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APOSTILA CESUMAR

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Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS 
DE SAÚDE E
SEGURANÇA NO 
TRABALHO
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância:
 Fundamentos de Saúde e Segurança no Trabalho. Tia-
go Ribeiro da Costa. 
 Maringá - PR, 2015. 
 165 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Saúde 2. Segurança 3. Trabalho 4. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 614
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Direção Pedagógica
Kátia Coelho
Coordenação de Pós-Graduação, 
Extensão e Produção de Materiais
Renato Dutra
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nalva Aparecida da Rosa Moura
Design Educacional
Rossana Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
André Morais de Freitas
Fernando Henrique Mendes
Revisão Textual
Viviane Favaro Notari
Yara Martins Dias
Jaquelina Kutsunugi
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
Formado como Engenheiro Agrônomo (Universidade Estadual de Maringá 
- 2007), Engenheiro de Segurança do Trabalho (Universidade Estadual de 
Maringá - 2010) e como Mestre em Genética Quantitativa e Melhoramento 
Vegetal (Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento - PGM / 
Universidade Estadual de Maringá - 2010).
A
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S
Prezado(a) acadêmico(a),
Seguras saudações! Seja bem-vindo(a) ao mundo da Segurança e Saúde no Trabalho.
Antes de iniciarmos a discussão desse tema, tenho uma importante tarefa a cumprir e 
gostaria de convidá-lo(a) a participar dela. Trata-se de uma tarefa aparentemente fácil, 
mas que pode definir se você irá ou não continuar a ler este material: Quero incentivá-
-lo(a) e convencê-lo(a) sobre a importância do estudo acerca da segurança no trabalho 
no contexto de sua formação como Tecnólogo em Segurança no Trabalho.
Para tal, convido-o(a) a acompanhar nossa primeira unidade. Na unidade I, problemati-
zaremos, primeiramente, sobre o trabalho de acordo com duas questões norteadoras: O 
que é o trabalho? Quais os contextos do trabalho ligados ao ser humano?
Verificaremos que o trabalho se configura a partir do atendimento das necessidades e 
anseios do ser humano em transformar seu meio concreto e até mesmo suas aspirações 
abstratas (pensamentos, ideias, crenças). Diante desse fato, apresentaremos a Teoria das 
Necessidades de Maslow, a qual, em parte, explica a “mola propulsora” que move o ser 
humano em busca dessa transformação chamada trabalho.
Ainda nesse certame, o trabalho apresenta-se em seus diversos contextos (filosófico, 
religioso, econômico, científico e outros que serão explicitados em momento oportu-
no). Tais contextos apresentam as classes de motivos pelas quais o trabalho pode ser 
executado, com sua relativa importância. Você verá que, em muitos casos, existe uma 
relação íntima entre esses contextos e a execução das diferentes atividades humanas 
nos dias atuais. Se você ganha um salário pela execução de um trabalho ou mesmo já 
ouviu falar que o trabalho é uma “punição”, certamente já está ambientado, mesmo que 
não perceba, aos diferentes contextos relacionados ao trabalho.
Logicamente que os subsídios da unidade I não são suficientes para convencê-lo(a) so-
bre a importância do tema de estudo, afinal, ainda não mencionamos nada a respeito 
da segurança no trabalho em si. Dessa forma, a unidade II apresentará a introdução ao 
tema “segurança no trabalho”.
Os princípios de segurança no trabalho foram desenvolvidos a partir da famigerada 
dualidade plenitude-crise do modelo capitalista de trabalho apregoado na época da 
Revolução Industrial. O simples aumento de produtividade, dado pela sistematização 
dosprocessos produtivos e pela exploração exacerbada de uma força de trabalho por 
vezes inadequada aos processos altamente exigentes em força e repetitividade (uso de 
mulheres, idosos e crianças em jornadas que ultrapassavam 16 horas diárias), provocou 
uma situação de crise insustentável.
Você verá que a saída para tais crises ligadas às condições desumanas de trabalho foi o 
desenvolvimento de novas propostas, tidas como paradigmas sociais, tais como o for-
talecimento de organizações associativas (Sindicatos, associações e cooperativas), ide-
ários socioeconômicos (comunismo como modelo alternativo ao capitalismo) e o de-
senvolvimento de normas e ações voltadas à proteção do trabalhador, a qual teve seu 
maior expoente representado pela promulgação das diversas convenções sobre o tra-
APRESENTAÇÃO
FUNDAMENTOS DE SAÚDE E 
SEGURANÇA NO TRABALHO
balho editadas pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, a partir de 1921. 
Discutiremos sobre essas convenções e seus desdobramentos históricos, inclusive 
no Brasil.
Notou que a dois parágrafos apresentei uma palavra em negrito? Utilizei a pala-
vra “uso” desta forma não por acaso. O uso ao qual me refiro apresenta-se em seu 
sentido mais visceral, em que esses seres humanos, tão importantes ao desenvolvi-
mento do trabalho, são encarados como meras peças descartáveis de um processo 
produtivo, tendo “tempo de vida útil”. Ainda bem que hoje não é assim, correto? 
Bem, veremos se isso é verdade na unidade II. Também iremos abordar as normas 
regulamentadoras que regem todos os processos, documentos e treinamentos re-
lacionados à área de segurança e saúde no trabalho.
A partir da unidade III, iniciaremos um processo de delimitação da discussão, focan-
do mais sobre a questão da segurança no trabalho em si. Apresentaremos todos 
os subsídios necessários para que você, prezado(a) aluno(a), possa conhecer seus 
princípios e aplicações pertinentes, atores e atualidades acerca do assunto. Nesse 
momento é que passaremos a definir qual o papel do Tecnólogo em Segurança 
no Trabalho no contexto da segurança no trabalho a partir deste questionamento: 
“quem é este profissional frente à segurança do trabalho?”.
Aliás, faça esse exercício desde esse momento. Comece a se perguntar a respeio 
de o seu papel na questão da segurança no trabalho. Junte as suas impressões e 
percepções acerca desse assunto com aquelas que discutiremos ao longo do livro, 
especialmente na unidade III. Espero que, com isso, você possa enriquecer suas 
ideias sobre essa atuação e possa estabelecer seus próprios caminhos, de maneira 
empreendedora e inovadora, em mais esse campo de atuação.
Provavelmente, a unidade III lhe apresentará bons argumentos nessa minha ten-
tativa de convencê-lo(a) ao estudo da segurança no trabalho. Entretanto ainda é 
necessário estabelecer ações e ferramentas de atuação do Tecnólogo em Segurança 
no Trabalho enquanto membro participante do que podemos chamar de “bureau” 
empresarial de segurança no trabalho. Também abordaremos os conceitos que nor-
teiam a construção e manutenção da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
(CIPA).
Assim, por meio da unidade IV, discutiremos sobre os principais riscos associados 
aos diferentes ambientes de trabalho e de suas diferentes formas de detecção. 
Abordaremos, em seguida, como é realizada a descrição dos cargos, documento es-
sencial para a elaboração dos programas da área de segurança e saúde ocupacional. 
Também falaremos das principais ferramentas e estratégias utilizadas na prevenção 
de acidentes e doenças ocupacionais, como as medidas de proteção representadas 
pelos equipamentos de proteção individual e coletiva, os programas e projetos es-
pecíficos, e as ferramentas de qualidade que podem complementar as ferramentas 
principais.
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Finalmente, na unidade V, estabeleceremos uma última discussão sobre as perspec-
tivas da segurança no trabalho frente ao aumento da complexidade das práticas 
laborais e ao paradigma da sustentabilidade. As discussões sobre esses temas nos 
dias atuais têm cada vez mais tomado ares de protagonismo, dada sua quase “exi-
gibilidade” no que tange ao desenvolvimento dos seres humanos nas próximas dé-
cadas.
Além disso, também trabalharemos com a questão do papel do Tecnólogo em Segu-
rança no Trabalho nas estratégias de capacitação dos atores envolvidos com a práti-
ca laboral, afinal, antes das práticas laborais serem definidas por meio de máquinas, 
equipamentos, implementos e ferramentas, elas são, acima de tudo, definidas pela 
inserção do ser humano ciente de seu papel como agente ativo dos processos.
Não obstante, os diferentes fatores ligados ao desenvolvimento sustentável, dentre 
eles a questão do desenvolvimento das práticas laborais de maneira segura e sau-
dável, estão na pauta dos diversos fóruns setoriais.
O “pano de fundo” das discussões, considerando a relação segurança no trabalho– 
sustentabilidade, centra-se no fato de que as implicações da adoção de princípios 
de segurança no trabalho estendem-se de maneira a garantir a preservação e a uti-
lização racional dos recursos disponíveis, atrelado à ampliação da eficiência eco-
nômica do negócio, reduzindo os impactos potenciais da atividade humana e, por 
consequência, sua pressão sobre os recursos ainda restantes.
