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Ano XVII nº 1 Boletim Epidemiológico Muitos destes acidentes profis- sionais podem não resultar em in- fecção pelos vírus HIV ou das He- patites B e C, mesmo que o pacien- te fonte esteja infectado por um deles. O risco é variável, depende do tipo de acidente e de outros fa- tores tais como a gravidade, tama- nho da lesão, presença e o volu- me de sangue envolvido no aci- dente, a quantidade de vírus no sangue do paciente fonte (carga viral) e a utilização de profilaxia específica (no caso do HIV com medicamentos anti-retrovirais). As seguintes recomendações ser- vem para orientar e criar em cada local de trabalho um sistema que permita notificar rapidamente a ocorrência destes acidentes profis- sionais, avaliar o risco da infecção decorrente dos mesmos, informar os profissionais sobre as condutas que devem ser adotadas, monitorar os efeitos colaterais do tratamento e posteriormente determinar se houve ou não infecção pelos vírus HIV e das Hepatites B e C. Todos os acidentes de trabalho com risco de infecção devem ser considerados emergência médica, já que a precocidade no início da profilaxia anti-retroviral, no caso do vírus HIV (2 a 72 horas após o Introdução Os profissionais da saúde estão constantemente sob o risco de um acidente de trabalho envolvendo sangue ou outros líquidos orgâni- cos potencialmente contaminados, que podem resultar em uma infec- ção por agentes infecciosos tais como o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e os vírus das He- patites B e C. Os acidentes profissionais ocor- rem habitualmente através de pi- cadas de agulhas, ferimentos com material ou instrumentos cortantes (acidentes percutâneos), contato direto das mucosas ocular, nasal, oral e pele com sangue ou materi- ais orgânicos contaminados. Até junho de 97 nos Estados Unidos, havia 52 casos documen- tados de profissionais de saúde que se contaminaram pelo vírus HIV após um acidente de trabalho, sen- do profissionais de enfermagem (21), técnicos de laboratório (19), médicos (6) e outras categorias profissionais (6). Outros 114 traba- lhadores de saúde adquiriram o vírus HIV provavelmente através de um acidente de trabalho, mas não existem dados definitivos comprovando os eventos. acidente), pode diminuir acentua- damente o risco da infecção. Conduta do Profissional Acidentado Após Exposição Na eventualidade de um aci- dente com profissional de saúde as condutas a serem adotadas es- tão descritas a seguir: 1. Cuidados locais Lesões decorrentes de acidentes com materiais pérfuro cortantes, como agulhas, bisturis e outros potencialmente contaminados, de- vem ser, imediatamente, lavadas com água e sabão e/ou solução anti-séptica detergente (PVPI- Povedine, Chlorexidina). As mem- branas mucosas devem ser lava- das com água corrente em abun- dância, soro fisiológico 0,9% ou água boricada, repetindo a opera- ção varias vezes. Evitar uso de subs- tâncias cáusticas como hipoclorito de sódio e não proceder à expres- são do local ferido, por serem atitu- des que aumentam a área lesada e, conseqüentemente, a exposição ao material infectante. RECOMENDA˙ÕES E CONDUTAS APÓS EXPOSI˙ˆO OCUPACIONAL DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE Ana Lœcia Carvalho Monteiro Emily Anna Catapano Ruiz Reynaldo Bonfim da Paz julho 1999 3 AIDS-02.PM5 18/1/2001, 16:021 Boletim Epidemiológico Ano XVII nº 1 2. Notificação No momento do acidente, de- verá ser feita a notificação à che- fia imediata, a qual, por sua vez, notificará o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)/Vigilân- cia Epidemiológica (VE) e/ou o se- tor responsável para avaliar o aci- dente e determinar a conduta, o mais precocemente possível, idealmente nas primeiras duas ho- ras, e no máximo, até 72 horas após o acidente. O Departamento Pessoal deve emitir a Comunicação de Aciden- te de Trabalho – CAT, cujo verso será preenchido pelo médico que atender o acidentado, a fim de do- cumentar o acidente para efeitos legais. Também deverá ser feita notifi- cação à Divisão de Vigilância Epi- demiológica do Centro de Referên- cia e Treinamento – DST/AIDS (Programa Estadual DST-AIDS – do Estado de São Paulo) conforme proposta de fluxo de atendimento de acidentes em profissionais de saúde. 