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Psicodiagnóstico

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Psicodiagnóstico
Professora: Kátia Barbosa
Definições
Psicodiagnóstico é um estudo profundo da personalidade, do ponto de vista fundamentalmente clínico (Arzeno)
Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes, a nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (Cunha)
 A avaliação psicológica é entendida como o processo científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito das dimensões psicológicas dos indivíduos e grupos através de estratégias psicológicas (métodos, técnicas e instrumentos), com objetivos bem definidos, que possa atender diversas finalidades, visando subsidiar tomadas de decisão (Conselho de Psicologia)
O psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica feita com propósitos clínicos e pressupõe a utilização de outros instrumentos além de testes para abordar os dados psicológicos de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de problemas (Arzeno)
O psicodiagnóstico caracteriza-se como um processo científico, porque deve partir de um levantamento prévio de hipóteses, que serão confirmadas ou refutadas ao longo de passos predeterminados e com objetivos precisos (Cunha)
Origens do psicodiagnostico
Galton (1834): estudo das diferenças individuais
Cattel (1890): testes mentais
Binet (1904): exame psicológico como coadjuvante da avaliação psicológica
Rorschach (1921): teste essencial do processo psicodiagnóstico
Surgimento de baterias padronizadas e DSM (Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais)
Atuação do psicólogo no processo de psicodiagnóstico (Adrados)
Depositário dos problemas íntimos do paciente: precisa ter recursos de personalidade adequados e aprender a elaborar as emoções que surgem durante o processo
Não é mais um testólogo (adoção da psicanálise como marco de referência)
Deve preservar o sigilo
Não se deixar manipular
- Deve ter objetividade na elaboração do psicodiagnóstico, enfatizando os aspectos positivos da personalidade
Objetivos da utilização do psicodiagnóstico
1- Estabelecer um diagnóstico (diferente de rotular)
2- Avaliar o tratamento (re-teste): verificar os avanços terapêuticos de forma mais objetiva e planejar uma alta
3- Como meio de comunicação
4- Na investigação: criação de novos instrumentos de exploração da personalidade; planejamento da investigação para o estudo de determinada patologia, problema trabalhista, educacional ou forense
5- De classificação simples: classificar dados resultantes da administração de técnicas psicométricas, conforme tabelas normativas, sem interferências do psicólogo (avaliação o nível intelectual)
6 - De descrição: determinar alterações psicopatológicas, geralmente sem administração de testes que utilizem tabelas de normas estatísticas
7- De prevenção: identificar problemas precocemente; avaliar riscos; fazer uma estimativa de forças e fraquezas das funções do ego
8- De avaliação: determinar o nível de funcionamento da personalidade (funçoes do ego, defesa)
9- De entendimento dinâmico: compreensão dinâmica do caso, integração dos dados com base teórica
10- De classificação nosológica: identificar a categoria nosológica do caso, conforme classificação adotada e, eventualmente fornecer dados para pesquisa epidemiológica
11- Diferencial: investigar a natureza de irregularidades no quadro sintomático ou em resultados de testes para diferenciar níveis de funcionamento, quadros psicopatológicos
12- De perícia forense: fornecer subsídios para questões relacionadas à insanidade, competência para o exercício de funções de cidadania, avaliação de incapacidade ou comprometimentos psicopatológicos
13- De prognóstico: estimar o curso possível do caso, sob circunstâncias previstas, baseado em dados do exame psicológico, a partir da experiência clínica e de dados estatísticos
O psicodiagnóstico pode ser utilizado em instituições, consultórios ou clínicas, contexto forense, educacional, trabalho, trânsito
O psicodiagnóstico permite estimar o prognóstico e a estratégia mais adequada
O psicodiagóstico inclui:
A(s) entrevista(s) inicial
Os testes
A hora do jogo diagnóstico
As entrevistas familiares, vinculares
A entrevista de devolução
Etapas do psicodiagnóstico
1- Desde o instante que o sujeito faz a solicitação da consulta até o encontro pessoa com o profissional
