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Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 35 1. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL E DA UNIÃO 1.1. Aspectos constitucionais O estudo da competência está relacionado à análise dos limites da jurisdição de cada órgão prolator. A jurisdição é competência do Estado, que a distribui com limites a diversos órgãos. Por essa razão, para iniciarmos o nosso estudo é necessário compreender o que a Constituição determina sobre o assunto. Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. Na Justiça Militar, a lei mencionada é o Código Penal Militar. É possível, portanto, que a Justiça Militar da União julgue civis, e nesse sentido já surge a primeira diferença em relação à Justiça Militar dos estados, que somente goza de competência para julgar policiais militares e bombeiros militares, nos termos do art. 125 da Constituição. Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. [...] § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 35 Perceba que não há diferença na natureza dos crimes militares no âmbito da União e dos Estados. Os mesmos crimes podem, dependendo do caso, ser julgados pela Justiça Militar da União ou dos Estados. O que deve ser compreendido aqui é que a Justiça Militar da União pode julgar militares e civis que pratiquem crimes militares, enquanto a Justiça Militar Estadual, por restrições da própria Constituição Federal, apenas pode julgar policiais e bombeiros militares. Uma segunda distinção importante diz respeito à competência em razão da matéria. Vimos que a Justiça Militar da União apenas tem competência para julgar crimes militares, enquanto a Justiça Militar dos Estados pode também julgar ações civis contra atos disciplinares militares. A Justiça Militar da União tem competência para julgar civis que cometam crime militar, mas a Justiça Militar dos estados apenas julga policiais militares e bombeiros militares. A Justiça Militar da União julga apenas crimes militares, mas a Justiça Militar dos Estados julga também ações civis contra atos disciplinares militares. 1.2. Do Foro Militar O foro militar é especial e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz, nos crimes militares definidos em lei, as seguintes pessoas: a) os militares em situação de atividade; b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo; c) os reservistas, quando convocados ou mobilizados, em manobras, ou no desempenho de funções militares; d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, quando incorporados às Forças Armadas; Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 35 e) aos militares da reserva remunerada e os reformados que cometam crimes militares definidos em lei; f) os civis que cometam crimes militares definidos em lei (somente na Justiça Militar da União). O foro militar em tempo de guerra poderá, por lei especial, abranger outros casos além desses, desde que tenham previsão legal anterior, respeitando o princípio da legalidade e da vedação do julgamento por tribunal de exceção, ou seja, a previsão tem que ser anterior ao fato. Uma regra importante é a estabelecida pelo §2° do art. 82: ³1RV�FULPHV�GRORVRV�FRQWUD�D�YLGD��SUDWLFDGRV�FRQWUD�FLYLO��D�-XVWLoD�0LOLWDU� encaminhará os autos do inquériWR� SROLFLDO� PLOLWDU� j� MXVWLoD� FRPXP´�� $� Justiça Militar não tem competência para julgar crimes dolosos contra a vida cometidos contra civis, mesmo quando o acusado for militar. Os crimes dolosos contra a vida cuja vítima é civil são de competência da Justiça comum, mesmo quando o criminoso é militar. 1.3. Da Competência em Geral A regra geral é a de que a competência seja determinada pelo lugar da infração. Lembre-se de que, com relação ao lugar do crime, o legislador penal militar adota a teoria mista (art. 6° do CPM). LUGAR DO CRIME - Para os crimes comissivos, o CPM adota a teoria da ubiquidade; - Para os crimes omissivos aplica-se a teoria da atividade, devendo o lugar do crime ser considerado aquele em que deveria ser realizada a ação omitida. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 35 Perceba, portanto, que o critério do lugar da infração não resolve o problema da competência, pois o legislador adota, pelo menos para os crimes comissivos, a teoria da ubiquidade, sendo considerado lugar do crime tanto aquele em que se desenvolveu a atividade, quanto aquele em que ocorreu o resultado. Vejamos, portanto, o que o CPPM determina sobre o assunto: DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA Art. 85. A competência do foro militar será determinada: I ± de modo geral: a) pelo lugar da infração; b) pela residência ou domicílio do acusado; c) pela prevenção; II ± de modo especial, pela sede do lugar de serviço. A competência, de modo geral, é determinada por três critérios: Parece que o legislador teve a intenção de mencionar residência e domicílio como sinônimos. Os civilistas, entretanto, diferenciam os dois, sendo o domicílio definido como o local de residência com ânimo definitivo. O Código Civil determina, ainda, em seu art. 76, que o militar tem domicílio