Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ciclo PDCA / MASP Caros alunos, Sejam bem-vindos a mais um tema da nossa disciplina de Gestão da Qualidade! Hoje, vamos estudar como funciona o ciclo PDCA e como podemos usá-lo para solucionar causas de problemas. Estudaremos também a metodologia do Método Analítico de Solução de Problemas (MASP). Bons estudos! Antecedentes do PDCA Como muitos sabem, a origem do PDCA se deu a partir do ciclo de Shewhart, engenheiro americano e que foi o introdutor do controle estatístico para o controle da qualidade. Mas os fragmentos que lhe deram origem se desenvolveram ao longo de, pelo menos, 300 anos de pensamento filosófico. Desde o período conhecido como revolução científica, no século XVII, os pensadores europeus, como Copérnico, Kepler, Telésio e da Vinci, já se indagavam sobre a melhor maneira de desenvolver conhecimentos válidos e que substituíssem os questionáveis dogmas da Igreja Católica acerca do mundo físico, que eram baseados, sobretudo, na metafísica aristotélica. Nessa época Galileu Galilei estabeleceu a primeira sequência de passos para a geração de conhecimentos válidos, composta pela observação, análise, indução, verificação, generalização e confirmação. Outros filósofos, como René Descartes e Francis Bacon, também descreveram seus métodos, cada qual fundamentado em sua própria crença sobre o melhor caminho a seguir para chegar ao mesmo ponto: o conhecimento. Como a intenção não era resolver problemas, a sequência não continha etapas de aplicação do conhecimento adquirido. Mais adiante, outros filósofos acabaram influenciando a criação do PDCA para se tornar tal qual o conhecemos nos dias de hoje. Além dos princípios da ciência, a grande inspiração para a criação do PDCA foi atribuída por Shewhart e Deming aos americanos Clarence Irving Lewis (1883-1964) e John Dewey (1859-1952), dois dos fundadores da escola filosófica do pragmatismo. A ideia de um “ciclo” foi desenvolvida por Dewey ao imaginar como funciona a relação entre a ação humana e o domínio social ao qual pertence. Para ele, a reflexão para a solução de problemas contém cinco passos logicamente distintos: perceber a dificuldade, localizar e definir o problema, sugestão de possíveis soluções, desenvolvimento por raciocínio das influências da sugestão, observação posterior e experimentação que levem a sua aceitação ou rejeição. Embora fossem seguidores de doutrinas racionalistas e do método científico, os pragmatistas acreditam que o valor do conhecimento depende de sua contribuição como meio para a obtenção de um resultado concreto e prático para a vida. Esse estilo de pensamento incorporou na doutrina pragmática as características racionais e instrumentais. Assim, ao contrário daqueles precursores da revolução científica, uma mudança radical aconteceu no objetivo do pensamento humano a partir do pragmatismo para que o PDCA se tornasse, não apenas um modelo para a geração de conhecimento, mas um modelo voltado, fundamentalmente, para a ação prática e geração de benefícios para o homem e a sociedade. História do PDCA Desde os primeiros anos do século passado, as organizações industriais já conheciam os três processos da produção em massa: especificação, produção e inspeção. Ishikawa (1986) relembra que Taylor recomendava o plan-do-see (planeje, execute e veja) como referência para o planejamento das etapas básicas de um processo produtivo. Esses processos se encadeiam em uma sequência linear simples, aberta, e representavam a estrutura de funcionamento das indústrias daquela época. Conceito de controle de Taylor e os três processos de produção em massa. Fonte - Moen e Norman (2007). Um pouco adiante, no final da década de 30, o norte-americano Walter A. Shewhart, em sua obra intitulada Statistical method from the viewpoint of quality control, propõe o modelo de produção visto como um sistema, que representa os mesmos passos, porém de forma cíclica. Shewhart argumenta que esses três passos devem fazer um círculo ao invés de uma linha reta, pois