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Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 04/03/2009 
 Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Policiamento orientado para o problema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRÉDITOS 
PROFESSOR: Cel PM Cícero, atualmente Cmt da 8ª Região de Polícia Militar da 
PMMG - Governador Valadares. 
PROFESSOR: Cap PM ALEXANDRE MAGNO de Oliveira 
Assessor de Polícia Comunitária do Estado-Maior da Polícia Militar– PMMG 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 04/03/2009 
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Apresentação 
 
Seja bem-vindo(a) ao curso Policiamento Orientado para o Problema. 
 
Você já parou para pensar como que os problemas “repetidos” na área de segurança 
pública são resolvidos pela sua organização? 
 
É o momento para os operadores de segurança previrem suas políticas públicas e práticas 
operacionais. E, principalmente, adequá-las às técnicas já usadas nas empresas privadas, para 
aperfeiçoar o serviço de segurança pública, que é prestado para a sociedade brasileira. 
 
O policiamento tradicional “não só tem falhado no controle, na prevenção do crime e em 
fazer do policiamento uma profissão, mas tem promovido uma separação pouco saudável 
entre a polícia e as comunidades servidas por ela”, conforme atesta Mark Harrison Moore, no 
livro Policiamento Moderno (EDUSP, 2003). Da mesma forma demonstra a pesquisa do IBOPE 
realizada em março de 2008. Menos da metade da população brasileira “confia” no serviço 
da polícia investigativa e ostensiva, respectivamente, 52% confiam na polícia civil e 48% na 
polícia militar. 
 
A SENASP tem o propósito de apresentar, neste curso a distância, outra estratégia de 
policiamento, “comprovadamente eficiente”, já utilizada em diversas organizações 
policiais pelo mundo afora. Este curso foi elaborado para potencializar as tarefas dos 
operadores do sistema de segurança pública, que devem ser focadas nas causas do(s) 
problema(s) de segurança, vivido pela comunidade. 
 
Sabe-se que toda sociedade (e a brasileira não é diferente) atravessa por diversos problemas 
no nível “global”, como desigualdade social, tráfico internacional de drogas e armas, 
terrorismo, tráfico de crianças, dentre outros, que muitas vezes não têm como ser resolvido 
pelos cidadãos no curto prazo. 
 
Mas é possível melhorar a qualidade de vida “local”, se os problemas diários, que mais 
incomodam os cidadãos (como pichação, som alto de veículos, violência doméstica, etc.), 
forem identificados e solucionados pelos operadores do sistema de segurança pública, 
especialmente os policiais, com o apoio das lideranças comunitárias. 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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O grande desafio é como fazer? 
 
Este curso possibilitará a você, que é operador do sistema de segurança pública, utilizar o 
método IARA: 
 
Identificar os problemas vividos na sua comunidade; 
Analisar as suas causas principais; 
Responder com ações criativas; e 
Avaliar os seus impactos com o apoio da comunidade. 
 
Além de estudar o conteúdo do curso e realizar os exercícios propostos, verifique as 
atividades propostas no ambiente de aprendizagem. 
 
Bom estudo! 
 
Este curso criará condições para que você possa: 
Ampliar conhecimentos para: 
- Conceituar policiamento orientado para o problema; 
- Descrever as eras da polícia moderna; 
- Analisar as estratégias do policiamento moderno; 
- Descrever o método IARA (identificação, análise, resposta e avaliação); 
- Compreender o gerenciamento da rotina de trabalho; 
- Conceituar a teoria do crime de oportunidades; e 
- Identificar o processo do “triângulo do crime”. 
 
Desenvolver e exercitar habilidades para: 
- Utilizar o método IARA para resolver os problemas de segurança pública; 
- Elaborar o diagrama causa-efeito e plano de ação (5w2h); 
- Aplicar o “triângulo do crime” na análise do problema; 
- Utilizar a técnica de prevenção do crime situacional. 
 
Fortalecer atitudes para: 
- Reconhecer a importância de atuar em grupos de trabalhos orientados para o problema; 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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- Valorizar as opiniões diferentes e convergi-las para solucionar o problema; 
- Desenvolver atitudes proativas para resolver os problemas em suas causas; e 
- Reconhecer a importância de atuar como facilitador (protagonista) do processo orientado para 
o problema. 
 
O curso está divido em 4 módulos: 
 
Módulo 1 – Fundamentos do policiamento moderno 
Módulo 2 – As metodologias de planejamento 
Módulo 3 – Método IARA 
Módulo 4 – Prevenção Situacional do Crime 
 
Reflexão 
Antes de iniciar a módulo 1, leia o texto extraído do livro: “A Síndrome da Rainha 
Vermelha”, de Marcos Rolim (2006). 
 
Texto extraído do livro A Síndrome da Rainha Vermelha 
 
“Vamos imaginar que você esteja passeando ao longo de um rio e que, subitamente, perceba 
que uma criança está sendo arrastada pela correnteza. Se você for uma pessoa minimamente 
solidária, por certo se jogará na água para tentar resgatar a criança. Suponhamos que você 
tenha sorte e que seu gesto seja resgatar a criança. Assim, como bom nadador, você consegue 
trazer a criança sã e salva em seus braços e tem razões de sobra para comemorar seu feito. 
Vamos imaginar agora que toda a vez que você passe por aquele lugar haja uma criança sendo 
levada pela correnteza, fazendo com que você seja, sempre, obrigado a repetir a mesma 
façanha. Certamente, as chances de salvar todas as crianças seriam menores e, ao mesmo 
tempo, o risco de você ser tragado pelas águas aumentaria. Mas, se isso ocorresse, pareceria 
evidente que algo estava acontecendo com essas crianças em um ponto anterior da 
correnteza. Portanto, tão logo a repetição das ocorrências fosse comprovada, pareceria-lhe 
não apenas o óbvio, mas urgente, descobrir o que estava acontecendo com as crianças antes 
de elas caírem na água. Então, você provavelmente iria percorrer as margens do rio em 
direção à sua nascente para tentar descobrir a causa de tão chocante e misteriosa sucessão 
de tragédias.” 
 
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Imagine que o papel desempenhado pelas polícias modernas é superar a “lógica” de agir 
reativamente, que obriga os policiais a “nadar” o tempo todo, para tentar salvar “crianças 
que já estão afogadas” e reflita sobre as questões a seguir: 
 
1. Essa metáfora aplica-se no serviço de segurança pública? 
2. Geralmente, você atua no serviço de segurança pública de forma reativa ou age de 
maneira proativa aos problemas diários e repetitivos? 
3. É hábito de sua organização pensar ou planejar ações para subir o curso do rio para 
“salvar as crianças”? O que impede que isso ocorra? 
4. Que tipo de ação dá mais visibilidade na mídia e reconhecimento (prêmios ou medalhas) 
na sua comunidade e organização, tentar “salvar as crianças afogadas” ou “identificar o 
que gera os afogamentos”? 
 
 
Módulo 1 – Fundamentos do policiamento moderno 
 
Neste módulo serão discutidos os fundamentos do policiamento moderno. O conteúdo está 
dividido em 4 aulas: 
Aula 1 - As eras do policiamento moderno 
 
Aula 2 - As estratégias do policiamento moderno 
 
Aula 3 - O histórico do policiamento orientado para o problema (POP) 
 
Aula 4 - A relação do POP com policiamento comunitário 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Descrever as eras da polícia moderna; 
 
- Descrever as estratégias do policiamento moderno; e 
 
- Conceituarpoliciamento orientado para o problema. 
 
 
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Aula 1 - As eras do policiamento moderno 
 
Na apresentação deste curso, você refletiu sobre como as organizações policiais agem diante 
de um problema na comunidade. Preferencialmente de forma reativa, não foi mesmo? Pois 
bem, nesta aula, você estudará como surgiu essa lógica de policiamento moderno na 
sociedade ocidental. 
 
Você sabe como são divididas as eras do policiamento moderno? 
Para iniciar esta aula, há para você um desafio responda as perguntas: 
1. O filme apresentado demonstra um período do policiamento moderno? Qual período ele 
aborda? 
2. Como você acha que ele surgiu? 
3. Você acha que as estratégias de policiamento implementadas no Brasil receberam alguma 
influência externa? 
 
Respostas: 
1. O filme demonstra uma propaganda direcionada para as organizações policiais brasileiras, 
nos anos 60, refere-se à era da reforma. Esta era foi classificada pelos sociólogos, que se 
inicia nos anos 30 e vai até os anos 80, na maioria das organizações policiais de nossa 
sociedade ocidental, inclusive na brasileira. 
 
2. O policiamento moderno (como conhecido atualmente) surgiu na Inglaterra (1829), no 
instante em que se consolida a própria sociedade urbano-industrial a partir do século XIX. 
 
3. A sociedade brasileira tem características próprias, mas também é formada baseando-se 
nas características da sociedade urbano-industrial, por isso é que recebe influência direta na 
maneira que se executa o serviço policial. 
 
 
O objetivo desta aula é destacar como são divididos os períodos distintos do policiamento e 
como o policiamento orientado para o problema é fruto da evolução das estratégias de 
policiamento moderno, através de seus elementos de inovação nos Estados Unidos. Devido 
a influência dessa cultura nos países ocidentais, é necessário verificar como essas 
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transformações refletem e embasam, até os dias atuais, as estratégias implementadas nas 
polícias latino-americanas. 
 
De acordo com Moore, Trojanowicz (1993) e Dias Neto (2003), historicamente, o policiamento 
nos EUA é dividido em três períodos fundamentais: 
 
Figura 1.1: Eras do policiamento moderno americano 
Fonte adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de 
policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do 
Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a polícia: A experiência norte-
americana. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. 
 
Era Política (1º período: 1830 - 1930) 
Caracterizado, principalmente, por um policiamento que desempenhava diversas funções 
sociais, muita corrupção policial e sem profissionalização. 
 
Era da Reforma (2º período: 1930 – 1980)) 
Momento que surgem as Academias de Polícias, com o objetivo de formar os profissionais de 
polícia, tendo como foco combater o infrator e como tática prioritária o rádio-patrulhamento. 
 
Era solução de problemas com a comunidade (3º período: 1980 - 2000) 
Orienta-se na construção de um relacionamento de cooperação entre a polícia e a sociedade, 
tendo como base a participação das lideranças comunitárias e foco na solução dos problemas 
locais. 
 
A Era Política é caracterizada por um sistema de aplicação da lei, envolvendo um órgão 
permanente, com funcionários dedicados em tempo integral ao patrulhamento contínuo 
visando à prevenção do crime. (MOORE; KELLING, 1993) Neste contexto a polícia desenvolve 
um serviço social amplo, pois não está bem definida sua função social. 
 
A polícia conduzia inspeções sanitárias, zelava por crianças perdidas, checava óleo nas 
iluminações de rua, monitorava pesos e as medidas adotadas pelos comerciantes, concedia 
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licença para pedintes de rua, controlava odores advindos dos curtumes, realizava 
recenseamento, apreendia animais perdidos, obrigava as pessoas a criar seus porcos nos 
quintais e preservava o sabbath. (SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7) 
 
Sabbath, ou sabá, é uma palavra de origem hebraica shabbath, que significa o descanso religioso que, 
conforme a legislação mosaica, devem os judeus observar no sábado, consagrado a Deus. (FERREIRA, 
2008) 
 
A polícia era uma importante instituição responsável pelo bem-estar social daquela 
sociedade, o grande objetivo era atender aos cidadãos e aos políticos locais. Certamente 
suas ações eram muito influenciadas pelas instituições político-partidárias locais, o que 
gerava uma enorme flexibilidade na atuação do policial. Para Dias Neto (2003), esta postura 
gerava uma enorme discricionariedade policial e, muitas vezes, hostilidade entre o policial e 
a própria comunidade, que para ser resolvida era utilizada a força. Toda esta característica 
gerava, entre a polícia e a comunidade local, um vínculo muito forte. Destaca-se que a 
principal tática de policiamento era o deslocamento a pé ou a cavalo, o que possibilitava 
um maior contato entre as pessoas. 
 
Segundo Goldstein (2003), as maiores críticas à Era Política era a violência e corrupção 
policiais, dentre outros desmandos, que foram evidenciados pela National Comminssion on 
Law Observance and Enforcement ocorrida em 1931, nos Estados Unidos. Outro grave 
problema era a forma de ingresso na carreira policial, resumida a uma oportunidade de 
emprego para protegidos políticos. 
 
Os únicos requisitos necessários para a indicação de um policial eram influência política e 
força física [...] Não havia necessidade de treinamento preliminar, os policiais eram 
considerados suficientemente preparados para o exercício de suas funções se portassem um 
revólver, cassetete, algemas e vestissem um uniforme [...] Tratava-se de uma era de 
incivilidade, ignorância, brutalidade e corrupção. (SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7) 
 
Baseando-se nessas contradições, várias críticas surgiram, principalmente dentro da própria 
polícia, para aprimorar esse serviço. “Os defensores das reformas lutavam pela incorporação 
dos métodos gerenciais e operacionais da iniciativa privada”. (Dias Neto (2003, p. 9) O 
objetivo era criar um departamento policial “perfeito” – afora comumente chamado de 
modelo profissional. Portanto, havia um consenso que era preciso blindar a polícia de 
interferências da política externa, centralizar as estruturas internas de comando e controle, 
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delimitar a função do policial para prender os infratores da lei e formar o profissional de 
polícia. 
 
As características dessa Era Policial estão num serviço profissional distante da 
comunidade, focado no combate repressivo do crime e que utiliza principalmente o 
automóvel e o telefone para implementar o rádio-patrulhamento. É inegável que surge uma 
máquina burocrática eficiente e de um corpo profissional treinado, com as melhores 
tecnologias para o momento, mas os policiais não conseguem identificar os problemas 
cotidianos dos cidadãos. Com essa lógica, o policial fica distante e inacessível às demandas 
políticas próprias do jogo democrático. (DIAS NETO, 2003) 
 
Com o modelo profissional surge uma obsessão pela eficiência operacional e 
administrativa, dificultando o contato social sobre as decisões policiais. Uma das maiores 
críticas contra o modelo profissional refere-se à ausência de controle sobre a condutapolicial. Um movimento que aos poucos permitiu aos próprios cidadãos americanos de 
representar a sociedade civil na apuração e no julgamento das denúncias contra abusos 
policiais. Esse foi um importante passo para ter algum controle externo sobre a polícia, mas 
acirrou, ainda mais, os ânimos entre os ofendidos e os policiais. 
 
As atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que deve haver uma 
relação sólida e consistente entre a polícia e a sociedade para que tenha efeito a política de 
prevenção criminal e na produção de segurança pública. (Dias Neto, 2003) 
 
Diante das iniciativas frustradas de relações públicas ou de reforma na estrutura 
administrativa policial surgem alternativas que fortalecem as idéias de partilhar entre a 
polícia e a comunidade a tarefa de planejar e implementar as políticas de segurança pública. 
 
As eras do policiamento moderno americano são apresentadas para uma análise temporal 
(quadro 1.1). Nesta síntese é possível perceber quais são as principais características de cada 
período e como ocorreu essa transformação que influenciou as principais estratégias de 
policiamento, que surgiram na Era da Reforma e na Era de Solução de Problemas com a 
Comunidade. 
 
Atenção! Deve-se ter o cuidado para não simplificar a análise de uma era policial somente 
em algumas características, sob o risco de distorcer todo um contexto histórico-social. 
Uma característica (total ou parcial), de um período pode repetir em outro, por exemplo: o 
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relacionamento íntimo entre a polícia e a comunidade, presente na era política e era da 
comunidade. Também é importante destacar que essas são características comuns entre a 
maioria dos órgãos policiais naquele período, portanto, as datas são parâmetros. 
 
Quadro 1.1 – Características das eras do policiamento moderno 
Caracteríticas gerais 
Era Política 
1830 - 1930 
Era da Reforma 
1930 - 1980 
Era soluções de Problema 
com a Comunidade 
1980 – 2000 
Autorização e 
legitimidade 
Políticos locais e lei Lei e profissionalismo 
Lei, profissionalismo e 
comunidade 
Função Serviço social amplo Controle do crime 
Serviço policial amplo e 
personalizado 
Relacionamento com 
a comunidade 
Íntimo Distante e remoto Íntimo 
Táticas e tecnologia Patrulhamento a pé 
Patrulhamento 
motorizado e 
acionamento por 
telefone 
Patrulhamento a pé, 
envolvimento da 
comunidade para solução 
de problemas 
Resultados esperados 
Satisfação dos 
cidadãos e dos 
políticos locais 
Respostas rápidas para 
controlar os crimes 
Qualidade de vida e 
satisfação da comunidade 
 
Fonte adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de 
policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do 
Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
MOORE, Mark Harrinson e TROJANOWICZ, Robert C. Estratégias institucionais para o policiamento. 
Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a polícia: A experiência norte-
americana. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 2 - As estratégias do policiamento 
 
Conforme foi visto na aula anterior, o policiamento moderno para ser melhor compreendido é 
dividido em eras. 
 
Leia a citação abaixo: 
A estrutura hierarquizada, militarizada dos departamentos de polícia contrapunha-se à 
essência do verdadeiro profissionalismo. [...] Se tal fato serviu para propiciar certa 
uniformidade nos departamentos de polícia e eliminar abusos, acabou, também, inibindo 
talentos e ambições entre os policiais. (WALKER apud DIAS NETO, 2003, p. 16) 
 
Baseado na citação do professor americano Walker, para você, essa situação se aplica no 
contexto de sua organização? Dê um exemplo. 
 
Resposta: Conforme pode ser percebido, as organizações policiais brasileiras (militar ou civil) 
também possuem essa característica, ou seja, com o objetivo de tornar o policial mais 
profissional, o seu contato direto com a comunidade ficou limitado e, de alguma forma, 
podou suas iniciativas para solucionar os problemas locais de forma criativa e audaciosa. 
 
A estratégia de policiamento direciona, dentre outros tópicos, os objetivos da polícia, seu 
foco de atuação, como se relaciona com a comunidade e as principais táticas a serem 
utilizadas. 
 