necessário: o local onde serve, e, no caso do militar da Marinha ou Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado. O critério da prevenção é aplicado quando há mais de uma Auditoria Militar com competência para julgar a ação penal. Nesse caso, o órgão que primeiro conhecer da ação será o responsável por julgá-la. De modo especial, a competência é determinada pela sede do lugar de serviço. Este critério especial parece estar relacionado ao domicílio necessário do militar determinado pelo Código Civil, não é Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 35 mesmo? Mais adiante em nossa aula veremos algumas situações em que essa regra é aplicada. NA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA Art. 86. Dentro de cada Circunscrição Judiciária Militar, a competência será determinada: a) pela especialização das Auditorias; b) pela distribuição; c) por disposiçãoespecial deste Código. Hoje a competência dentro das circunscrições é determinada pela Lei de Organização Judiciária Militar da União (Lei n° 8.457/1992). Não existem mais auditorias especializadas. Antigamente, nos locais onde havia mais de uma auditoria, havia auditorias especializadas nos crimes praticados por militares de cada uma das Forças Armadas. Hoje todas as auditorias têm competência mista. A alínea A, portanto, não é mais aplicável. Nas cidades em que há mais de uma Auditoria Militar, haverá distribuição, que deve ser feita de forma paritária. MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA Art. 87. Não prevalecem os critérios de competência indicados nos artigos anteriores, em caso de: a) conexão ou continência; b) prerrogativa de posto ou função; c) desaforamento. Estudaremos todas as hipóteses de modificação da competência quando tratarmos dos dispositivos específicos do CPPM. Por enquanto basta você ter uma ideia geral. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 35 A conexão está relacionada à ligação entre dois processos, e pode ocorrer em diversas situações, enquanto a continência exige situações um pouco mais específicas. A modificação em razão da prerrogativa de posto ou função ocorre, por exemplo, quando oficial-general comete crime militar. Neste caso, a competência originária é do STM. O desaforamento é a modificação de competência, possível em casos previstos especificamente em lei. O próprio CPPM traz disposições sobre o tema. 1.4. Da Competência pelo Lugar da Infração LUGAR DA INFRAÇÃO Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. (VWDPRV�GLDQWH�GR�FULWpULR�³ratione loci´��5HFRPHQGR�TXH�YRFr� lembre da regra no caso da tentativa, em que a regra será a determinação da competência em função do lugar em que for praticado o último ato de execução. A BORDO DE NAVIO Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar ou militarmente ocupado em porto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou em águas territoriais brasileiras, serão, nos dois primeiros casos, processados na Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada um daqueles lugares; e, no último caso, na 1ª Auditoria da Marinha, com sede na Capital do Estado da Guanabara. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 35 Se o crime é praticado a bordo de embarcação sob comando militar ou militarmente ocupada em porto nacional ou em lagos e rios fronteiriços, a Auditoria Militar competente será a do local em que o navio está. No caso navio que está em águas territoriais brasileiras (mar territorial), o dispositivo determina que a competência deve ser atribuída à 1ª Auditoria da Marinha, com sede no estado da Guanabara. O dispositivo, portanto, trata de uma Auditoria Militar que não existe mais, e que era localizada em um estado que também não existe mais. Neste caso o STM tem aplicado a competência do lugar do serviço, ou seja, a Auditoria responsável por conhecer a acusação será aquela do local onde o militar serve (art. 85, II do CPPM e art. 76 do Código Civil). A BORDO DE AERONAVE Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se este se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma. Imagine que uma aeronave saia da base aérea localizada no Recife, com destino a Porto Alegre. Ocorrido crime a bordo da aeronave, o comandante decide pousar em São Paulo. Neste caso, a Auditoria Militar competente será a de São Paulo. Jorge César de Assis diz que a segunda situação prevista no dispositivo (lugar remoto) tornou-se inaplicável pelo desuso (desuetudo), pois, na prática, há Auditorias Militares com competência jurisdicional sobre Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 35 cada parte do território nacional, e, portanto, não importa se a aeronave pousou em lugar remoto. CRIMES FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte. O Direito Penal Militar adota a territorialidade e a extraterritorialidade incondicionada, o que significa dizer que os crimes cometidos fora do território nacional também serão processados pela Justiça brasileira. Os últimos exemplos são os crimes cometidos pelos militares brasileiros que servem em forças de paz, principalmente no Haiti. Se