Buscar

O Processo de Envelhecimento no Serviço Social

Prévia do material em texto

Sistema de Ensino Presencial Conectado
serviço social
jussara da silva rêgo
O 
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Juazeiro
2013.2
jussara da silva rêgo
O 
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador: Prof. Rodrigo Eduardo 
Zambom
Juazeiro
2013.2
Londrina, _____de ___________de 20___.
jussara da silva rêgo
O 
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao professor Rodrigo Eduardo 
Zambom
 da disciplina de orientação de monografia do curso de Bacharel em Serviço Social modalidade à distância, ministrado pela Universidade Norte do Paraná, em cumprimento às exigências para a conclusão da disciplina.
Aprovada em:
___
___________________________________________
Coordenador do Curso de 
Bacharel em Serviço Social
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________
Professor (a) Especialista 
_____________________________________________________________
Banca Examinadora 
1
_____________________________________________________________
Banca Examinadora 
2
Juazeiro-BA
2013.2
Dedico este trabalho...
 
Dedico este trabalho
 
a
 Deus por tudo que tens feito na minha vida e pelas vitórias alcançadas
agradecimentos
Agradeço a Deus, por ter nos dado a dádiva da existência, me acompanhado e me iluminado em cada dia de minha vida.
 A Equipe Espiritual que me acompanha e que nos momentos mais difíceis, me fortaleceram e incentivaram a não desistir da vida e nem dos meus sonhos.
Os meus colegas de classe Murilo Ailson Gonçalves e Tatiana que deixaram o vínculo de amizade, companheirismo e solidariedade.
Aos tutores que me fizeram acreditar que estava no caminho certo, em confiar na minha escolha, abrindo novos horizontes na minha vida.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nessa caminhada profissional, e tenham contribuído para o meu crescimento.
A todos, muito obrigado.
AGRADECIMENTO IN MEMORIA
Ao amigo querido Frederico Ozanan Rivelli Cardoso,que me incentivou na escolha dessa profissão. 
Muito obrigado!
“
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.” 
Charles 
Chaplín
.
RÊGO, Jussara da Silva. O Processo de envelhecimento. 2013. 58 pag. Trabalho de Conclusão de Curso Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Juazeiro, 2013.
RESUMO
O referido trabalho reúne dados de pesquisas bibliográficas e de campo sobre o processo de envelhecimento nos aspectos cronológico e biológico. Foi abordado o porquê do processo de envelhecimento, haja vista que o mesmo tem despertado interesses em diversas áreas do saber, fez-se, assim, um resgate sobre as conquistas, bem como a aplicabilidade do Estatuto do Idoso e do Conselho Nacional dos Direitos do idoso. Ressalta-se ainda como ter um envelhecimento saudável haja vista que a saúde do idoso está em primeiro lugar.
Palavras-chave: Processo de envelhecimento, Conquistas, Estatuto do Idoso, Política Nacional do idoso, Saúde, Idoso.
RÊGO, Jussara da Silva. The aging process. 2013. 58 pag. Trabalho de Conclusão de Curso Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Juazeiro, 2013.
ABSTRACT
Such work brings together data from literature searches and field on the aging process in chronological and biological aspects. Was addressed why the aging process, given that it has aroused interest in several disciplines, became thus a rescue on the achievements as well as the applicability of the Elderly and the National Council of Human Rights elderly. It is noteworthy how to have healthy aging given that elderly health comes first.
Keywords: Aging process, Achievements, the Elderly, the National Policy for Elderly Health, Elderly.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	CNDI
	Conselho Nacional dos Direitos do Idoso
	IBGE
	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
	INPS
	Instituto Nacional de Previdência Social
	OMS
	Organização Mundial da Saúde
	ONU
	Organização das Nações Unidas
	SINPAS
	Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
	
	
	
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	11
2	CAPITULO I - PROCESSO DE ENVELHECIMENTO	13
3	CAPITULO –II	16
3.1	Fatores que contribuem para o envelhecimento	16
4	CAPITULO III	19
4.1	Envelhecimento saudável	19
5	CAPITULO IV – AS CONQUISTAS	21
5.1	Direitos humanos	21
5.2	Políticas públicas	21
5.3	A Constituição Federal 1988	21
5.4	Política Nacional Do Idoso	23
5.5	Conselho Nacional Dos Direitos Do Idoso	23
5.6	Estatuto Do Idoso	24
5.7	Plano de ação internacional para o envelhecimento	26
5.8	Orientação do plano – promoção da saúde e bem-estar na velhice	28
6	CAPITULO V	31
6.1	Qualidade de vida e bem-estar	31
6.2	Eventos estressantes na vida do idoso	32
7	CAPITULO VI	35
7.1	Perdas na terceira idade	35
8	CAPITULO VII	37
8.1	Educação na terceira idade	37
9	CAPITULO VIII	40
9.1	Mudança na vida das pessoas em processo de envelhecimento	40
10	CAPÍTULO IX	42
10.1	O impacto social na vida da pessoa idosa	42
10.2	Crise de identidade e mudanças de papéis	42
10.3	Trabalho e aposentadoria	43
10.4	Violência	44
10.5	Exclusão social	45
10.6	O envelhecimento e ação do profissional de serviço social	46
10.7	Família e pessoa idosa	49
10.8	Percepção da idade	49
10.9	Lazer e acessibilidade	49
10.10	Saúde e atividade física	50
10.11	Violência	51
10.12	Preconceito	51
10.13	Aposentadoria	51
11	CONSIDERAÇÕES FINAIS	52
12	REFERÊNCIAS	54
INTRODUÇÃO
Conforme predito no Estatuto do Idoso, que regulamenta os direitos dos cidadãos, idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos, que precisa ter garantido o direito à vida, à liberdade, ao respeito, à reabilitação e à convivência familiar. É imprescindível ressaltar a promulgação da Lei 8.842, que dispõe sob e a Política Nacional do Idoso, e visa assegurar-lhe os direitos sociais, criando-lhe condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, visto que as pessoas da terceira idade não devem ser tratadas como responsabilidades isoladas, e sim solidárias e subsidiárias entre família, sociedade e Estado, a fim de garantir um envelhecimento digno a todo cidadão. 
O presente trabalho apresenta, como tema, o processo do envelhecimento: fatores que contribuem para o envelhecimento, bem como o envelhecimento saudável, as conquistas como: Direitos Humanos, Políticas Públicas, A CF de 1988, a Política Nacional do Idoso, o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, o Estatuto do Idoso, o Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, a orientação do plano promoção da saúde e bem-estar na velhice.
Trata ainda este trabalho da qualidade de vida e bem-estar, eventos estressantes na vida do idoso, perdas e educação na terceira idade, mudança na vida das pessoas em processo de envelhecimento. E tem como objetivos específicos: analisar a relação família/idoso e idoso/sociedade; verificar a satisfação dos idosos em relação a sua idade, e observar quais os impactos sociais na vida da pessoa idosa. 
Ressalta-se, ainda, que a escolha do tema surgiu a partir da percepção de que a pessoa idosa, em nossa sociedade, ainda é vista com discriminação, fato que gera vários impactos sociais em sua vida. Diante do exposto, questiona-se: como as pessoas idosas se percebem em relação à sociedade?
De acordo com o censo demográfico apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em 1980, o percentual de pessoasidosas no mundo era de 6,1% e, em 2000, esse percentual chegou a quase 8%. Segundo a mesma estimativa, em 2020, perto de 14% da população será considerada velha. 
O aumento do número de pessoas idosas é consequência da melhoria na qualidade de vida. Esse aumento despertou grandes interesses empíricos e teóricos sobre o idoso, a velhice e o envelhecimento. A partir daí, há uma preocupação com o atendimento a esse segmento nas áreas sociais, médicas e educacionais, fator que gera a necessidade de mudanças nas Políticas Públicas. 
Do ponto de vista demográfico e individual, o envelhecimento é definido pelo número de anos vividos. Assim, são considerados velhos aqueles que alcançaram 60 anos de idade. Na dimensão biológica, por sua vez, o envelhecimento é definido como o:
 “processo de mudanças universais pautados geneticamente para a espécie e para cada indivíduo, que se traduz em diminuição da plasticidade comportamental, em aumento da vulnerabilidade, em acumulação de perdas evolutivas e no aumento da probabilidade de morte” (NERI, 2001, p.46). 
Em outras palavras, traduz-se em declínio físico, além da perda de papéis sociais (familiar e produtivo). Todavia, paralelamente à evolução cronológica e ao declínio biológico, coexistem fenômenos de natureza biopsíquica, social e econômica, importantes para configuração das diferentes formas de envelhecer. A metodologia utilizada para a concretização deste trabalho foi uma pesquisa bibliografia pesquisa bibliográfica sobre o envelhecimento, politicas públicas, idade biológica, idade cronológica, violência, exclusão social, trabalho e aposentadoria, dentre outros que nos deram suporte para a conclusão do trabalho. 
Dentre os autores estudados, destacam-se: Teixeira (2008); Zimerman (2000) e Beauvoir (1990). 
Este trabalho está dividido em capítulos e uma parte conclusiva, cujos temas já foram mencionados. 
