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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do Júri da 1ªComarca de Rio Grande/RS.
Processo nº 001.00.111000-0
Ref: IP 9876/2014/1234-A
Homicídio – art. 121, CP
Réu: SÊNECA DOS SANTOS
Defensor constituído: Dr. Reighantz Lucido Justos
RESPOSTA A ACUSAÇÃO
SÊNECA DOS SANTOS, por seu defensor que esta subscreve, ambos já qualificados nos autos do processo acima epigrafado, vem a presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 396-A, do CPP, apresentar RESPOSTA A ACUSAÇÃO, consoante passa a expor:
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
P R E L I M I N A R M E N TE
01-)A denúncia acatada por este juízo no sentido de fazer o acusado responder ao presente processo, data vênia, não contém os indícios necessários e muito menos as provas cabais que possam levar o réu a responder aos termos da presente ação, haja vista que numa rápida análise dos autos, simplesmente se depreende que o mesmo por motivo de muita comoção a princípio não tinha qualquer intenção de participar o evento criminoso a ele imputado. Desse modo, falta um grande pressuposto para a validade da ação que é a prova ou indícios de que o réu o fez de modo premeditado e doloso.
02-) Assim, deveria ter sido rejeitada a denúncia com base no artigo 395-A, do CPP, por faltar justa causa para o exercício da ação penal. Em breve análise dos autos, no seu início, nota-se que o inquérito policial, na peça boletim de ocorrência, as testemunhas arroladas, dizem claramente que o “Que Sr. Sêneca sempre
 foi um homem respeitador, trabalhador e bom pai de família. Que Sêneca era visto sempre
 na rua com os filhos, que frequentava com assiduidade a Igreja com a família. Que, no
 entanto, o casal brigava com frequência, por ciúmes do marido. Que ouviu falar quando
 a criança mais nova nasceu de que Sêneca não seria o pai. Que a vítima, nos últimos
 tempos, estava deprimida, mas atribui isso ao fato do marido ter sido demitido. Que não
 sabe o paradeiro de Sêneca. Que há um boato de que o suposto amante seria um amigo de Sêneca, mas desconhece o seu nome, sabendo apenas que reside em Rio Grande e trabalha com solda de navios”. houve por parte do MP denunciar o acusado, alegando simplesmente ter sido ele o autor do disparo, sem atentar pelos antecendentes do réu. O Código Penal em seu artigo 65, III, c, diz que é circunstância sempre atenuante da imposição da pena, ter o agente cometido o crime sob a influência da violenta emoção, provocado por ato injusto da vítima e, especificamente para os crimes de homicídio e lesões corporais, no caso do agente ter cometido o crime, sob o domínio da violência emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, fica o juiz autorizado a reduzir a pena de um sexto a um terço (art. 121, § 1º e 129 § 4§), ou seja, em ambos, é exigido pela lei que a agressão tenha ocorrido logo após a injusta provocação.
Entretanto, entendo, haver um enorme “vale” entre a lei e a realidade, pois a emoção não está sujeita ao tempo cronológico, mas sim ao tempo psicológico, como ensinam os mais ilustres juristas. GIUSEPPE BETTIOL leciona que o estado de ira pode perdurar por algum tempo, e pode ressurgir violento à recordação da provocação sofrida. BASILEU GARCIA complementa, afirmando que realmente, seria excessivo rigor pretender que os estados passionais não tivessem nem o poder de diminuir a pena, através de avaliação subjetiva da conduta, e o nosso Código expressamente dispôs a esse respeito, criando figuras em que há sensível atenuação penal sob a égide da emoção ou paixão.
Eis então o suposto indício para a denúncia do paciente, devendo, destarte, Vossa Excelência, chamar o feito a ordem para rejeitar, em tempo, a r. denúncia ofertada pelo Ilustre representante do Ministério Público.
03-)Desse modo, provado que não era a intenção do réu praticar o crime, deverá Vossa Excelência, em não querendo chamar o feito a ordem para rejeitar a denúncia, se digne, em ocasião propícia, absolver sumariamente o réu, por não ser ele uma pessoa que oferece perigo a sociedade e estava no momento do ato em que vitimou sua companheira em uma elevada carga de emoção e descontrole mental pelo que foi relatado pelas testemunhas aos olhos do artigo 65, inciso III, alínea a , c, d do Código Penal Brasileiro.
