inclusive de qualificações, bem assim o princípio da paternidade responsável. (...)” (RE 363889, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Pleno, j. em 02/06/2011) Súmula 301 do STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade .” Lei nº 7.210 (Lei de Execuções Penais): Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obriga- toriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor . (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) www.cers.com.br 3 § 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) § 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaura- do, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético . (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) Proteção constitucional à liberdade: Liberdade à luz da legalidade: Art. 5º. (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; OBS: “Liberdade é o poder de fazer tudo o que a lei autoriza. Pois se o Homem pudesse fazer o que ela proíbe, ele já não teria liberdade, porque os outros também teriam esse poder.” (Montesquieu, “O Espírito das Leis”). Espécies de liberdade: a) Subjetiva (interna, psicológica, moral); e b) Objetiva (externa, física). Proteção constitucional à liberdade: Liberdade de consciência e crença (Art. 5°. VI, VII e VIII); Liberdade de manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (art. 5°, IV) e assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem (inciso V); Vedação à censura (art. 220, caput e §§); Liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença (art. 5°, inciso IX); Liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5°, inciso XIII). OBS : Exame de Ordem: STF, RE 603583, j. em 26/10/2011; Liberdade em relação às opções da intimidade e da vida privada, que são invioláveis (art. 5°, inciso X); Liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (art. 5°, incisos XVII, XVIII, XIX, XX e XXI); Liberdade de reunião, assegurando que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente (art. 5°, inciso XVI); Liberdade de voto, protegendo-se o eleitor contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14, § 9°, CF/88); Liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos (art. 17, incisos I a IV da CF/88); e Liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz (art. 5°, inciso XV: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”), inclusive com a garantia constitucional do habeas corpus (Art. 5º, LXVIII – “conceder-se-á ‘habeas-corpus’ sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda- de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”). Direito à igualdade. Teorias sobre a igualdade: 1) Corrente Nominalista; 2) Corrente Idealista; e 3) Corrente Realista. Espécies de desigualdades(Rousseau): 1) Desigualdades naturais (físicas) – têm origem na natureza; e 2) Desigualdades morais (políticas) – têm origem em convenções humanas. www.cers.com.br 4 Espécies de igualdade: 1) Igualdade formal (perante a lei); e 2) Igualdade material. Proteção constitucional à igualdade: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solu- ção pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚ- BLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais ; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro- priedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações , nos termos desta Constituição; A igualdade material depende da concretização das duas dimensões da Justiça: 1) Justiça Distributiva (redistribuição de recursos socioeconômicos); e 2) Justiça de Reconhecimento de Identidades. Conforme Boaventura de Souza Santos (“Por uma concepção multicultural de direitos humanos”), apenas a exi- gência tanto do reconhecimento de identidades como da redistribuição permite a realização da igualdade material: “temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as dife- renças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.” STF: “4. Pluralidade e igualdade são duas faces da mesma moeda. O respeito à pluralidade não prescinde do respeito ao princípio da igualdade. E na atual quadra histórica, uma leitura focada tão somente em seu aspecto formal não satisfaz a completude que exige o princípio. Assim, a igualdade não se esgota com a previsão normativa de acesso igualitário a bens jurídicos, mas engloba também a previsão normativa de medidas que efetivamente possibilitem tal acesso e sua efetivação concreta . 5. O enclausuramento em face do dife- rente furta o colorido da vivência cotidiana, privando-nos da estupefação diante do que se coloca como novo, co- mo diferente. 6. É somente com o convívio com a diferença e com o seu necessário acolhimento que pode haver a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, em que o bem de todos seja promovido sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art. 3º, I e IV, CRFB).” (STF, ADI 5357 MC-Ref, Rel. Min. Edson Fachin, Pleno, j. em 09/06/2016) Ações afirmativas na CF/88: Art. 5°, LXXIV – “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos ”; Art. 5°, LXXVI – “são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nasci- mento; b) a certidão de óbito;” Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XX - proteção do mercado de trabalho da mulher , mediante incentivos específicos, nos termos da lei; Art. 37, VIII – “a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de defici- ência e definirá os critérios de sua admissão;” www.cers.com.br 5 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegu- rar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (…) IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País .” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) STF: “ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ATOS QUE INSTITUÍRAM SISTEMA DE RESERVA DE VAGAS COM BASE EM CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL (COTAS) NO PROCESSO DE SELEÇÃO PARA INGRESSO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO SUPERIOR. (...) I – Não contraria - ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade material, previsto no caput do art. 5º da Carta da República, a possibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho universalista, que abrangem um número indeterminados de indivíduos, mediante ações de natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem grupos sociais deter- minados, de maneira pontual, atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo limitado, de modo a permitir- lhes a superação de desigualdades decorrentes de situações históricas particulares. II – O modelo constitu- cional brasileiro incorporou diversos mecanismos institucionais para corrigir as distorções resultantes de uma aplicação puramente formal do princípio da igualdade. III – Esta Corte, em diversos precedentes, assentou a constitucionalidade das políticas de ação afirmativa. IV – Medidas que buscam reverter, no âmbito universitá- rio, o quadro histórico de desigualdade que caracteriza as relações étnico-raciais e sociais em nosso País, não podem ser examinadas apenas sob a ótica de sua compatibilidade com determinados preceitos constitucionais, isoladamente considerados, ou a partir da eventual vantagem de certos critérios sobre outros, devendo, ao revés, ser analisadas à luz do arcabouço principiológico sobre o qual se assenta o próprio Estado brasileiro. V - Metodo- logia de seleção diferenciada pode perfeitamente levar em consideração critérios étnico-raciais ou socioeconômi- cos, de modo a assegurar que a comunidade acadêmica e a própria sociedade sejam beneficiadas pelo pluralismo de ideias, de resto, um dos fundamentos do Estado brasileiro, conforme dispõe o art. 1º, V, da Constituição. VI - Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir riquezas criadas pelo esforço coletivo, significa distin- guir, reconhecer e incorporar à sociedade mais ampla valores culturais diversificados, muitas vezes considerados inferiores àqueles reputados dominantes. VII – No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discrimina- ção reversa apenas são legítimas se a sua manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de exclusão social que lhes deu origem . Caso contrário, tais políticas poderiam converter-se benesses permanentes, instituídas em prol de determinado grupo social, mas em detrimento da coletividade como um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o espírito de qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios empregados e os fins perseguidos. (...)” (ADPF 186, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Pleno, j. em 26/04/2012). OBS: vide ainda o julgamento da ADC 41, sobre cotas no serviço público. Min. Joaquim Barbosa: À luz da teoria do impacto desproporcional (disparate impact doutrine) “toda e qualquer prática empresarial, política governamental ou semigovernamental, de cunho legislativo ou administrativo, ainda que não provida de intenção discriminatória no momento de sua concepção,deve ser condenada por violação do princípio constituci- onal da igualdade material se, em consequência de sua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidência especialmente desproporcional sobre certas categorias de pessoas” (Ação afirmativa e princípio constitucio- nal da igualdade. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 24). Projeções do direito à segurança na CF/88: 1) Segurança pública (art. 144 - Polícias); 2) Segurança social (art. 6° - Título da Ordem Social); e 3) Segurança jurídica (art. 5°, XXXVI – “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”). Alguns dispositivos sobre propriedade na CF: 1) Propriedade em geral: Art. 5º (...). XXII - é garantido o direito de propriedade ; e Art. 5º (...). XXIII - a propriedade atenderá a sua função social . 2) Propriedade econômica (bens de produção) - Artigos 170 e ss. 3) Propriedade urbana – Artigos 182 e 183: Art. 182. (...) § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. www.cers.com.br 6 OBS: Vide os §§ 3º e 4º do art. 182 (desapropriação-sanção da propriedade urbana) e o art. 183 (usucapião es- pecial urbano) 4) Propriedade Rural – Artigos 184 a 191. Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. OBS: Vide os artigos 184 (desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária), 185 (bens insuscetí- veis de desapropriação para fins de reforma agrária), 187 (política agrícola), 188 (destinação de terras públicas e devolutas), 189 ( beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária), 190 (aquisição ou o arren- damento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira) e 191 (usucapião especial rural). Direito à propriedade na CF/88. O cumprimento da função social da propriedade pode conferir proteção especial ao bem: Art. 5º. (...) XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. Nacionalidade. Declaração Universal dos Direitos do Homem: Artigo 15. 1) Todo Homem tem direito a uma nacionalidade. 2) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. José Afonso da Silva: A nacionalidade, no sentido e no sistema jurídico, é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado . Espécies de nacionalidade: 1) Primária , de origem, originária, nata (art. 12, I, da CF): a) Por critérios de origem sanguínea (jus sanguinis), ou de descendência ; b) Por critérios de origem territorial (jus solis ); e c) Por critérios mistos . 