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Engenharia dos Materiais Autor: Professor Marco Antônio Durlo Tier marcot@urisan.tche.br Coordenador do Laboratório de Tratamentos Térmicos e Engenharia de Superfícies - URI Março 2006 2 SUMÁRIO 16 DIAGRAMA DE FASES ...............................................................................................3 16.1 Introdução ...................................................................................................................3 16.2 Limite de Solubilidade................................................................................................4 16.3 Fases ...........................................................................................................................4 16.4 Equilíbrio de fases ......................................................................................................4 16.5 Diagrama de Fases e Condições de Equilíbrio ...........................................................5 16.6 Sistemas Isomorfos Binários ......................................................................................5 16.7 Diagrama de Fases Eutético Binário ...........................................................................8 16.8 Quantidade Relativa de cada Microconstituinte - Regra da Alavanca .....................14 17 O SISTEMA FERRO-CARBONO...............................................................................18 17.1 Diagrama de Fases Ferro-Carboneto de Ferro (Fe-Fe3C)..........................................18 17.2 Desenvolvimento das Microestruturas em Ligas Ferro-Carbono. ............................20 17.3 Regra da Alavanca Aplicada ao Sistema Ferro-Carbono .........................................25 18 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS FERRORAS............................................................28 18.1 Aços ..........................................................................................................................28 18.2 Ferros Fundidos ........................................................................................................30 18.3 Determinação do Tamanho de Grão .........................................................................44 19 ENSAIOS MECÂNICOS.............................................................................................49 19.1 Ensaio de Tração.......................................................................................................49 19.2 Teste de Dobramento Para Materiais Frágeis ...........................................................64 19.3 Teste de Dureza: Sua Natureza e Uso.......................................................................66 19.4 Teste de Impacto .......................................................................................................68 19.5 Teste de Fadiga .........................................................................................................71 19.6 Ensaio de Fluência ....................................................................................................72 20 MOVIMENTO ATÔMICO NOS MATERIAIS - DIFUSÃO .....................................75 20.1 Introdução .................................................................................................................75 20.2 Mecanismos de Difusão............................................................................................75 20.3 Energia de Ativação para Difusão ............................................................................77 20.4 Taxa de Difusão (1° lei de Fick) ...............................................................................78 20.5 Perfil de Composição – Segunda lei de Fick ............................................................82 20.6 Difusão e Processamento de Materiais .....................................................................83 21 POLÍMEROS................................................................................................................85 21.1 Polimerização: ..........................................................................................................86 21.2 Termoplásticos..........................................................................................................88 21.3 Copolímeros..............................................................................................................91 21.4 Elastômeros...............................................................................................................92 21.5 Polímeros Termorígidos ...........................................................................................93 21.6 Propriedades Físicas e Mecânicas dos Polímeros.....................................................97 3 16 DIAGRAMA DE FASES Figura 16.1 – Metalografia em Microscópio Eletrônico de Varredura mostrando a microestrutura de um aço carbono com 0,44 % de carbono. As grandes áreas escuras são ferrita pró-eutetóide. As regiões que apresentam estrutura lamelar alternando entre claro e escuro são perlita: as camadas escuras correspondem a ferrita enquanto as camadas claras correspondem a cementita. Durante o ataque químico, antes da análise, a fase ferrita foi preferencialmente dissolvida: dessa forma a perlita aparece em relevo topográfico com as camadas de cementita estando elevadas acima das cãs camadas de ferrita. Introdução A compreensão do diagrama de fases para sistemas de liga é extremamente importante, pois existe uma forte correlação entre microestrutura e propriedades mecânicas. (Figura 16.2) Figura 16.2 – Relação entre processo de fabricação, microestrutura e propriedades mecânicas. Quando um material é deformado a frio ocorre uma alteração da microestrutura com o conseqüente aumento de resistência. 4 O desenvolvimento de uma liga está relacionado as características de seu diagrama de fases. Da mesma forma os diagramas de fases nos fornecem informações valiosas sobre os fenômenos da fusão, fundição, cristalização e outros. Limite de Solubilidade Para muitos sistemas de ligas em uma dada temperatura específica, existe uma concentração máxima de átomos de soluto que pode se dissolver no solvente para formar uma solução sólida, que é chamado limite de solubilidade. A adição de soluto em excesso, além desse limite de solubilidade, resulta na formação de uma outra solução sólida ou de outro composto que possui composição marcadamente diferente. Exemplo: sistema água açúcar (Figura 16.3) Inicialmente – solução ou xarope água-açúcar; Limite de solubilidade é atingido – solução água-açúcar + cristais sólidos de açúcar. Figura 16.3 – Solubilidade do açúcar (C12H22011) em um xarope açúcar-açúcar Fases Porção homogênea de um sistema que possui características físicas e químicas uniformes. Uma fase possui as seguintes características: [Figura 16.4 (a)] a) Possui a mesma estrutura ou arranjo atômico; b) Possui aproximadamente a mesma composição; c) Existe uma interface definida entre a fase e as vizinhanças ou fases adjacentes. Equilíbrio de fases Um sistema está em equilíbrio se a energia livre se encontra em um valor mínimo para uma combinação especifica de temperatura, pressão e composição. Em sentido macroscópico, isso significa que as característica do sistema não mudam ao longo do tempo, mas persistem indefinidamente, isto é, o sistema é estável. 5 Figura 16.4 – Ilustração de fases e solubilidade: (a) As três formas da água: gás, líquido e sólido representam fases diferentes. (b) Água e álcool possuem solubilidade ilimitada. (c) Água e sal possuem solubilidade limitada. (d) Água e óleo não possuem solubilidade. Diagrama de Fases e Condições de Equilíbrio Os diagramas de fases são úteis paraprever as transformações de fase e as microestrutura resultantes, que podem apresentar caráter de equilíbrio ou de ausência de equilíbrio. Os diagramas de fases ou equilíbrio representam a relação entre a temperatura e as composições, e as quantidades de cada fase em condição de equilíbrio. Sistemas Isomorfos Binários Ex: Sistema cobre-níquel. (Figura 16.5) a = solução sólida substitutiva que contém átomos de Cu e Ni, e que possui uma estrutura cristalina CFC. A temperatura abaixo de 1085°C o cobre e o níquel são mutuamente solúveis um ao outro no estado sólido, para toda e qualquer composição. Essa solubilidade é explicada pelo fato de que tanto o Cu como o Ni possuem a mesma estrutura cristalina (CFC), raios atômicos e elétronegatividade praticamente idênticos e valências semelhantes. O sistema cobre-níquel é chamado isomorfo devido a completa solubilidade dos dois componentes no estado liquido e sólido. Temperatura de fusão Cu puro =1085°C Temperatura de fusão Ni puro = 1453°C Para um sistema binário com composição e temperatura conhecidas e que se encontra em equilíbrio, pelo menos três tipos de informações estão disponíveis: (figura 16.5a) a) As fases que estão presentes; b) As composições das fases; c) As percentagem ou frações das fases. 