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DIREITO CIVIL: CONTRATOS Prof. Me. Diego Bianchi de Oliveira [UEMS] 7. EFEITOS DOS CONTRATOS INTRODUÇÃO Um dos principais efeitos relacionados com os contratos refere-se à garantia legal existente quanto aos vícios contratuais (vícios redibitórios e vícios do produto) e em relação à evicção, que é a perda da coisa diante de um fato superveniente. Obs.: É interessante esclarecer que os vícios contratuais mencionados atingem o objeto do negócio, não se confundindo com os vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) ou com os vícios sociais do negócio jurídico (simulação e fraude contra credores), que por razões óbvias também repercutem nos contratos. 7.1 VÍCIOS REDIBITÓRIOS O alienante deve entregar ao adquirente uma coisa adequada ao fim a que se destina. Havendo defeito no objeto, devemos analisar se o adquirente tinha ou não conhecimento. Se o vício (defeito) era de conhecimento do adquirente, este pode ter levado em conta o preço que pagará. Noutra via, se o vício (defeito) era oculto, a lei lhe confere as ações edilícias. - a origem da denominação edilícia está numa alusão aos “edis curules”, pessoas que, no direito romano, atuavam junto aos grandes mercados em questões relativas à resolução dos contratos ou abatimento do preço. Assim, o principal aspecto a ser considerado é, precisamente, portanto, o fato de este vício ser oculto, recôndito, ou seja, NÃO APARENTE. Se for aparente, não se tratará de vício redibitório. Ex.: novilhas escolhidas para reprodução de gado vacum, porém estéreis, vinho falsificado, um veículo novo, cuja fábrica instalou uma peça defeituosa e etc. Obs.: O adquirente tem o ônus de verificar as qualidades da coisa. É a diligência adotada por ele que vai permitir caracterizar o vício como oculto ou aparente. Se para sua identificação é necessária diligência acima do normal será oculto; se inferior ao normal, será aparente. Os vícios redibitórios podem ser conceituados como sendo os DEFEITOS OCULTOS que desvalorizam a coisa ou a tornam imprópria para uso, por força de um contrato comutativo. Importante salientar que conforme o art. 441 do CC, tal sistemática só se aplica ao contratos COMUTATIVOS, não podendo ser aplicada aos contratos aleatórios. Tal vício é chamado de redibitório, pois confere à parte prejudicada o direito de redibir, ou seja, rescindir o contrato, devolvendo a coisa e recebendo do vendedor a quantia paga. 7.1.1. Conceito 7.1.2. REQUISITOS DO VÍCIO REDIBITÓRIO a) a existência de um contrato comutativo OU de doação onerosa (art. 441 e seu parágrafo único): comutativo é contrato onde as prestações são previamente definidas, sem riscos; já a doação onerosa pode ser com encargo (modal) cujo doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever; ou remuneratória, feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário. b) um defeito oculto existente no momento da tradição; e imperceptível pelo homem médio. Pois se o vício é posterior à aquisição da coisa, ou seja, se a causa do defeito operou-se por má utilização ou desídia do adquirente, este nada poderá pleitear. ... c) defeitos devem ser desconhecidos do adquirente: presume-se, se os conhecia, que renunciou à garantia. A expressão “vende-se no estado em que se encontra”, comum em anúncios de venda de veículos usados, tem a finalidade de alertar os interessados de que não se acham eles em perfeito estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior. c) a diminuição do valor econômico (ex.: uma mancha na lataria do carro) ou o prejuízo à adequada utilização da coisa (um defeito nos freios). 7.1.3. Consequências jurídicas da verificação de vícios redibitórios Verificada a incidência de vício redibitório, quais seriam as suas consequências jurídicas? A teor do art. 442 do Código Civil, abrem-se, para o adquirente, DUAS possibilidades: a) rejeitar a coisa, redibindo o contrato (via ação redibitória); b) reclamar o abatimento no preço (via ação estimatória ou “quanti minoris”). 7.1.4. Ações Edilícias Ambas as possibilidades são viabilizadas pelas ações edilícias: a) Ação redibitória: consiste no pedido de extinção do contrato, mediante a rejeição da coisa, com o fito de reaver o preço pago. O alienante, insatisfeito pela constatação do vício, propõe dentro do prazo decadencial previsto em lei, uma ação redibitória, cujo objeto é, precisamente, o desfazimento do contrato e a devolução do preço pago. ... b) Ação estimatória ou quanti minoris: Consiste no pedido de abatimento do preço, de forma proporcional à diminuição do valor da coisa. Neste caso, prefere o adquirente, também dentro do prazo decadencial da lei, propor ação para pleitear o abatimento ou desconto no preço, em face do defeito verificado. Saliente-se, que se o preço já houver sido pago, o pedido consistirá na restituição proporcional do pagamento (aplicação do princípio da conservação do negócio jurídico). Perdas e danos: nos termos do art. 443, SE o alienante conhecia o vício ou defeito oculto da coisa, deverá restituir o que recebeu COM PERDAS E DANOS, mas, se NÃO o conhecia, APENAS restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. - Trata-se de dispositivo que guarda conexão com a noção de boa-fé objetiva, isto é, com o dever anexo de lealdade e confiança da parte. 