Além dessa problematização, também abordaremos a relação entre segurança no 
trabalho–sustentabilidade do ponto de vista das certificações e encerraremos nossa 
discussão reapresentando a relação entre a área de segurança e saúde ocupacional 
com a previdência social.
Para lhe auxiliar em seus estudos, fiz questão de anexar leituras e atividades de auto-
estudo que irão auxiliar no processo de construção de seu conhecimento.
Vamos, então, iniciar nossos estudos sobre os fundamentos da segurança no tra-
balho. Sinta-se: a vontade para estudar os conteúdos deste material, mas, acima de 
tudo, assuma uma postura crítica e disciplinada em seus estudos: estabeleça horá-
rios e metas e sempre se questione, de uma maneira crítica, sobre esses conteúdos. 
Afinal, também não quero estabelecer a minha visão do assunto como única e de-
pendo de suas visões e percepções em uma proposta dialógica, para que possamos 
estabelecer, de fato, a construção do conhecimento.
Até a primeira unidade!
SUMÁRIO
11
UNIDADE I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO
17 Introdução
18 Conceituando Trabalho 
23 Contexto da Prática Laboral 
29 Evolução Histórica do Trabalho 
33 Dualidade Plenitude-Crise 
35 Considerações Finais 
UNIDADE II
ORIGEM DA SEGURANÇA NO TRABALHO
47 Introdução
48 Revolução Industrial: O Marco da Insegurança no Trabalho 
53 Evolução Histórica da Segurança no Trabalho 
58 Dispositivos Legais que Regem Segurança no Trabalho 
62 Normas Regulamentadoras (NRs) 
66 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
SEGURANÇA NO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL
75 Introdução
76 Conceituando Segurança e Saúde no Trabalho 
79 Principais Consequências da Insegurança no Trabalho 
82 Profissionais da Área de Segurança e Saúde no Trabalho 
89 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
92 Considerações Finais 
UNIDADE IV
FERRAMENTAS APLICADAS À SEGURANÇA NO TRABALHO
101 Introdução
102 Análise e Descrição de Cargos 
107 Medidas de Proteção no Trabalho 
117 Principais Ferramentas da Área de Segurança no Trabalho 
125 Ferramentas da Qualidade Aplicadas à Segurança no Trabalho 
128 Considerações Finais 
SUMÁRIO
13
UNIDADE V
SEGURANÇA NO TRABALHO E SUSTENTABILIDADE 
139 Introdução
140 Principais Estratégias de Conscientização dos Colaboradores 
144 Segurança no Trabalho e Sustentabilidade 
147 Segurança no Trabalho e Certificações 
150 Segurança no Trabalho e Previdência Social 
151 Considerações Finais 
159 CONCLUSÃO161 REFERÊNCIAS
165 GABARITO
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Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO 
TRABALHO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar o conceito de trabalho.
 ■ Descrever o contexto que envolve a prática laboral.
 ■ Apresentar as etapas de evolução das atividades humanas.
 ■ Compreender a evolução histórica do trabalho.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Conceituando Trabalho
 ■ Contexto da prática laboral
 ■ Evolução histórica do trabalho
 ■ Dualidade da plenitude-crise
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! 
Estamos iniciando nossos estudos sobre os Fundamentos da Segurança do 
Trabalho. Em um primeiro momento, convido-lhe a conhecer as bases de nosso 
assunto, quais sejam: o trabalho, seus contextos, as etapas de evolução das prá-
ticas laborais ao longo da história da humanidade e a base filosófica que faz a 
prática laboral evoluir, algo que nós chamaremos de “dualidade plenitude-crise”.
Perceba que em pouquíssimos momentos evidenciaremos a Segurança do 
Trabalho em si nesta unidade. Espero que isso não vá contra as suas expectativas, 
mas entenda que isso se faz necessário. A princípio, torna-se produtivo racioci-
nar sobre o ser humano e suas formas de observar e transformar a natureza ao 
seu favor, ao atendimento de suas necessidades.
Esse processo transformador do meio natural pode ser compreendido como 
“trabalho”, uma das bases de nosso estudo. Contudo, não estudaremos as tecnolo-
gias transformadoras, mas a forma como essa transformação pôde ser processada, 
avaliando as formas de execução do trabalho. Chegaremos à conclusão de que, 
ao longo da história, observou-se um aumento da complexidade da prática labo-
ral, em resposta às demandas da humanidade.
Ocorre que complexidade e risco são grandezas diretamente proporcionais, 
o que criou uma nova dimensão analítica relacionada à prática laboral, sendo 
esta ligada à Segurança do Trabalho.
Por falar em dimensões analíticas da prática laboral, vamos trazer à tona os 
diferentes contextos relacionados ao trabalho. Penso que visualizando alguns 
contextos principais podemos conceituar com maior propriedade o que é o tra-
balho, podendo evidenciar como a própria Segurança do Trabalho pode servir 
como ferramenta, frente a esses diferentes contextos, no sentido de mitigar os 
riscos e garantir uma prática laboral segura.
Vamos adentrar no mundo da Segurança do Trabalho?
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Introdução
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
CONCEITUANDO TRABALHO
Como atividade inicial, peço para que você se concentre nas palavras desta uni-
dade do livro e siga rigorosamente as reflexões aqui colocadas. Vamos lá? Em 
algum momento de sua vida, você já se deparou com uma espécie de vazio pro-
vocado por questões não respondidas? Trata-se de questões que beiram o campo 
da filosofia e do papel exercido pelo ser humano no universo, por exemplo:
Quem sou eu?
Por que estou aqui?
Qual o objetivo de viver?
O ser humano está sozinho no universo?
Existe algo que rege a nossa vida?
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Conceituando Trabalho
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É difícil encontrar alguém que nunca tenha se deparado com essas questões. Saiba 
que tais questionamentos são naturais e pertinentes a qualquer ser humano, desde 
épocas remotas. Todavia, assim como você, eu nunca obtive respostas satisfató-
rias para essas perguntas, mesmo considerando que estamos em uma época em 
que o desenvolvimento científico e tecnológico nos confere subsídios importan-
tes à resolução desses questionamentos.
Reflita agora sobre essa mesma análise, mas transporte-a para tempos mais 
remotos, quando os subsídios que poderiam nos auxiliar na resolução dessas 
questões eram mais raros. De alguma maneira, o ser humano, com sua grande 
capacidade de adaptação ao ambiente, não somente física e biológica, mas tam-
bém cognitiva, criou alternativas ao entendimento das referidas questões. Dessa 
forma, surgiram as primeiras teorias filosóficas que buscavam dar suporte a esses 
questionamentos.
São duas as principais teorias filosóficas que foram criadas diante desse con-
texto, em ordem, o teocentrismo e o antropocentrismo. Segundo Souza (2009), 
o teocentrismo surgiu em uma época de densa supremacia da Igreja Católica, 
especialmente sob o ponto de vista ideológico. Na Idade Média, período do auge 
do teocentrismo, o ideário básico suscitava a relação entre Deus e as coisas sem 
explicação lógica, ou seja, todas as respostas àquelas perguntas encontravam-se 
direcionadas à justificativa divina.
A própria definição de teocentrismo ilustra essa supremacia divina:
O teocentrismo, do grego theos (“Deus”) e kentron (“centro”), é a con-
cepção segundo a qual Deus é o centro do universo, tudo foi criado por 
ele, por ele é dirigido e não há outra razão além do desejo divino sobre 
a vontade humana (TEOCENTRISMO, 2012).
Para se ter uma ideia sobre o ideário vigente nesse período, Tomas de Aquino, 
citado por Souza (2009), representou o teocentrismo por meio de provas da exis-
tência de Deus, as quais, em resumo, seguem: 1) Deus, primeiro motor imóvel 
do universo em movimento e causa eficiente desse universo; 2) Ser absoluto em 
relação às coisas que apresentam apenas graus de perfeição; e 3) Ordenador e fim 
supremo do Universo, dando, dessa maneira, sentido e finalidade ao universo.
Não é nosso objetivo nos aprofundarmos em uma discussão do campo 
sociológico quanto ao teocentrismo, contudo, você já deve ter percebido que tal 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
ideologia, por sua característica principal, subjuga o poder transformador do ser 
humano, ávido por modificar seu meio em prol de suas necessidades.
Nesse sentido, o Antropocentrismo, teoria que apregoa uma “troca” quanto 
ao elemento principal do universo (de Deus para ser humano), entrou em 
cena, em meados do século XIV, com o Renascimento. Não obstante, o nome 
“Renascimento” sugere o ressurgir do homem e de sua capacidade de modificar 
o meio a partir de um cenário de “trevas” advindo da Idade Média.
