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Introdução Caros alunos, Nesta primeira aula de Gestão da Qualidade, estudaremos o controle da qualidade. Para isso, primeiramente, seguiremos uma abordagem histórica e conceitual da qualidade, suas dimensões e programas de qualidade total. Antes de iniciar a leitura do material, saiba um pouco mais sobre a disciplina e sobre o professor Nelson no vídeo que está disponível no material on-line! Histórico da qualidade Agora, acompanhe a leitura do texto a seguir para melhor conhecer como a busca pela qualidade começou desde épocas remotas da história do homem: Qualidade não é tema novo. A qualidade sempre esteve presente na vida do homem. Pela própria natureza, a busca pela melhoria, pelo aperfeiçoamento e pela realização sempre foi uma constante. No início, para sobreviver, já se preparava com a qualidade dos alimentos que extraía da natureza. Com a utilização da agricultura, o homem passou a cuidar da qualidade daquilo que plantava e colhia. Por questão de segurança e sobrevivência, o homem preocupava-se também com a qualidade das pedras selecionadas para a fabricação de armas e ferramentas. Lascas afiadas eram retiradas de pedras e serviam para cortar carne e retirar polpa de plantas: "Data-se 2,3 milhões de anos, sendo um trabalho mais complexo do que qualquer outra coisa". O enfoque na qualidade e da qualidade evolui à medida que as relações sociais e econômicas do homem se tornam mais complexas. Engana-se quem pensa que a preocupação com a qualidade dos produtos oferecidos aos clientes é coisa recente. Por volta de 2150 a.C., o código de Hamurabi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender à sua finalidade e desabasse, ele, construtor, seria imolado. Os fenícios amputavam a mão do fabricante de determinados produtos que não fossem produzidos, segundo as especificações governamentais, com perfeição. Já os romanos desenvolveram técnicas de pesquisa altamente sofisticadas para a época e as aplicavam principalmente na divisão de mapeamento territorial para controlar as terras rurais incorporadas ao império. Desenvolveram padrões de qualidade, métodos de medição e ferramentas específicas para execução desses serviços. Técnicas relacionadas à qualidade existem há milhares de anos. Os egípcios já usavam sistemas de medição das pedras usadas na construção das pirâmides. Os gregos e romanos mediam construções e aquedutos para certificarem-se que estavam conforme especificação. Mais tarde, na Europa renascentista, artesãos especificavam, mediam, controlavam e asseguravam a qualidade de trabalhos de pintura, tapeçaria, escultura e arquitetura. A China é uma das mais antigas nações a ter desenvolvido uma civilização. A indústria artesanal da China, por volta dos séculos 16 a.C. até 11 a.C., atingiu alto estágio de desenvolvimento através da praticidade, durabilidade e o bom gosto artístico de seus produtos que sempre chamaram a atenção do mundo. Indústrias manufatureiras de porcelana, pólvora, bússola, tecidos de seda natural, de artigos de laca, chá, papel e tipografia foram inventados e monopolizados pela China antiga. O desenvolvimento da produção artesanal e a obtenção de grandes volumes de produtos com qualidade não poderiam ser conseguidos sem um rígido controle de qualidade, graças à qualidade do material selecionado, das técnicas dos artesãos e administração rigorosa. Segundo Algarte e Quintanilha (2000), entre os séculos 11 a.C. e século 8 a.C., houve na China promulgação de leis e decretos assim estipulados: “É proibido colocar à venda utensílios, carros, tecidos de algodão e de seda cujas dimensões ou requisitos da qualidade não atendam às exigências das normas.” Essas determinações não somente mostram que já havia certo padrão de qualidade para produtos, mas também que os decretos eram promulgados para banir do mercado produtos inferiores, bem como para consolidar o controle de qualidade sobre eles. Pelo exposto, pode-se perceber que foi percorrido um “longo” caminho para que as teorias e práticas da gestão da qualidade chegassem até o estágio em que se encontram. Porém, ainda há muito o que se fazer, principalmente em países menos desenvolvidos e em desenvolvimento – entre os quais podemos incluir o Brasil –, em virtude do atraso no acesso e implantação desses conceitos, que se justificam por razões históricas e econômicas. Você sabia que no livro de Gênesis da Bíblia, a partir do cap. 6:14, está o relato de uma especificação de produto? Faça uma pesquisa e descubra qual é! O filme que está disponível clicando no link a seguir ilustra e complementa o texto que acabamos de ler. É curto e vale a pena assistir! https://www.youtube.com/watch?v=7pNp152ZIlA Agora, vamos estudar as fases do desenvolvimento da qualidade após a revolução industrial. Observe a linha do tempo a seguir, que mostra algumas etapas pelas quais a qualidade passou em seu desenvolvimento. Vamos ver cada uma delas detalhadamente? 1ª etapa (1900) - CONTROLE DA QUALIDADE PELO OPERADOR Na primeira etapa, um trabalhador ou um grupo pequeno era responsável pela fabricação do produto por inteiro, permitindo que cada um controlasse a qualidade de seu serviço. 2ª etapa (1918) - CONTROLE DA QUALIDADE PELO SUPERVISOR Nessa etapa, um supervisor assumia a responsabilidade da qualidade referente ao trabalho da equipe, dirigindo as ações e executando as tarefas onde fosse necessário e conveniente em cada caso. 3ª etapa (1937) - CONTROLE DA QUALIDADE POR INSPEÇÃO Essa fase surgiu com a finalidade de verificar se os materiais, peças, componentes, ferramentas e outros estão de acordo com os padrões estabelecidos. Deste modo, seu objetivo é detectar os problemas nas organizações. 