3. Avaliação do Acidente O acidente deverá ser analisa- do pela equipe responsável (S.C.I.H / V.E. / Médico do Traba- lho preferencialmente) quanto a: A - Material Biológico envolvido: Sangue, líquido orgânico con- tendo sangue, líquidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, líquor, líquidos sinovial, peritoneal, percárdico e amniótico). Nos acidentes onde nenhum dos materiais biológicos acima esteja envolvido, a quimioprofilaxia anti- retroviral não está indicada. B - Tipo de Acidente: PÉRFURO CORTANTE: Com- preende a penetração através da pele de agulha ou material ou ins- trumental médico-cirúrgico conta- minado com sangue ou outros lí- quidos orgânicos e potencialmen- te infectantes. CONTATO COM MUCOSA OCULAR, ORAL OU PELE COM SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE (FERIMENTO): compreende o con- tato direto da mucosa ou pele com solução de continuidade com san- gue; líquido orgânico contendo sangue visível; outros líquidos or- gânicos potencialmente infec- tantes. CONTATO COM PELE ÍNTE- GRA: Compreende o contato da pele íntegra com sangue; líquido orgânico contendo sangue visível; outros líquidos orgânicos poten- cialmente infectantes. O contato de material poten- cialmente infectante com a pele ín- tegra não constitui situação de ris- co para infecção pelo HIV e por- tanto dispensa o uso de quimio- profilaxia. Porém, se a exposição envolve grande volume de sangue e alta carga viral em área de pele extensa, ou ainda se o contato for por período prolongado associado a lesões na pele a quimioprofila- xia pode ser indicada. C - Situação sorológica do paciente fonte em relação ao HIV: Paciente fonte comprovada- mente HIV negativo – não está in- dicado quimioprofilaxia antire- troviral. Paciente fonte comprovada- mente HIV positivo – iniciar a qui- mioprofilaxia antiretroviral. Paciente fonte com situação sorológica desconhecida – Mate- rial Pérfuro-cortante sem origem conhecida. Ex.: material em lixo comum, chão, etc. Testar o profis- sional para Anti-HIV , HCV (Vírus da Hepatite C) , e HBV (Vírus da Hepatite B). A decisão de introduzir ou não a quimioprofilaxia antiretroviral deve estar baseada no grau de ris- co do acidente e na análise do comportamento de risco para in- fecção pelo HIV do paciente fon- te. O paciente fonte com situação sorológica desconhecida deve, sempre que possível, ser rapida- mente testado para o vírus HIV, de preferência após obtido o seu con- sentimento Na impossibilidade de identificar a situação sorológica do paciente fonte, deve-se proceder como um acidente de fonte HIV positivo. O paciente é considerado como fonte comprovadamente negativo ou positivo em função da existên- cia de documentação laboratorial disponível para o HIV recente ou no momento do acidente. D - Situação sorológica do paciente fonte com relação aos vírus da hepatite B e C. Hepatite B: vide Recomendação para a profilaxia da Hepatite B para profissionais de saúde expostos a material biológico. Hepatite C: não existe quimiopro- filaxia; acompanhar profissional acidentado sorologicamente por 06 meses (1ª sorologia no momen- to do acidente e 2ª sorologia após 06 meses – janela imunológica). Se sorologia do profissional de saú- de para HCV for positiva, enca- minhar para acompanhamento ambulatorial especializado. 