Uma estratégia que funcionou no passado, necessariamente, não tem que ser eficaz 
atualmente, principalmente em sociedades heterogêneas e conectadas em rede, pelo 
processo da globalização, com alto avanço tecnológico e informacional. A área de segurança 
pública não está fora desse contexto de (pós)modernidade, é possível adotar políticas 
públicas para solucionar essas questões e almejar metas que atendam as comunidades locais. 
 
É importante destacar que a segurança pública acumulou experiências policiais diversas, 
na tentativa de atingir seus objetivos organizacionais, estabelecer seu profissionalismo e, 
em alguns locais, alcançar legitimação na própria comunidade. Mas, para Goldstein (2003), 
não é um hábito registrar essas estratégias no meio acadêmico e, principalmente, discuti-las 
nos órgãos policiais. 
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Para correlacionar a origem das estratégias de policiamento com as respectivas eras de 
policiamento recorre-se à evolução histórica apresentada por Moore, Trojanowicz (1993) e 
Kelling; Moore (1993); conforme a figura 1.2, que você verá a seguir. 
 
Figura 1.2 - Estratégias do policiamento moderno 
 
Fonte adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de policiamento, 
perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio 
de Janeiro, 1993. 
MOORE, Mark Harrinson e TROJANOWICZ, Robert C. Estratégias institucionais para o policiamento. Cadernos 
de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a polícia: A experiência norte-
americana. 2ª edição Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. 
 
Veja a seguir em que consiste cada uma das estratégias de policiamento. 
 
Policiamento Profissional (Era da Reforma) 
A estratégia de policiamento que orientou mundialmente o policiamento moderno, a partir de 
1930, e até hoje direciona a maioria das instituições policiais, é o policiamento profissional. 
É também denominado como policiamento tradicional ou combate profissional do crime. 
Ela foi concebida num contexto histórico que buscava diminuir os conflitos urbanos que 
surgiam diante da ausência de estratégias policiais eficientes na Era Política (1830-1930). 
 
Ela tem como principal característica foco direto sobre o controle do crime, como sendo a 
missão central da polícia, e só da polícia. Com isso, aumentam o status e a autonomia da 
polícia. Baseada nesse foco, a instituição policial se organiza em unidades centralizadas, com 
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profissionais que têm o aporte de orçamento público para pessoal, logística, tecnologia e 
treinamento, dentre outros recursos necessários para desenvolver esse serviço. 
 
O objetivo da estratégia de combate profissional do crime é criar uma força de combate do 
tipo militar, disciplinadae tecnicamente sofisticada, que não pratique a brutalidade no 
seu cotidiano. As principais tecnologias operacionais dessa estratégia incluem a utilização de 
patrulhas motorizadas (de preferência automóveis), suplementadas com rádio, atuando de 
modo a criar uma sensação de onipresença e respondendo rapidamente aos chamados, 
principalmente aqueles originados pelo telefone 190 ou 911. 
 
Policiamento Estratégico (Era da Reforma) 
 
O policiamento estratégico tenta resolver os pontos fracos do policiamento profissional no 
combate ao crime, acrescentando reflexão e energia (MOORE; TROJANOWCZ, 1993). Essa 
estratégia representou um novo esforço das instituições policiais na definição de um escopo 
competitivo para as suas ações, direcionando-as para determinados tipos de delitos. Dessa 
forma, enfatiza uma maior capacidade para lidar com os crimes que não estão bem 
controlados pelo modelo tradicional. 
 
O objetivo básico da polícia permanece o mesmo, que é o controle efetivo do crime. O 
estilo administrativo continua centralizado. Através de pesquisas e estudos, a patrulha nas 
ruas é direcionada, melhorando a forma de emprego. O policiamento estratégico reconhece 
que a comunidade pode ser um importante instrumento de auxílio para a polícia. 
Recebem ênfase, os crimes praticados por delinqüentes individuais ou associações 
criminosas sofisticadas, que geram grande repercussão devido ao grau elevado de violência 
ou ao método intricado, por exemplo: crimes de homicídio em série, terrorismo, narcotráfico, 
pedofilia, xenofobia, homofobia, descaminho ou contrabando, dentre outros. 
 
Essa estratégia de policiamento carece de uma alta capacidade investigativa, por isso, 
incrementou unidades especializadas de investigação. No entanto, “o policiamento 
estratégico trouxe poucas melhorias à prevenção dos delitos comuns dos bairros e ruas, 
apesar de haver introduzido a tática do lançamento das patrulhas direcionadas”. 
 
Policiamento orientado para o problema (Era de resolução de problemas com a 
comunidade) 
 
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O policiamento para (re)solução de problemas, também conhecido como policiamento 
orientado para o problema (POP), é uma estratégia que tem como objetivo principal 
melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexão e prevenção criminal. 
 
Para diversos autores “[...] o policiamento orientado para a solução de problemas conota 
mais do que uma orientação e o empenho em uma tarefa particular. Ele implica em um 
programa, com sugestões sobre o que a polícia precisa fazer”, segundo Skolnik; Bayley (2002, 
p. 39). 
 
O POP pressupõe que os crimes podem estar sendo causados por problemas específicos e 
talvez contínuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser minimizado (ou até 
mesmo extinto) através de ações preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pública. 
Essa estratégia determina o aumento das tarefas da polícia ao reagir contra o crime na sua 
causa, muito além do patrulhamento preventivo, investigação ou ações repressivas. 
 
Policiamento Comunitário (Era de resolução de problemas com a comunidade) 
 
A estratégia de policiamento comunitário vai, ainda, mais longe nos esforços para melhorar a 
capacidade da polícia. O policiamento comunitário, que é a atividade prática da filosofia 
de trabalho da polícia comunitária, enfatiza a criação de uma parceria eficaz e eficiente 
entre a comunidade e a polícia. 
 
O policiamento comunitário tem a necessidade de deixar a comunidade nomear seus 
problemas e buscar solucioná-los em parceria com a polícia. As instituições, como a 
família, a escola, a igreja, as associações de bairro e os grupos de comerciantes, são 
considerados parceiros imprescindíveis da polícia para a criação de um grupo coeso de 
colaboradores. O êxito da polícia está não somente em sua capacidade de combater o crime, 
mas na habilidade de criar e desenvolver comunidades competentes para solucionar os seus 
próprios problemas. 
 
A polícia comunitária como filosofia muda os fins, os meios, o estilo administrativo e o 
relacionamento da polícia com a comunidade. O objetivo finalístico é para além do combate 
ao crime, pois permite a inclusão da redução do medo do crime, da manutenção da ordem e 
de alguns tipos de serviços sociais de emergência. 
 
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Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resolução de problemas (método IARA). 
O estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de policiais especialistas 
para generalistas. O papel da comunidade evolui de meramente informar ou alertar a polícia, 
para participante do controle do crime e na criação de comunidades ordeiras. 
 
Aula 3 - O histórico do policiamento orientado para o problema 
 
Em meados da década de 1970, nos Estados Unidos, foi sugerido que a produtividade dos 
policiais poderia melhorar se o trabalho policial fosse reorganizado com base em fatores 
motivadores. Tal sugestão resultou em uma forma de organização do trabalho policial que foi 
chamado de “Team Policing”. 
“Team Policing” 
No modelo “Team Policing”, os policiais eram divididos em pequenos grupos e designados, de 
modo permanente, para pequenas áreas ou bairros. Os policiais da equipe deviam lidar com 
todos os tipos de problema, agindo como generalistas. Tal experimento, embora tenha 
alcançado um bom resultado, foi abandonado pela maioria dos departamentos. 
 
Além desse experimento, outros foram implementados durante o final da década de 1970 e 
início dos anos 80. O patrulhamento a pé tornou-se familiar em muitas localidades (Newark, 
New Jersey, Flint e Michign). Foi observado que o patrulhamento a pé era rapidamente 
percebido pela comunidade e, adicionalmente, aumentava a satisfação com o trabalho 
policial, levando a uma significativa redução da percepção dos problemas decorrentes de 
crimes pela vizinhança. 
 
Esses e outros estudos destruíram alguns mitos sobre o trabalho policial. Pesquisas realizadas 
na década de 70 sugeriram que a informação poderia ajudar na melhoria da habilidade dos 
policiais para lidar com o crime. Todos esses estudos e outros desenvolvidos sobre o 
policiamento a pé e a redução do medo do crime criou oportunidades para a polícia conhecer 
a preocupação da comunidade com os problemas de desordem, como, por exemplo, gangues, 
prostituição, etc. Os policiais descobriram que quando a polícia questionava os cidadãos sobre 
suas prioridades, eles ficavam agradecidos pela preocupação e forneciam informações úteis. 
 
 
 
 
 
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Princípios do novo modelo 
 
Ao mesmo tempo, a abordagem de policiamento orientada para o problema do professor 
Herman Goldstein estava sendo testada em Madison, Wisconsin; Baltimore County, Maryland; 
e Newport News, Virgínia. Nesses estudos comprovou-se a satisfação dos policiais em 
trabalhar utilizando uma abordagem holística, sendo capazes de utilizar a solução de 
problemas com sucesso em parceria com outras agências. Da mesma forma, os cidadãos 
pareciam satisfeitos em trabalhar com a polícia para solucionar problemas locais. 
 
Os policiais receberam maior autonomia para solucionar problemas e treinamento para 
entender as causas subjacentes aos problemas, trabalhando para encontrar soluções 
criativas. 
 
Para Goldstein, o modelo orientado para a solução de problemas requer não apenas mudança 
no trabalho policial, mas, também, na estrutura organizacional da polícia. Embora o controle 
do crime permaneça uma função importante, a mesma ênfase édada para a PREVENÇÃO. 
 
Ao utilizar esse modelo, os policiais fazem uma elevada utilização da discrição e escapam 
da forma rotineira e padronizada de lidar com os incidentes do dia-a-dia. 
 
Razões para o surgimento do POP 
 
- A dificuldade do policiamento tradicional para conter a criminalidade; 
- O crescimento da diversidade cultural; 
- A preferência pelo patrulhamento motorizado; 
- O aumento da criminalidade; 
- Uma visão científica da gestão aplicada ao policiamento; 
- A ênfase na mudança organizacional, incluindo a descentralização e o aumento da discrição 
dos policiais; e 
- Distanciamento dos policiais da comunidade (isolamento), dentre outras. 
 
A solução de problemas aplicada ao trabalho policial fundamenta-se na idéia de que é 
possível a aplicação da metodologia pelo policial em seu trabalho cotidiano e, além disso, 
que essa aplicação pode ser efetiva na redução ou solução dos problemas. 
 
 
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Aula 4 - A relação do pop com policiamento comunitário 
 
Baseado no texto da aula anterior, para você, qual é o conceito do policiamento orientado 
para o problema? 
 
Resposta: O policiamento orientado para o problema é uma estratégia de policiamento 
moderno, que direciona as atividades policiais para identificar os problemas policiais 
repetitivos, analisar suas causas, resolvê-los e avaliar os resultados alcançados. 
 
O POP foi detalhado por Goldstein, em 1979, com a seguinte definição “[...] a resolução de 
problemas constituía o verdadeiro propósito do policiamento e propugnava por uma 
polícia que identificasse e buscasse as causas dos problemas subjacentes às repetidas 
chamadas policiais”. (CERQUEIRA, 2001) Dessa forma, Goldstein busca, através de um estudo 
metodológico, demonstrar que a polícia deve agir nas causas e não apenas nos efeitos. 
 
O policiamento orientado para o problema encontra sustentação teórica com a colocação de 
Clarke e Felson, pois argumenta que o comportamento individual é resultado da interação 
entre o indivíduo e o ambiente. Essa colocação assegura que a oportunidade pode ser 
considerada a principal causa do crime. 
 
Clarke e Felson 
Os autores, entretanto, têm preferido utilizar a palavra “abordagem das atividades 
rotineiras” para se referirem à teoria das oportunidades, uma vez que no sentido estrito 
da palavra, nenhuma delas pode ser considerada uma teoria. 
 
Embora a teoria das oportunidades seja freqüentemente utilizada para estudo das causas do 
crime, sua aplicação tem sido maior nos crimes contra o patrimônio. Por sua versatilidade, 
ela também pode ser utilizada para o entendimento de todos os tipos de crimes, inclusive os 
crimes contra a pessoa. 
 
Por acreditar que o medo do crime favorece o aumento das taxas de crime e a decadência 
dos bairros, inúmeros programas de redução do medo foram desenvolvidos, alguns em 
parceria com a comunidade. 
 
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A abordagem das atividades rotineiras teve início a partir das explicações utilizadas para os 
crimes predatórios em um artigo escrito por Cohen e Felson, em 1979. A teoria pode ser 
resumida considerando que “para que um crime ocorra deve haver convergência de 
tempo e espaço em, pelo menos, três elementos: um provável agressor, um alvo 
adequado, na ausência de um guardião capaz de impedir o crime”. 
 
Essa estratégia de policiamento implica em mudanças estruturais da polícia, aumentando a 
discricionariedade do policial (aumento de sua capacidade de decisão, iniciativa e de 
resolução de problemas). 
 
O POP desafia a polícia a lidar com a desordem e situações que causem medo, visando um 
maior controle do crime. Os meios utilizados são diferentes dos anteriores e inclui um 
diagnóstico das causas subjacentes do crime, a mobilização da comunidade e de instituições 
governamentais e não-governamentais. Encoraja uma descentralização geográfica e a 
existência de policiais generalistas e capacitados. 
 
A solução de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu emprego regular 
pode contribuir para a redução ou solução dos crimes, melhorar a sensação de segurança e, 
até mesmo, diminuir a desordem física e moral vivenciada nos bairros. 
 
Solucionar problemas no policiamento não é novidade, a diferença é que o policiamento 
orientado para o problema apresenta um método analítico. O model SARA (modelo IARA) é 
formado pelo acróstico de cada fase. Ele foi formulado por John Eck e Bill Spelman. 
 
Correlação entre o POP e o policiamento comunitário 
 
Para você qual a relação entre a estratégia de policiamento comunitário com o policiamento 
orientado para o problema? 
Resposta : Alguns estudos apresentam as diferenças entre policiamento orientado para o 
problema e policiamento comunitário, e a maioria acredita que o POP é um método a ser 
utilizado no policiamento comunitário. O policiamento orientado para o problema permite ser 
implementado de duas formas, com o envolvimento comunitário ou isoladamente, enquanto 
que o comunitário, essencialmente precisa do envolvimento da comunidade. 
 
O POP e o policiamento comunitário têm uma relação de complementaridade e os 
estudiosos divergem ao afirmar “quem nasceu primeiro” e quem é a “ferramenta” de quem. 
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De uma maneira geral, o que tem prevalecido é a idéia de que a solução de problemas é a 
estratégia que permite praticar a filosofia do policiamento comunitário. Ele (o método 
solução de problemas) possibilita o exame das causas subjacentes que provocam a 
repetição dos crimes e desordens, auxiliando os policiais a identificar problemas, analisá-
los, desenvolver respostas e avaliar os resultados. 
Herman Goldstein é considerado por muitos como o principal arquiteto do policiamento 
orientado para o problema. Seu livro, “Policing a Free Society” (1977), está entre as mais 
freqüentes obras citadas na literatura de policia. Um trabalho posterior, “Problem Oriented 
Policing” (1990), aborda com mais profundidade e riqueza o assunto. 
 
O termo POP foi impresso pelo autor, em 1979, como resultado de sua frustração em 
constatar a insistência dos policiais em responder incidentes apenas com operações. O autor 
critica a ênfase que é dada à rapidez do atendimento em detrimento da qualidade do 
resultado. Para Goldstein, o telefone, mais do que qualquer política ou estratégia interna ou 
externa, ditava as ações da polícia. 
 
O POP deve envolver a comunidade para descobrir com maior clareza quais são os 
problemas que realmente a incomoda. Mas muitas unidades policiais montam grupos 
temporários, como “força tarefa”, para solucionar os problemas sem, muitas vezes, ouvir a 
comunidade. Dessa forma, a polícia utiliza a estratégia do POP, mas não realiza o 
policiamento comunitário. É importante frisar que, nesse caso, não é possível agregar algum 
juízo de valor certo ou errado, uma visão maniqueísta, pois, em algumas situações é 
necessário dar uma resposta imediata à comunidade, principalmente, se for a intenção dar 
sensação de segurança. O certo é que esse tipo de resposta provisória é frágil e geralmente 
não tem soluções definitivas para um problema. 
 
O policiamento comunitário e o POP estimulam a polícia a ser mais imaginativa no que 
toca aos métodos operacionais. E, principalmente, amplia a percepção das polícias para 
metas que vão além dos objetivos de lutar contra o crime e de exercer um policiamento 
tradicional. 
 
As estratégias organizacionais sugerem trocar burocracias de comando e controle, 
extremamente centralizadas,por organizações profissionais descentralizadas. Elas procuram 
redefinir os objetivos gerais de policiamento, alterar os principais programas operacionais e 
as tecnologias usadas, e encontrar a legitimidade e a popularidade do policiamento. É uma 
mudança de comportamento de todo o público interno, em todos os níveis organizacionais 
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(estratégico, tático e operacional), bem como da relação com os líderes governamentais e 
comunitários. 
 
As estratégias de policiamento, apesar de terem características distintas, não são 
concorrentes, elas têm um sentido de complementaridade ao longo do tempo. Cada 
estratégia é um trabalho desenvolvido para o seu contexto histórico e busca suprir uma 
lacuna, que ainda não era abordada ou desenvolvida na tarefa policial, da estratégia anterior. 
Conforme pode ser analisado, as estratégias ampliaram o campo de atuação, com foco na 
segurança pública. Veja a figura 1.3. 
 
Figura 1.3: Crescimento das estratégias do policiamento moderno 
 
As características isoladas de cada estratégia de policiamento (comunitário, orientado para o 
problema, estratégico e profissional) são por si só, insuficientes para promover a segurança 
pública. Todos esses modelos dependem da “capacidade de enxergar por trás da 
superfície de um problema (simples ou complexo)”. (Moore; Trojanowicz (1993)). É 
importante haver um equilíbrio entre as táticas policiais reativas e preventivas, isto é, qualquer 
estratégia de policiamento deve estar alinhada com uma política de segurança que 
contemple o combate profissional contra o crime e ter a capacidade de envolver a 
comunidade na solução dos problemas rotineiros local. 
 