4ª etapa (1960) - CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE Essa etapa ocorreu através do reconhecimento da variabilidade na indústria. Numa produção sempre ocorre uma variação de matéria-prima, operários, equipamentos etc. A questão não era distinguir a variação e sim como separar as variações aceitáveis daquelas que indicassem problemas. Deste modo, surgiu o Controle Estatístico da Qualidade, no sentido de prevenir e atacar os problemas. Surgiram também as sete ferramentas básicas da qualidade na utilização da produção: Fluxograma, Folha de Verificação, Diagrama de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito, Histograma, Diagrama de Dispersão e Carta de Controle. Essa etapa permaneceu restrita às áreas de produção e a nível de chão de fábrica, se desenvolveu de forma lenta e é aplicada nas organizações até os dias de hoje. 5ª etapa (1980) - CONTROLE DA QUALIDADE A qualidade passou de um método restrito para um mais amplo, o gerenciamento. Mas ainda continuou com seu objetivo principal de prevenir e atacar os problemas, apesar de os instrumentos se expandirem além da estatística, tais como: quantificação dos custos da qualidade, controle da qualidade, engenharia da confiabilidade e zero defeitos. 6ª etapa (1990) - VISÃO ESTRATÉGICA GLOBAL Segundo Ferreira (1994, p. 64), a qualidade passa para outra etapa, a Visão Estratégica Global, com o objetivo da sobrevivência da empresa e competitividade em termos mundiais para atender as grandes transformações que vêm ocorrendo no mercado. A evolução da qualidade Somente há poucas décadas o conceito de qualidade passou formalmente para a função de gerenciamento.Em sua forma original era somente relacionada às funções de inspeção, mas hoje é vista como essencial para o sucesso de um produto. Dentro das empresas, a qualidade agora incorpora não somente aspectos de inspeção dos produtos, mas funções que vão desde engenharia até marketing. A abordagem passa a ser sistêmica e holística em detrimento de uma abordagem somente corretiva. O desenvolvimento histórico que transformou o controle tradicional na moderna administração da qualidade total, chamada a “era moderna da qualidade” (iniciada no final dos anos 20), pode ser dividido em cinco fases (ou períodos ou eras) distintas: era da inspeção, era do controle estatístico, era da garantia da qualidade, era da qualidade total (TQC) e era da gestão estratégica da qualidade - Sistema de qualidade. A primeira era da qualidade: a era da inspeção Desde que começou a manufaturar produtos para seu próprio uso e para uso de seus familiares, o homem controlava todo o processo de artesanato: concepção, projeto, escolha da matéria-prima, fabricação e controle da qualidade. Com o surgimento do mercado, o homem começou a vender os seus produtos diretamente para o consumidor. O artesão inclui mais uma etapa no seu ciclo de trabalho: a comercialização do produto. Como a produção era muito pequena, o artesão, nessa época, tinha um controle integrado de todo processo produtivo desde o marketing até a entrega do produto ao consumidor – o que hoje denominamos de autocontrole. A proximidade entre o produtor e o consumidor permitia um retorno imediato de informação sobre o desempenho do produto. Os produtos passam a ser verificados (inspecionados) pelo produtor e pelo cliente, o que ocorreu pouco antes da Revolução Industrial, período em que atingiu seu auge. Os principais responsáveis pela inspeção eram os próprios “artesãos”, que tinham interesses genuínos em fazer produtos segundo especificações rigorosas, que atendessem a suas próprias exigências estéticas, ou que impressionassem positivamente seus clientes. Artesãos trabalhando na Revolução Industrial Fonte:http://revistaindustrianews.com.br/portal/wp- content/uploads/2013/06/artesaos_trabalhando.jpg O artesão sabia quais eram as necessidades, expectativas e os desejos de seus clientes, que, por sua vez, conhecendo as aptidões e as limitações do artesão, sabiam o que dele podiam esperar, não havendo, portanto, nenhuma quebra de expectativa quanto ao produto fornecido. Entre eles não haviam intermediários. Quando o cliente estava insatisfeito, imediatamente reclamava com o artesão, que incorporava as melhorias necessárias ao produto. Nesta fase, antes das descobertas do Novo Mundo e das rotas marítimas, a produção artesanal era limitada ao consumo local, à pequena comunidade, vilarejo ou aldeia. Com o aumento do mercado, o artesão já não conseguia sozinho, controlar e executar todo o processo produtivo. Além dos aprendizes, que o acompanhavam por mais de cinco anos para adquirirem conhecimento e habilidade, surgiu a necessidade de empregarem oficiais e diaristas para atender a demanda cada vez mais crescente. Foi a primeira relação capital/trabalho – ainda de maneira muito incipiente – pois o artesão, que era o patrão, além do seu próprio trabalho, fornecia as máquinas, matéria-prima e conhecimento. Registros do aparecimento da inspeção Até o século XVII, as atividades de produção de bens eram desempenhadas por artesãos. Quase tudo era fabricado por artesãos e artífices habilidosos ou trabalhadores experientes e aprendizes sob a supervisão dos mestres de ofício. Produziam pequenas quantidades de cada produto; as peças eram ajustadas umas às outras manualmente e a inspeção era feita após os produtos prontos, para assegurar uma alta qualidade, de maneira informal, quando feita. Um produto que funcionava bem era visto como resultado manual da confiança nos artífices qualificados para todos os aspectos do projeto da produção e do serviço. Os artesãos uniam-se em corporações de ofício, que tinham finalidade similar a dos atuais sindicatos e conselhos profissionais: regulamentar a profissão, impedir o seu exercício ilícito e conter a concorrência desleal. Para registrarem-se, os candidatos ao ofício submetiam-se a um exame em que sua habilidade era cuidadosamente avaliada. Do ponto de vista da qualidade, os bons artesãos eram capazes de realizar obras refinadas e de grande complexidade e