2) Secundária, adquirida, derivada, voluntária (art. 12, II, da CF). Nacionalidade primária na CF/88: Art. 12. São brasileiros: I – natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não es- tejam a serviço de seu país ; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil ; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repar- tição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitu- cional nº 54, de 2007) STF: “CONSTITUCIONAL. NACIONALIDADE: OPÇÃO. C.F., ART. 12, I, c, COM A EMENDA CONSTITUCIONAL DE REVISÃO Nº 3, DE 1994. I. - São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasilei- ra. II. - A opção pode ser feita a qualquer tempo, desde que venha o filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira, nascido no estrangeiro, a residir no Brasil . Essa opção somente pode ser manifestada depois de alcançada a maioridade. É que a opção, por decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o optan- www.cers.com.br 7 te tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade, capacidade que se adquire com a maioridade. III. - Vindo o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, a residir no Brasil, ainda menor, passa a ser considerado brasileiro nato, sujeita essa nacionalidade a manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade brasileira. IV. - Precedente do STF: AC 70-QO/RS, Ministro Sepúlveda Pertence, Plenário, 25.9.03, ‘DJ’ de 12.3.04. V. - RE conhecido e não provido.” (RE 418096, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma , j. em 22/03/2005) “Opção de nacionalidade brasileira (CF, art. 12, I, c): menor residente no País, nascido no estrangeiro e f ilho de mãe brasileira, que não estava a serviço do Brasil: viabilidade do registro provisório (L. Reg. Públicos, art. 32, § 2º), não o da opção definitiva. 1. A partir da maioridade, que a torna possível, a nacionalidade do filho brasi- leiro, nascido no estrangeiro, mas residente no País, fica sujeita à condição suspensiva da homologação judicial da opção. 2. Esse condicionamento suspensivo, só vigora a partir da maioridade; antes, desde que residente no País, o menor - mediante o registro provisório previsto no art. 32, § 2º, da Lei dos Registros Públicos - se considera brasileiro nato, para todos os efeitos. 3. Precedentes (RE 418.096, 2ª T., 23.2.05, Velloso; AC 70-QO, Plenário, 25.9.03, Pertence, DJ 12.3.04).” (RE 415957, Rel Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, j. em 23/08/2005) (...) Homologação da opção de nacionalidade. Artigo 12, inciso I, alínea c, da CF. Efeitos ex tunc. 1. A jurispru- dência firmada pelo Plenário da Corte é no sentido de que a homologação, por sentença judicial, da opção pela nacionalidade brasileira possui efeitos ex tunc. Vide: AC 70/RS-QO, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 12/3/04. (...)” (RE 909499 AgR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, 2ª Turma, j. em 02/12/2016) Nacionalidade secundária na CF/88 (“ordinária”): Art. 12. São brasileiros: (...) II – naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral ; OBS: A lei mencionada é o “Estatuto do estrangeiro” (Lei 6.815/80, arts. 111 e ss.). b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) STF: “(...) CONCURSO PÚBLICO. ESTRANGEIRO. NATURALIZAÇÃO. REQUERIMENTO FORMALIZADO ANTES DA POSSE NO CARGO EXITOSAMENTE DISPUTADO MEDIANTE CONCURSO PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À ALÍNEA ‘B’ DO INCISO II DO ARTIGO 12 DA MAGNA CARTA. O requerimento de aquisição da na- cionalidade brasileira, previsto na alínea ‘b’do inciso II do art. 12 da Carta de Outubro, é suficiente para viabili- zar a posse no cargo triunfalmente disputado mediante concurso público. Isto quando a pessoa requerente contar com quinze anos ininterruptos de residência fixa no Brasil, sem condenação penal. A Portaria de formal reconhecimento da naturalização, expedida pelo Ministro de Estado da Justiça, é de caráter meramen- te declaratório. Pelo que seus efeitos hão de retroagir à data do requerimento do interessado. (...).” (RE 264848, Rel. Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, j. em 29/06/2005) “(...) O CASAMENTO CIVIL NÃO SE QUALIFICA, NO SISTEMA JURÍDICO VIGENTE NO BRASIL, COMO CAU- SA DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA. - Não se revela possível, em nosso sistema jurídico- constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira ‘jure matrimonii’, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil. Magistério da doutrina. (...).” (Ext 1121, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno, j. em 18/12/2009) Perda da nacionalidade na CF/88: Art. 12. (...) § 4º. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse naci- onal ; STF: “NATURALIZAÇÃO – REVISÃO DE ATO – COMPETÊNCIA. Conforme revela o inciso I do § 4º do artigo 12 da Constituição Federal, o Ministro de Estado da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização.” (RMS 27840, Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO, Pleno, j. em 07/02/2013) www.cers.com.br 8 Art. 12. (...) § 4º. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação da Emenda Constitucional de Revisão nº 3/1994) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) STF: “(...) BRASILEIRA NATURALIZADA AMERICANA. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO NO EXTERIOR. FUGA PARA O BRASIL. PERDA DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO REGULAR. HIPÓTESE CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA. NÃO OCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. DENEGAÇÃO DA ORDEM. (...). 2. A Constituição Federal, ao cuidar da perda da nacionalidade brasilei- ra, estabelece duas hipóteses: (i) o cancelamento judicial da naturalização (art. 12, § 4º, I); e (ii) a aquisição de outra nacionalidade. Nesta última hipótese, a nacionalidade brasileira só não será perdida em duas situações que constituem exceção à regra: (i) reconhecimento de outra nacionalidade originária (art. 12, § 4º, II, a); e (ii) ter sido a outra nacionalidade imposta pelo Estado estrangeiro como condição de permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (art. 12, § 4º, II, b). 3. (...) a situação da impetrante não se subsume a qual- quer das exceções constitucionalmente previstas para a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira . (...)” (MS 33864, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, 1ª Turma, j. em 19/04/2016) CF/88: Art. 12. (...) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constitui- ção . (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Compartilhar