2- As entrevistas: onde se tenta esclarecer o motivo latente e o motivo manifesto da consulta, as ansiedades e defesas (inclusive dos familiares que o acompanham), as fantasias de doença, cura e a construção da história do indivíduo e da família em questão
3- Reflexão sobre o material colhido e sobre as hipóteses formuladas para então, planejar os passos a serem seguidos e os instrumentos a serem utilizados
4- Realização da estratégia diagnóstica planejada
5- Estudo do material colhido: buscar recorrências e divergências dentro do material; observar o significado dos pontos obscuros ou produções estranhas; correlacionar os diferentes instrumentos utilizados entre si e com a história individual e familiar; renunciar à onipotência de poder entender tudo
6- Entrevista de devolução: pode ser necessário realizar mais de uma entrevista, geralmente as entrevistas são realizadas separadas (uma com o paciente e outra com os pais e o restante da família, caso a consulta tenha sido iniciada como familiar)
7- Elaboração do informe psicológico
O enquadre no processo psicodiagnóstico
“O enquadre funciona como um tipo de padronização da situação estímulo que oferecemos ao entrevistado, e com isso não pretendemos que deixe de agir como estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável para o entrevistador. Se o enquadre sofre alguma modificação (se a entrevista é realizada em um lugar diferente), essa modificação deve ser considerada como uma variável sujeita à observação, tanto como o próprio entrevistado”... (Bleger)
O enquadre pode ser:
- Mais amplo, mais permeável ou mais plástico conforme as diferentes modalidades do trabalho individual ou conforme as normas da instituição
- Varia de acordo com o enfoque teórico que serve de marco referencial predominante para o profissional, conforme sua formação, suas características pessoais e também de acordo com as características do paciente
A qualidade e o grau de patologia obrigam uma adaptação do enquadre a cada caso
É impossível trabalhar sem enquadre, mas não existe um único enquadre
A entrevista inicial nos dará subsídios para escolher o enquadre
O enquadre inclui: o modo de formulação do trabalho, o objetivo do mesmo, a frequência dos encontros, o lugar, os horários, os honorários e o papel que cabe a cada um
Enquadre institucional: o ideal é que o psicólogo e a instituição decidam em comum acordo qual a melhor forma de realizar o trabalho, porém a escolha dos instrumentos a serem utilizados é de responsabilidade do psicólogo
 Normal e patológico
Existem vários critérios que são adotados de acordo com as opções filosóficas, ideológicas e a formação do profissional
1- Normalidade como ausência de sintomas e sinais patológicos
2- Normalidade relacionada ao contexto social onde o indivíduo se encontra e cujo conceito muda em função do tempo e do lugar
3- Normalidade como sendo aquilo que se observa com mais frequência
4- Normalidade como completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente como ausência de doença (OMS)
5- Normalidade do ponto de vista psicodinâmico: capacidade de aceitar seus impulsos, adaptá-los à realidade sem ser criticado demasiadamente pelo superego, de forma tal que sua situação não determine conflito intrapsíquico
6- Normalidade funcional: o fenômeno é disfuncional quando provoca sofrimento para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social
7- Normalidade como processo: considera-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações ao
longo do tempo, de crises, das mudanças próprias de determinadas fases da vida
Entrevista psicológica
“É uma técnica de investigação científica em psicologia, sendo um instrumento fundamental do método clínico... Revela dados introspectivos (informações do entrevistado sobre os seus sentimentos e experiências), bem como o comportamento verbal e não verbal do entrevistador e do entrevistado” (Cunha)
Tipos de entrevista
1- De acordo com os diversos enfoques teóricos e psicologia, há diferentes modos de conduzir e interpretar os dados de uma entrevista
Na terapia psicanalítica, a entrevista tem como objetivos:
Tornar consciente os conflitos inconscientes e as alterações nas estruturas de caráter
Auxiliar no desenvolvimento da personalidade, através da utilização de novos mecanismos adaptativos