 
Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes. Apostila da disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação de 
Oficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. 
 
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1) A era da reforma é também conhecida como era profissional, uma das características desta 
era policial é o patrulhamento motorizado e o rádio atendimento. Marque a alternativa que 
apresenta características deste período: 
 
( ) A função da polícia é promover um serviço social amplo. 
 
( ) Os resultados esperados é a satisfação dos cidadãos e dos políticos. 
 
( ) O relacionamento do policial com a comunidade é muito íntimo. 
 
( ) A função da polícia é controlar o crime. 
 
2) A respeito do Policiamento Orientado para o Problema, marque a alternativa CORRETA: 
 
( ) O POP é uma estratégia de policiamento, que surgiu no Japão na década de 70, pelo 
professor Herman Goldstein. 
 
( ) A metodologia de solução de problemas é de fácil compreensão e pode ser aplicada no 
trabalho policial, durante o seu cotidiano. 
 
( ) A repressão qualificada é uma tática operacional utilizada de forma preferencial. 
 
( ) O policiamento comunitário é uma técnica que substitui o policiamento orientado para o 
problema. 
 
3) São características comuns entre o policiamento orientado para o problema e o policiamento 
comunitário, EXCETO: 
 
( ) São estratégias de policiamento direcionadas paras as atividades preventivas. 
 
( ) Utilizam método para analisar o problema (identificação, análise, resposta e avaliação). 
 
( ) Estimula a desconcentração do serviço de segurança pública. 
 
( ) É um tipo de estratégia, exclusivamente, do nível operacional, portanto não é importante 
ser ensinada para os policiais da administração. 
 
Respostas: 
 
1) A função da polícia é controlar o crime. 
 
2) A metodologia de solução de problemas é de fácil compreensão e pode ser aplicada no 
trabalho policial, durante o seu cotidiano. 
 
3) É um tipo de estratégia, exclusivamente, do nível operacional, portanto não é importante ser 
ensinada para os policiais da administração. 
 
Este é o final do módulo 1 
 
Fundamentos do policiamento moderno 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
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Módulo 2 – As metodologias de planejamento 
 
No primeiro módulo você viu como são estruturadas as eras do policiamento moderno e quais 
estratégias decorrem de cada período. Neste módulo, você estudará quais são as 
metodologias utilizadas para desenvolver um planejamento. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - O que é planejamento estratégico. 
 
Aula 2 - O sistema de gestão para atingir metas. 
 
Aula 3 - A relação do policiamento orientado para o problema com o ciclo PDCA. 
 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Conceituar planejamento estratégico; 
 
- Conceituar metas; 
 
- Compreender o gerenciamento da rotina de trabalho; e 
 
- Correlacionar o POP com o PDCA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 2 
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Aula 1 - O que é planejamento 
 
Por que planejar? 
Para iniciar esta unidade, será proposto a você um desafio. Leia o texto: “O irônico sorriso 
do gato”, de Mário Sergio Cortella e responda as perguntas: 
 
O IRÔNICO SORRISO DO GATO 
Mário Sergio Cortella* 
 
A escolha dos caminhos depende do lugar almejado 
Há alguns meses, participando de um congresso sobre O professor e a leitura de 
jornal, pude debater a respeito da "overdose" ferramental que invade cada vez mais o 
cotidiano social e, sem dúvida, também o mundo da escola. 
Relembrávamos nesse debate uma das mais contundentes reflexões sobre a vida 
humana e que não pode ser esquecida, tamanha é a importância que carrega também para o 
debate pedagógico: Alice no País das Maravilhas, escrita no século XIX pelo matemático 
inglês, Charles Dodgson (que deu a si mesmo o apelido Lewis Carroll). 
Nessa obra, Alice cai. Ela está atrás de um coelho e cai em um mundo 
desconhecido (na verdade, a menina cai dentro de si mesma). Entre as inúmeras personagens 
fantásticas da obra, duas delas estão muito próximas de nós: uma é um coelho que está 
sempre atrasado, correndo para lá e para cá com o relógio na mão; a outra é um gato do qual 
somente aparece o sorriso, somente ficam visíveis os dentes e, às vezes, o rabo. Há uma cena 
que a gente não deve ocultar – principalmente quando se fala em ferramentas para o trabalho 
pedagógico e, muitas vezes, da percepção equivocada da tecnologia como redentora da 
educação: o encontro de Alice com o gato. Contando resumidamente, na cena, Alice está 
perdida, andando naquele lugar e, de repente, vê no alto da árvore o gato. Só o rabão do 
gato e aquele sorriso. Ela olha para ele lá em cima e diz assim: "Você pode me ajudar?" Ele 
falou: "Sim, pois não." "Para onde vai essa estrada?", pergunta ela. Ele respondeu com outra 
pergunta (que sempre devemos nos fazer): "Para onde você quer ir?". Ela disse: "Eu não sei, 
estou perdida." Ele, então, diz assim: "Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho 
serve." 
Para quem não sabe para onde vai, serve de qualquer maneira o jornal, a revista, 
o livro, a internet, o videocassete, o cinema, etc. E aí, qualquer um de nós, na ansiedade de 
modernizar o modelo pedagógico, eletrifica sofregamente a sala de aula ou, mais 
desesperadamente, sonha em fazer isso, imaginando o quanto o trabalho seria espetacular 
com esses instrumentos. Daí, se possível, o professorenche a sala de aparatos tecnológicos, 
como se, para fazer algo que interesse às pessoas, precisasse eletrificar continuamente o 
processo, metendo aparelhos eletrônicos ligados para todo o lado. Muitos dizem que, como os 
alunos estão habituados com isso, precisamos modernizar o ensino. Será? 
Depende da finalidade do "para onde se desejar ir". Se você sabe para onde quer 
ir, vai usar a ferramenta necessária. O que se deve modernizar não é primeiramente a 
ferramenta, mas sim o tratamento intencional dado aos conteúdos trabalhados na escola. 
Por isso, é preciso trazer sempre na memória o ditado chinês que diz: "Quando 
você aponta a lua bela e brilhante, o tolo olha atentamente a ponta do seu dedo." 
*Professor de pós-graduação em Educação (currículo) da PUC-SP. 
 
1. Na sua organização, as atividades de policiamento são planejadas envolvendo o nível de 
execução (atividade de linha)? 
2. Existe rotina para gerenciar as atividades diárias do policial militar, que está focada no 
problema? 
 
Resposta: 
1. Uma das características do policiamento profissional (tradicional) é a centralização do 
planejamento, geralmente na seção operacional. A estratégia de policiamento orientado para 
o problema propõe que o planejamento deve envolver todos os níveis organizacionais, 
principalmente o nível de execução, para evitar que o policial fique perdido, sem saber para 
onde seguir quando deparar com um problema. 
2. Existem várias rotinas de gerenciamento, que facilitam a execução e o acompanhamento 
das metas propostas para o policial. Uma organização que almeja executar o policiamento 
com qualidade tem que focar nesse objetivo organizacional, para dar um “norte” para as 
pessoas. 
 
Ao responder a essas perguntas, você refletiu sobre a importância do planejamento, 
envolvendo principalmente o nível operacional (atividade linha). Assim como sobre a 
necessidade de desenvolver formas de gerenciar diariamente as tarefas, com o 
estabelecimento de metas, para cada setor do Sistema de Defesa Social/Segurança Pública. 
 
Agora, responda, o que é planejamento? 
 
Observe atentamente a charge abaixo e responda: 
 
 
Figura 2.1: Ilustração sobre planejamento 
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1. Na figura 2.1, qual o “assunto” ilustrado: produção, finanças, marketing ou saúde? 
2. Quais são os “elementos” necessários para prestar esse serviço? 
3. Qual é o “tempo” para sua realização? 
4. Quais “unidades organizacionais” precisam ser envolvidas para prestar esse serviço: 
departamentos, grupos de pessoas ou divisões de serviço? 
5. Quais são as “características” que envolvem esse processo: simples ou complexo; ênfase na 
qualidade ou quantidade; estratégico ou tático; confidencial ou público; formal ou informal; 
econômico ou oneroso? 
 
Respostas: 
1. A figura retrata o planejamento de uma cirurgia médica, ou melhor, a sua ausência. 
2. O assunto abordado é saúde. 
3.Os elementos necessários para planejar este serviço estão vinculados ao objetivo do 
hospital, às estratégias utilizadas para prestar o serviço, às políticas internas, aos 
orçamentos, às normas de conduta médica, aos princípios éticos, dentre outros. 
4. O tempo ou período para executar esse serviço é curto. 
5. Para que esse serviço seja executado é necessário o envolvimento de outros setores, 
dentro do hospital: Departamento de Enfermaria, Departamento do CTI, Grupo de 
anestesistas, serviço “terceirizado” de entrega de materiais (medicamentos, sangue, 
instrumentos cirúrgicos, etc.). 
É possível inferir que esse planejamento tem a característica de ser complexo, focado na 
qualidade, operacional, confidencial (envolve pessoas que devem ter sua identidade 
preservada), formal e econômico (ou, até mesmo caro, se imaginar que é um procedimento 
muito difícil de ser realizado). 
 
Ao responder às perguntas da página anterior, você estabeleceu as cinco dimensões do 
planejamento, que são: 
 
Assunto 
abordado 
 
Elementos 
 
Tempo 
 
Unidades 
Organizacionais 
 
Características 
 
• Marketing 
• Finanças 
• Segurança 
•Saúde 
• Recursos 
Humanos 
• Propósitos 
• Objetivos 
• Estratégias 
 • Políticas 
internas 
• Programas 
• Orçamentos 
• Curto 
• Médio 
• Longo 
 
• Departamento 
de Negócios 
• Departamento 
de Investigação 
• Seção de 
Finanças 
• Divisão de 
Combate ao 
• Complexo ou 
Simples 
• Prioriza a 
qualidade ou 
quantidade 
• Estratégico, 
Tático ou 
Operacional 
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 • Normas 
• Códigos de 
Conduta 
• Manuais de 
Procedimentos 
 
Crime Organizado 
• Seção de 
Prevenção 
Criminal 
 
• Confidencial ou 
Público 
• Formal ou 
Informal 
• Econômico ou 
Oneroso 
 
 
Para facilitar a estruturação do planejamento é importante contemplar as cinco dimensões 
descritas. 
 
Afinal, o que é planejamento? 
Planejamento é um processo desenvolvido para alcançar uma situação futura desejada de um 
modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços humanos e 
recursos pela empresa. 
Toda empresa (pública ou privada) precisa desenvolver estratégias almejando os seguintes 
aspectos: 
Eficiência 
 
É fazer as tarefas de maneira adequada para resolver os problemas, 
guardar os recursos, cumprir seu dever e reduzir seus custos. 
Eficácia 
 
É fazer as tarefas certas para produzir alternativas criativas, maximizar a 
utilização dos recursos, obter resultado e aumentar o lucro. 
Efetividade 
 
É a capacidade da empresa coordenar de forma constante, no tempo, 
esforços e energias, tendo em vista o alcance dos resultados globais. 
 
 
 
 
 
 
 
Na verdade, esses aspectos interagem-se. Por isso, a fórmula administrativa para desenvolver 
o sucesso da estratégia é: 
 
Figura 2.2: Fórmula da efetividade 
 
O objetivo do planejamento é desenvolver processos, técnicas e atitudes administrativas, 
as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões 
presentes. Isto é definido em função do objetivo empresarial, que facilitará a decisão no 
futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. 
O exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo de 
tomar a decisão e aumenta a chance de alcançar os objetivos e desafios enfrentados. 
O planejamento pode provocar uma série de modificações nas: 
 
 
 
Baseado nesse diagrama, quais são as modificações que você acha que podem ocorrer numa 
empresa? 
 
 
 
 
 
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Resposta: 
- As modificações relacionadas às pessoas podem corresponder à necessidade de treinamento, 
substituições, transferências, avaliações periódicas, premiação, dentre outras. 
- Na tecnologia, as modificações estão relacionadas com a evolução dos conhecimentos para 
desempenhar aquela tarefa, uma nova maneira de desenvolver aquele serviço ou produzir o 
produto, no ajuste do ambiente. 
- No sistema, as modificações podem ocorrer na divisão das responsabilidades, na 
desconcentração da empresa, na descentralização dos serviços, na criação de novas 
instruções, dentre outros. 
 
 
Considerando os níveis hierárquicos apresentados na pirâmide organizacional, o planejamento 
pode ser dividido em três níveis, observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.3: Os níveis de planejamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Planejamento Estratégico 
É o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para estabelecer a 
melhor direção a ser tomada para uma empresa. Busca otimizar o grau de interação entre os 
fatores externos – que não são controláveis – e internos para formular objetivos e cursos de 
ação. 
Planejamento Tático 
É o processo administrativo que tem por objetivo otimizar uma determinada área da empresa, 
setor de finanças, setor operacional, setor logístico, dentre outros. Portanto, trabalha com a 
decomposição dos objetivos do planejamento estratégico. 
Planejamento Operacional 
É o processo de formalizar, através de documentos, das metodologias e implantações 
estabelecidas. Basicamente, são os planos de ação ou plano operacional. O foco são as tarefas 
cotidianas. 
 
Aula 2 - Sistema de Gestão para atingir metas 
 
Conforme foi visto na aula anterior, no planejamento estratégico são definidas as metas que 
se quer atingir, os principais produtos ou serviços, tecnologias e processos de produção que 
serão utilizados numa empresa. Observe a citação abaixo: 
Não se gerencia o que não se mede.... 
Não se mede o que não se define... 
Não se define o que não se entende... 
Não há sucesso no que não se gerencia... 
 
William Edwards Deming 
 
Baseado na citação do professor americano Deming, para você, o que é meta? 
Dê um exemplo. 
 
 
 
 
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Resposta: 
- Meta é a quantificação do objetivo com atribuição de valores (custos), com estabelecimento 
de prazos (tempo) e definição de responsabilidades. 
- Exemplo: Eu tenho o objetivo de emagrecer para ficar com o peso ideal entre 73-79 kg. Para 
atingir esse objetivo “pessoal” vou estabelecer, com ajuda de minha nutricionista, uma meta de 
perder 3kg por mês. Para isso vou adotar o seguinte método: modificar minha dieta alimentar e 
implementar caminhadas diárias de 20 minutos; e tenho disponível para custear alimentação e 
academia a quantia mensal de R$ 250,00. 
 
O que não pode ser quantificado não pode ser definido como meta. Observe que a palavra 
método é formada pela união dos termos meta + hodos = caminho. É a maneira de como 
fazer; é um sistema de práticas, técnicas e regras usadas pelas pessoas que trabalham em 
uma disciplina. 
 
De forma simples, uma estratégia define as metas que se querem atingir, os principais 
produtos ou serviços, tecnologias e processos de produção que serão utilizados. Por isso, 
elaborar metas é quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos), estabelecer prazos 
(tempo) e definir responsabilidades. 
 
A estratégia orienta, ainda, a maneira como a instituição irá se relacionar com seus 
funcionários, seus parceiros e seus clientes. Uma estratégia é definida quando um 
executivo descobre a melhor maneira de usar sua instituição para enfrentar os desafios ou 
para explorar as oportunidades. 
 
Gerenciar a rotina de tarefas é garantir meios para que o nível operacional atinja resultados 
de produtividade e qualidade esperados pelo nível institucional. 
 
Geralmente, as empresas modernas utilizam o sistema de gestão para formular, desdobrar e 
atingir metas. Esse processo de gerência envolve os três níveis hierárquicos. 
 
O nível estratégico é responsável pela formulação estratégica e estabelece metas anuais e a 
longo prazo para a empresa. O nível tático tem o dever de desdobrar essas metas, através de 
diretrizes e normas. O nível operacional tem como tarefa cotidiana atingir e gerenciar as 
rotinas de trabalho para cumprir as metas pactuadas. 
Perceba como que todas as pessoas, em todos os níveis, devem estar voltadas para atingir 
esse objetivo. 
 
 
Policiamento orientado para o pro
SENASP/MJ - Última atualização 
 
 
Estabelecer 
metas 
 
Desdobrar 
metas e 
medidas 
Atingir 
metas 
 
Figura 2.4: O sis
Fonte: FREITAS 
 
 
Atenção! O gerenc
insumos, o início d
mudanças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SISTEMA DE GESTÃO PARA
ATINGIR METAS
blema – Módulo 2 
em 19/02/2009 
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Formulação Nível 
Estratégico estratégica 
METAS DA EMPRESA 
Desdobramento das 
diretrizes 
Nível Tático 
Gerenciamento da rotina 
do trabalho 
Nível 
Operacional 
tema de gestão para atingir metas 
(2003). 
iamento da rotina só pode ser realizado com metas. As metas são os 
o trabalho do gerenciamento. Não se atinge metas sem que se façam 
Aula 3 - A relação do PDCA com POP 
 
Conforme foi visto na aula anterior, é no nível operacional que ocorre o gerenciamento da 
rotina do trabalho para atingir as metas, visando melhorar a qualidade do serviço prestado 
ou do produto produzido. 
Foi Walter A. Shewhart que deu um salto significativo no conceito de qualidade, pois associou 
as técnicas estatísticas à realidade da empresa de telefonia Bell Telephone Laboratories. 
Shewarth desenvolveu os gráficos de controle, que utilizam maciçamente os princípios 
estatísticos, bem como o próprio ciclo PDCA. Perceba que PDCA é uma sigla formada pelo 
anagrama das palavras em inglês de cada fase desse ciclo, que direciona as atividades de plan 
= planejar, do = fazer, check = verificar e action = atuar. 
 
Figura 2.5: Diagrama do PDCA 
ACTION (atuar) 
- Atue no processo em função dos resultados obtidos. 
PLAN (planejar) 
- Defina as metas. 
- Determine os métodos para alcançá-las. 
DO (fazer) 
- Treine e eduque. 
CHECK (avaliar) 
- Execute o trabalho. 
- Verifique os efeitos do trabalho executado. 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 2 
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Para detalhar melhor o processo PDCA, observe (figura 2.6) a seqüência de tarefas que deve 
ser desencadeada para atingir uma meta e, conseqüentemente, aperfeiçoar a qualidade de 
uma empresa. 
 