CAPITULO I - PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
O Processo de Envelhecimento têm ganhado maior atenção nas últimas décadas. Os pesquisadores de diversas áreas do conhecimento procuram compreender melhor esse fenômeno, que vem se destacando na mídia, nos debates políticos e constitucionais. Nos países em processo de desenvolvimento se considera o idoso, todo o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos.
Como podemos observar nos dados do IBGE, a população idosa vem crescendo gradativamente ao longo dos anos.
 “o crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingentes alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1900 milhões de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade (IBGE,2000, p.247). 
Esse fenômeno novo para a sociedade traz consigo mudanças nos diversos âmbitos, na área de saúde, assistência, lazer, influenciam na criação de programas e serviços destinados a essa faixa etária.
As populações envelhecem em consequência de um processo chamado de transição demográfica (mudanças no perfil etário das populações, aumento da expectativa de vida e redução de natalidade), no qual a uma mudança de uma situação de mortalidade e natalidade elevadas, com populações predominantemente jovens, para uma situação com mortalidade e natalidade baixas, com aumento da proporção de velhos (COSTA et al, 2001, p. 184-200).
A partir dos anos sessenta, com o advento de métodos contraceptivos mais eficazes, as taxas de fecundidade caíram vertiginosamente, no Brasil, a taxa de fecundidade total diminuiu de 5,8 filhos por mulher em 1970, para de 2,3 filhos, em 2000 (KALACHE, 1998). Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças, vinte anos depois essa relação praticamente dobra, passando para quase 30 idosos para cada 100 crianças (KALACHE,1998).
O Brasil passa também pelo processo de transição epidemiológica indica modificações em longo prazo (padrões de mortalidade, invalidez e morte). Esse processo caracteriza-se pela diminuição da mortalidade por doenças transmissíveis, aumento de mortalidade por doenças não-transmissíveis e por causas externas, com deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens para os mais idosos e transformações de uma situação em que predomina a mortalidade para outra, em que a morbidade é dominante. Nos anos noventa, cerca de 40% das mortes no país ocorreram após os 64 anos de idade (COSTA et al., 2000).
O processo de envelhecimento caracteriza-se por diminuição da reserva funcional, que somada aos anos de exposição a inúmeros fatores de risco, tornam os idosos pessoas mais vulneráveis às doenças.’
Os processos de transição demográfica e epidemiológica determinam importantes desafios para o Brasil, principalmente para seus frágeis sistemas de saúde e previdenciário entre eles: populações envelhecendo rapidamente com aumento desproporcional das faixas etárias mais elevadas, predominância de mulheres (viúvas), diminuição do tamanho das famílias (número de filhos igual ao número de avós), de pessoas disponíveis para o cuidado de idosos, aumento dos domicílios sob responsabilidade de idosos, seguridade social inadequada (diminui número de pagantes e aumenta o de beneficiários), aumento da prevalência das doenças crônicas, aumento do número de indivíduos de alta dependência e mais gastos com saúde (BRASIL, 2003).
Outra transição é a Econômico-Social, que se manifestam em novos arranjos familiares, novas exigências por serviços de educação, proteção e seguridade social, busca de oportunidades de trabalho e renda. O Brasil esta envelhecendo mais rápido que se previa.
De acordo com KALACHE (1987) o envelhecimento da população brasileira é de fato irreversível, e é de suma importância observar os fatores associados a este processo, que precisam ser tratados de forma prioritária para evitar o aumento da miséria e condições precárias para esta população que está envelhecendo.
O aumento da população idosa é um desafio, que requer trabalho, discussões e políticas públicas e sociais que atendam a essa categoria. A sociedade civil, a família e o Estado devem estar unidos em defesa e cuidado com a população idosa que esta em amplo crescimento.
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. ART.3-ESTATUTO DO IDOSO.
As políticas públicas, principalmente na área da saúde precisam se preocupar mais com as transformações em médio e longo prazo dos padrões de morbidade, invalidez e morte. Outro fato importante a ser considerado é que a saúde para população idosa não se restringe ao controle e à prevenção de agravos de doenças crônicas não-transmissiveis. A saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, mental, emocional, independência financeira, capacidade funcional e o suporte social.
A pessoa idosa se depara frente a um novo quadro, influenciando significativamente no seu processo de envelhecimento, são que interferem na vida e no pensamento dos idosos e como estes irão atuar frente a essas transformações. São mudanças que ocorrem no meio social, político e econômico: Mudanças Sociais – surgem espaços voltados à pessoa idosa como por ex: os centros de convivência, as universidades abertas para a terceira idade, entre outros programas. Mudanças políticas – criação de leis e programas que atendam esta nova categoria ex: A Constituição Federal de 1988, Estatuto do Idoso em 2003, entre outras; Mudanças Econômicas – Aplicação de recursos do Estado nas áreas de assistência, previdência social e saúde.
As consequências dessas transformações requerem também mudanças de mentalidade e postura, reconhecer a responsabilidadedo Estado na condução das políticas públicas que assegurem envelhecer com segurança, dignidade e cidadania como exercício pleno de direito.
De acordo com as projeções da OMS, entre 1950 e 2025, a população de idosos no país crescerá dezesseis vezes contra cinco vezes a população total, o que nos colocará, em termos absolutos, como a sexta população de idosos do mundo (KELLER et al.,2002, p.1513-1520).
CAPITULO –II
Fatores que contribuem para o envelhecimento
Cada fase de nossa vida é única, e como tal deve ser vivida. O dom da vida que nos foi dado deve ser sempre valorizado no momento atual, pois não sabemos até quando vai nossa missão nesse pequeno espaço que ocupamos. Viver bem, sem preocupação, não se entregar ao ócio é muito importante para as pessoas mais maduras.
As medidas que são dispensadas as crianças nos primeiros anos de vida, o mesmo deve acontecer com o idoso, que já tem sua vacinação contra gripe já delineada no calendário do governo. Não deixe seu idoso isolado e sem nenhuma tarefa a fazer, mantenha bem alimentado, hidratado, com uma ocupação ideal para ele e que participe se possível de todas as atividades atinentes a sua idade (TAVARES, 2003).
O avanço da medicina e a melhora da qualidade de vida são as principais razões para uma elevada expectativa de vida. As discussões na segunda metade do século passado, os estudos experimentais e clínicos multiplicaram-se e passaram a ser discutidos e mais bem aprofundados sobre o tema. Hoje é uma preocupação mundial desenvolver estratégicas para garantir que a vivência do final do ciclo de vida possa acontecer de forma autônoma e qualitativamente positiva. Esse processo depende, sobretudo não apenas da nossa condição genética, mas, também de hábitos que temos ao longo da vida.
Vários fatores afetam a longevidade, um dos fatores importantes são o estilo de vida e a hereditariedade.
A contribuição hereditária e sua interação com o ambiente incidem no aumento de modificações biológicas ao longo do tempo. Este fato demonstra que fatores ambientais, como estilo de vida e dieta, desempenham papel fundamental no envelhecimento. Ou seja, à genética não determinística, cada vez mais pode ser manipulada em benefício da saúde. Os estudos da genética do envelhecimento e das doenças proporcionam cada vez mais instrumentos clínicos para beneficiar as pessoas idosas.
O organismo humano passa por diversas fases e o inicio da terceira fase é marcado fundamentalmente por uma série de mudanças que vão desde o nível molecular até o morfofisiológico. Nessa fase acontecem as primeiras alterações funcionais e/ou estruturais atribuídas ao envelhecimento. A diminuição da capacidade fisiológica, a redução da habilidade, o aumento da suscetibilidade e vulnerabilidade as doenças.
Para TROEN, existiriam dois tipos de envelhecimento: o biológico normal e o usual. O envelhecimento normal envolve as mudanças biológicas inexoráveis e universais, características do processo, tais como cabelos brancos, rugas, menopausa, perda da função renal e outras. Entretanto, no envelhecimento usual, além destas alterações biológicas, observamos o aumento da prevalência de doenças crônicas. Essas doenças se originam do acúmulo de danos, ao longo da vida, oriundos, sobretudo da interação entre fatores genéticos como hábitos não-saudáveis.
Há outros fatores que afetam a longevidade tais como:
Fatores do estilo de vida: como uma dieta desbalanceada, tabagismo, etilismo e sedentarismo. Um estilo de vida inapropriado acaba aumentando a ineficiência metabólica, tudo isso torna o indivíduo pouco a pouco mais suscetível a lesões orgânicas, culminando no desencadeamento de patologias, determinando maior ou menor suscetibilidade e vulnerabilidade a doenças e em último caso a morte.
Fatores ambientais também podem encurtar a expectativa de vida. Fatores econômicos definem o acesso das pessoas aos cuidados médicos disponíveis. Fatores sociais têm papel importante na saúde dos idosos. As pessoas de idade que mantêm contato social regular, apresentam auto nível mais baixos de problemas médicos. Um alto nível de educação também afeta o nível de saúde, estando associados.
Fatores psicológicos podem complicar as doenças de pessoas idosas, como por exemplo: a depressão que resulta em perda da independência ou perda de amigos e entes queridos. Por essas razões, os geriatras recomendam cuidados multidisciplinares que planejam programas de tratamento.