o crime militar for cometido no exterior, o acusado será processado em Brasília, na 11ª CJM. CRIMES PRATICADOS EM PARTE NO TERRITÓRIO NACIONAL Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional, a competência do foro militar se determina de acordo com as seguintes regras: a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil, será competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha produzido ou devia produzir o resultado; b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será competente a Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou execução. DIVERSIDADE DE AUDITORIAS OU DE SEDES Parágrafo único. Na Circunscrição onde houver mais de uma Auditoria na mesma sede, obedecer-se-á à distribuição e, se for o caso, à especialização Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 35 de cada uma. Se as sedes forem diferentes, atender-se-á ao lugar da infração. Lembre-se de que, no Direito Penal Militar, o lugar do crime é tanto aquele onde foi praticada a conduta quanto aquele em que se produziu o resultado (teoria da ubiquidade). Com base nessa distinção poderemos determinar quem julgará o crime praticado apenas em parte no território nacional. Caso a execução se inicie em território estrangeiro e o crime se consume no Brasil, será competente a Auditoria Militar do local do resultado. Observe que a regra continua válida mesmo que o resultado não venha a ocorrer efetivamente. No caso do crime que se inicia em território nacional e se consuma no estrangeiro, a Auditoria competente será a do lugar em que foi praticado o último ato ou execução. Quanto ao parágrafo único, você já sabe que apenas no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília há mais de uma Auditoria Militarna mesma sede. Nestes locais, haverá distribuição, regulamentada pela Lei de Organização Judiciária Militar da União. Doutrinariamente, a distribuição é considerada uma espécie de prevenção. 1.5. Da Competência pelo Lugar da Residência ou Domicílio do Acusado RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ACUSADO Art. 93. Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular- se-á pela residência ou domicílio do acusado, salvo o disposto no art. 96. Lembro a você que o domicílio é regulado pelo Código Civil, e que o militar tem domicílio necessário, nos termos do art. 76, parágrafo único. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 35 A atribuição de competência em razão do domicílio é claramente subsidiária, pois o próprio art. 93 determina que a regra somente é aplicável quando não for possível saber onde o crime foi cometido. 1.6. Da Competência por Prevenção PREVENÇÃO. REGRA. Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia. A competência por prevenção apenas surgirá quando houver mais de um juiz competente. Essa regra se aplica tanto ao caso em que há mais de uma Auditoria na mesma sede, quanto aos processos conhecidos pelo juiz substituto da Auditoria Militar. Caso o substituto, por exemplo, pratique atos do próprio processo ou qualquer ato na fase de inquérito policial militar, será considerado prevento. CASOS EM QUE PODE OCORRER Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer: a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou mais jurisdições; b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições; c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições; d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem vários os acusados e com diferentes residências. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 35 A hipótese de crime praticado na divisa de duas ou mais jurisdições somente é aplicável quando o local do crime é incerto. Este seria o caso, por exemplo, de um crime cometido na ³UHJLmR´�GD�FLGDGH�GH�3HWUROLQD��QR�VHUWmR�GR�PHX�TXHULGR�Pernambuco. Petrolina é separada de Juazeiro (Bahia) pelo Rio São Francisco. Pode haver evidências, portanto, de que o crime foi praticado naquela região, mas sem a certeza de qual dos dois lados do rio, e neste caso estaremos diante da hipótese da alínea A. Já a alínea B trata da situação em que há certeza sobre o local em que o crime foi praticado, mas não há certeza de qual órgão julgador exerce a competência sobre aquele território. Agora podemos dizer que o limite territorial entre duas ou mais jurisdições é incerto. O crime continuado e o crime permanente, por se estenderem no tempo, podem ultrapassar o território da jurisdição. Nesses casos, o juízo que primeiro praticar atos do processo será competente. As regras acerca da residência do acusado são aplicáveis, mas sua interpretação deve ser feita à luz dos dispositivos que já mencionamos do Código Civil. 