Nesse momento, o desenvolvimento da razão e das ciências permite ao ser 
humano a compreensão de muitos fenômenos naturais e humanos, até então cre-
ditados às entidades divinas. Não se tratava do primeiro momento histórico no 
qual o ser humano era protagonista no desenvolvimento de suas atividades, mas 
certamente foi o mais auspicioso nessa questão, afinal, graças ao poder inventivo 
do ser humano, traduzido por sua capacidade de modificar o meio (portanto, 
trabalho), grandes feitos na história da humanidade foram executados. Pode-se 
citar como exemplos as grandes navegações, o desenvolvimento das leis univer-
sais da física e das demais ciências (sociologia, matemática, anatomia, dentre 
outras) e a própria Revolução Industrial, um marco histórico no campo do tra-
balho que modificou drasticamente as bases sociais, econômicas, ambientais e 
políticas da sociedade Europeia, nos séculos XVIII e XIX, e da sociedade mun-
dial, no século XX.
Você, nesse momento, deve ter percebido que o antropocentrismo tem uma 
ligação bastante importante com o trabalho em si, devido a sua característica de 
libertação da capacidade transformadora e inovadora do ser humano. Todavia 
aindanão é capaz de solucionar todas as questões filosóficas estabelecidas na 
ânsia do entendimento do papel desse ser humano no universo.
O teocentrismo, em menor grau, e, principalmente, o antropocentrismo ilus-
tram essa relação do ser humano com o universo, um ser ativo, atuante e que 
busca constantemente a transformação de seu meio para seu próprio benefício. 
A essa capacidade de modificação do meio é que damos no nome de trabalho.
É importante salientar que essa “modificação do meio” supracitada pode 
ter efeitos tanto em elementos concretos como também em elementos abstra-
tos: a própria teoria filosófica do teocentrismo foi criada pelo ser humano, o 
qual estabeleceu uma relação causal entre um elemento abstrato (Deus) e as 
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consequências terrenas (concretas). Por isso que também é válido afirmar que 
o teocentrismo possui sua parcela de contribuição em nossa tentativa de con-
ceituar o termo trabalho.
Mediante o exposto, portanto, depreende-se que o termo trabalho faz alusão 
à capacidade humana de transformar o meio (considerando elementos abstratos 
e concretos) para o pleno atendimento de suas necessidades.
Entretanto a conceituação sobre o Trabalho torna-se incompleta do ponto de 
vista processual. Fazendo uma alusão à boa e velha gramática, é como se estivés-
semos vendo claramente o que é a ação (o verbo do predicado) e quem executa 
essa ação (o sujeito). No entanto, essa ação não se configura como “verbo intran-
sitivo”, necessitando, portanto, de um complemento, de um “objeto”, de um “para 
quem a ação é voltada”. Dessa forma, de uma maneira mais direta, eu lhe per-
gunto: para quem o trabalho é voltado?
Analise a seguinte citação:
[...] as profissões da área das engenharias são caracterizadas pelas 
realizações de interesse social e humano. [...] o homem filosofa para 
entender o mundo e seu papel dentro dele. Filosofa para entender a 
si mesmo. [...] o homem faz ciência para estabelecer o conhecimento 
metodológico das relações do mundo material, visando apropriar-se 
deste conhecimento para seu próprio desenvolvimento intelectual. [...] 
o homem desenvolve tecnologia para aplicar na sua própria prática de 
vida os conhecimentos científicos adquiridos, visando seu desenvol-
vimento, sua abundância econômica, seu conforto e sua qualidade de 
vida. [...] o homem faz religião para buscar sua bem aventurança espi-
ritual, aproximando-se de suas divindades. [...] o homem faz arte para 
o deleite de seu próprio espírito. [...] o homem trabalha para realizar 
no ambiente seus próprios interesses, promovendo sua transformação 
(PUSCH, 2010, p. 8).
A partir dessa leitura, pode-se depreender que, em todos os casos, os resultados 
da ação chamada trabalho são voltados ao próprio ser humano, ou seja, este é 
promotor de uma ação modificadora do meio, que tem por objetivo o seu pró-
prio benefício, corroborando com a observação anterior de que o trabalho é 
voltado ao atendimento das necessidades desse ser humano.
O trabalho é uma via para o atendimento das necessidades humanas e também 
apresenta outros elementos subjetivos: o trabalho como forma humana de expres-
são e como elemento de realização pessoal. No primeiro caso, a necessidade 
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humana, individual e intransferível, impõe um planejamento e a execução de 
ações de forma única a cada ser humano. Dessa forma, trabalhos “semelhantes” 
podem produzir distintos resultados, uns mais eficientes que os outros. 
A própria substituição da força humana pela tração animal e, posteriormente, 
por matrizes energéticas diversas (carvão, gás natural, vapor de água, energia 
elétrica etc.) são exemplos da aplicação de metodologias derivadas de expres-
sões distintas de seres humanos em busca do atendimento de suas necessidades, 
de maneira mais eficiente. Diferentes formas de expressão humana por meio do 
trabalho podem explicar, em parte, o próprio contexto histórico do trabalho e 
as inovações que foram atreladas ao desenvolvimento dessa prática ao longo dos 
séculos, mas esse assunto será tratado no próximo tópico.
Conforme explicitado ao longo do texto, o trabalho pode ser entendido 
como uma forma de expressão humana. O trabalho pode expressar, ainda, 
a forma como um ser humano observa o mundo ao seu redor. Aliás, esse 
inventivo ser humano pode melhorar algo que já existe, sendo essa uma 
prática muito comum quando nos referimos à Tecnologia da Informação.
Sobre esse contexto, estudante de 17 anos criou um algoritmo de busca 
mais preciso que o Google, que é o mais famoso buscador de conteúdos 
locados na internet. Conheça esse exemplo por meio do link a seguir:
OLHAR DIGITAL (2012). Disponível em:
<http://olhardigital.uol.com.br/noticia/estudante-de-17-anos-cria-algorit-
mo-de-busca-mais-preciso-que-o-google/26770>.
Acesso em: 10 jan. 2015.
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CONTEXTO DA PRÁTICA LABORAL
Para que você possa compreender melhor o conceito de trabalho, precisamos estudar 
também os contextos ligados a ele, dentre eles, destacamos o contexto econômico, o 
contexto jurídico, o contexto bíblico, o contexto cultural-educativo, o contexto téc-
nico-científico e o contexto humano.
Para explicar a contextualização econômica do trabalho, vamos nos ater ao exem-
plo da personagem Robinson Crusoé. Em síntese, o referido personagem pode ser 
descrito como um autodidata, o qual desenvolveu suas visões e reflexões sobre sua 
realidade ao longo de 28 anos de isolamento, pós-naufrágio, em uma ilha tropical.
Em princípio, estando frente a uma situação desfavorável, afinal, tratava-se de 
uma ilha isolada e aparentemente deserta, a personagem, movida pela necessidade 
basilar de sobrevivência, abrigo e vestimentas, adquiriu uma visão que lhe permi-
tiu o desenvolvimento de práticas laborais, as quais, voltadas a si mesmo, atenderam 
a tais necessidades.
Entretanto, além das necessidades basilares, havia outras tantas, que colocaram 
a personagem em uma situação em que ela se vira obrigada a dominar trabalhos de 
diferentes naturezas. Esse ciclo se repetiria indefinidamente até seu resgate, 28 anos 
após o naufrágio que o lançou naquela situação de isolamento. 
Teoricamente, para um ser humano, o desenvolvimento do trabalho encon-
tra-se atrelado ao atendimento de suas necessidades, como vimos. Nesse sentido, 
a existência de um Robinson Crusoé é plenamente aceitável, todavia pouco visível 
nos dias atuais.
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O que quero colocar com essa discussão é que, atualmente, os trabalhos encon-
tram-se segmentados por profissões. Essas profissões podem ser interpretadas 
como uma derivação da atual organização social, a qual serializa a economia em 
segmentos, estes devem possuir elementos humanos (trabalhadores) especializa-
dos em uma única função ou conjunto de funções, fazendo com que os resultados 
do trabalho (especialmente o lucro) sejam obtidos com maior eficiência.
Nesse modelo, cada trabalhador possui sua capacidade de realização dos 
trabalhos próprios (atendimento de suas próprias necessidades). Após o aten-
dimento dessas necessidades, a competência desenvolvida para determinado 
trabalho não é sobrepujada pelo desenvolvimento de novas competências. Ao 
contrário,elas se somam. 
Essa capacidade latente em cada indivíduo para produzir trabalho além de 
suas necessidades é capaz de gerar excedentes, em qualidade e quantidade de 
trabalho, os quais podem ser comercializados, ou seja, existe uma atribuição 
de valor ao trabalho excedente desenvolvido, que pode ser traduzido como um 
salário ou mesmo pagamento avulso pela prestação de serviços. Esse, portanto, 
é o contexto econômico do trabalho, no qual, em nossa sociedade moderna, 
todos estamos envolvidos.
Considerando essa segmentação econômica e a consequente fragmenta-
ção das atividades, além do próprio contexto econômico do trabalho, é valido 
supor que exista um conjunto de regras que regem o trabalho e suas relações. 
A Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT e, aproximando ao nosso discurso, 
as Normas Regulamentadoras sobre Segurança e Medicina do Trabalho – NRs 
(unidade II) são exemplos dessas regras, fazendo parte, ainda, do chamado con-
texto jurídico do trabalho.
Reflita consigo mesmo, especialmente você que já exerce uma profissão: 
Você não tem um cargo e uma função? Esse cargo e essa função lhe permi-
tem executar tarefas tão diversas como Robinson Crusoé? Pense um pouco 
mais: você está se formando para ser um futuro Tecnólogo em Segurança 
no Trabalho. Você poderá exercer alguma atividade que esteja fora de suas 
atribuições?
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Por sua vez, o contexto bíblico do trabalho versa sobre a ligação entre este e 
a questão da punição humana. Essa ligação se encontra tão imbricada no âmago 
social que, por vezes, você já deve ter ouvido alguém falar a expressão: “Eu atirei 
pedra na cruz pra ter um trabalho desses” ou ainda “meu trabalho não é praze-
roso, aliás, aquilo é um sofrimento, parece que Deus está de mal comigo”.
Logicamente que tais colocações são originadas de outros fatores, além da 
questão bíblica, mas não há como negar a forte influência desse livro nessa con-
cepção, o que chega até a distorcer a conceituação de trabalho que construímos 
há alguns momentos.
Para lhe ilustrar o que estamos discutindo, analisemos os trechos retirados 
do Livro de Gênesis, da Bíblia Sagrada, os quais versam a respeito do primeiro 
pecado cometido pelo ser humano e suas respectivas punições:
E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: onde estás? (Gênesis,3:9). 
E ele disse: ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu e 
escondi-me. (Gênesis,3:10).
E Deus disse: quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore 
de que te ordenei que não comesses? (Gênesis,3:11). 
Então disse Adão: a mulher que me deste por companheira, ela me deu 
da árvore, e comi (Gênesis,3:12).
E disse o Senhor Deus à mulher: por que fizeste isto? E disse a mulher: 
A serpente me enganou, e eu comi (Gênesis,3:13).
E [Deus] à mulher disse: multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua 
conceição; com dor darás à luz filhos. (Gênesis,3:16).
E a Adão disse [...] no suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te 
tornes a terra (Gênesis,3:17-19). 
A análise do versículo 19, capítulo 3, do Livro de Gênesis nos ilustra essa rela-
ção entre trabalho e punição, ou seja, o trabalho, nessa visão, é desconstruído 
enquanto atributo humano de modificações do meio para o atendimento das 
necessidades individuais e coletivas. 
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Parece que a contextualização bíblica do trabalho não é a mais adequada do ponto 
de vista de execução de trabalhos e nem da promoção dos princípios de segurança 
no trabalho. De certa forma, é exatamente essa a impressão que quero lhe passar, 
não pelo fato dessa ligação entre religião e trabalho em si, mas da forma como ela 
é interpretada.
Ao passo que não fazemos absolutamente nada contra essa interpretação detur-
pada do trabalho enquanto punição, estamos simplesmente promovendo-a. Veremos 
na unidade III que uma das funções primordiais dos profissionais ligados à promoção 
da saúde e segurança no trabalho é a de comunicador e de animador dos processos. 
Em sua opinião, no que tange ao desenvolvimento dos trabalhos no campo 
da segurança no trabalho e considerando todos os atores envolvidos (seres 
humanos, primordialmente), quais seriam as dificuldades impostas ao seu 
futuro trabalho, levando em conta essa contextualização bíblica do traba-
lho? Além disso, o que você faria para sanar tais dificuldades impostas por 
esse cenário?
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Esses profissionais deverão convencer os trabalhadores, por meio de processos 
participativos, a construir no dia a dia um ambiente seguro e saudável ao desen-
volvimento das práticas laborais. De que forma faremos isso se mantivermos essa 
visão sobre o trabalho? Conseguiremos animar e nos comunicar com pessoas que 
estão com seus “filtros” fechados por acreditarem que o trabalho é uma punição?
Faço essas provocações a você e recupero o questionamento feito no momento 
de reflexão anterior: o que você faria para sanar as dificuldades impostas por um 
cenário em que essa interpretação do trabalho como punição está em voga?
“Se eu serei um animador, um comunicador na promoção da saúde e da segu-
rança no trabalho, talvez cursos de capacitação, diálogos com os trabalhadores 
ou mesmo palestras seriam bons instrumentos para lidar com essa problemática”. 
Provavelmente, você deve ter pensado em algo parecido com isso. Se não pensou, 
não há problema, mas considere essa estratégia como válida, dessa forma, estamos 
adentrando ao contexto cultural-educativo ligado ao trabalho.
Considerando as estratégias lúdico-pedagógicas, a formação do conceito sobre 
o trabalho tem sido realizada de diferentes maneiras, principalmente durante a for-
mação psicológica e social do indivíduo. Você se lembra de, quando criança, já ter 
cultivado uma semente de feijão em um algodão umedecido, tendo como vaso um 
pote de iogurte? Ademais, você já ouviu falar sobre o conto “A formiga e a cigarra”? 
Certamente, muitas pessoas 
já passaram por essas expe-
riências, nas quais o valor 
do esforço e a qualidade da 
estratégia de trabalho nos são 
ensinados com ares de moral 
de histórias. De fato, quando 
se fala no contexto cultural-e-
ducativo do trabalho, fala-se, 
também, no papel dos valores 
e princípios dessa atividade 
humana e de seus efeitos para 
o desenvolvimento cognitivo, 
físico, econômico e social dos 
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“seres trabalhadores”. 
No que tange à segurança no trabalho e saúde ocupacional, somam-se aos 
valores e princípios supracitados os valores afetivos e familiares e, ainda, quando se 
estabelece a ligação entre esses temas e o meio ambiente, os valores de sustentabi-
lidade são trazidos à tona.
O que se quer mostrar é que o próprio trabalho apresenta-se como ferramenta 
na problematização dos conhecimentos e da tomada de decisões eficazes e sus-
tentáveis. Os processos educacionais podem se utilizar das diferentes maneiras de 
execução de um trabalho, servindo, por exemplo, para dotar trabalhadores de com-
petências e habilidades de segurança no trabalho na lida com maquinários ligados 
à silvicultura ou, ainda, para conhecerem as diferentes formas de inter-relaciona-
mento humano nas corporações.
Assim, exemplos de sucesso, bem como exemplosde fracasso de práticas labo-
rais, seja no campo administrativo, executivo, de planejamento ou quaisquer outras 
áreas ligadas à vida corporativa, podem ser utilizados nas estratégias de capacitação 
e conscientização, compondo, portanto, o contexto cultural-educativo do trabalho.
Entretanto no que tange à educação e geração de conhecimento, além de fer-
ramenta para observação, a prática laboral encontra-se sujeita a uma planificação, 
diante da tríade levantamento-diagnóstico-planejamento. 
As diversas observações empíricas das práticas laborais foram elevadas ao status 
de ciência, o que permitiu a previsão dos diversos componentes ligados ao trabalho, 
por exemplo, as formas de operação de máquinas, as forças envolvidas no movimento 
de cargas, as medidas antropométricas e ergonômicas para o design de ferramentas 
e equipamentos de proteção individual – EPIs, dentre outros.
Atualmente, várias áreas técnicas e científicas convergem no sentido de gerar 
um melhor entendimento sobre o trabalho e seus fatores correlacionados. Física, 
Matemática, Administração, Psicologia, Química, Biologia e outras tantas áreas do 
conhecimento, quando aplicadas ao entendimento e previsibilidade do trabalho, 
fazem parte do contexto técnico-científico desse trabalho.
Até esse momento, estamos analisando os diferentes contextos ligados à prática 
laboral. Entretanto, para finalizar essa discussão sobre a contextualização do traba-
lho, é necessário abordar sobre a evolução histórica do trabalho, estando esta no 
próximo tópico desta unidade. Vamos continuar?
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Até esse momento, além de conceituar o termo “trabalho”, desenvolvemos o 
conhecimento acerca dos diversos contextos ligados a ele. A partir desse ponto, 
faremos uma reflexão sobre o desenvolvimento do trabalho ao longo da história 
da humanidade. Não se preocupe, pois não faremos uma abordagem detalhada 
sobre essa evolução, mas destacaremos alguns pontos-chave que podem ser con-
siderados como marcos evolutivos do trabalho.
Em um primeiro instante, o ser humano nômade e altamente dependente 
dos processos extrativistas de caça e de pesca desenvolvia o trabalho, ou seja, 
sua capacidade de alteração do ambiente natural em seu próprio benefício, de 
maneira bastante pontual e limitada, afinal, esses processos de sobrevivência 
causam pouca influência no meio natural.
