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Caso 3 pratica 5

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ____ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ___________. 
MARIA SOUZA, brasileira, estado civil, servidora pública federal, portadora da cédula de identidade nº , inscrita no CPF sob o nº , residente e domiciliada na (endereço completo), com endereço eletrônico (email), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu advogado devidamente constituído, conforme procuração anexa, com fundamento no artigo 5º, Incisos LV e LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil, e no artigo 1º da Lei 12.016 de 2009, Lei 8112/90 c/c artigo 65 do CPP e Art. 98 e 300 do CPC, interpor
MANDADO DE SEGURANÇA C/C PEDIDO DE LIMINAR
em face da UNIVERSIDADE FEDERAL, inscrita no CNPJ sob nº , situada no (endereço completo), sendo autoridade coatora o Reitor, nome, pelos fatos e fundamentos a seguir:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
 	A impetrante foi demitida de seu emprego e não tem condições de arcar com as despesas processuais, uma vez que não tem recursos financeiros suficientes para arcar com tais custas sem prejuízo de seu próprio sustento e de seus entes. Assim, com base no artigo 98, CPC, requer as benesses da gratuidade da justiçado 
DO PEDIDO DE LIMINAR
	Preliminarmente, requer a impetrante a reintegração ao cargo, uma vez que sua demissão foi ilegal, sendo cerceado o seu direito ao contraditório e a ampla defesa, o que lhe gerou imenso prejuízo, pois foi demitida injustamente, trazendo prejuízos imensos à impetrante, pois não tem mais salário advindo, então, sérias dificuldades financeiras.
	Mister ressaltar que a impetrante foi denunciada e absolvida na esfera criminal, com trânsito em julgado.
	E assim reza a Lei 8.112/90, em seu artigo 126, que trata do regime jurídico dos servidores civis da União e das fundações públicas federais:
 
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. (grifou-se)
	
Vê-se de plano assistir direito à impetrante.
DOS FATOS
	Maria Souza, ora impetrante, era professora na Universidade Federal, ora impetrada. Ocorre que ao atribuir uma nota a um aluno, este insatisfeito, abordou-a com um canivete em punho, proferindo ameaças, exigindo que ela modificasse a nota. Diante disso, a impetrante com o propósito de repelir a iminente agressão, conseguiu desarmar e derrubar o aluno, que na queda quebrou um braço. Devido ao fato foi aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar eventual responsabilidade da impetrante. 
Ao mesmo tempo do PAD, a impetrante foi denunciada pelo crime de lesão corporal. Entretanto, ela foi absolvida, uma vez que restou provado ter agido em legítima defesa, transitando a decisão em julgado.
Porém, o processo administrativo seguiu seu curso, todavia sem que a impetrante fosse citada. Alegou a Comissão nomeada que a impetrante tomou conhecimento pela imprensa e por outros servidores.
O PAD foi enviado ao reitor para a decisão final que por sua vez, com fundamento de vinculação ao parecer da Comissão, aplicou à impetrante pena de demissão, afirmando, ainda, de forma equivocada, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal.
Não restou outra forma senão buscar no Judiciário socorro para reparar a ilegalidade, fazendo com que seja readmitida com pagamento dos salários retroativos da data em que foi demitida até o presente instante.
DO DIREITO
	Por primeiro, há que se gizar que na demissão da impetrante houve diversos atos ilegais. A Comissão e o Reitor na sanha de aplicar pena severa à impetrante deixaram de observar o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, dispostos na Carta Maior, nos direitos fundamentais, artigo 5º, LV, ou seja:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
	A impetrante não foi citada. A Comissão nomeada para o PAD, simplesmente, julgou que ela tomou ciência por meio da imprensa, ou por outros servidores públicos. Agiu, assim, ao arrepio da lei. A Lei 8.112/90, artigo 143, também é clara nesse sentido, senão vejamos:
Art. 143.  A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. (grifou-se)
	Feriram, então, dispositivo constitucional, bem como da lei que rege o regime jurídico dos servidores públicos federais.