1.7. Da Competência pela Sede ou Lugar do Serviço LUGAR DE SERVIÇO Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma situação, ou para o funcionário lotado em repartição militar, o lugar da infração, quando este não puder ser determinado, será o da unidade, navio, força ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção, salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva especialização. Essa regra hoje é redundante, tendo em vista o domicílio necessário do militar, previsto no Código Civil. Este dispositivo não é mais Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 35 concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. A alínea A trata da conexão intersubjetiva, que ocorre quando duas ou mais infrações são praticadas por dois ou mais sujeitos, sendo que o vínculo entre os delitos reside justamente nisso. a1) intersubjetiva por simultaneidade Æ se, ocorrendo duas ou mais infrações penais, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas. Não há liame subjetivo ou acordo de vontade prévio. Como exemplo podemos citar a depredação de estádio de futebol pela torcida adversária. a2) intersubjetiva por concurso Æ se, ocorrendo duas ou mais infrações penais, houverem sido praticadas por várias pessoas em concurso, embora diverso tempo e lugar. Neste caso há liame subjetivo entre os agentes. Como exemplo podemos citar a ação de quadrilhas especializadas em roubo a banco, na mesma região, dia e horário. a3) intersubjetiva por reciprocidade Æ se as infrações forem praticadas por duas ou mais pessoas, umas contra as outras. Como exemplo podemos citar as agressões mútuas entre torcidas de futebol adversárias. A alínea B trata da conexão objetiva. São hipóteses em que o vínculo entre as infrações está na motivação de uma delas em relação à outra. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 35 b1) objetiva teleológica Æ quando uma infração penal visa a assegurar a execução de outra. Exemplo: matar o único vigilante de uma casa para entrar e furtar objetos. b2) objetiva consequencial Æ quando uma infração visa a assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outra. Depois de entrar na casa e furtar, o criminoso é surpreendido por vigilante e pratica homicídio para assegurar a impunidade do crime. Perceba que neste caso a conexão não é subjetiva, mas se dá em razão de uma questão fática. A alínea C trata da conexão instrumental ou probatória: quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. CASOS DE CONTINÊNCIA Art. 100. Haverá continência: a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração; b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso. A alínea A trata da cumulação subjetiva, que ocorre quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (concurso de pessoas). A alínea B traz a cumulação objetiva, que ocorre na hipótese de concurso formal, inclusive da aberratio ictus e aberratio criminis. Uma única conduta com dois ou mais resultados. REGRAS PARA DETERMINAÇÃO Art.101. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 35 CONCURSO E PREVALÊNCIA I - no concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderará aquela; Hoje não há mais Auditorias especializadas, mas podemos dizer que existem um caso de especialização ainda aplicável no Processo Penal Militar: a competência das auditorias de Brasília para julgar crimes militares ocorridos no estrangeiro. A regra do inciso I, portanto, é utilizada para os crimes militares cometidos fora do território nacional. O termo ³FXPXODWLYD´��QHVWH�FDVR��GHYH�VHU�HQWHQGLGR�FRPR�³PLVWD´� II - no concurso de jurisdições cumulativas: a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais grave; b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; PREVENÇÃO c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição especial deste Código; Agora veremos as regras aplicáveis no concurso de jurisdições cumulativas. Para ilustrar a hipótese da alínea A, utilizarei o exemplo trazido SRU�5LFDUGR�*LXOLDQL��³6XMHLWR�SUHVWDQGR�VHUYLoR�PLOitar em Bagé-RS, rouba um celular de um colega e é transferido para prestar serviço militar em Porto Alegre e lá, antes de iniciada a ação penal em Bagé, vende este celular para outro colega de farda da guarnição, sabendo ser produto de crime (receptação). Temos dois crimes militares, um de receptação ± pena de reclusão até cinco anos ±, e roubo ± pena de reclusão de quatro a quinze DQRV´� Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 35 8WLOL]DQGR�D�UHJUD�GR�DUW������� ,,�� ³D´��VHUi�FRPSHWHQWH�SDUD� julgar a processar os dois delitos a Auditoria de Bagé-RS, pois lá ocorreu o crime de roubo, apenado de forma mais severa. Quanto à alínea B, mais uma vez utilizarei o exemplo de *LXOLDQL��³0LOLWDU�SUHVWDQGR�VHUYLoR�PLOLWDU�HP�%DJp-RS subtrai um aparelho celular de um colega e uma mochila de outro, no alojamento da organização militar. Transferidos para Porto Alegre, um dos colegas de farda empresta- lhe um aparelho celular, que, após receber, inverte a posse e não entrega mais o aparelho para seu colega, apropriando-VH�GR�EHP´� Neste caso há dois crimes de furto com pena de reclusão de até seis anos e um crime de apropriação indébita com igual pena. Aplica-se, SRUWDQWR��D�UHJUD�GR�DUW�������,,��³E´��SRLV�D�SHQD�p�D�PHVPD�SDUD�WRGRV�RV� crimes. Mais uma vez a Auditoria competente será a de Bagé-RS. Não sendo possível estabelecer a competência por meios das regras que vimos até agora, deve-se utilizar o critério da prevenção, conforme alínea C. CATEGORIAS III - no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior graduação. Esta regra é utilizada na relação entre o STM e as Auditorias. Neste caso prevalece o STM, por ser instância superior, apesar da LPSUHFLVmR�GR�GLVSRVLWLYR�HP�XWLOL]DU�R�WHUPR�³PDLRU�JUDGXDomR´� UNIDADE DO PROCESSO Art. 102. A conexão e a continência determinarão a unidade do processo, salvo: CASOS ESPECIAIS a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum; b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 35 JURISDIÇÃO MILITAR E CIVIL NO MESMO PROCESSO Parágrafo único. A separação do processo, no concurso entre a jurisdição militar e a civil, não quebra a conexão para o processo e julgamento, no seu foro, do militar da ativa, quando este, no mesmo processo, praticar em concurso crime militar e crime comum. A regra geral é a de que a conexão e a continência resultam no julgamento dos fatos em um só processo. O art. 102, entretanto, traz exceções a essa regra. A alínea A trata do concurso entre a jurisdição militar e a comum. É o caso de civil que pratica crime conexo com policial militar. Neste caso o Policial Militar será julgado na Justiça Militar do estado, enquanto o civil será julgado na Justiça comum, pois não há previsão do cometimento de crime militar por civil no âmbito estadual. Se o civil cometer crime militar conexo com militar federal, entretanto, não estaremos diante de concurso de jurisdição militar com jurisdição comum, pois ambos podem julgados na Justiça Militar da União. Chamo sua atenção para a Súmula nº 90, do STJ. SÚMULA Nº 90 DO STJ Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar policial militar pela prática de crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele. Neste caso estamos tratando de dois crimes diferentes, um militar e outro comum, praticados pela mesma pessoa simultaneamente. Como você já sabe, o fato de o agente ser militar não é suficiente para atrair a competência da Justiça Militar. Um bom exemplo desta situação de concomitância é o ocorrido na tragédia em que um Boeing 737 da Gol se chocou com o Jato Legacy da empresa Excel Air Service. Os controladores de vôo, sargentos da Força Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 35 Aérea, foram denunciados pelo Ministério Público Federal por dois crimes dolosos de atentado contra a segurança de transporte aéreo, em concurso formal, sendo um na modalidade fundamental (art. 261 do CP), e outro qualificado por 154 mortes (art. 261, §1º, c/c o art. 263, ambos do CP). Na sequência, o Ministério Público Militar ofereceu denúncia contra os mesmos profissionais pela prática do delito de inobservância de lei, regulamento ou instrução (art. 324 do CPM). Em julgamento de habeas corpus, o STF considerou válida esta situação, confirmando a licitude das ações penais simultâneas na Justiça Federal e na Justiça Militar da União. A alínea B, por outro lado, determina a separação obrigatória quando houver concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores. O civil ou militar responderá na Justiça Militar e o menor na vara ou juízo da infância e juventude pelo ato infracional conexo com o crime militar. SEPARAÇÃO DE JULGAMENTO Art. 105. Separar-se-ão somente os julgamentos: a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado à revelia; b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição de juiz de Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do julgamento. Nestes casos não há quebra da unidade processual exigida pela conexão ou continência, mas só do julgamento, quando ocorrerem as hipóteses previstas. Na hipótese da alínea A, a única previsão do CPPM em que o acusado não pode ser julgado à revelia, em primeira instância, é a deserção. Os corréus, portanto, não poderão ser julgados juntos se um deles for revel. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentadosProf. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 35 perante o Superior Tribunal Militar, condicionada a instauração da ação SHQDO�j�UHTXLVLomR�GR�3UHVLGHQWH�GD�5HS~EOLFD´� Neste caso o legislador faz menção à função exercida, e não à condição de oficial-general, até porque a função de comando pode ser exercida, em algumas hipóteses, por outros oficiais. CASO DE DESAFORAMENTO Art. 109. O desaforamento do processo poderá ocorrer: a) no interesse da ordem pública, da Justiça ou da disciplina militar; b) em benefício da segurança pessoal do acusado; c) pela impossibilidade de se constituir o Conselho de Justiça ou quando a dificuldade de constituí-lo ou mantê-lo retarde demasiadamente o curso do processo. 2�³GHVDIRUDPHQWR´�SRGH�VHU�HQWHQGLGR� FRPR�D�VXEWUDomR�GD� lide, de um determinado foro para outro foro, pelas razões alineadas no art. 109. Quero chamar sua atenção para a hipótese da alínea C. Esta situação é típica do CPPM. O processo e julgamento dos crimes militares na instância inferior cabe aos Conselhos de Justiça, que devem ser compostos por oficiais de mesmo posto ou mais antigos que o acusado. Se não for possível compor o Conselho nesses moldes, poderá haver desaforamento. O pedido de desaforamento é dirigido ao STM, podendo fazê-lo os Comandantes da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica; do Distrito Naval, Região Militar e de Comando Aéreo; Conselhos de Justiça ou Auditor e ainda mediante representação do MPM ou do acusado. Caso defira o pedido, o STM, ouvido o Procurador-Geral, se dele não proveio o pedido, designará a Auditoria por onde deva ter curso o processo. O pedido, mesmo quando negado, poderá ser feito novamente, se houver motivo superveniente. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 35 Uma vez concedido o desaforamento, não é mais possível que o processo retorne ao juízo de origem, ainda que a razão do desaforamento deixe de existir. Esta determinação não está expressa do CPPM mas já foi adotada pelo Cespe em questões anteriores. 2. CONFLITOS DE COMPETÊNCIA As questões atinentes à competência podem ser resolvidas tanto pela exceção propriamente dita (exceção de incompetência), quanto pelo conflito positivo ou negativo. Art. 112. Haverá conflito: CONFLITO DE COMPETÊNCIA I - em razão da competência: POSITIVO a) positivo, quando duas ou mais autoridades judiciárias entenderem, ao mesmo tempo, que lhes cabe conhecer do processo; NEGATIVO b) negativo, quando cada uma de duas ou mais autoridades judiciárias entender, ao mesmo tempo, que cabe a outra conhecer do mesmo processo; CONTROVÉRSIA SOBRE FUNÇÃO OU SEPARAÇÃO DE PROCESSO II - em razão da unidade de juízo, função ou separação de processos, quando, a esse respeito, houver controvérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias. Neste dispositivo não há muitas novidades, não é mesmo? Você já sabe que ocorre conflito positivo de competência quando duas ou mais autoridades se julgam competentes, enquanto o conflito negativo ocorre quando duas ou mais autoridades se julgam incompetentes para conhecer a matéria. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 35 Chegamos ao fim da nossa jornada! A seguir estão as questões sobre os assuntos tratados. Se tiver alguma dúvida, utilize o nosso fórum. Estou também disponível no e-mail e nas redes sociais! Grande abraço! Paulo Guimarães professorpauloguimaraes@gmail.com Não deixe de me seguir nas redes sociais! www.facebook.com/profpauloguimaraes @pauloguimaraesf @profpauloguimaraes (61) 99607-4477 Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 35 3. QUESTÕES COMENTADAS 1. TJM-SP ± Escrevente Técnico Judiciário ± 2011 ± VUNESP. Quanto ao foro militar em tempo de paz, assinale a alternativa correta. a) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justiça militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. b) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justiça comum encaminhará os autos do inquérito policial à justiça militar. c) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. d) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a justiça militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. e) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. COMENTÁRIOS: A regra acerca do crime doloso contra a vida praticado contra civil é de que a Justiça Militar encaminhe os autos do inquérito policial militar para a Justiça comum, pois esta é competente para julgar este tipo de crime, mesmo quando praticado por militar. GABARITO: A 2. PM-MG ± Oficial da Polícia Militar ± 2011 ± Fumarc. Sobre a competência no âmbito do Direito Penal Militar, analise os conceitos infrarrelacionados: I - A competência, de modo geral, é determinada pelo local da infração. Contudo, em crimes em que haja mais de um local de consumação, a Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 35 competência é exercida pela sede do lugar de exercício funcional do policial militar. II - a prerrogativa de posto ou função inibe a utilização de outro critério para a determinação da competência. III - Na ocorrência de continência ou conexão, o princípio da unidade do processo é regra, exceto quando há cumulação de competências da Justiça Comum e Justiça Militar. Assinale a alternativa CORRETA. a) As afirmativas I, II e III estão corretas. b) As afirmativas I, II e III estão incorretas. c) Apenas a afirmativa III está correta. d) Apenas a afirmativa I está incorreta. COMENTÁRIOS: A assertiva I está correta quando diz que a competência é determinada, em regra, pelo local da infração. A atribuição de competência em razão do local de serviço do militar, entretanto, não ocorre quando o crime se consuma em mais de um local, mas sim quando o lugar da infração não pode ser determinado, nos termos do art. 96. GABARITO: D 3. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Compete à justiça militar da União processar e julgar crime doloso contra a vida, praticado por militar do Exército Brasileiro contra civil, estando aquele em atividade inerente às funções institucionais das Forças Armadas. COMENTÁRIOS: O gabarito oficial desta questão é CERTO. Parece um absurdo, não é mesmo? Mas é interessante que você saiba que até 2011 havia controvérsia sobre a constitucionalidade das alterações introduzidas no CPPM pela Lei n° 9.299/1996. Em 2011 oSTM se julgou incompetente Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 35 para conhecer de um crime praticado por militar contra a vida de civil, e a controvérsia foi solucionada. Por esta razão, estou dando o gabarito da questão como ERRADA, ok? GABARITO: E 4. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Falece competência à justiça militar da união para processar e julgar civis. COMENTÁRIOS: Esta é bem batida, não é mesmo? A Justiça Militar da União julga tanto civis quanto militares que praticarem crimes militares, definidos em lei. Já a Justiça Militar dos Estados não tem competência para julgar civis. GABARITO: E 5. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. Um processo foi instaurado perante a Circunscrição Judiciária Militar de Curitiba, contra várias pessoas, entre elas um coronel da Aeronáutica da ativa. Diante da impossibilidade de compor o conselho especial, devido à inexistência de oficiais em número suficiente, foi concedido pelo STM o desaforamento do processo para circunscrição judiciária militar de outro estado. Todavia, no decorrer da instrução, o coronel foi excluído do processo por força de habeas corpus e outro corréu excepcionou a competência da circunscrição judiciária, sob o argumento de haver cessado o motivo do desaforamento. Nessa situação, continua competente o juízo que recebeu o processo desaforado, mesmo que a exclusão de um dos acusados possibilite a composição do conselho de justiça no juízo militar de origem. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 35 COMENTÁRIOS: Vimos que o posicionamento da Doutrina e do Cespe é no sentido de que, uma vez concedido o desaforamento, não é possível haver a devolução do processo, mesmo que a razão do desaforamento deixe de existir. GABARITO: C 6. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. Com relação à competência, a conexão e a continência impõem a unidade de processo, salvo no concurso entre a jurisdição militar e a comum. COMENTÁRIOS: Lembre-se que para o Cespe uma assertiva incompleta não está necessariamente errada. O art. 102 do CPPM traz duas hipóteses de separação obrigatória dos processos em que há conexão ou continência: concurso entre a jurisdição militar e a comum; e concurso entre a jurisdição militar e o Juízo de Menores. Apesar de a assertiva não mencionar a hipótese do Juízo de Menores, deve ser marcada como correta. GABARITO: C 7. DPU ± Defensor Público ± 2010 ± Cespe. Considere a situação hipotética em que um grupo de 20 militares integrantes das forças armadas brasileiras, em missão junto às forças de paz da ONU, no Haiti, em concurso de pessoas com diversos outros militares pertencentes às forças armadas da Itália e da França, tenha cometido diversos crimes militares no Haiti. Nessa situação, a competência para conhecer, processar e julgar os militares brasileiros pelas infrações penais militares é da Justiça Militar da União, cujo exercício jurisdicional é o da auditoria da capital da União. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 35 COMENTÁRIOS: O Direito Penal Militar adota a territorialidade e a extraterritorialidade. Dessa forma, mesmo os crimes praticados no exterior são de competência da Justiça Militar. Neste caso, o art. 91 do CPPM determina que a Auditoria competente será uma das localizadas em Brasília. GABARITO: C 8. MPE-ES ± Promotor de Justiça ± 2010 ± Cespe. Celso, soldado da polícia militar do estado do Espírito Santo, foi preso em flagrante delito pelos crimes de peculato e falsidade de documento público, praticados contra a administração militar. Oferecida denúncia perante a auditoria militar do estado, Celso será processado e julgado. Caso os crimes descritos fossem praticados contra civil, estando o agente no exercício da função policial, a competência para processar e julgar seria do Conselho Permanente de Justiça. COMENTÁRIOS: Vimos e revimos na aula de hoje que os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil são de competência da Justiça comum, ainda que praticados por militar. Acontece que os crimes mencionados não são dolosos contra a vida, e por isso a competência é da Justiça Militar. GABARITO: C 9. DPU ± Analista Técnico Administrativo ± 2016 ± Cespe. A competência para a apuração de crime militar será determinada, em regra, pelo local da infração e, no caso de tentativa de crime, pelo local de residência ou domicílio do acusado. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 35 COMENTÁRIOS: A questão nos exige o conhecimento do art. 88, segundo o qual competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. GABARITO: E 10. DPU - Analista Técnico Administrativo ± 2016 ± Cespe. Situação hipotética: Um capitão-de-corveta que serve em unidade sediada em Porto Alegre praticou crime militar na Argentina, durante exercício militar. Assertiva: Nessa situação, de acordo com o CPPM, o crime deverá ser processado na Auditoria da capital federal, sediada em Brasília ± DF. COMENTÁRIOS: Segundo o art. 91 do CPPM, os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, em regra, processados em Auditoria da capital federal. GABARITO: C Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 35 4. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 1. TJM-SP ± Escrevente Técnico Judiciário ± 2011 ± Vunesp. Quanto ao foro militar em tempo de paz, assinale a alternativa correta. a) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justiça militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. b) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justiça comum encaminhará os autos do inquérito policial à justiça militar. c) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. d) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a justiça militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. e) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. 2. PM-MG ± Oficial da Polícia Militar ± 2011 ± Fumarc. Sobre a competência no âmbito do Direito Penal Militar, analise os conceitos infrarrelacionados: I - A competência, de modo geral, é determinada pelo local da infração. Contudo, em crimes em que haja mais de um local deconsumação, a competência é exercida pela sede do lugar de exercício funcional do policial militar. II - a prerrogativa de posto ou função inibe a utilização de outro critério para a determinação da competência. III - Na ocorrência de continência ou conexão, o princípio da unidade do processo é regra, exceto quando há cumulação de competências da Justiça Comum e Justiça Militar. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 35 Assinale a alternativa CORRETA. a) As afirmativas I, II e III estão corretas. b) As afirmativas I, II e III estão incorretas. c) Apenas a afirmativa III está correta. d) Apenas a afirmativa I está incorreta. 3. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Compete à justiça militar da União processar e julgar crime doloso contra a vida, praticado por militar do Exército Brasileiro contra civil, estando aquele em atividade inerente às funções institucionais das Forças Armadas. 4. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Falece competência à justiça militar da união para processar e julgar civis. 5. STM ± Analista Judiciário ± 2011 ± Cespe. Um processo foi instaurado perante a Circunscrição Judiciária Militar de Curitiba, contra várias pessoas, entre elas um coronel da Aeronáutica da ativa. Diante da impossibilidade de compor o conselho especial, devido à inexistência de oficiais em número suficiente, foi concedido pelo STM o desaforamento do processo para circunscrição judiciária militar de outro estado. Todavia, no decorrer da instrução, o coronel foi excluído do processo por força de habeas corpus e outro corréu excepcionou a competência da circunscrição judiciária, sob o argumento de haver cessado o motivo do desaforamento. Nessa situação, continua competente o juízo que recebeu o processo desaforado, mesmo que a exclusão de um dos acusados possibilite a composição do conselho de justiça no juízo militar de origem. 6. STM ± Analista Judiciário ± 2004 ± Cespe. Com relação à competência, a conexão e a continência impõem a unidade de processo, salvo no concurso entre a jurisdição militar e a comum. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 35 7. DPU ± Defensor Público ± 2010 ± Cespe. Considere a situação hipotética em que um grupo de 20 militares integrantes das forças armadas brasileiras, em missão junto às forças de paz da ONU, no Haiti, em concurso de pessoas com diversos outros militares pertencentes às forças armadas da Itália e da França, tenha cometido diversos crimes militares no Haiti. Nessa situação, a competência para conhecer, processar e julgar os militares brasileiros pelas infrações penais militares é da Justiça Militar da União, cujo exercício jurisdicional é o da auditoria da capital da União. 8. MPE-ES ± Promotor de Justiça ± 2010 ± Cespe. Celso, soldado da polícia militar do estado do Espírito Santo, foi preso em flagrante delito pelos crimes de peculato e falsidade de documento público, praticados contra a administração militar. Oferecida denúncia perante a auditoria militar do estado, Celso será processado e julgado. Caso os crimes descritos fossem praticados contra civil, estando o agente no exercício da função policial, a competência para processar e julgar seria do Conselho Permanente de Justiça. 9. DPU ± Analista Técnico Administrativo ± 2016 ± Cespe. A competência para a apuração de crime militar será determinada, em regra, pelo local da infração e, no caso de tentativa de crime, pelo local de residência ou domicílio do acusado. 10. DPU - Analista Técnico Administrativo ± 2016 ± Cespe. Situação hipotética: Um capitão-de-corveta que serve em unidade sediada em Porto Alegre praticou crime militar na Argentina, durante exercício militar. Assertiva: Nessa situação, de acordo com o CPPM, o crime deverá ser processado na Auditoria da capital federal, sediada em Brasília ± DF. Direito Processual Penal Militar para MPU (Analista ± Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães ± Aula 04 Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 35 GABARITO 1. A 2. D 3. E 4. E 5. C 6. C 7. C 8. C 9. E 10. C
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