A adoção de um estilo de vida mais saudável pode prevenir e até reverter vários tipos de doenças. É muito importante que o envelhecimento seja acompanhado por condições que levem ao bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, saúde e educação.
Na maioria das vezes o que acontece é que essa faixa etária perde a motivação pela vida, depois de ver os filhos crescerem, a carreira profissional em seu auge e o nascimento dos netos. Por isso tudo é preciso desenvolver outras atividades para que, ao parar de trabalhar, por exemplo, a pessoa não pare a sua vida totalmente.
É necessário fazer planos e perceber que envelhecer é inevitável, e que isso vai levar, consequentemente, a um declínio de algumas funções. Mas apesar desses exemplos negativos, é possível afirmar que cada vez é maior o número de pessoas que começam a perceber que é possível ter qualidade de vida na terceira idade.
CAPITULO III
Envelhecimento saudável
Todo mundo quer viver mais e melhor, mas é necessário investir, dedicar mais tempo ao corpo, a mente, a saúde e ao bem-estar. Mudanças são necessárias no estilo de vida optar por hábitos saudáveis como atitude de manter o peso, controlar o estresse, se alimentar adequadamente, não fumar, adotar esses pequenos hábitos faz toda a diferença.
Envelhecer sem saúde pode ser consequência das ações individuais de cada um, dependendo das escolhas que fazemos, por exemplo, de viver só ou acompanhado, com mau-humor ou bom-humor, isolado, acomodado, depressivo, viciado ou não. O mau humor acaba afastando as pessoas das outras, e que o idoso ao sentir-se sozinho acabará adoecendo. É preciso buscar suportes sociais que sirvam de apoio para a prevenção de possíveis problemas. NERI comenta que o suporte social é definido como presença de outras, e /ou dos recursos psicológicos e materiais fornecidos por familiares e/ou amigos, antes e depois de um evento de vida estressante.
Fica evidente a constante necessidade de adaptação às mudanças decorrentes do processo de envelhecimento, mudar a maneira de ver a velhice, deixando de vê-la como uma fase de perdas e incapacidades para enxerga como uma nova fase a ser explorada e vivida da melhor forma que puder.
Os idosos têm a concepção que é preciso cuidar de si mesmo, através de atividades como caminhada, hidroginástica, prática de exercícios físicos, atividades recreativas, entendem que os benefícios dos exercícios físicos proporcionam uma vida mais saudáveis, garantindo-lhes espaço social e cultural permitindo-lhe redescobrir valores e sentimentos como o da autoestima. Compreendem que as atividades recreativas, como participarem de atividades sociais, passear, viajar etc. são necessárias, no entanto, eles mostram ter um pouco de restrição, pois essas atividades necessitam de recursos financeiros uma vez que não possuem suficientemente. A maioria dos idosos que participam de programas sociais, e frequentam centros de convivência salientam que a falta das condições adequadas para usufruírem de lazer, educação, alimentação entre outros direitos de cidadania.
Deste modo, as estratégias utilizadas para gastar pouco e ter lazer estão à realização e/ou participação de atividades mais simples, que proporcionam distração, diversão e alegria de viver, como por exemplo, caminhadas, participação em festas, bailes, ir à igreja, participar de coral, atividades artísticas como bordados, costura e outros.
SOARES E SILVA relata que o indivíduo, ao participar de atividades de lazer, estabelece relação com as pessoas e com o mundo, condição que favorece o inter-relacionamentopessoal e a interação ambiental, contribuindo, assim, para uma melhor qualidade de vida.
Enfatizando que o lazer deve fazer parte do cotidiano, como forma eficaz para aliviar as tensões e diminuir o estresse.
NERI diz que uma velhice bem-sucedida, preserva o potencial individual para o desenvolvimento respeitando os limites da plasticidade de cada um. Deste modo, é extremamente importante que os profissionais e pessoas mais próximas incentivem as iniciativas, a tomada de decisão por eles próprios, uma vez que o senso de independência também contribui para manter o bom nível de saúde mental e física. A religiosidade também tem sido considerada como forte potencial de significado pessoal e bem-estar espiritual, de aceitação da morte, do encontro de um sentido de transcendência para a vida, e de satisfação com a vida, NERI.
A contribuição dos profissionais ou familiares para ajudar os idosos que estão próximos a envelhecerem bem, sobretudo rever conceitos e preconceitos em relação à velhice, acreditar que o envelhecimento bem-sucedido é possível, mas que precisa ser desejado, construído e consolidado, a partir da busca da qualidade ao longo de todo o curso da vida.
CAPITULO IV – AS CONQUISTAS
Direitos humanos
Por direitos humanos podemos entender como sendo aqueles direitos correspondentes às necessidades essenciais da pessoa humana e devem ser atendidos para que possam viver com dignidade. O direito à vida, à liberdade, à igualdade e, também ao pleno desenvolvimento da personalidade são alguns exemplos desses direitos. Todas as pessoas devem ter asseguradas desde o seu nascimento e durante toda vida, as mínimas condições necessárias para viver com dignidade.
Políticas públicas
As políticas públicas de atenção ao idoso se relacionam com o desenvolvimento sócio econômico e cultural, bem como com a ação reivindicatória dos movimentos sociais.
Surgem muitas vezes provocadas pelos cidadãos que sentem a necessidade de algum serviço específico ou da falta de solução para problemas que estão passando. A sociedade civil, por meio das suas mais diversas organizações, pressiona o estado para ofertar uma política pública.
Um dos papeis que o estado democrático deve desenvolver é o planejamento e execução das políticas públicas. Elas nada mais são do que ações que o governo realiza com a finalidade de atender aos interesses e necessidades do cidadão em outras palavras as políticas são as decisões de governo em diversas áreas (saúde, habitação, assistência social e educação, transporte etc.) que influenciam a vida de um conjunto de pessoas.
Mas para que sejam efetivadas e possam alcançar os resultados esperados, elas devem contar com a participação dos cidadãos, na fiscalização e na sua realização.
A Constituição Federal 1988
Representa um marco importante na trajetória de lutas pelos direitos da pessoa idosa, trouxe a possibilidade da participação efetiva da sociedade no desenvolvimento das políticas públicas, através dos conselhos paritários, e colaborou para garantir a elaboração de diversas leis, que vieram atender as expectativas demandadas pelos diversos segmentos sociais. Ela introduziu em suas disposições gerais o conceito de seguridade social, alterando o enfoque estritamente assistencialista da rede de proteção social, passando a ter uma conotação ampliada de cidadania (PIOVESAN, 2002).
Promulgada em 1988, a Constituição Federal contempla as pessoas idosas em seus artigos 14, 40, 201, 203, 229 e 230.
Para sistematizar melhor essa retrospectiva histórica, é necessário fazer um resgate do que aconteceu a partir da década de 70, quando até então todo o trabalho realizado com idosos no Brasil era de cunho caritativo, desenvolvido especialmente por ordens religiosas ou entidades leigas filantrópicas, (TAVARES, 2003).
No início de 70 começou a surgir um número significativo de idosos em nossa sociedade, preocupando alguns técnicos da área governamental e do setor privado, o que provocou o despertar dessas pessoas para a questão social do idoso. Precisamente no ano de 1976, por inspiração e coordenação do gerontólogo Marcelo Antonio Salgado e com o apoio do então Ministro da Previdência e Assistência Social, Luiz Gonzaga do Nascimento e Silva, realizaram três seminários Regionais, em São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza e um Nacional, em Brasília, buscando um diagnóstico para a questão da velhice em nosso país e apresentar as linhas básicas de uma política de assistência e promoção social do idoso.
Desses Seminários resultou um acervo de informações sobre a situação do idoso na sociedade brasileira, o qual analisado e organizado pela então Secretaria de Assistência Social, do Ministério, deu origem a um documento, extremamente importante, intitulado: Políticas para 3ª idade – Diretrizes Básicas. Assim o ano de 1976 foi o Marco de uma nova era nas atenções públicas com relação à velhice.
No ano anterior, havia surgido o primeiro Programa, em nível nacional, por iniciativa do então INPS. Foi o chamado PAI, Programa de Assistência ao idoso e que consistia na organização de grupos de convivência para idosos previdenciários, nos Postos de atendimento desse Instituto, (TAVARES,2003).
Com a reforma da Previdência, em 1977, criou-se o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, o Programa passou para a Fundação Legião Brasileiro de Assistência que se tornou responsável pelo atendimento ao idoso em todo o território nacional, (PIOVESAN, 2002).
Política Nacional Do Idoso
Estabelecida pela Lei n.8.842-1994, criou normas que definiram os direitos sociais dos idosos, garantindo a autonomia, a integração e sua participação efetiva, por meio de canais institucionais de participação popular como o Conselho do Idoso. Teve como objetivo criar condições reais para a promoção da longevidade com qualidade de vida, colocando em práticas ações voltada, não apenas para os que estavam mais velhos, mas também para aqueles que iriam envelhecer.
A implantação dessa lei estimulou a articulação dos ministérios setoriais para o lançamento, em 1997, de um Plano de ação governamental para integração da política nacional do idoso.
