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Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 48 1. DAS PENAS PRINCIPAIS O Código Penal Militar divide as penas em principais e acessórias. As principais são aquelas cominadas a determinado crime, e as acessórias são aquelas que eventualmente podem ser cumuladas. Art. 55. As penas principais são: a) morte; b) reclusão; c) detenção; d) prisão; e) impedimento; f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; g) reforma. A primeira e mais importante das penas previstas pelo CPM é a pena de morte. O art. 5°, XLVII, a, determina que não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada. O art. 84, XIX, da Constituição, apenas permite a declaração de guerra para fins de defesa contra agressão estrangeira. O CPM, portanto, comina a pena de morte para alguns crimes praticados em tempo de guerra. A deserção, por exemplo, assume durante a guerra enormes proporções, e o criminoso pode ser condenado à pena de morte. No Direito Penal Militar não há distinção significativa entre as penas de reclusão e detenção. Podemos dizer, contudo, que há uma pequena diferença formal: a reclusão tem um período mínimo de 1 ano e um máximo de 30 anos, enquanto a detenção tem um mínimo de 30 dias e um máximo de 10 anos. A pena de prisão é aquela em que, se o criminoso for oficial, permanece em estabelecimento militar; e, se praça, em estabelecimento penal militar. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 48 O impedimento é a pena prevista para o crime de insubmissão. O criminoso permanece restrito à organização militar (menagem), participando normalmente das instruções militares (art. 63). $� 'RXWULQD� GL]� TXH� HVWD� SHQD� WHP� ³QtWLGR� FDUiWHU� UHVVRFLDOL]DGRU� H� HGXFDWLYR´� A suspensão do exercício do posto é aplicável ao oficial que pratica comércio (art. 204). A Doutrina entende que a previsão da pena de reforma não foi recepcionada pela Constituição, pois esta não permite penas de caráter perpétuo. O CPM não prevê a aplicação de pena de multa. PENA DE MORTE Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. Os detalhes acerca da execução da pena de morte estão no art. 707 e seguintes do Código de Processo Penal Militar. Há vários detalhes, incluindo a vestimenta dos condenados, o apoio espiritual, etc. COMUNICAÇÃO Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação. Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 48 A regra geral é de que, uma vez transitada em julgado a condenação à pena de morte, o Presidente da República deve ser imediatamente comunicado. A execução apenas pode ocorrer sete dias após a comunicação. Este período é concedido ao Presidente para decidir acerca da concessão de indulto ou da comutação da pena, nos termos da Constituição (art. 21, XII). Há exceção, entretanto, quando a condenação ocorrer em zona de operações de guerra. Neste caso, a pena pode ser executada de imediato, se a ordem e a disciplina militares assim o exigirem. PENA DE ATÉ DOIS ANOS IMPOSTA A MILITAR Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos. SEPARAÇÃO DE PRAÇAS ESPECIAIS E GRADUADAS Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, também, à condição das praças especiais e à das graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que tenham graduação especial. Quando for aplicada pena de reclusão ou detenção de até 2 anos, pode haver suspensão condicional do processo (sursis). Apenas quando não for possível esta alternativa a pena pode ser convertida em prisão. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 48 Caso o condenado seja oficial, ele ficará recluso ao estabelecimento militar, mas lá poderá circular livremente. Se o condenado for praça, permanecerá em estabelecimento penal militar, mas ficará separada de presos que estejam cumprindo penalidade disciplinar ou pena privativa de liberdade superior a 2 anos. Quanto à separação das praças, esta determinação segue o princípio da hierarquia. As praças graduadas são o soldado, o cabo, o sargento e o subtenente. As praças especiais são os cadetes (alunos das academias militares) e os aspirantes-a-oficial (recém-formados que ainda não são tenentes). PENA SUPERIOR A DOIS ANOS, IMPOSTA A MILITAR Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) Neste caso não é possível comutar a pena por prisão. Apenas alguns estados têm penitenciárias militares, e por isso é muito comum que o militar condenado cumpra a pena em estabelecimento civil. Neste caso o cumprimento da pena é regulado pela Lei de Execução Penal. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA A CIVIL Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 48 CUMPRIMENTO EM PENITENCIÁRIA MILITAR Parágrafo único - Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em benefício da segurança nacional, assim o determinar a sentença. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) O civil condenado por crime militar cumpre a pena em estabelecimento civil, e a ele se aplica a Lei de Execução Penal. Caso o civil, entretanto, pratique crime militar em tempo de guerra, poderá cumprir sua pena em penitenciária militar, mas neste caso a sentença precisa ser específica. Em regra, o militar condenado a pena superior a 2 anos deve cumpri-la em penitenciária militar. Se não for possível,deve cumpri-la em estabelecimento civil, ficando sujeito à legislação comum quanto ao cumprimento da pena. O civil em regra cumpre pena em estabelecimento prisional civil, sujeitando-se ao regime comum quanto ao cumprimento da pena. Todavia, poderá cumpri-la em penitenciária militar, caso pratique crime em tempo de guerra, e desde que a sentença assim o determine. PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 48 CASO DE RESERVA, REFORMA OU APOSENTADORIA Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano. Acerca desta pena, chamo sua atenção para o fato de que o período em que o militar cumpre suspensão não conta como tempo de serviço. Neste período o militar continua comparecendo à unidade militar, mas não pode exercer suas funções. A hipótese do parágrafo único não é considerada inconstitucional, mas é de difícil aplicabilidade prática. Utilizei anteriormente como exemplo o crime previsto no art. 204 (exercício de comércio por oficial), mas este só pode ser cometido por oficial da ativa, e não é possível que o militar passe à reserva enquanto está respondendo processo penal. SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a manicômio judiciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada custódia e tratamento. O condenado que sofra de doença mental superveniente deve ser recolhido a manicômio judiciário ou outro estabelecimento adequado. O CPPM prevê, neste caso, a transferência do condenado do estabelecimento prisional para hospital psiquiátrico. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 48 TEMPO COMPUTÁVEL Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime, desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata. Este é o dispositivo que autoriza a detração penal. O período em que o criminoso esteve em prisão provisória ou internado deve ser considerado para fins de cumprimento da pena definitiva. Também pode ser contado o tempo de pena que o condenado cumpriu em excesso, quando passou mais tempo preso do que o devido. Obviamente esta hipótese somente é aplicável quando a decisão que reconhecer o excesso de tempo seja posterior ao novo crime, pois se assim QmR�IRVVH�R�FRQGHQDGR�ILFDULD�FRP�³FUpGLWR´�SHUDQWH�D�-XVWLoD�0LOLWDU��H�LVVR� não é possível. O CPM, assim como o CP, autoriza a detração penal, devendo ser deduzido da pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o excesso de tempo. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 48 2. APLICAÇÃO DA PENA FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime. DETERMINAÇÃO DA PENA § 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve determinar qual delas é aplicável. LIMITES LEGAIS DA PENA § 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos limites legais a quantidade da pena aplicável. No Direito Penal comum, a questão da aplicação da pena está praticamente pacificada, sustentando-se a aplicação por um critério trifásico, com base nos arts. 59 e 68 do CP. O Código Penal Militar, porém, não apresenta dispositivos claros para adoção do critério trifásico, mas o STF já adotou a visão de que esse mesmo critério deve ser adotado na aplicação da pena para o crime militar (HC 92.116/RJ, julgado pela primeira vez em 25/9/2007). Na fixação da pena base, o Juiz deve enumerar fundamentadamente as circunstâncias previstas no art. 69 do CPM, que normalmente são chamadas de circunstâncias judiciais. No Código Penal comum, a culpabilidade substitui a intensidade do dolo e o grau de culpa, já que as teorias mais modernas consideram os dois elementos em conjunto. Agora trataremos das circunstâncias agravantes e atenuantes, previstas no art. 70 e no art. 72. Há ainda circunstâncias agravantes referentes ao concurso de pessoas, previstas no art. 53, §20 do CPM. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 48 CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes ou qualificativas do crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano ou força maior; d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou mediante outro recurso insidioso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima; e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, velho ou enfermo; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) estando de serviço; m) com emprego de arma, material ou instrumento de serviço, para esse fim procurado; n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua administração; o) em país estrangeiro. Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo no caso de embriaguez preordenada, l , m e o , só agravam o crime quando praticado por militar. [...] Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de48 CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTES Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos; II - ser meritório seu comportamento anterior; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüencias, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem; e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei. Não atendimento de atenuantes Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo. As circunstâncias agravantes são condições genéricas que, se verificadas no caso julgado, agravarão a pena a ser aplicada, desde que não constituam elemento integrante ou qualificador do próprio tipo penal. Ao lado das agravantes há ainda as circunstâncias atenuantes, que também influenciam a dosimetria da pena. Não precisamos entrar em detalhes acerca de cada um desses itens, pois em geral as provas de concursos não entram em detalhes sobre o tema. Como última fase da aplicação da pena privativa de liberdade temos o momento de aferição das causas de aumento e diminuição. São causas que acrescem ou diminuem a pena por disposições previstas na parte geral (causas gerais de aumento ou diminuição da pena), não como circunstâncias agravantes ou atenuantes, ou na parte especial (causas especiais de aumento ou diminuição de pena), atreladas ao tipo penal em espécie. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 48 3. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir. A primeira diferença em relação ao Código Penal comum aqui é o prazo da suspensão, que pode alcançar até 6 anos na regra do CPM, enquanto na regra do CP é limitada a 4 anos. Quanto aos requisitos de admissibilidade da suspensão condicional, não há nenhuma diferença notável, em que pese o CP fazer referência à possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Lembre-se também de que no CPM a possibilidade de aplicação da suspensão não se estende às penas de reforma, suspensão do exercício do posto, graduação ou função ou à pena acessória, e nem exclui a aplicação de medida de segurança não detentiva. A suspensão deve também conter determinadas condições que precisarão ser atendidas pelo condenado. Tais condições devem ser estabelecidas na sentença. Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça Militar ou na comum, em razão de crime, ou de contravenção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta pena privativa de liberdade; II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 48 III - sendo militar, é punido por infração disciplinar considerada grave. Além das causas de revogação da suspensão trazidas pelo art. 86, pode haver revogação se o condenado deixar de cumprir as condições estabelecidas pela sentença. O CPM chama esta possibilidade de revogação facultativa, e nesses casos o juiz pode, em vez de decretar a revogação, prorrogar o período da suspensão até o julgamento definitivo da questão. É preciso tomar muito cuidado com essas questões, pois se o prazo previsto para a suspensão se expirar sem que tenha havido a revogação do benefício, a pena estará extinta. Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica: I - ao condenado por crime cometido em tempo de guerra; II - em tempo de paz: a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção; b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV. 4. LIVRAMENTO CONDICIONAL Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que: I - tenha cumprido: a) metade da pena, se primário; b) dois terços, se reincidente; II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime; Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 48 III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não voltará a delinqüir. Por favor, memorize esses requisitos, ok? Eles podem aparecer na sua prova. Perceba que os requisitos temporais em geral são mais rigorosos que os do CP, em que é possível a concessão de livramento condicional com o cumprimento de apenas um terço da pena. O requisito mais severo, de cumprimento de dois terços da pena, se aplica, além dos casos de reincidência, aos casos de crime contra a segurança externa do país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento, violência contra superior ou militar de serviço. É possível que o tempo mínimo seja reduzido para um terço se o condenado for primário e menor de 21 anos ou maior de 70. Assim como na suspensão condicional da penal, a sentença deve estabelecer condições adicionais que devem ser observadas pelo beneficiário da medida. Além disso, é importante saber que não pode haver livramento nos casos de condenação por crime cometido em tempo de guerra. Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado, em sentença irrecorrível, a penal privativa de liberdade: I - por infração penal cometida durante a vigência do benefício; II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser unificadas as penas, não fica prejudicado o requisito do art. 89, nº I, letra a Atenção aqui! As infrações penais mencionadas como motivos para revogação do livramento condicional incluem quaisquer crimes, e não apenas os militares. Assim como na suspensão condicional da pena, aqui há ainda a previsão de revogação facultativa, quando o beneficiário do livramento condicional descumprir as condições estabelecidas pela sentença ou for irrecorrivelmente condenado, por motivo de contravenção, a pena não privativa de liberdade ou se sofrer punição por transgressão disciplinar grave, se for militar. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria eexercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 48 Uma vez revogado o livramento condicional, não poderá ser novamente concedido e, a não ser que a revogação resulte de condenação por infração penal anterior ao benefício, não se desconta na pena o tempo em que o condenado ficou solto. 5. DAS PENAS ACESSÓRIAS Estas penas estão previstas no art. 98 do CPM e podem ser cumuladas com as penas principais. A maior parte dos doutrinadores diz que estas penas têm natureza extrapenal, pois geram repercussões em outras esferas da vida do condenado (administrativa, civil, etc.). Art. 98. São penas acessórias: I - a perda de posto e patente; II - a indignidade para o oficialato; III - a incompatibilidade com o oficialato; IV - a exclusão das forças armadas; V - a perda da função pública, ainda que eletiva; VI - a inabilitação para o exercício de função pública; VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; VIII - a suspensão dos direitos políticos. PERDA DE POSTO E PATENTE Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações. A condenação que resulta na perda do posto e da patente só pode decorrer de decisão de Tribunal Militar ou Civil, nos termos do art. 142, §3º, VI, da Constituição. Além disso, o dispositivo constitucional é claro no sentido de que a perda do posto e patente não é autônoma, decorrendo da declaração de indignidade ou incompatibilidade para o oficialato. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 48 3DUD�ILQV�GH�LQWHUSUHWDomR�GHVWH�GLVSRVLWLYR��³WULEXQDO´�GHYH�VHU� entendido como órgão judiciário de segunda instância ou de instância superior. A decisão da perda do posto e patente não pode ser de juiz de primeiro grau, pois apenas tribunais podem decidir pela indignidade ou incompatibilidade para o oficialato. INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312. Esta pena acessória decorre dos crimes de desrespeito a símbolo nacional, pederastia ou outro ato libidinoso, furto simples, roubo simples, extorsão simples, extorsão mediante sequestro, chantagem, estelionato, abuso de pessoa, peculato, peculato mediante aproveitamento de erro de outrem, falsificação de documento, falsidade ideológica. Como observação, chamo sua atenção também para o advento da Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, conhecida como Lei Ficha Limpa. Esta lei trouxe tornou inelegível pelo período de oito anos aquele que for declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível. INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e 142. Os crimes mencionados no dispositivo são o de entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil, e o de tentativa contra a soberania do Brasil. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 48 EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das forças armadas. Perceba que esta pena acessória somente é aplicável às praças, e não aos oficiais. A Doutrina discute acerca da aplicabilidade deste dispositivo às praças das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares. A Jurisprudência é pacífica no sentido de que o dispositivo é aplicável, juntamente com o art. 125, §4º da Constituição, que traz outra hipótese de decisão pela perda de graduação das praças das forças estaduais em sede de decisão judicial. PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil: I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública; II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais de dois anos. Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, ou reformado, se estiver no exercício de função pública de qualquer natureza. Esta pena acessória, nos termos do caput do art. 103, é aplicável apenas ao civil que cometeu crime militar, já que a figura do assemelhando não mais existe em nosso ordenamento. O parágrafo único, por outro lado, permite que a perda da função seja aplicada também ao militar da reserva ou reformado que esteja exercendo função pública de qualquer natureza. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 48 INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública. TERMO INICIAL Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função pública começa ao termo da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança imposta em substituição, ou da data em que se extingue a referida pena. A mim parece que o legislador teve a intenção de impedir que o agente público retornasse ao exercício da função na qual praticou o crime. Perceba que, para que esta pena acessória seja aplicável, é necessária a conjugação de dois fatores: - Crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública. - Condenação a pena de reclusão por mais de quatro anos. O período de inabilitação começa a ser contado quando o a pena é cumprida, ou quando é extinta. Perceba que o art. 108 do CPM inclui no período de inabilitação o tempo que o condenado passou sendo beneficiado pela suspensão condicional da pena ou pelo livramento condicional, se não houver revogação. SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segurança imposta em substituição (art. 113). Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 48 SUSPENSÃO PROVISÓRIA Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a suspensão provisória do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela. Esta pena acessória se baseia na impossibilidade material de o condenado exercer o poder familiar, tutela ou curatela. Em relação à aplicação de medida de segurança, a impossibilidade de exercício torna-se presumida em razão da inimputabilidade.Perceba que o exercício desses poderes é materialmente impossível, uma vez que, como estamos tratando de condenação a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, também não é cabível o sursis. Esta suspensão também pode ser decretada como medida cautelar, nos termos do parágrafo único deste dispositivo. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem ser votado. A suspensão dos direitos políticos é consequência natural da condenação��FRQIRUPH�DUW�����GD�&RQVWLWXLomR��³e�YHGDGD�D�FDVVDomR�GH� direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: (...) III ± condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus HIHLWRV´� Chamo sua atenção para o fato de que a suspensão perdura enquanto durar a execução da pena ou medida de segurança, ou enquanto o condenado estiver inabilitado para função pública. A inabilitação, todavia, ultrapassa o período de cumprimento da pena. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 48 IMPOSIÇÃO DE PENA ACESSÓRIA Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição da pena acessória deve constar expressamente da sentença. A regra geral é de que a imposição de pena acessória deve vir expressa na sentença condenatória. As exceções são a perda de posto e patente, a perda de função pública pelo civil que for condenado a pena privativa de liberdade de mais de dois anos, e a suspensão dos direitos políticos (prevista pela própria Constituição). 6. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO Art. 109. São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime; PERDA EM FAVOR DA FAZENDA NACIONAL II - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a sua prática. Estes são efeitos secundários ou extrapenais da condenação. Os efeitos principais, obviamente, correspondem à imposição da pena cominada para o crime. Os efeitos secundários previstos no art. 109 são de natureza civil. Há ainda outros efeitos, de natureza penal, indicados pela Doutrina e previstos em outros artigos, a exemplo da indução à reincidência, dilação do prazo da prescrição da pretensão executória, lançamento do nome do condenado no rol dos culpados, etc. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 48 A perda de bens em favor da Fazenda Nacional corresponde a medida de confisco. 7. MEDIDAS DE SEGURANÇA Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira espécie subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a internação em manicômio judiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro. As não detentivas são a cassação de licença para direção de veículos motorizados, o exílio local e a proibição de freqüentar determinados lugares. As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou sede de sociedade ou associação, e o confisco. Art. 111. As medidas de segurança somente podem ser impostas: I - aos civis; II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdido função, posto e patente, ou hajam sido excluídos das forças armadas; III - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 48; IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 115, com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º. A maior parte dos doutrinadores diz que a medida de segurança é uma consequência penal, apesar de operacionalizar-se por meio de sentença absolutória. Basicamente o fim dessas medidas é preventivo, pois é calcada na periculosidade do paciente quanto à possibilidade de reincidência. No Direito Penal Militar, porém, há importantes diferenças no que tange à medida de segurança, a começar pelas espécies trazidas pelo CPM, como você pode concluir pela redação do art. 110. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 48 É pacífico na doutrina que, com o advento da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal), as figuras do estabelecimento psiquiátrico e do próprio manicômio judiciário foram extintas. Por isso podemos dizer que hoje não há mais medidas de segurança detentivas. Elas eram aplicadas entre 1 e 3 anos, nos termos do CPM. As medidas de segurança pessoais não detentivas são a cassação de licença para direção de veículos automotores por pelo menos 1 ano (quando o crime for cometido na direção ou relacionado à direção de veículos), o exílio local por pelo menos 1 ano (determinação para que o agente se mude da localidade, município ou comarca onde ocorreu o crime), e a proibição de frequentar determinados lugares por pelo menos 1 ano. As medidas de segurança patrimoniais, por sua vez, são a interdição de estabelecimento ou sede de sociedade ou associação por pelo menos 15 dias e no máximo 6 meses (quando o estabelecimento serve como meio para a prática do crime), e o confisco dos instrumentos ou produtos do crime. De acordo com Jorge Romeiro, o art. 276 do Código de Processo Penal Militar menciona ainda a suspensão provisória do pátrio poder (hoje poder familiar), tutela ou curatela como medidas de segurança provisória a serem processadas no juízo civil. 8. DA AÇÃO PENAL A ação penal, no contexto do Direito Penal Militar, é o direito VXEMHWLYR��GH� WLWXODULGDGH�GD�VRFLHGDGH��GH�UHDOL]DU�R�³jus puniendi´��e�R� direito de buscar a punição dos responsáveis pelo cometimento de conduta tipificada como crime militar. PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público da Justiça Militar. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 48 Chamo sua atenção para o termo utilizado no CPM: o Comando Militar ou o Ministro da Justiça requisitam a propositura da ação penal. A banca pode tranquilamente formular questões capciosas sobre isso, ok? Esta regra se aplica aos crimes previstos dos arts. 136 ao 141: hostilidade contra país estrangeiro, provocação a país estrangeiro, ato de jurisdição indevida, violação de território estrangeiro, entendimento para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra, e entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil. Já que esses crimes não estão no programa do seu concurso, não acredito que surjam na sua prova detalhes acerca dos tipos penais. De toda forma, recomendo pelo menos uma leitura dos dispositivos do CPM. Umaobservação importante diz respeito ao crime previsto no art. 141 (entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil). Este crime pode ser praticado por civil, e neste caso a requisição deve ser feita pelo Ministro da Justiça, pois não há Comando Militar correspondente. 9. DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Quando a punibilidade é extinta, desaparece a a possibilidade jurídica de imposição de pena ao agente que cometeu crime. CAUSAS EXTINTIVAS Art. 123. Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição; V - pela reabilitação; VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º). Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 48 A morte do agente extingue qualquer possibilidade de imposição de efeitos penais da sentença condenatória. Entretanto, os efeitos extrapenais não desaparecem, sendo inclusive possível que os efeitos de caráter civil, a exemplo da obrigação de reparar o dano causado, alcancem o patrimônio transferido aos herdeiros do falecido. A anistia é ato do Congresso Nacional que perdoa determinados delitos. É interessante saber que ela não se dirige a indivíduos, mas sim a todos que cometeram determinado delito. O indulto é um ato de clemência do Poder Público. Pode ser concedido pelo Presidente da República, normalmente por meio de decreto. Esta atribuição, contudo, pode ser delegada ao Procurador-Geral da República, ao Advogado-Geral da União, ou a Ministro de Estado. O indulto também tem caráter coletivo: geralmente o decreto estabelece certas condições que, quando cumpridas, qualificam o condenado para ter extinta sua punibilidade. A reabilitação criminal é um instituto jurídico por meio do qual o condenado pode ter restituído seu status quo ante, ou seja, sua situação antes da condenação. Os antecedentes criminais e as anotações negativas são, portanto, são retirados de sua ficha. A reabilitação pode ser requerida após o transcurso de determinado prazo desde o cumprimento da pena. A retroatividade de lei mais benigna já foi estudada por nós nas aulas anteriores, e o ressarcimento do dano no crime de peculato culposo (art. 303, §4º) será estudado em detalhes nas próximas aulas. O CPM traz um rol com diversas causas de extinção da punibilidade, mas não menciona a GRAÇA e nem o PERDÃO JUDICIAL. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 48 ATENÇÃO! Algumas condutas típicas constituem pressupostos ou elementos agravantes de outros crimes. A extinção da punibilidade de crime, que é Pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a este. Ainda que seja extinta a punibilidade por determinado crime, nada impede que seja reconhecida alguma agravante de outro crime em razão da mesma conduta. ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à execução da pena. No Direito Penal há duas espécies de prescrição: a prescrição da ação penal e a prescrição da execução da pena. Isto é MUITO importante para que você possa compreender bem os dispositivos que estudaremos a seguir. A prescrição, como você já sabe, é a perda de um direito pela demora no seu exercício. Para as finalidades do nosso estudo, o Estado perde o direito de punir o infrator nas hipóteses que veremos a seguir. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em trinta anos, se a pena é de morte; II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a doze; IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito; V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a quatro; VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 48 prescrição retroativa determina que entre a propositura da ação e a sentença também só podem ter se passado 12 anos. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL § 2º A prescrição da ação penal começa a correr: a) do dia em que o crime se consumou; b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou conhecido. Estes marcos iniciais dos prazos prescricionais se referem à prescrição da ação penal. A partir deste momento, portanto, começa a correr o prazo que o Ministério Público tem para oferecer a denúncia perante o Poder Judiciário. CASO DE CONCURSO DE CRIMES OU DE CRIME CONTINUADO § 3º No caso de concurso de crimes ou de crime continuado, a prescrição é referida, não à pena unificada, mas à de cada crime considerado isoladamente. Neste caso o prazo prescricional é contado de forma diferente. O crime continuado e o concurso de crimes na realidade são maneiras como o Direito Penal decidiu encarar a prática de condutas conexas, permitindo que os diversas crimes sejam consideradas como se fossem um só, por meio de regras próprias. Para fins de contagem do prazo prescricional, entretanto, cada conduta deve ser considerada isoladamente, e não apenas a pena aplicada ao concurso ou ao crime continuado. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 48 SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO § 4º A prescrição da ação penal não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO § 5º O curso da prescrição da ação penal interrompe-se: I - pela instauração do processo; II - pela sentença condenatória recorrível. § 6º A interrupção da prescrição produz efeito relativamente a todos os autores do crime; e nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, a interrupção relativa a qualquer deles estende-se aos demais. Apenas relembrando algo que certamente você já sabe, a suspensão significa que o prazo temporariamente deixa de correr, e, quando retorna, segue pelo tempo que restava. Na interrupção, por outro lado, o prazo volta a correr pelo seu total. Finalizamos aqui nossa análise da prescrição da ação penal. Iniciaremos agora o estudo acerca da prescrição da execução da pena. PRESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA OU DA MEDIDA DE SEGURANÇA QUE A SUBSTITUI Art. 126. A prescrição da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança que a substitui (art. 113) regula-se pelo tempo fixado na sentença e verifica-se nos mesmos prazos estabelecidos no art. 125, os quais seaumentam de um terço, se o condenado é criminoso habitual ou por tendência. Perceba que a forma de cálculo da prescrição da execução da pena ou medida de segurança não é diferente. Podemos utilizar a mesma tabela, mas desta vez não utilizaremos como parâmetro a pena máxima cominada, mas sim a pena efetivamente imposta na sentença. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 48 §1º Começa a correr a prescrição: a) do dia em que passa em julgado a sentença condenatória ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. §2º No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento ou desinternação condicionais, a prescrição se regula pelo restante tempo da execução. §3º O curso da prescrição da execução da pena suspende-se enquanto o condenado está preso por outro motivo, e interrompe-se pelo início ou continuação do cumprimento da pena, ou pela reincidência. A regra geral é de que a prescrição da execução da pena começa a correr no momento do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. A mesma regra se aplica à interrupção da execução, exceto se houver norma específica que determine a contagem do tempo de interrupção como parte da pena. Cuidado para não confundir o marco inicial da prescrição da execução com o da prescrição intercorrente e a prescrição retroativa, pois estas duas tomam como marco a primeira condenação, da qual ainda cabe recurso exclusivo da defesa. Em caso de fuga do condenado, começa a correr o prazo prescricional, mas seu cálculo deve se basear no que resta da pena a cumprir, e não no total imposto ao condenado por ocasião do trânsito em julgado da condenação. PRESCRIÇÃO NO CASO DE REFORMA OU SUSPENSÃO DE EXERCÍCIO Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos crimes cuja pena cominada, no máximo, é de reforma ou de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 48 DISPOSIÇÕES COMUNS A AMBAS AS ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o caso do § 3º, segunda parte, do art. 126, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. REDUÇÃO Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescrição, quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos ou maior de setenta. Lembre-se de que a Doutrina entende que a pena de reforma não foi recepcionada pela Constituição de 1988, pois tem caráter perpétuo. Nos crimes cuja pena imposta é de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, o prazo prescricional é de quatro anos. O art. 128 nos traz a regra geral de interrupção de prazos. A exceção fica por conta da previsão trazida pela segunda parte do §3º do art. 126. Este é o caso da interrupção pelo início ou continuação do cumprimento da pena, ou pela reincidência. A regra de redução do prazo prescricional concede privilégio aos criminosos menores de 21 e maiores de 70 anos. É importante perceber que a idade determinada é aquela ao tempo do crime, e não no momento da propositura da ação penal. IMPRESCRITIBILIDADE DAS PENAS ACESSÓRIAS Art. 130. É imprescritível a execução das penas acessórias. Já estudamos as penas acessórias, mas vamos recorrer ao art. 98 do CPM para relembrar o rol completo. Não há prescrição da execução dessas penas. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 48 Art. 98. São penas acessórias: I - a perda de posto e patente; II - a indignidade para o oficialato; III - a incompatibilidade com o oficialato; IV - a exclusão das forças armadas; V - a perda da função pública, ainda que eletiva; VI - a inabilitação para o exercício de função pública; VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; VIII - a suspensão dos direitos políticos. Não há prescrição da execução das penas acessórias previstas no art. 98 do CPM. PRESCRIÇÃO NO CASO DE INSUBMISSÃO Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de insubmissão, do dia em que o insubmisso atinge a idade de trinta anos. Neste dispositivo temos uma regra completamente diferente do que vimos até agora com relação à prescrição. Neste caso a contagem da prescrição da execução do crime de insubmissão começa a correr em função da idade do criminoso. A insubmissão é um crime que tem características muito peculiares, relacionadas principalmente à impossibilidade de o insubmisso ser processo antes de apresentar-se ou ser capturado. Vimos também que a pena aplicada ao insubmisso é a de impedimento (menagem), ficando ele restrito ao quartel, mas participando normalmente das instruções militares. Por essas razões, após uma determinada idade, o próprio Estado perde o interesse em gozar dos serviços que deveriam ter sido prestados pelo insubmisso. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 48 PRESCRIÇÃO NO CASO DE DESERÇÃO Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta. O crime de deserção é tratado com bastante rigor pelo CPM, especialmente quando praticado em situação de guerra, caso em que o desertor poderá ser condenado inclusive à pena de morte. A regra diferente para a prescrição é também uma faceta deste rigor. Embora o prazo prescricional corra normalmente, a punibilidade só se extingue quando o desertor atinge a idade 45 anos (se praça) ou de 60 anos (se oficial). DECLARAÇÃO DE OFÍCIO Art. 133. A prescrição, embora não alegada, deve ser declarada de ofício. A prescrição é considerada matéria de ordem pública e deve ser apreciada e declarada de ofício pelo magistrado se não for alegada pelas partes. **** Encerramos aqui nosso estudo sobre a prescrição, e passaremos a analisar o instituto da reabilitação criminal. REABILITAÇÃO Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva. O principal objetivo da reabilitação é permitir que o ex- condenado seja reinserido na sociedade, poupando-lhe das eventuais dificuldades desse retorno e preconceito que pode ser gerado caso as informações acerca de sua vida pregressa sejam de conhecimento geral. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 48 A declarada de reabilitação importa em cancelamento dos antecedentes criminais. Apenas poderão ter acesso a esses registros a autoridade policial ou judiciária ou o representante do Ministério Público, para instrução de processo penal que venha a ser instaurado contra o reabilitado. A medida pode ser requerida quando decorrerem 5 anos desdea extinção da pena ou medida de segurança, ou ainda desde a data em que se concluir o prazo de suspensão condicional da pena ou de livramento condicional. Para que possa requerer a reabilitação, o condenado precisa cumprir os seguintes requisitos: a) Ter tido domicílio no país no prazo referido; b) Ter dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; c) Ter ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrado absoluta impossibilidade de fazê-lo até o dia do pedido, ou exibido documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. Se a reabilitação for negada, apenas será possível requerê- la novamente após o período de dois anos. Há também restrições à concessão da reabilitação em razão da natureza do crime cometido. Dessa forma, em relação aos atingidos pela pena acessória prevista no art. 98, VII (suspensão do poder familiar, tutela ou curatela), caso tenham cometido crime de natureza sexual vitimando filho, tutelado ou curatelado, não pode haver reabilitação. Ademais, aos condenados que forem reconhecidamente perigosos também não pode ser concedida a medida, exceto se houver prova cabal em sentido contrário. A reabilitação também pode ser revogada de ofício ou a requerimento do Ministério Público, caso a mesma pessoa seja Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 48 condenada, em decisão transitada em julgado, a pena privativa de liberdade. Em seguida estão as questões comentadas e as mesmas questões sem os comentários. Lembre-se de pensar na sua revisão, para que você não corra o perigo de esquecer o conteúdo do início do nosso curso. Se tiver dúvidas, utilize nosso fórum. Estou disponível também no e-mail e nas redes sociais. Grande abraço! Paulo Guimarães professorpauloguimaraes@gmail.com Não deixe de me seguir nas redes sociais! www.facebook.com/profpauloguimaraes @pauloguimaraesf @profpauloguimaraes (61) 99607-4477 Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 48 10. QUESTÕES COMENTADAS 1. MPU ± Analista ± 2013 ± Cespe. Considere que João, dentista civil, tenha sido condenado pela justiça militar da União à pena de quatro anos de reclusão, pelo crime de violência contra militar em serviço. Nessa situação, o condenado deve cumprir a pena em penitenciária militar. COMENTÁRIOS: Nos termos do art. 62 do CPM, o civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar em estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. GABARITO: E 2. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. As medidas de segurança pessoal são não-detentivas e detentivas, sendo estas fixadas na mesma quantidade das penas privativas de liberdade cominadas abstratamente nos tipos penais. COMENTÁRIOS: A previsão do CPM é de aplicação das medidas de segurança detentivas entre 1 e 3 anos, e não no tempo abstratamente cominado para as penas. GABARITO: E 3. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. A legislação penal militar estabelece que a pena de morte é executada por fuzilamento e que, nessa situação, o condenado militar deverá deixar a prisão com o uniforme sem as insígnias, e o condenado civil deverá estar vestido decentemente, Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 48 devendo ambos os condenados estar de olhos vendados no momento da execução, salvo se o recusarem. COMENTÁRIOS: Esta questão mescla o conhecimento do conteúdo do CPM e o do CPPM acerca da pena de morte. Justamente por isso essa questão foi anulada pela banca, pois o programa da matéria de Direito Penal Militar não incluía esta parte do CPPM. Entretanto, todas as informações estão corretas. GABARITO: C 4. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. A pena acessória de exclusão das Forças Armadas prevista no CPM será obrigatoriamente aplicada à praça cuja condenação à pena privativa de liberdade for superior a dois anos. COMENTÁRIOS: A pena acessória de exclusão das Forças Armadas decorre da sentença condenatória a pena privativa de liberdade por período superior a dois anos, nos termos do art. 102 do CPM. GABARITO: C 5. MPE-ES ± Promotor de Justiça ± 2010 ± Cespe (adaptada). A indignidade para o oficialato é sanção administrativa disciplinar e sua aplicação ocorre no âmbito administrativo disciplinar. A incompatibilidade para o oficialato é sanção penal acessória e somente poderá ser aplicada pelo Poder Judiciário, mediante procedimento próprio. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 48 COMENTÁRIOS: Você não precisa saber de muitos detalhes acerca das penas acessórias. Esta questão pode ser facilmente respondida por você, pois tanto a indignidade para o oficialato quanto a incompatibilidade para o oficialato são penas acessórias, previstas no art. 98 do CPM. GABARITO: E 6. MPE-ES ± Promotor de Justiça ± 2010 ± Cespe (adaptada). A pena de impedimento prevista no CPM é aplicável a qualquer crime militar, próprio ou impróprio, desde que seja inferior a dois anos. Essa pena obsta o exercício das funções policiais e militares pelo prazo mínimo de dois anos, submetendo o apenado, quando se tratar de oficial, à pena acessória de perda do posto. COMENTÁRIOS: O impedimento é pena principal, prevista apenas para o crime de insubmissão. Além disso, a descrição feita pela assertiva nada tem a ver com esta pena. O impedido fica restrito às dependências da unidade militar em que serve, participando normalmente da instrução militar. A Doutrina diz que essa pena tem nítido caráter educativo e ressocializador. GABARITO: E 7. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. De acordo com a legislação penal militar, a condenação da praça e a do civil a pena privativa de liberdade superior a dois anos implicam, respectivamente, a exclusão do militar das Forças Armadas e a perda da função pública do civil. COMENTÁRIOS: O art. 102 do CPM determina que a praça que for condenada a pena privativa de liberdade superior a dois anos será excluída Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 48 das Forças Armadas. Já o art. 103 determina que o civil que for condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública, ou que for condenado por qualquer crime a pena privativa de liberdade superior a dois anos, perderá a função pública. GABARITO: C 8. DPU ± Defensor Público ± 2010 ± Cespe. O CPM dispõe sobre hipóteses de crimes militares, próprios e impróprios, e sobre infrações disciplinares militares. Entre as sanções penais,está expressa a possibilidade de se aplicar a pena de multa nos casos de delitos de natureza patrimonial ou de infração penal que cause prejuízos financeiros à administração militar. COMENTÁRIOS: Entre as penas previstas pelo CPM não há pena de multa. GABARITO: E 9. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. No direito penal militar, as penas principais são: morte, reclusão, detenção, prisão, impedimento, reforma e suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função. COMENTÁRIOS: Esta questão está perfeitamente de acordo com o art. 55 do CPM, apesar de a Doutrina indicar que a pena de reforma não foi recepcionada pela Constituição GABARITO: C Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 48 10. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. Nos termos das disposições gerais do CPM, é cabível para os crimes militares a cominação das penas privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa, conforme também prevê o Código Penal comum. COMENTÁRIOS: Mais uma questão dizendo que o CPM prevê pena de multa. Essa você não erra na prova, hein? GABARITO: E 11. PM-MG ± Oficial da Polícia Militar ± 2011 ± Fumarc. O CPM prevê, entre outras, as seguintes penas acessórias: a) Perda de posto e patente, Transferência Compulsória e Suspensão dos Direitos Políticos. b) Indignidade para o Oficialato, Incompatibilidade com o Oficialato e Inabilitação para o exercício de função pública. c) Reforma Administrativa, Perda de posto e patente e Inabilitação para o exercício de função pública. d) Incompatibilidade para com o Oficialato, Exação e Perda da Função Pública. COMENTÁRIOS: A única que traz apenas penas acessórias previstas no art. 98 do CPM é a alternativa B. Não existem as penas de transferência compulsória, reforma administrativa, e nem exação. GABARITO: B 12. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. Se, no distrito da culpa de militar condenado, por crime militar, ao cumprimento de pena privativa Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 48 de liberdade de oito anos de reclusão, não houver penitenciária militar, a execução da pena deverá ocorrer em estabelecimento civil comum, ficando a sua execução a cargo do juízo de execuções penais, sob a égide da legislação penal comum. COMENTÁRIOS: Este é o conteúdo do art. 61 do CPM. GABARITO: C 13. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. A extinção da punibilidade dá-se, entre outras causas, pela prescrição, a qual, no curso da ação penal, é interrompida pela instauração do processo, pela sentença condenatória recorrível e pela prática de outro crime pelo acusado. COMENTÁRIOS: Os casos de interrupção da prescrição estão previstos no art. 125, §5°, do CPM: I - pela instauração do processo; II ± pela sentença condenatória recorrível. A prática de outro crime pelo acusado não é causa interruptiva da contagem do prazo prescricional. GABARITO: E 14. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. A prescrição da ação penal militar, de regra, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, possuindo natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade. Entretanto, no crime de deserção, o sistema do CPM configura duas hipóteses para a questão da prescrição, ora aplicando a norma geral, ora estabelecendo norma especial, previstas igualmente no estatuto castrense. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 48 COMENTÁRIOS: O crime de deserção tem norma especial quanto à prescrição, prevista no art. 132. Este dispositivo determina que deve ser aplicado o prazo prescricional comum, mas a extinção da punibilidade somente ocorre quando o desertor atinge a idade de 45 anos (se praça) ou de 60 anos (se oficial). GABARITO: C 15. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. As causas extintivas de punibilidade, previstas na parte geral do CPM, incluem a reabilitação, o ressarcimento do dano no peculato culposo e o perdão judicial. COMENTÁRIOS: Lembre-se de que o CPM não prevê como causas de extinção da punibilidade o perdão judicial, e nem a graça. GABARITO: E 16. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. No CPM, há crimes em que se procede somente mediante representação. COMENTÁRIOS: Esta questão trata da ação penal pública condicionada. Entretanto, no CPM a condição exigida não é a representação do ofendido, e sim requisição do Comando Militar ou do Ministro da Justiça. GABARITO: E 17. CBM-DF ± Oficial Bombeiro Militar ± 2011 ± Cespe. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só extinguirá a punibilidade quando o desertor atingir a idade de quarenta e cinco anos, e, Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 48 se oficial, a de sessenta. Essa regra aplica-se apenas aos desertores foragidos. COMENTÁRIOS: O texto do art. 132 trata da prescrição para o crime de deserção, determinando os desertores foragidos. A Jurisprudência, entretanto, entende que esta regra especial de prescrição só é aplicável aos foragidos. GABARITO: C 18. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. No sistema penal militar, a ação penal deve ser, via de regra, pública incondicionada, salvo em relação a determinados crimes, previstos de forma expressa e excepcional, que impõem a observância da requisição ministerial; admite-se, ainda, a ação penal privada subsidiária da pública. COMENTÁRIOS: Em regra, a ação penal é pública incondicionada. Em algumas situações, porém, é necessária a requisição do Comando Militar ou do Ministro da Justiça. Se, em qualquer dessas situações, o Ministério Público for omisso no oferecimento da denúncia, surge o direito de o particular (a vítima ou seu representante legal) interpor a ação penal. Neste caso pode haver ação penal privada subsidiária da pública. GABARITO: C Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 48 11. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 1. MPU ± Analista ± 2013 ± Cespe. Considere que João, dentista civil, tenha sido condenado pela justiça militar da União à pena de quatro anos de reclusão, pelo crime de violência contra militar em serviço. Nessa situação, o condenado deve cumprir a pena em penitenciária militar. 2. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. As medidas de segurança pessoal são não-detentivas e detentivas, sendo estas fixadas na mesma quantidade das penas privativas de liberdade cominadas abstratamente nos tipos penais. 3. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. A legislação penal militar estabelece que a pena de morte é executada por fuzilamento e que, nessa situação, o condenado militar deverá deixar a prisão com o uniforme sem as insígnias, e o condenadocivil deverá estar vestido decentemente, devendo ambos os condenados estar de olhos vendados no momento da execução, salvo se o recusarem. 4. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. A pena acessória de exclusão das Forças Armadas prevista no CPM será obrigatoriamente aplicada à praça cuja condenação à pena privativa de liberdade for superior a dois anos. 5. MPE-ES ± Promotor de Justiça ± 2010 ± Cespe (adaptada). A indignidade para o oficialato é sanção administrativa disciplinar e sua aplicação ocorre no âmbito administrativo disciplinar. A incompatibilidade para o oficialato é sanção penal acessória e somente poderá ser aplicada pelo Poder Judiciário, mediante procedimento próprio. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 48 6. MPE-ES ± Promotor de Justiça ± 2010 ± Cespe (adaptada). A pena de impedimento prevista no CPM é aplicável a qualquer crime militar, próprio ou impróprio, desde que seja inferior a dois anos. Essa pena obsta o exercício das funções policiais e militares pelo prazo mínimo de dois anos, submetendo o apenado, quando se tratar de oficial, à pena acessória de perda do posto. 7. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. De acordo com a legislação penal militar, a condenação da praça e a do civil a pena privativa de liberdade superior a dois anos implicam, respectivamente, a exclusão do militar das Forças Armadas e a perda da função pública do civil. 8. DPU ± Defensor Público ± 2010 ± Cespe. O CPM dispõe sobre hipóteses de crimes militares, próprios e impróprios, e sobre infrações disciplinares militares. Entre as sanções penais, está expressa a possibilidade de se aplicar a pena de multa nos casos de delitos de natureza patrimonial ou de infração penal que cause prejuízos financeiros à administração militar. 9. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. No direito penal militar, as penas principais são: morte, reclusão, detenção, prisão, impedimento, reforma e suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função. 10. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. Nos termos das disposições gerais do CPM, é cabível para os crimes militares a cominação das penas privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa, conforme também prevê o Código Penal comum. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 48 11. PM-MG ± Oficial da Polícia Militar ± 2011 ± Fumarc. O CPM prevê, entre outras, as seguintes penas acessórias: a) Perda de posto e patente, Transferência Compulsória e Suspensão dos Direitos Políticos. b) Indignidade para o Oficialato, Incompatibilidade com o Oficialato e Inabilitação para o exercício de função pública. c) Reforma Administrativa, Perda de posto e patente e Inabilitação para o exercício de função pública. d) Incompatibilidade para com o Oficialato, Exação e Perda da Função Pública. 12. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. Se, no distrito da culpa de militar condenado, por crime militar, ao cumprimento de pena privativa de liberdade de oito anos de reclusão, não houver penitenciária militar, a execução da pena deverá ocorrer em estabelecimento civil comum, ficando a sua execução a cargo do juízo de execuções penais, sob a égide da legislação penal comum. 13. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. A extinção da punibilidade dá-se, entre outras causas, pela prescrição, a qual, no curso da ação penal, é interrompida pela instauração do processo, pela sentença condenatória recorrível e pela prática de outro crime pelo acusado. 14. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. A prescrição da ação penal militar, de regra, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, possuindo natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade. Entretanto, no crime de deserção, o sistema do CPM configura duas hipóteses para a questão da prescrição, ora aplicando a norma geral, ora estabelecendo norma especial, previstas igualmente no estatuto castrense. Direito Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 02 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 48 15. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. As causas extintivas de punibilidade, previstas na parte geral do CPM, incluem a reabilitação, o ressarcimento do dano no peculato culposo e o perdão judicial. 16. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. No CPM, há crimes em que se procede somente mediante representação. 17. CBM-DF ± Oficial Bombeiro Militar ± 2011 ± Cespe. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só extinguirá a punibilidade quando o desertor atingir a idade de quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta. Essa regra aplica-se apenas aos desertores foragidos. 18. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. No sistema penal militar, a ação penal deve ser, via de regra, pública incondicionada, salvo em relação a determinados crimes, previstos de forma expressa e excepcional, que impõem a observância da requisição ministerial; admite-se, ainda, a ação penal privada subsidiária da pública. GABARITO 1. E 10. E 2. E 11. B 3. C 12. C 4. C 13. E 5. E 14. C 6. E 15. E 7. C 16. E 8. E 17. C 9. C 18. C
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