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DIREITOS DE PERSONALIDADE (Rol previsto no cc/02) Aula 06 Profª Msc Raphaela Sant´Ana Batista Toledo Divisão e classificação dos direitos da personalidade: Três grupos: Os direitos à integridade física – direito à vida, ao próprio corpo e ao cadáver. Os direitos à integridade moral – direito à honra, à liberdade, ao recato, à imagem, ao nome e o direito moral do autor. Integridade psíquica e criações intelectuais – privacidade, segredo, direitos autorais. Disposição sobre o próprio corpo (Arts. 13 a 15) Os atos de disposição sobre o próprio corpo são vedados quando ocasionam diminuição permanente da integridade física ou quando sejam contrários aos bons costumes. Há também a proteção à autonomia do paciente de decidir se quer ou não ser submetido à tratamento médico que lhe ofereça risco de vida. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Jurisprudência Obrigatoriedade de realização de transfusão de sangue TJ-RS - Apelação Cível AC 70020868162 RS (TJ-RS) Data de publicação: 29/08/2007 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. TRANSFUSÃO DE SANGUE. TESTEMUNHA DE JEOVÁ. RECUSA DE TRATAMENTO. INTERESSE EM AGIR. Carece de interesse processual o hospital ao ajuizar demanda no intuito de obter provimento jurisdicional que determine à paciente que se submeta à transfusão de sangue. Não há necessidade de intervenção judicial, pois o profissional de saúde tem o dever de, havendo iminente perigo de vida, empreender todas as diligências necessárias ao tratamento da paciente, independentemente do consentimento dela ou de seus familiares.Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70020868162, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 22/08/2007) Encontrado em: Quinta Câmara Cível Diário da Justiça do dia 29/08/2007 - 29/8/2007. Jurisprudência Indeferimento de transmudação de sexo – Decisão de 1994: Data de publicação: 08/11/1994 Ementa: RETIFICACAO NO REGISTRO CIVIL - CONVERSAO DE SEXO MASCULINO PARA O FEMININO - INADMISSIBILIDADE TRANSEXUALISMO - CIRURGIA PARA MUDANCA DE SEXO - PROCRIACAO - IMPOSSIBILIDADE - ESTADO CIVIL - CAPACIDADE - CASAMENTO - REQUISITOS DIFERENCA DE SEXO - AUSENCIA LEI DE REGISTROS PUBLICOS - VEDACAO. APELACAO PROVIDA. Ação que visa retificacao no registro civil e conversao de sexo masculino para o feminino. Mesmo tendo o apelado se submetido a cirurgia de mudanca de sexo o pedido de retificacao no assento de nascimento nao pode prosperar - Caracteriza-se o transexualismo quando os genitais afiguram-se como de um sexo mas a personalidade atende a outro - Porem os transexuais, mesmo apos a intervencao cirurgica nao se enquadram perfeitamente neste ou naquele sexo, acarretando-se problemas graves com tal intervensao. Nao se constitui, ademais o apelado como sendo do sexo feminino uma vez que ha impossibilidade de procriacao porquanto nao possui o mesmo os órgãos internos femininos. Ao se deferir o pedido do apelado estar-se-ia outorgando a este uma capacidade que efetivamente nao possui. Por outro lado ao permitir-se a retificacao do nome e sexo do apelado em possivel casamento que venha a se realizar estaria contrariando frontalmente o ordenamento jurídico vigente, ademais estaria ausente um dos requisitos para o casamento, qual seja a diferenca de sexos. A Lei de Registros Publicos veda a alteracao pretendida, tutelando interesses de ordem pública. Jurisprudência Deferimento de transmudação de sexo – Decisão de 2007: TJ-PR - Apelação Cível AC 3509695 PR 0350969-5 (TJ-PR) Data de publicação: 04/07/2007 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - RETIFICAÇÃO DE ASSENTO DE REGISTRO CIVIL - MUDANÇA DE NOME E SEXO - TRANSEXUAL - POSSIBILIDADE - REALIZAÇÃO DE CIRURGIA ABLATIVA DANDO CONFORMIDADE DO ESTADO PSICOLÓGICO AO NOVO SEXO COMO MEIO CURATIVO DE DOENÇA DIAGNOSTICADA - APLICAÇÃO DO PRINCÍCIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DA IDENTIDADA SEXUAL - RELEITURA DA LEI DE REGISTROS PUBLICOS AO MANDAMENTO CONSTITUCIONAL - MUTABILIDADE DO NOME - ALTERAÇÃO PARA CONSTAR ALCUNHA - POSSIBILIDADE - PROTEÇÃO ALBERGADA PELO NOVO CÓDIGO CIVIL - APELO PROVIDO. "A mudança de nome, em razão da realização de cirurgia de transgenitalização, adequando o estado psicológico ao seu novo sexo, no caso de transsexuais, é possível pelo ordenamento jurídico pátrio, como corolário interpretativo a partir do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e do respeito à identidade sexual do indivíduo, trazendo com isso, releitura hodierna aos dispositivos normativos insertos na Lei de Registros Publicos , evitando a exposição dos mesmos à situações de chacota social diante da desconformidade entre seus documentos pessoais e a nova condição morfológico-social." Situação jurídica do cadáver O cadáver está compreendido na categoria das coisas, porque carece de personalidade que se extinguiu com a morte. Entretanto, goza da proteção aos direitos de personalidade que continuam a serem tutelados mesmo após a morte. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Direito e proteção ao nome (Arts. 16 a 19) Questão terminológica relacionada ao nome: PRENOME: Primeiro nome (“nome de batismo”) Pode ser simples ou composto Imutável PATRONÍMICO (sobrenome) Não há obrigatoriedade do registro do nome de ambos os pais (arts. 55 e 60 – Lei nº 6.015/73): Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato. Art. 60. O registro conterá o nome do pai ou da mãe, ainda que ilegítimos, quando qualquer deles for o declarante. Direito e proteção ao nome (Arts. 16 a 19) “apelido” = patronímico AGNOME – sinal distintivo que acrescenta o nome completo PSUDÔNIMO OU CODINOME – O Código Civil dispensa a mesma proteção, ALTERAÇÃO DO NOME: NECESSÁRIA – Decorrentes da modificação do estado de filiação VOLUNTÁRIA – Casamento (independe de autorização judicial) ***Art. 240, CC/1916 – A mulher assumina os apelidos do marido Art. 1.565, §2º, CC/2002 – Qualquer dos nubentes poderá acrescer ao seu o nome do outro. Direito e proteção ao nome (Arts. 16 a 19) Uso do nome para fins comerciais ou exposição do nome a situações vexatórias (Arts. 17 e 18): Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. ADIN 4815/12 – DF Dispositivo Legal Questionado Arts. 20 e 21 da Lei Federal n° 10.406, de 10 de agosto de 2002. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADEDA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTEPARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para dar interpretação conforme à Constituição aos artigos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica , declarar inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). Direitos da personalidade e pessoa pública STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AgRg no Ag 1345989 SP 2010/0156474-2 (STJ) Data de publicação: 23/03/2012 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. USO INDEVIDO DA IMAGEM. REVISTA DE GRANDECIRCULAÇÃO. FIM COMERCIAL. SÚMULA N.º 403 /STJ. PESSOA PÚBLICA.LIMITAÇÃO AO DIREITO DE IMAGEM. VALOR DA INDENIZAÇÃO. RAZOABILIDADE. 1. "Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação nãoautorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais"(Súmula 403 /STJ). 2. Mesmo quando se trata de pessoa pública, caracterizado o abuso douso da imagem, que foi utilizada com fim comercial, subsiste o deverde indenizar. Precedente. 3. Valor da indenização por dano moral e patrimonial proporcional aodano sofrido e ao valor supostamente auferido com a divulgação daimagem. Desnecessidade de intervenção desta Superior Corte. 4. Agravo a que se nega provimento. Direitos da personalidade e pessoa pública TJ-DF - Agravo de Instrumento AGI 20150020223375 (TJ-DF) Data de publicação: 27/11/2015. Ementa: CONSTITUCIONAL. INTERNET. BLOG. LIBERDADE DE EXPRESSÃO. ABUSO DO DIREITO. DIREITO À HONRA. PESSOA PÚBLICA. DISPONIBILIZAÇÃO DE MEIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO. SUSPENSÃO DA PUBLICIDADE. DECISÃO MANTIDA. 1. O direito à liberdade de expressão não pode ser confundido com a emissão de ofensas injustificadas, devendo ser coibido todo o abuso praticado a pretexto de se exercer liberdade de pensamento. 2. A utilização de termos ofensivos e denigrentes extrapola os limites do direito de expressão e de informação e atinge o direito à honra e a imagem. 3. As pessoas públicas estão sujeitas a críticas no desempenho de suas funções. Todavia, essas não podem ser infundadas, abusivas e devem observar determinados limites. 4. O Marco Civil da Internet (Lei 12.965 /2014), que regula o uso da internet no Brasil, determina no art. 10 , § 1º , que, mediante ordem judicial, o provedor de conteúdo será obrigado a disponibilizar os dados que possam contribuir para a identificação do usuário. 5. Recurso conhecido e desprovido. Cláusulas gerais de tutela dos direitos da personalidade O Art. 12 prevê a cessão de ameaça ou a lesão à direito da personalidade (“tutela inibitória”) e o ressarcimento pelos danos causados (responsabilidade civil) Esses preceitos ganham se interpretados de acordo com a cláusula geral de tutela da personalidade prevista na CF/88 (Art. 1º, III – dignidade humana como valor fundamental da República). A partir daí, o intérprete deve se afastar da feição privatista do Código Civil e interpretar tal tutela de acordo com a dignidade humana preceituada na Constituição. Direitos da personalidade e pessoa jurídica
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