O processo envolvido é a transferência
O entrevistado através da associação livre busca a auto-compreensão
A ênfase é maior no afeto, do que no conhecimento
2- Segundo a estrutura pode ser:
↘Entrevista fechada, estruturada ou diretiva
Altamente padronizada, facilita a quantificação dos dados e a comparação entre os casos
Semelhante ao questionário
↘Entrevista aberta, não-estruturada ou livre
O entrevistador está interessado no discurso espontâneo do entrevistado e segue o fluxo natural de suas idéias 
↘Entrevista semi-estruturada ou semi-dirigida
Especifica as áreas que devem ser exploradas, mas não estrutura as perguntas, nem a sequência das mesmas
Permite que o paciente fale livremente ao mesmo tempo em que o entrevistador pode esclarecer os dados que achar confusos ou incompletos
3- Segundo os objetivos pode ser:
↘Diagnóstica
Visa estabelecer diagnóstico, prognóstico e indicações terapêuticas
Caracteriza-se por uma ampla coleta de dados sobre a história do paciente
Não emprega a interpretação
↘Terapêutica
Visa colocar em prática estratégias de intervenção psicológica para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades e tentar solucionar os problemas trazidos por ele
Emprega a interpretação
↘De encaminhamento
Visa indicar ao paciente o tratamento adequado
↘De desligamento
Visa observar os benefícios derivados do tratamento, planos por ocasião da alta
Entrevista diagnóstica
Não precisa necessariamente ser apenas uma
Quando o psicodiagnóstico for solicitado pelo terapeuta do paciente, a entrevista deverá ser breve e a devolução feita pelo próprio terapeuta
↘Motivo da consulta
Esclarecer o motivo manifesto: o paciente deve expor o que acontece com ele, por que deseja atendimento
O motivo latente geralmente não aparece no início porque angustia muito, permanecendo no inconsciente
Se o motivo manifesto for trivial demais para justificar a consulta suspeita-se com maior segurança de um motivo latente (devemos prolongar a entrevista inicial)
O conhecimento dos aspectos latentes no psicodiagnóstico alerta para: cautela no manejo com o paciente (insight fora do timing) e adverte quanto ao tipo de conflito que pode surgir ao longo do tratamento
↘O sintoma
É o motivo manifesto da consulta
Importante saber a razão pela qual esse sintoma preocupa o paciente (seus pais ou ambos)
Importante saber se o sintoma preocupa agora, em casos em que a sintomatologia é muito antiga
Mostra e esconde ao mesmo tempo um desejo inconsciente que entra em oposição com uma proibição do superego
Há um benefício secundário
A análise feita a nível individual deve se estender ao nível familiar (o sintoma expressa algo dentro do contexto familiar)
“...Inclui sempre o indivíduo e o outro (...) o sintoma está no lugar de uma palavra que falta (...) o sintoma então se desenvolve com outro e para outro” (Mannoni)
Todo sintoma implica fracasso ou rompimento do equilíbrio entre as séries complementares:
Herança e + História + Situação = Conflito
Constituição prévia desencadeante ↓
 real ou individual ou Angústia
 fantasiada familiar 
 ↓
 Defesas
 ↓
 Neurose
 ↓
 Sintoma
↘Fantasia de doença e cura
Tem uma estreita relação com o motivo latente da consulta
Fantasia de doença é a percepção de algo que não vai bem (Angústia, dor)
Fantasia de cura é aquilo que imagina que pode ser a solução para seus problemas
Fantasia inconsciente de análise: método para obter aquilo que sua fantasia de cura coloca como solução de seus conflitos
Existe uma fantasia de doença e cura em cada um (paciente, pais, profissional) que não coincidem
↘História familiar (romance familiar)
Inútil procurar a etiologia da doença exclusivamente dentro do sujeito
Devem ser explorados o contexto atual e a história familiar dentro dos quais ela surgiu Conhecer os mitos, segredos, tradições)
O sintoma trazido como motivo da consulta deve ser colocado dentro de um contexto evolutivo
A procura é feita quando o sintoma já não mantém o equilíbrio familiar ou não basta e a estrutura familiar “balança”
A primeira entrevista
Inicialmente deve ser muito livre, não direcionada
Posteriormente deve ser dirigida para que seja possível elaborar a história clínica completa do paciente
Deve detectar o nível de angústia e de preocupação do paciente
Deve provocar um insight no paciente
