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ALEGAÇÕES FINAIS - FURTO QUALIFICADO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DO GAMA - DF
Autos do Processo nº 2016.04.1.007392-9
CLAYTON LEITE DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por intermédio dos advogados do NÚCLEO DE PRATICA JURIDICAS DO UDF, Unidade de Prática Forense do Gama – DF, com fulcro no art. 5º, LV, da CF e 403, parágrafo 3º, do CPP, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MEMORIAIS
Pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I – Breve Síntese
Narram os autos que CLAYTON LEITE DA SILVA foi denunciado pela prática de crime constante no art. 155, § 4º, inciso I, c/c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, pois, de acordo com o relato do parquet, consubstanciado pelo auto de prisão em flagrante (fls. 02 a 06), no dia 26 para 27 de julho de 2016, por volta de meia noite, próximo do lote 20 da QI 03 do Setor Industrial, Gama-DF, CLAYTON tentou subtrair, para si, coisas alheias diversas (toca CD, CD, DVD, dinheiro ou qualquer outra coisa de valor) que poderiam estar em um veículo que estava estacionado no local acima mencionado que pertencia ao Sr. Lucas. P. B., morador da região.
Conforme narra à denúncia, Policiais Militares viram a movimentação e resolveram verificar, ao se aproximarem do veículo, em uma tentativa para não ser visto, CLAYTON se abaixou, foi quando detectaram que o vidro esquerdo estava quebrado e havia um objeto no interior do veículo que se assemelhava a uma chave de fenda onde os policiais concluíram que esta poderia ter sido utilizada pelo acusado para quebrar o vidro e assim tentar furtar os objetos que ali estavam para trocar em crack (fls. 05). No momento seguinte, interfonaram para o proprietário do veículo e o mesmo, ao descer, constatou que de fato vidro do veículo estava quebrado e que também haviam prendido um indivíduo (fls. 04).
O não comparecimento do réu nas audiências de instrução e julgamento realizadas nos dias 11 de outubro de 2016 (fl. 83) e 30 de novembro de 2016 (fl. 90) é justificado pela greve dos agentes prisionais, a qual impossibilitou a escolta do preso para comparecimento às solenidades agendadas.
A requerimento do Ministério Público (fl. 93) foi revogada a prisão preventiva do réu, conforme decisão de fl. 96.
Com ausência do réu na audiência de instrução e julgamento realizada no dia 17 de janeiro de 2017 restou declarada sua revelia, bem como encerrada a instrução criminal.
Apresentada alegações finais às folhas 118/119 o MP pugna pela procedência da pretensão acusatória com a condenação de Clayton Leite da Silva pela prática do fato descrito como crime no art. 155, § 4, inciso I, c/c art. 14, inciso II, ambos do CP, fixando-se o regime inicial semiaberto, sem substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
No entanto a tese acusatória não merece prosperar.
		Eis o relato dos fatos.
II – Do Direito 
Do Mérito
Do afastamento da qualificadora prevista no art. 155, § 4º, inciso I, do CP, com base no art. 171 do CPP - falta de perícia técnica.
Não obstante a comprovação de que o vidro do veículo pertencente à vítima estivesse quebrado bem como o fato de que uma chave de fenda Philips tenha sido encontrada no interior do referido veículo, não restou comprovado nos autos que o réu foi o responsável pelo dano ao bem, haja vista que inexiste nos autos laudo pericial comprovando tal alegação, conforme prevê o art. 171 do CPP. No mesmo sentido decide o Eg. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Vejamos:
“APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO PRATICADO MEDIANTE ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. QUALIFICADORA AFASTAMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA PERICIAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. PRETENSA ATIPICIDADE MATERIAL. INVIABILIDADE. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. REPARAÇÃO CIVIL DE DANO MATERIAL. EXCLUÍDA.
A qualificadora prevista no art. 155, § 4º, inc. I, do CP (rompimento de obstáculo) depende de prova pericial para sua configuração, segundo jurisprudência desta Turma, ressalvado o entendimento pessoal.
Incabível o reconhecimento da atipicidade material da conduta nas hipóteses em que é patente o elevado grau de reprovabilidade do comportamento do agente, tratando-se de pessoa contumaz na prática de crimes contra o patrimônio. 
Deve ser aplicada a causa de redução de pena pela tentativa no patamar máximo de 2/3 (dois terço) quando as circunstâncias do fato demonstram que o réu não se aproximou da consumação do delito, pois não chegou a abrir o veículo e sequer tocou no bem que pretendia subtrair. 
Para fixação de montante a título de indenização dos danos causados à vítima, é indispensável o pedido formal aliado à instrução específica, em observância aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da inércia da jurisdição. 
Apelação conhecida e parcialmente provida.
(Acórdão n.600663, 20110610140954APR, Relator: SOUZA E AVILA, Revisor: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 26/06/2012, Publicado no DJE: 04/07/2012. Pág.: 272)”
2. “APELAÇÃO CRIMINAL. PROCESSO PENAL. PENAL. FURTO QUALIFICADO TENTADO. QUALIFICADORA DE ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL. AFASTAMENTO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES. CABIMENTO. REVISÃO DA DOSIMETRIA. PERSONALIDADE. SENTENÇA CONDENATÓRIA POR FATO POSTERIOR. REDIMENSIONAMENTO DA PENA.
