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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL CAPACIDADE – AULA 07 Profª Msc Raphaela Sant´Ana Batista Toledo Analise o seguinte caso concreto: Valentina firmou contrato com a empresa “Festas & Sonhos” para prestação de serviço de montagem de decoração para a sua festa de 17 anos que ocorreu na semana passada. Seu vestido foi contratado ao famoso estilista Vander Velt. Sua mãe já tinha lhe advertido que ajudaria com algumas despesas da festa, mas que se Valentina quisesse o vestido e decoração personalizados àquelas empresas, os valores teriam que ser custeados ou pelo pai de Valentina ou sairia de sua mesada, já que ela não tem emprego. Mesmo diante da advertência de sua mãe, Valentina procurou as empresas e contratou os serviços. Seu pai assumiu as despesas com decoração e ela se propôs a pagar o vestido encomendado, pagando 50% adiantado e o restante em até uma semana após o evento. Vander Velt, o estilista, agora cobra Valentina pelo valor remanescente não pago pelo modelo confeccionado. Diante disso, pergunta-se: O contrato firmado entre Valentina e os fornecedores é válido? O estilista pode acionar Valentina judicialmente para o recebimento do valor que lhe é devido? Conceito jurídico de capacidade É a aptidão para exercer pessoalmente esses direitos na ordem civil, não necessitando, a priori, que outro indivíduo o exerça ou peça a tutela em seu nome. É, pois, A MEDIDA DO EXERCÍCIO DA PERSONALIDADE, podendo ser maior ou menor a depender dos requisitos relacionados à capacidade exercidos por lei. A capacidade pode ser: CAPACIDADE JURÍDICA (DE GOZO OU DE DIREITO) DE FATO OU DE EXERCÍCIO Nascimento com vida decorre da aquisição da personalidade 18 anos Capacidade jurídica (de gozo ou de direito): É ADQUIRIDA PELO NASCIMENTO COM VIDA. É A APTIDÃO, ORIUNDA, DA PERSONALIDADE, PARA ADQUIRIR DIREITOS OU PARA SER SUJEITO DE DIREITOS E DE OBRIGAÇÕES. ESSA CAPACIDADE PODE SER ALVO DE LIMITAÇÕES DA LEI QUANTO AO SEU EXERCÍCIO, PODENDO SER RESTRINGIDA POR FATORES COMO: O TEMPO (MAIORIDADE OU MENORIDADE) DEFICIÊNCIA MENTAL QUE IMPEÇA A PESSOA DE EXERCER PESSOALMENTE ESSES DIREITOS ESSA LIMITAÇÃO RESTRINGE O EXERCÍCIO DOS DIREITOS E CONDICIONA A PRÁTICA DOS ATOS DO INDIVÍDUO A INTERVENÇÃO DE UMA OUTRA PESSOA QUE O REPRESENTE OU O ASSISTA. Capacidade de fato (ou de exercício): A CAPACIDADE CIVIL PLENA É AQUELA QUE HABILITA A PESSOA NATURAL A EXERCER TODOS OS ATOS DA VIDA CIVIL EM SEU PRÓPRIO NOME, INDEPENDENTEMENTE DE ASSISTÊNCIA OU REPRESENTAÇÃO. A CAPACIDADE DE FATO É ATINGIDA AOS 18 ANOS (MAIORIDADE CIVIL) É POSSÍVEL ANTECIPAR A CAPACIDADE CIVIL PLENA? Art. 5o, CC/02 - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. EMANCIPAÇÃO É A ANTECIPAÇÃO DA CAPACIDADE CIVIL PARA MENORES A PARTIR DOS 16 ANOS. FORMAS DE EMANCIPAÇÃO: LEGAL VOLUNTÁRIA JUDICIAL EMANCIPAÇÃO FORMAS DE EMANCIPAÇÃO EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA Art. 5º, p. Único, inciso I (primeira parte): Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial (...) A emancipação pode ser concedida por ambos os pais ou, na falta de um deles, pelo outro; É necessário instrumento público; O ato de emancipar é irrevogável; Os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados Pelo filho emancipado. FORMAS DE EMANCIPAÇÃO EMANCIPAÇÃO JUDICIAL Art. 5º, p. Único, inciso I (segunda parte): Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, OU POR SENTENÇA DO JUIZ, OUVIDO O TUTOR, SE O MENOR TIVER DEZESSEIS ANOS COMPLETOS. É CONCEDIDA PELO JUIZ, OUVIDO O TUTOR. PRESSUPÕE A FALTA DE AMBOS OS PAIS. O MENOR DEVE TER, NO MÍNIMO, 16 ANOS. O JUIZ DEVE COMUNICAR AO OFICIAL DO CARTÓRIO (DE OFÍCIO) – PRAZO DE 8 DIAS. ANTES DO REGISTRO, A EMANCIPAÇÃO NÃO PRODUZIRÁ QUALQUER EFEITO EMANCIPAÇÃO LEGAL FORMAS DE EMANCIPAÇÃO Art. 5º, p. Único, inciso I (segunda parte): Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: (...) II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. ANTECIPAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO – EMANCIPAÇÃO: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE ALIMENTOS - MAIORIDADE/EMANCIPAÇÃO CIVIL - BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE - CAPACIDADE DO ALIMENTANDO DE PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO - COMPROVAÇÃO - RECURSO IMPROVIDO. - Incumbe ao beneficiário da pensão alimentícia, que atingiu a maioridade, a prova da necessidade. - Recurso improvido. (TJ-MG - Apelação Cível AC 10382110018175001 MG (TJ-MG) – Julgado em 07/04/2014) Ementa: RECURSO DE