6 Figura 16.5 (a) Diagrama de fases cobre-níquel (b) porção do diagrama de fases cobre níquel para o qual as composições e quantidades de fases estão determinadas para o ponto B Fases presentes Ponto A ( 60% de Ni e 40% de Cu –T 1100°C fase a) Ponto B (35% de Ni e 65% de Cu –T 1250°C fase a+L) Composição das fases a) Constrói-se uma linha de armação através da região bifásica a temperatura da liga. b) Identifica-se as interseções da linha de amarração com as fronteiras entre as fases em ambos os lados. c) Traçam-se linhas perpendiculares a linha de amarração a partir dessas interseções até o eixo horizontal, onde a composição é lida. Ex.: liga 35% Ni – 65% Cu a temperatura 1250 °C 7 CL = % Ni % Cu Ca = %Ni % Cu Determinação das quantidades das fases Região monofásica – Leitura direta no diagrama de fases. Região bifásica – Regra da alavanca ou regra da alavanca inversa. (Fig. 16-5b) SR S WL + = SR R W + =a CLC CoC WL - - = a a CLC CLCo W - - = a a Ex.:considerando uma liga de cobre-níquel onde à 1250°C ambas as fases a +liquido estão presentes em uma liga com composição de 35% Ni – 65% Cu. Calcule as fração das fases a e líquida. (Fig. 16.5 b) Propriedades Mecânicas de Ligas Isomorfas As propriedades mecânicas de uma liga variam em função da variação da composição química da liga. Figura 16.6 – Para o sistema cobre-níquel (a) limite de resistênc ia a tração em função da composição e (b) ductilidade (% AL) em função da composição à temperatura ambiente. Existe uma solução sólida para todas as composições. 8 Diagrama de Fases Eutético Binário Ex.: Sistema cobre - prata. (Figura 16.7) Três regiões monofásicas distintas a, ß e líquida; Fase a = solução sólida rica em cobre (Ag como soluto). Fase ß = solução sólida rica em prata (Cu como soluto). Tecnicamente o cobre puro é considerado como fase a e a prata pura é considerada com fase. A solubilidade em cada uma dessas fases é limitada (CBA) e (HGF). Solubilidade máxima da fase a = 8 % Ag em 779 °C. Solubilidade máxima da fase = 8,8 % Cu em 779 °C. Linha Sólidus - (BEG) – representa a temperatura mais baixa no qual uma fase líquida pode existir. (Para qualquer composição da liga). Existem três regiões bifásicas ( baba +«+«+ LL ) Linha Líquidus - A medida que a prata é adicionada ao cobre, a temperatura no qual a liga se torna totalmente liquida diminui ao longo da curva liquidus, curva AE. Dessa forma, a temperatura de fusão do cobre é reduzida pela adição de prata. O mesmo pode ser dito para a prata. A introdução de cobre reduz a temperatura de fusão ao longo da outra curva liquidus FE. Ponto Invariante - Ocorre uma reação importante para a liga com composição CE ( )CEL ( ) ( )EE CC ba ba + Sob resfriamento, uma fase líquida é transformada nas duas fases sólidas a e ß. Essa é chamada uma reação eutética e CE representa a composição e TE a temperatura do eutético. Freqüentemente, a curva sólidus horizontal em TE é chamada de isoterma eutética. A reação eutética sob resfriamento, é semelhante a solidificação de componentes puros no sentido de que a reação prossegue até seu termino a uma temperatura constante, ou seja de maneira isotérmica. Entretanto o produto sólido da solidificação eutética consiste sempre em duas fases sólidas. Na construção de diagramas de fase binários, é importante compreender que uma fase, ou no máximo duas, pode estar em equilíbrio dentro de uma campo de fase. Para um sistema eutético, três fases (a, ß e L) podem estar em equilíbrio, porem somente nos pontos ao longo da isoterma eutética. Outra regra geral é de que as regiões monofásicas estão sempre separadas uma das outras pôr uma região bifásica. Obs: Ponto eutético é a menor temperatura de fusão ou solidificação de uma liga Resfriamento Aquecimento 9 Figura 16.7 – Diagrama de fases para o sistema cobre-prata Desenvolvimento de Microestruturas em Ligas Eutéticas Dependendo da composição são possíveis vários tipos de microestrutura para o resfriamento lento de ligas que pertencem ao sistema eutético binário. 1° Caso - Variação entre um componente puro e a máxima solubilidade para aquele componente a temperatura ambiente. Temperatura Ambiente Liga chumbo com até 2% de Sn (estanho) Liga estanho com até 1% de Pb (chumbo). (Figura 16.8) Figura 16.8 – Diagrama de fases para a liga chumbo-estanho 10 - 350°C, liquido; ( Figura 16.9) - 330°C, a fase a começa a se formar; - A solubilidade atinge seu término no ponto onde a linha WW’ cruza a curva sólidus. - A liga resultante é policristalina com uma composição uniforme C1. - Nenhuma alteração subseqüente irá ocorrer com o resfriamento até a temperatura ambiente (ponto C). Figura 16.9 – Representação esquemática das microestruturas em condições de equilíbrio para uma liga chumbo-estanho com composição C1, à medida que ela é resfriada desde a região de fase líquida 11 2°Caso Composição entre o limite de solubilidade à temperatura ambiente e a solubilidade sólida máxima na temperatura do eutético. (Figura 16.10) Ponto d – Líquido Ponto e – L+a Ponto f – 100%a OBS: Imediatamente acima da intercessão com a curva solves (ponta f), a microestrutura consiste em grãos da fase a com a composição C2. Com o cruzamento da curva solves a solubilidade sólida da fase a é excedida, o que resulta na formação de pequenas partículas da fase ß (ponto g). Com o prosseguimento do resfriamento, essas partículas crescerão em tamanho. Figura 16.10 representação esquemáticas das microestruturas em condições de equilíbrio para uma liga chubo-estanho com composição C2, à medida que ela é resfriada desde a região de fase líquida. 12 3° Caso Envolve a solidificação da composição eutética. Na medida em que a temperatura é reduzida nenhuma alteração ocorre até que a temperatura do eutético seja atingida. Ao cruzar a isoterma eutética o liquido se transforma nas duas fases a e b , onde as composições das fases a e b são ditadas pelos pontos nas extremidades da isoterma eutética. (a 18,3% e b97,8%). (Figura 16.11) Figura 16.11 – Representação esquemática das microestruturas em condição de equilíbrio para uma liga chumbo-estanho com a composição eutética C3 Duranteessa transformação, deve existir necessariamente uma redistribuição dos componentes vistos que as fases a e b possuem composição diferentes e nem uma delas é igual a composição do liquido. Esta redistribuição é obtida mediante a difusão atômica. A microestrutura do sólido que resulta dessa transformação consiste em comandos alternados das fases b e a, que se formam simultaneamente durante a trans formação (ponto i), chamada estrutura eutética. (Figuras 16.12 e 16.13) Figura 16.12 – Micrografia mostrando a microestrutura de uma liga chumbo-estanho com a composição eutética. Essa microestrutura consiste em camadas alternadas de uma solução sólida da fase a rica em chumbo (camadas escuras) e de uma solução sólida da fase ß rica em estanho (camadas claras). Ampliação 375 X 13 Figura 16.13 – Representação esquemática da formação da estrutura eutética para o sistema chumbo-estanho. As direções da difusão dos átomos de estanho e de chumbo estão indicadas pelas setas cinzas-claras e cinzas-escuras, respectivamente. 4° Caso Inclui todas as composições que não são eutéticas, mas, quando resfriadas, cruzam o isoterma eutético. Figura 16.14 – Representação esquemática das microestruturas em condições de equilíbrio para u liga chumbo-estanho com composição C4, à medida que ela é resfriada desde a região da fase líquida 14 O desenvolvimento microestrutural entre os pontos J e L ocorre de modo que imediatamente antes do cruzamento da isoterma eutética, as fases a (18,3% de Sn) é liquida (61,9% de Sn – composição eutética). A medida que a temperatura for reduzida para abaixo daquela do eutético, a fase liquida, que possui composição do eutético se transformará na estrutura eutética (ponto n). Figura 16.15 – Micrografia mostrando a microestrutura de uma liga chumbo-estanho com composição de 50% Sn-50% Pb. Essa microestrutura é composta por uma fase a primária rica em chumbo (grandes regiões escuras) no interior de uma estrutura eutética lamelar que consiste de uma fase ß rica em estanho (camadas claras) e uma fase a rica em chumbo (camadas escuras). Ampliação 400 X A fase a estará presente tanto na estrutura eutética como também na fase que se formou durante o resfriamento através do campo das fases a + L. Para distinguir uma fase a da outra aquela que reside na estrutura eutética é conhecida como ae eutética enquanto aquela que se formou antes do cruzamento da isoterma eutética é conhecida como a’ primária. Microconstituinte – É um elemento da microestrutura que possui uma estrutura característica e identificável. Ex: (ponto m) Dois constituintes a) Fase a primária b) estrutura eutética (ae + ß) OBS: a) A estrutura eutética é um microconstituinte formado por uma mistura de duas fases (ae +ß). b) O eutético possui uma composição fixa = 61,9% Sn. Quantidade Relativa de cada Microconstituinte - Regra da Alavanca 15 Ex.: Liga composição C4’ = (30% Sn - 70% Pb) em uma temperatura logo abaixo da temperatura eutética (Figura 16.16) a) Fração do Microconstituinte Eutético We e a primário(a ’): (mesma fração do líquido WL a partir do qual se transforma). b) Fração da fase a total Wa (Eutética Wae + primária Wa ’) e Fração de fase b total Wß 16 Figura 16.16 – Diagrama de fases para o sistema chumbo-estanho usado nos cálculos das quantidades relativas dos microconstituintes a primário (a') e eutético para uma liga com composição C4'. Figura 16.17 – Representação esquemática das microestrutura em condições de equilíbrio para uma liga chumbo-estanho com composição C4' a medida que ela é resfriada desde a região da fase líquida. 