4 julho 1999 AIDS-02.PM5 18/1/2001, 16:022 Ano XVII nº 1 Boletim Epidemiológico 4. Fluxograma Avaliação de Quimioprofilaxia (QP) para o HIV: julho 1999 5 AIDS-01.PM5 18/1/2001, 13:471 Boletim EpidemiológicoAno XVII nº 1 MANUAL DE CONDUTAS (s)Sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen e tecidos são materiais biológicos envolvidos na transmissão do HIV. Líquidos de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquor, líquido articular e saliva (em ambientes odontológicos) são materiais de risco indeterminado para a transmissão do vírus. Exposições a materiais potencialmente infectantes que não o sangue ou material biológico contaminado com sangue, devem ser avaliados de forma individual. Em geral, estes materiais são considerados como de baixo risco para transmissão ocupacional do HIV. Qualquer contato com material concentrado do HIV (laboratórios de pesquisa, com cultura de vírus e vírus em grandes quantidades) deve ser considerado uma exposição ocupacional que requer avaliação clínica para definir a necessidade de quimioprofilaxia. Em situações de mordeduras, é considerado como exposição de risco quando envolver sangue. Líquidos biológicos sem risco de transmissão ocupacional do HIV: suor, lágrima, fezes, urina, saliva (exceto em ambientes odontológicos). Nestes casos, a quimioprofilaxia e o acompanhamento sorológico não são recomendados. (l) Pele não-íntegra – A integridade da pele é considerada comprometida se há qualquer evidência de lesão, dermatite ou ferida aberta. (n) Contato com pele íntegra usualmente não é considerada como um risco de transmissão do HIV. Entretanto, o risco de transmissão deverá ser considerado quando envolver exposição com volume elevado de material biológico (contato prolongado, superfície extensa de pele exposta). Nestas situações, há necessidade de discussão individual para avaliação da necessidade ou não de quimioprofilaxia e acompanhamento. (Q) A combinação de diversos fatores de gravidade (agulhas de grosso calibre, lesão profunda) contribui para um risco elevado de transmissão se o paciente-fonte é HIV positivo. 1 Um paciente-fonte é considerado não infectado pelo HIV quando há documentação de exames anti-HIV negativos e não há evidência clínica recente sugestiva de infecção aguda pelo HIV. 2 Um paciente-fonte é considerado infectado pelo HIV quando há documentação de exames anti-HIV positivos ou o diagnóstico clínico de Aids. 3 Estes são exemplos de marcadores para estimar os títulos virais no paciente-fonte para fins de quimioprofilaxia anti-retroviral e não refletem todas as situações clínicas que podem ser observadas. Apesar de um alto título de HIV no paciente-fonte ser associado a um maior risco de transmissão, a possibilidade de transmissão de um paciente com baixa carga viral deve ser considerada. 4 Em situações que envolvam acidentes com paciente-fonte com sorologia anti-HIV desconhecida ou paciente-fonte desconhecido (material encontrado no lixo, em áreas de expurgo ou outros), deve ser avaliado a possibilidade de risco de HIV levando-se em consideração a origem do material (áreas de alto risco como Serviços de Emergência, Centro Cirúrgico, Diálise, entre outros) e a gravidade do acidente. Observações: • Quimioprofilaxia (QP) Não Recomendada (1+A ou 1+C) – A quimioprofilaxia é indesejável. O tipo de exposição não possui risco conhecido de transmissão pelo HIV. O profissional que atender o acidentado deve esclarecer que o risco de toxicidade dos anti-retrovirais ultrapassa o benefício da quimioprofilaxia. • Considerar Quimioprofilaxia (QP) Básica (1+B ou 2+C ou 3+C) – Esses tipos de exposição têm risco bastante pequeno de transmissão do HIV. Um