detinham o domínio completo do ciclo de produção, já que negociavam com o cliente o serviço a ser realizado, executavam estudos e provas, selecionavam os materiais e as técnicas mais adequadas, construíam o bem e o entregavam. Cada bem produzido era personalizado e incorporava inúmeros detalhes solicitados pelo cliente: o número de variações é quase ilimitado. O padrão de qualidade do artesão era, em geral, muito elevado e resultava na plena satisfação do cliente. A sua produtividade era, porém, limitada e a competição era mantida sob controle pelas corporações de ofício. O grande segredo então do trabalho artesanal era o preço de cada peça ou de um serviço, o que limitava o seu acesso a uns poucos consumidores privilegiados. O surgimento do ambiente industrial Registra-se que, a partir das invenções da imprensa de tipos (séc. XV) e do tear hidráulico (séc. XVIII), ficam demonstradas as possibilidades de mecanizar o trabalho e produzir um bem em série. Em meados do século XVII, quando o crescimento do comércio europeu alavancou o aumento da produção, surgem as primeiras manufaturas, nas quais um proprietário, em geral um comerciante, dava emprego a certo número de artesãos que trabalhavam por um salário e a produção era organizada sob o princípio da divisão do trabalho. A produção em massa seria viabilizada justamente pelos preços reduzidos por unidade produzida, com a consequente ampliação do mercado, permitindo o acesso de pessoas de classes mais baixas a inúmeros produtos antes escassos. As mudanças no modo de produção iriam, também, modificar a percepção e o tratamento da qualidade. Embora a máquina a vapor já existisse, foi em 1763 que o engenheiro escocês James Watt a tornou economicamente viável. Watt, enquanto consertava uma máquina a vapor, descobriu que poderia melhorar seu projeto com a inclusão de condensador de vapor independente; inovação essa que duplicou o rendimento da máquina. Essa descoberta, que foi a grande propulsora da Revolução Industrial, provocou uma explosão de demanda de produtos manufaturados e, consequentemente, um aumento incrível na produção. A partir de então, a velocidade da máquina passava a impor o ritmo da produção e os locais de trabalho passavam a ser construídos em função das necessidades impostas pelos equipamentos: era o nascimento das fábricas. Revolução Industrial: qualidade controlada pelos mestres e supervisores Com a Revolução Industrial, ocorrem mudanças radicais na administração das empresas, que foram obrigadas a dividir o processo industrial em fases de marketing, concepção, projeto, aquisição, produção e comercialização. Começou dessa maneira a aumentar o distanciamento entre o produtor e o consumidor, o que originou os primeiros problemas sérios com a qualidade do produto. O homem, antes um artesão, passa a ser um operário coadjuvante da máquina. A produção torna-se padronizada e o número de opções colocadas à disposição do cliente é limitado. O trabalho é rotineiro e padronizado e o trabalhador perde o contato com o clientee com a visão global dos objetivos da empresa. Aparecem os supervisores para controlar as atividades de produção, escolha da matéria-prima e seleção dos produtos, agora não mais donos de seus equipamentos e matéria-prima, mas ainda mais possuidores da habilidade, experiência e conhecimento. Os artesãos, que foram patrões, transformaram-se em empregados e passaram a se preocupar apenas com a execução dos seus serviços, conforme determinado pelo supervisor, utilizando a matéria-prima que lhes era fornecida pelo departamento de suprimentos. Consequentemente, com o enorme aumento da produção, os artesãos deram lugar aos operários não especializados, que realizam as tarefas determinadas pelo supervisor e pela gerência. O conhecimento passou a ser propriedade da empresa. Estava criado o estágio extremo da relação capital/trabalho: o proprietário fornecia o capital (instalações, máquina, matéria-prima e tecnologia) e o trabalhador fornecia seu trabalho. Nesse contexto a quantidade de falhas, de desperdício e de acidentes do trabalho era elevada, em função das limitações das máquinas, do despreparo dos operários e do precário desenvolvimento das técnicas administrativas. Porém não havia preocupação em relação a este custo, ou um levantamento de perdas, uma vez que somente se interessavam em produzir. Com o passar do tempo então, passam a ser implantados o trabalho de inspeção final de produto e a supervisão do trabalho – produção, surgindo um novo contexto nas empresas. Primeira Guerra Mundial: criação da inspeção Com o grande aumento da demanda de material bélico, os problemas com a falta da qualidade dos produtos cresceram de maneira tão assustadora, que foi necessária a criação da figura do inspetor, que assumiu o papel do supervisor no controle da qualidade. A inspeção, criada para evitar que produtos sem qualidade saíssem das fábricas e fossem utilizados pelos clientes, deu ênfase ao sucateamento, dando origem a um raciocínio errôneo, pois a qualidade implicaria em custo e, como consequência, aumentaria o custo do produto final. Com a Primeira Guerra Mundial, a preocupação com a qualidade dos armamentos representava um fator estratégico, tornando-se por isso, prioridade das nações. Afinal, a falta de qualidade refletia-se na falta de segurança. Os departamentos de compras governamentais passaram a exigir que seus fornecedores tivessem setores de inspeção desvinculados da produção, de modo que fosse assegurada a liberdade organizacional do controle da qualidade. Nessa época, os inspetores examinavam 100% dos produtos liberados pela produção, implicando grandes custos para a empresa e tornando-se um gargalo da produção. A indústria automobilística e a produção em massa No início do século XX, surgiu a produção em massa, que revolucionou a organização do trabalho e eliminou a produção artesanal. A