A conclusão é que, salvo algumas iniciativas isoladas e meritórias, os órgãos oficiais não atinaram para a gravidade do problema e a necessidade de medidas práticas e imediatas para minorar essa aflitiva e gravíssima situação. No momento é importante a sociedade como um todo e a iniciativa privada participarem dessa empreitada.
Conselho Nacional Dos Direitos Do Idoso 
Em 13 de maio de 2002, o decreto n.4.227, cria o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso – CNDI, e dispõe sobre a criação, competência e composição do CNDI, órgão de caráter consultivo para supervisionar e avaliar a Política Nacional do idoso; elaborar proposições; acompanhar a implementação da política nacional do idoso, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; propiciar assessoramento aos conselhos estadual, do Distrito Federal e municipal; zelar pela efetiva descentralização político-administrativa e pela participação de organizações representativas dos idosos na implementação de política, plano, programas e projetos de atendimento ao idoso; zelar pela implementação dos instrumentos internacionais relativos ao envelhecimento das pessoas, dos quais o Brasil seja signatário. (livro políticas sociais II, pg.,23)
Estatuto Do Idoso
Lei n. 10.741/2003 é o expoente máximo da legislação protético ao idoso. Visa regular o direito assegurado às pessoas com idade igual ou superior a 60(sessenta) anos (art.1º).
Em seu art. 3º,preconiza que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade( prioridade esta assegurada após a criança e o adolescente conforme art. 227 da CF), a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária, especificando, ainda, no parágrafo primeirodo mesmo artigo, o que vem a ser a sobredita prioridade.
O Estatuto veda qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão ao idoso, sendo todo o atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, punido, bem como é dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso (art.4º).
Todo o cidadão que tenha testemunhado ou tenha conhecimento de qualquer forma de violação ao Estatuto tem o dever de comunicar o fato à autoridade competente, sob pena de ser responsabilizado, o mesmo se aplicando à pessoa jurídica (art.5º e 6º).
No título dos direitos fundamentais do idoso, temos os seguintes capítulos: a) do direito à vida – arts. 8º e 9º - O direito ao envelhecimento é um direito de todo ser humano, daí o Estatuto considerá-lo um direito personalíssimo; b) do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade - art. 10 – O respeito e a dignidade decorrem do pleno exercício de sua liberdade, entendendo-se liberdade como autonomia, como capacidade de exercer com consciência os seus direitos, sendo dever de todos colocar o idosos a salvo de qualquer tratamento desumano ou constrangedor;
C) dos alimentos – art.11 a 14 – interessante destacar neste item é que agora a obrigação alimentar passa a ser solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores, ou seja, os pais podem escolher dentre os filhos para prestar alimentos; d) do direito à saúde – art. 15 a 19 – destaca-se aqui o dever do Poder Público em fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação e reabilitação. Além disso,há a previsão de atendimento domiciliar, incluindo a internação, para o idoso que dele necessitar e esteja impossibilitado de se locomover; e)da educação, cultura,esporte e lazer – art. 20 a 25 – a fim de inserir o idoso no processo cultural,o Estatuto garante que a participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais; f)Da profissionalização e do trabalho – art. 26 a 28 – na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação delimite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo exigir; g) Da previdência social – art. 29 a 32 – a data-base dos aposentados e pensionistas passa a ser o dia 1º de maio; h) Da assistência social – art.33 a 36 –é assegurado aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos e que não possuem meios para prover sua subsistência, nem detê-la provida por sua família, o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo; i) Da habitação – art.37 e 38 – o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para a moradia própria, nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos; j) Do transporte – art. 39 a 42 – seguindo o que determina a CF, é assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, aos maiores de 65 (sessenta e cinco)anos, bastando, para tanto, que o idoso apresente qualquer documento pessoal que identifique sua idade, sendo reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os mesmos. A legislação local poderá dispor sobre as condições para o exercício de tal gratuidade às pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos. O idoso que comprove renda de até 02 salários mínimos também tem direito ao transporte coletivo interestadual gratuito, sendo assegurada a gratuidade de duas vagas por veículo e o desconto de 50% no valor da passagem que exceder à reserva de vagas.
Sem duvida o Estatuto do Idoso é uma das maiores conquistas dessa faixa etária.
Plano de ação internacional para o envelhecimento
Em abril de 2002 em Madri, foi realizada a II Conferência Mundial do Envelhecimento, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse encontro resultou na elaboração do Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento.
No documento, a ONU prega a necessidade de promover uma abordagem positiva do envelhecimento e de superar os estereótipos que estão associados aos idosos. O plano expõe diversas estratégias para enfrentar o desafio do envelhecimento da população, além de apresentar, aos responsáveis pela formulação de políticas de todo o mundo, um conjunto de 117 recomendações, que abrangem três esferas prioritárias: pessoas idosas e desenvolvimento, promover a saúde e o bem-estar na velhice, e assegurar um ambiente propício e favorável.
Vinte anos se passaram deste o primeiro documento mundial que serviria de guia para as políticas sobre o envelhecimento. Desde então, o mundo mudou, o que não mudou foi o objetivo fundamental que é construir uma sociedade apropriada para todas as pessoas, de todas as idades.
Precisamos refletir sobre esse fenômeno extraordinário que o mundo está passando. Até 2050, o número de idosos aumentará em aproximadamente de 600 milhões a quase 2 milhões. No decorrer dos próximos 50 anos haverá no mundo, pela primeira vez na historia mais pessoas acima de 60 anos que menores de 15. E esse aumento será maior nos países em desenvolvimento.
Semelhante revolução porá desafios formidáveis em um mundo que já está se transformando, em virtude da globalização, da migração e das mudanças econômicas.
O Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, menciona alguns desafios e é preciso que comecemos a nos preparar para enfrentá-los.
Devemos reconhecer que, sendo maior o número de pessoas que recebem melhor educação e desfrutam de longevidade e boa saúde, os idosos podem contribuir mais do que nunca para a sociedade e, de fato, assim o fazem. Se incentivarmos sua participação ativa na sociedade e no desenvolvimento, podemos estar certos do seu talento e experiência inestimável. Todas as pessoas devem ter a oportunidade de continuar aprendendo ao longo da vida. A sabedoria e experiência dos idosos constituem verdadeiro vínculo vital para o desenvolvimento da sociedade.
No art.1 - O Marco do Plano de Ação é adotar medidas em todos os níveis, nacional e internacional, em três direções prioritárias: idosos e desenvolvimento, promoção da saúde e bem estar na velhice e, ainda, criação de um ambiente propício e favorável.
É indispensável reconhecer a capacidade dos idosos para fazer frente à sociedade não só tomando a iniciativa para sua própria melhoria como também para o aperfeiçoamento da sociedade em seu conjunto.
Um dos temas que faz parte das recomendações e adoção de medidas do Plano de Ação Internacional é a PARTICIPAÇÃO ATIVA DO IDOSO NA SOCIEDADE E NO DESENVOLVIMENTO. A contribuição social e econômica dos idosos vai além de suas atividades econômicas, já que com frequência essas pessoas desempenham funções cruciais na família e na comunidade. Muitas de suas valiosas contribuições não se medem em termos econômicos, como no caso dos cuidados prestados aos membros da família, o trabalho produtivo de subsistência, a manutenção dos lares e a realização de atividades voluntárias na comunidade. Além disso, essas funções contribuem para a preparação da força de trabalho futura. É preciso reconhecer todas essas contribuições, inclusive às de trabalhos não remunerados realizados pelos idosos em todos os setores, especialmente as mulheres.
A participação em atividades sociais, econômicas, culturais, esportivas, recreativas e voluntariado contribuem também para aumentar e manter o bem-estar pessoal. As organizações de idosos constituem um meio importante para facilitar a participação mediante a realização de atividades de promoção e o fomento da interação entre gerações.
Medidas para o Reconhecimento da contribuição social, cultural, econômica e política das pessoas idosas segundo o Plano de Ação.
A) Assegurar o pleno gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, promovendo a aplicação de convêniose convenções de direitos humanos e outros instrumentos de direitos humanos, particularmente na luta contra todas as formas de discriminação;
B) Reconhecer, estimular e apoiar a contribuição de idosos para a família, a comunidade e a economia; 
C) Oferecer oportunidade, programas e apoio para estimular idosos a participarem ou continuarem participando na vida cultural, econômica, política e social e em aprendizagem ao longo de toda a vida; 
D)Criar um ambiente que possibilite a prestação de serviços voluntários em todas as idades, que inclua o reconhecimento público e facilite a participação dos idosos cujo acesso às vantagens de se dedicar a atividades voluntárias possa ser limitado ou nulo.
E) As pessoas idosas devem receber tratamento justo e digno, independente da existência de incapacidade ou de outras circunstâncias, e ser valorizadas independentemente de sua contribuição econômica;
F) Levar em conta as necessidades de pessoas idosas e respeitar seu direito de viver dignamente em todas as etapas da vida;
G) Promover entre empregadores atitudes favoráveis à capacidade produtiva de trabalhadores idosos, de maneira que possam continuar empregados, e promover a consciência de seu valor no mercado de trabalho, inclusive a consciência de suas próprias possibilidades;
H)Promover a participação cívica e cultural como estratégia de luta contra o isolamento social e apoiar a capacitação.