Entretanto, com o passar dos séculos e com a ampliação da percepção cog-
nitiva do ser humano, o desenvolvimento das atividades extrativistas e de caça e 
pesca foi diminuindo. Tratou-se de um momento evolutivo de transição de um 
ser humano nômade para um ser humano sedentário, fixado e cada vez mais 
dependente de seu grupo.
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Essa transição fora desen-
cadeada por um dos primeiros 
marcos relativos ao trabalho na 
humanidade: a “descoberta” da 
Agricultura. Com sua capaci-
dade ampliada de percepção, 
esse “novo” ser humano passou 
a observar mais atentamente os 
diversos fenômenos da natureza, 
a qual ficou mais previsível pela associação de sinais naturais e suas consequ-
ências. Atualmente, encontramos essa associação latente quando falamos dos 
chamados Povos e Comunidades Tradicionais – PCTs, um dos públicos de tra-
balho do Tecnólogo em Segurança no Trabalho.
Assim, por observação quanto ao modo de reprodução vegetal, especial-
mente das plantas de reprodução assexuada (reprodução vegetativa, a exemplo 
da mandioca, batata, banana e cana-de-açúcar), o ser humano passou a cultivá-
-las nas proximidades de seus aglomerados populacionais.
Esse foi um fator de modificação não somente dos padrões sociais, mas tam-
bém da própria organização do trabalho, em termos de atividades e ferramentas. 
Cabe salientar que esse advento da Agricultura possibilitou o desenvolvimento de 
ferramentas tidas como especializadas para a época, como ferramentas de corte e 
de cultivo em terra (não se fala ainda em aragem da terra, pois o arado, enquanto 
instrumento de cultivo, somente foi concebido séculos depois pelos egípcios).
O desenvolvimento da prática laboral, durante séculos, teve papel importan-
tíssimo na definição dos padrões sociais, econômicos e políticos das diferentes 
sociedades clássicas. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que o trabalho também 
tem grande influência no que tange à gestão dos recursos naturais. 
Na Grécia Antiga, no Império Romano e mesmo no Império Egípcio, o tra-
balho, além de definir o posicionamento social (nesse caso, a prática laboral 
estando ligada às classes inferiores, as quais exerciam essas atividades em prol 
de uma representação de autoridade, sendo o estado democrático na Grécia e o 
Imperialismo nos outros exemplos), também definia o modo de utilização dos 
recursos disponíveis (basicamente água, solos agricultáveis, fauna e flora) e o 
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modo de descarte dos resíduos da atividade humana.
Para se ter uma ideia, segundo Carvalho (2000), a Grécia antiga foi uma das 
primeiras civilizações a exercer um planejamento quanto ao saneamento básico, 
pelo menos em seu centro de poder. Canais conduziam a água até equipamentos 
públicos e residências localizadas nos centros de poder e os resíduos eram reco-
lhidos e destinados em locais específicos, fora dessas localidades.
Obviamente que, para padrões atuais, essa prática encontra-se em desuso, 
dado os grandes impactos que ela é capaz de gerar nos diferentes ecossistemas, 
mas, considerando os padrões da época, pode-se dizer que essa sociedade apre-
sentava-se como empreendedora e pioneira na relação Trabalho - Meio Ambiente.
Também é de se destacar que o desenvolvimento do trabalho ao longo da 
Idade Antiga contribuiu para o desenvolvimento das artes, da cultura e das ino-
vações produtivas e econômicas. No primeiro caso, às ferramentas de trabalho 
foram somados os primeiros equipamentos rudimentares (o caso do tear) e os 
implementos de tração animal, bastante úteis na lida com a terra e na constru-
ção da infraestrutura urbana. Por sua vez, o segundo caso pode ser ilustrado pela 
criação do dinheiro e pela monetarização dos produtos, que é a atribuição de 
valor equivalente a um lastro que representasse o dinheiro, como cobre, prata, 
ouro e, até mesmo sementes de cacau, no antigo Império Asteca.
Contudo, não somente os avanços no campo do trabalho, mas, de maneira 
universal, em todos os segmentos de reflexão-ação sob influência humana foram 
paralisados na Idade Média, período que se estendeu do século V ao XV depois 
de Cristo.
A ampla influência religiosa impôs um modelo de engessamento social, filo-
sófico, cultural e econômico. O dinheiro e as inovações já não eram mais a fonte 
do poder e sim o acúmulo de terras. O trabalho havia se reduzido ao cultivo de 
alimentos para a manutenção de uma sociedade crescente e decadente. Todas 
as inovações, em quaisquer campos do conhecimento, eram consideradas como 
heresia e seus protagonistas eram duramente punidos.
Para se ter um panorama daquilo que acontecia na época da Idade Média, 
o trabalho era direcionado à produção de alimentos e à ampliação de poder, do 
mesmo modo que os processos educacionais encontravam-se sob a tutela da 
Igreja Católica, estando esses processos voltados à propagação dos princípios 
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teocentristas e, de maneira paradoxal, ao entendimento do espólio filosófico da 
Grécia Antiga, uma vez que Aristóteles e Platão eram temas recorrentes aos aca-
dêmicos europeus.
Diante desse cenário, torna-se válido supor que o desenvolvimento do tra-
balho, considerando seu conceito, encontrou grandes barreiras. Logicamente 
que esse engessamento promovido na Idade Média não pode ser encarado como 
absoluto, assim como a própria Idade Média, a qual teve seu momento áureo 
por volta dos séculos VII e IX, sendo decadente até sua derrocada no século XV.
Havia o desenvolvimento da ciência e inovação, entretanto em momentos 
pontuais e sem maiores influências no cenário da época. Contudo, com o enfra-
quecimento desse modelo medieval e com a instauração gradual do Renascimento 
(Idade Moderna), o trabalho ganhou novas matizes, ultrapassando o modelo 
artesanal e se aproximando de um novo modelo de produção, mais racional e 
eficiente à época: a Manufatura.
Essa manufatura, por sua vez, prezava a utilização de equipamentos e, em 
certo grau. A setorização produtiva, o que ampliou consideravelmente a varie-
dade de produtos ofertados a uma sociedade, já não mais europeia, mas ocidental, 
em um momento de franca expansão do capitalismo, representado, em princí-
pio, pelo mercantilismo e pela ampliação de poder econômico e social de uma 
nova classe: a Burguesia.
Fazendo uma reflexão sobre esse momento histórico e sobre a monetarização 
(criação do dinheiro), ocorrida na Idade Antiga, chegamos a um ponto crucial 
na evolução histórica do trabalho: a própria capacidade excedente de trabalho, 
traduzida em força e/ou intelecto, passou pelo processo de atribuição de valo-
res (monetarização). Lembra-se do contexto econômico do trabalho? Não se 
pode afirmar claramente quando foi a primeira vez na história da humanidade 
que alguém foi pago pela execução de um serviço, mas esse conceito na Idade 
Moderna certamente foi consolidado.
Para complementar a discussão em relação à evolução histórica do traba-
lho, iremos abordar no próximo tópico a chamada dualidade plenitude-crise, 
que impeliu o desenvolvimento não somente das práticas laborais, mas tam-
bém dos princípios das atuais práticas basilares de segurança no trabalho e de 
saúde ocupacional.
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DUALIDADE PLENITUDE-CRISE
Até aqui, estamos dando alguns passos importantes no entendimento da evolução 
histórica do trabalho, mas julgo apropriado que você possa entender o pano de 
fundo não somente dessa evolução, mas de toda e qualquer evolução na huma-
nidade: a dualidade plenitude-crise.
Já lhe adianto que os momentos de plenitude e crise na história da humani-
dade proporcionaram a efervescência social, econômica e, em nível individual, 
cognitiva, necessária à implantação de novos paradigmas, inclusive, na evolu-
ção do trabalho ao longo dos séculos, resumindo, a humanidade jamais atingiu 
ou atingirá um estado de estabilidade (COSTA, 2012).
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A teoria das necessidades humanas de Maslow explica a afi rmação ante-
rior, pois indica o que motiva o ser humano na busca pela evolução histórica. 
Segundo essa teoria, as necessidades primárias são as fi siológicas e orgânicas, já 
as secundárias são a segurança, autoestima e autorrealização, sendo estas repre-
sentadas por uma pirâmide, na qual o ser humano, ao atingir as necessidades 
fi siológicas que fi cam na base da pirâmide, luta para atingir os outros níveis até 
chegar ao último, a autorrealização (COSTA, 2012).
O trabalho é o meio utilizado para a conquista dessas necessidades, no 
momento em que o indivíduo conquista um nível da pirâmide, ele se encontra 
em estado de plenitude, mas, quando percebe que aquilo não está suprindo mais 
suas necessidades, ele passa ao estado de crise. Por exemplo, na Idade Média, o 
modelo feudal imperava, ou seja, a população passava por um momento de ple-
nitude, mas, com o tempo, ele já não era mais compatível com o crescimento 
da população, nem todos tinham acesso às terras e meios de produção, que, por 
fi m, gerou vários confl itos sociais, como as cruzadas, isto é, foi instaurado um 
momento de crise. Depois de várias lutas, o feudalismo deu lugar ao capita-
lismo (Revolução Industrial), retornando ao estado de plenitude, porém, como 
nenhuma solução é defi nitiva, sempre haverá momentos de plenitude seguidos 
de períodos de crise e assim por diante (COSTA, 2012).