17 Obs. à Para uma liga Pb – Sn com composição Hipoeutélica(<61,9% Sn) a microestrutura da liga na temperatura ambiente será: a’ + eutético. à Para a composição Hipereutética a microestrutura da liga na temperatura ambiente será b’ (primário) + eutético. (Figura 16.14). à Quando não forem mantidas as condições de equilíbrio ao se passar através da região das fases a(ou b) + líquido, ao se cruzar a isoterma eutética os grãos apresentarão uma distribuição não uniforme do soluto em seu interior. c) Composição da Fase Eutética Calcule a composição da fase eutética (61,9 % Sn) para a liga chumbo-estanho Considerando a liga com 30 % de estanho, determine quanto deste percentual está na fase a e quanto está na fase ß 18 17 O SISTEMA FERRO-CARBONO De todos os sistemas de ligas binárias; o que é possivelmente o mais importante é aquele formado pelo ferro e o carbono. Tanto os aços como os ferros fundidos são essencialmente ligas ferro-carbono. Diagrama de Fases Ferro-Carboneto de Ferro (Fe-Fe3C) O ferro puro, ao ser aquecido experimenta duas alterações na sua estrutura cristalina antes de se fundir. A temperatura ambiente, a forma estável, conhecida como ferrita, ou ferro alfa possui uma estrutura cristalina CCC. A ferrita experimenta uma transformação para austenita com estrutura cristalina CFC ou ferro d, à temperatura de 912ºC. Essa austenita persiste ate 1394ºC, temperatura em que a austenita CFC reverte novamente para uma fase com estrutura CCC, conhecida por ferrita d. Figura 17.1 – Diagrama de fases para o sistema ferro-carbono 6,67% C ® carbeto de ferro, cementita (Fe3C). O sistema ferro-carbono pode ser dividido em duas partes: uma porção rica em ferro e outra (não mostrada) para composições entre 6,7e 100% C-grafite puro. Em termos práticos todos os aços e ferros fundidos possuem teores de carbono inferiores a 6,67% C, desta forma é considerado somente o sistema ferro-corbeto de ferro. (ferrita d é desconsiderada). 19 O carbono é uma impureza intersticial no ferro e forma uma solução sólida tanto com a ferrita a como com a austenita. Na ferrita a, com estrutura CCC, somente pequenas concentrações de carbono são solúveis. A solubilidade máxima é 0,022% a 727°C. Na Temperatura Ambiente é de 0,008 %C. A solubilidade limitada pode ser explicada pela forma e tamanho das posições intersticiais na estrutura CCC (figura 17.2 b), que torna difícil acomodar os átomos de carbono. Embora presente em baixas concentrações, o carbono influencia de maneira significativa as propriedades mecânicas da ferrita, magnética abaixo de 768°C com uma densidade de 7,88g/cm3. (Fig 17.3a). Figura 17.2 – Modelos para células unitárias cúbico simples (SC), cúbico de corpo centrado (BCC) e cúbico de face centrada (FCC) Figura 17.3 – Metalografias da (a) ferrita (ampliação 90X) e da austenita (ampliação 325 X) 20 A austenita, ou ferro ? CFC (Fig. 17.2 CFC), quando ligada somente com carbono não é estável a temperaturas inferiores a 727°C. A solubilidade máxima do carbono na austenita 2,14% ocorre a 1147°C. Essa solubilidade é aproximadamente 100X maior do que o vetor máximo para a ferrita com estrutura CCC, uma vez que as posições intersticiais na estrutura cristalina CFC são maiores. As transformações de fases envolvendo a austenita são muito importantes no tratamento térmico dos aços. Deve ser mencionado que a austenita é não- magnética. (figura 17.3 C). A ferrita d é virtualmente a mesma ferrita a, exceto pela faixa de temperatura que ocorre, uma vez que a ferrita d é estável somente a temperaturas elevadas, ela não é de importância tecnológica. A cementita (Fe3C) se forma quando o limite de solubilidade para o carbono na ferrita a é excedido a temperatura abaixo de 727°C. O Fe3C também coexiste com a fase ?entre as temperaturas de 727e 1147°C. Mecanicamente, a cementita é muito dura e frágil. A resistência dos aços é aumentada substancialmente pela sua presença. Existe um eutético para o sistema ferro-carbeto de ferro, localizado a 4,3% C e 1147ºC. CFLEutéticaação e aquec resf 3 . . Re + ¾¾ ¾¬ ¾¾ ®¾ g Existe um ponto invariante eutetóide para uma composição 0,76% C a uma temperatura de 727ºC. )%67,6()%022,0()%76,0(Re 3 . . CCFCCEutétoideação e aquec resf + ¾¾ ¾¬ ¾¾ ®¾ ag As ligas ferrosa são aquelas nas quais o ferro é o componente principal, porém o carbono, assim como outros elementos de liga poderão estar presente. Existe três tipos de ligas ferro, aço e ferro fundido. O ferro comercialmente puro contém menos do que 0,008%C sendo composto extensivamente da fase ferrita à temperatura ambiente. As ligas ferro-carbono que contém entre 0,008 e 2,14%C são classificadas como aços. A microestrutura consiste tanto da fase a como da fase Fe3C. Embora uma liga de aço possa conter até 2,14%C as concentrações de carbono raramente excedem a 1%. Os ferros fundidos são classificados como ligas ferrosa que contêm entre 2,14 e 6,67%C entretanto os ferros fundidos comerciais contém normalmente menos do que 4,5%C. Desenvolvimento das Microestruturas em Ligas Ferro-Carbono. Ligas Eutetóides (0,76%C) - A microestrutura para um aço eutetóide lentamente resfriada através da temperatura eutetóide consiste em camadas alternadas ou lamelas compostas por duas fases (a + Fe3C).= Perlita. (Figura 17.4). 21 Figura 17.4 – Representações esquemáticas das microestruturas para uma liga ferro-carbono de composição eutetóide (0,76 % p C) acima e abaixo da temperatura eutetóide. )%67,6()%022,0()%76,0( 3 . . CCFCC e aquec resf + ¾¾ ¾¬ ¾¾ ®¾ ag (Figuras 17.5 e 17.6) Figura 17.5 Metalografia de um aço eutetóide em microscopia óptica mostrando a microstrutura perlítica, que consiste em camadas alternadas de ferrita a (fase clara) e Fe3C (camadas finas escuras). Ampliação de 500 X. 22 Figura 17.6 – Representação esquemática da formação da perlita a partir da austenita. A direção de difusão do carbono está indicada pelas setas. Ligas Hipoeutetóides (C< 0,76%): A ferrita está presente na perlita e também como a fase que se formou ao longo da região de fase a+?. A ferrita que está presente é chamada de ferrita eutetóide, enquanto a outra, que se formou a temperaturas acima de Te é conhecida por ferrita proeutetóide (pré ou antes eutetóide). (Figura 17.7 e 17.8) 4342143421 FerritaPerlita e sf CF aaagg ++®+¾¾ ®¾ 3 .Re Figura 17.7 Representações esquemáticas das microestruturas para a liga ferro carbono com composição hipoeutetóide Co (< 0,76%p C) à medida que ela é resfriada desde a região austenítica até abaixo da temperatura eutetóide. 23 Figura 17.8 – Metalografia em microscópio óptico de uma aço com 0,38%p C com uma microestrutura composta por perlita e ferrita próeutetóide. Ampliação 635 X Ligas Hipereutetóides (0,76<C=2,14): A cementita que se forma antes da reação eutetóide é chamada cementita proeutetóide. Assim a microestrutura resultante será perlita e cementita proeutetóide. (Figuras 17.9 e 17.10) 444 3444 2143421 Perlita e GrãosCont ee CFCFcontornosCF 3 ).( 33 )( ++®+® agg Figura 17.9 – Representação esquemática das microestruturas para uma liga ferro-carbono com composição hipereutetóide C1 (contendo entre 0,76 e 2,14%p C), à medida que ela é resfriada da região austenítica até abaixo da temperatura eutetóide. 24 Figura 17.10 – Metalografia em microscopia óptica de um aço com 1,4%p de carbono que possui uma microestrutura composta por uma rede de cementita pró-eutetoide, branca, que envolve as colônias de perlita. Ampliação 1000 X. Influência de elementos de liga na temperatura e composição eutetóide: (Figuras 17.11 e 17.12) Figura 17.11 – Efeito da concentração de elementos de liga na temperatura eutetóide Figura 17.12 – Efeito da concentração de elementos de liga na composição eutetóide 25 Figura 17.13 – Representação esquemática dos constituintes formados em aço hipo- eutetóide, aço eutetóide, e aço hipereutetóide Regra da Alavanca Aplicada ao Sistema Ferro-Carbono 26 (Também conhecida como regra da alavanca invertida) )( )( Perlita UT T Wp + = oeutetóideFerrita UT U W Pr )( ' + =a )( )( Perlita XV X Wp + = eutetóideóCementita XV V CWFe -+ = Pr'3 Figura 17.14 – Regra da alavanca aplicada ao sistema Fe-C Exercício 17.1) Para um aço SAE 1035, a uma temperatura imediatamente abaixo da eutetóide, determine: 27 a) As frações de ferrita proeutetóide e perlita. b) As frações de ferrita eutetóide. c) As frações de fases ferrita total e cementita total. Exercício 17.2) Determine a quantidade de ferrita total e cementita total existentes na temperatura ambiente em um aço ABNT 1045 resfriado lentamente a partir do campo austenítico. Exercício 17.3) Para um aço hipereutetóide contendo 1,1 % C a uma temperatura imediatamente abaixo da eutetóide, determine: (a) A fração de ferrita pró-eutetóide; (b) As frações de cementita pró-eutetóide e perlita; (c) A fração de cementita eutetóide; (d) As frações de ferrita total e cementita total. 