indústria automobilística, que até então era totalmente artesanal, é um ótimo exemplo dessa revolução que mudou o mundo. Em 1913, Henry Ford descobriu que, se dividissem as tarefas de fabricação em pequenas operações especializadas, poderia recrutar mão de obra não qualificada da região rural, dar-lhe um pequeno treinamento e, assim, conduzir de maneira eficaz todas as tarefas de fabricação e montagem de um automóvel. Ford acreditava que, com a produção em massa, logo os preços dos carros seriam reduzidos de tal maneira que os trabalhadores também poderiam comprar seus próprios carros. Figura: Ford, 1929. Fonte:http://www.carangosemotocas.com/coberturas/2008/vencontrodeantigomo bilismodesaosebastiaodagrama/13fordt1929.jpg Fabricar produtos com qualidade, empregando-se um grande número de operações especializadas, requer uma contínua supervisão, além de uma rigorosa inspeção dos produtos intermediários e finais. Na produção artesanal de um automóvel, o artesão recolhia todas as peças e ferramentas de que precisaria, executava a complexa tarefa de ajuste e montagem de todo o veículo e, antes de entregá-lo pronto para a expedição, verificava seu trabalho. Não havia necessidade de uma outra pessoa inspecionar o produto final. Na produção em massa, o operário da linha de produção tem apenas uma tarefa: apertar dois ou três parafusos ou colocar a roda esquerda dianteira do carro etc. Não precisa se preocupar em solicitar peças ou inspecionar seu próprio serviço. Para coordenar as tarefas dos operários não qualificados, foram criadas novas funções executadas por especialistas. Surgiram, assim, batalhões de trabalhadores indiretos: mecânicos, inspetores de qualidade, especialistas em reparos, além de supervisores e engenheiros de produção. Como o custo de inspecionar 100% das peças e componentes era proibitivo, adotaram-se técnicas de controle da qualidade, como, por exemplo, as técnicas de amostragem. Em resumo sobre a era da Inspeção, poderíamos dizer que: Produtos são verificados um a um; Cliente participa da inspeção; Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade. O vídeo a seguir ilustra e complementa o texto sobre a era da inspeção na qualidade. Vale a pena assistir! https://www.youtube.com/watch?v=llbti4fzmA8 A era do controle estatístico de processo De acordo com Aildefonso (2006), com a ascensão da empresa industrial e da produção massificada, tornou-se impraticável inspecionar a totalidade de produtos que saíam aos milhares das linhas de montagem, inviabilizando a execução da inspeção de produto a produto como na era anterior. Essa foi a razão da introdução da estatística como ferramenta da indústria. O contexto tornou-se favorável ao surgimento do controle estatístico da qualidade (CEQ), baseado em técnicas de amostragem. Em lugar de inspecionar todos os produtos, passou a ser selecionado por amostragem certa quantidade. As propriedades dessa amostra podem então ser estendidas ao lote do qual foram extraídas. O pioneiro da aplicação da estatística ao controle da qualidade foi Walter A. Shewhart, dos Laboratórios Bell, que em 1931 publicou a obra Economic Control of Manufactured Product, conferindo pela primeira vez um caráter científico à pesquisa. Shewhart descreveu que um processo com certa combinação de fatores (equipamentos, recursos humanos, metodologia, ferramenta e matéria-prima) gera um produto ou serviço com determinadas características. Assim, se desejarmos mudar alguma característica desse bem ou serviço, deve-se alterar algum desses fatores ou a sua combinação, o que caracteriza um novo processo. Toda a análise derivou do conceito de controle estatístico de Shewhart, conhecido como CEP – Controle Estatístico de Processo, que se utiliza de técnicas estatísticas para determinar limites, além de métodos gráficos de representação de valores, originando-se então as cartas de controle, um dos instrumentos mais eficazes usados pelos profissionais da qualidade contemporâneos. Assim, problemas de produção podiam ser identificados com o uso das cartas de controle, o que permite a tomada de ações preventivas de melhoria, evitando-se a fabricação de produtos fora de especificações. A adoção das técnicas de Controle Estatístico da Qualidade, criadas por Shewhart e seus colegas, foi muito lenta. Até a II Guerra Mundial, poucas empresas americanas tinham adotado, porém, com o advento desta, os militares necessitavam que os produtos estivessem livres de defeitos e de elevados padrões de qualidade. As forças armadas americanas exercem sua influência de duas maneiras: Primeiro com a adoção de procedimentos científicosde inspeção por amostragem e publicação de tabelas de amostragem forçando seus fornecedores a sua utilização. Segundo, os militares instituíram amplo programa de treinamento destinado ao pessoal da indústria bélica e compradores das forças armadas. Esses cursos espalharam-se logo em seguida, atraindo muitos professores universitários que desejavam preparar-se para dar aulas de controle da qualidade. Uma das pessoas desse grupo era Willian Edwards Deming, especialista em amostragem e discípulo de Walter A. Shewhart. A Segunda Guerra Mundial consagrou o controle estatístico da qualidade através dos órgãos de controle da qualidade, criados pela exigência dos organismos de compras das forças armadas das grandes potências mundiais. Durante os anos 30 e 40, muitas empresas implementaram métodos de controle estatístico da qualidade e renomearam seus tradicionais "departamentos de inspeção" como "departamentos de controle da qualidade". Como os métodos estatísticos foram abandonados nos anos 50 e 60, esses departamentos voltaram à tradicional atividade de inspeção, mas mantiveram a denominação de "controle de qualidade". Quando o interesse pelos métodos estatísticos renasceu nos anos 70 e 80, um novo nome, "controle de processo", era necessário, já que o