eles constituem um “processo científico dinâmico de aquisição de conhecimento”. Essa pequena modificação transformou o modelo de ciclo aberto para um ciclo fechado, em que os resultados obtidos em uma passagem são considerados no planejamento da próxima passagem. Isso realimenta o processo e permite que ele seja aprimorado pela análise dos erros e problemas das etapas anteriores. Esse modelo, denominado ciclo de Shewhart, é levado por Deming ao Japão em 1950. Após sua introdução no Japão, o primeiro ciclo de Shewhart foi muito bem aceito, mas sua ideia original foi alvo de objeções. Ciclo de Shewhart de 1939. Fonte - Moen e Norman (2007). Ishikawa logo concluiu que o plan-do-see não era adequado para o povo japonês, pois, ao seu ver, o significado do verbo see (ver, olhar) “[...] propicia a atitude passiva de apenas se manter em expectativa”. Deming explicou aos japoneses que a interpretação correta do verbo see não é apenas ver ou revisar, mas sim tomar uma ação, ou take action em inglês. Como essa ideia lhes pareceu mais consistente, os japoneses rapidamente incorporaram action ao modelo, omitindo take. Assim, o modelo adotado no Japão passou a ser o plan-do-check-action, que é o PDCA conhecido nos dias de hoje. Em português, essas etapas podem ser traduzidas como planejar-executar-verificar-agir. Ciclo PDCA como desenvolvido no Japão. Fonte – Hosotani (1992) Subtítulo: Ciclo PDCA O conceito PDCA é atualmente aplicado na melhoria contínua de processos de qualidade e de gestão. Ele foi criado na década de 20 por Walter A. Shewhart e mais tarde foi disseminado por William Edward Deming. O PDCA é um ciclo que envolve quatro etapas: Plan, Do, Check e Act. Fonte: http://ligagtic.blogspot.com/2010/10/ciclo- pdca.html http://producaoequalidade.blogspot.com/2010/07 /usando-o-pdca-para-solucionar-problemas.html O conceito de PDCA fica fácil de entender quando olhamos para o significado da sua sigla em inglês: P (plan: planejar); D (do: fazer); C (check: acompanhar); A (act: corrigir). O que o ciclo PDCA sugere é que, qualquer atividade de gestão, de planejamento estratégico ou de qualidade, que seja executada na empresa, seja conduzida seguindo essas quatro fases. As etapas do Ciclo PDCA estão descritas a seguir: Plan: planejar: O ciclo tem início com a definição de um plano, baseado em diretrizes ou políticas da empresa. A fase PLAN do ciclo PDCA é subdividida em cinco etapas, as quais são elencadas a seguir, segundo Campos (2004). 1) Identificação do Problema: é realizado todas as vezes que a empresa se deparar com um resultado (efeito) indesejado, provindo de um processo (conjunto de causas). 2) Estabelecer meta: o problema será sempre a meta não alcançada, sendo a diferença entre o resultado atual e um valor desejado, chamado meta. Toda meta a ser definida deverá sempre ser constituída de três partes: objetivo gerencial, prazo e valor. 3) Análise do fenômeno: análise detalhada do problema detectado e suas características, por meio de fatos e dados coletados. 4) Análise de processo: buscar as causas mais importantes que provocam o problema, através da análise das características importantes. 5) Plano de ação: é o produto de todo processo referente à etapa PLAN em que estão contidas, em detalhes, todas as ações que deverão ser tomadas para se atingir a meta proposta inicialmente.Para sua elaboração a metodologia mais indicada é o 5W1H ou 5W2H. Do: executar Execução do plano que consiste no treinamento dos envolvidos no método a ser empregado, a execução propriamente dita e a coleta de dados para posterior análise. Essa etapa se subdivide em duas: 1) Treinamento e 2) Execução da Ação (CAMPOS, 2004; ISHIKAWA, 1985). No treinamento, a organização deverá efetuar a divulgação do plano a todos os funcionários envolvidos para que fiquem cientes. Assim, o plano de ação poderá ser colocado em prática. Durante a sua execução, deve-se efetuar verificações periódicas no local em que as ações estão sendo efetuadas, a fim de manter o controle e eliminar possíveis