 
Orientação do plano – promoção da saúde e bem-estar na velhice
A boa saúde é um bem inestimável das pessoas. Do mesmo modo, para o crescimento econômico e desenvolvimento das sociedades é indispensável que a população em geral tenha elevado nível de saúde. No entanto, os benefícios de uma vida longa e saudável não são compartilhados por toda a humanidade, como demonstra o fato de que haja países inteiros e certos grupos de população que, ainda têm elevadas taxas de morbidade e mortalidade em todas as idades.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente como ausência de doenças ou sofrimentos. Chegar à velhice gozando de boa saúde e bem-estar requer um esforço pessoal durante toda vida e um ambiente em que esse esforço possa ter êxito. A responsabilidade das pessoas consiste em levar um modo de vida saudável; a dos governos em criar um ambiente favorável à saúde e ao bem-estar, inclusive na velhice. Tanto por razões humanitárias como econômicas, é preciso dar aos idosos o mesmo acesso à assistência preventiva e curativa e a reabilitação de que gozam outros grupos. Ao mesmo tempo, deve-se dispor de serviços de saúde concebidos para atender às necessidades especiais dos idosos, levando em conta a introdução da medicina geriátrica nos currículos universitários e nos sistemas pertinentes de assistência à saúde, conforme o caso. 
Promover a saúde supõe estimular as pessoas a vigiar e melhorar sua própria saúde. Na Carta de Ottawa para a Promoção de saúde (1986) enunciam-se estratégias básicas para a promoção da saúde. Na Conferência Internacional sobre a População e o Desenvolvimento (1994) foram estabelecidas como objetivo aumentar os anos de vida com boa saúde, melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas, reduzir as taxas de mortalidade e aumentar a expectativa de vida. Esses objetivos podem ser alcançados com maior eficácia com a aplicação das medidas recomendadas pela OMS para melhorar a saúde pública e o acesso a uma assistência sanitária adequada.
Também para manter e melhorar a saúde é necessário mais do que medidas destinadas especificamente a influir na saúde dos indivíduos. Os fatores ambientais, econômicos e sociais, como o ambiente físico, a geografia a educação, a ocupação, os rendimentos, a condição social, o apoio social, a cultura e o gênero influenciam novamente na saúde. As melhorias produzidas na situação econômica e social dos idosos geram também melhorias de saúde. Apesar das melhorias introduzidas na legislação e na prestação de serviços, em muitos lugares, ainda, não se efetivou a igualdade de oportunidades para a mulher ao longo de toda a vida. É particularmente importante para a mulher que o bem-estar na velhice seja em conta toda a vida, já que ao longo desta se enfrentam obstáculos com efeito acumulativo para o bem-estar social,econômico, físico e psicológico de que goze em seus últimos anos.
CAPITULO V
Qualidade de vida e bem-estar
A expectativa de vida tem aumentado em todo mundo e viver mais e com qualidade tornou-se um grande desafio; de modo que estudar mais o assunto torna-se assim relevante. Identificar as condições que permitem envelhecer bem, com boa qualidade de vida e bem estar subjetivo, é tarefa de várias disciplinas no âmbito das ciências biológicas e sociais (NERI,1993).
Segundo Featherman, Smith e Peterson (1990, apud Neri, 1993), uma velhice satisfatória não é atributo do indivíduo biológico, psicológico ou social, mas resultado da qualidade da interação entre pessoas em mudança, que vivem em uma sociedade em mudança.
De acordo com NERI (1993) existem vários elementos que podem ser apontados como determinantes ou indicadores do bem-estar na terceira idade: longevidade, saúde física e mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, produtividade, atividade, eficácia cognitiva, status social, renda, continuidade de papeis sociais, familiares e ocupacionais.
Embora a literatura sobre qualidade de vida na terceira idade aponte para a existência de uma multiplicidade de fatores relacionados a esta, ainda, não foi possível estabelecer com clareza o grau de importância de cada um desses fatores e suas inter-relações.
Com o processo de envelhecimento, ocorre declínio das funções cognitivas, sendo a memória uma das mais afetadas. Queixas de distúrbios de memória são frequentes entre idosos, constituindo-se um dos problemas mais comuns em geriatria. 
Diversos estudos demonstram que é possível melhorar a memória, a cognição e a solução de problemas, entre outros aspectos comportamentais de pacientes de memória (decorrente ou não de lesão estrutural).
Em nossa sociedade, geralmente, as pessoas enxergam apenas as perdas decorrentes do envelhecimento (entre elas dificuldades de memória), sendo que isto ajuda a diminuir o senso de autoeficácia do idoso. Ao mesmo tempo, o declínio progressivo de senso de autoeficácia pode levar a um declínio cognitivo, bem como a perdas no funcionamento comportamental. Entretanto, os idosos podem aprender a compensar algumas perdas decorrentes do envelhecimento por meio de estratégias. No caso de problemas de memória, os déficits podem ser compensados através de estratégias de ajuda externa (diário, bilhetes, time, agenda, etc), sendo que, além das estratégias de ajuda externa, podemos lançar mão de outras estratégias como técnicas de estimulação e repetição.
Para NERI (1993), a expressão “qualidade de vida” pode ser entendida como sendo o bem-estar psicológico, percebido e subjetivo, um envelhecimento satisfatório ou bem sucedido. Aceita-se então, que qualidade de vida seja uma dimensão subjetiva, uma vez que cabe a cada pessoa determinar qual é seu nível de qualidade de vida, sendo essa mesma pessoa quem estabelece o peso de cada um dos fatores ou dimensões que a compõem. Paschoal (2002) salienta que a subjetividade não é total, pois há condições externas às pessoas, presentes no meio e nas condições de vida e de trabalho, que influenciam a avaliação que cada uma faz de sua qualidade de vida.
Salienta-se, então, que uma pessoa com uma velhice bem-sucedida consegue equilibrar suas potencialidades e suas limitações, o que permite desenvolver mecanismos para lidar com as perdas inerentes ao próprio processo de envelhecimento, com diferentes graus de eficácia, adaptando-se às desvantagens e incapacidades que podem ocorrer na velhice, ou que ocorreram em fases precedentes (NERI,1993,1995). Nesse sentido, Stano (2001) cita Freire que em 1979, salientava que a “conquista de qualidade de vida supõe a conquista do próprio existir, no sentidode estar-no-mundo, de forma compromissada com a vida mesma” (p.157) sendo capaz de agir e refletir sobre sua ação. Deste modo é o sujeito que assume um ato comprometido, com a consciência de ser o elemento principal da sua própria história, no controle de suas lutas e conquistas.
Eventos estressantes na vida do idoso
Estudar quais são os eventos de vida estressantes são mais citados por idosos e a repercussão desses na sua vida e na das pessoas que o cercam é uma grande preocupação científica (YASSUDA; NERI; CACHIONI, 2004). Além disso, tem havido uma grande busca sobre quais estilos de vida levam à longevidade (ARGIMON, 2002).
De acordo com Fortes e Neri (2004), 
a adaptação frente a uma situação estressante depende da noção do que é funcional para a pessoa, ou seja, da forma como cada um avalia a situação da vivida. Diante de eventos incontroláveis como a morte de um filho e a perda de todos os bens materiais num acidente ecológico, a aceitação pode ser a única forma encontrada por um indivíduo para se manter bem emocionalmente. O processo de enfrentamento é dinâmico e está em constante desenvolvimento. Sendo assim, o ajuste da pessoa a uma situação pode permanecer estável ou mudar do decorrer do tempo.
A definição do conceito de estresse ainda não é consensual entre os teóricos da área (SKINNER,1995).Aldwin (1994) definiu estresse como sendo uma qualidade de experiência que se dá por superativação ou rebaixamento do nível de alerta produzida por interação entre o indivíduo e o ambiente e que resulta em desconforto psicológico ou fisiológico. Nessa perspectiva interacionista, expressar relações de medo, culpa e vergonha caracteriza estados emocionais de estresse tanto quanto a expressão de emoções positivas, tais como alegria, felicidade e alívio. O estresse esta sendo considerado como algo subjetivo que ultrapassa a capacidade do indivíduo de lidar com a situação, desequilibrando seu bem-estar.
O próprio envelhecimento, por sua vez, pode ser considerado um fator de estresse, visto que há uma grande tendência das pessoas dessa faixa etária em manter vínculos de dependência em que sua autonomia diminuída, conforme Kroeff(2001). Somam-se a isso, as doenças, as perdas de papeis ocupacionais e as perdas afetivas que apresentam maior chance de ocorrer com idosos, ocasionando diferentes graus de ansiedade, dependendo da história e das condições estruturais de cada um (HAMARAT et al.;2002).
Com relação aos eventos de vida relatados como estressantes, é possível verificar que os idosos têm enfrentado situações difíceis como a morte dos pais, cônjuges e outros parentes além de doenças graves que lhe acometem ou afetam pessoas próximas. Todos esses eventos são pertinentes à etapa evolutiva da terceira idade, conforme encontrado na literatura sobre Psicologia do Desenvolvimento (BEE;1997; FORTES; NERI, 2004;PAPALIA; OLDS, 2000). Outras autoras encontraram, em um estudo com idosos pertencentes a famílias de baixa renda, que envelhecer está associado a dificuldades econômicas, doenças e sentimentos de desvalorização social (SILVA; GUINTER,2002).
