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Recurso em Sentido Estrito - Legítima Defesa de Terceiro

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lfEXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....ª VARA DO JÚRI DA COMARCA DE ............ .
LUCIANO, devidamente qualificado nos autos da ação criminal que lhe move a Justiça Pública (Processo nº. ...), por intermédio de seu advogado infra-assinado, não se conformando, “data máxima venia”, com a respeitável decisão de fls. ...., com supedâneo no artigo 581, IV do Código de Processo Penal, vem, tempestivamente, dela RECORRER EM SENTIDO ESTRITO.
Caso Vossa Excelência entenda que deva manter a respeitável decisão, requer seja o presente remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Termos em que, requerendo seja ordenado o processamento do recurso, com as inclusas razões.
Pede Deferimento.
Local...., Data...
Advogado.....
OAB nº.....
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Processo: nº......
Recorrente: Luciano.
Recorrido: Justiça Pública.
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Ínclitos Julgadores,
Douta Procuradoria de Justiça.
Em que pese o ilibado saber jurídico do Meritíssimo Juiz de 1ª instância, impõe-se a reforma da respeitável decisão prolatada contra o recorrente, pelas razões a seguir expostas:
DOS FATOS
O recorrente, soldado da Polícia Militar, após cumprir seu turno de trabalho, dirigindo-se para o ponto de ônibus, deparou-se com um estranho grupo de pessoas em volta de um veículo, percebendo que ali ocorria um roubo e que um dos indivíduos mantinha uma senhora sob a mira de um revólver. 
Aproximando-se por trás do meliante, desferiu-lhe quatro tiros com sua arma particular, vindo este a falecer no local. Os outros dois indivíduos que participaram do roubo evadiram-se.
O recorrente foi processado e, encerrada a primeira fase processual, acabou pronunciado pelo Magistrado que acatou as alegações do Ministério Público, isto é, que o policial estava fora de serviço e que houve excesso no revide, pois acabou disparando quatro tiros do seu revólver.
DO DIREITO
Excelências, o Recorrente deve ser despronunciado.
De fato, o recorrente está sendo acusado da prática do crime de homicídio previsto no artigo 121, “caput” do Código Penal. Ocorre que, tal acusação não deveria ter sido acolhida pelo magistrado. Senão vejamos:
O recorrente desferiu quatro tiros, com sua arma particular, no meliante que acabara de cometer crime de roubo e ainda mantinha uma senhora na mira de um revólver, sendo pronunciado pelo crime de homicídio simples:
“Art. 121: matar alguém”.
Observa-se que no caso em análise, estamos diante de agressão injusta, atual e a direito de outrem, caracterizando, a conduta do recorrente, como legítima defesa de terceiro. A este respeito dispõe o artigo 25 do Código Penal:
“Art. 25: Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
No tocante ao excesso, uma das bases da fundamentação do Magistrado, cabe esclarecer que, não há como exigir que uma pessoa, no calor da emoção, ao presenciar um ser humano sob a mira de um revólver, correndo risco de perder sua vida, aja com frieza para distinguir a quantidade de tiros necessários para não configurar excesso no revide. Assim, no caso, considera-se que foram usados os meios necessários para repelir a agressão.
Por conseguinte, agiu o recorrente em legítima defesa, é manifestamente visível que não praticou crime algum, consoante o disposto no artigo 23, inciso II do Código Penal: 
“Art. 23: Não há crime quando o agente pratica o fato: II – em legítima defesa”.
Logo, tendo em vista que o recorrente não praticou crime, já que agiu em legítima defesa de terceiro, seu despronunciamento e absolvição sumária, Excelências, são medidas que se impõem. O artigo 415, inciso IV do Código de Processo Penal assim dispõe:
“Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime”.
Além do mais, pelo fato de ser Policial Militar, mesmo que após cumprir seu turno de trabalho, o recorrente possuía o dever de agir na situação em análise. Não poderia um Policial, que possui o dever de proteger a sociedade, ficar inerte diante de uma situação onde uma pessoa corria risco de perder a vida.
Assim como na legítima defesa, quem pratica o fato em estrito cumprimento do dever legal não comete crime, cabendo aqui a mesma argumentação feita no caso do excesso para a legítima defesa.
“Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.”
Diante disso, demonstrada a causa de exclusão do crime por ter sido cometido em legítima defesa de terceiro, com base nos artigos acima transcritos, a absolvição sumária do recorrente e seu despronunciamento se fazem necessários como medida de justiça.
Portanto, caso Vossa Excelência entenda não ser cabível a legítima defesa de terceiro, a absolvição do recorrente deverá ser decretada por ter agido em estrito cumprimento do dever legal, com base no artigo 415, inciso IV do Código de Processo penal acima transcrito.
DO PEDIDO
À luz de todo o exposto, postula-se que este Tribunal, competente para o segundo julgamento, reforme a sentença de primeira instância, absolvendo sumariamente o recorrente com fundamento no artigo 415, IV do Código de Processo Penal, como medida da mais lídima JUSTIÇA!
Termos em que, 
Pede Deferimento.
Local........, Data...........
Advogado............
OAB nº.............

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