7.1.5. PRAZO PARA A PROPOSITURA DAS AÇÕES EDILÍCIAS Por serem direitos potestativos se trata de prazo decadencial e não prescricional. O artigo regente da matéria é 445, CC/02, vejamos: a) Nos casos de vícios de fácil constatação, que podem ser percebidos de imediato, após o bem ser adquirido, conforme já demonstrado (art. 445, caput, do CC): – 30 (trinta) dias para bens móveis; – 1 (um) ano para bens imóveis. Tais prazos devem ser CONTADOS, em regra, da entrega efetiva da coisa (tradição real). Mas, se o comprador já estava na posse do bem, os prazos serão reduzidos à metade: – 15 dias para móveis; – 6 meses para imóveis. Ex.: pode ser o locatário quem adquire o bem, devendo o prazo ser contado da data da alienação, da celebração do contrato de compra e venda, momento em que ocorre a tradição ficta (traditio brevi manus). Por que tal redução? Ora, uma vez que o adquirente já estava na posse do bem, ele já disporia de tempo maior para detecção do defeito. Essa redução é justa? nem sempre. Imagine a situação em que o adquirente estiver na posse do bem apenas um dias antes do ato de alienação, suportará a perda de metade do prazo? SIM! Não parece justo, acredita-se que o caso deve ser devidamente analisado pelo juiz, segundo o bom senso que se espera do julgador cauteloso (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2017). b) Nos casos de vícios ocultos ou que, por sua natureza, somente podem ser conhecidos MAIS TARDE (art. 445, § 1.º, do CC): – 180 (cento e oitenta) dias para bens móveis; – 1 (um) ano para bens imóveis. OBS.: Diferente da situação anterior, esses prazos devem ser contados do CONHECIMENTO DO VÍCIO. EXEMPLO PARA APLICAÇÃO Uma empresa adquire azulejos diretamente de uma fábrica para a revenda no varejo, estando estes armazenados em caixas. Não há relação de consumo, pois os azulejos serão vendidos a terceiros, ou seja, repassados aos consumidores. O adquirente abre uma das caixas e percebe que os azulejos daquela caixa estão em ordem. Entretanto, os azulejos de todas as outras caixas estãoquebrados. No caso em questão, o vício é oculto num primeiro momento sendo somente conhecido mais tarde quando houver um contato maior com a coisa. Nesse caso, deve ser aplicado o art. 445, § 1.º, do CC. Por outro lado, se, no mesmo exemplo, os azulejos estiverem em ordem na primeira superfície da caixa, mas todos os demais, na mesma caixa, estiverem quebrados, haverá um vício oculto na compra, mas que se revela aparente quando houver um contato efetivo com a coisa. No caso em questão, deverá ser aplicado o art. 445, caput, do CC (FÁCIL CONSTATAÇÃO). c) Em se tratando de venda de animais: o §2º prevê que os prazos de garantia quanto aos vícios redibitórios serão aqueles previstos na legislação ordinária especial ou usos locais. - Essa lei especial pode ser o CDC, caso estejam presentes os elementos da relação de consumo. Ex.: a compra por consumidores de animais de estimação em lojas especializadas ou pet shops. -A aplicação de usos e costumes locais está em sintonia com a parte final do art. 113 do CC e com a concepção social do contrato. Na falta de usos é que incidem os prazos constantes do § 1.º do art. 445 do CC, por analogia. 7.1.6. OS VÍCIOS DO PRODUTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR A matéria que trata dos vícios contratuais é também regulamentada pela Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), aplicável aos contratos de consumo. Nesse sentido, o CDC admite a reclamação dos vícios redibitórios e também dos vícios aparentes (de fácil constatação). Art. 18 CDC – VÍCIOS DO PRODUTO – são os “vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor. Por tais vícios responderão SOLIDARIAMENTE todos os envolvidos com o fornecimento, seja o produtor (fornecedor mediato) seja o comerciante (fornecedor imediato), *regra esta NÃO aplicável aos vícios redibitórios, pois segundo o Código Civil responde apenas o alienante da coisa. Ex.: Se uma pessoa adquire um veículo de um particular, a reclamação será regida pelo Código Civil. Por outro lado, se o bem for adquirido de uma concessionária de veículos, a situação será regida pelo Código de Defesa do Consumidor, respondendo tanto o comerciante quanto o fabricante do bem de consumo. O CONSUMIDOR prejudicado pode SOLICITAR a substituição das partes viciadas. NÃO sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, o consumidor poderá pleitear (art. 18 do CDC): 1.