28 18 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS FERRORAS 18.1. Aços Liga Fe + C, podendo apresentar ou não elementos de liga, com o teor de carbono variando de 0,008 a 2,11%. Impurezas: S, P < 0,05 % Aço carbono = Fe + C + impurezas Aço Liga = Fe + C + elementos de liga (Cr, Ni,, Mo, ...) + impurezas. Tabela 18.1 – Norma SAE (ABNT) de Classificação dos Aços Classificação das Inclusões nos Aços: A – Tipo Sulfeto B – Tipo Alumina C – Tipo Silicato D – Tipo Óxido Globular 29 30 Fabricação dos Aços Alto Forno: Fabricação a partir do minério de ferro; - Magnetita – Fe3O4 – 72,4 % Fe Minério de Ferro - Hematita – Fe2O3 - 69,9 % Fe - Limonita - 2FeO2 3H2O - 48,3 % Fe Figura 18.1 - Representação de uma instalação para produção de gusa Considerações: Carga é colocada pela parte superior Minério de ferro (a reduzir) Coque ou carvão de lenha: para fornecer a energia térmica e o CO necessários a redução. Calcário: Fundente para fluidizar as impurezas e formar um escória mais fusível. Na parte inferior, logo acima do cadinho é injetado ar quente para alimentar a combustão do carvão. - Gusa – sólido ou líquido. Produtos - Escória – flutua sobre o gusa - Gases ricos em CO: utilizados como combustível Produção: em torno de 50 a 100 toneladas por dia. A figura 18.2 apresenta as principais etapas de fabricação de aços em alto forno enquanto a tabela 18.2 apresenta as principais reservas de minério de ferro no mundo. 31 Figura 18.2 - Etapas de fabricação de aço em alto forno, a partir de minério de ferro Tabela 18.2 - Principais reservas de minério de ferro no mundo 32 Conversor Bessemer: Forno basculante em cujo fundo se encontram orifícios através da qual passa ar sob pressão através da carga que é sempre líquida. Corridas de 10 a 20 toneladas; Ar insuflado é frio; Temperatura do banho é mantida pelas reações exotérmicas do oxigênio do ar com Si, Mn, C. Ajuste do teor de C pelo sopro (~ 15 minutos) Figura 18.3 - Representaçãode um conversor Bessemer Forno elétrico: Fabricação a partir da sucata (figura 18.3) Carga: Sucata + coque + fundentes Energia térmica: arco elétrico que se forma entre os eletrodos e a carga. Escória: removida pela porta de carga. Corrida: ~ 60 toneladas com duração de 8 horas. 33 18.4 - Representação de um forno elétrico tipo Heroult Figura 18.5 - Representação de um forno Siemens- Martin 34 Propriedades Mecânicas dos Aços Boa resistência mecânica, ductilidade, relativa homogeneidade, possibilidade de ser forjado, laminado, trefilado, moldado, soldado, usinado, modificado em suas propriedades por meio de tratamentos mecânicos, térmicos e químicos. Aplicações: eixos, engrenagens, parafusos, rolamentos, trilhos, peças de máquinas e motores, ferramentas. O carbono exerce a principal influência na dureza e resistência mecânica. Aço fundido – Granulação grosseira tipo dendrítico. Figura 18.6 – Microestrutura (dendrítica) de um aço fundido Trabalho a quente: A partir do estado austenítico (laminação). - Homogeneização da estrutura; - Destruição da estrutura dendrítica; - Recristalização com acentuada redução no tamanho de grão; - Melhoras das propriedades mecânicas. Trabalho a frio (encruamento) – Figura (18.7) - Aumento da resistência mecânica; - Aumento da ureza; - diminuição da ductilidade (menor alongamento e estricção) 35 Figura 18.7 – Microestrutura de um aço deformado a frio 36 Aços Liga Objetivos: Aumentar a dureza e resistência a tração; Conferir resistência uniforme atrvés de toda a seção em peças de grande dimensões; Aumentar a resistência a corrosão (Cr) Melhorar a resistência ao aquecimento (dureza em elevadas temperaturas) Aumentar a resistência ao desgaste; Melhorar as propriedades elétricas e magnéticas; Diminuir peso. Elementos de liga: Aumentam a resistência da ferrita (fig. 18.8) e formam carbonetos de liga. Efeito dos elementos de liga nos carbonetos Ordem crescente de formação: Mn, Cr, Mo, W, Ta,V, Nb, Ti Menor tendência do que o ferro: Si, Al, Cu, Ni e Co. Quanto mais fino os carbonetos maior a resistência mecânica e menor a ductilidade. O aumento do teor de carbono do aço (até 0,76 %) aumenta o limite de escoamento, aumenta a resistência a tração, e diminui o alongamento e resistência ao choque. Efeito dos elementos de liga na formação da Austenita: O aquecimento dos aços à temperatura de austenitização retém em solução na austenita todos os elementos de liga que estavam previamente dissolvidos na ferrita. (aumenta levemente a dureza) Elementos não dissolvidos: Elevam a temperatura de crescimento de grão – Diminuem o tamanho de grão. Carbonetos – se dissolvem parcialmente na austenita e aqueles mais estáveis evitam o crescimento de grão. Figura 18.8 – Efeito dos elementos de liga na ferrita 37 Aços Especiais Tabela 18.5 - Aços Estruturais Perlíticos de Alta Resistência e Baixo Teor de Liga Tabela 18.6 - Faixa de Composição de Aços-Carbono SAE Ressulfurados Tabela 18.7 - Aço Baixo Teor de Liga para Cementação 38 Tabela 18.8 - Habilidade dos Elementos de Liga em Conferir Certas Propriedades aos Aços Para ferramentas e Matrizes Tabela 18.9 - Aços Para Ferramentas Temperáveis em Água Tabela 18.10 - Aços Para Ferramentas Resistentes ao Choque 39 Tabela 18.11 - Aço Ferramenta Para Trabalho a Frio Tabela 18.12 - Aço Ferramenta Para Trabalho a Frio 40 Tabela 18.13 - Aço Ferramenta Para Trabalho a Quente Tabela 18.14 - Aço Ferramenta Para Trabalho a Quente Tabela 18.15 - Composições Químicas Representativas de Trilhos 41 Tabela 18.16 - Aços Rápidos Para Ferramentas Tabela 18.17- Aços Rápidos Para Ferramentas 42 Tabela 18.18 - Composição de Aços Normalmente Nitretados Tabela 18.19 - Aços Inoxidávies 43 18.2. Ferros Fundidos Não pode s er deformado nem a frio e nem a quente. Peças são fabricadas em sua forma final (acabamento posterior); Resistência ao choque e a tração menor do que o aço. Empregados em peças de menor responsabilidade ou sujeitas a tensões moderadas; Mais baratodo que o aço; Aplicações: Bases e suportes de máquinas, volantes, mancais, peças que atuam mais pelo peso do que pela resistência. Figura 18.9. – Diagrama Fe-C apresentando a classificação para aços e ferros fundidos 44 18.3. Determinação do Tamanho de Grão A (ASTM) apresenta uma norma para especificar o tamanho de grão. O numero de grão por polegada quadrada N é determinado a partir de uma fotografia tirada com uma magnificação de 100vezes. O tamanho de grão ASTM é dado por: N = 2n-1 N = Número de grãos por polegada quadrada; n = Tamanho de grãos ASTM; Um tamanho de grão ASTM elevado indica muitos grãos ou tamanho de grão refinados e está relacionado com elevada resistência. Obs – O aumento do tamanho de grão em um dado material diminui a área superficial total dos grãos para o mesmo volume de material. Tabela 18.3 – Diâmetro médio para diferentes tamanho de grão ASTM A seguir são apresentados padrões de comparação para grãos número 01 a 08 ASTM e por último o aspecto da superfície de fratura de acordo com o tamanho de grão ASTM 45 46 47 48 49 19 ENSAIOS MECÂNICOS Os ensaios mecânicos são realizados pela aplicação, em um material de um dos possíveis esforços: tração, compressão, flexão, torção, cisalhamento, para determinar a resistência do material a cada um desses esforços. Objetivo: Determinar as propriedades mecânicas de um material Propriedades { Ensaios Não Destrutivosà raios-x, ultra-som, Magma flux, (dureza). Ensaios Destrutivosà tração, dobramento, flexão, flexão, torção, fadiga, impacto. Ensaio de Tração Consiste em submeter um material a um esforço que tende a alongá-lo. São aplicados esforços crescentes na direção axial do corpo de prova, sendo medidas as deformações correspondentes por intermédio de um extensômetro. O corpo de prova é levado até a ruptura. É traçado a curva Tensão x deformação. Figura 19.1 Representação Esquemática do dispositivo usado para realizar ensios tensão- deformação por tração. O corpo de prova é alongado pelo travessão móvel. Uma célula de carga e um extensômetro medem respectivamente, a magnitude da carga aplicada e o alongamento. Físicas e falhas} Ensaios não destrutivos MecânicasàEnsaios Destrutivos 50 A uniformidade deformação termina no momento em que é atingida a carga máxima suportada pelo material, quando começa a aparecer o fenômeno de estricção ou diminuição da seção transversal do corpo de prova, no caso de materiais com certa ductilidade. A ruptura se da na região estrita do material, a menos que um defeito interno no material, fora dessa região, promova a ruptura do mesmo, o que dificilmente acontece. (Figura 19.2). Velocidade = 1 Kgf/mm2 por segundo Figura 19.2 – Comportamento típico da curva tensão-deformação de engenharia até a fratura do material, ponto F. O limite de resistência a tração, LRT está indicado no ponto M. Os detalhes circulares representam a geometria do corpo de prova deformado em vários pontos ao longoda curva Ensaio de Tração Convencional (So) Tensão à Resistência interna de um corpo a uma força externa aplicada sobre ele, por unidade de área. So Q =s Deformação àVariação de uma dimensão qualquer desse corpo, por unidade de comprimento, quando esse corpo é submetido a um esforço qualquer. Lo LD =e (Figura 19.3) Tensão Média àEste termo ocorre devido ao fato da tensão não ser completamente uniforme sobre a área, So, ou seja, cada elemento longitudinal na barra não sofre a mesma deformação. A anisotropia inerente aos grãos de um metal policristalino impede uma completa uniformidade da tensão em uma peça de dimensões macroscópicas. Como a variação é extremamente pequena, o termo tensão média é chamado apenas de tensão. 