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Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 1 SUMÁRIO 1. Considerações iniciais sobre a família e o parentesco ........................................................... 2 2. Casamento .............................................................................................................................. 9 2.1. Habilitação ................................................................................................................................... 10 2.1.1. Procedimento prévio ............................................................................................................... 11 a) Capacidade ...................................................................................................................................... 11 b) Impedimentos matrimoniais ........................................................................................................ 15 c) Causas suspensivas......................................................................................................................... 19 2.1.2. Proclamas .................................................................................................................................. 20 2.2. Celebração do casamento ......................................................................................................... 21 2.3. Nulidade de casamento ............................................................................................................. 26 2.4. Casamento anulável ................................................................................................................... 29 2.4.1. Art. 1550, I ................................................................................................................................ 30 2.4.2. Art. 1.550, II .............................................................................................................................. 31 2.4.3. 1.550, III..................................................................................................................................... 32 2.4.4. Art. 1.550, IV ............................................................................................................................. 33 2.4.5. Art. 1.550, V .............................................................................................................................. 33 2.4.6. Art. 1.550, IV ............................................................................................................................. 35 2.5. Dissolução conjugal quando não há nulidade......................................................................... 35 Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 2 1. Considerações iniciais sobre a família e o parentesco Olá pessoal, eu o professor Sandro Gaspar Amaral e estou com vocês para começarmos a estudar a família. Nossa intenção é estudar família e sucessões, mas agora estudaremos família. Esse é o nosso primeiro encontro e dentro do nosso primeiro encontro a gente já começa logo a tratar desse assunto. Família é um grupo formado por pessoas, que se unem para vivenciar o afeto através de laços solidários e éticos. Esse grupo afetivo tem por escopo a felicidade. Ninguém tem o filho para ser rico. Ninguém se casa para ser triste. As pessoas formam famílias, porque elas querem vivenciar outro plano de existência, que se chama felicidade. A Constituição Federal ergue a família em um plano diferente que até então ela era tratada pelo estado brasileiro. A família tradicional, família estatal, ela somente era assim reconhecida se ela se ajustasse a moldura estabelecida na lei, ou seja, a lei dizia como a família tinha que ser formada e quem não se agrupasse. na forma estabelecida na lei, não era considerado como pertencente a uma família. A carta política de 1988 altera essa visão, esse tratamento, e se vou mais longe... altera esse paradigma de tal forma que a definição de família fica completamente diferente. Passa então ser a sociedade que vai dizer o que é a família, de quem é essa família, de onde vem a essa família. Assim não pode Estado dizer o que é a família, mas sim o próprio povo que dirá. As próprias pessoas é devem dizer o que a família, uma família social. A Constituição Federal inovou ao elevar a família a um objeto de extrema proteção sob uma ótima mais humanista e garantista. A ministra Cármen Lúcia, em várias oportunidades, deu lições sobre o conceito de família quando instigada a se manifestar a luz da Constituição Federal. Há certo destaque que deixo para quatro inovações que são princípios voltados a família na nossa Constituição Federal: em primeiro lugar, o reconhecimento da pluralidade familiar. A pluralidade familiar foi fundamental para o reconhecimento das relações homoafetivas, como também para estabelecer o afeto como bem jurídico principal para a identidade do grupo familiar. O parentesco se torna um instituto diferente da família, porque o parentesco decorre da lei e a família decorre do afeto. E graças ao afeto, a socioafetividade passa então a formar o que seria considerado também uma família. Por causa do afeto passamos a considerar as relações, que guardam esses laços como família e sendo família passaram a ser considerados parentes. A lei reconhece o afeto como bem jurídico mais relevante para construção dos laços familiares. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 3 Temos tipos diferentes de parentesco. O parentesco no código civil está lá nos artigos 1591 a 1595. Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Em primeiro lugar, parentesco natural. Em qualquer lugar do mundo, em qualquer reino da natureza, encontramos essa forma de grupo através da biologia. Então a família biológica é a família natural, que é aquela em que o macho e a fêmea geram prole. Essa prole formada por eles é por eles cuidada e por eles protegidas. Eles então formam um grupo, em razão dessa prole. A família natural assim se apresenta em todas as sociedades inclusive a brasileira. O artigo 1593 apresenta o parentesco civil. O que queriao parentesco civil? É o parentesco que só forma por causa da legislação do país. Então pode ser que em alguns países existam alguns tipos de parentesco e em outros países não. Por exemplo, a adoção só estabelece parentesco por causa da lei. Não é por causa da natureza. É evolução humana. A evolução dos seus valores, a evolução dos seus sentimentos - é a sua civilização - que passa então enxergar o outro ser humano com olhos de afeto e com esses laços de afeto constrói uma relação de paternidade e de maternidade. Mas a adoção precisa estar prevista na legislação civil para ser parentesco. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 4 Se nós pararmos para pensar alguns países não reconhecem a adoção. Neles não existe adoção e em outros países sim. Mo Brasil a adoção pelo código 1916 era de uma forma e em razão do da Constituição de 1988 e do ECA passa ser de outra. Então adoção tem suas alternâncias em razão do tempo e do espaço. A reprodução assistida heteróloga também é um exemplo. Eu não daria tanta ênfase a heteróloga. Basta à reprodução ser assistida para não ser uma reprodução natural. Por quê? Porque se for necessário um médico, uma proveta, um tubo de ensaio, existindo a intervenção da ciência para o nascimento de alguém, eu não posso dizer que foi natural. Mas a heteróloga ela merece uma atenção maior, porque o filho de alguém não guarda identidade biológica com o seu pai ou com a sua mãe. Porque ele surge da manipulação do sêmen ou do óvulo de um doador anônimo. Então é como se fosse uma adoção antes do nascimento: você adota aquele embrião, você adota aquele ovulo, você adota aquele sêmen. Assim alguém nasce e se torna filho de alguém por intervenção científica. E olha que engraçado: quando se trata de adoção alguém nasce de uma família natural e por causa da adoção rompem-se os laços de parentesco com a família natural e estabelecem seus laços de parentesco com a família adotante. Logo no caso da adoção os pais não são mais os genitores. Os pais são os adotantes. São genitores igualmente ao pai e a mãe da família natural. Então alguém nasce em uma família e depois passa a ingressar em outra. Na reprodução heteróloga, não. Na reprodução heteróloga não existe a formação de laços de parentesco com uma família biológica. Se há reprodução heteróloga aquele filho não guarda identidade biológica com pai ou com a mãe e ele jamais teve qualquer vínculo de parentesco com o doador do sêmen ou com doador do ovulo. Ele já nasce diretamente na família de seus pais, diferente da adoção. Na socioafetividade também existe o rompimento dos laços de parentesco com a família natural e estabelece esse parentesco com a família socioafetiva. Aí vocês me questionam: Mas como assim? Eu não entendi essa questão da socioafetividade! Deixa eu explicar: alguém pode ser fruto da reprodução em entre João e Maria. João e Maria tiveram relações sexuais e nasceu aquela criança. Só que aquela criança não foi criada pelo João. Aquela criança não conhece o João. Aquela criança não tem nenhuma identidade com o João. Pode no máximo carregar seu sobrenome. Pode no máximo ter João indicado numa certidão de nascimento. Mas essa criança constrói a sua identidade de filho e a relação com pai através de Pedro. Então de fato, Pedro é o pai. De direito, o pai ainda é o João. Porque a lei identifica o João. Porém a vida, o afeto, o sentimento, a verdade, Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 5 identifica Pedro como pai. Então Pedro deseja transformar o fato em direito, para isso é necessário que o Estado reconheça que o pai de verdade é Pedro e não João. Para isso, será necessário o reconhecimento dessa paternidade mediante a prova dos requisitos da posse do estado de filho. Ou seja, posse é fato. O Pedro terá que provar que de fato quem tem uma relação de pai e filho com aquela criança é ele. Pedro. Através dessa prova o Estado vai declarar essa relação de parentesco. Quais são os requisitos para essa declaração? Reputatio, nominatio e tractatio. Como assim? Eles se identificam: É o meu pai, é o meu filho. Assim eu o vejo, assim é para mim. Eles se relacionam como pais e filhos (tractatio). Eles são reconhecidos, ou ao menos, mesmo que não sejam, a sociedade identifica neles esta relação e essa identidade. Concordando ou não. Achando certo ou errado. A sociedade identifica neles essa relação. Então eles têm fama social, eles têm tratamento, eles têm essa identidade. O resultado disso é uma declaração. Essa declaração pelo Estado, essa sentença declaratória, poderá alterar o registro do nascimento desse menor para deixar de constar João e passar a constar Pedro. Então haverá rompimento do vínculo com João e será estabelecido o vínculo de parentesco com Pedro. É claro que isso não é tão fácil assim. É claro que não é um “oba oba.” Se é judicial, ele tem que ser comprovado e o juiz tem que se convencer de que existe este esse vínculo que é de verdade e assim devem ser reconhecidos. A afinidade está no artigo 1595. O quê que seria a afinidade? Afinidade é o laço de parentesco estabelecido com os parentes do cônjuge ou companheiro. Deixa eu tentar explicar isso de outra maneira: você tem um filho ou adota um, ou então é socioafetivo, não importa! Pois é seu filho, é seu descendente de primeiro grau. O filho do seu filho é primeiro grau em relação a ele, mas a você são dois graus, pois são duas gerações abaixo. O neto do seu filho é seu descendente de terceiro grau. Então de você para baixo são descendente, de você para cima são ascendentes. Seus pais são seus ascendentes de primeiro grau. Seus avós são seus ascendentes de segundo grau. Seus bisavós são seus ascendentes terceiro grau. Todos eles são nossos parentes em linha reta: descendentes e ascendentes. Para cada filho que se tem, trata-se de outra linha que se forma. Cada filho é uma linha! Então, por exemplo, se você tivesse outro filho, seria outra linha que se formaria. Se o teu pai ou tua mãe tivesse outro filho, já seria outra linha saindo deles. E essa linha para você não é uma reta, mas sim, transversal. Se eu tomar como referência seu irmão em Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 6 consideração ao seu pai ou sua mãe é uma linha reta que se forma, mas se eu tomar em consideração você, é uma linha transversal que se forma. Entre os seus pais e o seu irmão há um grau de distância, porém, para você chegar a esta pessoa, você tem que subir uma geração e descer outra. Você se movimentou duas gerações. Então seu irmão é um parente em linha transversal em segundo grau. O filho do seu irmão é um parente também em linha transversal de terceiro grau. O neto do seu irmão é do quarto grau. Olha só! Na linha transversal, o parentesco termina no quarto grau. Ele não vai além do quarto grau. Na linha reta não existe limitação, porém na linha transversal termina no quarto grau. Outra situação hipotética seria: o seu avô poderia ter outro filho. Então