É fundamental trabalhar com um nível de ansiedade instrumental, ou seja, saudável (o modo como o paciente reage para contê-la ou manejá-la é um dado diagnóstico significativo)
Deve colher informações e estabelecer o contrato
↘O contrato compreende:
Número de entrevistas a serem realizadas (podendo mudar caso seja necessário)
Quem deve participar e em que ordem
Horários
Honorários
Objetivo
Que destino terá a informação obtida (garantia do sigilo)
Recursos utilizados para colher os dados das primeiras entrevistas
Comunicação verbal (modelo de história clínica)
Registro do não verbal (gestos, atuações, etc.)
Registro contratransferencial
Manifestações de resistência do paciente (na comunicação e comportamental)
Ao final da (s) primeira (s) entrevista (s) teremos:
Uma imagem do conflito central e seus derivados
Uma história de vida do paciente e da situação desencadeadora
Uma hipótese inicial sobre o motivo do conflito (a ser comprovada ou refutada)
Uma estratégia para usar determinados instrumentos diagnósticos seguindo uma ordem (visando a hipótese inicial)
Psicodiagnóstico grupal
Geralmente não existe primeira entrevista individual ou se existe é muito breve
O grupo é convocado para a aplicação de uma série de testes
Os resultados irão discriminar os que possuem dos que não possuem um determinado requisito (ex: capacidade de atenção e concentração)
Os indivíduos acima da média serão solicitados
Entrevista de anamnese
Enfoque da história pregressa de maneira mais sistemática e formal
A história clínica pode ser dividida em anamnese e em história da doença atual
A anamnese constitui a história propriamente dita, na qual se incluem os dados sobre a origem e desenvolvimento do paciente, que envolve a área familiar, social e cultural
Os dados da anamnese podem ser colhidos durante a entrevista (s) inicial (s), considerando o tempo limitado e a curta duração do processo diagnóstico
Roteiro para coleta de dados de anamnese
Aspectos relativos à união dos pais
Dados sobre a pré-concepção
Período de gravidez
Nascimento (expectativas e frustrações)
Desenvolvimento médico (doenças na infância)
Desenvolvimento emocional
Desenvolvimento social
Desenvolvimento motor
Desenvolvimento na área da linguagem
Desenvolvimento familiar (doenças
familiares)
Desenvolvimento escolar
Interesses
Temores, fobias
Enfim o roteiro deve incluir aspectos evolutivos da vida do paciente, bem como os aspectos dinâmicos
História da doença atual
O (s) motivo (s) da consulta
Os sintomas e queixas apresentadas
O funcionamento psicológico atual do paciente (aspectos psicodinâmicos)
Descrição do seu comportamento atual nas várias áreas da vida
Interação com o ambiente familiar e social
A hora do jogo disgnóstico
Equivale à primeira entrevista com o adulto
Importante começar perguntando se a criança sabe porque os pais o levaram para atendimento
É um meio de expressão do inconsciente
A escolha dos jogos relaciona-se às fases de evolução da libido
A modalidade do brinquedo baseia-se nas formas de manifestação do ego, através da plasticidade, da rigidez, esteriotipia, perseveração
Personificação é a capacidade da criança para assumir e designar papéis no brinquedo
O papel do psicólogo na hora do jogo
Observar, compreender e cooperar com a criança
Atenção flutuante que permite compreensão e formulação de hipóteses
Observador não participante (ativo e passivo)
Criar condições ótimas para que a criança possa brincar com maior espontaneidade
A participação carece de limites: o psicólogo deve estabelecer limites quando o paciente rompe o enquadramento 
Aspectos técnicos da hora do jogo diagnóstico
Espaço: sala não muito pequena, com poucos móveis, paredes e pisos laváveis
Material: diversas modalidades de brinquedos (tamanho, textura, formas), a caixa deve apresentar diversos objetos do mundo real
Instruções: “Esclarecer para a criança que pode utilizar como quiser o material que está sobre a mesa, que observaremos sua brincadeira com o propósito de conhecê-la e de compreender suas dificuldades para uma ajuda posterior, tudo isto num tempo determinado e nesse lugar” (Ocampo)
Registro do material: anotar o mínimo possível (Aberastury); anotar itens (Arzeno)
Sigilo
Análise dos seguintes indicadores
Escolha dos brinquedos e brincadeiras
A forma de abordagem dos brinquedos (observação à distância; dependente de indicações do observador, etc.)