º) A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso. 2.º) A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 3.º) O abatimento proporcional do preço. 7.2. EVICÇÃO Evicção é uma figura jurídica que nos remete à ideia de “PERDA”. 7.2.1. Conceito: consiste a evicção na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro (evictor). Sua previsão legal decorre especialmente da necessidade de se resguardar o adquirente de uma eventual alienação a non domino, ou seja, alienação de coisa não pertencente ao alienante. ... a) alienante: aquele que transferiu a coisa viciada, de forma onerosa b) adquirente (evicto): aquele que perdeu a coisa adquirida. c) terceiro (evictor): aquele que ganhou a ação judicial ou teve a seu favor a apreensão da coisa. Sendo assim, caso o adquirente venha a PERDER a coisa adquirida para o terceiro/reivindicante (evictor), que prova o seu legítimo e anterior direito à propriedade da coisa, PODERÁ VOLTAR-SE CONTRA O ALIENANTE, para haver deste a justa compensação pelo prejuízo sofrido. 7.2.2. Requisitos da Evicção Com base no art. 447, CC/02, para alienante (aquele que vende) responda pelos riscos da evicção, três requisitos devem ser conjugados: a) aquisição de um bem; b) perda da posse ou da propriedade; c) prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo. [...] Sigamos para análise individual a) Aquisição de um bem Aquisição pode-se dar por duas maneiras, quais sejam, a celebração de um contrato oneroso, translativo da posse ou propriedade da coisa, ou a sua aquisição em hasta pública [1]. - Lembrando que os contratos onerosos são aqueles que trazem vantagens para ambos os contratantes, pois ambos sofrem sacrifício patrimonial. -A hasta pública, lembrando, é o ato processual pelo qual se alienam (“vendem-se”) bens penhorados. EXEMPLOS: - Contrato oneroso: celebrado através, por exemplo, de um contrato simples de compra e venda (neste caso é evidente que há o sinalagma obrigacional – bilateral e oneroso). Portanto, NÃO há o que se falar do instituto nos contratos de doação simples. - Hasta pública: Carlos haja arrematado determinado bem móvel ou imóvel (em leilão ou praça, respectivamente). Se, após a arrematação e a expedição da imprescindível carta (comprobatória do seu novo direito de propriedade), vier a ser demandado, em sede de ação reivindicatória, proposta por Adolfo, e sucumbir, poderá exercer o seu direito de regresso (fruto da garantia da evicção) contra o devedor, de cujo patrimônio se originou o bem levado à hasta. b) Perda da posse ou da propriedade A evicção remete-nos à ideia de perda do domínio (ou da posse), por força de ato judicial ou administrativo que RECONHEÇA direito anterior de terceiro. Note-se, portanto, que o prejudicado, quando consumada a perda do bem (e, consequentemente, a evicção), é o ADQUIRENTE, também denominado evicto. Pablo Stolze Gagliano entende que: BASTA QUE SE PERCA A POSSE daquilo que legitimamente se transferiu ao evicto – ADQUIRENTE – (independentemente de a sentença transitar em julgado ou da transferência do domínio), para que este possa fazer valer o seu direito CONTRA o alienante. c) Prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo Tradicionalmente, a doutrina costuma referir que a evicção decorre de uma sentença judicial (lembrando que o entendimento atual é de que essa sentença não precisa transitar em julgado), que reconhece direito anterior de terceiro sobre a coisa. Mas, nada impede que a perda do bem se dê por força de um ato administrativo, como, POR EXEMPLO, uma apreensão policial [...] Exemplo: Carlos, dirigindo seu veículo, recém-comprado, e seja parado por uma blitz policial. Após apresentar seus documentos, o policial verifica que o automóvel conduzido havia sido roubado. Situação extremamente desagradável e desconcertante, vez que Prof. Carlos de nada sabia. Em seguida, o veículo é apreendido, operando-se, por consequência, a perda da posse (e posteriormente da propriedade) do bem. Nesse contexto, nada impede que o evicto (Carlos), sem que houvesse sido prolatada nenhuma sentença, ingresse, de imediato, com ação judicial para haver do alienante do veículo a justa compensação por sua perda. 