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Elementos de textualidade (2)

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CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE:
FATORES SEMÂNTICO/FORMAIS FATORES PRAGMÁTICOS
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TEXTUALIDADE
Textualidade é um conjunto de características que fazem com que um texto seja considerado como tal, e não como um amontoado de palavras e frases. 
Beaugrande e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer; a coerência e a coesão, que se relacionam com o material conceitual linguístico do texto, e a intencionalidade, a aceitabilidade, a situcionalidade, a informatividade e a intertextualidade, que tem a ver com os fatores pragmáticos.
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TEXTO
Texto: não é uma simples sequência de frases isoladas, mas uma unidade linguística com propriedades estruturais específicas.
Texto: unidade básica de manifestação da linguagem.
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TEXTO = TECIDO
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FATORES SEMÂNTICO/FORMAIS
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Todo texto é composto por uma macroestrutura (coerência) e uma microestrutura (coesão).
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Enquanto a COESÃO, se preocupa com a superfície textual (FORMA), a COERÊNCIA discute os significados expressos pelo texto (CONTEÚDO). Um texto coeso não é necessariamente coerente e vice-versa. No entanto, os dois aspectos tendem a estar ligados. 
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COERÊNCIA
O conceito de coerência refere-se à articulação entre ideias, acontecimentos, circunstâncias. É a estrutura lógico-semântica que faz com que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.
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Pérolas do Vestibular: 
“A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly” 
"Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.“
“O dia tem 24 oras, mas 8 delas são noite”
“O que mais falta no Brasil é a falta de ética”
“Cada vez mais as pessoas querem conhecer sua família através da árvore ginecológica” 
“Apóstrofes são os 12 homenzinhos que comeram com Jesus e que Michelangelo bateu a foto” 
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Pérolas do Vestibular: 
“As moléculas de água quando congelam viram Duréculas”
“A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos”
“O célebros é muito espantoso: hoje em dia ele é usado até pelos pobres” 
“Pra fazer uma divisão basta multiplicar subtraindo” 
“Os burgueses, depois que descobriram Fernandes de Noronha, assinaram o Tratado de Tortas Ilhas”
“Objeto direto é quando a gente ganha um presente diretamente da pessoa que dá; e indireto, a pessoa não pode entregar e manda outro dar” 
“...eles matam não somente aves mas também os desmatamentos de animais também precisam acabar” 
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A violência tem crescido no Brasil. Como o Brasil tem crescido, a violência também tem crescido no Brasil. Desde os anos 60 que a violência tem crescido no Brasil.
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O aborto é uma prática criminosa. Se a jovem se sente sem condições de criar seu filho, deve tirá-lo antes de nascer.
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Subi a porta e fechei a escada. Tirei minhas orações e recitei meus sapatos. Desliguei a cama e deitei-me na luz. Tudo por que ele me deu um beijo de boa noite...
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COESÃO
Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um texto formando um fluxo lógico e contínuo.
Diz respeito às articulações gramaticais existentes entre as palavras, orações, frases e parágrafos. 
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A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma galinha. Ela olhou para galinha, passou a mão embaixo das asas da galinha, apalpou o peito da galinha, alisou as coxas da galinha, depois tornou a colocar a galinha na banca e disse para o vendedor: “Não presta!”
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Para que o texto seja coeso, deve apresentar os mecanismos de coesão:
 a) Coesão referencial: Retomada de termos, expressões ou frases. São elementos de referência os pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos e os advérbios de lugar.
b) Coesão lexical: Indica o uso de uma palavra no lugar de uma outra que lhe seja textualmente equivalente.
c) Coesão sequencial: Encadeamento de segmentos do texto, feito com conectores ou operadores discursivos (preposições e conjunções)
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COESÃO REFERÊNCIAL
1.ANÁFORA
 Elementos de substituição que remetem a um termo já mencionado (remissão para trás).
“A advogada estava certa da culpa de sua cliente. Apesar disso, esta tinha direito a defesa, e aquela faria de tudo para garanti-lo”.
• ISSO retoma o predicado anterior: “estava certa da...”.
• ESTA retoma “cliente”.
• AQUELA retoma “advogada”.
• O retoma “direito a defesa”.
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2.CATÁFORA
 Elementos de substituição que remetem a um termo que ainda será mencionado (remissão para frente).
