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1 o processo de construção das políticas de proteção ao idoso

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o processo de construção das políticas de proteção ao idoso 
INTRODUÇÃO 
O Brasil, como os demais países em desenvolvimento, assiste a uma redução proporcional da população jovem e a um aumento na proporção e no número absoluto de idosos. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009 revelam que o número de idosos no Brasil é de cerca de 21 milhões de pessoas, correspondendo a 11,3% do total da população. Destes, 16,5 milhões vivem na área urbana e 3,4 milhões na área rural, destaca-se ainda a “Síntese de Indicadores Sociais do IBGE de 2010”, que demonstra o percentual de 56% da população acima de 60 anos como sendo de mulheres idosas. O envelhecimento populacional modifica a participação dos grupos na vida econômica, ou seja, interfere na economia do país, modifica em cadeia as várias relações e políticas, desafiando as famílias e a sociedade a encontrar soluções para estas questões que são tanto legais quanto éticas; tanto familiares e restritas ao âmbito privado, quanto dependentes diretas das políticas públicas de seguridade social, políticas urbanas, políticas sociais, políticas de trabalho e emprego, de sustentabilidade do meio ambiente, de mobilidade urbana e de acessibilidade, de ações intergeracionais e pluriculturais, para homens e mulheres, de todas as etnias, orientação sexual, de qualquer condição social. 
AS POLÍTICAS PÚBLICAS AOS IDOSOS 
A Constituição Federal de 1988 define um modelo de proteção social configurado como um sistema de seguridade social, envolve a previdência social (elaborada nos moldes de seguro social), a assistência social (entendida como direito e não como filantropia) e a saúde ou seja, busca-se articular os direitos contributivos e transferências de renda não contributivas vinculadas à assistência social sob a égide dos direitos sociais, assim, a assistência social integra o sistema de seguridade social, como política pública não contributiva, conforme esquematiza o quadro 1. 
É, portanto, direito do cidadão e dever do estado. a partir daí, a assistência social experimentou grandes avanços: promulgação da lei orgânica da assistência Social (LOAS), em 1993, que a reconheceu como política pública de seguridade social, tornando-a responsá-vel pela oferta de proteção social não contributiva à população socialmente mais vulnerável; gestão compartilhada pela implantação dos conselhos e criação dos fundos de assistência social nas três esferas de governo; elaboração dos Planos municipais de assistência Social (PmaS); criação de instâncias de pactuação e realização de conferências nos três níveis governamentais, as quais concretizaram grandes fóruns de discussão, participação e consensos na evolução dessa política. 
O termo política diz respeita um conjunto de objetivos que informam determinado programa de ação governamental e condicionam sua execução. Política pública é a expressão atualmente utilizada nos meios oficiais e nas ciências sociais para substituir o que até a década de setenta era chamado planejamento estatal (BORGES, 2002). Nos Estados democráticos modernos, o conceito de política pública tem íntima ligação com o de cidadania, pensada como o conjunto das liberdades individuais expressas pelos direitos civis (Neri, 2005). 
A concretização da cidadania ocorre através do espaço político, como o direito a ter direitos. No Brasil, apesar da ocorrência do processo de redemocratização em curso, estabelecido principalmente com a promulgação da Constituição de 1988, verificam-se profundas desigualdades sociais as quais são vivenciadas mais visivelmente pelos idosos, pois os que hoje têm sessenta anos e mais, em sua grande maioria, tiveram pouco acesso à educação formal e, por força do sistema de governo vigente entre 1961 e 1984, tiveram pouquíssimas chances de realizar propostas de gestão democrática ou participativa, ou delas participar, ou seja, a maioria desses idosos vivenciam um processo de despolitização. Essa realidade é consubstânciada por Goldman (2004) em pesquisa recente, envolvendo idosos, na qual se verifica uma descrença por parte destes, quanto aos rumos políticos do país e, ainda, uma compreensão restrita da dimensão política (entendida por muitos como política partidária) esvaziando, assim, seu sentido mais amplo e contribuindo para o desempoderamento desses idosos, conforme analisa Bobbio 2 
(1993 p.954): “política, entendida como forma de atividade ou de práxis humana, 2 está ligada estreitamente ao conceito de poder.” Se os idosos não ocuparem seu espaço político, certamente outros o ocuparão o que traz repercussões graves para a conquista da sua cidadania no contexto democrático, especialmente na democracia participativa. Outro fator que fortalece o distanciamento dos idosos do processo político é a não obrigatoriedade do voto a partir dos setenta anos. 
A Política Nacional do Idoso, instituída pela Lei 8.842/94, regulamentadaem 3/6/96 através do Decreto 1.948/96, amplia significativamente os direitos dos idosos, já que, desde a LOAS, as prerrogativas de atenção a este segmento haviam sido garantidas de forma restrita. Surge num cenário de crise no atendimento à 56 pessoa idosa, exigindo uma reformulação em toda estrutura disponível de responsabilidade do governo e da sociedade civil (Costa, 1996). Essa política está norteada por cinco princípios:1. a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 2. o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objetivo de conhecimento e informação para todos. 
DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DOS IDOSOS 
Destacamos a seguir as diretrizes da Política Nacional do Idoso e que podem causar maiores questionamentos para as autoridades quando se discute os direitos e aplicação das verbas públicas: Constituem diretrizes da política nacional do idoso: Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; Participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; Priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; Descentralização político-administrativa; Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria egerontologia e na prestação de serviços; Implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento; Priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família; Apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento. 
É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições asilares decaráter social. Em seu capítulo sobre a organização e gestão da Política Nascional do idoso, a Lei explicita ser competência dos conselhos a formulação, 
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coordenação, supervisão e avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias administrativas (federal, estadual e municipal). 
À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e promoção social, compete: Coordenar as ações relativas à política nacional do idoso; Participar na formulação, acompanhamento e avaliação da política nacionaldo idoso; Promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias à implementação da política nacional do idoso; Elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistênciasocial e submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso. Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho,previdência social, cultura, esporte e lazer devem elaborar proposta orçamentária,no âmbito de suas competências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis com a política nacional do idoso. Diretrizes são um conjunto de instruções que devem direcionar os procedimentos nas áreas das políticas sociais e de temas que orientarão a organização, a articulação, o desenvolvimento e a avaliação de programas pelos órgãos governamentais e pela sociedade civil. 
As diretrizes orientam-se pelo marco legal dos direitos humanos e são base para a construção de planos de ações e metas com vistas a realização das políticas de promoção e garantia dos direitos. Para sua elaboração e cumprimento devem ser consideradas as disparidades regionais, as diversidades e as diferentes condições de recursos humanos e operacionais dos municípios. 
É fundamental destacar que as diretrizes de políticas não devem passar por escalas de prioridades, ou submetidas a uma classificação hierárquica. Diretrizes devem ser cumpridas em seu conjunto. As prioridades são definidas no nível dasações. 
A IMPLANTAÇÃO E DESAFIOS DO ESTATUTO DOS IDOSOS OS MUNICIPIOS 
O Estatuto do idoso (lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003) regulamenta os direitos assegurados a todos os cidadãos a partir dos 60 anos de idade, estabelecendo também deveres e medidas de punição. É a forma legal de maior potencial da perspectiva de proteção e regulamentação dos direitos da pessoa idosa. No artigo 3º, dispõe sobre as obrigações familiares e sociais com relação ao idoso,afirma que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do estado assegurar à pessoa idosa a efetivação dos direitos à vida, à educação, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária, ressalta, ainda, no artigo 4º, que é proibido qualquer tipo de discriminação, violência, negligência ou crueldade que atinja ou afronte os direitos do idoso, seja por ação seja por omissão, e, se isso acontecer, há punição 4 
prevista em lei. os artigos 8º e 9º versam sobre o direito à vida, estabelecem a obrigatoriedade do estado de garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, por meio de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e digno.No artigo 10 são assegurados ao idoso, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, contidos na Constituição Federal e em leis, a liberdade, o respeito e a dignidade.No ano de 2011, objetivando a implementação do PNDH-3, foi assinado o Termo de Cooperação com a Frente Nacional dos Prefeitos, cujas ações a serem desenvolvidas no decurso dos próximos anos contemplam: a criação e o fortalecimento de Conselhos Municipais de Direito do Idoso, nos municípios de sua rede; a criação e o fortalecimento de Centros de Referência de Direitos Humanos, com vistas ao atendimento da população idosa, nos municípios de sua rede; promoção de campanha de divulgação do Estatuto do Idoso e de 21 valorização da pessoa idosa, junto aos municípios e munícipes de sua rede; realização de mapeamento das boas experiências, de políticas públicas, na área do Idoso, junto aos municípios e munícipes de sua rede; realização de um Encontro Nacional de integração e de divulgação das boas experiências na área do Idoso. A SDH/PR atua de forma transversal, incidindo nas políticas setoriais conduzidas pelos demais Ministérios para que incorporem as especificidades das pessoas idosas no desenho, formulação e implementação de suas políticas. Para a identificação das necessidades e demandas das pessoas idosas, foram realizadas a 2a e a 3a Conferências Nacionais dos Direitos da Pessoa Idosa, em 2009 e 2011, respectivamente. A partir de um amplo processo de consulta e participação popular, que envolveu representantes de todos os Estados e do Distrito Federal, foram debatidos os avanços e desafios na implementação da Política Nacional do Idoso. Além disso, a SDH/PR é responsável pela elaboração do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa e pela divulgação do Estatuto do Idoso. A Secretaria tem apoiado a criação de Conselhos Municipais do Direito do Idoso, por meio de suporte técnico e financeiro. Apesar da importância dos aspectos ora explícitos referentes ao Estatuto do Idoso, Neri (2005), ao analisar as políticas de atendimento aos direitos do idoso expressos nesse marco legal, concluiu que o documento é revelador de uma ideologia negativa da velhice, compatível com o padrão de conhecimentos e atitudes daqueles envolvidos na sua elaboração (políticos, profissionais, grupos organizados de idosos), segundo os quais o envelhecimento é uma fase compreendida por perdas físicas, intelectuais e sociais, negando análise crítica consubstanciada por dados científicos recentes que o apontam, também, como uma ocasião para ganhos, dependendo, principalmente, do estilo de vida e do ambiente ao qual o idoso foi exposto ao longo do seu desenvolvimento e maturidade. 