dúvidas que possam ocorrer ao longo da execução. Todas as ações e os resultados bons ou ruins devem ser registrados para alimentar a etapa seguinte do ciclo PDCA, o “Check”. Check: verificação O terceiro passo do PDCA é a análise ou verificação dos resultados alcançados e dados coletados. Ela pode ocorrer concomitantemente com a realização do plano, quando se verifica se o trabalho está sendo feito da forma devida, ou após a execução, quando são feitas análises estatísticas dos dados e verificação dos itens de controle. Nesta fase podem ser detectados erros ou falhas. Act: ações Último módulo do ciclo PDCA, é caracterizado pela realização das ações corretivas, ou seja, a correção das falhas encontradas no passo anterior e pelo processo de padronização das ações executadas, cuja eficácia foi verificada anteriormente. É nessa fase que se inicia novamente o Ciclo, levando ao processo de Melhoria Contínua. Ishikawa (1985) ampliou os 4 passos do Ciclo PDCA para 6: Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) O método de análise e solução de problemas, também conhecido pela sigla MASP, é uma metodologia usada para aumentar, manter e controlar a qualidade de processos, dos serviços e dos produtos. Composto por ferramentas para o auxílio do aumento da qualidade, ele é um método utilizado em empresas que recebe bastante influência do ciclo PDCA e que possui influência também da metodologia científica. Apesar do MASP ter sido criado em base do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos. O MASP diferencia-se de outras metodologias da qualidade pela sua objetividade, racionalidade, estruturação e sua forma sistematizada para a melhoria de um ambiente organizacional. Assim, ele é aplicado em problemas crônicos, sistêmicos e/ou complexos. O uso do MASP na solução de problemas em empresas é devido, principalmente, ao baixo nível de sucesso de outras abordagens, como a tentativa-erro, intuição e a experimentação. Essas interpelações funcionam bem para problemas de baixa complexidade, mas falham em problemas complicados e difíceis de compreender; sendo o MASP uma forma rápida, objetiva e de baixo custo à empresa que pode resolver até esses problemas mais complexos de uma organização. O MASP foi introduzido no Brasil a partir dos anos 70, com um movimento pela busca da melhoria da qualidade e, assim, é utilizado até hoje. Surgiu sendo uma criação da Gestão da Qualidade Total e, hoje, sobrevive às turbulências do mundo globalizado e competitivo. Por isso, essa metodologia já conquistou seu espaço no mundo empresarial, podendo ser até utilizado em problemas cotidianos, devido à sua universalidade. Em outros países, o MASP possui outras nomenclaturas e variações, como QC-Story, Structured Problem Solving, 8D e Quality Improvement Process, todos em busca do mesmo objetivo: minimização ou retirada de problemas sistêmicos de uma organização. Ele é formado por oito etapas, enumeradas, explicadas e comparadas ao ciclo PDCA: 1. Problema: identificar o problema; 2. Observação: apreciar as características do problema; 3. Análise: determinar as causas principais; 4. Plano de ação: conceber um plano para eliminar as causas; 5. Ação: agir para eliminar as causas; 6. Verificação: confirmar a eficácia da ação; 7. Padronização: eliminar definitivamente as causas; 8. Conclusão: recapturar as atividades desenvolvidas e planejar para o futuro. Cada uma dessas etapas contribui para a identificação dos problemas e a elaboração de ações corretivas e preventivas para eliminá-los ou minimizá-los. Este método auxilia os gerentes na solução de problemas, fornecendo subsídios para analisá-los e priorizá-los, identificando situações que não foram bem definidas e exigem atenção. Estabelece rápido controle das situações e planeja o trabalho que será realizado, apresentando respostas que ajudam na priorização de problemas que exijam atenção, dividindo-o em partes para ser analisado. Vamos analisar um exemplo do MASP em uma tabela orientativa que apresenta as etapas e uma descrição do