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Psicopatologia Especial – 5ª Aula Texto Freud – Luto e Melancolia (1917) Comparação entre luto e melancolia: Semelhanças: - estado de ânimo profundamente doloroso, por uma suspensão do interesse pelo mundo externo, pela perda da capacidade de amar, pela inibição das capacidades de realizar tarefas - reação à perda de uma pessoa amada, ou à perda de abstrações colocadas em seu lugar (pátria, liberdade, ideal) Diferenças: - Luto: após determinado tempo será superado. O ser humano nunca abandona de bom grado uma posição libidinal antes ocupada. Oposição da retirada de libido das relações anteriormente mantidas com o objeto amado que não existe mais – pode até ocorrer uma fuga da realidade levando o sujeito a agarrar-se no objeto por meio de uma psicose alucinatória de desejo. As exigências da realidade não são atendidas de imediato. Isso só ocorre pouco a pouco e com grande dispêndio de tempo e energia. Vai ocorrendo uma lenta dissolução dos laços da libido. Após completar o trabalho de luto, o Eu se torna efetivamente livre e volta a funcionar sem inibições. - Melancolia: há um desconhecimento em relação ao objeto – ou a pessoa não consegue saber com clareza o que foi perdido ou sabe quem ela perdeu, mas não sabe dizer o que se perdeu com o desaparecimento desse objeto amado. É uma perda de um objeto que escapa à consciência. - Luto: o trabalho de luto absorve o Eu do sujeito, explicando perfeitamente a inibição e a falta de interesse pelo mundo externo. - Melancolia: a inibição parece enigmática, pois não podemos ver o que está absorvendo o sujeito. - Luto: o mundo torna-se pobre e vazio -Melancolia: depreciação do sentimento-de-Si, um enorme empobrecimento do próprio Eu. Melancolia - um Eu que não tem valor, incapaz e moralmente reprovável; faz autocensuras e insulta a si mesmo e espera ser rejeitado e punido; estende sua autocrítica ao passado e afirma nunca ter sido melhor (se eu tivesse...) – “delírio de insignificância” de fundo moral. - esse quadro é completado por insônia, recusa em alimentar-se. - apreensão da realidade de modo mais intenso e agudo; autocrítica desmedida (Hamlet); falta ao melancólico vergonha diante dos outros: há uma satisfação de se auto-expor. - uma parte do Eu trata a outra parte como se fosse um objeto: é como se as acusações que professa se aplicassem a outra pessoa que o doente ama, amou ou deveria amar – as auto-recriminações são recriminações dirigidas a um objeto amado, as quais foram retiradas desse objeto e desviadas para o próprio Eu. - auto-recriminações: origem nos prós e contras próprios do conflito amoroso que levou à perda do objeto de amor. Tudo de depreciativo que dizem de si mesmos estão, na verdade, dizendo de outra pessoa. Reconstrução do processo melancólico: - ocorreu uma escolha de objeto (determinada pessoa) - uma ofensa real ou decepção proveniente da pessoa amada causou um estremecimento dessa relação com o objeto - a libido retirada desse objeto não seguiu o caminho normal de deslocamento para outro objeto; foi recolhida para dentro do Eu - essa libido foi utilizada para produzir uma identificação do Eu com o objeto que foi abandonado - a perda do objeto transformou-se em uma perda de aspectos do Eu e o conflito entre o Eu e a pessoa amada transformou-se num conflito entre a crítica ao Eu e o Eu modificado pela identificação Regressão Narcísica: - ocorre uma regressão do investimento de carga depositado no objeto para a fase oral da libido, período do narcisismo - a escolha do objeto anterior foi narcísica: Ama-se: - o que se é (a si mesmo) - o que se foi - o que gostaria de ser - a pessoa que outrora fez parte de nosso próprio Si-mesmo Ambivalência: - os elementos opostos de amor e ódio se inseriram na relação com o objeto - o conflito da ambivalência é pré-requisito para o surgimento da melancolia - a autoflagelação do melancólico expressa as tendências sádicas e de ódio, que são sempre dirigidas a algum objeto, e que voltaram contra a própria pessoa - é esse sadismo que explica a tendência ao suicídio: o Eu somente pode matar a si mesmo se conseguir, através do retorno do investimento objetal, tratar a si mesmo como objeto, ou seja, se puder dirigir contra si a hostilidade antes destinada ao objeto - a paixão extrema e o suicídio: embora por vias diversas, sempre sobrepujam o Eu pelo objeto. Tendência da melancolia se transformar em mania: - não acontece em todos os casos - a mania tem o mesmo conteúdo da melancolia, mas se trata de uma suspensão, de um esforço para manter o recalque - estado em que o Eu tenta superar a perda do objeto, ficando livre do que o fazia sofrer - o acúmulo de cargas de investimento inicialmente presas e enlaçadas, que são liberadas após o término do trabalho melancólico, está relacionado com a regressão da libido ao narcisismo e deve ser o que torna a mania possível. � PAGE \* MERGEFORMAT �3�
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