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Considerações Finais
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O capitalismo possibilitou o crescimento econômico, mas também trouxe 
novamente desigualdades entre aqueles que detinham os meios de produção 
(empresários) e aqueles que prestavam serviços (colaboradores), ou seja, con-
centrou o dinheiro na mão de poucos, fazendo com que surgisse outro período 
de crise, e as consequências se estenderam até os dias atuais em maior ou menor 
grau. Os que possuem maior competitividade encontram condições favoráveis 
para ampliar seu domínio sobre aqueles que não conseguem ser competitivos, 
até o ponto de sua exclusão.
O texto que você acabou de ler tem origem em uma discussão sobre a evo-
lução histórica do Empreendedorismo. Veja que ambos os temas (trabalho e 
empreendedorismo) possuem como ponto comum a dualidade plenitude-crise, 
sendo marco referencial ao seu desenvolvimento.
Além disso, essa leitura já traz o próximo passo histórico da evolução do 
trabalho, o mais importante a ser considerado quanto à origem da segurança 
no trabalho: a Revolução Industrial. Portanto, esse será o tema da nossa pró-
xima unidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a)!
Chegamos ao final de nossa primeira unidade. Podemos considerar que 
nossas discussões foram bastante ricas. Resumidamente, tentamos construir o 
conceito sobre o termo “trabalho” e chegamos à conclusão de que esse termo 
remete à capacidade de transformação do meio que nos cerca para o atendi-
mento das nossas necessidades.
Após compreender esse conceito, aprofundamo-nos em suas dimensões ana-
líticas com um propósito bem claro: compreendê-las para utilizá-las em conjunto 
com os princípios de Segurança do Trabalho. Mas de que forma podemos utili-
zar os conceitos ligados ao trabalho no contexto da Segurança do Trabalho? Isso 
será alvo de nossas futuras discussões, mas veja o seguinte exemplo: qual seria 
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o nível de preocupação ou atenção com a Segurança do Trabalho considerando 
um trabalhador que não ganha o suficiente para atender as suas necessidades? 
Ou, ainda, que é forçado a trabalhar em horários que sua religião não permite?
Veja que, nos exemplos acima, discutimos sobre dois dos contextos liga-
dos ao trabalho (econômico e bíblico) e compreendê-los nos permite gerenciar 
essas situações para que ambas as preocupações (do trabalhador e as relaciona-
das à Segurança do Trabalho) sejam atendidas. Assim, nós cumpriríamos com 
nosso maior objetivo, que é o de reduzir ao máximo os riscos associados à prá-
tica laboral. Aliás, perceba que essa é sua função profissional principal, enquanto 
Tecnólogo em Segurança do Trabalho.
Ademais, nesta unidade, finalizamos nossas discussões com algoprimordial: 
a “dualidade plenitude-crise”. Essa pode ser entendida como a “mola propulsora” 
de todas as mudanças relacionadas à prática laboral. Entenda que estamos em 
constante estado de crise quando falamos sobre Segurança do Trabalho e, por 
isso, torna-se tão importante estudar maneiras de promovê-la, reduzindo os ris-
cos e as consequências danosas dos acidentes de trabalho.
Antes de prosseguirmos com nossos estudos, que tal fazermos algumas lei-
turas e executarmos as atividades que seguem?
37 
1. Por meio de nossos estudos, verificamos que o trabalho possui uma diversidade 
de contextos pelos quais a prática laboral pode ser interpretada e manejada pe-
los gestores, no sentido de aliar produtividade e qualidade de vida no trabalho. 
Sobre o trabalho e seus contextos, julgue as afirmações e assinale a alternativa 
correta:
I. O trabalho não faz alusão à capacidade humana de alterar o meio para 
atender as suas necessidades.
II. O trabalho faz alusão à capacidade humana de alterar o meio para aten-
der as suas necessidades.
III. O contexto bíblico e o contexto cultural influenciam na realização da prá-
tica laboral. Respeitar crenças e costumes e associá-los ao trabalho geral-
mente elevam a produtividade pelo aumento da qualidade de vida no 
trabalho.
IV. Para um gestor, apenas a produtividade do trabalhador deve ser levada 
em conta, afinal, considerar todos os contextos relacionados à prática la-
boral e associá-los ao trabalhador é considerado “perda de tempo”.
a. ( ) São verdadeiras somente as afirmações I e II.
b. ( ) São verdadeiras somente as afirmações II e III.
c. ( ) São verdadeiras somente as afirmações I e III.
d. ( ) São verdadeiras somente as afirmações II e IV.
e. ( ) São verdadeiras somente as afirmações I, III e IV.
2. Assim como o conceito de trabalho tem ganhado ares de renovação, principal-
mente com a adoção de inovações no processo produtivo e nas tecnologias em-
pregadas, a Segurança do Trabalho pode ser considerada como um “universo 
em desenvolvimento”, em constantes mudanças, com aprimoramento dos en-
foques, com a renovação das estratégias de controle de riscos e, especialmente, 
com a adoção de novas estratégias de comunicação, expressão e educação. So-
bre esse assunto, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta:
I. O objetivo principal da Segurança do Trabalho é o de preservar a vida, a 
saúde e a integridade física dos trabalhadores, por meio da redução e, ao 
extremo, da eliminação dos riscos ocupacionais.
II. Nesse novo cenário e, ainda, considerando a relação entre os custos de 
implantação das políticas preservacionistas e de estratégias de controle e 
os custos derivados das indenizações por acidentes de trabalho, verifica-
--se que a Segurança do Trabalho configura-se não mais como um custo, 
mas como um investimento.
III. Cabe não somente aos profissionais de Engenharia de Segurança e Medi-
cina do Trabalho, mas também aos trabalhadores, empregadores, gesto-
res públicos, formadores de opinião, outros atores e a você, acadêmico(a), 
o ônus de transformar a situação atual, contribuindo para a execução da 
prática laboral de maneira verdadeiramente segura e saudável.
a. ( ) Somente a alternativa I está correta.
b. ( ) Somente as alternativas II e III estão corretas.
c. ( ) Somente as alternativas I e II estão corretas.
d. ( ) Somente as alternativas I e III estão corretas.
e. ( )Todas as alternativas estão corretas.
3. O trabalho em si e os atores que o protagonizam estão envolvidos em um mo-
delo socioeconômico, com amplas influências culturais e educacionais, que, por 
vezes, atrapalham a adoção de medidas de segurança. Como você avalia o seu 
papel nesse cenário?
4. Apresente e comente sobre um caso de seu conhecimento que utilize o trabalho 
como instrumento educacional (considerando o abordado no contexto cultural-
-educacional do trabalho).
39 
O SIGNIFICADO DO TRABALHO 
As atuais mudanças desencadeadas pela globalização são de tal forma revolucionárias 
que ultrapassam o boom tecnológico. O ser humano está sendo forçado a dar um salto 
evolucionário para o qual não teve tempo de se preparar. A História nos mostra períodos 
de inovações que exigiram adaptações quanto a conhecimentos, atitudes e habilidades, 
mais ou menos intensas, todas sem precedentes. A Revolução Industrial é um exemplo 
clássico. Entretanto, a presente metamorfose nos impõe exigências de tal forma urgen-
tes e volumosas que o impacto psicológico e social não pode ser ainda completamente 
avaliado ou previsto, pois estamos em meio ao processo. Pode-se apenas senti-lo e ob-
servá-lo à flor da pele das pessoas e das instituições sociais na forma de insegurança, 
opressão, e remotas esperanças de um futuro melhor.
A busca desta adaptação tem sido colocada como prioritária pelo homem moderno, 
como condição de sobrevivência. Parecem não haver alternativas em curto prazo, a não 
ser a de interagir com o movimento. Empresas e empregados respondem procurando se 
antecipar às necessidades, antevendo novas regras de mercado, propondo outras reali-
dades, concretas e virtuais. É preciso desenvolver novos valores, tecnologias e produtos, 
a fim de alcançar parâmetros mínimos de competitividade e subsistência. 
Uma palavra constantemente pronunciada, e que se tornou lei, é velocidade. Não basta 
saber, é preciso saber antes. Não basta fazer, é preciso fazer antes. Até mesmo o voca-
bulário de alguém que se pretende atualizado é foco de atenção cuidadosa, visto que 
num período curtíssimo de tempo se torna obsoleto, diferenciando informados e desin-
formados. 
É neste meio ambiente que surge a questão da relação do homem com o seu produto. 