As questões sobre sentir-se sozinho, envelhecer e retornar ao passado ficam em segundo plano para os idosos, ao passo que a morte do cônjuge ou de familiares, bem como doença própria ou de pessoas queridas sobressaem-se. No estudo de Fortes (2005), mais da metade dos idosos consideraram como o evento mais recente e estressante os problemas de saúde deles mesmos ou de pessoas próximas, e a morte de entes queridos, situações que remetem o indivíduo à experiência real ou imaginária da própria finitude. Outros estudos sobre idosos também encontraram resultados semelhantes (FORTES; NERI, 2004;ROKACH; AGE NETO,2006).
Diante de um evento como morte ou doença grave, que estão fora do controle dos idosos, aceitar e buscar apoio podem ser estratégias melhor adaptadas (DELL AGLIO,2002; FORTES; NERI, 2004). Na mesma direção, Rabelo e Neri (2005) identificaram que as ilusões positivas ajudam os indivíduos mais velhos a significar sua experiência, e que esses tendem a organizar seu ambiente de modo a maximizar os afetos positivos e minorar os negativos diante de alguma perda. Esse processo foi chamado pelas autoras de “otimização afetiva”. Ao citar Taylor, Kemeny, Reed,Bower, Grunewald, Rabelo e Neri (2005), destacam também que o otimismo irreal e a percepção exagerada de controle pessoal podem ser fatores psicológicos protetivos, podendo influenciar até mesmo sobre a evolução de uma doença física.
CAPITULO VI
Perdas na terceira idade
Entende-se que perdas estão relacionadas às crises evolutivas. Para Erikson (1978) crise de desenvolvimento significa períodos da evolução do indivíduo em que o comportamento é diferenciado. Esses períodos são de transição e são nesses que ocorrem intenções cognitivas e afetivas nas etapas do desenvolvimento normal da personalidade. Ainda, as crises acidentais, que são crises por acontecimentos vitais envolvendo perda, ameaçam de perda ou aumento de suprimento de bens afetivos, físicos ou materiais.
Caplan, Simon (1989), explica que a crise se deve ao aumento ou redução significativos do espaço no universo pessoal, que é o conjunto formado pela pessoa, o psicossomático. Este universo vai além dos bens materiais ou espirituais e situações socioculturais. Nas situações que geram crise por perdas, ainda segundo este mesmo autor, aparecem os sentimentos de depressão e culpa. Nas crises por aquisição ou ganho, os sentimentos são de insegurança, inferioridade e inadequação. Estes sentimentos podem se expressar de diversas formas, como: medo de não corresponder à situação, medo de não aguentar as pressões e ceder, de desagregar-se etc.
Pode-se afirmar que a velhice faz parte do ciclo natural da vida, configurando-se como um processo complexo que envolve perdas e ganhos, os quais são intensificados conforme os fatores internos e externos, estrutura social e cultural onde o sujeito é situado. Rosa (1993) esclarece que as formas de desadaptação costumam aparecer e até levar à morte. Neste processo, o idoso transforma seus medos em problemas físicos, como hipertensão, diabetes, colites ulcerativas, enfarte, asma brônquica, histerias de conversão nas suas diferentes formas de paralisia, cegueira etc. A hipocondria vai se acentuando de tal maneira que acaba por não admitir que o indivíduo tome parte da vida, reduzindo-o a um estado vegetativo.
Na velhice, as perdas se tornam mais marcantes. Quando falamos em perdas, estamos nos referindo não apenas a morte, mas também as outras perdas que nos acompanham durante toda vida. Nas palavras de Viorst (1998, p. 13-14):
 (...) perdemos, não só pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. E nossas perdas incluem não apenas separações e partidas do que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de esperança – e a perda de nosso próprio eu jovem, o eu que se julgava para sempre imune às rugas, invulnerável e imortal.
As perdas são necessárias à vida, pois para desenvolvimento precisamos perder, abandonar e desistir. Mas na velhice estas renúncias, sem dúvidas, geram ansiedade, tristeza e dor. O medo da morte também aparece, e apesar de não ser universal, é um sentimento que a maioria das pessoas não pode suportar. Diante de tantos sentimentos e emoções vivenciados pelos idosos, alguns se tornam introspectivos e isolados, tendo poucas atividades; outros idosos mantêm uma vida ativa, substituindo antigos projetos por novos relacionamentos; e outros ainda que puderam amadurecer com as experiências da vida, buscando fazer o que ainda se pode de acordo com os limites da idade.
Quando um indivíduo se sente bem, ele valoriza a vida e, portanto, o “estar pronto” para morrer é muito relacionado à qualidade de vida. O futuro para os idosos torna-se menos longínquo e a proximidade da morte suscita nos idosos uma menor tolerância às banalidades (BOEMERet al.,1991).
Mello e Abreu (2003) apontam que na velhice o psiquismo passa por momentos difíceis, mas que são normais e naturais. Em cada período da vida existem dificuldades que são próprias do desenvolvimento vital normal, com suas frustrações e gratificações, que requerem um esforço de adaptação nessa fase da vida. Além das próprias dificuldades financeiras, a preocupação com os filhos desempregados, o descontentamento do idoso em ter de trabalhar para sustentar a família, desemprego pelo fato de não serem mais aceitos no mercado de trabalho, não possuir moradia própria, muitas vezes tendo que morar de favor. Tudo isso denota uma preocupação com o que consideram má qualidade de vida.
CAPITULO VII
Educação na terceira idade
Segundo MOSER, o desenvolvimento ocorre ao longo da vida, assim como o envelhecimento. A educação continuada, principalmente nessa fase da vida, tem sua relevância frente ao desafio de oportunizar condições para o ser humano possa otimizar sua qualidade de vida, minimizando os prejuízos do envelhecimento por meio de ativação das capacidades de reserva para o desenvolvimento. Por meio da andragogia, pode-se preparar o idoso para lidar de forma mais satisfatória com as demandas do dia a dia, com as limitações do próprio envelhecimento, estereótipos e preconceitos que o conduzem a exclusão cultural.
O mundo não está estruturado para essa nova categoria, conforme salienta Khair (2001), pois não há espaços para os mais velhos, nem mesmo na própria sociedade que eles ajudaram a construir, isso sem relacionar a usurpação de seus direitos e a falta de respeito a sua pessoa.
Segundo COSTA (1998):
O mais importante é evitar que se reproduza o papel da maioria dos membros da sociedade, ao perpetuar o estereótipo negativo da velhice, pois tornar-se velho e fazer parte da população da terceira idade é o destino de todo ser humano, desde que o indivíduo não morra antes da idade senil.a sociedade não esta em condições de evitar que os idosos continuem sendo marginalizados, visto que estes ainda são colocados no status de inválidos e improdutivos. 
Corrêa (1996, p.39) escreve que todos os autores são unânimes em dizer que “o envelhecimento é um fenômeno natural, ao contrario do que se pensava no passado, quando ele era considerado uma doença”.
Ao envelhecer, muitos são os desafios que o ser humano tem de enfrentar: as próprias limitações físicas, além das demandas criadas pela sociedade, tais como preconceitos e estereótipos. É necessário que as pessoas construam permanentemente o próprio caminho, desenvolvendo atitudes que as levem a superar suas dificuldades, integrando limites e possibilidades de otimizar sua qualidade de vida (SANTOS E SÁ, 2000).
A educação é um dos meios para vencer os desafios impostos aos idosos pela longevidade e pela sociedade, proporcionando-lhes o aprendizado de novos conhecimentos e oportunidades para um envelhecimento bem-sucedido. Nesse sentido, Neri (1993) salienta que envelhecer bem não é responsabilidade unicamente do indivíduo, mas depende da interação entre o indivíduo e o seu contexto, ou seja, depende das condições e a acessibilidade que a sociedade oportuniza para este indivíduo possa aproveitar e desenvolver seu potencial.
A aprendizagem, enquanto construção do conhecimento deve ser entendida como uma atividade contínua, ocorrendo ao longo do curso da vida. Aprender pode significar memorização da informação que está sendo transmitida (FREIRE,1970), assim como pode significar que o aprendiz é “capaz de utilizar sua experiência de vida e conhecimentos já adquiridos na atribuição de novos significados e na transformação da informação obtida, convertendo-a em conhecimentos”(VALENTE,2001,p.29)
A velhice não deve ser entendida como uma entidade isolada, mas, sim, como um somatório da pluralidade de inscrições socioculturais, o que faz com que a representação social do idoso se diferencie nos diversos contextos e esteja sujeita à interferência de preconceitos e estereótipos sociais (NOVAIS,1997,P.87).
Lópis (1998) afirma que as possibilidades de mudanças e de otimização são possíveis ao longo do curso da vida; asseveram também que a otimização é uma possibilidade permanente nos indivíduos, já que é por intermédio dela que se devem articular as vias pelas quais as potencialidades psíquicas se atualizam em contato enriquecedor com as forças ambientais. Autores (NOVAIS,1997;COSTA,1998;LÓPIS,1998; 
ERNANDEZBALLESTEROS,2000;PAPALIA;OLDS,2000;ZIMERMANN, 2000),salientam que: 
Assim como as características físicas do envelhecimento, as de caráter psicológico também estão relacionadas com a hereditariedade, com a historia e com a atitude de cada individuo. Então as perdas decorrentes do envelhecimento, em relação aos aspectos psicológicos, estão diretamente relacionadas àquelas que são determinadas em grande parte pelos componentes biológicos do organismo (como por exemplo: tempo de reação, acuidade visual etc.).