alto título de HIV no paciente-fonte pode justificar a opção por início de quimioprofilaxia. Se o risco de toxidade dos anti- retrovirais ultrapassa o benefício da quimioprofilaxia, deve ser discutido pelo profissional de saúde acidentado e o profissional que atendeu o acidente. • Recomendar Quimioprofilaxia (QP) Básica (2+A) – A maior parte das exposições ao HIV encontra-se nessa categoria. Apesar de não ter sido observado nenhum risco aumentado de transmissão pelo HIV, o uso de quimioprofilaxia é apropriado. • Recomendar Quimioprofilaxia (QP) Expandida (2+B ou 3+A ou 3+B) – Esses tipos de exposição representam um risco aumentado de transmissão pelo HIV. Quimioprofilaxia Básica = AZT+3TC Indicada em exposições com risco conhecido de transmissão pelo HIV. Quimioprofilaxia Expandida = AZT+3TC+IP (indinavir ou nelfinavir) Indicada em exposições com risco elevado de transmissão pelo HIV. AZT = zidovudina; 3TC = lamivudina; IP = inibidor de protease. Pelo fato da quimioprofilaxia apresentar potencial de toxicidade, o seu uso não é justificado em exposições com risco desprezível de transmissão pelo HIV. Além disso, pelo fato da inexistência de evidências suficientes de benefício, o uso de esquemas expandidos não são recomendados para todos os tipos de exposição. 6 julho 1999 AIDS-01.PM5 18/1/2001, 13:472 Ano XVII nº 1 Boletim Epidemiológico 5 - Posologia e Administração dos Antiretrovirais ou Quando indicado Inibidor de Protease (IP), iniciar preferencialmente com Indinavir (Crixivan®), na falta ou na impossibilidade do seu uso indicar o Nelfinavir (Viracept®). INDINAVIR 800mg 8/8 horas 4 semanas 2 cáps. (400mg) 3 x / dia 30 dias ou DROGA DOSE INTERVALO DURAÇÃO AZT 300mg 12/12 horas 4 semanas 3 cáps. (100mg) 2 x / dia 30 dias 3TC 150mg 12/12 horas 4 semanas 1 comp. (150mg) 2 x / dia 30 dias BIOVIR 1 cáp. 12/12 horas 4 semanas (AZT + 3TC) 150mg 3TC 2 x / dia 30 dias300mg AZT NELFINAVIR 750mg 8/8 horas 4 semanas 3 cáps. (250mg) 3 x / dia 30 dias Efeitos Adversos e Interaçıes dos Medicamentos Utilizados na Quimioprofilaxia (*) leite desnatado, suco, café ou chá, ou com alimentos leves, como torradas com geléia, suco ou café com leite desnatado e açúcar, ou ainda leite desnatado com sucrilhos e açúcar. Efeitos Adversos Anemia, neutropenia, leucopenia, plaquetopenia, náuseas, vômitos, astenia, mal-estar geral, cefaléia, miopatia, insônia, pigmentação ungueal e de mucosas, alteração das provas hepáticas, hepatite. Pancreatite, diarréia, dor abdominal, anemia, neutropenia. Nefrolítiase, hematúria, cefaléia, insônia, náusea, vômitos, astenia, fadiga, distúrbios do paladar, pele e boca secas, dor abdominal, trombocitopenia, hiperbilirrubinemia indireta assintomática, aumento de triglicerídeos, hipercolesterolemia, hiperglicemia e diabetes. Diarréia (efeito mais freqüente), exantema, flatulência, náusea, dor muscular, fraqueza, aumento de triglicerídieos, hipercolesterolemia, hiperglicemia e diabetes. Medicamento ZIDOVUDINA (AZT) c/ alimento LAMIVUDINA (3TC) c/ alimento INDINAVIR (IDV) Jejum de ≥ 1hora antes ou ≥ 2 horas após alimentação ou com alimentos com baixo teor de gordura (*) (ingerir diariamente 1,5 litros ou mais de líquidos para evitar aparecimento de nefrolitíase). NELFINAVIR (NFV) c/ alimento Interações Ganciclovir, anfotericina B, flucitosina, SMX-TMP, dapsona, pirimetamina, citostáticos, sulfadiazina (↑ risco de toxicidade hematológica). Monitorar anemia e neutropenia. Probenecida, fluconazol, paracetamol (↑ níveis séricos do AZT). Monitorar toxicidade do AZT. Estavudina e ribavirina (potencial para redução da atividade anti-retroviral). Evitar uso concomitante. Sulfametoxazol+trimetoprima (↑ biodisponibilidade de 3TC). Não há necessidade de ajuste de dose. Zalcitabina (potencial