	Além do mais, como se não bastasse, a autoridade coatora ao fundamentar sua decisão alegou que “a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal”. Olvidou-se a autoridade coatora do que dispõe o artigo 126 da mencionada Lei 8.112/90, in verbis:
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. (grifou-se)
	Vale lembrar que a impetrante foi absolvida com o reconhecimento da excludente, ou seja, a legítima defesa, transitando a decisão em julgado. Logo, aplicável o mencionado artigo ao caso em tela.
	Também nesse sentido, e contrariando o entendimento do Reitor que aplicou a pena de demissão à impetrante, o Código de Processo Penal estabelece em seu artigo 65 que faz coisa julgada no cível a sentença penal, senão vejamos: 
Art. 65.  Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
	Acerca do tema vale trazer à baila alguns julgados dos tribunais nacionais:
Processo
AI 14136232020158120000 MS 1413623-20.2015.8.12.0000
Orgão Julgador
1ª Câmara Cível
Publicação
28/11/2016
Julgamento
22 de Novembro de 2016
Relator
Des. Sérgio Fernandes Martins
Ementa
E M E N T A . AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PEDIDO DE PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO. FALTA DE INTIMAÇÃO DA EXECUTADA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. CERCEAMENTO CARACTERIZADO. RECURSO PROVIDO.
A decisão interlocutória que acolhe o pedido da exequente sem promover a intimação da executada viola os princípios do contraditório e da ampla defesa, caracterizando manifesto cerceamento de defesa.
E, ainda:
Processo
REsp 1090425 AL 2008/0203241-6
Orgão Julgador
T6 - SEXTA TURMA
Publicação
DJe 19/09/2011
Julgamento
1 de Setembro de 2011
Relator
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Ementa
RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. FUNDAMENTAÇÃODEFICIENTE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 284/STF. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL.DEMISSÃO. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA, TRANSITADAEM JULGADO, FUNDADA NA PRESENÇA DE CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE (ESTADO DE NECESSIDADE). REPERCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.EXECUÇÃO PROVISÓRIA. CABIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, § 4º, DO CPC. APRECIAÇÃO EQÜITATIVA DO JUIZ. SÚMULA 7/STJ.
1. Se nas razões do recurso especial a parte, apesar de apontar violação de legislação federal infraconstitucional, deixa de demonstrar no que consistiu a alegada ofensa, aplica-se, por analogia, o disposto na Súmula 284 do Excelso Pretório.
2. A sentença penal absolutória que reconhece a ocorrência de causa excludente de ilicitude (estado de necessidade) faz coisa julgada no âmbito administrativo, sendo incabível a manutenção de pena de demissão baseada exclusivamente em fato que se reconheceu, em decisão transitada em julgado, como lícito.
3. É possível a execução provisória contra a Fazenda Pública nos casos de reintegração de servidor, pois a sentença não tem por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens. Precedentes.
4. Estabelecida a verba honorária com base na equidade, em atenção ao disposto nas alíneas a, b e c do § 3º do artigo 20 do CPC, não cabe a este Tribunalreapreciar o valor ou percentual fixado a título de honorários advocatícios, sob pena de ofensa ao disposto na Súmula nº 7 desta colenda Corte.
5. No tocante à suposta ofensa ao art. 538, par. único, do Código de Processo Civil, nota-se, in casu, que os embargos de declaração tiveram a pretensão de rediscutir matéria já debatida nos autos, tratando-se de hipótese clara de recurso manifestamente protelatório, que não deve ser admitido sob argumento de possibilitar o prequestionamento. Desse modo, necessária se faz a manutenção da multa aplicada pelo Tribunal de origem com base no supracitado dispositivo legal.
6. Recurso especial improvido
	Conforme se verifica, assiste razão à impetrante.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
A tutela de urgência, especialmente no CPC/2015, consiste no requerimento dos interessados para garantir a efetividade do seu direito, por meio da antecipação da tutela. 
A exigência do art. 300 do CPC de “...elementos que evidenciem a probabilidade do direito...”, concede aos operadores do direito, a segurança jurídica para concessão da antecipação da tutela.