termo original, controle da qualidade estava associado à inspeção. Outro importante conceito introduzido por Shewhart foi o ciclo de melhoria contínua. Ele defendia uma abordagem sistematizada para a solução de qualquer problema na empresa. O modelo de Shewhart baseia-se na execução cíclica e sistemática de quatro etapas na análise de um problema: Planejar (plan, P): etapa em que se planeja a abordagem a ser dada, definem-se as variáveis a serem acompanhadas e treinam-se os profissionais envolvidos no problema. Executar (do, D): etapa em que o processo em estudo é acompanhado e medidas são coletadas. Examinar (check, C): etapa da verificação dos dados coletados e da análise dos problemas identificados e de suas causas. Ajustar (act A): etapa de agir sobre as causas, corrigi-las ou eliminá-las, para em seguida reiniciar o ciclo com uma nova etapa de planejamento. Enquanto Shewhart estava dando continuidade a seu trabalho sobre controle de processos, outros pesquisadores estavam fazendo progresso com a prática da amostragem, segundo elemento crítico no crescimento do controle estatístico da qualidade. O surgimento dos departamentos de controle da qualidade: a prevenção de defeitos À medida que as indústrias aumentavam de tamanho e de sofisticação, a responsabilidade pela qualidade diluía-se nos diversos órgãos especializados: o departamento de engenharia era responsável pelas especificações dos produtos e pelos critérios de aceitação; a produção se encarregava da fabricação e a inspeção era responsável pelos testes e verificações do produto final. O enfoque também sobre o produto ainda é verificado no início desta era, como na era da inspeção. Apesar do envolvimento dos diversos setores das empresas na busca de qualidade em seus produtos, faltava uma coordenação central, embora a administração superior procurasse desempenhar esse papel. Em 1951, Armand V. Feigenbaum, autor da frase “a qualidade, que era um trabalho de todo mundo, acabava sendo um trabalho de ninguém”, no livro Quality Control, defende a ideia de que as empresas deveriam criar um departamento para cuidar exclusivamente da qualidade, o Departamento de Engenharia da Qualidade, tendo como principal atribuição preparar e ajudar a administrar o programa de qualidade. Seu papel, porém, seria principalmente de coordenação/assessoria aos demais setores quanto ao tema qualidade e incentivar o treinamento para o controle da qualidade, além de realizar atividades de controle de qualidade propriamente ditas, para que a qualidade tivesse um foco, já que todos os outros departamentos de linha ou de assessoria teriam sua parcela de responsabilidade pela manutenção e aprimoramento da qualidade. Para Feigenbaum, a necessidade de mudar a ênfase da correção para prevenção de defeitos, ideia sintetizada na frase 'fazer certo da primeira vez', que, apesar de sua simplicidade, viria a influenciar profundamente o estudo e a prática da administração da qualidade. A questão mais importante levantada por ele no seu livro era: as empresas precisam dar mais ênfase à prevenção do que à correção de defeitos. Seria essa a essência do que ele já chamava de moderno controle da qualidade. A evolução dos conceitos não parou depois da guerra. Chamando a atenção para os problemas que haviam surgido. Feigenbaum apresentou em 1961 uma versão evoluída das proposições publicadas 10 anos antes, à qual deu o nome de controle da qualidade total (TQC: Total Quality Control). Em resumo sobre a era do Controle Estatístico, poderíamos dizer que: Produtos são verificados por amostragem; Departamento especializado faz controle da qualidade; Ênfase na localização de defeitos. O filme no link abaixo ilustra e complementa o texto acima sobre a era do Controle Estatístico na qualidade. Vale a pena conferir! https://www.youtube.com/watch?v=IpG1cdhaHvk A era da garantia da qualidade Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria fez com que a questão "qualidade" ganhasse nova dimensão. Neste período, a qualidade passou de uma disciplina restrita e baseada na produção fabril para uma disciplina com implicações mais amplas para o gerenciamento. Estudos mostravam que, em 80% dos casos, os problemas da falta de qualidade eram causados por falhas gerenciais e não por falhas técnicas. As empresas sempre se preocuparam com a qualidade no "chão de fábrica", esquecendo-se que os grandes problemas surgiam das falhas de comunicação entre os diversos órgãos da empresa e entre diversos níveis hierárquicos. Concomitantemente, entre 1950 e 1960, os estudos da administração continuavam em plena atividade, e evidencia-se então a Escola de Recursos Humanos. Vários trabalhos foram publicados no campo da qualidade, tais como os trabalhos de Maslow, McGregor e Herzberg no estudo da motivação humana. Nesta era então, além da prevenção e técnicas das ferramentas estatísticas, são inclusos conceitos, habilidades e técnicas gerenciais. A garantia da qualidade assegura ao cliente que o fornecedor tem a capacidade de atender a todos os requisitos técnicos e organizacionais exigidos nas normas e nos contratos de fornecimento, resultado da aplicação conjunta da teoria de sistemas, administração da qualidade e dos princípios do controle total da qualidade. Baseava-se no princípio de que, para se conseguir a verdadeira garantia de qualidade de um produto, o controle deve começar pelo seu projeto, estender-se à sua entrega e terminar quando o usuário demonstrar satisfação com o uso do produto. Em síntese, prevê ao fornecedor a confiança de que sua empresa poderá atender a todos os requisitos do contrato e das normas aplicáveis. A garantia da qualidade está ligada, portanto, a uma transação comercial entre duas partes. É uma exigência do cliente e, sendo uma medida imposta, sofre restrições quanto ao grau de envolvimento do fornecedor e de seus funcionários. Em resumo sobre a era