antagonismo). Evitar uso concomitante. O indinavir não deve ser co-administrado com: rifampicina, astemizol, terfenadina, cisaprida, ergotamina e diidroergotamina, midazolam ou triazolam. Rifabutina (↓ níveis séricos de indinavir, e o indinavir ↑ níveis séricos da rifabutina). Cetoconazol e itraconazol (↑ níveis séricos de indinavir). Considerar a redução da dose do indinavir para 600mg 8/8h. Didanosina (↓ absorção de IDV). Administrar com intervalo mínimo de 1 hora. Delavirdina (↑ níveis séricos de IDV). Considerar a redução da dosede indinavir para 600mg 8/8h. Nevirapina (↓ níveis séricos de IDV). Não há necessidade de ajuste de doses. O nelfinavir não deve ser co-administrado com: rifampicina, fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, ergotamina, diidroergotamina, astemizol, terfenadina, cisaprida, midazolam ou triazolam. Rifabutina (↓ níveis séricos de nelfinavir, e o nelfinavir ↑ níveis séricos de rifabutina). Bloqueadores de cálcio (possibilidade de aumento dos níveis séricos dos bloqueadores). Monitorar toxicidade. Saquinavir (↑ níveis séricos de SQV). Não há necessidade de ajuste de doses. Nevirapina (↑ níveis séricos de NFV). Não há necessidade de ajuste de doses. Atenção: Etinilestradiol e noretindrona (↓ níveis séricos dos hormônios). Usar métodos contraceptivo alternativo ou adicional. julho 1999 7 AIDS-01.PM5 18/1/2001, 13:473 Boletim Epidemiológico Ano XVII nº 1 6. Coleta de Material e Seguimento clínico/laboratorial do profissional acidentado: 1 – Relatar a história do acidenta- do em uma ficha de evolução clínica para documentação do caso. Na anamnese deve-se perguntar a profissional aci- dentada (sexo feminino) qual foi a data da sua última mens- truação, para descartar gravi- dez. Para as gestantes, vítimas de acidente profissional, os benefícios da utilização dos antiretrovirais e os riscos ine- rentes para o concepto não são conhecidos e devem ser dis- cutidos e analisados conjunta- mente com o médico caso a caso. Dependendo do tipo de exposição, material fonte e gravidade do acidente, a pro- fissional acidentada deve ser informada dos riscos e se optar e insistir pelo uso dos antiretro- virais a mesma deverá assinar um termo de consentimento. Sabe-se que o AZT traz bene- fícios e pode ser administrado com segurança no segundo e terceiro trimestres da gravidez. Não se tem, ainda, a mesma segurança com relação à utili- zação de outros antiretrovirais na gestação. 2 – Verificar o prontuário do pa- ciente fonte (resultados soro- lógicos do mesmo), solicitar exames que por ventura sejam necessários para identificar a necessidade de medidas adi- cionais de profilaxia ao aci- dentado, como por exemplo: paciente fonte HbsAg, reco- mendar profilaxia para Hepa- tite B. 3 – O SCIH ou setor responsável deverá proceder à coleta de amostra de sangue do profis- sional de saúde para sorologia imediata para HIV, HbsAg, Anti-HBs e Anti HCV. A iden- tificação da amostra deve ser codificada, buscando preser- var o sigilo e evitando cons- trangimentos para o profissio- nal acidentado. 4 – Seguimento clínico/laborato- rial. O anti-HIV deverá ser colhido: na data do acidente (até no máximo 15 dias de- pois), aos 45 dias (06 sema- nas), 90 dias (03 meses) e 180 dias (06 meses) após o mesmo. Os exames bioquímicos (ami- lase, bilirrubinas, creatinina, fosfatase alcalina, TGO, TGP e uréia) hemograma comple- to e urina tipo I deverão ser realizados antes do início dos antiretrovirais, 15 dias após o início e ao término dos 30 dias da medicação para avaliação da função hepática e renal do acidentado devido aos efeitos adversos dos antiretrovirais. A avaliação clínica deverá ser semanal durante o uso dos antire- trovirais e a situação vacinal do acidentado para Hepatite B