seu funcionamento. Para visualizá-la, acesse o material on-line. Passos do MASP Pela metodologia do MASP, um problema é resolvido por meio dos seguintes passos: 1. Identificação do problema: defina claramente o problema e mostre que o problema em questão é relevante ou de importância maior do que outros problemas pertinentes. Assim, é preciso estabelecer critérios para a seleção de problemas. Por exemplo: prejuízo causado, risco, insatisfação do cliente etc. 2. Observação: investigue as características específicas do problema a partir de uma ampla gama de diferentes pontos de vista, quantitativo (dados) e qualitativo. Vá ao local onde ocorre o problema, observe e colete informações necessárias que eventualmente não podem ser representadas na forma de dados. Tenha um entendimento completo das características (especificidades) do problema. 3. Análise: levante, discuta e descubra as causas fundamentais (causas básicas, causa raiz) do problema. 4. Plano de ação: elabore um plano de ação a fim de bloquear (eliminar, aprisionar) as causas fundamentais identificadas no passo anterior. Nesta etapa pode-se usar o 5W1H para definir o plano de ação, ou seja, defina: o quê, quando, quem, onde, porque será feito e como será feito. Defina as metas a serem atingidas e os controles para acompanhamento dos resultados obtidos. 5. Ação: atue para eliminar as causas fundamentais. Nesta etapa, é muito importante que exista cooperação de todo o pessoal envolvido, para isso é preciso que as pessoas estejam devidamente treinadas e de acordo com as medidas (soluções) que estão sendo propostas. 6. Verificação: verifique se o bloqueio da causa fundamental do problema foi efetivo, até estar certo que o problema não ocorrerá novamente. Em caso de resposta negativa, deve-se retornar ao passo 2. 7. Padronização: elimine definitivamente a causa do problema para que ele não ocorra outra vez. Identifique e realize as alterações necessárias nos procedimentos de trabalho associados ao processo para impedir a recorrência do problema. Treine os envolvidos no novo procedimento. 8. Conclusão: reflita sobre a experiência de aplicação da metodologia e verifique onde houve dificuldades e discuta o que deve ser aperfeiçoado no método para as próximas aplicações. Também verifique os problemas remanescentes associados, e que foram percebidos ao longo da aplicação do método sobre o problema inicial. Enfim, discuta o que pode ser melhorado no método e problema estudado. Em resumo, observe a figura a seguir: Fonte: http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1731 Se esses passos são claramente entendidos e implementados nessa sequência, as atividades de melhoriados processos serão consistentes do ponto de vista lógico e cumulativas ao longo do tempo. Esse método pode parecer uma maneira simplista de se resolver um problema, mas ao longo do tempo, ele demonstra ser a rota mais segura e curta, além de ser um método científico de análise de problemas. O MASP não é um método mágico de solução de problema, porém quando bem planejado e estruturado poderá trazer grandes resultados positivos para toda e qualquer organização. Ao utilizar o MASP, é extremamente importante estar ciente de que devemos seguir corretamente todas as etapas deste método. Para toda e qualquer organização que queira usar o MASP, é fundamental ter disciplina, ser metódico, planejar bem cada etapa, dedicar-se o máximo possível e, principalmente, ter compromisso e comprometimento com o método, pois, quando sistematicamente bem utilizadas essas etapas, o sucesso com o MASP poderá ser de milhões de reais. Para concluirmos esse assunto e para reforçar seu aprendizado, assista ao filme sobre a Metodologia do MASP, disponível a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=lNHFrpxN9QQ Muito bem! Chegamos ao final de mais um tema! Como estão seus estudos até agora? Para tirar as dúvidas que possam ter ficado pendentes, assista ao vídeo com as explicações do professor Nelson, que está disponível no material on-line!
Compartilhar