da Garantia da Qualidade, poderíamos dizer que: Processo produtivo é controlado; Toda a empresa é responsável; Ênfase na prevenção de defeitos; Qualidade assegurada; Sistema de administração da qualidade. A era da qualidade total (TQC)Essa era começou a ser consolidada na década de 60 quando, através de uma versão evoluída das proposições publicadas por Feigenbaum, estruturava-se a expansão do controle de qualidade por toda a fábrica. Os conceitos de Armand Feigenbaum, que preconizavam a criação de um Departamento de Engenharia da Qualidade para cuidar da função "qualidade", continuaram evoluindo e, em 1961, foi lançada uma versão atualizada do seu primeiro livro, publicado em 1951, com um novo título: Total Quality Control Engineering and Management, que faz uma abordagem defendendo o conceito do Controle Total da Qualidade, que envolve de maneira sistêmica todos os órgãos da empresa, passando pelo marketing, projeto, desenvolvimento, aquisição, fabricação, inspeção e testes, expedição, instalação e assistência técnica. Na era da qualidade total ou controle total da qualidade (TQC), a ênfase passa a ser o cliente, tornando- se o centro das atenções das organizações que dirigem seus esforços para satisfazer às suas necessidades e expectativas. A principal característica dessa era é que toda a empresa é responsável pela garantia da qualidade dos produtos e serviços – todos os funcionários e todos os setores. Para tanto, é necessário que se pense sobre os processos relacionados à gestão da qualidade de forma sistêmica, de tal modo que os inter- relacionamentos e interdependências sejam considerados entre todos os níveis da empresa. É fundamental que essa nova mentalidade seja adotada de modo que cada membro da empresa, desde a gerência de alto nível até o funcionário que trabalha na linha de produção, esteja pessoalmente envolvido com o controle da qualidade. Nada mais natural, então, que o começo de tudo emane da alta administração, que, em última análise, decide os rumos que uma empresa deve tomar. Zelar pela qualidade de um produto ou serviço é função de todos na empresa. Portanto, é necessário definir, de forma clara e objetiva, a participação de cada funcionário no que diz respeito à qualidade. Caso contrário, corre-se o risco de haver diluição de responsabilidade; como a qualidade é função de todos, ela pode rapidamente tornar-se uma função de ninguém. A gestão da qualidade total pode ser definida como um conjunto integrado e sistêmico de procedimentos que visam coordenar as ações das pessoas de uma organização, com o objetivo de se melhorar continuamente a qualidade de produtos e de serviços, a qualidade dos processos e a qualidade de vida na organização, dentro de um enfoque preventivo. Para chegar-se ao completo domínio de tais técnicas e incorporá-las ao processo produtivo, é necessário trilhar um longo caminho, que se inicia pela preparação cultural da empresa. O foco da gestão japonesa está na preparação do profissional, que domina plenamente, quase que por reflexo, o técnico de trabalho em equipe, de organização e limpeza do local de trabalho, de abordagem sistematizada dos problemas. A qualidade, então, passou a ser encarada não apenas com estar em conformidade com as especificações, o que era uma visão tradicional, na qual predominava a atividade de inspeção. A qualidade teria de ser embutida no produto ou serviço desde o começo, a partir dos desejos e interesse do cliente. A concepção do produto ou serviço começaria daí e, em seguida, viriam outros aspectos que fariam parte do conjunto total das características do produto ou serviço, tais como confiabilidade (a capacidade de o produto desempenhar sua função repetidamente ao longo de seu ciclo de vida) e a manutenibilidade (a capacidade de o produto receber manutenção satisfatoriamente). A história evidencia a existência de quatro movimentos distintos observados nesta época: a quantificação dos custos da qualidade, engenharia da confiabilidade, os programas motivacionais Zero Defeito e os Círculos de Controle de Qualidade. Vejamos uma síntese destes pontos a seguir. a) Custos da qualidade Até a década de 50, a maioria das tentativas de se melhorar a qualidade eram baseadas na premissa implícita de que os defeitos tinham um custo. Quanto eles custavam era uma questão de opinião, pois poucas empresas tinham se dado o trabalho de totalizar as despesas em que incorriam porque os produtos não eram feitos corretamente da primeira vez. Na falta deste padrão de medida, os gerentes acostumados a tomar decisões baseadas em números reais não tinham porque prosseguir. Para eles, continuava sendo crítica a seguinte pergunta: qual era o grau de qualidade suficiente? Em 1951, Joseph Juran abordou esta questão no livro Quality Control Handbook. Juran observou que os custos para se atingir um determinado nível da qualidade podiam ser divididos em custos evitáveis e custos inevitáveis. Estes eram os custos associados à prevenção – inspeção, amostragem, classificação e outras iniciativas de controle da qualidade. Custos evitáveis eram os dos defeitos e das falhas dos produtos: material sucateado, horas de trabalhos necessárias para se refazer o produto e repará-lo, processamentos de reclamações e prejuízos financeiros resultantes de fregueses insatisfeitos. Estes custos apontados por Juran estão associados à produção, identificação, prevenção ou correção de produtos, processos e serviços que não atendam aos requisitos, sendo classificados em quatro categorias: Custos de Prevenção; Custos de Avaliação; Custos das Falhas Internas; Custos das Falhas Externas. b) Engenharia da Confiabilidade Durante a década de 50, diversas empresas defrontaram-se com problemas de projeto e construção de sistemas complexos e com níveis de confiabilidade. Com o advento da era espacial e nuclear, a importância da qualidade de projeto aumentou