1. Para comprovação do arrombamento que qualifica o delito de furto (artigo 155, 4º, inciso I, do Código Penal) é imprescindível o exame pericial, a não ser que se comprove motivo impeditivo a sua realização. Precedentes.
2. Condenação por fato praticado após o crime descrito nos autos, ainda que transitada em julgado, não serve para elevar a pena-base, a qualquer título, inclusive personalidade.
Recurso conhecido e provido.
(Acórdão n.888942, 20130810079187APR, Relator: CESAR LOYOLA, Revisor: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 2ª TURMA CRIMINAL, Data de Julgamento: 20/08/2015, Publicado no DJE: 04/09/2015. Pág.: 81)”
Não resta dúvida que para que haja incidência da qualificadora de rompimento de obstáculo prevista artigo 155, § 4º, inciso I, do CP, se faz necessário o exame pericial devidamente comprovado nos autos, o que não foi feito até o presente momento.
Portanto, o afastamento da referida qualificadora é medida que se impõe.
Da causa de diminuição prevista no § único do art. 14, do CP.
O caminho do crime, também denominado inter criminis, consubstancia-se num processo que tem seu início ainda no foro íntimo da pessoa, com o surgimento da ideia criminosa na mente do agente, e que culmina na consumação do delito, quando da reunião de todos os elementos do tipo penal.
No caso em tela, o acusado, no momento em que foi surpreendido pelos policiais militares que ali passavam, não chegou sequer sair do veículo com os objetos que estavam no interior do mesmo. Logo, a conduta do acusado ficou distante da fase de consumação do delito, uma vez que foi flagrado antes mesmo de sair do veículo.
Portanto, o crime não se consumou haja vista que em nenhum momento Clayton teve a posse tranquila das coisas que supostamente, queria subtrair, sendo certo que foi preso em flagrante antes mesmo de ausentar-se do local dos fatos. No mesmo sentido decide o Eg. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Vejamos:
PENAL. FURTO TENTADO (ART. 155, § 4º, INCISOS I E IV, C/C O ART. 14, II, TODOS DO CÓDIGO PENAL). QUALIFICADORA. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. OBJETO NO INTERIOR DE VEÍCULO. REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. DIMINUIÇÃO DA PENA PELA FRAÇÃO MÁXIMA.
Para a configuração da qualificadora do rompimento de obstáculo, suficiente que este não seja parte da coisa. Se ausente o ato de rompimento de obstáculo, tornar-se-ia impossível a subtração do bem no interior do veículo e o crime sequer ocorreria. Se a conduta delituosa amoldou-se ao tipo descrito pela norma penal, a qualificadora há que ser reconhecida.
O art. 53 do CP estabelece que "as penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondentea cada tipo legal de crime". E determina o art. 59, II, a aplicação da pena "dentro dos limites previstos". Assim, a cominação abstrata mínima do preceito secundário da norma penal incriminadora indica a reprovação inferior máxima estabelecida no tipo penal, pelo que, inexistindo causa de diminuição, não pode ser rompido esse patamar menor fixado, pena de se ferir o princípio da legalidade das penas (CF, art. 5º, XXXIX). 
Não colhe o entendimento de que o comando do art. 65 do Código Penal, ao dizer que as circunstâncias atenuantes "sempre" atenuam a pena, levaria à possibilidade de fixação aquém do mínimo legal. A exegese adequada é a de que atenuarão a pena "sempre que possível", nos termos da lei. E esta possibilidade inexiste, ainda que de forma provisória, no caso de fixação da pena-base no mínimo cominado em abstrato para o crime. Nesse sentido a Súmula 231 do STJ, confirmada por decisões recentes da referida Corte.
A norma que prevê a diminuição da pena de 1/3 a 2/3 prevista no parágrafo único do art. 14 do CP, não obriga o juiz a reduzi-la em seu grau máximo, mas, de acordo com a doutrina, a redução deve ser aplicada considerando-se o maior ou menor caminho percorrido pelo agente criminoso. Portanto, se a subtração do objeto não chegou a ocorrer, ou seja, não tendo sido o iter criminis inteiramente percorrido, adequada a diminuição da pena aplicada pela fração máxima.
Apelação improvida. 
(Acórdão n.203976, 20030710061672APR, Relator: MARIO MACHADO, Revisor: EDSON ALFREDO SMANIOTTO, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 05/08/2004, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 23/02/2005. Pág.: 43)
Diante do exposto, a causa de diminuição pela fração máxima, prevista no art. 14, parágrafo único, do CP é medida que se impõe, tendo em vista, o inter criminis percorrido pelo agente está distante da consumação.
II - Dos pedidos
		Ante o exposto requer a defesa técnica:
a) afastamento da qualificadora descrita no art. 155, inciso I, do CP, com base no artigo 171 do CPP, por ausência de perícia técnica, fixando assim a pena no mínimo legal.
b) Caso não seja reconhecida a tese anterior, que seja concedida o benefício da pena mínima, aplicada pela fração máxima, com base no art. 14, parágrafo único do CP.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Gama/DF, 09 de março de 2017.
	CORA CORALINA VIANA NASCIMENTO
Professora Orientadora NPJ-UDF
OAB/DF 37281 
	 PATRÍCIA SANTOS RÊIS
Estagiária NPJ-UDF
Matrícula 0904911

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