Modalidades de brincadeiras (a forma em que o ego manifesta a função simbólica): forma como estrutura o brincar (plasticidade, rigidez, esteriotipia e perseverança)
Personificação: capacidade de assumir e atribuir papéis
Motricidade: capacidade motora dentro de sua faixa evolutiva (andar, possibilidade de encaixe, preensão, lateralidade, ritmos, movimentos)
Criatividade: capacidade de unir ou relacionar elementos dispersos num elemento novo e diferente (mostra um ego plástico capaz de abertura para experiências novas, tolerante a não estruturação do campo)
Tolerância à frustração: capacidade de aceitar as instruções com as limitações que elas impõem (o estabelecimento de limites e a finalização da tarefa)
Capacidade simbólica: o brincar é uma forma de expressão da capacidade simbólica e a via de acesso às fantasias inconscientes
Adequação à realidade: aceitação ou não do enquadramento espaço-temporal com as limitações que isto implica; possibilidade de colocar-se em seu papel e aceitar o papel do outro
Entrevista familiar diagnóstica com crianças e adolescentes
Deve ser utilizada porque o sintoma da criança é o emergente de um sistema intrapsíquico que está inserido no esquema familiar também doente, com sua própria economia e dinâmica
Quanto menor a criança mais importante será a utilização da entrevista familiar (a criança está em pleno processo de formação e em estreita e direta dependência emocional de seus pais)
Quanto mais grave for a hipótese diagnóstica mais necessária será a entrevista familiar
Seleção de uma bateria de testes e técnicas
Para planejar uma bateria é necessário pensar em testes que captem o maior número possível de condutas (verbais, gráficas e lúdicas)
Possibilita a comparação de um mesmo tipo de conduta provocada por diferentes estímulos ou instrumentos e diferentes tipos de conduta entre si
A sequência de aplicação dos testes é determinada em função da natureza do teste e da natureza do caso em questão
O teste que mobiliza uma conduta que corresponde ao sintoma nunca deve ser aplicado primeiro porque aumenta a ansiedade e imprime um tom persecutório
Os testes mais ansiógenos devem ficar para as últimas entrevistas
Os testes gráficos são os mais indicados para começar o psicodiagnóstico (a menos que o paciente apresente sérios transtornos orgânicos, graves alterações do esquema corporal, dificuldades no uso das mãos)
Vantagens dos testes gráficos
Abarcam os aspectos mais dissociados (menos sentidos como próprios), o paciente trabalha mais aliviado
São econômicos quanto ao tempo gasto em sua aplicação (provoca alívio e sensação de ter saído ileso), Facilitam a disposição para estabelecer um bom rapport
A conduta gráfica tem estreita relação com aspectos infantis da personalidade (de acordo com o tipo de vínculo que o paciente mantém com estes aspectos, reagirá de forma tranquila ou irritada diante da tarefa)
Na maioria dos casos significa enfrentar uma tarefa conhecida, que já foi realizada em algum momento
A simplicidade do material contribui para tranquilizá-lo
Incluir entre os testes gráficos, diferentes conteúdos em relação ao tema solicitado, começando pelos mais ambíguos até chegar aos mais específicos (desenho livre, casal, casa-árvore, pessoa, família)
Aplicá-los sucessivamente constituindo um todo que nos permita a comparação entre os testes, sem a interferência de estímulos que mobilizem outros tipos de associações