51 Figura 19.3 - Barra Submetida a esforço de tração Propriedades Mecânicas Obtidas Pelo Ensaio de tração Convencional Gráfico Tensão X Deformação Figura 19.4 Gráfico tensão X Deformação de um metal Módulo de Elasticidade (Figura 19.5) Zona Elásticaà e s =E (Lei de Hooke) E= constante de proporcionalidade, módulo de elasticidade ou módulo de Young. 52 Figura 19.5 - Diagrama Esquemático Tensão x Deformação mostrando a deformação elástica linear para ciclos de carga e descarga Limite de Elasticidade - A linearidade do diagrama termina num ponto “A” denominado limite elástico, definido como a maior tensão que o material pode suportar sem ocorrer qualquer deformação permanente. (figura 19.4) Região AO - O material esta na região elástica. Se em qualquer ponto dentro da linha “AO”, a carga for aliviada, o descarregamento seguirá também a mesma reta “AO” e para um descarregamento total, o metal volta a origem (ponto O), sem apresentar qualquer deformação residual ou permanente. (figura 19.4). Limite de Proporcionalidade - Ao ser atingida uma tensão em que o material já não obedece a lei de Hooke, ou seja, a deformação não é proporcional tensão chega se ao ponto A’ denominado limite de proporcionalidade. A posição relativa entre A e A’ não é totalmente definida e alguns autores colocam A’ abaixo de A. Na verdade esses dois pontos muitas vezes se confundem sendo difícil determiná- lo com precisão, devido ao fato de que o desvio da linearidade é sempre gradual e não a um ponto bem determinado para cada um desses limites. Admite-se que uma deformação residual de 0,001% seja o limite da zona elástica. Estas considerações são aplicáveis aos metais dúcteis. Metais extremamente duros podem romper dentro da zona elástica e neste caso estes conceitos deixam de ser importantes. (figura 19.4). Zona Plástica - A tensão e a deformação não são relacionados por uma constante de proporcionalidade. Havendo descarregamento do material até tensão igual a zero, o metal fica com deformação permanente ou residual. (Figura 19.4) Escoamento - O inicio da plasticidade é verificado em vários metais e ligas dúcteis, como aços de baixo carbono, pelo fenômeno do escoamento. O escoamento é um tipo de transição heterogênea e localizada, caracterizado por um grade aumento da deformação com pequena variação de tensão. Depois do escoamento o metal está encruado. Vários metais e ligas não exibem esse fenômeno ou o escoamento não é nítido. Isso acontece, por exemplo, quanto mais duro é o material. 53 Limite de Escoamento - É a tensão atingida durante o escoamento. So Qe e =s Qe = Carga de escoamento Quando não for possível determinar o limite de escoamento com precisão suficiente, adota-se o limite convencional n de escoamento ou limite n: (figura 19.6). So Qn n =s Qn = é a carga em que se observa uma deformação de n% do material. Geral® n = 0,2% Cobre e suas ligas® n = 0,5% Ligas metálicas duras® n = 0,1% 19.6 (a) Comportamento tensão-deformação para um metal, mostrando as deformações elástica e plástica. O limite de proporcionalidade P e o limite de escoamento se conforme determinado pelo método da pré-deformação de 0,002. (b) Comportamento tensão- deformação esquemático, encontrado em alguns aços que apresentam o fenômeno de pico de escoamento descontínuo. 54 Limite de Resistência So Qr r =s Qr = Carga máxima atingida durante o ensaio. (ponto M, figura 19.2) Estricção - Após ser atingida a carga Qr, o material entra na fase de ruptura, caracterizada pelo fenômeno de estricção que é caracterizado pela sensível diminuição da sessão transversal do corpo de prova, numa certa região do mesmo. Quanto mais mole é o material, mais estrita se torna a seção nessa fase. É nessa região que se da a ruptura do corpo de prova, finalizando o ensaio. 100* So SSo - =j f = Estricção; So = Seção Inicial da Barra; S = Seção final da barra. Alongamento Total 100* Lo LoL A - = Lo = Distância inicial marcado no corpo de prova. L = Distância final após a ruptura do corpo de prova. Obs.à O gráfico Tensão x Deformação pode ser substituído pelo gráfico Carga x Deformação. SoQ *s= (Figura 19.7) Figura 19.7 (a) Gráfico mostrando o alongamento do escoamento e os limites de escoamento superior e inferior. (b) Curvas tensão-deformação de alguns aço carbono 55 Corpos de Prova Figura 19.8 – Corpos de Prova Para Ensaio de Tração Tabela 19.1– Dimensões dos Corpos de Prova 56 Estudo Detalhado das Propriedades Mecânicas Módulo de Elasticidade: Avaliação da Rigidez entre dois materiais (figura 19.9): Figura 19.9 – Comparação da Rigidez (nível de deformação) entre dois materiais O módulo de elasticidade é a medida da rigidez do material. Quanto maior o módulo menor a deformação elástica resultante da aplicação de uma tensão, e mais rígido será o material. O Aço é cerca de 3 vezes mais rígido que o Alumínio. Desta forma a deformação do aço é de cerca de 1/3 da deformação do alumínio, para a mesma tensão na zona elástica. (tab. 19.2). Para projetos onde a deformação deve permanecer baixa, o módulo de elasticidade é um valor importante, devendo-se escolher um material que tenha esse valor suficientemente alto para suportar grandes tensões com pequena deformação elástica. O módulo de elasticidade é determinado pelas forças de ligação entre os átomos de um metal. (Figura 19.10). Como essas forças são constantes para cada estrutura que apresenta metal (célula unitária), o módulo de elasticidade é uma das propriedades mais constantes dos metais, embora possa ser levemente afetado por adição de elementos de liga, tratamentos térmicos ou trabalho a frio. 57 Figura 19.10 - Relação da força em função da separação interatômica para átomos ligados tanto fracamente como fortemente. A magnitude do módulo de elasticidade é proporcional à inclinação de cada curva na separação de interatômica de equilíbrio. Tab 19.2– Módulo de Elasticidade p/ Alguns Metais e Ligas a Temperatura Ambiente 58 O módulo de elasticidade é inversamente proporcional a temperatura, ou seja, aumentando-se a temperatura decresce o valor de E. (figura 19.11) Para Aço Carbono E200°C = 0,90 E E425°C = 0,75 E E540°C = 0,65 E E625°C = 0,60 E Figura 19.11 Gráfico mostrando o módulo de elasticidade em função da temperatura para o tungstênio, aço e alumínio. A medida de E é feita pela tangente da reta característica da zona elástica, traçando-se a curva tensão x deformação. (figura 19.12) Figura 19.12 - Diagrama esquemático tensão deformação mostrando um comportamento elástico não linear, e como os módulos secante e tangencialsão determinados 59 Caso essa reta seja muito pequena (limite de proporcionalidade baixo), ou mesmo inexistente, pode-se medir E pela tangente da reta que é tangente à curva no ponto O da origem ou num ponto B especificado pela curva ou ainda pela tangente da reta que é secante à curva, que vai do ponto O até o ponto A especificado na curva. (Figura 19.13) Figura 19.13 – Determinação de E para Materiais com Pequena Zona Elástica Determinação da Resiliência, Ductilidade e Tenacidade Figuras 19.14 e 19.15 Figura 19.14 - Representação esquemática mostrando como o módulo de resiliência (que corresponde a área sombreada) é determinado a partir do comportamento tensão-deformação em tração 60 Figura 19.15 Representações esquemáticas do comportamento tensão-deformação em tração para materiais frágeis e dúcteis Limite de Escoamento Nos ensaios de rotina, a determinação do limite de proporcionalidade é substituído pelo limite de escoamento, que se observa nitidamente no aço de baixo carbono recozido, ou pelo limite n, quando não é possível observar-se o escoamento nos outros metais. Quando um projeto requer um metal dúctil, aonde a deformação plástica deva ser evitada, o limite de escoamento é o critério a ser adotado para a resistência do material. 19.16 (a) Curva Teórica mostrando os limites de escoamento superior e Inferior (b) Efeito da constante de mola K, na curva tensão-deformação A tensão “A” é chamada de limite de escoamento superior, que é a tensão máxima atingida antes da queda repentina da carga (começo da deformação plástica no escoamento). Após a estabilização da carga ou tensão, o material sofre uma deformação relativamente grande sem aumento de tensão, que é o patamar de escoamento. A tensão “B” é o limite de escoamento inferior do material onde ocorre o alongamento durante o escoamento. Alguns autores, porém, consideram o limite de escoamento inferior como “C”, que pode vir a ser inferior a tensão do patamar. (Figura 19.16 a). Esses dois limites não são constantes para um determinado metal, mas dependem de diversos fatores como a geometria e condições do corpo de prova, do método de ensaio, da velocidade de deformação e principalmente das características da máquina de ensaio. 