“Embora ele não tivesse recursos disponíveis, o político mantinha firme seu propósito: aumentar a qualidade de vida de todos, pobres e ricos, negros e brancos, alfabetizados e iletrados”.
• ELE antecipa “político”.
• PROPÓSITO antecipa a oração seguinte “aumentar a...”.
• TODOS antecipa a enumeração que o segue “pobres e ricos, negros...”.
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COESÃO LEXICAL
1.SINONÍMIA
 Elementos de substituição que guardam traços semânticos comuns com o referente, ou seja, substituição de palavras ou expressões por sinônimos
“Vi uma garotinha correndo em minha direção segurando uma espécie de embrulho. Quando se aproximou, a menina me deu um abraço e deixou o pacote caído no chão.”
• MENINA substitui “uma garotinha”
• PACOTE substitui “uma espécie de embrulho”
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2.HIPERONÍMIA
 Substituição pelo nome de um grupo ao qual o referente pertença (troca por um elemento mais amplo). Designa um conjunto.
“Era notória a enorme antipatia que Tom Jobim nutria por Manuel Bandeira. O que sequer imaginávamos é o que o poeta teria feito ao músico, para que a situação chegasse a esse nível”.
• POETA é hiperônimo de Manuel Bandeira.
• MÚSICO é hiperônimo de Tom Jobim.
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3.HIPONÍMIA
 Substituição por um elemento do grupo designado pelo referente (troca por um elemento mais restrito).Designa o elemento.
“O boxeador desceu do carro afirmando que não falaria de religião. Desde que Mike Tyson se converteu ao islamismo, o esporte tem ficado em segundo plano nas coletivas de imprensa”
• MIKE TYSON é hipônimo de “Boxeador”.
• ISLAMISMO é hipônimo de “Religião”.
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COESÃO SEQUENCIAL
Conjunções coordenadas:
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Conjunções subordinadas:
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Preposições:
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EXEMPLOS
EX 1: “O dia está chuvoso, pois ontem encontrei vários amigos no cinema, ainda que esse fato contrariasse as pesquisas apresentadas pela imprensa” (texto COESO, mas sem COERÊNCIA).
EX 2: Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de vida humana. Tentativa desesperada de recordar alguma coisa. Nada. (texto COERENTE, mas sem COESÃO). 
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Exemplo de texto coeso
 Observe a coesão presente no texto a seguir: “Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém, o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra.”
 JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007, 566 p
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O texto composto somente por verbos, do escritor cearense Mino, mostra que existe a possibilidade de haver texto, porque há coerência, sem ligações coesivas linguisticamente claras: 
COMO SE CONJUGA UM EMPRESÁRIO
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se.
Lanchou. Escovou. Abraçou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu.
Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu.
Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se.
Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se.
Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou.
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Explorou.
Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou.
Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou.
Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou. Babou.
Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se.
Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou.
Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou.
Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu.
Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
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FATORES PRAGMÁTICOS 
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1.INTENCIONALIDADE
Concerne ao empenho do produtor em construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada situação comunicativa. A meta pode ser informar, ou impressionar, ou alarmar, ou convencer, ou pedir, etc., é ela que vai orientar a confecção do texto.
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2.ACEITABILIDADE
Concerne à expectativa do recebedor de que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. O receptor analisa e avalia o grau de coerência, coesão, utilidade e relevância do texto capaz de levá-lo a alargar os seus conhecimentos ou de aceitar a intenção do produtor.
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Saber para quem se escreve não significa conhecer o leitor pessoalmente nem saber exatamente o perfil desse leitor. Todavia, precisamos ter uma ideia do perfil desse leitor, mesmo que seja um perfil genérico.
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3.SITUCIONALIDADE
Diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto que ocorre.
É importante para o produtor saber com que conhecimentos do recebedor ele pode contar e que, portanto, não precisa explicitar no seu discurso. A situcionalidade é responsável pela adequação do texto ao contexto sociocomunicativo.
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Ao escrevermos um texto, devemos levar em conta:
o contexto de produção;
a situação social e espacial;
o que pode ser dito? A quem? Onde? Quando? De que forma? 
o que não pode ser dito?
quem é o interlocutor?
quais informações devem ser colocadas no texto?
quais devem ser omitidas?
que tipo de linguagem utilizar(padrão, não padrão)?