Baltes(apud NERI,1995), líder na formulação conceitual e no estudo do desenvolvimento do curso de vida, identificou características centrais dessa abordagem, as quais Neri (1995) resumidamente apresenta.
Estudiosos (entre eles Neri, 2001 e 2002), que têm investigado a questão do envelhecimento dentro do paradigma psicológico sobre o desenvolvimento ao longo da vida, apresentam o desenvolvimento como produto de interação dialética entre determinantes genético-biológico e socioculturais. Essa interação determina mudanças previsíveis e, portanto, universais, mas também salienta a possibilidade da ocorrência de eventos peculiares que são vivenciados de forma diferente, dependendo das características dos indivíduos.
CAPITULO VIII
Mudança na vida das pessoas em processo de envelhecimento
DEBRET (2003) em seus estudos analisa o “curso da vida”, envolto em um processo gradual, considerando os aspectos históricos, sociais e individuais que proporcionam a compreensão dos períodos da vida.
Um ponto alto da mudança na vida das pessoas em processo de envelhecimento é a aposentadoria, que se torna um paradoxo na vida do individuo, que se afasta da vida produtiva e se aproxima de uma realidade por vezes desejadas, com a condição de descanso e lazer, e às vezes rejeitadas em virtude dos estereótipos relacionados ao envelhecimento. Hoje a aposentadoria não é mais tratada como fase de descanso do trabalhador, mas como uma nova fase a realização de sonhos e busca de novos aprendizados.
Segundo CAMARANO (2002) as mulheres idosas constituem a maioria entre a população idosa. E segundo o IBGE (2008), no Brasil as mulheres vivem cerca de oito anos a mais que os homens. Esta transformação traz profundas modificações sociais, já que o significado social da idade está extremamente ligado ao gênero. No cenário atual, veremos que a maioria das mulheres idosas são viúvas e vivem sozinhas.
Estudos de DEBRET (1994) e MOTTA(1996) sobre gênero e envelhecimento, têm demonstrado que os programas de terceira idade mobilizam mais o público feminino, contribuindo para uma redefinição da valores, atitudes e comportamentos dos grupos mobilizados. As mulheres estão menos resignadas à “velhice” definida no modelo tradicional, referida à inatividade e descarte social. Além disso, elas dispõem de um tempo pessoal/privado que pode ser transladado do doméstico para o comunitário ou cultural. As mulheres, neste momento de suas vidas, buscam uma “liberdade de gênero “, que pode ser identificada com as ideias feministas e recentes mudanças sociais em nossa sociedade. (Apud.LOBATO,2005,P.5)
As mulheres são mais visíveis nos serviços e programas sociais destinados a “terceira idade” a predominância da população feminina entre os idosos causam certa repercussão na demanda de políticas de saúde, uma vez que as mulheres são mais suscetíveis a deficiências físicas e mentais. Hoje com a inserção da mulher no mercado de trabalho, cada vez maior, nos aponta para uma mudança de perfil ao longo dos anos.
A velhice se apresenta de forma diferenciada para homens e mulheres, com as peculiaridadesno desenvolvimento de seus papéis na sociedade. As famílias brasileiras têm novos arranjos, diferente do padrão estabelecido como ideal socialmente falando. A mulher tem assumido o papel de “chefe” da família, sendo responsável pela questão econômica, mas ainda assim é cobrada pelo papel feminino de cuidados com a casa e com os filhos.
 
CAPÍTULO IX
O impacto social na vida da pessoa idosa 
A cada dia, fatores como classe social, hábitos de vida, cultura, dentre outros são entendidos como influenciador do envelhecimento humano. Contudo, as  diversas formas de definir e conceituar a velhice faz com que a sociedade ainda  veja a idade cronológica como o ponto principal para as mudanças que  acompanham o envelhecimento e para a redefinição de papéis na sociedade. Essa redefinição de papéis na sociedade, ligados à cronologia, gera  impactos na vida social da pessoa idosa, como crise de identidade, aposentadoria,  violência e exclusão social. 
Os impactos causados na vida da pessoa idosa estão relacionados com a forma que a sociedade os veem: Em uma sociedade consumista como a nossa, o velho tornou-se um ser descartável. A Revolução Industrial, iniciada no século XIX, pode ser considerada um macro na situação social do velho. Foi nessa época que a mulher, historicamente a responsável pelo cuidado domestico e com os velhos, passou a  trabalhar também fora de casa. Além disso, com a industrialização passou-se a produzir tudo em escala cada vez maior.
O humano e artesanal foi substituído pelo mecânico e descartável. Hoje o homem produz, consome e substitui o consumido por um objeto novo. Isso vale não só para as coisas materiais, mas também para os valores, para a moda e para as pessoas. Os relacionamentos afetivos duram cada vez menos, os casamentos duradouros são raros e os velhos passam ser gente ultrapassada, já que teve a sua época e agora não serve mais. (ZIZERMAN, 2000, p.41).
Crise de identidade e mudanças de papéis 
Entende-se como identidade o conjunto de características biopsicossociais de cada indivíduo, ou seja, é o conhecimento que cada pessoa tem de seu papel na sociedade, como os objetivos, os motivos que os impulsionam a viver. Dessa forma, a identidade permite que cada pessoa se perceba como ser único, detentor de características próprias e exclusivas. 
Trabalho e aposentadoria 
O trabalho sempre foi fundamental para o desenvolvimento humano e para maioria das pessoas, visto que representa vida ativa, interação social, utilidade, além de uma satisfação econômica. Os estereótipos negativos associados à velhice e às praticas discriminatórias contra os trabalhadores mais velhos caracterizam uma nova forma de exclusão: a discriminação por idade. 
De acordo com o senso comum, o trabalho relacionado ao idoso representa um peso para a sociedade. Uma vez que a sociedade tem dificuldade de arcar com os custos de assistência social, é importante considerar que o envelhecimento da população diminui as atividades econômicas e aumentam os custos com saúde e aposentadorias. 
Do ponto de vista da sociedade, a aposentadoria é vista como um direito e uma conquista do trabalhador, resultado de anos de esforço e trabalho. Mas ao mesmo tempo em que garantem direitos, ela desvaloriza o idoso que passa a ser visto como improdutivo e inútil. Muitas vezes, o idoso precisa permanecer trabalhando por necessidade financeira, já que, para a maioria dos brasileiros, o valor da aposentadoria não dá para sua própria sobrevivência. 
Os motivos que levam o idoso a permanecer ou não trabalhando são vários. A renda da família cai totalmente e o idoso se vê obrigado a permanecer trabalhando para suprir a diminuição que teve na renda familiar. Para a maioria dos idosos, aposentar-se poderia ser a melhor fase da vida de qualquer cidadão, devido não ter tantas responsabilidades com a rotina do trabalho, e tendo mais tempo disponível para desfrutá-lo da melhor maneira possível. O trabalho representa o papel de regulador da organização da vida humana, em que horários atividades e relacionamentos pessoais são determinados conforme as suas exigências, sendo fundamentais para a vida social. As atividades exercidas, ao longo da vida, servem de ponto de referencia para as pessoas, sendo difícil desarticular-se dessas referências. 
Violência 
Considerada violação aos direitos humanos, a violência contra pessoa idosa vem ganhando grande visibilidade em nossa sociedade , e é um dos fatores que mais causam lesões, doenças, perda de produtividade e solamento. A palavra violência pode ser conceituada como qualquer comportamento que use da força excessiva para causar danos a uma pessoa. 
Já a violência contra a pessoa idosa é conceituada como: 
 (...) ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando a integridade física e emocional das pessoas desse grupo etário e impedindo o desempenho de seu papel social. A violência acontece como uma quebra de expectativa positiva dos idosos em relação às pessoas e instituições que os cercam (filhos, cônjuge, parentes, cuidadores e sociedade em geral). (online, 2010) 
Segundo Zimerman (2000), essas violências podem ser praticadas de forma clara e transparente, como a violência física, maus-tratos e abandono ou, de forma oculta, como a violência econômica e medicamentosa. 
De acordo com a Política Nacional do Idoso – PNI, referente ao Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa Idosa, a violência é conceituada como “as diferentes formas físicas, psicológicas, simbólicas e institucionais de uso da coerção, da força e da produção de danos contra a pessoa idosa”. Dessa forma, podemos conceituar algumas categorias de violência: Os maus tratos aos idosos podem ser definidos como ações ou omissões cometidas uma vez ou, muitas vezes, prejudicando a integridade física e emocional das pessoas desse grupo etário e impedindo o desempenho de seu papel social. A violência acontece como uma quebra de expectativa positiva dos idosos em relação às pessoas e instituições que os cercam, como os filhos, cônjuge, parente, cuidadores e sociedade em geral. 