Problema: Identificação do problema. 
 
Observação: Reconhecimento das características do problema. 
 
Análise do processo: Descoberta das causas principais. 
 
Plano de ação: Contramedidas às causas principais. 
 
Treinamento dos executores – Comunicação das contramedidas 
 
Atuação conforme plano de ação. 
 
Verificação: confirmação da efetividade da ação 
 
sim 
 
Padronização e conclusão 
 
Figura 2.6: luxo de tarefas do PDCA 
 
Baseado na figura 2.6, para você, qual a correlação que se pode fazer entre a estratégia de 
POP com o método PDCA? 
 
Perceba a semelhança da metodologia, observando o fluxo das atividades entre o método 
PDCA e o método IARA. 
 
 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 2 
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 Figura 2.5: Diagrama do PDCA 
 
Resposta: Conforme pode ser constatado o PCDA, que é uma ferramenta gerencial 
desenvolvida, em 1924, inspirou aos professores americanos John Eck e Bill Spelman no 
desenvolvimento do model SARA (modelo IARA), que é uma metodologia utilizada na 
estratégia de policiamento orientado para o problema. O método IARA é uma técnica voltada 
para a melhoria da qualidade do serviço policial. 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1) Planejamento é um processo desenvolvido para alcançar uma situação futura desejada de 
um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços humanos e 
recursos pela empresa. Baseado na afirmação acima,marque a alternativa ERRADA: 
 
( ) Uma das dimensões do planejamento é o seu tempo, que pode ser classificado como curto, 
médio e longo prazo. 
 
( ) Eficácia é a capacidade de produzir alternativas criativas, para obter o resultado e 
aumentar o lucro. 
 
( ) Efetividade é o confronto da eficiência no planejamento. 
 
( ) O planejamento aumenta capacidade de alcançar os objetivos almejados e reduz a 
incerteza. 
 
2) Relacione as colunas Baseando-se nos níveis hierárquicos de uma organização: 
 
(1) Planejamento estratégico. 
 
(2) Planejamento tático 
 
(3) Planejamento operacional 
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( ) É o processo administrativo que tem por objetivo dinamizar uma área da empresa. 
 
( ) Orienta a melhor direção a ser tomado por uma empresa; busca otimizar os fatores 
externos, que não são controláveis. 
 
( ) O foco são as tarefas cotidianas. São exemplos os planos de ação. 
 
3) Marque a alternativa FALSA sobre a relação do POP com o gerenciamento da rotina do 
trabalho. 
 
( ) Foi Walter Shewart que propôs o ciclo PDCA (plan, do, check e action), uma ferramenta 
gerencial em 1924. 
 
( ) Na fase de “planejar” são definidas as metas e determinado os métodos para alcançá-la. 
 
( ) Na fase de “avaliar” são treinadas as pessoas e executado o trabalho. 
 
( ) O ciclo PCDA tem uma correlação direta pelo método IARA, desenvolvido pelo professor 
John Eck e Bill Spelman. 
 
Respostas: 
 
1) Efetividade é o confronto da eficiência no planejamento. 
 
2) 3, 1 e 2. 
 
3) Na fase de “avaliar” são treinadas as pessoas e executado o trabalho. 
 
Este é o final do módulo 2 
 
As metodologias de planejamento 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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Módulo 3 – Método IARA 
 
No módulo 2, você estudou sobre as principais metodologias para construir um planejamento do 
serviço de segurança pública. Neste módulo, você estudará como se processa o método IARA e 
como aplicá-lo para solucionar os problemas “repetitivos” de segurança pública. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas: 
 
Aula 1 - Identificação 
Aula 2 - Análise 
Aula 3 - Resposta 
Aula 4 - Avaliação 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Compreender o método IARA (identificação, análise, resposta e avaliação); 
 
- Utilizar o método IARA para resolver os problemas de segurança pública; 
 
- Elaborar o diagrama causa-efeito e plano de ação (5w2h); e 
 
- Ter atitudes pró ativas para resolver os problemas em suas causas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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Aula 1 – Identificação 
 
O que é um problema policial? 
Para iniciar esta aula, um desafio para você. Observe atentamente a charge e responda: 
 
Resposta: 
1. A figura retrata um ambiente hospitaleiro para o mosquito Aedes aegypti, o vetor da “dengue”, 
que é um grave problema contemporâneo. Para relembrar, epidemia é uma doença que surge 
rapidamente num lugar e acomete, em pouco tempo, grande número de pessoas. 
 2. A dengue apesar de ser uma doença que afeta milhares de pessoas, quase que simultaneamente, 
não tem sua distribuição em todo o território brasileiro de forma homogênea. Por exemplo: Numa 
mesma cidade, se os bairros de mesma quantidade de população forem comparados, é possível 
identificar os que têm maior ou menor número de vítimas. Ainda, analisando os períodos que 
ocorreram as últimas epidemias é fácil notar que o vetor propaga a doença, principalmente, nos 
meses após as chuvas, depois que o ambiente fica favorável para a eclosão das larvas. 
3. Como já conhecido, a dengue é uma doença causada por um vírus e caracterizada por cefaléia, 
dores nos músculos e nas articulações, comprometimento de vias aéreas superiores, febre, dentre 
outros sintomas. Uma vez contraída a doença, o procedimento é tomar remédios, hidratar-se e 
repousar (estratégias reativas). Mas esses procedimentos de forma isolada, não acabam com a 
doença, somente aliviam os sintomas. As soluções mais eficientes para resolver o problema é 
interromper o ciclo de vida do mosquito (estratégias proativas), seja através da aplicação de 
inseticidas, eliminação dos depósitos de água parada, educação dos cidadãos, etc 
 
 
 
 
1. Essa figura refere-se a qual problema 
vivenciado na sociedade brasileira? 
2. Ele ocorre de maneira uniforme em todo o 
território brasileiro e durante todos os meses do 
ano? 
3. Quais são as principais estratégias para 
solucioná-lo? 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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Qual a relação da epidemia da dengue com o policiamento orientado para o problema? 
 
Trata-se do mesmo assunto: “solução de problema”. Uma das diferenças básicas é o campo da 
ciência utilizado para elaborar “as respostas”, a dengue na área da “saúde” e o crime na área da 
“segurança.” 
 
Solucionar problemas no policiamento não é uma situação nova. A diferença é que o 
policiamento orientado para o problema apresenta um método para trabalhar as causas do 
problema, que geralmente também é utilizado no policiamento comunitário: “o método IARA”. 
 
A solução de problemas pode ser parte da rotina do trabalho policial e seu emprego regular pode 
contribuir para a redução ou solução dos crimes, melhorar a sensação de segurança e, até mesmo, 
diminuir a desordem física e moral vivenciada nos bairros. 
 
O primeiro passo é reconhecer que as ocorrências (que possuem um mesmo padrão de repetição) 
são “incidentes” de um problema maior, que precisam ter suas origens (causas) bem 
compreendidas para ser solucionado. 
 
No policiamento tradicional (rádio-atendimento) a ação do policial é como receitar um 
analgésico para quem está com dengue. Traz alívio temporário, mas não resolve o problema, pois 
o mosquito (vetor) permanece picando as demais pessoas. O remédio é necessário para aquele 
instante, assim como atender uma ocorrência policial, mas a solução é provisória e limitada. Como 
a polícia não soluciona as causas ocultas que criou o problema, ele, muito provavelmente, voltará a 
ocorrer. 
 
No policiamento orientado para o problema, o ideal é analisar como que esse problema está 
ocorrendo, considerando esse caso, atingir o ciclo de vida do vetor (mosquito), como eliminar os 
locais onde tem água parada (pneus velhos, garrafas, vasos, dentre outros), aplicar um inseticida 
ou, até mesmo, desenvolver novos medicamentos para ter uma solução mais duradoura ou 
minimizar esse problema. 
 
Para criar uma resposta adequada, os policiais utilizam as informações obtidas a partir do 
atendimento das ocorrências, de outras fontes da própria comunidade, de pesquisas, etc., para 
terem uma visão clara do problema. Após esse procedimento, podem lidar com as condições 
subjacentes ao problema. 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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O serviço policial, no contexto do policiamento orientado para o problema, é muito semelhante ao 
serviço médico preventivo, observe a comparação feita no texto abaixo: 
 
“O médico (policial) fala com o paciente (comunidade) para descrever sua doença (violência de 
gênero – briga de marido e mulher). Algumas vezes a soluçãoestá unicamente com os pacientes (a 
comunidade). Por exemplo, retirar os objetos que possibilitam a concentração de água parada e 
limpa em sua casa (o marido e sua esposa decidem participar de uma terapia de casal, para evitar 
as brigas repetidas). Algumas vezes isso será resolvido pelo médico (policial) e pelo paciente (a 
comunidade) trabalhando juntos, isto é, uma mudança de comportamento acompanhado por 
medicação (mediação do conflito na delegacia policial). Ou apenas o profissional, o médico (a 
polícia), pode resolver o problema através de uma cirurgia (aplicação severa da lei). Ou, ainda, 
temos que aceitar o fato de que alguns problemas simplesmente não podem ser resolvidos, como 
uma doença terminal, por exemplo (problemas sociais graves)”. MOREIRA (2005). 
 
Serviço médico preventivo 
 ROLIM apud GOLDSTEIN (2006: p.23) faz uma importante comparação entre o serviço público de 
segurança e o serviço médico. “A polícia tem sido tradicionalmente ligada ao crime, assim como os 
médicos têm sido relacionados à doença”, entretanto, a ciência médica já conseguiu construir um 
objeto de estudo, mais delineado, sob a ótica positivista da modernidade, as doenças são 
classificadas em especialidades, programas preventivos são experimentados (dentro de um sistema 
lógico). Em contraste, na segurança pública a criminalidade ainda é tratada com muito empirismo 
pelos operadores do sistema de segurança pública; apesar de ser um tema recorrente nas agendas 
de qualquer programa de políticas públicas. 
 
Estudo de caso (baseado na construção de um cenário fictício) 
 
Agora que já sabe o contexto do policiamento orientado para o problema, leia o texto “Estudo de 
caso: bairro Santa Terezinha” (Anexo1) baseado em problemas reais, para “rodar” o ciclo do 
método IARA. Em seguida faça as atividades práticas. 
 
 
 
 
 
 
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Veja como ocorre a 1ª fase do método IARA – Identificação. Observe o ciclo abaixo: 
 
 
Inicialmente é preciso saber o que é um 
problema. 
Problema é aquilo que nos incomoda e é 
objeto de discussão, que pede alguma 
solução, que tem a conotação negativa, em 
qualquer domínio do conhecimento. 
 
Afinal, o que é um problema policial? 
 
- Para GOLDSTEIN (2001), problema policial é “um grupo de duas ou mais ocorrências (cluster de 
incidentes) que são similares em um ou mais aspectos (procedimentos, localização, pessoas e 
tempo), que causa danos e, além disso, é uma preocupação para a polícia e, principalmente, 
para a comunidade”; e acomete, em pouco tempo, grande número de pessoas. 
 
- CERQUEIRA (2001) conceitua que problema “é qualquer situação que cause alarme, dano 
ameaça ou medo, ou que possa evoluir para um distúrbio na comunidade”. 
 
Perceba que os autores, apesar de terem conceitos diferentes, não se restringem em limitar o 
problema policial simplesmente “ao crime ou contravenção”, e também não “generalizam” o 
problema policial. Por exemplo: Uma dificuldade financeira vivida por uma família, que é uma 
questão privada, não cabe uma intervenção policial, num primeiro momento. Se fosse assim, a 
polícia abraçaria tudo que fosse problema social, para ser solucionado, perdendo o seu foco de 
atuação. 
 
Inicialmente, o policial deve identificar os problemas em sua área e procurar por um “padrão ou 
ocorrência persistente e repetitiva”. As ocorrências policiais (problemas) podem ser similares em 
vários aspectos, observe algumas características que facilitam o seu agrupamento: 
 
 
Tipo da infração - Este é o indicador mais comum e demonstra a maneira como as pessoas atuam. 
Consomem álcool? Usam drogas ilícitas? Como praticam o delito? 
Localização - Os problemas podem ocorrer no mesmo local, como em Zonas Quentes de 
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Criminalidade (ZQC), como o centro da cidade, próximo de bares nos estádios de futebol, 
complexos residenciais infestados por assaltantes, etc. 
Pessoas - Quem são os atores sociais envolvidos? Podem ser criminosos reincidentes ou, até 
mesmo, vítimas que já sofreram mais de um tipo de dano. 
Tempo - Qual período ocorre? De forma sazonal, no mesmo dia da semana, na mesma hora da 
noite. Por exemplo: o problema ocorre durante um congestionamento de trânsito rush, durante o 
período de atividades de turismo, etc. 
Eventos - Os problemas podem aumentar durante alguns eventos específicos. Por exemplo: 
durante o período do carnaval, durante um longo feriado ou apósum show de rock. 
 
Parece não haver limite para os tipos de problemas que um policial pode enfrentar e existem vários 
tipos de problemas em que se pode utilizar o modelo de solução de problemas: uma série de 
roubos em uma determinada localidade; “surf” de jovens sobre os ônibus; briga de gangs; 
venda de drogas na porta da escola; alcoolismo e desordem em local público; roubo e furto de 
carros; vadiagem; alarmes disparados em áreas comerciais; problemas de tráfego e 
estacionamento; pichação; prostituição de rua; dentre outros problemas. 
 
Geralmente, “os cidadãos se preocupam com problemas relacionados com o crime, porém, 
muitas vezes, os problemas relacionados à qualidade de vida podem ser mais importantes para 
seus níveis de conforto diário...” (Kelly, 1997). Cabe ao policial orientar a comunidade onde 
trabalha no momento de selecionar o problema. 
 
Buscando pequenas vitórias 
 
As pessoas costumam procurar por problemas em grande escala, definindo-os em termos de 
“gangues armadas”, “doentes mentais”, “crime organizado”, “crime violento”, etc. Vistos dessa 
maneira, os problemas se tornam tão grandes que são difíceis de lidar. Percebendo isso, um 
estudioso chamado KARL WEICK criou o conceito de “pequenas vitórias”. Alguns problemas são 
tão profundos, estáveis e enraizados que são “impossíveis” de serem eliminados. O conceito de 
“pequenas vitórias” ajuda a entender a natureza da análise e a resolver o problema. 
 
Embora uma pequena vitória possa não ser importante, uma série de pequenas vitórias pode 
ter um impacto significativo no todo do problema. Eliminar os danos (venda de drogas, venda de 
bebidas, etc.) é uma estratégia sensível e realista para reduzir o impacto do comportamento da 
briga de gangues (quebrar um problemão em probleminhas). A idéia de pequenas vitórias é também 
uma boa ferramenta quando trabalhada em grupo. 
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O objetivo primário dessa etapa (Identificação) é conduzir um levantamento preliminar para 
determinar se o problema realmente existe e se uma análise adicional é necessária. Para 
facilitar a seleção de um problema, no método IARA, o profissional de segurança precisa fazer as 
seguintes perguntas: 
 
Se o policial encontrou respostas afirmativas (sim) para as três perguntas, então ele deve continuar 
com o método IARA. Se encontrou pelo menos uma resposta negativa (não), o problema deve ser 
novamente discutido com as lideranças locais, para ser melhor identificado, ou deve ser tratado 
com a estratégia de policiamento tradicional. 
 
 Importante! 
É preciso perceber se o problema está associado a um evento “repetitivo” que gera dano, medo ou 
desordem. Se o incidente com que a polícia está lidando não se encaixa dentro dessa definição de 
problema (fatos repetitivos), então o modelo de solução de problemas não deve ser aplicado e a 
questão deve ser tratada com a estratégia de policial tradicional (reativa). 
 
Assim como age um paramédico, diante de um acidente de trânsito, ele atua somente de maneira 
emergencial. Observe este exemplo na área de segurança: No períodode 24 meses uma 
determinada comunidade tem como principal problema as ocorrências de “violência doméstica” 
(briga entre marido e esposa), mas, nesse período, teve um assalto a um ônibus coletivo. Nesse 
caso, a ocorrência de assalto ao ônibus deve ser encaminhada de forma tradicional, ou seja, 
identificar o cidadão infrator, prender, elaborar o inquérito policial, dentre outras providências 
policiais. 
Na verdade, o problema no contexto de policiamento orientado é classificado em três categorias 
para facilitar a sua identificação. Veja quais são estas categorias. 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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1 – Crime / Contravenção 
São fatos típicos antijurídicos, definidos em lei. Geralmente estão tipificados no Código Penal ou 
outra legislação específica como a Lei de Crimes Ambientais, Estatuto da Cidade, entre outros. 
Exemplos: Furto, roubo a mão armada, manter em cativeiro animal silvestre sem licença, iniciar um 
loteamento urbano sem o licenciamento ambiental, fazer doação de alimentos em período 
eleitoral, dentre outros. 
2 - Medo do crime 
São os atos referentes à sensação de insegurança. Exemplos: Medo de sair de casa, a desconfiança 
de denunciar um delito à instituição policial, medo de ir para a escola, medo de ficar sozinho em 
casa, dentre outros. 
3 – Desordem física ou moral 
São fatos que se referem à aparência das coisas ou dos comportamentos das pessoas, que não 
constituem um crime / contravenção (propriamente dito); mas facilita sua ocorrência. Exemplos: 
Praticar a prostituição na porta de um condomínio, grafitar (com autorização do proprietário do 
imóvel) o muro numa rua deserta, manter um lote vago com a vegetação elevada e sem o devido 
cercamento. 
 
A quantidade e qualidade das informações obtidas têm impacto decisivo na solução do problema, 
por isso, todas as possíveis informações sobre o problema devem ser obtidas e registradas pelo 
policial. Observe as fontes de dados para substanciar essa fase: 
 
Comunidade 
Entrevistas com pessoas que têm sofrido com o problema, fazer um levantamento sobre o perfil da 
área (iluminação, lotes vagos, lixos, entulhos, presença de indigentes) e um perfil da população 
(número de afetados, idade, hábitos, etc). 
 