você sobeum grau para seus pais, sob mais um grau para seus avós e desce mais um, por causa, do outro filho dele, que é o seu tio-avô, sendo de terceiro grau. Seu tio pode ter um filho, que é seu primo de 4º grau. O filho do teu primo não é mais seu parente. Porque o parentesco só chega até o quarto grau na linha transversal. O filho do seu primo pode ser sua família, mas não é seu parente. O parentesco é na forma da lei e a família expressão do afeto Outra situação hipotética: o seu bisavô pode ter outro filho também. Você vai subir 3 graus e descer uma na linha transversal. Neste caso, o filho do seu bisavô é de 4º grau em relação a você. Os parentes em linha transversal são chamados de colaterais. Se você casa ou forma união estável. Esse laço de união estável ou de casamento estabelece uma relação de parentesco com a família do cônjuge e do companheiro. Então os descendentes, por exemplo, do seu marido são seus descendentes, só que por afinidade. Os ascendentes da sua esposa são seus ascendentes também, só que por afinidade. Quem seriam esses parentes em linha reta por afinidade? Seriam os enteados, os sogros... Os sogros são os ascendentes por afinidade. Os enteados são descendentes por afinidade. Então se eles são seus enteados, você é padrasto ou madrasta. Se são seus sogros, você é nora ou você é genro. Essas são as relações de afinidade em linha reta. Na afinidade no art. 1595, quando se trata de linha transversal ela ultrapassa o segundo grau, os parentes de terceiro e quarto grau na linha transversal do cônjuge não são seus parentes. Os seus parentes por parentesco por afinidade vão até o segundo grau, que nós chamamos de cunhado. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 7 Quando termina o casamento ou quando termina união estável, também chega ao fim o parentesco por linha transversal por afinidade, mas não se dissolve o parentesco em linha reta por afinidade. Por linha reta, continua o vínculo de parentesco mesmo após o fim do casamento ou da união estável, logo não existe ex-padrasto, ex-madrasta, ex-enteada, ex-sogro, ex-sogra, ex-nora, ex-genro. Isso não existe! Uma vez construindo esse laço, ele dura para sempre - até a morte. Visto isso aqui, eu espero que você tenha anotado tudo isso, porque isso vai ser importante daqui a pouquinho. A gente volta então para aqueles princípios constitucionais. O segundo princípio é o facilitação da dissolução do casamento, decorrente principalmente da Emenda constitucional 66 de 2010 que promoveu a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres na sociedade conjugal. Sejamos claros: homens e mulheres não são iguais, aliás, uma pessoa não é igual à outra. Aqui o que esse princípio constitucional trouxe no art. 5º da CF é que não há hierarquia social entre homens e mulheres. O homem não é mais cidadão do que a mulher. Nem a mulher é mais cidadã do que o homem. Ou seja, esse princípio serve para se combater a discriminação de gênero. E ela vai ter muita importância na sociedade conjugal e na criação proteção dos filhos. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66, DE 13 DE JULHO DE 2010 Dá nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada separação de fato por mais de 2 (dois) anos. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Art. 1º O § 6º do art. 226 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 226.(...) § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio."(NR) Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. Outro princípio importantíssimo é Igualdade dos filhos, previsto artigo 227 da Constituição Federal. Antes da Constituição de 1988 havia um tratamento diferenciado entre os filhos. Com a Constituição de 1988, isso foi abolido. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 8 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos. II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 9 V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; VI - estímulo do Poder Público, através de assistênciajurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins. VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. § 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. § 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) Feita essa introdução sobre família e sobre o parentesco, a gente pode começar um primeiro tópico que é o casamento. 2. Casamento O casamento é a forma mais tradicional de formação de família. Aliás, não sei se é mais tradicional ou se é a tradicional. Pessoas estabelecem laços matrimoniais com a intenção de formar família. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 10 Eu vou fazer aqui um destaque para o artigo 1.514. Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. O casamento é expressão da vontade. É necessária a expressão clara inequívoca da vontade de se casar, sob pena de não haver casamento. E o casamento então vai estabelecer uma comunhão plena de vida entre essas pessoas. Então alguém tem que ter muita vontade para querer se casar. Só que o casamento ele não é formado apenas pela liberdade entre as partes, porque a natureza jurídica do casamento no Brasil é híbrida, ou seja, ela é negocial, mas também institucional. Nossa legislação nos confere liberdade para estabelecer as regras do casamento. Então podemos estabelecer o regime de bens que nós quisermos. O domicílio do casal pode ser o domicílio da mulher. As pessoas vão vivenciar o seu afeto da maneira que entender que devem, certo? Mas em contrapartida existem outras regras que a nossa legislação não nos deixa liberdade. Não podemos escolher, não temos chance. Então uma vez casados, devemos prestar assistência material e moral. Uma vez casados há certos atos patrimoniais que a lei não nos permite. Alguns a lei não nos permite, outros ela nos obriga. Da mesma forma, há outros que ela nos permite fazer. Nós não podemos casar da maneira que a gente quiser, porque o casamento é um ato de extrema solenidade. Tanto que está solenidade do casamento não for observada, o casamento não existe. Então impõe essa formalidade. É o momento institucional. Mas na hora de desfazer o casamento, nós estamos cada vez mais negociais, tanto que se não houver interesses de menores, o divórcio ele pode ser acordado livremente pelo casal em Tabelionato de Notas. Ou seja, o judiciário sequer intervém para impor qualquer tipo de regra para aquelas pessoas maiores capazes, adultas, que se autodeterminam. Então nós temos momentos na legislação em que há uma maior autonomia da vontade e outros momentos de cassação da liberdade, porque a lei se impõe - de forma imperiosa, cogente. A gente acaba dando início ao exame do casamento mais pelo caráter institucional depois a gente vai para esse caráter negocial que ela também tem. É por isso é híbrida: é uma mistura de duas naturezas diferentes, formando uma situação única. 