7.2.3. Espécies de Evicção: total e parcial Na medida em que implique a perda completa da propriedade OU apenas de fração dela, a evicção será chamada de total ou parcial, respectivamente. a) Total: Perda total da coisa alienada (art. 450, CC). b) Parcial: Perda não integral da coisa alienada (art. 455, CC). Ex.: A reivindicação de parte de livros de uma biblioteca ou de parte de um terreno adquirido. 7.2.4. Direitos do Evicto (ações cabíveis) O evicto, ao exercer o seu direito, resultante da evicção, formulará, em face do alienante, uma pretensãoTIPICAMENTE INDENIZATÓRIA. a) Na evicção total: aplica-se o art. 450, CC/02. Tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: a) a indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; b) a indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; c) as custas judiciais e os honorários do advogado por ele constituído. E se a coisa estiver deteriorada? Subsiste para o alienante, AINDA que a coisa esteja deteriorada, A RESPONSABILIDADE (art. 451). Ou seja, se a coisa alienada não estava em perfeito estado de conservação ou estava parcialmente destruída, e o evicto vem a perdê-la, ainda assim terá direito à restituição integral, na forma do art. 450. Obs.: Perderá, entretanto, esse direito, se atuou dolosamente, dando causa à deterioração (451, CC, segunda parte). Ou, caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, o alienante poderá, obviamente, deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria de restituir-lhe (art. 452, CC). O evicto também tem direito da restituição dos valores gastos com as benfeitorias feita na coisa transferida? Nos termos do art. 453, as benfeitorias necessárias e úteis não pagas (abonadas) ao que sofreu evicção, serão devidas pelo alienante. Ou seja, caso o terceiro (evictor) não as pague, a responsabilidade recai sobre a pessoa que alienou a coisa perdida. Obs.: como consectário lógico, caso as benfeitorias tenham sido feitas pelo alienante, seu valor, pago (abonado) pelo evictor, será descontado da quantia a ser restituída por ele ao evicto (art. 454). b) Na evicção parcial: aplicação do art. 455, CC/02. Sendo assim, depende do grau de comprometimento (aquele que prejudica a normal utilização da coisa) da coisa: b.1) Se for considerável – poderá o evicto OPTAR entre a dissolução do contrato OU a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido (art. 455, CC). b.2) Se for não for considerável (aferido pelo juiz no caso concreto) – poderá tão somente pleitear indenização parcial. 7.2.5. Responsabilidade pela evicção A responsabilidade pela evicção decorre da lei, assim não precisa estar prevista no contrato, mas as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos (art. 448, CC/02). Exclusão da responsabilidade: esta pode ocorrer desde que feita de forma expressa (cláusula de non praestaenda evictione ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção): Todavia, o alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente for informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou). FÓRMULAS (propositura do Flávio Tartuce): – Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento do risco da evicção pelo adquirente = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante. – Cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência específica desse risco por parte do adquirente = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo adquirente pela coisa evicta. – Cláusula expressa de exclusão da garantia, sem que o adquirente haja assumido o risco da evicção de que foi informado = direito deste de reaver o preço que desembolsou. 7.2.6. DENUNCIAÇÃO A LIDE (Art. 456, CC) Antes do CPC/15, para responsabilizar o alienante, o adquirente deveria, quando for instaurado o processo judicial, CHAMAR o ALIENANTE AO PROCESSO (art. 456 do CC foi revogado). Utilizava-se a denunciação da lide (art. 70, I, CPC/75), sendo a medida processual supostamente obrigatória, para que o evicto possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. Entendia-se que se assim não procedesse, o evicto perderia os direitos decorrentes da evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los. Todavia, a jurisprudência do STJ já vinha entendendo que a denunciação da lide não era obrigatória quanto ao preço pago pela coisa. Mesmo com promulgação do CPC/15, a denunciação da lide (prevista no art. 125, I) continua sendo o caminho processual mais curto para que o adquirente possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam em face do alienante. Todavia não há menção mais à obrigatoriedade da denunciação da lide, o que vem em boa hora, encerrando profundo debate. Em complemento o § 1º do novo art. 125 do CPC/2015 passou a esclarecer que “O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida”.
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