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Observem a seguinte situação:
 Um turista desavisado e brincalhão desembarca num aeroporto nos Estados Unidos afirmando portar três bombas. Em seguida, é preso e somente é solto após desculpar-se e pagar fiança.
Analisem e debatam as questões:
se era uma brincadeira, por que a prisão?
qual a relação da afirmativa do turista com fatos históricos daquele país?
por que a brincadeira não estava adequada às situações social e espacial?
como você analisa a recepção textual por parte dos americanos?
em termos de situacionalidade, o que lhe pesou mais: o país, as bombas ou a fiança?
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 Situação comunicativa: e-mail de uma aluna do 8ª série para a diretora de sua escola, parabenizando-a pelo seu aniversário:
E aí diretora td blz? Fiquei sabendo q taí fazendo aniversário hj. Te dx parabéns e k entre nós pq vc ñ se aposenta? Naum vejo motivo p uma cinquentona tá na escola. Ñ se preocupe com ela, vamos tomar conta dela direito. Bjos, Ju!
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4.INFORMATIVIDADE
O interesse do recebedor pelo texto vai depender do grau de informatividade. Esse fator diz respeito à medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, no plano conceitual e no formal. O texto com bom índice de informatividade precisa atender a outro requisito: a suficiência de dados. Isso significa que o texto tem que apresentar todas as informações necessárias para que seja compreendido com o sentido que o produtor pretende. 
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Suponha que seu professor de Português solicitou à turma duas produções escritas (cartas).
A primeira para alguém conhecido.
A segunda para alguém desconhecido.
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No primeiro caso, se você sabe para quem escreve, pode decidir quais informações e palavras pode e deve incluir na carta e quais pode e deve omitir.
No segundo caso, se você não sabe quem é seu leitor, fica impossível tomar qualquer decisão a respeito do uso que fará das informações e palavras.
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5.INTERTEXTUALIDADE
Concerne aos fatores que fazem a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). Cada texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. 
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Quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro, ocorre a intertextualidade. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. 
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CITAÇÃO
Esse procedimento intertextual acontece quando um texto reproduz outro texto ou parte dele. Para sinalizar que houve a reprodução de outra fonte, são utilizados alguns marcadores, como as aspas. Dessa forma, o mesmo deixa claro que o trecho ou o texto citado foi tirado de outra fonte.
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Propaganda Chevrolet (Foto: Reprodução)
EXEMPLO:
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PARÓDIA
A paródia consiste em uma subversão ao texto fonte, recriando-o de maneira satírica ou crítica. Dizendo de outra maneira, a paródia ironiza o texto original e inverte seu sentido.
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EXEMPLO
Canção do exílio” (1847) é um dos textos mais parodiados da cultura brasileira, exercendo sua influência por várias gerações.
Minha terra tem palmeiras,  Onde canta o Sabiá;  As aves, que aqui gorjeiam,  Não gorjeiam como lá.  
Agora, leia parte da paródia composta pelo humorista e apresentador Jô Soares:  
Minha Dinda tem cascatas Onde canta o curió Não permita Deus que eu tenha De voltar pra Maceió. Minha Dinda tem coqueiros Da Ilha de Marajó As aves, aqui, gorjeiam Não fazem cocoricó.
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PARÁFRASE
Fazer uma paráfrase significa reproduzir as ideias de um texto, só que utilizando outras palavras, dentro de uma nova montagem. É o recurso intertextual que se faz presente, por exemplo, em resumos, atas e relatórios, que fazem parte do nosso cotidiano. 
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EXEMPLOS:
Fonte: https://www.todamateria.com.br/parodia-e-parafrase/
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Outros exemplos:
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Fonte:http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/intertextualidade.html
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http://www.detodaforma.com/2012/03/as-propagandas-divertidas-e-criativas.html
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Fonte:http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/intertextualidade.html
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Provérbios populares
“Uma boa noite de sono combate os males”
“Quem espera sempre alcança”
“Faça o que eu digo, não faça o que eu faço“
“Pense, antes de agir”
“Devagar se vai longe”
“Quem semeia vento, colhe tempestade” 
 Bom Conselho Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio vento na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade (Chico Buarque, 1972

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