Estudos acadêmicos 
São as monografias, dissertações e teses desenvolvidas pelas instituições policiais e as próprias 
universidades/ faculdades públicas e privadas. É importante fazer essa revisão bibliográfica sobre o 
“problema escolhido”, para verificar se já existe algum tipo de solução apresentada em outro local, 
que possa ser adaptada para esse contexto. 
 
 
 
 
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Instituições públicas 
Estatísticas, mapas de geoprocessamento, característica socioeconômicas, geográficas do ambiente 
onde o problema ocorre, informações de inteligência, disque-denúncia, entrevistas com marginais 
que já foram apreendidos, informações com outras instituições. 
 
Deve ficar claro que a comunidade não faz parte da área de inteligência das instituições policiais, 
por isso, os líderes comunitários não devem ser cobrados para fazer investigação criminal. A 
comunidade pode e deve participar dessa coleta de dados, através da denúncia anônima ou outra 
forma que preserve sua segurança. 
 
Importante! 
 É muito comum nas primeiras reuniões com a comunidade os policiais ficarem “totalmente 
perdidos”, diante de tantos problemas que são expostos, muitos deles de ordem pessoal. Nesse 
caso, o policial deve ficar atento e ouvir as reclamações. Esse é um momento de sondar os 
moradores, pois está nascendo (ou fortalecendo) um elo de confiança entre a comunidade e o 
policial. 
 
Entretanto, o policial deve propor uma maneira mais “criativa” para lidar com esses problemas, ou 
seja, se todos ficarem reclamando nada acontecerá. Você verá adiante um método muito simples 
que facilita o trabalho. 
Quando a reunião tiver mais de 10 pessoas é importante fazer a divisão delas, para fazer a 
classificação dos problemas. Deve ser exposto um formulário para classificar os problemas em grupo 
e explicar o significado de cada categoria. 
 
Importante! 
É preciso ter uma visão de todos os problemas, hierarquiza-los, e no final (de forma democrática), 
a própria comunidade e a instituição policial escolherão um problema para ser solucionado. 
Somente um problema deve ser escolhido, por vez, para rodar o ciclo do método IARA. 
A própria comunidade (dividida em pequenos grupos de cinco pessoas, no máximo) deve discutir 
e preencher o formulário, para depois cada grupo apresentar o seu trabalho aos demais 
participantes. Essa é uma metodologia simples, mas que direciona os trabalhos de forma 
construtiva e lógica. 
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Agora exercite seu conhecimento. Leia novamente o texto “Estudo de caso: Bairro Santa 
Terezinha” (Anexo 1), identifique os principais problemas e classifique-os em três categorias. Para 
facilitar há um formulário (Anexo 2 – Diagrama classificação dos problemas), que pode inclusive 
ser utilizado nas reuniões com a comunidade. 
 
Aula 2 – Análise 
 
Agora que já identificou “o problema”, veja como ocorre a 2ª fase do método IARA, a análise desse 
problema. Observe o ciclo abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O segundo estágio – ANÁLISE – é o coração do processo e, por isso, tem grande importância no 
esforço para a solução do problema. Você acha que é possível propor uma resposta adequada 
sem conhecer as causas do problema? 
 
O propósito da análise é aprender, o máximo possível, sobre o problema para poder identificar suas 
causas. É importante coletar muitas informações sobre o problema, para adicionar as que foram 
obtidas ainda na 1ª fase – IDENTIFICAÇÃO. 
 
Uma análise completa envolve o máximo de pessoas e grupos afetados, buscando descrever todas as 
causas possíveis do problema, avaliando todas as atuais respostas e sua efetividade. Faça uma 
rápida avaliação; se o problema não estiver claramente definido deve retornar para a 1ª fase, 
observe a linha pontilhada 1 . 
 
 
1 
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Importante! 
Muitas pessoas simplesmente saltam a fase da análise, acreditando ser óbvia a natureza do 
problema (considerando só os dados da polícia) sucumbindo ante a pressa para obter a solução. 
Solucionadores de problema devem resistir a essa tentação ou então se arriscam a lidar com um 
problema irreal implementando soluções inadequadas e comprometendo todo o método IARA. 
 
Triângulo para Análise de Problema (TAP) 
 
Você sabe quais são os elementos essenciais para ocorrer um crime? Basicamente são 
necessários três elementos para que um problema policial possa ocorrer. Observe a figura abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O TAP ajuda os policiais na análise do problema, sugere onde são necessárias mais informações e 
auxilia no controle e, principalmente, na prevenção criminal. 
 
O relacionamento entre esses três elementos (vítima, agressor e ambiente) pode ser explicado da 
seguinte forma: 
 
Se existe uma vítima e ela não está em um ambiente que facilita a ocorrência de crimes, não 
haverá crime. Se existe um agressor e ele está em um local onde o ambiente favorece, mas não 
há nada ou ninguém para ser vitimizado, então não haverá crime. Se um agressor e uma vítima 
não estão juntos em ambiente onde ocorrem crimes, também não haverá crime. 
 
Parte do trabalho de análise do crime consiste em descobrir, ao máximo,sobre vítimas, 
agressores e locais onde existem problemas para entender o que está provocando o problema e 
o que deve ser feito a respeito disso. 
 
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Os três elementos precisam estar juntos antes que um crime ou comportamento danoso ocorra: um 
agressor (alguém que está motivado para praticar o crime), uma vítima (um desejável e vulnerável 
alvo deve estar presente) e um ambiente (a vítima e o agressor precisam estar juntos, ao mesmo 
tempo, no mesmo local). 
 
Se os três elementos do TAP estão presentes repetidamente em um padrão de incidente e 
acontecem de forma recorrente, remover um desses três elementos pode impedir o “padrão” e 
prevenir futuros crimes ou canos. 
 
Leia o trecho de uma reportagem que expõe um problema: 
 “Hoje, vários comerciantes, proprietários e inquilinos de apartamentos alugados, que moram no 
bairro Santa Terezinha, fizeram uma passeata, na Rua Julita Soares pedindo mais segurança. O 
principal problema é que seus imóveis são pichados e grafitados diariamente. Nenhuma autoridade 
toma alguma providência, e o problema se repete nos últimos anos. A população está desacreditada 
de ir à delegacia para registrar o dano. Eles estão cansados de limpar a sujeira e comprar tinta para 
cobrir as inscrições.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No problema de pichação, o ambiente são edifícios comerciais e apartamentos. As vítimas são os 
proprietários e inquilinos dos prédios. Os agressores são as pessoas que fazem a pichação e 
grafitagem. Perceba que a remoção de um ou mais desses elementos irá atenuar o problema. As 
estratégias para isso são limitadas apenas pela criatividade dos policiais, validade das pesquisas e 
habilidade para formular respostas conjuntas com a comunidade (especialmente os jovens). 
 
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Você verá como o TAP é importante. Ele facilita a elaboração das RESPOSTAS, que é a 3ª fase. 
Exemplos: 
 
Proibir a venda de tinta “spray” para menores, utilizar tintas não-adesivas nas fachadas e muros 
para proteger a pintura e desencorajar os pichadores. Entretanto, as soluções mais criativas 
associam a punição dos pichadores e permissão da grafitagem em locais públicos. É preciso 
“direcionar os talentos” dos jovens para atividades “construtivas”, o jovem precisa de referencial e 
gosta de desafios impossíveis. Em alguns bairros existem “áreas reservadas” para pichação, 
geralmente áreas que estavam depredadas, onde são feitos concursos de arte sob a supervisão de 
autoridades municipais, como diretores de escolas, líderes religiosos, dentre outros. Perceba que 
nenhuma dessas alternativas são exclusividades das instituições policiais. 
Os policiais devem, constantemente, procurar maneiras de compreender como que esses três 
relacionam-se para gerar o problema. Em resumo, o TAP permite que policiais analisem um 
problema e descubram o que o torna persistente. 
 
Você já ouviu falar em diagrama “espinha-de-peixe”? Observe a figura abaixo. 
 
Esse diagrama foi elaborado pelo químico japonês Karou Ishikawa para servir como uma das 
ferramentas para aumentar a qualidade dos serviços desenvolvidos nas indústrias. Também é de 
fácil aplicação ao contexto policial, pois facilita o desencadeamento lógico das idéias. Quando 
utilizado da forma correta orienta a atuação dos policiais e lideranças comunitárias na análise do 
problema. Também é conhecido como diagrama de Ishikawa, diagrama causa-efeito ou diagrama 6-
M (devido as letras iniciais das principais causas). 
 
 
 
 
 
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Observe que o diagrama causa-efeito é uma forma de caracterizar o problema, resumindo e 
identificando as causas principais e secundárias. As causas são as condições que, em conjunto, 
tornam provável a ocorrência de um fenômeno. 
 
A seguir você poderá observar a aplicação do diagrama para analisar o problema de várias cadeiras 
quebradas, após a sua fabricação industrial. 
 
Conjunto de causas 
 
 
No contexto policial, a metodologia é a mesma, ou seja, deixar que a própria comunidade e os 
policiais descrevam as causas do problema, baseados nas informações que possuem. Depois de 
conferidas as informações, elas devem ser agrupadas por causas. Para facilitar será apresentado um 
formulário que agrupa as principais causas de um problema, no contexto de segurança pública. 
 
 
 
 
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Importante! 
Às vezes é necessário fazer várias reuniões para preencher todo o formulário. É importante ter 
cuidado com a divulgação do conteúdo dessas informações (pessoais) para não ferir a ética das 
pessoas, principalmente das vítimas ou dos próprios infratores analisados, pois o diagrama é muito 
objetivo. 
 
Orientações para preenchimento do diagrama causa-efeito 
Observe como são simples os passos para preencher o formulário, depois da definição do problema 
principal. 
1 – Envolve-se o maior número de pessoas que conhece o problema numa dinâmica brainstorming. 
2 – Preenche-se os retângulos (espinhasgrandes) com as causas principais que afetam o problema. 
3- Preenche-se as espinhas média, com as causas secundárias que afetam as causas principais. 
4 – As causas que parecem exercer um efeito mais significativo sobre o problema devem ser 
sinalizadas no diagrama. 
5 – Define-se o título do diagrama. 
 
Observe no diagrama, como que essas orientações devem ser aplicadas no contexto policial. 
Lembre-se de que esse diagrama é bem objetivo. Ele é uma síntese das informações e sua 
apresentação limita-se a uma folha de papel, tamanho A4. 
 
Diagrama causa – efeito no policiamento 
Orientações para o preenchimento 
Você imagina quais são as causas para o problema OCIOSIDADE DOS JOVENS urbanos? 
 
DIAGRAMA CAUSA – EFEITO (6M) 
 
 
VÍTIMAS 
Neste campo devem ser colocadas as principais características das vítimas: idade, comportamento 
delas durante o dano/crime, perfil profissiográfico, se já foram vítimas (ou não), dentre outras. 
 
AGRESSORES 
Neste campo devem ser colocadas as principais características dos agressores: idade, modos 
operandis, perfil profissiográfico, se estão foragidos (ou não), dentre outras. 
 
 
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PM 
Neste campo deve constar como que a PM atua nesse problema: quantas ocorrências já registrou, 
quais são os equipamentos geralmente utilizados (viaturas, telefones, tonfa, etc.), atuação da 
guarnição policial local (reativa ou proativa), dentre outras. 
 
MEIO AMBIENTE 
Neste campo deverão ser listadas as informações sobre o local e período que o problema 
geralmente ocorre (dia, horário, mês), de preferência pesquisar nas últimas 70 semanas (ou meses), 
para ter um “padrão” mais consistente sobre o local e horário que ocorre o problema. 
 
PREFEITURA E OUTROS ÓRGÃOS 
Neste campo deve constar como que os demais órgãos públicos agem com esse problema, como 
que é a participação deles: Poder Judiciário, Poder Legislativo, Prefeitura Municipal, ONG, igrejas, 
Conselhos Comunitários de Segurança Pública, dentre outros colaboradores. 
 
PC 
Neste campo deve constar como que a PC atua nesse problema: quantos inquéritos / diligências já 
registrou, quais são os equipamentos geralmente utilizados (viaturas, telefones, etc.), nº de delitos 
elucidados, postura da equipe policial (reativa ou proativa), dentre outras.Baseado no Estudo de caso: bairro Santa Terezinha (Anexo 1) e no problema escolhido no 
exercício da Identificação - 1ª fase, preencha o diagrama causa-efeito (Anexo 3). Depois compare 
com o diagrama completo. 
 
Aula 3 – Resposta 
 
Agora que já está identificado e analisado “o problema”, você aprenderá como ocorre a 3ª fase do 
método IARA, a resposta para o problema. Observe o ciclo abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
2
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Depois de o problema ter sido claramente definido e analisado, a polícia enfrenta outro desafio: 
procurar o meio mais efetivo de lidar com ele, desenvolver ações adequadas com baixo custo e o 
máximo de benefício. 
 
Esse estágio do modelo IARA focaliza o desenvolvimento e a implementação de respostas para o 
problema. Antes de entrar nessa etapa, a polícia precisa superar a tentação de implementar 
respostas prematuras e certificar-se de que já tenha analisado o problema. Tentativas de 
resolver rapidamente o problema são raramente efetivas em longo prazo. Faça uma rápida 
avaliação, se o problema não estiver claramente analisado deverá retornar à 2ª fase, linha 
pontilhada □2 . 
Para desenvolver respostas adequadas, solucionadores de problema devem rever suas descobertas 
sobre os três lados do TAP (vítima, agressor e ambiente) e desenvolver soluções criativas para lidar, 
pelo menos, com dois lados do triângulo. 
 
É importante lembrar que a chave para desenvolver respostas adequadas é certificar-se de que as 
respostas são bem focalizadas e diretamente ligadas com as descobertas feitas na fase de análise 
do problema, diagrama causa-efeito. Respostas abrangentes podem, freqüentemente, requerer 
prisões, mudanças nas leis, etc. As prisões, entretanto, nem sempre são as respostas mais efetivas. 
Observe o diagrama abaixo: 
 
 
Formas de lidar com o problema 
1ª Eliminar totalmente o problema 
A proposta é a ausência total das ocorrências. É improvável que a maior parte dos problemas possa 
ser totalmente eliminada, principalmente os crimes. 
 
2ª Reduzir o número de ocorrências geradas pelo problema 
Aqui, o objetivo é a redução de ocorrências proveniente do problema, geralmente é o mais 
alcançado no contexto policial. 
 
3º Reduzir a gravidade dos danos 
A efetividade para esse tipo de solução é demonstrada constatando-se que as ocorrências são 
menos danosas, depois da intervenção do método IARA. 
 
4º Lidar melhor com velhos problemas 
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Tratar o maior número de participantes de modo mais humano, reduzir os custos, melhorar a 
capacidade de lidar com a ocorrência, ou seja, promover satisfação para as vítimas, reduzindo 
custos e outro tipo de medida que possa que esse tipo de solução é efetivo. 
 
Policiais solucionadores de problema, freqüentemente, buscam ajuda da comunidade, de outras 
frações policiais da mesma cidade, comerciantes, agências de serviço social, dentre outros 
colaboradores stakeholders. 
 
As idéias devem ser equilibradas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe como que o diagrama 5W2H pode ajudar no plano de ação para solucionar o problema de 
segurança pública. De uma maneira simples esse é um planejamento de viabilidade econômica, pois 
possibilita uma divisão das tarefas, estabelecimento de metas, definição de custos, dentre outros. 
 Essa metodologia, também conhecida nos países de língua portuguesa como 4Q1POC (após a 
tradução), é muito utilizada na administração de empresas para gerenciar um plano de ação para 
elaborar um serviço ou produto. 
 
 
 
 
Táticas tradicionais 
Normalmente estão relacionadas às 
atividades básicas de policiamento e 
sozinhas dificilmente proporcionam 
soluções duradouras para os 
problemas. Ex.: Prisões, intimações e 
policiamento fixo no local. 
Táticas não tradicionais 
Estão necessariamente ligadas as ações 
comunitárias do tipo: organização da 
comunidade, educação da população, 
alteração do contexto físico, mudanças 
no contexto social e da seqüência de 
eventos, alteração no comportamento 
dos atores sociais (vítimas). 
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Importante! 
Essa filosofia orienta para que os policiais escapem da lógica do policiamento dirigido para 
ocorrências (rádio-atendimento) e busquem uma solução proativa e criativa, para equacionar o crime, 
minimizar o medo crime e a desordem. 
 
As tarefas do plano de ação devem ser devidamente priorizadas e listadas por ordem 
cronológica. Esse documento é uma ótima ferramenta para gerenciar o andamento dos 
trabalhos e garantir a produtividade de reuniões. 
Diagrama 5W2H ou 4Q1POC 
Estrutura do Plano de Ação 
Perguntas Características 
What? O que será 
feito? 
Etapa a cumprir 
Who? Quem vai 
fazer? 
Definição do 
responsável 
When? Quando será 
feito? 
Cronograma 
How 
much? 
Quanto 
custará? 
Investimento 
Why? Por quê? Razões para 
realização 
Where? Onde será 
feito? 
Local físico 
How? Como será 
feito? 
Descrição da 
execução 
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Para facilitar, há outro formulário (plano de ação), que utiliza a própria metodologia 5W2H ou 4 
Q1POC. Ele direciona o trabalho do policial e da comunidade, pois facilita a execução das tarefas e, 
principalmente, estabelece com objetividade as metas a cumprir. Lembre-se de que esse diagrama 
é bem objetivo. É uma síntese das informações e sua apresentação limita-se a uma folha de papel, 
tamanho A4. Observe o diagrama a seguir. 
 
Importante! 
O Plano de ação, por ser um formulário bem objetivo, deve apresentar as informações descritas de 
maneira mais específica possível. Especialmente no campo QUEM, neste local deve ser definido o 
nome do responsável para executar a tarefa. O objetivo é não haver dúvida na hora de executar. 
 
Você já elaborou um plano de ação? Agora você terá um desafio para exercitar sua criatividade e 
“construir” respostas baseadas em táticas TRADICIONAIS + NÃO-TRADICIONAIS. 
 
