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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Figura equiparada — omissão do dever de vedar acesso a telefone móvel ou rádio a pessoa presa.
A Lei n. 11.466/2007 inseriu no art. 319-A uma nova figura criminosa, com a mesma pena da prevaricação, exceto multa, para punir o diretor de penitenciária e/ou agente público que se omite em seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 
Condescendência criminosa
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena — detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Objetividade jurídica A probidade e a regularidade administrativa.
Tipo objetivo Tendo um funcionário público, no exercício de suas funções, cometido infração administrativa ou penal que deva ser objeto de apuração na esfera da Administração, constituirá crime a omissão por parte de seu superior hierárquico que, por clemência ou tolerância, deixe de tomar as providências a fim de responsabilizá-lo. 
A lei incrimina duas condutas, ambas de caráter omissivo: 
a) deixar o superior hierárquico de responsabilizar o funcionário autor da infração; 
b) deixar o superior hierárquico de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, quando lhe falte autoridade para punir o funcionário infrator.
Sujeito ativo O superior hierárquico que, dolosamente, se omite. O funcionário beneficiado não responde pelo delito. Sujeito passivo O Estado.
Consumação Quando o superior toma conhecimento da infração e não promove de imediato a responsabilização do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente. Tentativa É inadmissível.
Ação penal É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
 Advocacia administrativa
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: 
Pena — detenção, de um a três meses, ou multa. 
Parágrafo único. Se interesse é ilegítimo: 
Pena — detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Objetividade jurídica A moralidade administrativa.
Tipo objetivo A infração se configura quando um funcionário público, valendo-se de sua condição (amizade, cargo elevado, prestígio junto a outros funcionários), defende interesse alheio, legítimo ou ilegítimo, perante a Administração Pública. Se o interesse for ilegítimo, será aplicada a qualificadora descrita no parágrafo único. No crime em análise, o agente pleiteia, advoga junto a companheiros ou superiores, o interesse particular. 
É desnecessário que o fato ocorra na própria repartição em que trabalha o agente. Não existe a infração penal quando o funcionário patrocina interesse próprio ou de outro funcionário público. 
Para a configuração do delito, é indiferente que o funcionário tenha realizado a conduta pessoalmente ou por interposta pessoa, tampouco se exige que vise obter alguma vantagem pessoal ou econômica, requisitos que não constam do tipo penal.
Sujeito ativo Deve ser funcionário público, porém, responde também pelo delito o particular que o auxilia, atuando como “testa de ferro”. Apesar do nome do delito (advocacia administrativa), não é necessário que seja cometido por advogado. Sujeito passivo O Estado.
Consumação No momento em que o agente realiza o ato de patrocinar o interesse alheio. Tentativa É admissível.
Ação penal É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, tanto na forma simples como na qualificada.
 Violência arbitrária
Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: 
Pena — detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.
Esse dispositivo encontra-se revogado pela Lei n. 4.898/65, que descreve os crimes de abuso de autoridade, o mesmo tendo ocorrido com o crime do art. 350 do Código Penal, chamado “exercício arbitrário ou abuso de poder”.
Abandono de função
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena — detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena — detenção, de um a três anos
Objetividade jurídica Protege a lei nesse dispositivo a regularidade e o normal desempenho das atividades públicas, no sentido de evitar que os funcionários públicos abandonem seus postos de forma a gerar perturbação ou até mesmo a paralisação do serviço público.
Tipo objetivo Abandonar significa deixar o cargo. Para que esteja configurado o abandono, é necessário que o agente se afaste do seu cargo por tempo juridicamente relevante, de forma a colocar em risco a regularidade dos serviços prestados. 
Assim, não há crime na falta eventual, bem como no desleixo na realização de parte do serviço, que caracterizam apenas falta funcional, punível na esfera administrativa. 
Sujeito ativo Quem ocupa cargo público (criado por lei, com denominação própria, em número certo e pago pelos cofres públicos). 
Sujeito passivo O Estado. 
Consumação Com o abandono do cargo por tempo juridicamente relevante, ainda que não decorra efetivo prejuízo para a Administração. 
O § 1º estabelece uma forma qualificada, quando o abandono traz como consequência prejuízo ao erário.
Tentativa Por se tratar de crime omissivo não admite a tentativa.
Figura qualificada em face do local da infração A pena aplicada para o delito será consideravelmente maior se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira.