muito. Os investimentos eram altos e o prestígio nacional estava em jogo. Contudo, mais ou menos nesta mesma época, Feigenbaum e Juran estavam apresentando argumentos do controle da qualidade total, e outra ala da disciplina estava surgindo, com uma crença mais forte ainda na teoria da probabilidade e na estatística: a engenharia da confiabilidade, que tinha por objetivo garantir um desempenho aceitável do produto ao longo do tempo, a partir da prevenção, detecção e correção de defeitos de erros de projeto. O conceito de confiabilidade teve sua origem na indústria aeronáutica, intimamente associado ao crescimento, após a guerra, da indústria aeroespacial e da indústria eletrônica nos Estados Unidos. As técnicas desenvolvidas, com impacto direto nos projetos dos produtos foram: Análise de efeito e modo de falha (FMEA): que é uma revisão lógica e sistemática dos modos pelos quais um componente de um sistema pode vir a falhar. Análise Individual de cada componente: verificação da probabilidade de falhas dos componentes chave de um dado sistema. Redundância: utilização de componentes em paralelo no sistema, a fim de garantir seu funcionamento mesmo que um deles falhe. Os motivos para a introdução da confiabilidade na análise de projetos variam de indústrias para indústrias. Algumas, como, por exemplo, as dos setores elétrico e eletrônico, buscavam fundamentalmente fornecer aos usuários produtos mais confiáveis, visando aumentar suas vendas. Outras, como a indústria nuclear, de petróleo e petroquímica, procuravam diminuir o número de acidentes em suas instalações por meio de análise de confiabilidade, reduzindo perdas econômicas e riscos operacionais ou públicos. c) Programas motivacionais Zero Defeito Zero defeito teve sua gênese na Martin Company, em 1961-62. Naquela época, a Martin estava construindo mísseis Pershing para o exército dosEstados Unidos. Sua qualidade, de uma maneira geral satisfatória, só era conseguida por meio de uma maciça inspeção. Foram oferecidos estímulos aos empregados para baixar ainda mais o índice de defeitos; juntamente com inspeção e testes mais intensos ainda. Esses esforços levaram, no dia 12 de dezembro de 1961, à entrega de um míssil Pershing ao cabo Canaveral sem discrepância alguma. O resultado foi também uma surpresa: em fevereiro de 1962, foi entregue um míssil perfeito. Chegou a tempo e estava em plena operação em menos de vinte e quatro horas. O programa resultante chamou-se zero defeito. Ressaltava muito a filosofia, a motivação e a conscientização, dando menos ênfase a propostas específicas e técnicas de solução de problemas. Na verdade, um passo essencial foram a identificação dos problemas em sua origem e o delineamento de providências corretivas, chamadas remoção por causa de erro. Foi desenvolvido pelo Departamento de Pequenos Motores da General Electric, uma das primeiras empresas a adotar o programa, e não pela Martin. A contribuição desta consistiu, basicamente, na articulação de uma filosofia, de que o único padrão de qualidade aceitável era zero defeito e em mostrar como os empregados poderiam ficar imbuídos dela através do treinamento, de eventos especiais, da divulgação de resultados relacionados com a qualidade, do estabelecimento de metas e feedback pessoal. Não era uma conquista pequena. Em síntese, a filosofia do zero defeito está baseada em que a motivação dos trabalhadores e está ligada à eliminação de defeitos. Círculos de Controle da Qualidade Entre as décadas de 50 e 60, os japoneses iniciaram o desenvolvimento de programas de melhoria da qualidade. Rapidamente, porém, começaram a desenvolver novas técnicas e sistemas de produção que permitiram alcançar um elevado grau de qualidade, associado a níveis de falhas e de perdas ínfimas, medidas em ppm (partes por milhão) aproximando-se, na prática, do ideal de produção com "zero erro". De início, desenvolveram técnicas para trabalhar em equipe e melhor aproveitar a competência de profissionais em apoiar a melhoria de processos, tais como os círculos de controle da qualidade. Os CCQ, originalmente, consistem em times que se reúnem voluntariamente para estudar, analisar e resolver problemas de qualidade de seu interesse. Kaoru Ishikawa, foi um dos seus principais estimuladores. Mais tarde, passaram a tratar problemas ligados à produtividade, custo, segurança etc. Posteriormente, desenvolveram novas formas de organização da produção, com o objetivo de otimizar a ocupação de espaço, devido ao alto custo da ocupação do solo no Japão, através da eliminação de estoques pelo sistema just-in-time, em que o produto é manufaturado no momento em que é feito o pedido, sem estoques intermediários na linha de produção. O controle da produção é feito por cartões (kanban). As limitações de espaço levaram também a técnicas de melhoria da limpeza e organização do local de trabalho, como o 5S (os “cinco sensos”). O crescimento dos Círculos de Controle da Qualidade no Japão foi fantástico. Em meados de 1972, os japoneses estimavam em meio milhão o número de círculos em funcionamento, envolvendo, aproximadamente, 5 milhões de pessoas. Em resumo sobre a era da Qualidade Total, poderíamos dizer que: Departamento da qualidade; Visão sistêmica dos processos; Envolvimento da alta direção; Motivação para a qualidade. A era da gestão estratégica da qualidade Com a visão de Feigenbaum, que defende a valorização do papel do departamento da qualidade a partir de uma nova concepção, na qual todos devem ter responsabilidade para garantir a qualidade dos produtos e serviços, além de desempenhar atividades de assessoria que garantam o nível adequado de custos na fabricação, inicia-se uma nova era da qualidade. Com essa nova dimensão, a qualidade deixa de ser atributo do produto ou serviço; deixa de ser também responsabilidade exclusiva do departamento da qualidade. A qualidade passa a ser problema