Baseado no Estudo de caso: bairro Santa Terezinha (Anexo 1) e na análise de suas causas, 2ª fase, 
imprima e preencha o diagrama Plano de ação (Anexo 4 ), e depois compare com o diagrama 
completo.
Aula 4 - Avaliação 
 
Agora que o problema já foi identificado, analisado e, para ele, elaborado respostas, você 
aprenderá como ocorre a 4ª fase do método IARA, a avaliação desse problema. Observe o 
ciclo abaixo: 
 
A resolução de problemas pode 
ser trabalhosa, mas é de simples 
ação. Você e sua equipe de 
trabalho devem persistir na 
pesquisa e ação, até que o 
sucesso seja alcançado. O 
processo, necessariamente, não é 
fechado até que a avaliação seja 
realizada. Depois da 
implementação das respostas, se 
1 
2 3 
4 
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o problema continuar ou mudar sua forma, você tem que recomeçar todo o ciclo, ir da 
avaliação para a resposta, conforme demonstra a linha 3 ou, até mesmo, para a fase de 
análise do problema, linha 4. Você deve ter percebido que antes de iniciar cada uma das 
quatro fases é realizado um feedback, “avaliação rápida”, e se necessário é feito um retorno 
à fase anterior. 
 
Finalmente, na etapa de avaliação, os policiais avaliam a efetividade de suas respostas. Um 
número de medidas tem sido tradicionalmenteusado pela polícia e comunidade para avaliar o 
trabalho da polícia. Isso inclui o número de prisões, nível de crime relatado, tempo de 
resposta, redução de taxas, queixas dos cidadãos e outros indicadores. 
Várias dessas medidas podem ser úteis na avaliação do esforço para solução de problemas, 
entretanto, um número de medidas não tradicional indica onde o problema tem sido 
reduzido ou eliminado. Por exemplo: 
 
► Reduzir os indicadores de vitimização; 
► Reduzir os registros de ocorrências; 
► Indicadores não-tradicionais podem incluir aumento dos salários para comerciários numa 
área-alvo, aumento de utilização da área residencial, aumento do valor venal dos imóveis, 
diminuição do número de pessoas que pede esmolas nos sinais de trânsito, menos carros 
abandonados, menos lotes sujos, menos cercas elétricas instaladas, dentre outras. 
► Aumento da satisfação do cidadão com respeito à maneira com que a polícia está lidando 
com o problema (determinado através de pesquisas, entrevistas, etc.); e 
► Redução do medo dos cidadãos relativo ao problema. 
A avaliação é, obviamente, chave para o modelo IARA. Se as respostas implementadas não são 
efetivas, as informações reunidas durante a etapa de análise devem ser revistas. Nova 
informação pode ser necessária se coletada antes que nova solução possa ser desenvolvida e 
testada. 
 
Importante! 
Quando o Plano de ação é bem objetivo, facilita muito a avaliação (cumprimento de metas) 
por todos envolvidos no processo. As metas é a quantificação do objetivo, ou seja, agrega-se 
custo (recurso disponível para cumprir o objetivo) e prazo [tempo em ano(s) – mês(es) – dis 
(s)], para atingir cada um dos objetivos, que é a etapa a cumprir. 
 
O policiamento orientado para o problema é uma estratégia “silenciosa”, pois geralmente as 
ações alcançadas não são divulgadas na mídia de massa. Por isso, a importância dos chefes 
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policiais e lideranças comunitárias terem os objetivos bem claros para não haver dificuldade 
de avaliar (diariamente, semanalmente e mensalmente) a tarefa de cada policial. O ideal é 
fazer a avaliação durante todo o processo, com os feedbacks, para justamente realinhar 
algum desvio. É muito comum iniciar o cumprimento de um objetivo e surgirem outras 
demandas. Para não perder o foco, uma maneira fácil, avaliar cada objetivo no formulário 
proposto, segundo o seu cumprimento na forma de percentual (%). Observe o formulário: 
 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1) Na fase de IDENTIFICAÇÃO do método IARA é importante agrupar os PROBLEMAS 
policiais. Para compreender melhor as similaridades, enumere a coluna da direita com a 
correspondente à esquerda. 
 
1. Tipo de infração 
 
2. Localização 
 
3. Pessoas 
 
4. Tempo 
 
5. Evento 
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DAS METAS DO PLANO DE AÇÃO DE POLICIAMENTO 
CUMPRIMENTO % 
AÇÃO RESPONSÁVEL ORÇAMENTO JÁ EXECUTADO 
25% 50% 75% 
100
% 
Implantar o policiamento de 
bicicletas. 
3º Sgt José Silva 
R$ 4.000,00 para bicicletas e 
uniformes. 
 
Divulgar 5.000 cartilhas de 
autoproteção dos jovens. 
Pres. da Associação Comercial R$ 2.000,00 para 2.500 folders. 
 
Estimular o protagonismo juvenil. 
Sgt João Carlos e inspetora Maria 
Silva 
Só custo indireto inerentes ao 
serviço policial. 
 
Prender os agressores principais (3 
líderes). 
Sgt João do Grupo Tático e 
detetive Paulo 
Só custo indireto inerentes ao 
serviço policial. 
 
Instalar três outdoors sobre a 
participação da comunidade 
Lucas – Presidente da Associação 
Comercial 
R$ 0,00 
 
Responsáveis pelo acompanhamento da META: 
1º Ten Douglas e delegado Sebastião 
Data e local da avaliação: 
08Mai08, Belo Horizonte. 
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( ) Alunos de escola pública 
 
( ) Bar 
 
( ) Carnaval 
 
( ) À noite 
 
( ) Homicídio 
 
 
2) Para que um crime ocorra, são necessários 3 elementos: agressor, vítima e local. Esta 
ferramenta, utilizada na fase de ANÁLISE do método IARA, é denominada de triângulo para 
análise de problema. Marque a alternativa CORRETA: 
 
( ) Por ser muito complexo, não se deve usar o diagrama de Ishikawa. 
 
( ) Se remover um dos 3 elementos o problema continua a ocorrer. 
 
( ) Deve-se ter o cuidado para não fazer uma análise superficial e pular esta etapa. 
 
( ) Se o problema não ficou bem definido na fase de identificação deve continuar a ANÁLISE. 
 
3) Na fase de RESPOSTA, do método IARA, são formas de lidar com o problema, EXCETO: 
 
( ) Eliminar totalmente o problema. 
 
( ) Reduzir o número de ocorrências. 
 
( ) Encaminhar o problema para outro setor. 
 
( ) Deixar que o problema se acomode. 
 
 
Respostas: 
 
1) 3, 2, 5, 4 e 1. 
 
2) Deve-se ter o cuidado para não fazer uma análise superficial e pular esta etapa. 
 
3) Deixar que o problema se acomode. 
 
Este é o final do módulo 3 
 
Método IARA 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
 
 
 
 
 
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ANEXOS 
 
Anexo 1 – ESTUDO DE CASO: “Bairro Santa Terezinha / Belo Horizonte 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente exercício foi planejado baseado em “problemas” reais. As informações pessoais 
foram omitidas (trocadas) por questão ética. 
2 OBJETIVOS 
Com base no cenário, o aluno deverá: 
2.1 Classificar os problemas relacionados à segurança pública, vividos na comunidade; 
2.2 Identificar o principal problema que será trabalhado, com os devidos embasamentos; 
2.3 Analisar as possíveis causas do problema; 
2.4 Responder com as ações policiais, para a solução do problema; e 
2.5 Avaliar os resultados, a partir do acompanhamento das metas para a solução do problema. 
 
3 METODOLOGIA 
A intervenção policial (do aluno) deverá ocorrer conforme o método IARA. O aluno deverá 
preencher os formulários DIAGRAMA CAUSA-EFEITO e PLANO DE AÇÃO (5W2H) e enviar 
para os demais colegas de turma, através da ferramenta e-mail. 
 
3 CENÁRIO 
Observe o croqui abaixo e anote as principais informações no seu caderno. 
 
 
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3.1 População: Vinte mil habitantes. Vinte por cento (20%) de 0 a 10 anos de idade, 50% 
de 11 a 25 anos, 10% de 26 a 40, 10% de 40 a 50 e 10% acima dos 50 anos. Setenta e cinco 
por cento (75%) da população acima de 25 anos é composta por mulheres, que em sua maioria 
trabalham fora de casa para prover a família. 
3.2 Localização geográfica: Com 10km2, localiza-se na região noroeste de Belo Horizonte, 
entre dois bairros nobres, Pampulha e São Luiz, e dois bairros de classe média, Sarandi e 
Serra Verde, interligados por duas avenidas sanitárias com grandes centros comerciais. 
3.3 Classificação socioeconômica: Cerca de 95% da população do bairro possuem renda 
inferior a um salário mínimo por família. Dentre esses, 20% não possuem alguma renda, vivem 
em estado de mendicância. Somente 5% da população possuem renda superior a um salário 
mínimo e inferior a cinco salários. 
3.4 Infra-estrutura urbana: O bairro possui 50 logradouros cadastrados, sendo 5 asfaltados e 
diversos becos que se modificam constantemente. Lá existem 4.000 residências cadastradas e 
a energia elétrica é fornecida legalmente para apenas 500 residências. A rede de água e o 
esgoto seguem as ruas asfaltadas tendo, no local, dois esgotos a céu aberto.O aglomerado é 
servido por duas linhas de ônibus e apenas uma possui ponto final na entrada do aglomerado. 
3.5 Saúde e educação: O aglomerado é servido por duas escolas estaduais e uma municipal, 
sendo que apenas a escola municipal está no interior do aglomerado. As escolas estaduais 
estão em um dos bairros, próximos, de classe alta e em um de classe média alta. No interior da 
vila existe apenas um posto de saúde. 
3.6 Organização criminosa no local: Cadastradas e em acompanhamento pela Polícia Militar 
e Polícia Civil estão duas organizações concentradas no tráfico de drogas e de armas, com 
diversos pontos de vendas e grande registro de consumo por moradores dos bairros próximos. 
3.7 Criminalidade: As incidências dos principais crimes levantados pela polícia civil são: 
 
 
 
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3.8 Características geográficas para a mobilização social 
3.8.1 Esse bairro está inserido na área integrada de segurança pública (AISP) nº 23, que 
corresponde ao mesmo território da 17ª Companhia Especial da Polícia Militar (Cia) e 16ª 
Delegacia Distrital da Polícia Civil (DD). 
3.8.2 No interior do bairro Santa Terezinha existem quatro igrejas evangélicas e uma igreja 
católica com quatro comunidades de base. O principal local de lazer dos jovens é a Praça 
Alexandre Monterani, onde se encontram para a diversão, pois não há outros equipamentos 
públicos sociais. 
3.8.3 O comandante da 17ª Cia e o delegado da 16ª DD identificaram quatro lideranças 
comunitárias no bairro e as convidaram para se reunir com o Conselho Comunitário de 
Segurança Pública, juntamente com os diretores das escolas, representantes da mídia local 
“Jornal de Casa”, líderes religiosos, empresários que atuam na região, Associação Comercial, 
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professores de Sociologia e Engenharia da Produção, da Universidade Federal de Minas 
Gerais, dentre outras lideranças. 
3.8.4 A reunião ocorreu com a presença de 71 pessoas da comunidade do bairro Santa 
Terezinha e parte do Sarandi, e foram identificados vários problemas apresentados pela 
comunidade, alguns desconhecidos pelos policiais e demais autoridades. 
3.8.5 Nessa reunião do Conselho Comunitário foram apontados vários problemas: ociosidade 
das crianças e adolescentes, a constante rivalidade entre gangues do tráfico, a atuação da PM 
que só entra no bairro para “trocar tiros com os traficantes”, a falta de infra-estrutura urbana 
para os jovens, pichação, lixo nas ruas e lotes vagos, ruas escuras, tráfico de drogas na praça 
principal, pessoas suspeitas, perturbação do silêncio, medo de andar sozinho nas ruas, 
crianças não brincam nas ruas e nas praças, medo de confiar na polícia e outras autoridades, 
os vizinhos não compartilham os problemas uns com os outros. 
3.8.6 Ocorreram várias reclamações quanto à ociosidade do jovem, o uso e tráfico de drogas 
nas imediações das escolas e briga de gangues no interior dos estabelecimentos de ensino. 
3.8.7 A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte não esteve presente nessa reunião, mas 
manifestou o desejo de apoiar um “projeto de segurança pública”. 
 
 
 
4 MISSÃO 
A polícia militar e polícia civil deverão, com base nas informações anteriores, montar uma 
equipe de trabalho constituída por colaboradores, stakeholders, para aperfeiçoar o serviço de 
segurança pública local, trabalhar de maneira integrada com o Poder Judiciário e a Prefeitura 
Municipal, com o objetivo de promover a “paz social”. 
 
 
Anexo 2 - Diagrama classificação dos problemas 
 
ORIENTAÇÕES: 
1º) Cada quadro deve ser preenchido, no máximo, com sete problemas mais importantes. 
2º) Verificar se os problemas descritos são realmente de crime, medo do crime ou desordem. 
3º) Hierarquizar os problemas e definir qual é o problema escolhido para analisá-lo (somente 1) 
devido o limite dos recursos. 
4º) O problema escolhido é realmente pequeno para que se possa fazer algo ou necessita ser 
dividido em problemas menores? 
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(Compare sua resposta) Diagrama classificação dos problemas 
CRIMES 
1º) Tráfico de drogas próximo à 
Escola Municipal Santa Teresinha 
e na Praça Alexandre Monterani. 
2º) Assalto aos transeuntes. 
3º) Arrombamento de veículos 
(furto do rádio). 
4º) Veículos tomados de assalto. 
5º) Jovens “surfistas de ônibus”. 
6º) Atos infracionais praticados 
por jovens. (Foi escolhido 
como o principal problema 
pela comunidade) 
MEDO DO CRIME 
1º) Medo de andar sozinho nas 
ruas. 
2º) Crianças não brincam nas 
ruas e nas 
praças. 
3º) Medo de CONFIAR na polícia 
e em outras autoridades. 
4º) Os vizinhos não 
compartilhavam os problemas uns 
com os outros. 
DESORDEM 
1º) Ociosidade dos jovens. 
2º) Pichação de muros com 
autorização do morador. 
3º) Lixo nas ruas e lotes 
vagos. 
4º) Ruas escuras. 
5º) Pessoas suspeitas. 
6º) Perturbação do silêncio. 
LÍDERES COMUNITÁRIOS E AUTORIDADES/TELEFONES 
Delegado da 16ª DD – João Silva/3071-2575. 
Cmt da 17ª Cia – José Maria/3071-2433. 
Líder comunitário – Pedro Ivo/3274-3000. 
Diretor da Escola Municipal Santa Terezinha/3071-2000. 
 
 
 
CRIMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDO DO CRIME 
 
 
DESORDEM 
 
PARTICIPANTES/TELEFONES 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 19/02/2009 
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Anexo 3 - DIAGRAMA CAUSA - EFEITO 
 
 
DIAGRAMA CAUSA – EFEITO NO POLICIAMENTO 
 
MEIO AMBIENTE 
LOCAL E 
HORÁRIO 
 
 
PC 
 
 
PREFEITURA E 
OUTROS ÓRGÃOS 
 
VÍTIMAS 
 
 
PMMG 
 
AGRESSORES 
PROBLEMA
 
COMPORTAMENTO 
INFRACIONAL 
JUVENIL 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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MEIO AMBIENTE 
LOCAL E HORÁRIO 
 
1 Ausência de espaço 
para lazer e recreação. 
2 Falta de centro de 
qualificação e formação 
profissional para os jovens. 
3 Os delitos ocorrem na 
Praça Central, das 19h às 
22h. 
4 Os crimes ocorrem 
preferencialmente na quinta-
feira e na sexta-feira. 
PC 
 
1 Já registrou 15 
representações somente em 
2006. 
2 Tem 10 inquéritos em 
aberto, aguardando 
diligências. 
3 Não tem detetive 
designado para acompanhar 
exclusivamente os delitos no 
centro da cidade. 
4 Já ocorreram três fugas 
de jovens infratores. 
PREFEITURA E OUTROS 
ÓRGÃOS 
1 O Conselho Tutelar está 
destituído por problemas 
políticos partidários. 
2 A Pastoral da Criança 
não tem projetos sociais 
para os jovens infratores. 
3 A prefeitura não tinha 
criado um espaço de lazer e 
entretenimento para os 
jovens. 
4 Falta de encaminhador 
do jovem ao mercado de 
trabalho. 
VÍTIMAS 
 
1 Desconhecimento da 
comunidade sobre os 
órgãos de assistência à 
família. 
2 Falta de preparo dos 
pais para lidar com seus 
filhos (vítimas e/ou 
agressores). 
3 Os adolescentes não 
tinham a presença dos pais 
no dia-a-dia. 
4 Desagregação familiar 
dos jovens envolvidos. 
PM 
 
1 A PM não fornecia 
informações preventivas. 
2 A polícia só aparecia 
quando o crime acontecia – 
“puramente REATIVA”. 
3 Já registrou 50 BO em 
2007. 
4 Realizou diversas blitzs 
para resolver o problema. 
5 Existem três policiais 
militares acusados por 
abuso de autoridade contra 
jovens. 
AGRESSORES 
 
1 Vendem e consomem 
droga. 
2 Não tem um programa 
social para os usuários de 
droga. 
3 Falta de atividade para 
valorizar os jovens. 
4 Jovens estão sem 
representação social, os 
grêmios estudantis são 
fracos e desarticulados. 
 
 
COMPORTAMENTO 
INFRACIONALJUVENIL 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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Anexo 4 – Plano de Ação 
 
 
LOGOMARCA 
PLANO DE AÇÃO (5W2H) 
SETOR 
RESPONSÃVEL 
EVENTO 
LOC
AL 
DATA: 
OBJETIV
O (Why?) 
 
Próxima reunião: 
AÇÃO 
(WHAT?) 
COMO 
(HOW?) 
QUANDO 
(WHEN?) 
ONDE 
(WHERE?)
QUEM 
(WHO?) 
QUANTO CUSTA 
(HOW MUCH?) 
 