61 Quando há escoamento nítido, a deformação plástica começa em um ou alguns pontos do corpo de prova e uma deformação apreciável (alongamento) do corpo de prova deve acontecer para fazer com que a região deformada plasticamente se espalhe por toda parte útil do corpo de prova. Portanto a forma e dimensões do corpo de prova afetam o escoamento, geralmente corpos de prova redondos tendem a aumentar o limite de escoamento superior em comparação aos corpos de prova retangulares. Na completa ausência de concentrações de tensões provocados pela usinagem pode se obter um limite de escoamento superior comparável ao limite de resistência do material. Com grandes transformações de tensões pode até desaparecer o limite superior. Entre esses dois extremos, obtém-se vários valores para o limite de escoamento superior, enquanto o limite inferior é muito menos afetado. A velocidade de deformação (velocidade do ensaio) afeta o escoamento, fazendo com que se observe tensões de escoamento mais altas, quanto maior for a velocidade de deformação. O patamar de escoamento é afetado pela máquina de ensaio. Quando a máquina é “dura” a tensão do patamar decresce e quando é “mole” a tensão do patamar aumenta. A dureza de uma máquina de ensaio depende da sua rigidez elástica, isto é, uma máquina mole não acusa prontamente o escoamento repentino de um material. Para medidas precisas no estudo do escoamento á necessário uma máquina “dura”, pois esta reduz a sua deformação durante o ensaio. Na queda do limite superior para o limite inferior de escoamento, a inclinação da curva é determinada inteiramente pela característica da máquina de ensaio, chamada constante de mola, K. Uma máquina “mole” tem um valor baixo da constante da mola e uma máquina “dura” tem um valor alto. Desta forma uma máquina “dura” é sensível a velocidade de deformação e a “mole” é sensível somente a variação de carga. (Figura 19.16 b). O alongamento durante o escoamento pode chegar até a 10%. Ele depende da ductilidade do material e da sua granulação. Quanto maior a ductilidade e quanto mais fina for a granulação, maior será o alongamento do escoamento. As faixas de deformação que em corpos de prova muito bem polidos podem ser observadas são conhecidas como bandas de Lüders cada oscilação de carga corresponde a uma nova banda de Lüders. O escoamento termina depois que todas as faixas cobrem o comprimento total do corpo de prova. O escoamento pode também se dar em pequenas regiões do metal, sem a propagação das bandas. Quando cada elemento sofrer a tensão que provoque o seu escoamento, ele escoa, o processo se transmite para o elemento seguinte até alcançar todo o material. Quando esse processo aconteceu, o escoamento se produz quase que sob tensão constante e os limites de escoamento superior e inferior muito próximos. Esse processo ocorre em aços liga com níquel e cromo (Ex. AÇO SAE 4340). O limite de escoamento pode ser associado a pequenas quantidades de impurezas intersticiais ou substitucionais existentes no metal. Um metal puro não apresenta escoamento. Coteil sugere que o escoamento aparece em virtude da interação dos átomos de soluto (ou impurezas) com as discordâncias existentes tendem a bloqueá- las em seu inicio de movimento. A tensão que leva as discordâncias da ancoragem ou que cria novas discordâncias livres corresponde ao limite de escoamento superior, após que a tensão cai devido ao desaparecimento do bloqueio oferecido pelas impurezas às discordâncias, que podem então ser empilhadas num obstáculo qualquer, como por exemplo, no contorno do metal policristalino. 62 Tensões e Deformações Verdadeiras O decréscimo na tensão após o limite de tração ocorre devido a definição de tenção de Engenharia que usa a área original A0 para o seu calculo, mas não é precisa pois a área muda continuamente. A definição de tensão verdadeira e deformação verdadeira é dada por: (Figura 19.17 e 19.18). Tensão Verdadeira s = F/A Deformação verdadeira ò ÷ ø ö ç è æ =÷÷ ø ö çç è æ =Þ A A L L l dl o o lnln A = Área exata na qual a força é aplicada A expressão de ln(A0/A) deve ser usada depois que a redução de seção (pescoço) inicial. Figura 19.17 - Comportamento típico da curva tensão-deformação até a fratura do material no ponto F. O limite de resistência a tração está indicado no ponto M. O detalhes circulares representam a geometria do corpo de prova deformado em vários pontos ao longo da curva Figura 19.18 – Relação entre o diagrama tensão verdadeira x deformação verdadeira e o diagrama tensão de engenharia x deformação de engenharia 63 Exercício: Compare a tensão de deformação de Engenharia com a tensão de deformação verdadeira para o alumínio na (a) Máxima carga e (b) Fratura. O diâmetro original da barra é 0,505in na máxima carga é 0,497in e na fratura é 0,398in. (Tabela 19.3) Tabela 19.3– Resultados de um ensaio de tração de uma barra de alumínio 0,505” 64 Teste de Dobramento Para Materiais Frágeis Em materiais dúcteis a curva tensão x deformação atinge um valor máximo. Esta tensão máxima é a resistência a tração do material. A falha ocorre em tensões mais baixas depois que o pescoço tenha reduzido a área da seção transversal da peça.(figura 19.19) Figura 19.19 – Curva tensão-deformação para uma liga de alumínio Em materiais com ductilidade moderada a falha ocorre na máximacarga aonde a resistência a tração e o limite de ruptura são iguais. Em materiais frágeis, incluindo muitos cerâmicos o limite de escoamento a resistência a tração e o limite de ruptura são iguais. (Figura 19.20) Figura 19.20 - Comportamento tensão-deformação para materiais frágeis comparados com materiais de maior ductilidade 65 Em muitos materiais frágeis o ensaio de tração é difícil de ser realizado pois muitas vezes ao se colocar a amostra nas garras da prensa é suficiente para causar trincas. Esses materiais podem ser usando um teste de dobramento. (Figura 19.21) Figura 19.21 (a) Teste de dobramento freqüentemente usado para medir a resistência de materiais frágeis (b) deflexão d obtida pela flexão Através da aplicação da carga em três pontos gera-se um dobramento e tenções de tração atuam no material no ponto médio no lado oposto ao da aplicação da carga. A resistência a flexão ou modulo de ruptura descreve a resistência do material. Resistência a flexão 2..2 ..3 hW LF = F = Carga de fratura; L = Distância entre os dois apoios; W = Largura da amostra; H = Espessura da amostra; O modulo de elasticidade na flexão ou modulo de flexão é calculado na região elástica. (Figura 19.22) Modulo de Flexão d...4 . 3 3 hW LF = ®d Deflexão da amostra quando a força é aplicada. Uma vez que trincas e defeitos tendem a permanecerem fechados na compressão, os materiais frágeis são normalmente projetados para suportar somente tensões compressivas. Em materiais frágeis normalmente a resistência a compressão significativamente superior a resistência a tração. 66 Figura 19.22 Curva tensão-deflexão para o MgO obtida de um teste de flexão Tabela 19.4 - Comparação da resistência a tração, resistência a compressão e resistência a flexão para diversos materiais cerâmicos e compósitos Teste de Dureza: Sua Natureza e Uso O teste de dureza mede a resistência a penetração da superfície de um material por um objeto duro. (Figura 19.23 e Tabela 19.5). Tipicamente os polímeros são materiais muito macios, os metais têm dureza intermediária e os materiais cerâmicos são excepcionalmente duros. Figura 19.23 - Teste de dureza Brinell e Rockwell 67 Tabela 19.5 - Comparação entre testes de dureza típicos 19.6 – Tabela de conversão de durezas 68 Teste de Impacto Quando um material é sujeito a uma pancada intensa, na qual a taxa de deformação é extremamente rápida, o material pode se comportar de maneira muito mais frágil do que se observada em um teste de tração. Um teste de impacto é utilizado para avaliar a tenacidade do material sob estas condições. (Figura 19.24). Os procedimentos de teste entre eles Charpy e Izod (normalmente não metálicos) medem a energia absorvida pelo material antes da ruptura (tenacidade ao entalhe). Figura 19.24 (a) Corpo de prova utilizado em ensaios de impacto Charpy e Izod. (b) Representação esquemática de um equipamento para ensaio de impacto. O martelo é liberado de uma altura fixa “h” e atinge o corpo de prova. A diferença gasta na fratura é refletida pela diferença entre H e a altura de balaço h'. Também estão mostrados os posicionamentos dos corpos de prova para os ensaios charpy e Izod. 69 Propriedades Obtidas Através de um Teste de Impacto Temperatura de Transição – É a temperatura na qual na qual o material muda de fratura dúctil para frágil. (Figura 19.25). Figura 19.25 – Resultados de uma série de testes de impacto Izod em um polímero termoplástico de nylon supertenaz Nem todos os materiais possuem uma temperatura de transição definida. Metais cúbicos de corpo centrado CCC possuem esta transição enquanto a maioria dos metais cúbicos de face centrada não apresentam a transição. Figura 19.26 – Propriedades de um aço carbono CCC e um aço inoxidável CFC em um ensaio charpy. A estrutura CFC tipicamente resulta em maior absorção de energia e não apresenta temperatura de transição. 