de todos e envolve todos os aspectos da operação da empresa. A qualidade passa a ser encarada de forma sistêmica, para integrar ações das pessoas, máquinas, informações e todos os outros recursos envolvidos na administração da qualidade. Essa ideia implica a existência de um sistema da qualidade. Desse modo, o papel da administração da qualidade é procurar garantir a satisfação do cliente e, ao mesmo tempo, garantir os interesses econômicos da empresa. Dentro da ideia do TQC, o fator humano desempenha papel primordial. Feigenbaum dizia que, no final das contas, todo produto ou serviço é realizado por um par de mãos humanas, e que, portanto, a obtenção da qualidade depende da participação e do apoio das pessoas. Outro elemento que começou a ser enfatizado diz respeito às relações com fornecedores. Hoje, elas têm sido intensamente discutidas e ressalta-se, com frequência, as alterações de posturas que devem ser adotadas quanto à transformação do papel do fornecedor. O desenvolvimento de padrões continua a ser feito com bastante afinco, sobretudo em busca de normalizações internacionais, a exemplo da ISO 9000. Neste sentido, a expansão de mercados é forte aliada desta postura, sobretudo por força de acordos entre grupo, de países (caso da MERCOSUL) ou pela necessidade crescente das empresas de ampliarem suas áreas de atuação, com frequência, em direção ao mercado de exportação. Em resumo sobre a era da Gestão Estratégica da Qualidade, poderíamos dizer que: Qualidade é associada ao negócio; Envolvimento de todos na qualidade; Satisfação do cliente interno e externo; Qualidade para atingir objetivos estratégicos. Assista ao vídeo a seguir para complementar seus estudos sobre a era da Gestão Estratégica da Qualidade: https://www.youtube.com/watch?v=Onea5n5SvL4 Podemos sintetizar as eras de evolução da inspeção da qualidade, controle de qualidade, garantia de qualidade e qualidade total no quadro a seguir: Já a era da gestão estratégica da qualidade poderá ser resumida no quadro que segue: O movimento pela qualidade no Brasil Segundo Waldir Algarte Fernandes, no Brasil, os primeiros movimentos pela Qualidade e Produtividade surgiram na indústria, no final da década de 1950. A política de substituição das importações forçou as empresas, em especial as estatais, a abordarem a questão da qualidade com seus fornecedores. Buscava-se garantir, fundamentalmente, a continuidade operacional e a segurança dos equipamentos, dos funcionários e da sociedade. A substituição das importações fortaleceu o papel do Estado na formulação da política industrial, principalmente pela concessão de subsídios às exportações e pela fixação de tarifas de proteção a vários produtos nacionais. Com o objetivo de proteger o mercado interno, foi construída uma estrutura industrial diversificada e integrada. A partir do início da década de 1970, o mundo começou a experimentar o fenômeno da globalização, que tornou possível um mundo sem fronteiras econômicas, isto é, os produtos poderiam ser produzidos em qualquer parte do mundo e vendidos em qualquer lugar. Porém, essa tendência mundial permaneceu anestesiada nos países que, como o Brasil, adotaram políticas de proteção de mercado. A indústria brasileira, embora não tenha desenvolvido capacidade inovadora própria, cresceu graças às estratégias adotadas de proteção, promoção e regulação. Em 1980, alcançamos alto grau de integração intersetoriale de diversificação da produção. Os complexos químicos e metalomecânicos (inclusive bens de capital, bens de consumo duráveis e o setor automobilístico) foram responsáveis por 58,8% do produto total da indústria. No final da década de 1970, a política de substituição das importações começou a apresentar problemas, decorrentes do atraso tecnológico do parque industrial nacional. Os problemas estruturais, que se refletiam em níveis baixos de produtividade e custos elevados de produção, dificultavam a entrada de produtos brasileiros no mercado internacional. A capacitação tecnológica insuficiente das empresas para desenvolver novos processos e produtos, a ausência de um padrão nítido de especialização da estrutura industrial brasileira e a baixa integração com o mercado internacional afetaram negativamente a competitividade de nosso parque industrial. Enquanto isso, o mundo experimentava uma revolução tecnológica e gerencial visível, que ocupava com frequência espaços na mídia. A maneira de se administrar um negócio passava a incluir a aplicação dos conceitos da gestão pela qualidade total, isto é, o uso intensivo de técnicas estatísticas, o envolvimento efetivo da força de trabalho e a certificação de pessoal, sistemas, processos, produtos e serviços. Como consequência das mudanças, observou-se uma intensificação da competição entre empresas e países a partir do final da década de 1980. Em um ambiente muito dinâmico, os níveis de competitividade passaram a ser rapidamente superados. Tornou-se crucial a busca incessante pela melhoria contínua da qualidade e produtividade. As empresas brasileiras precisaram, assim, buscar as condições necessárias para a competitividade. A estratégia de desenvolvimento adotada em busca da capacitação tecnológica e da gestão empresarial inovadora baseou-se na aplicação de práticas voltadas para a Qualidade e a Produtividade. E o futuro da qualidade como será? Assista ao vídeo a seguir e conheça uma projeção sobre o futuro da qualidade: https://www.youtube.com/watch?v=ijfn34ZZ0rU Você está concluindo assim a primeira parte do estudo de sua disciplina e agora já conhece como a qualidade se desenvolveu ao longo do tempo até chegar aos nossos dias. No entanto, há muito mais a ser aprendido na sequência de nossas aulas! Para encerrar este tema, acompanhe as explicações do professor Nelson, no vídeo que está disponível no material on-line!
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