A violência física refere-se aos danos materiais e/ou fisiológicos, com o objetivo de obrigar a pessoa idosa a fazer algo contra sua vontade , e que provoca dor, ferimentos, traumas e, até a morte. Violência psicológica é qualquer tipo de agressão verbal e/ou gestual que provoque sofrimento mental e tem, como objetivo, amedrontar, humilhar, aterrorizar as pessoas, principalmente o idoso e, assim, isolá-la do convívio social. 
Esse tipo de violência é caracterizado por atitudes não físicas, ou seja, não causa danos fisiológicos à pessoa idosa, mas podem causar alterações em seu comportamento e depressão. Abandono diz respeito a forma de violência que se manifesta pelo descaso ou desistência de 
familiares, órgãos competentes e sociedade em geral de prestar socorro à pessoa idosa, que precisa de proteção e assistência. Negligência é caracterizada pela recusa ou omissão de familiares, órgãos competentes e instituições de prestar cuidados necessários à pessoa idosa. Abuso financeiro consiste em qualquer uso ou exploração imprópria dos recursos financeiros e patrimoniais da pessoa idosa. 
A mulher idosa sofre mais as consequências dessa visão errônea, porque, discriminada quanto às próprias necessidades, não compartilha das situações naturais da vida, como sucede com o homem. A sociedade aceita, sem relutância, que este receba afeto, tenha a companhia de uma mulher no final da vida, enquanto que aquela está destinada à solidão. Além do mais, o corpo é, para a mulher, o referencial mais significativo: a desarmonia dos traços, a flacidez muscular, as gorduras mal localizadas são o grande obstáculo para o exercício da sexualidade da mulher idosa. Ela sente vergonha de si mesma e, muitas vezes, reprime ou repudia uma relação, pensando na humilhação de expor suas formas deterioradas pelo tempo. Julgar-se-á sempre, diante do seu parceiro, numa situação de inferioridade, pois as mudanças naturais e previsíveis davelhice, ela as toma como abominações, ocasionando uma to tal auto rejeição. (BACELAR, Rute, 2000, p.36) 
Exclusão social
.  A exclusão social se manifesta de várias maneiras e atingi diversos segmentos da sociedade, podendo ser conceituada como “as restrições impostas pelas transformações do mundo de trabalho por situações decorrentes de modelos e estruturas econômicas que geram desigualdades absurdas de qualidade de vida” ou como “as formas pelas quais os indivíduos podem acabar isolados, sem um envolvimento integral na sociedade mais ampla.” (WANDERLEY, 1999, p.16). 
As representações sociais são norteadas pelas diferenças cronológicas, geralmente transformadas em preconceitos, que tornam o segmento idoso mais vulnerável à exclusão social. A exclusão que atingi a pessoa idosa tem, como fatores potencializadores, a escolaridade, a raça, a etnia e a renda.
.   (...) A exclusão dos idosos é orquestrada pela lógica da distância etária, que produz a crença de que os idosos são incompetentes para o trabalho, desatualizados, improdutivos e dependentes. Indivíduos de diferentes raças e etnias, conforme sejam do gênero masculino ou feminino e pertença à classe social baixa, média ou alta, sofrem os efeitos dessa crença que conduz ou justifica o afastamento dos idosos. Ou seja, as marcas raciais ou étnicas podem ser potencializadas pela aplicação do critério etário e vice-versa. É o caso da múltipla exclusão que sofrem muitos brasileiros por serem pobres, negros e de baixa escolaridade, e, além disso, idosos. (SANTOS; LOPES; NERI, 2007, p. 69). 
Todos esses fatores potencializadores são justificados pelo conj unto deidéias, atitudes, valores, convicções, hábitos, costumes e comportamentos compartilhados por um grupo de pessoas, transmitido de geração para geração e que tem como papel principal a produção de significados que definem o destino dos grupos sociais através da forma como esses significados são compreendidos e utilizados. 
O envelhecimento e ação do profissional de serviço social 
Até a década de 1980 a tendência histórica do Serviço Social foi a de ser polarizada pela classe dominante, igualmente a ética profissional foi influenciada pelos projetos societários aos quais esteve articulada. 
Segundo Iamamoto (2007), 
 (...) O Serviço Social se afirma como um tipo de especialização do trabalho, como parte de uma estratégia mais ampla do bloco dominante, de uma aliança de classes e frações de classes articulada pelos interesses da propriedade da terra, do capital comercial, industrial e financeiro e das camadas médias a eles identificados. Portanto, o Serviço Social só se torna possível como profissão institucionalizada como parte de uma estratégia do bloco no poder, que articula interesses homogeneizados pelo grande capital. 
Assim, o Serviço Social se institucionaliza com o propósito subjacente de criar um tipo de socialização do operário adequado as novas condições e vida industrial, ao ritmo e à disciplinarização do trabalho, que fortaleça as bases de legitimidade para o exercício do poder de classe, isto é, ara a dominação político-ideológica e a apropriação econômica privada. (IAMAMOTO, 2007, p.121) 
Compartilhando da mesma ideia, Barroco (2008), afirma que as mediações com as profissões são estabelecidas pelos projetos societários, evidente ao se analisar a gênese da profissão de Serviço Social, da qual suas determinações históricas são dadas na relação capital/trabalho. 
Contudo, pautados sobre uma reflexão ético critica em meados da década de 1960, grupos de assistentes sociais se organizam para dar um novo conceito ao Serviço Social latino americano, conhecido como Movimento de Reconceituação da Profissão. “A velha ideologia do Serviço Social era posta em questão e a defesa de uma sociedade justa, igualitária com decisão popular era fundamental. O lema era: de costa para o Estado e mãos dadas com a população.” (Sposati, 2003, p.27). Dessa forma questionava-se a política do Welfare State, a ordem burguesa, as instituições e organizações governamentais. 
Essa etapa foi fundamental, pois foi a partir daí que se determinou uma nova moral profissional que foi construída a partir da participação política, naaproximação com o marxismo, na militância católica e nos movimentos revolucionários. (BARROCO) Outra etapa importante foi ilustrada pelas reformulações dos Códigos de Ética de 1986 e 1993. Até 1979, o Código de Ética (1975) era norteado pela permanência da moral acrítica, a neutralidade e pela ideologia estrutural funcionalista que defende o bem comum, a ordem e a coesão social. Entretanto, o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais – CBAS, também conhecido como Congresso da Virada, foi um marco histórico da profissão com a ruptura publica e coletiva da pratica conservadora. 
A necessidade de uma nova ética profissional que refletisse na vontade coletiva, superando a visão acrítica, onde os valores são tidos como universais acima dos interesses de classe fez com que o Código de Ética de 1975 fosse reformulado em 1986. Entretanto, apesar do Código de Ética de 1986 ter representado um avanço em relação aos anteriores, recusa r a prática profissional, reconhecer a dimensão histórica e política da profissão – esta em favor da classe trabalhadora – e das relações de força, superando a análise do objeto sob a perspectiva da anormalidade, e de reconhecer, também, o historicismo da moral, a ética foi tomada apenas em sua dimensão política. 
Percebendo a importância de romper com o tradicionalismo e buscar construir um projeto ético-politico que se posicione em favor da reflexão ética, a democracia e da liberdade como pressuposto fundamental para construção de uma nova ordem societária que se oponha à discriminação e exploração próprias do sistema capitalista, o Código de Ética de 1993 vem para superar as fragilidades do Código de 1986. 
Nesta linha de análise, pode-se, pois, distinguir moral de ética. A primeira é um sistema mutável, historicamente determinado, de costumes e imperativos que propiciam a vinculação de cada indivíduo, tomado na sua singularidade, com a essência humana historicamente constituída, com o ser social tomado na sua universalidade. A ética, por seu turno, é a análise dos fundamentos da moral, remetendo compulsoriamente à reflexão filosófica ou metafilosófica. (Netto, p.23,2008). 
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social constitui, portanto, a ruptura do serviço social tradicional, conservador, buscando uma nova identidade profissional com ações voltadas para as demandas da classe trabalhadora, passando a ter uma visão política da intervenção e interação. 
Nesta perspectiva, o Serviço Social é, hoje, uma profissão que tem o papel de intervir, as ações sociais. Além do mais, irá trabalhar com um projeto ético político profissional baseado nos princípios fundamentais de reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerente s; defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; ampliação e consolidação da cidadania; defesa do aprofundamento da democracia; defesa da equidade e justiça social; eliminação de todas as formas de preconceito; garantia do pluralismo; projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária; articulação com os movimentos de outras categorias profissionais; compromisso com a qualidade dos serviços prestados e exercício do Serviço Social sem discriminação. 
Levando em consideração a pessoa idosa, da qual sabemos que é, de certa forma, vítima do sistema econômico vigente onde, pela lógica do capitalismo, não está mais inserido na sociedade pelo fato de não ser mais produtivo – sendo que, essa visão que a sociedade tem de que ao chegar à terceira idade, a pessoa se torna improdutiva, incapaz de realizar tarefas e inútil, traz serias consequências para esse segmento – o profissional de Serviço Social deve trabalhar de forma que transforme esses valores impostos pela sociedade, e que a mesma passe a ver a pessoa idosa como um

Outros materiais