70 Sensibilidade ao Entalhe: Entalhes causados por uma usinagem grosseira, processo de fabricação ou projeto, concentram e reduzem a tenacidade do material. A sensibilidade ao entalhe de um material pode ser avaliada através da comparação entre a energia absorvida da amostra com entalhe. Se o material for sensível ao entalhe a energia absorvida pela amostra com entalhe é muito menor. (Figuras 19.27 e 19.28) Relação Entre Tensão e Deformação: A energia requerida para romper um material está relacionada com a área contida dentro do diagrama deformação x tensão verdadeira. Metais com elevada resistência mecânica (resistência a tração) e elevada ductilidade possuem boa tenacidade. Cerâmicos e muitos compósitos, por outro lado, possuem baixa tenacidade embora possuam elevada resistência, devido ao fato de praticamente não possuír em boa ductilidade. (Figura 19.29). Figura 19.27 (a) A geometria das trincas de superfície e internas. (b) Diagrama esquemático do perfil de tensão ao longo da linha X-X’ em (a), demonstrando a amplificação de tensões nas extremidades da trinca. Figura 19.28 – Curvas de fatores de concentração de tensões teóricos para três formas geométricas simples. 71 Figura 19.29 – A área da curva tensão x deformação está relacionada com a energia de impacto. Embora o material B possua menor limite de escoamento, ele absorve maior energia do que o material A. Teste de Fadiga Um componente freqüentemente está sujeito a aplicação repetida abaixo do limite de escoamento do material. Esta tensão cíclica pode ocorrer com da rotação, flexão ou vibração. Mesmo quando a tenção está abaixo do limite de escoamento, o material pode falhar depois de um grande número de ciclos. Este modo de falha é chamado fadiga. Falha por fadiga tipicamente ocorre em dois estágios. Primeiro é criado uma pequena trinca na superfície do componente freqüentemente após um longo tempo do inicio do carregamento. No próximo passo a trinca se propaga gradualmente com os ciclos. Finalmente a fratura brusca ocorre quando a seção transversal remanescente é muito pequena para suportar o carregamento aplicado. (Figuras 19.30 e 19.31). Figura 19.30 – Teste de fadiga rotativo 72 Figura 19.31 – Curvas tensão x números e ciclos para falha, para um aço ferramenta e uma liga de alumínio. O ensaio de fadiga pode informar quanto tempo um componente pode trabalhar ou a carga máxima permitida sem que ocorra a falha. O limite de fadiga, é a tenção abaixo da qual existe 50% de probabilidade de que a falha por fadiga nunca ocorra. Vida em fadiga indica quanto tempo um componente irá funcionar em uma tensão particular. Em alguns materiais, incluindo os aços, o limite de fadiga é aproximadamente metade da resistência a tração. A maioria dos materiais são sensíveis ao entalhe com a vida em fadiga sensível a defeitos superficiais. Projeto e fabricação que resulta em concentradores de tensão reduzem a vida em fadiga. Algumas vezes a superfície da peça é polida para minimizar a probabilidade de falha por fadiga. Efeito da Temperatura – Com o aumento da temperatura da peça a vida em fadiga e o limite de fadiga diminuem. Da mesma forma mudanças de temperatura cíclicos incentivam a falha por fadiga térmica. Quando o material é aquecido de maneira não uniforme, algumas partes da estrutura expandem mais do que outras. Esta expansão desigual introduz tensões no material e quando mais tarde a estrutura é resfriada e se contai, tensões com sinais opostos surgem. Como conseqüência de tensões e deformações induzidas termicamente fadiga pode eventualmente ocorrer. Ensaio de Fluência Se tensões são aplicadas em um material em elevada temperatura,o material se expande e eventualmente falha, mesmo se a tensão aplicada é menor que o limite de fadiga para a temperatura da peça. Deformação plástica em elevadas temperaturas é conhecida como fluência. Ela é observada em todos os tipos de materiais. Para os materiais ela se torna importante apenas a temperaturas superiores a ~ 0,4Tr. Empilhamento de Discordâncias - Elevadas temperaturas permitem o empilhamento de discordância em um metal. Átomos se movem da linha ou para a linha de discordância por difusão resultando no movimento de discordância numa direção perpendicular ao plano de deslizamento. A discordância escapa de uma imperfeição de rede, continua a deslizar e causa um deformação adicional da amostra mesmo com baixas tensões aplicadas. (figura 19.32). 73 Figura 19.32 – Discordâncias podem superar os obstáculo (a) quando átomos deixam a linha de discordância para criarem interstícios ou preencher vazios (b) quando átomos estão anexados a linha de discordâncias criando vazios ou eliminado interstícios Taxa de Fluência e Tempo de Ruptura – No primeiro estágio da fluência de metais, muitas discordâncias se afastam dos obstáculos, deslizam e contribuem para a deformação. Eventualmente, a taxa na qual as discordâncias se separam dos obstáculos iguala a taxa na qual as discordâncias são bloqueadas por outras imperfeições. Este fato conduz ao segundo estágio da fluência ou estado estável (steady – state). Figura 19.33 – Curva típica de fluência mostrando a deformação produzida como uma função do tempo para tensão e temperatura constantes. Taxa de fluência tempo deformação . . D D Þ 74 Eventualmente, durante o terceiro estágio de fluência, a redução da seção inicial (empescoçamento), a tensão aumenta e a peça se deforma a uma taxa acelerada até que a falha ocorra. O tempo necessário para que a falha ocorra é chamado de tempo de ruptura. Elevadas tensões ou elevadas temperaturas reduzem o tempo de ruptura e aumentam a taxa de fluência. Uso dos dados do Ensaio de Fluência - As curvas tensão x ruptura permitem estimar o tempo de vida de um componente para uma combinação particular de tensão e deformação. Figura 19.34 – Efeito da temperatura ou tensão aplicada, na curva de fluência. Figura 19.35 – Resultados de uma série de testes de fluência: (a) Curvas tensão x ruptura para uma liga ferro-cromo-níquel e (b) parâmetro de Larson-Miller para FoFo dúctil. 75 20 MOVIMENTO ATÔMICO NOS MATERIAIS - DIFUSÃO Figura 20.1 – Fotografia de uma engrenagem de aço que foi endurecida superficialmente. A camada mais externa da superfície foi endurecida seletivamente através de um tratamento térmico realizado em alta temperatura, durante o qual o carbono da atmosfera circundante difundiu-se para o interior da superfície. Esta região aparece como uma borda mais escura. Introdução Átomos se movem de forma previsível para eliminar diferenças de concentração e produzir uma composição uniforme e homogênea. Difusão ocorre nos tratamentos térmicos dos metais, fabricação dos cerâmicos, solidificação dos materiais, entre outros. (Figura 20.1) O processo de difusão envolve a transferência de massa seja no interior de um sólido específico, ou seja, a partir de um liquido, de um gás ou de uma outra fase sólida. Portanto a difusão é um fenômeno de transporte de material através do movimento de átomos. (Fig 20.2). As imperfeições que existem em reticulado cristalino de um material e mesmos os átomos em suas posições normais não são estáveis ou “descansando”. Um átomo pode se mover de um ponto normal do reticulado para ocupar um vazio próximo. Um átomo pode se mover de um sítio intersticial para outro e átomos podem pular através de um contorno de grão, resultando no movimento do contorno. 20.1 Mecanismos de Difusão Mesmos em materiais sólidos e puros os átomos se movem de uma posição para outra no reticulado em processo conhecido como difusão própria. O processo na qual os átomos de um metal se difundem no interior de um outro metal é chamado de interdifusão ou difusão de impurezas. Existe uma tendência ou transporte líquido dos átomos da região de alta concentração para região de baixa concentração. A difusão também ocorre nos metais puros, porém neste casso todos os átomos que estão mudando de posição são do mesmo tipo. Este fenômeno é conhecido por autodifusão. Obviamente não está sujeita a observação de mudança na composição. 76 De uma perspectiva atômica, a difusão é a migração em etapas dos átomos de um sítio para outro sítio do reticulado. Para um átomo fazer este tipo de movimento, duas condições devem ser atendidas: (1) Deve existir um sítio adjacente vazio (2) O átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações atômicas que os unem a seus átomos vizinhos e então causar alguma distorção na rede cristalina durante o deslocamento. Difusão por Lacuna -Envolve o deslocamento de um átomo de uma posição normal da rede cristalina para um sítio vago do reticulado. Obviamente esse processo exige a presença de lacunas e a extensão na qual a difusão ocorre, é uma função do número de defeitos que estão presentes. O numero de lacunas, que aumenta com o aumento da temperatura tem grande influencia na difusão de vacâncias (figura 20.3a). Difusão Intersticial - Envolve átomos que migram de uma posição intersticial para outra vizinha que esteja vazia. Esse mecanismo é encontrado para interdifusão de impurezas tais como hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio, que possuem átomos pequenos o suficiente para se encaixarem no interior das posições intersticiais (figura 20.3b). Tanto a autodifusão como a interdifusão ocorrem por este mecanismo. Na interdifusão os átomos de impureza devem substituir os átomos hospedeiros. Os átomos hospedeiros e os átomos de impurezas substitucionais normalmente não se difundem através deste mecanismo. Figura 20.2 – Difusão de átomos de cobre no níquel. Eventualmente os átomos de cobre estão distribuídos aleatoriamente através do níquel 77 Figura 20.3 – Mecanismos de difusão nos materiais: (a) Difusão de vazios (vacâncias) ou difusão de átomos substitucionais (b) difusão intersticial. Energia de Ativação para Difusão Um átomo em difusão deve comprimir seus átomos vizinhos até alcançar seu novo sítio. Para que isto ocorra, energia deve ser fornecida para forçar o átomo até sua nova posição. (Figura 20.4) O átomo está originalmente em uma posição relativamente estável de baixa energia. Para o átomo se mover ate nova localização, ele deve superar uma barreira de energia “A” esta barreira de energia é a energia de ativação. Aquecimento fornece ao átomo a energia necessária para exceder esta barreira. Normalmente menos energia é requerida para mover um átomo intersticial através dos átomos vizinhos. Conseqüentemente, a energia de ativação é mais baixa para difusão intersticial do que para difusão de vacâncias.