e situa- ção sorológica para a Hepatite B e C devem ser investigadas. O tratamento tem como objeti- vo principal evitar a contamina- ção, e também buscar o restabe- lecimento do equilíbrio psicológi- co. Sendo assim, além do acom- panhamento sorológico faz-se ne- cessário o aconselhamento em to- das as etapas do seguimento, in- cluindo orientações como: evitar a amamentação, usar preservativos em relações sexuais, e não doar sangue durante o período de acompanhamento (clínico/labora- torial), que deverá ser de seis me- ses, nos casos que houver risco para aquisição para o HIV. Vale lembrar que este indivíduo pode se expor ao risco de adquirir estas infecções em seu cotidiano e que isto deve ser, previamente e cuidadosamente, investigado para descartar outras situações de risco; além do que, deve ser este um mo- mento oportuno para reforçar as orientações gerais de prevenção. Referências Bibliográficas 1 – Bartlet JG. Medical Management of HIV Infection. John Hopkins University School of Medicine, 1998. 2 – Biossegurança – Atualidades em DST/Aids. Ano I, número 01, junho de 1998. 3 – Cardo, DM. Comunicado em aula do V Congresso Brasileiro De Controle de Infecção Hospitalar. Rio de Janeiro – RJ. 24-27/11/1996. 4 – CENTERS FOR DISEASE CONTROL. Update: provisional public health service recommendations for chemoprophylaxis after occupational exposure to HIV. MMWR, v. 45, n. 22, p. 468 - 472, 1996. 5 – CENTERS FOR DISEASE CONTROL. MMWR, v. 47, n. RR 07, pp. 01-33, 1998. 6 – Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação Nacional de DST e AIDS. Manual de Condutas. Exposição Ocupacional a Material Biológico: Hepatite e HIV. 8 julho 1999 AIDS-02.PM5 18/1/2001, 16:024 Ano XVII nº 1 Boletim Epidemiológico RECOMENDA˙ˆO PARA PROFILAXIA DE HEPATITE B PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE EXPOSTOS A MATERIAL BIOLÓGICO Paciente Fonte HBsAg POSITIVO ou desconhecido COM RISCO* 01 dose de (HBIG) 1 e iniciar esquema vacinal** ou completar vacinação Não Imunizar 01 ou 02 doses de HBIG 4 e Revacinar 5 Fazer Anti-HBsAg 6 Com Resposta Adequada Não Imunizar Sem Resposta Adequada 01 ou 02 doses de HBIG 4 e Revacinar 5 Situação do Profissional da Saúde Exposto Não Vacinado ou Vacinação Incompleta Vacinado com Resposta Adequada 2 Vacinado sem Resposta Adequada 3 Vacinado Resposta Não Conhecida Paciente Fonte HBsAg DESCONHECIDO SEM RISCO Iniciar Esquema vacinal** ou completar esquema vacinal Não Imunizar Revacinar 5 Fazer Anti-HBsAg 7 Com Resposta Adequada Não Imunizar Sem Resposta Adequada Revacinar 5 Paciente Fonte HBsAg NEGATIVO Iniciar Esquema vacinal** ou completar esquema vacinal Não Imunizar Revacinar 5 Não Imunizar Fonte: modificado do MMWR, vol. 46, nº RR. 18, 1997. * pacientes politransfundidos, com cirrose, em hemodiálise, HIV+, usuário de drogas. ** A vacina Anti-Hepatite B consiste em 03 doses (0, 1 e 6 meses). 1 HBIG o mais precocemente possível até 7 dias após acidente/dose 0.06ml/kg administrada por via IM. Solicitar o HBIG-Imunoglobulina Humana contra a Hepatite B aos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. 2 Anti-HBsAg ≥ 10 UI/ml. 3 Anti-HBsAg ≤ 10 UI/ml. 4 Apenas para as pessoas que mesmo após revacinação continuem sem resposta adequada. 5 Administrar novamente 03 doses da vacina contra Hepatite B (0, 1 e 6 meses). Caso continue sem resposta adequada, cada caso será discutido individualmente. 6 Na impossibilidade de fazer o teste Anti-HBsAg tratar o profissional acidentado com 01 dose de HBIG + 01 dose de vacina contra Hepatite B. 7 Na Impossibilidade de fazer o teste Anti-HBsAg tratar o profissional acidentado com 01 dose de vacina contra Hepatite B. julho 1999 11 AIDS-02.PM5 18/1/2001, 16:025
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