Art. 65 do CP. são circunstância que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209 DE 11.7.1984) 
Inciso III
a) - Cometido o crime por motivo e elevante valor social ou moral
b)- .................................................................................................................
c) - Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vitima.
d) - confessado espontaneamente perante a autoridade, a autoria do crime. 
e) - ..................................................................................................................
Eis então as preliminares levantadas.
DO MÉRITO DA RESPOSTA A ACUSAÇÃO
DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA
04-) Ao tratar de justa causa, ou melhor, da sua ausência em uma ação penal discute-se qual a sua definição, e de que forma se pode delimitar sua interpretação, para romper o princípio da inocência, sem que haja violações a direitos (intimidade, honra, segurança jurídica e dignidade) de quem é investigado, é necessário uma "justa causa".
Essa é a medida básica de segurança jurídica, para que não haja um retrocesso do Poder Público com denuncismos irresponsáveis, lembrando-se a época da ditadura militar, onde a existência de um fato punível era o mero juízo de valor negativo, desatrelado de prova ou de evidências. Bastava haver uma delação, pouco importando a sua consistência, que da noite para o dia o cidadão cumpridor do seu dever jurídico passaria a ser um subversivo.
Portanto, conclui alguns doutrinadores que a justa causa é a medida essencial de um Estado Democrático de Direito, que preserva os direitos e garantias fundamentais do seu cidadão. Faltando a justa causa não há justificativa para que o Poder Público continue a persecução criminal.
SOBRE A DENÚNCIA
05-)Na denúncia de fls. 02 a 03, do Inquérito, declina que o denunciado, deflagrou disparos contra a vítima sem ter a intenção de vitimizá-la, não existem provas nem indícios do que narra a denúncia, a não ser os próprios familiares da vítima atribuindo a prática do fato delituoso para o paciente.
Já nas fls. 05 dos autos do IP, ora atacado, o depoente diz que tentou acalmar Sêneca que tremia muito e chorava enquanto segurava a
 arma. Que acha que a arma disparou involuntariamente diante da mão trêmula de Sêneca,
 que o segundo tiro também foi fruto do desespero.
Por este motivo, dentre outros, não se deve olvidar do princípio do “favor rei” significando que ocorrendo conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do denunciado, deve haver favorecimento deste último ou seja, na dúvida, deve sempre prevalecer e imperar o interesse do mesmo (in dúbio pro reo)
ISTO POSTO, REQUER
I.- Seja proclamada a nulidade do auto de necropsia, de folha 12 do IP, com a o que inexistindo a comprovação da materialidade da infração, em primeiro momento houve confusão de pessoas até se chegar ao objetivo que disseram ser a vitima MARIA CLEMÊNCIA, seja julgada inepta a denúncia, impronunciando-se o réu, a teor do artigo 414 do Código de Processo Penal.
II. Na remotíssima hipótese de não vingar a preliminar de nulidade do auto de necropsia, seja, de igual sorte, o réu impronunciado, por força do artigo 414 c/c o artigo 386, IV ambos do Código de Processo Penal, uma vez que não perpetrou o delito de homicídio doloso,pois não era a intenção de realizar disparos, consoante é evidenciado de forma clara e inequívoca pela prova
que desfilou durante a instrução processual, acolhendo-se, aqui a tese proclamada pelo denunciado, desde a natividade da lide, qual seja, a da negativa do autor. Certo esteja Vossa Excelência, que em assim decidindo, eximindo o réu da submissão ao Tribunal Popular, estará perfazendo, restaurando e aplicando, na gênese do verbo a mais lídima e genuína JUSTIÇA!
Nestes temos, 
Requer deferimento.
Rio Grande, 01 de março de 2015.
Dr. Reighantz Lucido Justos
Advogado – OAB-RG. 0010
ROL DE TESTEMUNHAS
1. Julia Silva, Brasileira, do lar, amigada, residente á rua Senador Júlio César s/n, Rio Grande/RS;
2. Manoel Calabresa , Brasileiro, serviços gerais, amigado, residente á rua Senador Júlio César s/n, Rio Grande/RS;
Assim sendo, apresentado o rol de testemunhas para oitiva em momento a ser determinado por Vossa Excelência, requer a intimação de todas as testemunhas ora arroladas, no forma do art. 406, § 3º, do CPP, devendo, oficiar, destarte, o Comando Geral da Polícia Militar do Estado de Alagoas, o que desde já também requer.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio Grande, 01 de março de 2015.

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