(Tabela 20.1) Figura 20.4 – Uma energia elevada é requerida para separar os átomos durante a difusão. Esta energia é a energia de ativação Q. geralmente mais energia é necessária para um átomo substitucional do que para um átomo intersticial. 78 Tabela 20.1 – Dados de difusão para materiais selecionados Taxa de Difusão (1° lei de Fick) J = -D Ax Ac Onde: J = Fluxo (átomos/cm2.s) D= Difusividade ou coeficiente de difusão, Ax Ac = Gradiente de concentração (átomos/cm2.s) (Figura 20.5) Gradiente de concentração: O gradiente de concentração mostra como a composição do material com a distancia: ? c é a diferença na concentração sobre a distancia ? x.(Fig. 20.6) 79 Figura 20.5 – Fluxo durante a difusão é definidocomo um número de átomos passando através de um plano de área unitária por unidade de tempo. Figura 20.6 – Ilustração do gradiente de concentração Temperatura e Coeficiente de Difusão: o coeficiente de difusão D está relacionado com a temperatura pela equação de Arrenius: (Figura 20.7) D=Co exp ÷ ø ö ç è æ - RT Q D = Coeficiente de difusão Co =constante R =constante dos gases (1,987 cal/mol.K) Q =energia de ativação requerida para o movimento da imperfeição (cal/mol) 80 Figura 20.7 – Coeficiente de difusão D como uma função da temperatura para vários metais e cerâmicos. No gráfico de arrenius, D representa a taxa de difusão. Fatores que afetam a difusão e a energia de ativação O coeficiente de difusão D é um indicativo da taxa segundo a qual os átomos se difundem. Na maioria das ligas metálicas, a difusão intersticial ocorre muito mais rapidamente do que a difusão por lacunas, uma vez que os átomos intersticiais são menores e dessa forma são também mais móveis. Além disso, existem mais posições intersticiais vazias do que lacunas. Portanto, a possibilidade de um movimento atômico intersticial é maior do que a difusão por lacunas. A energia de ativação pode ser considerada como aquela necessária para produzir o movimento difusivo de um mol de átomos. Uma energia de ativação elevada resulta em um coeficiente de difusão relativamente pequeno.Uma pequena energia de ativação Q aumenta o coeficiente de difusão e fluxo, devido ao fato de menor energia térmica ser requerida para transpor a barreira de menor energia. As Energias de ativação são normalmente menores para átomos se difundindo através de uma estrutura cristalina aberta do que para estruturas fortemente empacotadas. Uma vez que a energia de ativação depende da resistência da ligação atômica ela é mais alta para a difusão de materiais com elevada temperatura de fusão. (Figura 20.8) Materiais com ligação covalente, com carbono e silício, possuem energia de ativação extremamente elevadas, corrente com alta resistência em suas ligações atômicas. (Tab. 20.1) Difusão através de polímeros cristalinos é mais lenta do que em polímeros amorfos, que não possuem ordem de longo alcance, conseqüentemente possuem densidades mais baixas. Na difusão de volume, os átomos se movem através de um reticulado ou sítio intersticial para outro. Devido aos átomos vizinhos, a energia de ativação é grande e a taxa e difusão e lenta, contudo, os átomos podem se difundir pelos contornos, interface e superfície dos 81 materiais. Átomos se difundem facilmente nos contornos de grão por que o empacotamento atômico é pobre nesta região. Difusão de superfície é ainda mais fácil por que existem menos restrições na difusão de átomos na superfície. Difusão necessita de tempo. Se um grande número de átomos deve se difundir, longos tempos podem ser requeridos mesmo em elevadas temperaturas. Tempo de tratamento térmico podem ser reduzidos usando-se temperaturas mais altas. Algumas estruturas e propriedades características são obtidas se a difusão for evitada. Aços resfriados a partir de elevadas temperaturas formam estruturas metálicas estáveis que são a base dos tratamentos térmicos. As espécies difusivas, assim como o material hospedeiro influenciam o coeficiente de difusão. (tabela 20.2) Figura 20.8 – A energia de ativação aumenta para a auto-difusão com o aumento do ponto de fusão do metal Tabela 5.2 – Tabulação de dados de difusão 82 A temperatura apresenta uma influência significativa sobre os coeficientes e taxas de difusão. A relação dos coeficientes de difusão em relação à temperatura se dá de acordo com a expressão: ) RT Qd exp(DD 0 - = D0 = constante independente da temperatura Qd = A energia de ativação para difusão (J/mol, cal/mol, ev/mol). R = Constante dos gases 8,31J/mol.k 1,987cal/mol.k 8,62*10-5ev/átomo 20.2 Perfil de Composição – Segunda lei de Fick CoCs CxCs - - =erf. ÷÷ ø ö çç è æ tD X .2 Cs – Concentração de átomos na superfície do material; Co – Concentração inicial de átomos no material; Cx – Concentração de átomos na distancia x abaixo da erf tD X .2 ® Função erro para a segunda lei de Fick (Figura 20.9) Figura 20.9 – Função erro para a segunda lei de fick 83 Exemplo – Projeto de Um Tratamento de Cementação:Deseja-se aumentar a resistência de um aço com 1% C através do tratamento térmico de cementação. Neste processo o aço é colocado em uma atmosfera que proporciona uma concentração de 1,2% C na superfície do aço em uma elevada temperatura. Desta forma o carbono se difunde da superfície para o núcleo. Pra se obter propriedades atômicas, o aço deve conter 0,45% C a uma profundidade de 0,2cm abaixo da superfície. Projete um tratamento térmico de cementação que produza essas condições assumindo que a temperatura de tratamento seja elevada o suficiente (³900° C) de modo que o ferro tenha uma estrutura CFC. Difusão e Processamento de Materiais Difusão é muito importante quando os materiais são usados ou processados em elevadas temperaturas. Crescimento do grão: contorno do grão representa uma região de alta energia devido a ineficiência de empacotamento dos átomos. Uma redução de energia é obtida se a área de contorno é reduzida pelo crescimento do grão. Crescimento de grão envolve os movimentos de contornos permitindo que alguns grãos cresçam com a redução de outros. Difusão de átomos através do contorno de grão é necessário. Elevadas temperaturas ou baixas energias de ativação aumentam o tamanho do grão. Muitos tratamentos térmicos de materiais, que exigem que o material seja mantido em elevadas temperaturas, devem ser cuidadosamente controlados para evitar um excessivo crescimento de grão. 84 Figura 20.10 – Crescimento de grão ocorre com a difusão de átomos através dos contornos de grãos de um grãos para outro União por difusão – (Figura 20.11) Figura 20.11 Passos na soldagem por difusão: (a) Inicia lmente a área de contato é pequena. (b) aplicação da pressão deforma a superfície e aumenta a área de união. (c) Difusão através do contorno de grão permite vazios to shrink e (d) Eliminação final dos vazios requer difusão de volume Sinterização (Figura 20.12) Figura 20.12 Difusão ocorre durante sinterização e metalurgia do pó. Átomos difundem para os pontos de contato, criando pontes e reduzindo o tamanho dos poros 85 21 POLÍMEROS Incluem plásticos, borrachas e adesivos, possuindo moléculas orgânicas gigantes. Figura 21.1 Três forma de representar a estrutura do polietileno: (a) um modelo sólido tri- dimensional, (b) modelo espacial tri-dimensional e (c) modelo bi-dimensional simples. Propriedades: Leves, resistentes a corrosão, baixa resistência e baixa rigidez, não adequada para uso em elevada temperatura, transparentes, isolantes elétricos (podem ser condutores ser condutores) (teflon - baixa coeficiente de fricção) Classificação ® (tabela 21.1, figura 21.2) Tabela 21.1 – Comparação de três categoria s de polímeros 86 Figura 21.2 – Representações esquemáticas das estruturas moleculares (a) lineares, (b) ramificadas, (c) com ligações cruzadas e (d) em rede (tridimensionais). Os círculos representam as unidades mero individuais. 21.1 Polimerização: Processo na qual pequenas moléculas são unidas para criar moléculas gigantes. Mecanismos de Polimerização por Adição: Ligações insaturadas (duplas) são quebradas (calor, pressão e catalisadores)
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