2.1. Habilitação Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 11 2.1.1. Procedimento prévio O que alguém que quer casar tem que fazer? Eu quero me casar o que eu tenho que fazer? Primeiro lugar você tem que achar alguém que queira casar com você, mas que queira mesmo. Lembre-se do artigo 1514: a pessoa para se casar ela precisa expressar sua vontade. Então primeiro há 2 nubentes. Quem são os nubentes? São as pessoas que querem estabelecer os vínculos nupciais entre si. Então preciso de duas pessoas, dois nubentes para ver casamento. Em segundo lugar, esses nubentes precisam de habilitação. E quem é que vai habilitar essas pessoas? O Estado. O Estado é que vai habilitar os nubentes para casar. É o Estado que vai investigar se esses nubentes podem se casar. E como é que o Estado faz esse exame? Através de um procedimento prévio de habilitação no cartório de registro civil. No Rio de Janeiro se chama RCPN (Registro Civil de Pessoa Natural). É lá que requer. É lá que os nubentes devem requerer a habilitação para casar. Em qual RCPN? O RCPN relativo ao domicílio desses nubentes. A habilitação é um procedimento prévio realizado pelo Estado a requerimento das partes (nubentes). Na habilitação precisa examinar a capacidade dos nubentes, os impedimentos matrimoniais e as causas suspensivas, através da autuação do oficial do registro civil, do Ministério Público e do juízo competente. Aqui nesse procedimento prévio, o que existe são duas pessoas que se dirigirem ao cartório relativo ao domicílio delas e ela solicitam a habilitação para casar, estabelecendo esse procedimento, no qual serão examinados a capacidade, os impedimentos matrimoniais e causas suspensivas. a) Capacidade Quem é que tem capacidade para casar? Os maiores de 18 anos. A maioridade confere capacidade. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 12 Atenção para um detalhe: havia por causa do artigo 1548, I, a lição doutrinária que o alienado mental não poderia casar, porque o casamento deles seria nulo de pleno direito. A lei 13.146 de 2015 revogou o inciso I do artigo 1548. Além disso, foi mais longe lá no seu artigo 6º, deixando claro que as pessoas alienadas metais podem se casar. Então qualquer pessoa com idade superior a 18 anos tem capacidade para casar. Não há mais a ressalva de outrora, por causa do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV -conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Também tem capacidade para casar, o menor em idade núbil. A idade núbil tem início aos 16 anos. Mas para que o menor em idade núbil esteja apto para casar é necessária a autorização dos representantes legais. Como assim, Sandro, não entendi! Deixa eu te explicar: Vamos dar um pulo rápido lá na art. 1631, que trata do poder familiar. A lei dispõe que pai e mãe exercem igualmente o poder familiar. Então o pai não tem mais autoridade que a mãe e a mãe não tem mais autoridade que o pai. Os dois têm a mesma autoridade sobre os seus filhos menores. Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. O artigo 1634 elenca as atribuições do Poder familiar. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 13 Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) I - dirigir-lhes a criação e a educação; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) Uma das atribuições do poder familiar é autorizar o filho menor se casar. Então digamos que a mãe autorize, mas o pai não autorizou. E aí o que tem mais poder? O “sim” da mãe ou “não” do pai? Eles mesma hierarquia. Veja o princípio da Igualdade entre homens e mulheres. Então se estão na mesma hierarquia, precisa então de um terceiro elemento para desempatar essa história e vai ser o Estado. O Estado vai examinar o “sim” da mãe e vai examinar o “não” do pai. Se o Estado entender que o “não” do pai não é razoável, o Estado confere suprimento judicial. Esse suprimento judicial então é apresentado ao cartório através de um documento que o alvará. Então veja isso: se houver desentendimento pode ter o suprimento judicial. Onde eu encontro esse suprimento judicial? Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 14 Encontra no art. 1517, parágrafo único e 1631, parágrafo único. O parágrafo único do 1517 nada mais é do que uma consequência natural do parágrafo único do artigo 1631. Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Então se não houver autorização dos representantes legais, será necessário suprimento judicial, salvo se menor for emancipado. Por quê? Porque o artigo 1635 apresenta os casos de extinção do poder familiar. Então estando extinto o poder familiar, não mais existe a necessidade de autorização dos representantes legais para casar. Se houver gravidez, ou seja, se a moça estiver grávida também não será necessário autorização de representantes legais. Se for necessário suprimento judicial para casar, segue então a habilitação para casamento, ou seja, aquele casal pode ser habilitado para casar, porque houve apresentação do alvará de suprimento judicial. Mas qual vai ser consequência? A consequência é o regime separação obrigatória. Quem precisa de suprimento judicial para casar não tem liberdade de escolha de regime de bens, pois será a separação obrigatória. Então vamos dar uma revisão: 1. Se um dos nubentes for menor em idade núbil e tiver autorização dos representantes legais, terá liberdade para escolha do regime de bens. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 15 2. Se o menor idade núbil precisou de suprimento judicial para casar, o casamento é válido, porém não haverá liberdade para escolha de regime de bens. A lei impõe o regime da Separação na forma do artigo 1.641, III. 3. E a gravidez? A gravidez dispensa autorização dos representantes legais. Então havendo gravidez, não há que se falar em autorização, muito menos em falar em suprimento. Então se houve gravidez, não houve suprimento. Se não houve suprimento, não há separação obrigatória. As partes terão liberdade para escolher o regime de bens que quiserem, por que porque a gravidez na forma do artigo 1520 confere capacidade para casar. O casamento é válido, não importando a idade de nenhum dos nubentes, pois o interesse é proteger a família recém-formada. Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. A segunda parte do artigo 1520 ficou prejudicada. Havia uma hipótese de extinção da punibilidade no caso de estupro se os pais se casassem. Isso não existe mais e não faz sentido, porque senão não seria punível um ato de estupro do marido em relação à esposa. O casamento não livra ninguém de responder por estupro. b) Impedimentos matrimoniais Se instaurado procedimento de habilitação para casar e constatada a capacidade dos nubentes,a gente passa então para o exame dos impedimentos matrimoniais. Os impedimentos matrimoniais são elencados taxativamente (numerus clausus). E estão previstos no artigo 1521 do Código Civil. Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 16 VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Só a lei pode estabelecer entendimentos matrimoniais, mais ninguém, porque o intérprete da norma não pode no seu exercício hermenêutico restringir uma liberdade. Então só a lei pode restringir a liberdade só a lei pode estabelecer o impedimento matrimonial. Os impedimentos matrimoniais estão divididos em três grupos: o primeiro grupo estão os incisos I a V, o segundo é do inciso VI e o terceiro é do inciso VII, que trata da prática de crime de homicídio. Vamos começar analisar pelos impedimentos em razão de parentesco. 1º GRUPO - Parentes a) Linha reta: naturais, civis e afins. Não pode haver casamento entre parentes em linha reta, seja esse parentesco por laços naturais ou por laço civil ou por laços de afinidade. Então o sogro com nora não podem se casar, adotante e adotado não podem se casar, avô com neta não podem casar. b) Linha transversal: naturais e civis Percebam que os afins saíram daqui. Então existe ex-cunhado, ex-cunhada. Então ex- cunhado e ex-cunhada podem se casar sem problema nenhum. Afinidade não impede casamento na linha transversal O impedimento na linha transversal só impede até o terceiro grau. Assim parentes de linha transversal do segundo grau não podem se casar, ou seja, irmãos não podem se casar. Parentes em linha transversal não pode se casar em terceiro grau, ou seja, tios e sobrinhos não podem se casar. Então linha transversal em quarto grau pode casar como é o caso de primos. Não tem problema! Só não pode até terceiro grau. Vamos fazer duas observações aqui: Obs.1: a adoção e a socioafetividade não alteram os impedimentos matrimoniais. Por exemplo: Luciana foi adotada. Se ela foi adotada, quem são os parentes na reta da Luciana? São os adotantes e todos os ascendentes dos adotantes. Então os pais delas são os adotantes, os avôs dela são os pais dos adotantes. Quem são os irmãos da Luciana? São os outros filhos dos adotantes. Quem são os tios da Luciana? São os irmãos dos adotantes. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 17 Então a Luciana não pode se casar com os outros ascendentes dos adotantes, nem com os filhos dos adotantes, que são irmãos dela, nem com os irmãos os adotantes que são os tios dela. Luciana teve uma família cujos laços foram rompidos para serem estabelecidos com a família adotante. Mas a adoção não altera os impedimentos em relação a família natural. Então a Luciana continua tendo impedimentos matrimoniais em relação aos genitores, aos ascendentes dos genitores, aos outros filhos dos genitores, aos irmãos dos genitores. Então ela ainda tem o impedimento com a família natural mesmo tendo sido adotada, porque a adoção rompe os laços de parentesco com a família natural, exceto para os impedimentos matrimoniais. A mesma coisa acontece com a socioafetividade, ela tem o condão de romper os laços com a família natural, exceto os impedimentos matrimoniais. Obs.: 2. Segundo enunciado 98 da I Jornada Direito Civil, o Decreto lei 3200/41 ainda está vigente quanto ao casamento entre colaterais de 3º grau. Colaterais de 3º grau são tios e sobrinhos. Este Decreto-lei admite a habilitação de casamento entre tios e sobrinhos desde que seja apresentado exame pré-nupcial no procedimento de habilitação. ENUNCIADO 98 – Art. 1.521, IV, do novo Código Civil: o inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-Lei n. 3.200/41 no que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau. “Exame pré-nupcial”, que era isso? Era um exame sanguíneo entre o noivo e a noiva, comprovando que a formação da prole não estaria comprometida, apesar dos laços de parentesco entre eles. Se eles comprovassem durante habilitação para casar, excepcionalmente poderiam se casar. Se não fosse comprovado, eles não poderiam ser habilitados para casar. Essa previsão do Decreto 3200 continua em vigor e esse é entendimento do Conselho da Justiça Federal. Assim se continua em vigor ,o tio e a sobrinha, por exemplo, podem requerer a habilitação para casar e apresentar em um exame analítico do mapeamento genético deles como provar que não haverá comprometimento da formação da prole. No mesmo sentido eles podem provar que são impotentes para gerar prole. 2º GRUPO O inciso VI estabelece a monogamia. No Brasil você não pode estar casado com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Só pode está casado com uma pessoa só. Então a pessoa Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 18 enquanto estiver casada está impedida de contrair novo casamento, porque ela não pode estar casada com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Estar casado é impedimento matrimonial. Como é que extingue o casamento? O casamento é extinto pela morte ou pelo divórcio. Enquanto não houver morte ou divórcio o casamento não está extinto. Atenção: Pela redação do artigo 1723, §1º do Código Civil se estiver casado, não pode celebrar o novo casamento, mas não está impedido de constituir outra família pela união estável, desde que esteja separado de fato ou judicialmente. Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. § 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 3º GRUPO Vamos dar prosseguimento com inciso VII do artigo 1521. Preste atenção aqui, pois se trata de um homicídio doloso, seja tentado, seja consumado. Se você não entendeu, vou explicar melhor. Imagine a seguinte situação: Carlos era casado com Paula. Havia uma moça chamada Vanessa, que estava muito interessada em Carlos. A Vanessa mata Paula ou tenta matá-la. No instante em que Vanessa mata Paula, de forma intencional, ou tenta matar a Paula, imediatamente é criado um impedimento matrimonial entre ela e Carlos. Assim ela não pode mais casar com Carlos. Isso porque matou ,de forma intencional, Paula ou mesmo tentou a matar. Entende-seaqui homicídio como atentar contra a vida de alguém. Atenção. Se esse homicídio fosse culposo, não geraria impedimento matrimonial. Da mesma, se estivesse sob uma excludente de antijuridicidade também não formaria um impedimento matrimonial. Outro exemplo, é o homicídio doloso atrelado a uma excludente de culpabilidade. Neste caso também, não forma impedimento matrimonial. Resumindo, para que haja entendimento matrimonial o homicídio tem que ser antijurídico e culpável. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 19 c) Causas suspensivas Ao lado da capacidade e dos impedimentos matrimoniais, existem as causas suspensivas. As causas suspensivas estão elencadas no artigo 1523. Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Nesse artigo, existem quatro hipóteses de causas suspensivas. Se durante o procedimento de habilitação para casar for identificada alguma causa suspensiva, conforme a redação do art. 1523 o casamento será válido. No entanto, o casamento será irregular. Assim o casamento sob causa suspensiva é um casamento irregular. Dessa forma, ele é um casamento válido, porém não possibilita uma maior liberdade na escolha do regime de bens pelos nubentes. Assim pela redação do artigo 1641, I, o regime de bens a ser adotado será o da separação obrigatória. Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; Agora vamos prestar atenção em dois outros dispositivos que são os artigos 1522 e o art. 1524. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 20 Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins. As causas suspensivas consistem em interesses de causas privadas. Ou seja, a arguição da causa suspensiva é de natureza privada. Logo não é qualquer pessoa que poderá arguir no procedimento de habilitação para o casamento. Mas somente os parentes em linha reta ou os irmãos nubentes, conforme o artigo 1524. Por sua vez, os impedimentos matrimoniais são interesse público e podem ser opostos por qualquer pessoa capaz. Então qualquer pessoa que souber da existência de uma causa de impedimento matrimonial pode se dirigir ao registro e apontar a existência de um impedimento matrimonial. Então qualquer pessoa vai o cartório e, de forma escrita, opõe impedimento matrimonial que tem conhecimento, apresentando também provas. Os nubentes devem receber notas para se defenderem e apresentar assim a contraprova. Formado esse processo administrativo ele será encaminhado ao Ministério Público para o devido o exame e após isso encaminhado ao juiz competente. Juiz vai decidir se vai acolher a oposição ou não. Se a oposição for procedente, será indeferida habilitação. Se for improcedente segue normalmente o procedimento de habilitação. É por isso que existem os proclamas. 2.1.2. Proclamas Os proclamas estão previstos lá no artigo 1527. Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 21 Proclamas são editais afixados por 15 dias na circunscrição do registro civil e imprensa local. O objetivo do proclama é justamente promover que a sociedade tenha ciência daquele pedido de habilitação. A partir do instante que a sociedade tem conhecimento da realização daquele pedido de habilitação tem oportunidade de levar a conhecimento do Estado algum impedimento dos nubentes. Isso demonstra o interesse público na realização do casamento. 2.2. Celebração do casamento Estando vencidas as eventuais oposições ou não sendo elas apresentadas, então será encerrado o procedimento de habilitação. Será extraído um certificado de habilitação para o casamento o qual terá validade de 90 dias. Assim os nubentes tem um prazo de 90 dias para se casarem. Se eles não se casarem em 90 dias, terão que requerer uma nova habilitação para poder de se casar. O próximo passo agora é casar. Os nubentes devem agendar no cartório a data do casamento deles, local e horário também. Esse local pode ser na própria sede do Cartório, onde foi habilitado ou então pode ser em outro lugar diverso. Se for em outro local, o juiz de paz deverá se deslocar, onde os nubentes irão se casar. Logo necessita que seja agendado. Essa previsão encontra-se no artigo 1533. Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531. Essa celebração de casamento também pode ser religiosa. Mas nessa situação não será o juiz de paz que irá celebrar o casamento e sim a autoridade daquela religião. Autoridade religiosa naquele momento representa o Estado. Quando se realiza o casamento religioso com efeitos civis será emitido outro certificado e então nós teremos um certificado de habilitação para casar e um certificado de casamento. Basta então registrar o certificado de casamento. Quem assina o certificado de casamento é autoridade que celebrou. No casamento civil, o certificado é assinado pelo juiz de paz juntamente com os nubentes e as testemunhas. Se for um casamento celebrado em templo religioso,o certificado deve ser assinado pela autoridade religiosa, os nubentes e as duas testemunhas. No religioso, necessita-se registrar o certificado dentro de 90 dias após ser celebrado o Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 22 casamento. Acontece de forma distinta do casamento civil feito no cartório , pois neste não precisa registrar, já é um efeito automático. Afinal de contas porque são duas testemunhas? Porque o artigo 1534 que diz o número de testemunhas será de quatro em duas situações somente. A primeira hipótese é quando o casamento é celebrado entre nubentes, que não possam ou não saibam assinar. A segunda hipótese é quando o casamento é celebrado em prédio particular. Necessita-se nesse caso de 4 testemunhas. Fora essas duas hipóteses, vamos trabalhar então com regra geral, que é a necessidade da presença de duas testemunhas. Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. § 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. § 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever. Uma observação interessante a se fazer é que quando o casamento é celebrado em prédio particular, a portas do prédio devem estar abertas para que haja a celebração do casamento. Se não estiverem abertas, o casamento não poderá ser realizado. Segundo o art. 1535 quem encerra a cerimônia de casamento é autoridade que o celebrou. Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados." Esse casamento só pode ser encerrado se proferir a fórmula sacramental. Nesta fórmula, autoridade que celebrou o casamento declara os nubentes casados após ter ciência Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 23 de suas vontades inequívocas. Assim que ter convicção das vontades conforme os termos do art. 1538. Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido. Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. Se o nubente não tiver certeza. Disser que foi coagido. Disser que mudou de ideia. Em todos esses casos a cerimônia terá que ser suspensa. Mesmo que este nubente e se manifestou pelo prosseguimento, ainda que se retrate, a retratação não admite o prosseguimento da cerimônia. Ela deverá ser agendada para outro dia. Uma vez suspensa cerimôni,a ela não poderá ser feita no mesmo dia. Deve haver um novo agendamento. Gostaria de fazer um esclarecimento sobre dois dispositivos que geralmente causam confusão. Um se refere ao casamento nucumpativo e o outro é o casamento por moléstia grave. O casamento por moléstia grave está previsto no artigo 1539. Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. § 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. § 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. No caso do artigo 1539, os nubentes estão habilitados. Eles têm habilitação para casar e até já agendaram. Existe assim um juiz de paz já designado para celebrar aquele casamento. Estava tudo certo, porém por motivo de uma moléstia grave, um dos nubentes Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 24 não poderia comparecer ao cartório. Um exemplo seria um acidente de carro ou até mesmo a pessoa está doente por contrair dengue. Todo esse cenário justifica o deslocamento do juiz de paz para celebrar esse casamento mesmo assim. Se por acaso o juiz de paz não puder se deslocar para realizar este casamento ele poderá ad hoc designar outra pessoa para que celebre. No casamento por moléstia grave exige-se a presença de duas testemunhas não importando o lugar que será realizado.·. O casamento nuncupativo está previsto no art. 1.540. Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. O casamento nuncupativo funciona de maneira diferente. Esta modalidade de casamento ocorre em um momento extremo da vida. O que seria o momento extremo da vida (in externos vitae momentis)? Significa dizer que um dos nubentes está à beira da morte. Estando para morrer a qualquer momento! Isso significa dizer que não houve tempo para habilitação. Se fosse esperara habilitação para casar, não haveria casamento. Logo se não há habilitação, não existe autoridade presente para celebrar. Só existe autoridade competente para celebrar casamento quando houve um prévio procedimento de habilitação. Nessa modalidade de casamento o número de testemunhas é maior, tratam-se de seis testemunhas. A lei impõe restrições a quem seja essas testemunhas. Não poderá ser testemunha o parente em linha reta nem parente colateral de segundo grau. Então não pode nem ser parente ascendente ou descendente ,nem irmão. São situações de exceção. Os nubentes na presença de seis testemunhas, pelo menos, dizem que pretendem se casar. As testemunhas têm o prazo de 10 dias a contar da data desse evento para procurar o cartório de Registro Civil, relativo ao domicílio daqueles nubentes, relatando a vontade dos nubentes. Realizada essa comunicação ao registro civil vai se realizar o procedimento habilitação. Veja só! É um procedimento posterior ao evento. Nesse novo evento serão analisados a capacidade das partes, os impedimentos matrimoniais e as causas suspensivas. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementaçãodo estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 25 O nubente que ainda estiver vivo deverá ser ouvido. Isso para que haja a ratificação. No caso de ambos estiverem vivos, ambos devem ser ouvidos. Nesse caso vale destacar o artigo 1515. Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Trata da retroatividade do registro. O registro vai retroagir a data do evento em que as testemunhas tomaram ciência das declarações dos nubentes. Não é Ocioso destacar, nesse momento, o casamento religioso sem efeito civil. Esse casamento está previsto no artigo 1516, parágrafo segundo. Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. § 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. § 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. Imaginemos o seguinte: Um casal há muitos anos atrás, em 2005, por exemplo, casaram-se somente na igreja. O motivo disso foi o fato moça da moça ser pensionista do seu pai, um militar falecido. De acordo com as regras até então vigentes, poderia perder a pensão se casasse. Então ela não querendo perder a pensão somente se casou no religioso. Para comunidade religiosa era casada. Para efeitos civis, não. Agora em 2016, ela resolve se casar. Então ela e o companheiro iniciam um procedimento de habilitação para se casar. Encerrado esse procedimento de habilitação é expedido documento que comprova que Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 26 estão habilitados, não sendo necessário a realização de uma nova cerimônia de casamento. Basta simplesmente retornar à igreja pegar o certificado da realização da cerimônia e registrar. Então nos termos do artigo 1516, §2°, não é preciso se realizar uma nova cerimônia. Neste caso, o casamento fica subordinado a homologação posterior. Os efeitos do registro do casamento vão retroagir a data da cerimônia. Então por via transversa o registro realizado em 2016 vai retroagir para o ano de 2005. A união estável nesse período vai se converter um casamento. 2.3. Nulidade de casamento Nem todo casamento é válido. Casamento gera efeitos, porque tudo na vida gera efeitos. Esses efeitos podem ser sociais, patrimoniais ou pessoais. Uma vez que as pessoas se casam, geram efeitos sociais, pois elas formam família. Surge também o parentesco por afinidade. Opera-se a emancipação. O casamento altera o estado civil das pessoas. Você deixa de ser solteiro e passa a ser casado. O casamento também traz a presunção de paternidade. Nos termos do artigo 1597, os filhos havidos na constância do casamento presume-se ser do esposo. Então veja são efeitos sociais do casamento perante a sociedade. Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. Quanto aos efeitos pessoais, o casamento estabelece o domicílio conjugal. Domicílio da mulher é também o domicílio do homem. Isso está previsto no artigo 1569. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 27 Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes. O artigo 1566 apresenta outros efeitos pessoais que são os deveres conjugais: fidelidade, assistência moral a guarda dos filhos. Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. O acréscimo de sobrenome também é um exemplo de efeito pessoal. Vale destacar que ambos os cônjuges pode acrescer o sobrenome do outro. Isso é uma faculdade, ou seja, não é obrigatório. Quanto aos efeitos patrimoniais se destaca os alimentos, os regimes de bens, a proteção dos bens família entre outras coisas. Atenção a) Se o casamento é válido, os efeitos são válidos. b) Se o casamento, por sua vez, é nulo, nulo serão seus efeitos. c) Anulado um casamento, anulado serão seus efeitos. Conforme o artigo 1563, a declaração da nulidade do casamento retroagirá a data do casamento. Isso vale também para anulação. Isso é para tornar nulo os efeitos do casamento. Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 28 Até a celebração do casamento, que ocorre quando proferida fórmula sacramental, e qualquer pessoa capaz pode apresentar alguma causa de impedimento ao oficial do registro civil e ao juiz. Após a celebração do casamento se houver algum impedimento matrimonial deverá ser ajuizado uma ação declaratória de nulidade, por qualquer pessoa, que comprove interesse ou pelo próprio Ministério Público. Essa ação é imprescritível. Isso está previsto o artigo 1548, II, e o artigo 169. Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) II - por infringência de impedimento. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Vale dizer que a única motivação possível é o impedimento matrimonial. Quem é que pode acusar a existência de um impedimento matrimonial? Qualquer pessoa que tenha interesse.Exemplo: O Otávio é viúvo. Ele recebe uma gorda aposentadoria. Otávio tem dois filhos, Clara e Gustavo. Eliane é companheira de Gustavo. Otávio se envolve com Eliane e se habilitam para o casamento. Na habilitação não acusa nenhum tipo de impedimento. Então eles se casam. Só que Clara fica revoltada, porque ela se sente prejudicada com esse casamento. Isso poderá gerar um prejuízo para Clara na futura partilha. Então ela tem interesse jurídico que esse casamento seja declarado nulo de pleno direito. Afinal de contas porque ele seria nulo de pleno direito? Porque sogro não pode casar com nora. Se ela provar que a Eliane companheira do filho do Otávio, ela prova Eliane é Nora do Otávio. Existe então um impedimento matrimonial. O MP vai fiscalizar todo o processo. Nada impede que ele seja autor da ação. O juiz não pode declarar de ofício a nulidade do casamento. Não importa que juiz seja. Por exemplo, vamos considerar uma ação pena em que há um acusado e uma vítima. Durante as investigações, vê-se que esse acusado tem uma esposa. Quando o juiz prolata a sentença, condenado-o, percebe que na época do assassinato na época a esposa era esposa da vítima. Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 29 Poderia o juiz aproveitar a condenação e declarar a anulação do casamento? Não, pois necessita do contraditório. Os nubentes tem que se defender. O que poderia, seria a remessa dos autos ao MP e o MP ingressaria com ação. Em regra, quando o casamento é nulo, os efeitos também são nulos, essa é a regra. A exceção é a putatividade. O que seria a putatividade? O casamento é nulo, mas os efeitos são válidos. De acordo com 1.561, §1º: Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. § 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. Essa boa-fé seria o desconhecimento dos fatos. Serão garantidos os efeitos desse casament até a prolação da sentença. Exemplo: Uma pessoa foi adotada por uma família quando era criança. Na certidão de nascimento dele original constava o nome da mãe e o nome do pai era desconhecido. Na atual certidão, consta o nome dos adotantes. Alguns anos depois, ele se interessa por uma moça e com ela se casa. Alguns anos depois, ele descobre que o pai dela é também o genitor dele. Lembre-se que a adoção não rompe os impedimentos matrimoniais. Perceba que o casamento é nulo, mas devido a ignorância os efeitos são válidos. Nada impede que eles fiquem juntos, mas não poderão estar casados. Eles serão tratados como concunbinos. Serão pessoas que tem uma relação solida, mas que não tem condão de gerar família. Atenção para o §1º, do art. 1561. Pode ser que somente um dos nubentes desconheça o impedimento matrimonial. Os efeitos válidos só beneficiarão que não tiverem conhecimento do impedimento. 2.4. Casamento anulável Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 30 As hipóteses de anulação de casamento estão elencadas, exaustivamente no art. 1.550 do Código Civil. Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. § 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. § 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Assim como acontece com nulidade, no art. 1.563, a anulabilidade prevê a retroatividade da sentença à data da celebração do casamento. Então, uma vez, decretada anulação do casamento, todos efeitos ficam anulados também. O que a gente vai ter de diferença. A anulação é de interesse é interesse privado e a nulidade é de interesse público. Sendo de interesse privado, a anulação de casamento decai. Por isso, a lei traz prazos decadenciais de anulabilidade. Se não obedecer ao prazo, a anulabilidade convalesce com o decurso do tempo. Outra diferença é a ausência de legitimidade do MP. Ou seja, a lei prevê quem tem legitimidade. E somente as pessoas previstas em lei podem requer a anulação de casamento. E o MP de jeito nenhum pode requerer. Análise das causas: 2.4.1. Art. 1550, I Trata-se do menor de 16 anos. Se acontecer de uma pessoa menor de 16 anos se casar, o casamento será anulável. O prazo para anulação desse casamento é de 180 dias. O próprio menor pode requerer a anulação do casamento quando atingir a idade núbil. Mas Direito Civil V O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. www.cursoenfase.com.br 31 deve se considerar aqui a idade núbil 18 anos, é o entendimento que prevalece. O requerimento para os ascendentes e os representantes legais será de 180 dias da data do casamento. Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. 2.4.2. Art. 1.550, II Trata-se do menor em idade núbil, ou seja, 16 anos. O casamento é anulável se este menor não tiver autorização dos representantes legais e não teve suprimento. O prazo é também de 180 dias. O menor pode requerer essa anulação, assim como o representante legal e os herdeiros. Deve-se se atentar ao teor ao art. 1.555 do Código Civil. Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. § 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. § 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz,
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