Afirma CODO (1995, p. 141) que trabalho é o ato de depositar significado humano à na-
tureza. Complementa a afirmação ao apontar que, numa sociedade baseada na coope-
ração e na troca, trabalho é o ato de depositar significado social à natureza. Ao produzir, 
o homem transforma a natureza e é por ela transformado. Seu produto o representa e 
o reapresenta. A própria sociedade é criada e tem seus valores modelados pelas formas 
de produção.
Como forma de expressão do homem, o trabalho pode ser comparado à arte. É a ma-
nifestação de algo interno que se apresenta na concretização do esforço despendido, 
expondo crenças, atitudes e valores. Este princípio é válido tanto para aquele satisfeito 
com seu trabalho quanto para o insatisfeito. No primeiro caso, o sujeito alienado de si 
mesmo exterioriza seus preceitos de submissão ou acomodação ao sistema. No segun-
do, atualiza seu potencial, no dizer de ROGERS (1961) o que o coloca no caminho da 
individuação, e, portanto da realização pessoal.
O TRABALHO COMO AUTO EXPRESSÃO– ORIGENS
A noção de que o trabalho é uma das formas mais profundas de expressão humana em 
contrapartida a de que seria apenas um ato de sobrevivência, não é nova, e está profun-
damente arraigada em hipóteses criadas, testadas e sedimentadas pelo indivíduo no 
decorrer de sua história. A teoria do desenvolvimento de ERICKSON (1976, p.227) mostra 
que em sucessivas etapas da elaboração da identidade surge o aspecto da produção in-
dividual. À medida que o ser humano se desenvolve e entra em contato com a realidade 
dos papéis sociais, percebe que sua inserção na sociedade pressupõe desempenhos. Ser 
alguém está intimamente associado a fazer algo. 
A necessidade de reconhecimento ou confirmação surge muito cedo. Os movimentos 
inicialmente desordenados do recém-nascido, respondendo basicamente a estímulos 
biológicos, vão aos poucos sendo substituídos por ações intencionais em tentativas de 
comunicação organizada, isto é, com o objetivo de traduzir conteúdos internos - sensa-
ções, desejos, necessidades. Os feedbacks fornecem referências que auxiliam a criança a 
se situar no mundo. É através destainteração que se passa de um estado de indiferença 
com o meio para o de diferenciação, dando lugar ao reconhecimento do ser individual, 
separado do todo. O processo é longo, está fundamentado no agir e na percepção parti-
cular da ação, e culmina com a construção da base da identidade individual. 
Nestes primeiros anos, o agir se dá em função do prazer da exploração e do movimen-
to, as descobertas são surpresas e a intencionalidade decorre de uma exuberante ima-
ginação. A meta é conhecer o ambiente, seu conteúdo e funcionamento, sendo estas 
experiências as que dão origem aos traços primários da autoimagem. Segundo a teoria, 
o sucesso ou fracasso nestas empreitadas trarão consigo os sentimentos de confiança 
ou desconfiança básicas, autonomia ou vergonha e dúvida, e iniciativa ou culpa. São o 
alicerce da identidade, protótipos de futuras elaborações. As próximas etapas estão já, 
portanto, influenciadas por este substrato. 
Uma vez que a exploração do meio permita certo nível de domínio, a criança entra numa 
nova fase. Descobre que ao desenvolver “habilidades e tarefas que excedem em muito 
os limites da mera expressão prazerosa de seus modos orgânicos ou o prazer que lhe 
causa o funcionamento de seus membros” (ERICKSON, 1976, p.238) encontra aceitação e 
aprovação. No período que corresponde ao que FREUD identificou como latência, inicia 
a busca da industriosidade. Substitui o brincar desordenado por atividades mais plane-
jadas, e aprende que fazer coisas conquista consideração. Coincide com a época em que 
começa a receber instrução escolar mais sistematizada, e percebe que os limites de seu 
ego incluem suas ferramentas e habilidades (ERICKSON). Produzir passa a ser ao mesmo 
tempo um prazer e um meio. 
O agir intencionalmente para atingir um objetivo é em si agradável, ao mesmo tempo 
em que proporciona a abertura para situações também gratificantes - o intercâmbio 
com o grupo, a concretização de um ideal através do produto elaborado, e a aprovação 
individual e social. É o primeiro contato objetivo com o mundo do trabalho. A criança 
estará exposta a oportunidades que tanto poderão comprovar suas possibilidades de 
industriosidade quanto de conduzi-la a sentimentos de inadequação e inferioridade. 
A comprovação de que é capaz de produzir facilita a inserção e locomoção no grupo 
social, e o fracasso nas habilidades de produção desencoraja a participação no grupo 
41 
e no mundo das ferramentas. O insucesso traz à tona raivas submersas decorrentes da 
frustração dos impulsos. Ao completar esta etapa, o indivíduo terá acrescentado à sua 
identidade ou a condição de capacidade de produção ou a de sentimento de mediocri-
dade e inadequação, já agregados de frustração e raiva. 
Na adolescência, a soma de mudanças biopsicossociais levam a um verdadeiro tumulto. 
Novas maneiras de ver, sentir e pensar o mundo pressionam no sentido de uma defini-
ção, e o sujeito se cobra e é cobrado quanto a posicionamentos. É preciso agora saber 
quem ele é realmente, o que quer e para que quer. Uma gama de papéis deve se tornar 
nítida para o indivíduo e para a sociedade. É indiscutível a importância da sexualidade 
nesta fase, cuja atividade ocorre no sentido de delinear parâmetros de comportamento 
que virão a interferir inclusive no campo profissional. 
A outra questão que surge como fundamental é “o que ele vai ser” - profissionalmente. 
A escolha do futuro campo de trabalho pretende conciliar fatores tão diferentes quanto 
habilidades, tendências, necessidades, preferências e busca de status social. A força da 
expectativa dos ideais edificados nesta fase será forte impulso durante toda a vida pro-
dutiva. Como na infância se desenvolveram protótipos de alguns sentimentos ligados à 
identidade, também aqui são elaborados os ideais em estado puro. A perda do contato 
com estes sonhos, o fracasso, distanciamento ou a impossibilidade de levá-los adiante 
é o que no futuro gerará frustração e mediocridade profissionais. É o ideal construído 
nesta fase que permeará o trabalho vocacionado, mesmo que este venha a sofrer redi-
recionamentos no decorrer da vida laboral, porque fornece o sentido e a razão de uma 
busca. É a crença que oferece significado aos futuros empreendimentos.
A partir da entrada efetiva no mundo do trabalho, o adulto começa a testar e validar as 
expectativas criadas. Os ideais traçados nas fases anteriores, ainda em estado bruto, pas-
sam por uma verificação, podendo sofrer adaptações de acordo com as circunstâncias. 
Permanecendo a essência intacta, isto é, podendo o sujeito utilizar seu potencial, so-
mado à automotivação, o fazer profissional poderá se encaminhar para uma resolução 
satisfatória. Isto só se realiza se, no dizer de KIERKGAARD (in ROGERS, 1961), pode-se “ser 
o que realmente se é”, e quando nos referimos a trabalho, isto significa atuar de forma a 
explorar e desenvolver as próprias capacidades e interesses inerentes.
O TRABALHO HOJE
Os avanços tecnológicos, em princípio com objetivos de “humanizar” a vida, têm coloca-
do o homem numa situação paradoxal. Se, por um lado, é verdade que hoje é possível 
trabalhar em condições mais amenas fisicamente, e até mesmo por vezes bastante agra-
dáveis, também é verdade que “a ciência manipulada das relações humanas, que tenta 
precisamente dar uma imagem agradável ao labor, pretende afastar somente o sentido 
de alienação e não a própria alienação” (HELLER, 1997, p.170). 
Dentro do contexto atual, onde a ameaça à territorialidade profissional está presente, a 
competência é infinita e constantemente testada e os mais fortes impulsos compe-
titivos são estimulados, como é possível esperar que se mantenha o contato consi-
go mesmo, como fazia o artesão da Idade Média ou o agricultor, através da sintonia 
com produto? Será que o homem ainda espera encontrar sentido naquilo que faz 
ou está definitivamente cindido? 
Há sintomas evidentes de que a ação mecânica sem significação tem sido tolerada 
somente dentro do ambiente de trabalho, provavelmente pelo que MASLOW apon-
taria como ligado à satisfação da necessidade de sobrevivência. Fora deste ambien-
te, entretanto, é que a grande massa de trabalhadores dá o melhor de si, executan-
do atividades automotivadas que realmente preenchem e conduzem à satisfação 
interna.”Trabalho é mais do que emprego, é o ato de atribuir significado ao meio, 
portanto a si mesmo e ao outro”(CODO in DAVEL, 1995, p.165).