AGRAVO. EXECUÇÃO PENAL. DIREITO DE VISITA ÍNTIMA. COMPANHEIRA DE 17 ANOS. EMANCIPAÇÃO CIVIL. ESCRITURA PÚBLICA DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL. RECURSO PROVIDO. I – Comprovada a união estável, mediante escritura pública, entre adolescente de 17 anos de idade, emancipada civilmente, com o preso, não se mostra razoável indeferir o pedido de visitas íntimas entre eles, ao argumento de que ela não apresentou certidão de casamento, consoante disposto na Portaria nº 11/2003, vez que a união estável é equiparada à entidade familiar nos termos do art. 1723 do Código Civil . II – Recurso provido. (TJ-DF - Recurso de Agravo RAG 20150020132575 (TJ- DF) – 16/06/2015) Analise o seguinte caso concreto e responda: Letícia, 17 anos, separada, comprou um automóvel no valor de R$ 30.000,00 com uma parte da herança deixada por sua mãe. Seu pai, ao saber da compra, tentou anular o negócio jurídico, alegando a incapacidade relativa da filha, com fundamento no art. 4º, I, CC/2002. Este negócio pode ser anulado? Por quê? Fundamente e Justifique. Sistema de Incapacidades São incapazes as pessoas que detém a capacidade de direito, mas não detém, também, a capacidade de fato ou a tem de modo limitado (GONÇALVES, Carlos Roberto. 2016, p. 110). CÓDIGO CIVIL DE 1916 ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (ART. 5º) RELATIVAMENTE INCAPAZES (ART. 6º) - Os menores de 16 anos; - Os loucos de todo gênero; - Os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade. - Os ausentes, declarados tais por ato do juiz. - Os maiores de dezesseis e menores de 21 anos; - As mulheres casadas, enquanto subsistir a sociedade conjugal; - Os pródigos; - Os silvícolas Sistema de Incapacidades CÓDIGO CIVIL DE 2002 (ANTES DA REFORMA DA LEI Nº 13.146/2015) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (ART. 3º) RELATIVAMENTE INCAPAZES (ART. 4º) - Os menores de 16 anos; - Os que, por enfermidade ou deficiência Mental, nãotiverem o necessário discerni- mento para a prática desses atos; - Os que, mesmo por causa transitória, não Puderem exprimir sua vontade. - Os maiores de dezesseis e menores de 18 anos; - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. - Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; - Os pródigos. Sistema de Incapacidades CÓDIGO CIVIL DE 2002 (APÓS A REFORMA DA LEI Nº 13.146/2015) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (ART. 3º) RELATIVAMENTE INCAPAZES (ART. 4º) - Os menores de 16 anos; - Os maiores de dezesseis e menores de 18 anos; - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos. - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puder exprimir sua vontade. - Os pródigos. Sobre a incapacidade no ordenamento brasileiro: a legislação brasileira não admite “intervalos lúcidos”, ou seja, o interditado não possui capacidade intermitente. Assim, serão nulos todos os atos praticados pelo interditado tanto nos momentos de crise quanto nos intervalos de lucidez A senilidade, por si só não gera incapacidade para os atos da vida civil. Nesse caso, a interdição só pode ser decretada se observado que a velhice originou um estado psicopatológico que dificulta as faculdades mentais da pessoa senil. Incapacidade X Vulnerabilidade A vulnerabilidade pode ser conceituada como sendo a categoria em que um sujeito que integra uma relação jurídica se posiciona numa situação de risco, gerando um desenquilibrio dada a situação de enfraquecimento perante a outra parte numa relação jurídica específica. Ex: Relação de consumo, idoso etc. A incapacidade, por outro lado, está diretamente ligada ao estado da pessoa em todas as suas relações, persistindo o perfil dessa pessoa em qualquer relação jurídica que vier a travar. Capacidade X Legitimação A capacidade é uma aptidão genérica para o exercício pessoal dos atos da vida civil. A legitimação é a aptidão específica para a prática de algum ato que a lei definir. Segundo Venosa (2001, p. 139), “a legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem capacidade para exercê-la. [...] É uma forma especial de capacidade para determinados atos da vida civil”. Assim, a pessoa pode ser plenamente capaz, mas pode haver situações em que não está habilitado a praticar o ato para o qual o ordenamento jurídico tenha exigido requisito especial. Ex: O Art. 496 do CC/02 prevê a possibilidade de anulação do negócio jurídico de venda de imóvel entre ascendente e descendente sem a concordância dos herdeiros e do cônjuge que não fizeram parte da relação jurídica negocial.
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