 
 
 
 
Responsáveis pela META: Outros contatos importantes: 
 
PLANO DE AÇÃO DE POLICIAMENTO (5W2H) 
34° BPM / 17ª Cia PM
16ª Delegacia Distrital 
EVENTO Projeto “JÁ: Jovem em Ação” 
LOCAL Sede da Associação 
Comercial do Santa Terezinha 
DATA 06Mai08-Ter 
OBJETIVO 
(Why?) 
Melhorar a sensação de segurança e reduzir os índices de briga de gangues no centro 
comercial do Santa Terezinha. 
Próxima Reunião 
13Mai08-Ter 
AÇÃO (WHAT?) COMO (HOW?) QUANDO (WHEN?) ONDE (WHERE?) QUEM (WHO?) 
QUANTO CUSTA 
(HOW MUCH?) 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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Implantar o 
policiamento de 
bicicletas. 
Após treinar os 
policiais, serão 
lançadas duas duplas 
de ciclistas, no horário 
comercial. 
Iniciar em junho e 
terminar em 
dezembro. 
Centro comercial de 
Santa Terezinha. 
3º Sgt José Silva 
R$ 7.000,00 para 
bicicletas e uniformes.
Divulgar 5.000 
cartilhas de 
autoproteção dos 
jovens. 
Após pesquisa de 
marketing, será 
implementado por 
uma agência de 
publicidade. 
Iniciar em junho, 
terminar em 
dezembro. 
Principais vias de 
acesso ao centro 
comercial. 
Pres. da 
Associação 
Comercial 
R$ 4.000,00 para 
5.000 folders. 
Estimular o 
protagonismo 
juvenil. 
Com a participação 
das lideranças dos 
grêmios estudantis e 
escoteiros. 
Nas tardes de 
sábado de maio até 
novembro. 
Na Escola Municipal 
Santa Terezinha. 
Sgt João Carlos e 
inspetora Maria 
Silva 
Só custo indireto 
inerentes ao serviço 
policial. 
Prender os 
agressores 
principais (três 
líderes). 
Com os mandatos de 
prisão e busca e 
apreensão. 
Início maio e 
término junho. 
Nos locais de 
domínio dos 
infratores. 
Sgt João do 
Grupo Tático e 
detetive Paulo 
Só custo indireto 
inerentes ao serviço 
policial. 
Instalar três 
outdoors sobre a 
participação da 
comunidade. 
Após realizar 
pesquisa, implementar 
através de uma 
agência de 
publicidade. 
Iniciar em 
novembro, antes do 
natal 
Principais vias de 
acesso ao centro 
comercial. 
Lucas - 
Presidente da 
Associação 
Comercial 
R$ 8.000,00 para três 
outdoors. 
Responsáveis pela META: 1º Ten Douglas e delegado 
Sebastião 
Outros contatos 
importantes: Dr. João 
Paulo (Juiz de Direito). 
 
 
 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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Módulo 4 – Prevenção Situacional do Crime 
 
No módulo passado você estudou como é desenvolvido o método IARA e quais ferramentas 
podem ser utilizadas em cada fase. Neste módulo você estudará como é possível prevenir um 
crime situacional, para isso serão discutidas as metodologias de planejamento. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas: 
 
Aula 1 - Teoria da Oportunidades de Crimes 
 
Aula 2 - Triângulo do crime 
 
Aula 3 - Técnicas de prevenção situacional de crimes (aplicando o POP) 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Conceituar a teoria do crime de oportunidades; 
 
- Identificar o processo do “triângulo do crime”; 
 
- Aplicar o “triângulo do crime” na análise do problema; e 
 
- Utilizar as técnicas de prevenção do crime situacional. 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 1 - Teoria da Oportunidades de Crimes 
 
Você sabe o que é vitimização repetida? 
 
De acordo com Clarke e Eck (2003), a vitimização repetida pode ser explicada utilizando o 
Princípio de Pareto. 
 
O princípio de Pareto foi criado no século XIX por um economista italiano chamado Vilfrido 
Pareto que, ao analisar a sociedade, concluiu que grande parte da riqueza se encontrava nas 
mãos de um número demasiado reduzido de pessoas. Após concluir que este princípio seria 
válido para muitas áreas da vida cotidiana, estabeleceu o designado método de análise de 
Pareto, também conhecido como dos 20-80% e que significa que um pequeno número de 
causas (geralmente 20%) é responsável pela maioria dos problemas (geralmente 80%). 
Atualmente o princípio de Pareto serve de base aos Diagramas de Pareto, uma importante 
ferramenta de controle da qualidade desenvolvida por Joseph Duran (regra 80-20) para 
explicar a concentração de crimes em locais e pessoas, podendo ser utilizada como 
argumento para explicar as vítimas repetidas, agressor repetido, zonas quentes de 
criminalidade e locais de risco. 
 
Resposta: Para Weisel (2005, p. 3) “ocorre vitimização repetida ou revitimização quando o 
mesmo tipo de incidente é experimentado pela mesma vítima ou alvo dentro de um período 
de tempo como, por exemplo, um ano. 
 
A repetição (ou recidivismo) estaria em conformidade com a regra 80-20, uma vez que uma 
pequena quantidade de vítimas seria responsável por uma grande proporção de toda a 
vitimização. Por exemplo, para Clarke e Eck (2003) ficou demonstrado numa pesquisa de 
crimes da Inglaterra, que 4% das pessoas experimentaram cerca de 40% de toda vitimização 
no período de um ano, incluindo crimes, como roubos, agressões sexuais e violência 
doméstica. Esses autores demonstram ainda que a agressão acontece rapidamente e, 
freqüentemente, dentro de uma semana a partir da primeira vitimização, embora o tempo 
varie de acordo com o tipo de ofensa. 
 
De acordo com Weisel (2005), a “propensão” de alguns indivíduos, domicílios ou negócios 
se tornarem vítimas pode estar associada a alguns fatores: consumo de álcool e droga; 
falhas na proteção da propriedade; isolamento físico; envolvimento com atividades de 
risco ou proximidade com o agressor. A vitimização repetida sofre variação em razão do 
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tempo, do espaço e do tipo de crime. As pesquisas de vitimização, as entrevistas com as 
vítimas e com os agressores, juntamente com os levantamentos sobre crime, têm sido as 
fontes primárias para os estudos de vitimização repetida. 
 
Comparando os dados do Internacional Victimization Survey, Weisel (2005) observa que a 
vitimização repetida é mais comum para os crimes violentos, como, por exemplo, na agressão 
sexual (46%) e agressão (41%), do que nos crimes contra o patrimônio – vandalismo em 
veículos (25%). 
Uma das principais características da vitimização repetida diz respeito ao tempo entre a 
primeira agressão e a repetição. A vitimização repetida pode ocorrer no prazo de uma semana 
ou ainda no prazo de 24 horas, sendo esse período considerado de risco elevado e, por isso 
mesmo, crucial para a prevenção. 
 
Após o período de risco elevado, observam Farrell e Pease (1993), o risco declina 
gradativamente até que a vítima esteja na mesma condição de risco que as demais pessoas. 
Um estudo sobre revitimização para os crimes contra o patrimônio demonstra que 60% das 
recorrências se deram no prazo de um mês após o incidente inicial. Por essa razão, um dos 
melhores indicadores para previsão da repetição é o próprio tempo, ou seja, quanto mais 
próximo da vitimização inicial, maior o risco de nova agressão, o que é determinante para 
as ações de prevenção. A demora para agir (ou reagir) pode significar perda da 
oportunidade para uma boa prevenção. 
 
Weisel(2005), Clarke, Eck (2003) e Pease (1998) afirmam que o período de tempo entre a 
agressão inicial e a repetição varia de acordo com o tipo de crime. No caso específico da 
violência doméstica, 15% da repetição ocorrem dentro de um dia. O tempo entre uma ofensa 
e outra pode ser mensurado na forma de horas, dias, semanas e meses, dependendo de como 
os dados se apresentam. Além da variação em relação ao tempo, Weisel (2005) aponta o 
ambiente como uma variável que influencia na repetição. 
 
A repetição afirma e reflete o sucesso da primeira agressão, isto é, em decorrência do 
primeiro incidente ter sido exitoso, o agressor ganha confiança e acumula aprendizado 
sobre o alvo ou a vítima, conhecimento que ele utiliza para repetir a agressão. Existem 
duas razões primárias para a recorrência. A primeira estaria relacionada com o papel do 
agressor e do aprendizado decorrente da primeira agressão (boost accout) e o segundo explica 
a repetição em termos de atração e vulnerabilidade da vítima/alvo (flag accout), 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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características que tenderiam a permanecerem constantes ao longo do tempo. Weisel (2005), 
Clarke e Eck (2003) apresentam vários padrões de vitimização repetida: 
Vítimas repetidas É a mesma pessoa, mesmo alvo, comércio, etc. 
Vítimas próximas Vítimas ou alvos fisicamente próximos, como diferentes pessoas no 
mesmo endereço. 
Repetição virtual São as vítimas repetidas que possuem as mesmas características da 
vítima inicial, como, por exemplo, uma rede de supermercados. 
Vítimas crônicas 
 
Sofrem diferentes tipos de vitimização, tais como roubo, violência 
doméstica, arrombamento, etc. 
 
De acordo com Weisel, Clarke e Eck, a vitimização repetida pode estar associada com outros 
padrões de crime que podem se relacionar e até se sobreporem, não sendo mutuamente 
exclusivos. Para muitos crimes a vitimização repetida será mais comum em áreas de alta 
concentração de criminalidade, pois, nessas áreas, tanto as pessoas quanto os locais estão sob 
um risco maior de vitimização. Os padrões de criminalidade listados abaixo podem aparecer 
associados à vitimização repetida: 
 
Zonas quentes de criminalidade (hot spot) 
São áreas com concentração de crime devido à incidência de crimes do mesmo tipo ou de 
tipos diferentes. 
 
Produtos quentes (hot products) 
São bens roubados com freqüência por causa de sua vulnerabilidade ou atractibilidade (fáceis 
de carregar e de vender). 
 
Agressores repetidos (repeat offenders) 
Pessoas que cometem muitos crimes. 
 
Crimes em série (crime series) 
Crimes que, em razão do modo, parecem ter sido realizados pelo mesmo agressor. Podem ter 
concentração espaço-temporal ou um modo peculiar. 
 
Locais de risco (risky facilities) 
Locais que atraem ou geram uma quantidade desproporcional de crimes. 
 
 
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Saiba mais... 
Em muitos casos, a vitimização repetida será mais comum em áreas de alta concentração de 
criminalidade, pois, nessas áreas, tanto as pessoas quanto os locais estão sob um risco maior 
de vitimização. Além disso, essas áreas são reconhecidas pela carência de meios para impedir 
a recorrência rapidamente, através das medidas de proteção. Nessas áreas, a concentração 
de vítimas repetidas pode gerar as zonas quentes de criminalidade. Como resultado, os 
especialistas criaram o termo “ponto quente” (hot dot), porque os mapas de incidentes 
podem ser dominados por símbolos em escala para representar o número de ofensas em um 
endereço eletrônico”. 
 
Aula 2 - Teoria das Oportunidades 
 
Você sabe quais são as principais origens do crime? 
 
De um modo geral, a criminologia tem procurado direcionar seus estudos para entender as 
causas que levam um indivíduo a cometer um crime. Uma série de teorias tem procurado 
explicar a propensão maior ou menor de indivíduos para o crime em razão de características 
individuais, psicológicas e sociais. 
 
Entender por que e de que maneira alguns ambientes proporcionam maiores oportunidades 
para o crime do que outros tem sido o desafio da criminologia. Clarke e Felson (1998) 
ressaltam que o comportamento individual é resultado da interação entre o indivíduo e o 
ambiente. Por isso, asseguram que a oportunidade pode ser considerada a principal causa 
do crime. Os autores, entretanto, têm preferido utilizar a palavra “abordagem” para se 
referirem à teoria das oportunidades, uma vez que no sentido estrito da palavra, nenhuma 
delas pode ser considerada uma teoria. 
 
 
Resposta: 
 
Segundo os pesquisadores Cano e Soares (2003), as causas do crime podem ser reunidas em 
cinco grupos: 
 
1º) Teorias que tentam explicar o crime em termos de patologia individual; 
 
2º) Teorias centradas no “homus economicus”, isto é, no crime como uma atividade racional de 
maximização do lucro; 
 
3º)Teorias que consideram o crime como subproduto de um sistema social perverso ou 
deficiente; 
 
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4º Teorias que entendem o crime como uma conseqüência da perda de controle e da 
desorganização social na sociedade moderna; e 
 
5°) Correntes que defendem explicações do crime em função de fatores situacionais ou de 
oportunidades. 
 
Teoria das oportunidades 
Embora a teoria das oportunidades venha sendo freqüentemente utilizada para estudo das 
causas do crime, sua aplicação tem sido maior nos crimes contra o patrimônio. Mas, por sua 
versatilidade, pode ser também utilizada para o entendimento de todos os tipos de crimes, 
inclusive os crimes contra a pessoa. Nesse estudo, pretende-se, de modo exploratório, aplicar 
a teoria das oportunidades para o entendimento da vitimização repetida e da violência 
doméstica. 
 
A abordagem das atividades rotineiras teve início a partir das explicações utilizadas para os 
crimes predatórios em um artigo escrito por Cohen e Felson, em 1979. A teoria pode ser 
resumida considerando que “para que um crime ocorra deve haver convergência de 
tempo e espaço em, pelo menos, três elementos: um provável agressor, um alvo 
adequado, na ausência de um guardião capaz de impedir o crime”. (CLARKE e FELSON, 
1998, p. 4; FARRELL, GRAHAN, PEASE, 2005, p. 3) 
 
Um provável agressor, um alvo adequado e a ausência do guardião são os elementos 
mínimos necessários para a ocorrência do crime, e a ausência de um deles significa que o 
crime não ocorrerá. Portanto, é necessário que estejam reunidos não apenas no mesmo 
local, mas também na mesma hora. Por esse motivo, a abordagem das atividades rotineiras 
exige mais do que a existência de um agressor – requer um alvo/vítima vulnerável e um 
ambiente propício, ou seja, um ambiente que forneça as condições exatas para que o 
crime ocorra. 
 
É reconhecido que os requisitos do crime podem ser manejados de modo a reduzir ou prevenir 
o crime. Resumindo, um crime não ocorrerá se tanto o alvo quanto o local não ofereçam 
oportunidades para que um delito específico ocorra. 
 
O termo “alvo adequado” pode se referir tanto a uma pessoa quanto a um negócio ou um 
produto. Se o crime é um arrombamento de comércio, então o alvo adequado deve ser um 
local em que se acredita haver dinheiro ou um produto com valor de revenda. Se o crime 
é um roubo na rua, então o alvo adequado será uma pessoa que é percebida carregando 
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objetos de valor para o agressor, desprotegida e, provavelmente, sem condições de reagir 
conforme observam Farrell e Pease(2005). 
 
As palavras “percebida” e “adequada” são importantes já que o mesmo alvo pode ser 
percebido de modos distintos por agressores diferentes. O mesmo alvo pode ser percebido 
como adequado para um agressor e não ser considerado adequado para outro. A percepção 
do alvo como adequado ou não, eleva ou reduz o risco do alvo. 
 
Farrell e Pease (2005) argumentam que um agressor potencial pode ser qualquer um, 
dependendo das circunstâncias. Para Farrel e Pease a maioria das pessoas possui um 
criminoso interior e é capaz de pensar como um ladrão. 
 
No trânsito, exemplificam, um atraso pode gerar a oportunidade para o motorista correr mais 
do que o permitido e desobedecer ao semáforo. Sob a influência do álcool e excitação, a 
maioria das pessoas se torna desordeira e pronta para, ante uma provocação, reagir com 
violência. De igual forma, pessoas com histórico criminal pregresso mais facilmente 
aproveitarão quando uma oportunidade surgir, seja um carro destrancado, uma carteira 
esquecida, etc. Isso, segundo Farrel e Pease, explica a flexibilização dos termos “potencial”, 
“provável” e “motivado” utilizados para caracterizar o agressor. 
 
Da mesma maneira que ocorre com o agressor, o guardião capaz de prevenir o crime é 
também flexível e pode ser qualquer um, dependendo das circunstâncias. O termo não se 
refere apenas à ação da polícia. Pode ser um trabalhador cuja janela de frente para a rua 
lhe permite vê-la ou um vizinho que ouve ou assiste uma cena de violência doméstica, ou 
seja, guardião pode ser qualquer um que seja capaz de impedir a agressão, seja por 
intervenção direta, seja chamando a polícia. 
 
Guardião 
O guardião pode ser o vigia de uma escola, o vendedor de uma loja, o motorista de táxi ou de 
ônibus ou o funcionário de um restaurante. Todos podem prover guarda. Algumas ações 
podem incrementar a capacidade de guarda, como, por exemplo, melhoria da iluminação da 
casa e da rua, aparar o jardim da residência ou capinar o mato do lote ao lado, assim como 
amigos e colegas andando juntos no caminho da escola ou do trabalho. 
 
A abordagem das atividades rotineiras utiliza o triângulo para análise de problema que é 
também conhecido como triângulo do crime para ilustrar a ocorrência do crime. Essa 
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teoria, originalmente formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson, declara que um crime 
predatório ocorre quando um agressor provável e um alvo adequado se encontram no tempo e 
no espaço, sem a presença de um guardião competente [...] Ela não faz distinção entre uma 
vítima humana e um alvo inanimado, porque os dois podem despertar o interesse do 
agressor. E ela define um guardião capaz em termos tanto de atores humanos quanto de 
equipamentos de segurança. Essa formulação conduz ao triângulo para análise de 
problema original com os três lados representando o agressor, o alvo e a localização ou 
local. 
 
A polícia tradicionalmente lida com o crime com foco no agressor esforçando-se para 
identificá-lo e prendê-lo. A abordagem das atividades rotineiras requer que se examine 
uma gama maior de fatores como informações sobre as vítimas e sobre o local. 
 
Clarke e Eck (2003) ressaltam que, ao triângulo original proposto por Cohen e Felson, foi 
adicionado um triângulo externo de “controladores” para cada lado do triângulo interno. 
 
Para o alvo/vítima, o controlador seria o guardião capaz, ou seja, pessoas que podem se 
proteger e proteger seus bens o que inclui os amigos, os membros da família, os colegas de 
trabalho, vigilantes e policiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.1: Triângulo do crime 
Fonte: CLARKE, Ronald V. e ECK, John E. Crime analysis for problem solvers in 60 small steps. U.S. Department 
of Justice. Office of Community Oriented Policing Service, 2003. 
 