Segundo CODO (in DAVEL, 1995, p.142) para que o indivíduo se reconheça e ao ou-
tro, é preciso que esteja conectado a seu produto e, dessa forma, a si mesmo. Já na 
infância aprendeu a valorizar o que faz para interagir, e ao mesmo tempo conquistar 
espaço e afirmação. Ao desconectar-se, a individualidade se dilui, perante o outro e 
perante o mundo. Sem estes contatos é difícil sentir a si próprio. A crise contempo-
rânea, verdadeira epidemia, revela um momento histórico ultrapassado, cujas pre-
missas básicas que fundamentaram a produção em massa característica de nosso 
século caem por terra. Outro século começa a despontar, trazendo consigo muito 
mais buscas do que respostas, já que a alienação permanece subjacente. 
CONCLUSÃO
O que fornece significado ao trabalho é o propósito pelo qual ele é executado. É 
individual e intransferível, sendo, portanto, claramente específico para cada ser 
humano. O que diferencia uma simples atividade do trabalho em si é a razão de 
sua realização. O trabalho deve preencher um porquê, uma finalidade e um valor 
(ANGERS, 1998, online). A razão pela qual executamos algo está vinculada a quem 
somos e como estamos no mundo: como nos sentimos a respeito de nós mesmos, 
e de que forma aquilo que fazemos impacta no mundo. O trabalho tem em si um 
valor intrínseco. Não é necessário que o produto seja “útil” ou “prático”. A arte é tam-
bém trabalho porque expressa seu criador, interfere no ambiente e é automotivada.O que o sujeito faz expressa o que ele é no mundo, definindo-o parcialmente - le-
vando em conta que a realização não se determina somente a partir do trabalho. A 
ação com significado possibilita o respeito para consigo mesmo e para com o outro, 
e sentimentos como esperança, dignidade, mutualidade e oportunidade de acesso 
a outras áreas.
Em 1990, o American Psychologist publicou que o The National Institute for Ocupa-
tional Safetyand Health (NIOSH), nos EUA, reconhece as desordens psicológicas 
ocupacionais como um problema prioritário. Dentre os fatores determinantes desta 
situação está sem dúvida a questão do significado, pois é ele quem diferencia o 
43 
trabalho compulsório daquele natural e agradável. Esta parece ser uma ideia atemporal, 
que independe de cultura, nível social ou local. De acordo com Bonsucesso (1997, p.16), 
ao atribuir valor a seu fazer profissional, o indivíduo leva em conta:
• Opção pessoal - a escolha da profissão (por vezes compulsória);
• Montante de esforço físico e intelectual;
• Monotonia ou variação;
• Relação entre o que faz e o todo;
• Possibilidade de criação e auto realização;
• Status na organização e na sociedade;
• Nível de remuneração.
O vínculo se dá a partir do momento em que o trabalho mostra relação com as expec-
tativas, interesses pessoais, e perspectivas de crescimento pessoal e profissional. O nível 
de comprometimento, e porquanto da qualidade do produto, estão diretamente afeta-
dos pelo sentido que faz na vida do sujeito o objeto de seu trabalho. 
O fato de que a maioria dos trabalhadores hoje não consegue visualizar sentido em seu 
trabalho, não significa que a simples sobrevivência basta. O indivíduo deixa para “viver 
a vida” fora do contexto ocupacional, indicando que o vazio precisa ser preenchido de 
alguma forma. Defronta-se com conflitos como: não dever esperar do trabalho mais do 
que ele lhe pode oferecer, pois é apenas uma parte da vida, ao mesmo tempo em que 
se obriga a ter que se dedicar cada vez mais a ele, em tempo e energia. O desequilíbrio 
ocasionado pelo peso maior colocado neste papel traz consequências pessoais e sociais, 
atingindo diretamente a qualidade de vida pessoal, familiar e comunitária. Em última 
instância, o próprio trabalho tende a ser prejudicado porque é mantido a partir de um 
superfuncionamento, em detrimento do subfuncionamento dos aspectos pessoais do 
indivíduo. A repercussão, seja em nível técnico, seja em nível interpessoal, é inevitável. 
A crise atual de valores, as buscas de respostas mágicas, a corrida ao misticismo, a pro-
cura do significado da vida, por vezes de formas tão tortuosas, demonstram claramente 
que anseios profundos do ser humano têm sido amplamente desconsiderados pela so-
ciedade atual. Longe de reduzir a problemática humana às questões do trabalho, não 
se pode, entretanto, negar que é basicamente a partir dele que o homem se expressa e 
sobrevive. O espaço que o trabalho ocupa na vida de qualquer ser humano produtivo é 
imensamente maior do que o de subsistência pura e simples. Quer a ele seja agregado 
prazer ou desprazer, jamais passa despercebido. Ou é uma carga a ser angustiadamente 
carregada, ou um meio de se atingir uma meta maior, parte de um objetivo de vida.
Texto extraído de: CAVALLET, S. R. R. et al. O significado do trabalho. Sanare. 11(1), 35-38. 
1999. Disponível em < http://site.sanepar.com.br/sites/site.sanepar.com.br/files/Sana-
reN11.pdf>. Acesso em 05 fev. 2015.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Vamos fazer uma pausa e nos ambientar um pouco mais acerca do tema segurança no trabalho? 
Sugiro que você assista ao vídeo que se encontra no endereço a seguir:
<http://www.youtube.com/watch?v=ixZpMRXsaZw>. 
Encare esse vídeo como uma estratégia de convencimento, de minha parte, sobre a importância 
do estudo e da adoção dos princípios de segurança no trabalho e saúde ocupacional nos 
diferentes segmentos econômicos.
U
N
ID
A
D
E II
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa
ORIGEM DA SEGURANÇA 
NO TRABALHO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar as consequências da falta de segurança no trabalho.
 ■ Descrever a evolução histórica da segurança no trabalho.
 ■ Compreender os mecanismos legais que regem a segurança no 
trabalho.
 ■ Apresentar as normas regulamentadoras que orientam as políticas de 
segurança no trabalho.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Revolução Industrial: o marco da insegurança no trabalho
 ■ Evolução histórica da segurança no trabalho
 ■ Dispositivos legais que regem segurança no trabalho
 ■ Normas regulamentadoras (NRs)
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), dando continuidade a nossa discussão, faremos um enfoque 
sobre o processo de criação dos princípios de saúde ocupacional e segurança no 
trabalho, cujo objetivo é apresentar as consequências da falta de segurança no tra-
balho, descrever a evolução histórica da segurança no trabalho, compreender os 
mecanismos legais que regem a segurança no trabalho e apresentar as normas regu-
lamentadoras que orientam as políticas de segurança no trabalho.
Finalizamos a discussão da unidade anterior com uma leitura complementar, 
que abordou sobre o desenvolvimento do capitalismo e sobre a capitalização/comer-
cialização da força de trabalho, concomitante ao avanço tecnológico significativo 
ocorrido entre os séculos XV e XVIII, os quais alavancaram os processos produtivos.
Assim como em épocas passadas se trocou o elemento motriz humano pela 
tração animal, nesse momento, a capacidade criativa e inovadora do ser humano 
permitir a troca dessa força motriz pela utilização da força do vapor de água, em um 
primeiro momento, e, mais adiante, pela utilização da força gerada pelos combus-
tíveis fósseis e pela energia elétrica (respectivamente, primeira, segunda e terceira 
Revolução Industrial, ocorridas do final do século XVIII à primeira metade do 
século XX, iniciando-se por Inglaterra e Alemanha e espalhando-se pelo trecho 
ocidental da Europa).
Nesse momento, inseriam-se na história da humanidade as máquinas, que exe-
cutavam o mesmo processo humano com maior velocidade e precisão. Já não se 
falava em produção artesanal e, sim, em escala e, mais ao final do século XIX, em 
produção em série.
Tais sistemas produtivos permitiram a popularização de bens de consumo, devido 
à redução nos custos produtivos. Isso, somado à ampliação do poder aquisitivo deri-
vado do aumento da empregabilidade, criou uma espiral de consumo-produção, em 
que cada vez mais era necessário produzir tais bens.
Se nós parássemos nossa análise nesse ponto, seria coerente afirmar que a 
Europa vivia, nesse instante (séculos XVIII e XIX), um momento auspicioso, quase 
de pleno emprego, correto?
Vamos responder a esse e a outros questionamentos importantes sobre a origem 
da segurança no trabalho ao longo desta unidade. Espero que você tenha bons estudos!
47
Introdução
Re
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ORIGEM DA SEGURANÇA NO TRABALHO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
II
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: O MARCO DA 
INSEGURANÇA NO TRABALHO
Respondendo ao questionamento feito no final da introdução desta unidade, 
podemos afirmar que, de fato, a Europa e, posteriormente, os Estados Unidos 
passaram, sim, por um momento de pleno emprego, pois mesmo que já não fos-
sem necessários tantos trabalhadores no processo produtivo, devemos levar em 
consideração que se tratavam de máquinas rudimentares, que ainda necessita-
vam da ação e supervisão humana para desempenhar suas ações.
Ademais, países europeus como Inglaterra, Alemanha e países Ibéricos

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