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OS AVANÇOS CONQUISTADOS PELOS IDOSOS 
Os direitos dos idosos assegurados na Constituição de 1988 foram regulamentados através da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei nº8.742/93). Entre os benefícios mais importantes proporcionados por esta Lei,constitui-se o Benefício de Prestação Continuada, regulamentado em seu artigo 20.Este Benefício consiste no repasse de um salário-mínimo mensal, dirigido às pessoas idosas e às portadoras de deficiência que não tenham condições de sobrevivência, tendo como princípio central de elegibilidade a incapacidade para o trabalho (Gomes, 2002), objetivando a universalização dos benefícios, a inclusão social.Apesar disso, essa política pouco vem contribuindo para a construção da cidadania, pois aqueles que se encontram abaixo da linha de pobreza possuem tantas necessidades básicas não atendidas que um salário-mínimo não basta para lhes garantir uma vida digna. Estudos de Sposati (2000), entre outros, demonstram a insuficiência do nosso salário-mínimo que apenas contempla uma cesta básica,configurando a linha da indigência e reduzindo as necessidades humanas à alimentação. Destaca que o grau de seletividade existente na LOAS fazcom que muitos idosos não sejam incluídos nos benefícios, seja por estarem fora do patamar de pobreza ou da faixa etária estipulados pelos critérios da lei (65 anos),seja por não terem acesso aos documentos exigidos ou por não se encontrarem na condição de “incapazes para o trabalho”. Ante essa realidade, a autora acrescenta:para ter acesso ao benefício, a pessoa precisa estar numa condição vegetativa enquanto ser humano, embora haja várias formas de deficiências que não permitem a inserção nas relações de trabalho. Reforçando essa assertiva,destacamos que os idosos, pela falta de qualificação e/ou pela estigmatização cultural, são, no geral, menos competitivos no mercado de trabalho, o que não deixa de ser uma “incapacidade”, pois “os capazes” asseguram a própria sobrevivência. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A análise da conjuntura envolvida na construção das políticas destinadasà pessoa idosa revela a força do movimento social dos idosos – “força grisalha”,onde alguns se comportam como verdadeiros atores e protagonistas coletivos na luta pelos seus direitos, por conquistas sociais e pela cidadania. Apreendemostambém que as conquistas obtidas pelos idosos só se tornaram mais consistentes quando a sociedade civil esteve aliada com eles na sensibilização do poder público.Apesar disso, muito ainda precisa ser feito para os idosos, pois, embora essa população tenha formal e legalmente assegurada a atenção às suas demandas, na prática, as ações institucionais mostram-se tímidas, limitando-se a experiências isoladas. Embora a Lei determine medidas e providências para possibilitar qualidade de vida ao idoso, bem como participação ativana sociedade, a realidade dos idosos brasileiros ainda está longe da situação defendida na norma. Este é um dos maiores desafios para os conselhos dos direitos da pessoa idosa em todo o País: contribuir para a transformação da realidade e, com isso, diminuir a distância entre o que determina a Lei e a realidade efetiva desta população. Mãos a obra! 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS. 
BRASIL.CONSTITUIÇÃO (1988).CONSTITUIÇÃO DA RÉPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.PROMOLOGADA EM 05 DE OUTUBRO DE 1988.DÍSPONIVEL, WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL_03. 
LEI N.10.741. DE 1 DE OUTUBRO DE 2003 ESTATUTO DO IDOSO DE 7 JUNHO DE 1994 DISPÕE SOBRE A PROFISSÃO DO ASSISTENTE SOCIALE DA PROVIDÊNCIAS WWW.CFESS.ORF./BR. 
LEI N 8.742.7 DE DEZEMBRO DE 1995.DISPÕE SOBRE A ORGANIZAÇÃO DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTENCIA SOCIAL E DAS OUTRAS PROVIDÊNCIAS WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL_03. 
POLITICAS PÚBLICAS PARA IDOSOS.A REALIDADE DAS INTITUIÇÕES; DE LONGA PERMANENCIA NO DISTRITO FEDERAL.

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