Art. 300 A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo...” (gp).
O direito da impetrante é líquido e certo, amparado por texto de lei, comportando o pedido de antecipação de tutela, nos moldes do art. 300 do CPC, uma vez presente aos autos a prova inequívoca da verossimilhança, condição indispensável para obtenção de tutela antecipada escorada na urgência demandada pela situação do direito material. 
Presentes nos autos os requisitos autorizadores à concessão de medida liminar, inaudita altera pars, o que desde já se requer, uma vez que a impetrante preenche os pressupostos necessários para o seu deferimento.
A fumaça do bom direito resulta da relevância das alegações acima aduzidas, corroboradas com os documentos acostados, que demonstra a existência do direito líquido e certo a amparar a pretensão da impetrante.
O periculum in mora, por sua vez, advém da necessidade urgente de ser a impetrante reintegrada aos quadros da Universidade Federal, pois com a demissão encontra-se sem vencimentos afetando a sua sobrevivência.
Conforme já sobejamente ressaltado, a previsão legal transcrita não deixa margens à dúvida acerca do direito da impetrante, demonstrando a ilegalidade do ato administrativo que a demitiu do serviço público federal. Preenche, assim, todos os requisitos à concessão do pleito da impetrante.
	Não é demais ressaltar que a doutrina e as decisões dos tribunais pátrios ensejam a possibilidade de o Poder Judiciário rever decisões imotivadas ou motivadas de forma insuficiente, ou, ainda, quando sem a devida observância das normas e dos princípios do Direito Administrativo. 
Nesse aspecto, a Carta Cidadã preceitua no artigo 5º, inciso XXXV, que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito".
A lesão ao direito da impetrante se configura quando não foram observadas as normas em vigor no ato administrativo que a demitiu do serviço público. 
Assim, o objeto do presente Mandamus é anular o ato administrativo de demissão da impetrante, reintegrando-a ao serviço público e ordenando o pagamento de todos os vencimentos a contar da data da ilegal demissão, 11 de janeiro de 2017. 
De acordo com o já mencionado, atinente à possibilidade de o Judiciário agir para rever decisões, ou fazer com que cesse injustiças e ilegalidades, no que se refere a atos praticados por entes públicos, espera a impetrante que seja CONCEDIDA a segurança pleiteada, ordenando à autoridade coatora que reintegre imediatamente a impetrante e efetue os pagamentos de vencimentos a que faz jus a contar da data da demissão.
DO PEDIDO
	Ex positis, presentes os pressupostos legais, uma vez latente o direito da impetrante, haja vista a legislação trazida e enfocada, requer seja concedida a liminar, inaudita altera pars para determinar à autoridade coatora a reintegrar a impetrante ao serviço público com o pagamento de vencimentos retroativos a contar de 11 de janeiro de 2017.
- Seja intimada, imediatamente, dada a urgência, a autoridade coatora, nos moldes da lei, para cumprir a liminar sob pena de multa a ser aplicada por Vossa Excelência, em caso de descumprimento.
Após deferida a tutela, requer também:
- a citação da Impetrada, na pessoa do seu representante legal, para contestar, querendo, o presente mandamus, no prazo legal;
- seja concedido o benefício da assistência judiciária gratuita, de acordo com o artigo 98 do CPC, por não poder, no momento, arcar com as custas processuais e honorários sem privar-se dos meios necessários à sua subsistência, uma vez que vem enfrentando dificuldades financeiras desde sua demissão;
- admissão da prova do alegado por todos os meios admitidos em direito;
- No mérito, seja confirmada a medida concedida, a fim de tornar definitiva a liminar no sentido de determinar que seja concedida a segurança, declarando nulo o ato administrativo por constar vício insanável, assegurando todos os direitos obtidos e pleiteados em sede de liminar, uma vez ferido o direito líquido e certo da impetrante, conforme se demonstrou. 
VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ (somatório dos vencimentos retroativos da autora).
Nestes Termos.
Pede Deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF

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