Ação penal É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, exceto na figura qualificada do § 2º, em que a pena máxima supera dois anos.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena — detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Objetividade jurídica Resguardar a regularidade na prestação dos serviços pela Administração Pública, evitando o desempenho de funções por quem não perfaz os requisitos legais.
Tipo objetivo A lei prevê duas figuras típicas: 
a) Entrar no exercício da função pública antes de satisfeitas as exigências legais. Essa forma de delito acontece quando o agente já foi nomeado, mas ainda não pode exercer legalmente as funções — por restarem exigências a ser observadas, como, por exemplo, a realização de exame médico ou a posse —, mas, apesar disso, começa a praticar os atos inerentes à função. 
b) Continuar a exercer as funções públicas depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. Para que essa forma de delito se configure, exige-se que o agente tenha sido comunicado oficialmente de que não mais poderá exercer as funções e, contrariando a determinação, continue a exercê-las. 
Sujeito ativo O crime em tela só pode ser praticado por funcionário público — que se antecipa ou prolonga nas funções. Quando particular pratica ato de ofício de funcionário público, comete outro crime, chamado usurpação de função pública (art. 328). 
Sujeito passivo O Estado.
Consumação Com a prática de algum ato inerente à função pública.
Tentativa É possível.
Ação penal É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal. 
Violação de sigilo funcional
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo ou facilitar-lhe a revelação: 
Pena — detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Objetividade jurídica Resguardar o regular funcionamento da Administração Pública, que pode ser prejudicado pela revelação de certos segredos. Por isso, será punido o funcionário público que revelar ou facilitar a revelação desses segredos,
desde que deles tenha tido conhecimento em razão de seu cargo
 Tipo objetivo A conduta de revelar segredo caracteriza-se quando o funcionário público intencionalmente dá conhecimento de seu teor a terceiro, por escrito, verbalmente, mostrando documentos etc.
 Já a conduta de facilitar a divulgação de segredo, também chamada de divulgação indireta, dá-se quando o funcionário, querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota determinado procedimento que torna a descoberta acessível a outras pessoas.
O delito em análise é doloso — intenção livre e consciente de revelar o sigilo funcional. 
Não admite a forma culposa.
Sujeito ativo Apenas o funcionário público pode ser sujeito ativo. Predomina na doutrina o entendimento de que mesmo o funcionário aposentado ou afastado pode cometer o delito, pois o interesse público na manutenção do sigilo permanece.
 O crime admite a coautoria e também a participação — de outro funcionário público ou de particular que colabore com a divulgação. A doutrina, contudo, salienta que o particular que se limita a tomar conhecimento do fato divulgado não comete o delito. A revelação de segredo profissional por quem não é funcionário público constitui crime de outra natureza, previsto no art. 154 do Código Penal.
Sujeito passivo O sujeito passivo é sempre o Estado e, eventualmente, o particular que possa sofrer prejuízo, material ou moral, com a revelação do sigilo.
Consumação No momento em que terceiro, funcionário público ou particular, que não podia tomar conhecimento do segredo, dele toma ciência. 
Tentativa É admitida, exceto na forma oral.
Subsidiariedade explícita O art. 325, ao cuidar da pena, expressamente estabelece sua absorção quando o fato constitui crime mais grave, por exemplo, crime contra a segurança nacional, fraude em procedimento licitatório com divulgação antecipada de propostas, crime contra o sistema financeiro etc. Se o funcionário tiver recebido dinheiro para revelar o segredo, incorrerá no crime de corrupção passiva (art. 317).
Figuras equiparadas A Lei n. 9.983/2000 criou no § 1º do art. 325 algumas infrações penais equiparadas, punindo com as mesmas penas do caput quem:
a) permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública (inc. I); 
b) se utiliza, indevidamente, do acesso restrito a tais informações (inc. II). 
Figura qualificada O § 2º do art. 325 estabelece uma qualificadora, prevendo pena de reclusão, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resultar dano à Administração ou a terceiro. Como o tipo penal não faz restrição, o dano não precisa ser necessariamente patrimonial. Abrange tanto o prejuízo para a Administração como para terceiros.
 Ação penal É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
 Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa.
Esta infração penal nada mais é do que uma violação de segredo funcional que se refere especificamente a sigilo quanto a proposta de concorrência pública. Tal dispositivo, contudo, foi tacitamente revogado pelo art. 94 da Lei n. 8.666/93 — Lei de Licitações, que tem uma redação mais abrangente, punindo com detenção, de dois a três anos, e multa qualquer devassa em sigilo envolvendo procedimento.

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