Para o agressor é o “controlador” alguém que conheça bem o agressor e esteja em 
posição de controle sobre ele sendo capaz de influenciá-lo de modo que o crime não 
aconteça. Pais, irmãos, professores, amigos e cônjuges são exemplos de “controladores”. 
 
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Em relação ao local, o controlador pode ser o gerente, o proprietário ou alguém que 
tenha responsabilidade sobre o local, por exemplo, o motorista no ônibus e o professor na 
escola. 
 
O triângulo do crime ou triângulo para análise de problema foi desenvolvido como uma 
ferramenta de análise que permite visualizar o problema em foco, estudar a relação entre os 
lados, as características e similaridades buscando descobrir o máximo possível de informações 
sobre o problema estudado. 
 
Glensor e Peak (1999) recomendam que, nos esforços de prevenção, a polícia esteja atenta 
aos três lados do triângulo externo (controlador, guardião e responsável) que podem tanto 
auxiliar quanto atrapalhar o trabalho. 
 
Um alvo pode ser tanto um objeto quanto uma pessoa, cuja posição no espaço e no tempo 
indica seu grau de risco de um ataque criminoso. Alvo de crime pode ser uma pessoa ou um 
objeto, cuja posição no espaço ou tempo a expõe a um risco maior ou menor de um ataque 
criminoso. Quatro elementos principais influenciam o risco de um ataque criminoso, como 
está resumido no acróstico VIVA: valor, inércia, visibilidade e acesso. 
 
 
 
 
 
 
 Figura 4.2: Elementos que influenciam o risco do ataque 
 
Valor 
Agressores não terão interesse por alvos que não tenham valor para eles, o que determina 
condutas diferenciadas em relação ao objeto (alvo). Um CD de música clássica, por exemplo, 
pode não exercer atrativo para o agressor, exceto se puder transformá-lo em dinheiro 
 
Inércia 
A inércia diz respeito ao peso do objeto e à possibilidade de ser transportado, isto é, 
somente serão alvos os objetos que puderem ser carregados. 
 
 
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Visibilidade 
A visibilidade diz respeito à posição que o alvo se encontra proporcionando maior ou 
menor oportunidade. Como quando alguém conta dinheiro em público ou expõe objeto de 
valor, por exemplo. 
Acesso 
O acesso diz respeito à facilidade de se chegar ao alvo, incluindo posição das ruas, 
colocação de objetos perto das portas, portão aberto e outros aspectos que facilitem o acesso 
ao alvo. 
 
Para Clarke e Felson (1998), as oportunidades têm um papel importante em todo o tipo de 
crime, inclusive na violência. Embora as teorias venham sendo utilizadas para explicar os 
crimes contra o patrimônio, os autores consideram um desafio aplicá-las à violência já que 
pessoas cometem violência sem nenhum ganho aparente. A prática de violência, entretanto, 
envolve algum tipo de decisão que deve ser observada do ponto de vista do agressor. 
 
Outro aspecto importante é que um crime pode gerar oportunidade para outro crime. 
Como, por exemplo, pode acontecer com um arrombamento. Ao arrombar uma residência o 
agressor pode, em razão da oportunidade, agredir sexualmente uma pessoa encontrada no 
local. 
 
Finalmente, o crime pode ser prevenido reduzindo-se as oportunidades através de ações 
simples do cotidiano, tais como: evitar falar com estranho, manter o dinheiro em local 
seguro, trancar a casa e sair de casa (no caso da violência doméstica). A redução das 
oportunidades consiste em diminuir os riscos de modo prático, natural e simples a um 
custo social e economicamente baixo, adotando abordagens direcionadas para a 
prevenção. 
 
Saiba mais... 
No caso da violência doméstica é necessário que haja privacidade ou, pelo menos, a ausência 
de outros membros da família ou vizinhos que possam impedir a agressão.Para os autores, o 
mito de que a oportunidade é uma causa apenas de crime comum contra a propriedade está 
sendo transformada à medida que novos estudos são feitos, principalmente pela criminologia 
ambiental, não existindo crimes em que a oportunidade não tenha um papel. 
 
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Aula 3 - Técnicas de prevenção Situacional de crimes 
(aplicando o POP) 
 
Conforme foi visto na aula anterior, é possível orientar os cidadãos para evitar que o crime 
situacional ocorra e, com isso, evitar a vitimização repetida e melhorar a qualidade do 
serviço policial. 
 
Você conhece as 25 técnicas de prevenção do crime situacional? 
 
As técnicas de prevenção ( Anexo 1) foram desenvolvidas pelo POP CENTER, que é uma 
organização não-governamental (ONG). Ela foi elaborada, para evitar o crime situacional e a 
vitimização repetida. 
 
Para ver a tabela original, acesse o site: http://www.popcenter.org/25techniques/ 
 
Utilizando as 25 técnicas de prevenção situacional, descreva como elas podem ser usadas 
para evitar que as pessoas sejam um alvo fácil do delito, fornecendo um exemplo para cada 
uma delas. 
 
Agora, imagine que você é uma vítima. Avalie suas atividades diárias, seu estilo de vida e o 
ambiente em que vive. Descreva sua vulnerabilidade para a vitimização ou (re)vitimização 
(seja específico em explicar que crime poderia sofrer e por qual motivo). 
 
Em seguida, identifique que medidas você deve fazer para reduzir sua vulnerabilidade. Você 
deve considerar todo o conteúdo deste módulo. 
 
Descreva uma lista de possibilidades durante sete dias. Faça um registro diário de todas as 
atividades/comportamentos que você desenvolve para reduzir o crime ou oportunidade do 
crime. Preste muita atenção em suas ações a fim de documentar todo o comportamento 
da prevenção do crime. 
 
Para realizar esta atividade, preencha o quadro em anexo, e complete-o conforme o 
exemplo.(Anexo 2) 
 
Fique atento para o formato, a quantidade e a qualidade de suas informações. 
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1) MARQUE a alternativa FALSA referente à “vitimação repetida”: 
 
( ) A vitimação repetida é mais comum nos crimes contra pessoa. 
 
( ) Ocorre quando o mesmo tipo de incidente é experimentado pelo mesmo produto dentro de 
um período de tempo aleatório. 
 
( ) As áreas de alta concentração de criminalidade estão sob um risco maior de vitimação. 
 
( ) São padrões de criminalidade: locais de risco, crimes em série, produtos quentes, 
agressores repetidos e zonas quentes de criminalidade. 
 
2) Ao triângulo original para análise de problemas, Clarke e Eck (2003) adicionaram um 
triângulo externo de controladores. Para o alvo/vítima, o controlador é o guardião capaz, para o 
agressor é o controlador e, para o local é o gerente. Baseado nesta citação MARQUE a 
alternativa CORRETA: 
 
( ) O proprietário do imóvel é um exemplo de gerente, ou seja pode modificar o ambiente para 
que o furto seja evitado. 
 
( ) Controlador são pessoas que conhecem bem a vítima e podem influenciá-la para não ser 
alvo o delito. 
 
( ) A teoria das atividades rotineiras orientam para os policiais lidarem com mais pessoas: 
gerente, controlador e guardião. 
 
( ) O triângulo de controladores foi adicionado sobre o triângulo do crime, para ampliar os 
fatores de um crime. 
3) Alvos de crime podem ser uma pessoa ou um objeto, cuja posição no espaço ou tempo a 
expõe a um risco maior ou menor de um ataque criminoso. 
 
Diante do enunciado, enumere a coluna da direita com a correspondente à esquerda. 
 
[ 1 ] Valor 
 
[ 2 ] Inércia 
 
[ 3 ] Visibilidade 
 
[ 4 ] Acesso 
 
( ) Posição ostensiva do objeto 
 
( ) Rua, portão aberto 
 
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( ) Peso do objeto 
 
( ) Televisão digital 
 
Respostas: 
 
1) Ocorre quando o mesmo tipo de incidente é experimentado pelo mesmo produto dentro de 
um período de tempo. 
 
2) Controlador são pessoas que conhecem bem a vítima e podem influenciá-la para não ser 
alvo o delito. 
 
3) 3, 4, 2 e 1. 
 
Este é o final do módulo 4 
 
Prevenção do crime situacional 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
 
Referências bibliográficas 
 
ARKE, Ronald V. e ECK, John E. Crime analysis for problem solvers in 60 small steps. U.S. 
Department of Justice. Office of Community Oriented Policing Service, 2003. Disponível em < 
http://www.cops.usdoj.gov/Default.asp?Item=1597>. 
 
CASTELLS, Manuel. Para o Estado-Rede: globalização econômica e instituições políticas na 
era da informação. In: PEREIRA, L. C. B, WILHEIM, J. e SOLA, L. (orgs.) Brasília: ENAP / São 
Paulo: UNESP, 1999. Cap. 5. 
 
COUTO, Sônia Maria de Araújo. Violência doméstica: uma nova intervenção terapêutica. Belo 
Horizonte: Universidade FUMEC. Editora Autêntica, 2005. 
 
FARRELL, Graham e PEASE, Ken. Criminology and security. In: GILL, M. The handbook of 
security. Loughborough University. Perpetuity Press, 2005. Disponível em < http://www-
staff.lboro.ac.uk/~ssgf/PDFs/06forthcoming_Criminology_and_Security.pdf>. 
 
GLENDSOR, Ronald W. & PEAK, Kenneth J. Community policing & problem solving: strategies 
and practices. Second edition. Prentice Hall, Upper Saddle River, New Jersey, 1999. 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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                                            Página 81 
 
 
 
GOLDSTEIN, Herman. Problem-oriented policing. McGraw-Hill, Inc. 1990 
 
LARKE, Ronald V. e FELSON, Marcus. Opportunity makes the thief: practical theory for crime 
prevention. Police Research Series, Paper 98. Home office. Policing and reducing crime unit. 
London. November 1998. Disponível em < 
http://www.homeoffice.gov.uk/rds/prgpdfs/fprs98.pdf>. 
 
MOORE, Mark Harrison. Policiamento comunitário e policiamento para a solução de 
problemas. In: TONRY, Michael e MORRIS, Norval (orgs.) Policiamento moderno. Trad. Jacy 
Tardia Ghirotti. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. Série Polícia e 
sociedade, n. 7 (Tradução de Modern Policing). 
 
MOREIRA, Cícero Nunes. A passar de largo: vitimização repetida e violência conjugal. 2006. 
Monografia (especialização) – Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, 2006. 
 
PEAK, Kenneth J. e GLENSOR, Ronald W. Community policing and problem solving: 
strategies and practices. Prentice Hall. Upper Saddle River. New Jersey, 2nd Ed. 1999. 
ROLIM, Marcos. A síndrome da rainha vermelha: policiamento e segurança pública no século 
XXI. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2006, p. 311. 
 
SKOLNICK, Jerome H. e BAYLEY, David H. Policiamento comunitário: questões e práticas 
através do mundo. Tradução Ana Luísa Amêndola Pinheiro. Editora da Universidade de São 
Paulo, 2006. (Série Polícia e Sociedade, nº 6). 
 
SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero e patriarcado: a necessidade da violência. In: CASTILHO-
MARTIN, Márcia e OLIVEIRA, Sueli. Marcadas a ferro: violência contra a mulher: uma visão 
multidisciplinar. Brasília. Secretaria Especializada de Políticas para as Mulheres, 2005, p. 35-
73. 
 
OLIVEIRA, Alexandre Magno de. Os indicadores de qualidade para avaliação do policiamento 
comunitário na Polícia Militar de Minas Gerais. Monografia (especialização) – Academia de 
Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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US Department of Justice. COPS TIPS. Problem-solving TIPS: a guide to reducing crime and 
disorder through problem-solving partnerships. US Department of Justice. Office of 
Community Oriented Policing Service. www.usdoj.gov/cops. 
 
ANEXOS 
Anexo 1 - Técnicas de prevenção 
AUMENTE OS 
ESFORÇOS 
AUMENTE OS RISCOS REDUZA AS 
RECOMPENSAS 
REDUZA AS 
PROVOCAÇÕES 
REDUZA AS 
DESCULPAS 
1 Dificulte os 
acessos aos 
alvos 
 
- Controlando colunas 
de fechaduras e 
imobilizadores 
- Telas antifurto 
- Embalagens que 
protejam o conteúdo 
6 Estenda 
segurança 
 
Tome precauções de 
rotina: 
- Saia em grupo à noite, 
deixe sinais de 
ocupação e transporte 
telefone celular 
- Vigilância de “Casulo” 
da vizinhança 
11 Oculte 
alvos 
 
- Estacionamento 
fora da rua 
- Listas telefônicas 
de gênero-neutro 
- Caminhões de 
transporte de metais 
preciosos não 
identificados 
 
16 Reduza 
frustrações e 
estresse 
 
- Filas e serviços 
policiais eficazes 
- Expansão de 
assentos 
- Músicas 
relaxantes/luzes 
suaves 
21 
Estabeleça 
regras 
 
- Acordos de locação 
- Códigos contra o 
assédio 
- Registro nos hotéis 
 
2 Controle o 
acesso de 
facilitadores 
 
- Entradas telefônicas 
- Acesso via cartão 
eletrônico 
- Proteção de 
bagagens 
7 Invista na 
vigilância 
natural 
 
- Iluminação das ruas 
melhorada 
- Projeção de espaço 
defensivo 
- Fornecer apitos 
12 Remova 
alvos 
 
- Sons de carro 
removíveis 
- Refugio de 
mulheres 
- Cartões pré-pagos 
para pagar 
telefonemas 
17 Evite 
disputas 
 
- Separe áreas 
distintas para torcidas 
de futebol rivais 
- Reduza a 
superlotação em 
bares 
- Afixação de preços 
de passagem de táxi 
22 Exponha 
instruções 
 
- “Proibido 
estacionar” 
- “Propriedade 
privada” 
- “Apague focos de 
incêndio” 
 
3 Proteja as 
saídas 
 
- Exigência de 
carteirinhas para 
saídas 
- Exporte documentos 
- Etiquetas de 
mercadorias 
eletrônicas 
8 Reduza o 
anonimato 
 
- Identidade dos táxis 
- Como estou dirigindo? 
- Decalques 
13 
Identifique 
seus bens 
 
- Bens identificados 
- Veículos 
licenciados e partes 
demarcadas 
 
- Marcação do gado 
 
18 Reduza a 
excitação 
emocional 
 
- Controle a 
pornografia violenta 
- Promova o bom 
comportamento nos 
campos de futebol 
- Proíba 
discriminação racial 
23 
Consciência 
alerta 
 
- Placas com limite de 
velocidade a beira 
das estradas 
- Assinaturas em 
declarações de 
clientes 
- Sair sem pagar é 
roubar 
4 Desvie 
Ofensores 
 
- Fechamento de ruas 
- Banheiros 
separados para 
mulheres 
- Bares dispersos 
9 Uniforme 
escolar 
 
- Utilize gestores Locais 
- CCTV (circuito fechado 
de televisão) para 
ônibus dois andares 
- Dois funcionários para 
lojas de conveniência 
- Recompensa da 
14 
Interrompa 
o mercado 
 
- Monitore casas de 
penhora 
- Controle 
classificados 
- Licencie 
19 Reduza a 
pressão dos 
colegas 
 
- “Idiotas bebem e 
dirigem” 
- “Não faz mal dizer 
não” 
- Dispense 
24 Incentivar 
a obediência
 
- Facilitação do 
checkout 
(procedimentos de 
verificação de saída) 
em bibliotecas 
- Sanitários públicos 
- Latas de lixo 
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vigilância vendedores de rua encrenqueiros na 
escola 
5 Controle de 
armas e 
ferramentas 
 
- Armas “inteligentes” 
- Desativando 
telefones celulares 
roubados 
- Restrinja vendas de 
tinta spray para 
jovens 
10 Fortaleça a 
vigilância 
local 
 
- Câmeras 
- Alarme contra ladrões 
- Guardas de segurança 
 
15 Negue 
benefícios 
 
- Mercadorias com 
etiquetas de tinta 
- Limpeza de 
grafitagem 
- Lombadas 
 
20 
Desencoraje 
imitações 
 
- Correções céleres 
de vandalismo 
V-chips em TV’s 
- Censure detalhes 
do modus operandi 
 
25 Controle 
de drogas e 
álcool 
 
- “Breathlyers” em 
bares 
- Intervenção dos 
servidores 
- Eventos em que não 
tenham bebidas 
alcoólicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 2 – Tabela para preencher 
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AUMENTE OS 
ESFORÇOS 
AUMENTE OS 
RISCOS 
REDUZA AS 
RECOMPENSAS 
REDUZA AS 
PROVOCAÇÕES 
REDUZA AS 
DESCULPAS 
1 Dificulte 
os acessos 
aos alvos 
 
 
 
6 Estenda 
segurança 
 
11 Oculte 
alvos 
 
16 Reduza 
frustrações 
e estresse 
21 
Estabeleça 
regras 
 
2 Controle o 
acesso de 
facilitadores 
 
 
 
7 Invista 
na 
vigilância 
natural 
 
12 Remova 
alvos 
17 Evite 
disputas 
22 Exponha 
instruções 
3 Proteja as 
saídas 
 
 
 
 
8 Reduza o 
anonimato 
13 
Identifique 
seus bens 
18 Reduza a 
excitação 
emocional 
23 
Consciência 
alerta 
4 Desvie 
Ofensores 
 
 
 
 
9 Uniforme 
escolar 
 
14 
Interrompa 
o mercado 
19 Reduza a 
pressão dos 
colegas 
24 
Incentivar a 
obediência 
5 Controle 
de armas e 
ferramentas 
 
 
 
 
10 
Fortaleça a 
vigilância 
local 
15 Negue 
benefícios 
20 
Desencoraje 
imitações 
25 Controle 
de drogas e 
álcool 
	PoliciamentoOrientadoProblema_Mod1
	PoliciamentoOrientadoProblema_Mod2
	PoliciamentoOrientadoProblema_Mod3
	PoliciamentoOrientadoProblema_Mod4

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