Os testes gráficos refletem os aspectos mais estáveis da personalidade, os mais difíceis de serem modificados, por isso não se deve incluir somente testes gráficos numa bateria, pois uma patologia muito intensa nos gráficos pode aparecer mais moderada nos testes verbais
Fazer comparações entre os testes gráficos e as verbalizações espontâneas ou induzidas pelo psicólogo
O HTP permite explorar diferentes níveis de projeção da personalidade: a projeção dos aspectos mais arcaicos está na figura da árvore e os menos arcaicos na pessoa
Bateria padrão: testes gráficos, verbais e lúdicos
Os teste de inteligência devem ser colocados no final da bateria por que:
1- O material apresentado não é ambíguo como nos testes projetivos (TAT, Rorschach, etc.)
2- As instruções dos testes de inteligência implicam uma atitude mais ativa por parte do profissional que propõe um tipo de tarefa diferente das outras e estabelece um limite de tempo mais definido do que nos testes projetivos
3- O registro da prova também difere (ficando claro para o paciente que o que se registra são sinais positivos ou negativos a respeito de suas respostas)
4- Alguns testes de inteligência incluem interrogatórios que diferem dos interrogatórios dos testes projetivos por serem menos ambíguos e mais específicos e diretivos
5- A relação psicólogo-paciente muda a partir da verbalização da instrução e da mostra do material, pois o paciente percebe que está sendo avaliado em relação a algo muito específico, que tem ligação com a inteligência
- Quando o psicólogo planeja uma bateria de testes pode incorrer em dois erros: alongar excessivamente o processo ou encurtá-lo demais (sensação de impotência)
Quando o processo se alonga provoca no paciente uma expectativa que não se cumpre
O psicodiagnóstico deve ocupar em média 4 ou 5 sessões
O estudo do material coletado
Elaborar um diagnóstico consiste em conseguir descrever uma personalidade
Não é rotular o paciente
O estudo do material consiste fundamentalmente na busca de recorrências e convergências. Integrar este material com as entrevistas. Retornar à hipótese inicial para ratificar ou retificar e explicitar de forma accessível para o paciente e familiares (se for o caso)
Entrevista(s) de devolução
A entrevista de devolução consiste em transmitir os resultados do psicodiagnóstico de forma discriminada, organizada e dosada segundo o destinatário
Deve ser feita também com os pais no caso de crianças,
jovens e psicóticos
Observar a reação emocional (isso nos indicará também até onde poderemos chegar na devolução)
Conforme as reações dos pais, do filho ou do adulto em questão, durante a entrevista, manteremos a recomendação terapêutica previamente pensada ou a modificaremos apropriadamente
Importante mobilizar as resistências e obter um pouco de insight
Importante resumir os motivos da consulta trazidos pelo sujeito e pelos familiares
Falar primeiro nos aspectos sadios e positivos para depois entrar naqueles que não estão bem
A devolução é feita primeiro para a pessoa ou as pessoas que consultaram em primeiro lugar: aos pais que se consultaram por um filho, o filho será chamado depois, já que na devolução dele será incluída a decisão que os pais tenham tomado em relação a alguma recomendação terapêutica
Com crianças a devolução é feita de forma lúdica, através de brinquedos ou de dramatização
Nem tudo que obtivermos como informação será necessariamente transmitido ao sujeito ou a seus pais

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